sexta-feira, 23 de outubro de 2015

90) Liberdade

90) LIBERDADE

ÍNDICE

1 - O que é a Verdade que Liberta?
2 - O Cristianismo é apenas um punhado de regras sobre como viver?
3 - O Domínio do Pecado e o Domínio da Graça
4 - Já: Decisivamente e Irrevogavelmente Livres, Ainda Não: Finalmente e Perfeitamente Livres
5 - “A liberdade com que Cristo nos libertou." (Gálatas 5.1)
6 - Liberdade
7 - Dilema e Libertação
8 - Pecadores Amarrados com as Cordas do Pecado
9 - Todo Ser Humano Necessita de Libertação
10 - A Falsa Paz de Uma Liberdade Falsa
11 - Precisamos Ser Libertados
12 - Onde o Espírito do Senhor Está Há Liberdade
13 - Como Ficar Firme na Liberdade com Que Jesus nos Libertou
14 - A Verdadeira Liberdade Eterna
15 - Gloriosa Liberdade!


1 - O que é a Verdade que Liberta?

Ao afirmar que aqueles que nEle cressem conheceriam a verdade que os libertaria, nosso Senhor não estava se referindo à verdade de fatos naturais comprovados pela ciência, mas à verdade relativa ao conhecimento experiencial da pessoa de Deus e das realidades espirituais e eternas, que nos salvam, nos reconciliando com Deus, e que por conseguinte, nos libertam dos laços do diabo, do pecado, da morte, e da condenação eterna.
E esta liberdade não é meramente de livramento destas realidades que nos são contrárias, mas também liberdade para receber a vida eterna, espiritual, celestial, que há no próprio Senhor Jesus Cristo, e que é decorrente da nossa comunhão com Ele.
Assim, a referência feita por nosso Senhor à verdade, se restringe especialmente ao corpo de doutrinas do evangelho, que nos conduz à salvação e à santificação, nos tornando coparticipantes da natureza divina.
Vemos por conseguinte, quão imperioso e necessário é manter a verdade, ou seja genuína Palavra de Deus, conforme se encontra revelada na Bíblia, porque nosso Senhor afirmou que somente aqueles que perseverarem até o fim é que serão salvos.
E qual é o tipo de perseverança que se afirma senão a que é decorrente de se andar na verdade do evangelho?
Mas como poderíamos permanecer naquilo que não conhecemos e praticamos?
Se a fé que salva vem por se ouvir a pregação da Palavra, como haverá fé e salvação se a Palavra que se prega não é a verdadeira?
Rom 10:17 “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.”
Então, não há alternativa. Se alguém quer achar a vida, somente a achará no Jesus da Bíblia.
Se alguém que ser cooperador de Deus no trabalho de salvação de almas, terá que, obrigatoriamente, estar apegado à palavra fiel do evangelho, a única que é poderosa e apta para nos salvar.






2 - O Cristianismo é apenas um punhado de regras sobre como viver?

Por John Piper

Eu suponho que haja na religião um elemento de dizer às pessoas como viver, mas não se trata de homens dizendo às pessoas como viver. É Deus dizendo às pessoas como se acertar com Ele.
O Cristianismo não é em primeiro lugar e acima de tudo uma religião. É primeiro e antes de mais nada notícias. São notícias.
É como se estivéssemos em uma guerra, em um campo de concentração, e de repente você está ouvindo no rádio contrabandeado que as tropas de libertação pousaram em helicópteros a cinco milhas de distância. Eles estão conquistando tudo no seu caminho e estão prestes a chegar ao portão e abrir as portas. E, tendo vivido toda sua vida nesse campo de concentração, você vai agora ser liberto.
Esse é o Cristianismo. São notícias de que Deus enviou tropas de resgate para o mundo, a saber, Jesus Cristo, e que, com grande custo para Si mesmo ele venceu nosso inimigo, o Diabo, abriu os portões do campo de concentração, e nos deu boas-vindas ao lar. E então você adiciona a linda imagem de uma noiva e um noivo e percebe que esse não é apenas um soldado que simplesmente liberta você para ir e fazer o que quiser. Ele é como se fosse teu marido que ficou separado de você por anos e anos, e você é a esposa que ficou no campo. E quando os portões são abertos, ali está Ele de pé no outro lado, e os tipos de afetos são enormes.
Eu me lembro de assistir no fim da Guerra do Vietnã alguns desses magníficos vídeos de homens que haviam ficado longe de suas esposas, alguns deles eu acho que por até cinco anos. Eu me lembro de assisti-los correr um na direção do outro e vê-los levantar suas esposas do chão. Meu coração pulou e minhas lágrimas fluíram quando assisti a esse tipo de reunião.
Então, quando penso sobre o que está faltando na imagem da pessoa comum do Cristianismo, eu quero mostrar a eles que há uma tal liberdade que nos é oferecida por causa do que Jesus Cristo fez: morrer pelos nossos pecados, e há uma tão doce união com Aquele para quem fomos feitos.
Eu apenas espero que pelo meu ministério e pela graça de Deus através do ministério de outras pessoas possamos remover essas falsas suposições do que o Cristianismo é, e ajudar as pessoas a ver a beleza do que realmente é.






3 - O Domínio do Pecado e o Domínio da Graça

“O pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rom 6.14)

Tanto o pecado quanto a graça são dois poderes antagônicos, e onde um se encontrar em prevalência, vencerá o outro.
A graça aqui referida é a que habita no coração, e que é recebida de Deus por meio da nossa fé em Jesus Cristo. Por conseguinte, esta luta somente poderá existir nos que são de fato convertidos.
Em Cristo, o cristão ganhou uma nova natureza que é de procedência divina, uma nova disposição e inclinação em sua mente (alma) e em seu espírito, que passa a influenciar também todos os sentidos do corpo físico.
Remanesce no entanto, na antiga natureza terrena, todas as inclinações e desejos do anterior modo de vida, ainda que tendo sido enfraquecidas, e decadentes, pela ação da graça.
Deus permitiu que assim sucedesse, conforme havia planejado, para que pudéssemos ser exercitados no trabalho de vencer o pecado, sendo cada vez mais conscientizados que não é possível viver em plena santificação de vida caso não dependamos inteiramente da Sua graça, a qual é eficaz quando estamos em verdadeira comunhão espiritual com Cristo.
Deus poderia nos ter dado a plenitude de sua graça, como a teremos no céu, e assim, sequer poderíamos ser tentados pelo pecado, mas, como dissemos, em sua sabedoria e soberania lhe aprouve nos conduzir a maiores graus de obtenção da sua graça na medida proporcional da nossa obediência à Sua vontade.
A mera vontade humana não pode vencer o pecado, porque este é um poder superior à nossa própria vontade. Queremos fazer o bem que é segundo a vontade Deus, mas não há em nós o poder para realizá-lo.
Dependemos portanto, de um poder que nos capacite a isto, a saber, o da graça, que é o único poder maior do que o do pecado.
A libertação que Cristo nos dá em relação ao pecado é perfeita, ainda que o pecado remanesça nos crentes. E isto se dá em razão de que o pecado já não reina mais de modo absoluto como fazia antes de virmos a Cristo, e na verdade não possui nenhum tipo de governo sobre os cristãos, porque este pertence à graça, que é o poder reinante em nós.
Alguém dirá que isto é apenas conceitual e não real, porque é notório que os crentes estão ainda sujeitos a pecar. Todavia, isto não sucede por serem compelidos pelo pecado como se fossem seus escravos, mas por uma concessão que eles fazem a um antigo senhor que foi derrotado e destronado, por falta de vigilância ou da devida consagração de suas vidas a Deus. Tanto que, tão logo confessem o pecado, se arrependam e se voltem para Deus, o pecado é logo submetido em grilhões pelo poder da graça de Jesus Cristo.
A boa obra da graça que foi iniciada no cristão será completada, conforme a promessa de Deus, até que todos eles sejam conduzidos à perfeição no céu.
A graça de Jesus se encontra assentada no trono da alma e jamais permitirá que haja ali qualquer outro governante, seja o da nossa vontade ou o do pecado.
É nisto que consiste a atração que os cristãos têm por Deus e se sentem mais inclinados a conhecer a sua vontade e obedecê-la do que tudo o mais em suas vidas. Eles não terão qualquer desejo voluntário de servir aos interesses do pecado ou do grande Inimigo de suas almas; porque estão profundamente afeiçoados a Deus e aos interesses do Seu reino eterno.
Todo o desígnio da alma que é conduzida pela graça está fixado em se viver para Deus, e ainda que ela encontre em seu caminho as tempestades produzidas pelas tentações do Inimigo e do pecado, e mesmo que seja derrubada, ela se levantará e continuará a sua caminhada na direção que é dada pela graça de Deus.
A graça quebrará todas as oposições que possam se levantar contra a vida do crente, e o conduzirá em segurança ao seu destino final, que é o de ser glorificado por Deus. E assim a graça revelará que é a ela que pertence o pleno domínio, que atua pelo amor, e que toda ação do pecado na alma é efetuada por um princípio de rebeldia.
Por isso diz o apóstolo que agora não estamos mais debaixo do domínio do pecado, mas sim sob o governo da graça,  que é poder libertador que em nós opera, e que diferentemente da Lei, que não é um poder, mas sendo uma norma, não somente não pode nos livrar do pecado, como também nos condena. Amamos a Lei de Deus, mas quando o assunto é o da nossa libertação do domínio do pecado, ela nada pode fazer em nosso favor.
Mais do que ter os nossos pecados perdoados por Cristo, necessitamos da remoção do pecado, e por isso a alma nunca achará paz somente no perdão do pecado, porque este deve também ser mortificado.
Assim, se o pecado não for mortificado diariamente, ele, apesar de já não ter o domínio pleno sobre a alma, pode arruinar a sua comunhão com Deus, enquanto não for mortificado. Daí a grande importância de darmos a devida atenção ao pecado, tão logo ele comece a se instalar na alma, assim como quem combate uma infecção logo no seu princípio, para que ela não se alastre causando maiores danos e uma maior dificuldade para ser combatida.
Alguém dirá à luz de tudo isto: “É muito trabalhoso e cansativo ser um cristão, sempre ocupado em vencer o pecado. Melhor é viver livre de tudo isto, sem ter qualquer preocupação de vigilância em relação ao pecado.” Todavia, isto não é apenas um modo de pensar, mas uma atestação de se estar sendo enganado pelo pecado, em razão de se ter um coração incrédulo e endurecido, o que é o pior dos castigos da parte de Deus, a saber, o de deixar alguém entregue a si mesmo, sem a assistência da graça, que seria o único meio de se vencer a este inimigo tão perverso que é o pecado. Espera-se portanto, como de fato sucede, que não seja esta a fala de um cristão, porque este é da fé genuína, que não permite que o cristão venha a cair numa apostasia fatal e final.

“Heb 3:12 Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo;
Heb 3:13 pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.”

Os que são de Cristo não são deixados entregues a si mesmos por Deus, porque o Espírito Santo lhes impele a lutarem contra o pecado, sujeitando-se ao trabalho da graça, de modo que todo aquele que é herdeiro do céu será achado lutando por ele, e a isto nosso Senhor se referiu quando disse que o reino dos céus é tomado por esforço; ou seja, a graça se mostra eficaz quando os cristãos são diligentes no cumprimento dos seus deveres espirituais, e dentre estes, encontra-se o de vigiarem contra o pecado.
Esta luta é portanto de caráter interno, para que a alma não seja vencida por pecados, e mesmo a luta que é feita contra as tentações externas não visa a terminar com as fontes de tentações, mas em se guardar o coração incontaminado por elas.
Assim, se algum cristão for achado com o seu coração endurecido, isto não será o resultado de uma ação direta de Deus, mas do próprio cristão ter interrompido a sua caminhada na obediência à Palavra, sobretudo no que se refere ao exercício do amor, da longanimidade e do perdão.    
Todavia, deste mal ele poderá ser curado tão logo se arrependa e se volte para Deus, suplicando-lhe humildemente que lhe restaure àquela boa condição em que somos achados quando na comunhão com Cristo.







4 - Já: Decisivamente e Irrevogavelmente Livres, Ainda Não: Finalmente e Perfeitamente Livres

Por John Piper

O que temos aprendido de Romanos 6 e 7 é que quando confiamos em Cristo como nosso Salvador e Senhor (como nosso Tesouro!), fomos unidos a Cristo (Romanos 6:5; 7:4). Nessa união com Cristo, nós morremos (Romanos 6:8; Colossenses 2:20; 3:3) e ressuscitamos (Romanos 6:4; Colossenses 2:12; Efésios 2:6). Portanto, uma decisiva e irrevogável nova criação veio a existir (2 Coríntios 5:17), e uma decisiva e irrevogável libertação ocorreu (Romanos 6:14, 18). Passamos da morte para a (eterna!) vida. Nosso julgamento decisivo ocorreu no passado – no Gólgota (João 5:24). Nós passamos do domínio das trevas para o Reino do Filho de Deus (Colossenses 1:13).
Mas também aprendemos que nossa libertação do pecado não é final e perfeita. Decisiva e irrevogável, Sim! Mas final e perfeita, Não! O pecado ainda habita em nós (Romanos 7:17, 20). O mal está presente em nós (Romanos 7:21). A “carne” é a perturbação diária de nossas almas (Romanos 7:25). Ainda não somos perfeitos nem obtivemos nossa coroa e prêmio (Filipenses 3:12). Somos mentirosos se dissermos que não temos pecado (1 João 1:8, 10).
Como então o apóstolo Paulo nos ensina a viver? Ele diria: “Você é decisivamente e irrevogavelmente uma nova criatura, então pode navegar pela vida sem lutar para se tornar uma nova pessoa”? Ou ele diria: “Você não é decisivamente e irrevogavelmente uma nova criatura e deve lutar para alcançar lugar em Cristo”? Não, nenhuma dessas. Ele diria: “Pela fé, abrace tudo o que Deus é para o seu bem em Cristo e tudo o que você é para a glória dEle em Cristo. Creia nisso. E agora, com tal confiança, lute para tomar posse do território que Cristo conquistou para você. Lute para se tornar na prática o que você é em Cristo.” Oito ilustrações dessa verdade:
1. Declaração de novidade de vida: Romanos 6:14, “Pois o pecado não os dominará, porque vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça.” Mandamento para se tornar uma nova pessoa: Romanos 6:12, “Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais.”
2. Declaração de novidade de vida: Romanos 6:18, “Vocês foram libertados do pecado e tornaram-se escravos da justiça.” Mandamento para se tornar uma nova pessoa: Romanos 6:19, “Ofereçam-nos agora em escravidão à justiça.”
3. Declaração de novidade de vida: Romanos 6:6, “O nosso velho homem foi crucificado com ele.“ Mandamento para se tornar uma nova pessoa: Romanos 6:11, “Considerem-se mortos para o pecado."
4. Declaração de novidade de vida: Colossenses 3:9, “Vocês já se despiram do velho homem com suas práticas.“ Mandamento para se tornar uma nova pessoa: Efésios 4:22, “... despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos.“
5. Declaração de novidade de vida: Colossenses 3:10, “Vocês se revestiram do novo homem, o qual está sendo renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador.“ Mandamento para se tornar uma nova pessoa: Efésios 4:24, “Revistam-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.“
6. Declaração de novidade de vida: Gálatas 3:27, “Pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram.” Mandamento para se tornar uma nova pessoa: Romanos 13:14, “Revistam-se do Senhor Jesus Cristo.”
7. Declaração de novidade de vida: Gálatas 5:24, “Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos.” Mandamento para se tornar uma nova pessoa: Romanos 13:14b, “Não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne.”
8. Mandamento para se tornar uma nova pessoa: 1 Coríntios 5:7a, “Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova e sem fermento.” Declaração de novidade de vida: 1 Coríntios 5:7b, “assim como estais sem fermento”.
Firmado na novidade de vida e lutando para me tornar uma nova pessoa – com você,
Pastor John






5 - “A liberdade com que Cristo nos libertou." (Gálatas 5.1)

Esta "liberdade" nos torna livres pela carta do céu - a Bíblia . Aqui está uma passagem escolhida, crente: "Quando passares pelos rios, eu serei contigo." Você é livre para isso. Aqui está outra: "As montanhas se retirarão, e os outeiros serão removidos, mas a minha benignidade não se desviará de ti"; você é livre para isso.
Você é um convidado bem-vindo à mesa das promessas.
A Escritura é um tesouro que nunca falha, cheio com graças ilimitadas. Ela é o banco do céu, e você pode tirar dele o quanto quiser, sem impedimentos.
Venha com fé e você está convidado para todas as bênçãos da aliança.
Não há uma promessa na Palavra que deva ser retida.
Nas profundezas das tribulações deixe essa liberdade confortá-lo, em meio a ondas de aflição deixe animá-lo, quando tristezas te cercarem deixe ser teu consolo. Este é o amor do teu Pai, tu és livre por ele em todos os momentos.
Tu és também livre para o trono da graça . É privilégio do crente  ter acesso em todos os momentos a seu Pai celestial. Quaisquer que sejam os nossos desejos, as nossas dificuldades, as nossos necessidades, temos a liberdade de expor tudo diante dele.
Não importa o quanto possamos ter pecado, podemos pedir e esperar o perdão. Isto significa que por mais pobres que sejamos, podemos invocar a sua promessa de que ele irá fornecer todas as coisas necessárias.Temos permissão para nos aproximarmos do seu trono em todas as horas - na mais escura meia-noite, ou no calor mais ardente do meio-dia.
Exercite a tua destra, ó crente, e viva de acordo com o teu privilégio. Tu és livre para tudo o que está entesourado em Cristo: sabedoria, justiça, santificação e redenção. Não importa qual seja a tua necessidade, porque há plenitude de suprimento em Cristo, e ele está lá para ti. Ó que "liberdade" é a tua! liberdade da condenação, liberdade para as promessas,  liberdade ao trono da graça, e, finalmente, liberdade para entrar no céu!

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.






6 - Liberdade

O sentido bíblico de liberdade, remonta ao uso desta palavra no Velho Testamento, onde tinha também o significado de ser limpo e inocentado, especialmente da culpa em relação a Deus.
Os autores do Novo Testamento empregam geralmente esta palavra para indicar, não somente a libertação do jugo do pecado, como também da maldição e das obrigações cerimoniais da Lei, da ira e da condenação divina, dos laços do diabo e do mundo; enfim, de tudo o que tornava o pecador culpado e separado de Deus.
Não se trata dessa forma, de liberdade no sentido moral de exercício de livre arbítrio, pois o enfoque bíblico é de caráter objetivo quanto à obra que Jesus Cristo consumou por nós, e não de caráter subjetivo quanto à nossa condição de ser livre para fazer a própria vontade.
É liberdade no sentido de sermos isentados, desobrigados da dívida que tínhamos para com Deus. Mas, em nossa liberdade por Cristo continuamos amarrados à vontade de Deus, e importa fazer a vontade dEle e não a nossa.
Não somos livres para viver em conformidade com as nossas escolhas pessoais, mas em submeter estas escolhas à vontade de Deus e examiná-las à luz da Sua Palavra, de modo que não fomos libertados por Deus para fazer o que bem entendamos. Afinal, mesmo em tudo que é lícito há aquilo que não nos convém.
Deve ser considerado que o homem se tornou escravo do pecado, do diabo e de sua própria vontade, quando buscou se livrar de Deus.
Então, o caminho da verdadeira liberdade moral e espiritual é determinado pelo caminho inverso, a saber, em retornar à submissão e comunhão com Deus. Mas, para isto necessitamos de um Sacrifício, um Mediador, um Advogado, um Sacerdote, um Salvador, um Senhor e Rei, e tudo isso nos foi dado por Deus, na pessoa de Jesus Cristo.
Não está em nós, portanto a possibilidade de voltarmos por nossa própria conta à liberdade da vida com Deus. Isto está principalmente em Cristo; em Deus nos atrair a Ele para que sejamos libertos, pois não há nenhum outro nome dado na terra ou no céu, pelo qual importa que sejamos libertados e salvos.
Por isso nosso Senhor afirma que se Ele nos libertar, verdadeiramente seremos livres, porque a qualidade da liberdade a que se refere, não a que os tribunais terrenos ou os credores concedem aos infratores da lei dos homens, e aos seus devedores, mas à dívida impagável que tínhamos para com o próprio Deus.
Somos livrados em Cristo e por Cristo, sobretudo da nossa dívida de pecados, por meio do nosso arrependimento e fé nEle.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras:
1 – eleutheria (grego) – Liberdade;
2 – eleutheros (grego) – livre;
3 – eleutheroo (grego) – libertar;
4 –naqah (hebraico) – livre, limpo, inocentado; relacionados ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128465







7 - Dilema e Libertação
 
    Partes de Sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

   "Tu, Senhor, não abandonas aqueles que te buscam." (Salmo 9.10)

   Quanto mais você conhecer os atributos Deus, mais você entenderá de Seus atos; quanto mais conhecer o tesouro de Suas promessas, e quanto mais mergulhar totalmente nas profundezas da Sua Aliança, será mais difícil para Satanás tentá-lo ao desânimo e desespero.
   Apega-te a Deus e esteja em paz. Medite sobre Sua Lei de dia e de noite, e serás como uma árvore plantada junto a ribeiros de águas; tua folha não cairá; tu deverás dar fruto na tua temporada, e tudo o que fizeres deve prosperar.
   A ignorância de Deus é a ignorância da bem-aventurança; mas o conhecimento de Deus é uma armadura divina, pela qual somos capazes de afastar todos os riscos.
   Conhece a ti mesmo, ó homem, e isto te fará miserável; conhece o teu Deus, ó cristão, e isto te alegrará com a alegria indizível e cheia de glória.
   Há muitas tentações, há muitas sugestões e insinuações; e todas estas são flechas do arco do Maligno.
   Mas há uma tentação que excede todas as outras, existe uma    sugestão que é mais satânica, mais habilmente utilizada para efetuar os propósitos de Satanás do que qualquer outra. Essa sugestão é a de que trata estas palavras do Salmista - a sugestão de que acreditamos que Deus nos abandonou.
  Quando Satanás tem usado cada arma, ele sempre emprega esta última - a mais afiada, o instrumento mais mortal. Ele vai ao filho de Deus e derrama em seu ouvido esta insinuação sombria, "O teu Deus tem te abandonado muito; o teu Senhor não será mais gracioso contigo."
Alguns de nós fomos feridos por esta seta dezenas de vezes em nossa vida. Sempre que temos caído em algum pecado, temos sido atingidos por algum vento repentino da tentação, e cambaleados e quase caídos, a consciência nos pica e nos aponta o que temos feito de   errado. O nosso coração, como o coração de Davi, nos fere. Nós caímos sobre os nossos joelhos, e reconhecemos nossa culpa e confessamos nossos pecados. Em seguida, Satanás lança esta seta, que vem zunindo-se do inferno e entra na alma, e ao mesmo tempo que estamos fazendo a confissão, o pensamento sombrio atravessa a nossa alma: "Deus te abandonou, ele nunca vai aceitá-lo novamente. Tu tens pecado tão abominavelmente que Ele vai apagar o teu nome do Pacto; tu tropeçaste tão terrivelmente que os teus pés nunca estarão sobre a rocha novamente - tu tropeçaste na tua queda; e caíste para a tua destruição."
Você não conhece isso, Cristão? Quando por um tempo tem sido levado a reincidir, quando tem perdido o teu primeiro amor e se tornado degenerado, quando usa tua mão para tocar a coisa ilícita em razão de alguma surpresa súbita? "Ah, desgraçado que você é, Deus nunca perdoará esse pecado: você tem sido tão ingrato, tão hipócrita, um mentiroso contra o Senhor teu Deus, que agora ele irá mantê-lo à distância, joga-lo-á em cima de um monturo como o sal que perdeu o sabor, e que para nada mais serve."
Ah, amigos, você e eu sabemos o que isso significa. E eu ouso dizer que Davi também o conhecia. Ele teve de sentir todo o poder deste dardo envenenado depois de seu grande pecado, quando ele foi até seu quarto e chorou e lamentou, e lá clamou em agonia, "Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado."
Onde quer que haja uma ferida do pecado, é impressionante como esta seta maligna vai funcionar.
Outra ocasião, quando Satanás geralmente disparar esta seta é o momento de grande dificuldade. Há um largo rio em seu caminho, e você deve atravessá-lo. Você entra e encontra a água até seus joelhos. Mas você se conforta com este pensamento: "Quando passares pelas águas eu serei contigo; e pelos rios, eles não te submergirão." Animado com isto você segue adiante, mas afunda, e a água se torna ainda mais profunda. Por fim, está quase borbulhando em sua garganta e  flui sobre seus ombros. Só então, quando na parte mais profunda do fluxo, Satanás aparece no banco, pega seu arco e atira a flecha de fogo: "O teu Deus te abandonou." "Oh", diz o cristão: "Eu não temia desde que ouvi uma voz dizendo: “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus." “Mas agora," diz ele, "meu Deus me abandonou." E agora o cristão começa a afundar na verdade, e se não fosse pelo grande poder de Deus, teria se afogado no meio da inundação.
Que demônio malicioso é este, que deve sempre nos enviar um novo problema, e o mais grave de tudo, enviá-lo quando estamos em nossa pior aflição. Ele é um covarde, de fato; ele sempre ataca um homem quando ele está para baixo. Quando eu estou firme sobre meus pés, eu sou despercebido por Satanás, mas quando começo a tropeçar com grande dificuldade, então vem o dragão e começa a rugir para mim, e dispara os seus dardos inflamados; porque agora, ele diz, "o estado extremo do homem será minha oportunidade; agora que o seu coração falha - vou exterminá-lo completamente."
Vocês também sabem, alguns de vocês, o que isso significa. Você poderia suportar o problema bem, mas você não pode suportar o pensamento triste que Deus lhe abandonou em seu problema.
Pois se, meus irmãos, acreditamos nessa acusação contra Deus, não é de admirar que por esta incredulidade comece o pecado. O cristão deve saber que o seu Deus é com ele, e que a tentação terá pouco poder, mas se pensamos que Deus nos abandonou, ah! É então, quando Satanás nos oferece alguma porta dos fundos, através da qual possamos escapar dos nossos problemas, e quão facilmente seremos tentados a adotar seus expedientes. Em seguida, o crente é tentado a fazer algo que em sua consciência ele sabe ser errado. "Deus não vai    livrar-me.", diz ele," então eu vou tentar livrar-me." Existe grande perigo nisso. Acautelai-vos, e "tomai toda a armadura de Deus", e "acima de tudo, tomai o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno."
Eu vou fazer, mais uma outra observação sobre este dardo inflamado; a de que ele tem a impressão completa do seu fabricante satânico. Ninguém, senão o diabo poderia ser o autor de tal pensamento como esse - que Deus abandonou o seu povo. Olhe-o no rosto, cristão, e veja se ele não tem as pontas do Maligno estampadas em sua testa? Ele está oferecendo a ti desconfiar de um Deus fiel. Ele está colocando em questão a promessa que diz: "Eu nunca te deixarei, nem te desampararei." Ele está fazendo você acusar Deus de perjúrio. Como se pudesse quebrar seu juramento, e voltar atrás no pacto que fez com Cristo em teu nome. Ora, ninguém senão o diabo poderia ter o descaramento de sugerir tal pensamento como esse. Lança-o de ti, crente; arremessa-o para as profundezas do mar; é indigno de ti abrigá-lo por um momento. Teu Deus te desamparará? Impossível! Ele é muito bom. Teu Deus te desamparará? É absolutamente impossível! Ele é muito verdadeiro. Se pudesse desamparar os seus filhos, Ele teria abandonado Sua integridade; deixaria de ser Deus, quando deixasse de socorrer e ajudar os que são Seus.
   Ah, meus irmãos, se pudéssemos, senão por uma única vez acreditar que a doutrina de que o filho de Deus pode cair da graça e perecer eternamente, poderíamos, na verdade, fechar nossa Bíblia em desespero. Porque qual seria a finalidade de pregarmos um evangelho frágil assim? Qual seria a finalidade da sua fé - a fé em um Deus que não pode fazer-nos perseverar até o fim? Para que usar o sangue de Cristo, se fosse derramado em vão, e não trouxesse aos comprados pelo sangue de forma segura para casa? Para que finalidade o Espírito Santo, se não fosse onipotente suficiente para vencer os nossos erros e nos tornar perfeitos, e nos apresentar irrepreensíveis diante de Deus no último dia?
Essa doutrina da perseverança final dos santos está tão completamente ligada ao evangelho, do mesmo modo que o artigo da justificação pela fé.
   Desista disso e não vejo nenhum evangelho. Eu não vejo nenhuma beleza na religião que é digna de minha aceitação, ou que merece a minha admiração. Um Deus imutável, uma aliança eterna, a certeza da misericórdia, estas são as coisas nas quais minha alma se deleita.
  Assim, não pode ser, que Aquele que foi com você em seis problemas irá deixá-lo no sétimo.
   Cristo te deixou isto como legado: "No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; Eu venci o mundo. "Assim que isto lhe proíbe em problemas a duvidar da fidelidade de seu Deus.
   Use o escudo da fé, porque qual é o propósito do escudo se não usá-lo? De que servirá o escudo se for deixado a enferrujar em casa? Devemos tomar posse mediante a promessa de um Deus fiel; temos de aproveitar o conforto que ele oferece; mas como é que deve ser feito? Em oração. Busquem ao Senhor os que são tentados e os que se encontram com problemas, e encontrarão em breve seus problemas resolvidos e suas provações docemente aliviadas.
Não é possível que você possa perecer em seus problemas e provações, orando. Vá então, e diga de ti que não podes ser destruído; que tua queda é impossível, enquanto clamares.
Que Deus conceda a sua bênção agora, pelo amor de Jesus. Amém.








8 - Pecadores Amarrados com as Cordas do Pecado

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

    “Quanto ao perverso, as suas iniquidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido." - Provérbios 5:22.

   A primeira frase faz referência a uma rede em que pássaros ou animais são apanhados. O homem ímpio antes de tudo encontra o pecado como uma isca, e encantado por sua aparente simpatia ele se entrega a ele e, em seguida, se torna enredado em suas malhas, de modo que não pode escapar. Aquilo que primeiro atraiu o pecador depois o detém. Maus hábitos são em breve formados, a alma facilmente se acostuma com o mal, e, em seguida, mesmo se o homem tiver pensamentos sobre coisas melhores, as suas iniquidades o segurarão em cativeiro como um pássaro no laço do passarinheiro.
    A primeira frase do texto também pode ter referência a uma detenção por um oficial da lei. Os próprios pecados do transgressor devem prendê-lo; eles carregam um mandado para prendê-lo, eles devem julgá-lo, e devem até mesmo executá-lo.
      A segunda frase do nosso texto fala do pecador sendo amarrado com cordas que ele mesmo teceu ao longo da sua vida ímpia. Seus pensamentos e suas imaginações são matéria-prima, e enquanto ele pensa mal, enquanto inventa a transgressão, enquanto cobiça a imundícia, enquanto projeta maus desígnios, fica ainda mais habilitado a tecer as cordas do pecado que posteriormente o prenderão.
      Quando você e eu começamos a pregar o evangelho, tínhamos a ilusão de que assim que os nossos vizinhos ouvissem falar da maneira abençoada de se alcançar a salvação, eles iriam recebê-lo com alegria, e serem salvos em multidões.
. Percebemos agora que para um pecador receber o evangelho envolve uma obra da graça que deve mudar o seu coração e renovar sua natureza.
   Não é uma coisa misteriosa que os homens devem se contentar em permanecer em um estado de perigo iminente? Cada homem não convertido já está condenado. Nosso Senhor disse que: "Aquele que não crê já está condenado, porquanto não creu no Filho de Deus." Todo homem não regenerado    não é apenas responsável perante a ira de Deus no futuro, mas a ira de Deus permanece sobre ele. E ainda neste estado os homens não ficam alarmados.
Agem como se Deus não existisse, não consideram a ira vindoura, não têm nenhuma certeza de comparecer perante o tribunal de Cristo.
"O Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido." Por amor infinito a seus inimigos o Filho de Deus tomou sobre si carne humana, para que pudesse sofrer no lugar dos homens que deveriam ser condenados por seus pecados. A doutrina da substituição, ao mesmo tempo exalta a graça maravilhosa de Deus e satisfaz à Sua justiça.
Oh Rei da Glória, tu sangraste por mim? O Príncipe da Vida desceu à sepultura para mim? Porventura Deus se rebaixaria de Sua glória para ser cuspido pelos lábios pecaminosos? Já houve amor como este?
Mas o homem é tão contra Deus e seu Cristo que ele nunca irá aceitar a salvação eterna até que o Espírito Santo, por uma obra sobrenatural vença a sua vontade e transforme a corrente de suas afeições - e por que é assim? A resposta está no texto - porque as suas próprias iniquidades o amarraram, e ele está preso com as cordas do seu pecado. Por esta razão ele não virá a Cristo para que tenha vida eterna - por esta razão ele não pode vir se o Pai que enviou Cristo não atraí-lo.
      Uma razão pela qual os homens não recebem a Cristo e não são salvos é porque são prejudicados pelo pecado de esquecer a Deus. Pense nisso por um minuto. Os homens se esquecem de Deus completamente.
Oh, coisa estranha que os homens devem agir assim!
O pecado de fato prende os homens, de modo que não virão a Cristo para que tenham vida.
   O grande pecado que prende todos os corações não regenerados; é o pecado de não amar o Cristo de Deus. Este é um pecado gigantesco, muito maior do que qualquer outro pecado.
Aqui está Aquele que veio ao mundo por puro amor, por nenhum motivo, senão a misericórdia - com nada a ganhar, senão por nossa causa que ele se fez pobre; embora seja rico - por que então ele não é amado?
   É nada para vocês todos que Jesus deveria morrer? Tal pessoa tão indizivelmente adorável, e ainda desprezada! Tal salvação tão indizivelmente preciosa, e ainda rejeitada! Oh, mistério da iniquidade! De fato as profundezas do pecado são quase tão insondáveis como as profundezas de Deus.
   Eu também poderia falar de pecados contra o Espírito Santo que os homens cometem, em viverem e até mesmo morrerem sem pensamentos reverentes em relação a Ele, mas vou falar de um pecado, e que é o mistério de os homens serem detidos pelo pecado de negligenciar suas almas. Se você encontrar uma pessoa que negligencie seu corpo, você vai chamá-la de insensata, por saber que tem uma doença e não lança mão do remédio. Mas uma pessoa que negligencia a sua alma, se encontra numa tão numerosa classe que nós negligenciamos a loucura. Seu corpo vai morrer em breve, mas é como se fosse a peça de vestuário de si mesmo, do seu espírito, e vai ser lançado fora, mas você mesmo é melhor do que o seu corpo, pois um homem é melhor do que a veste que ele usa. Por que gastar então todos os pensamentos sobre a vida presente e não dar nenhum valor à vida por vir?
Alguns iriam seguir a Cristo, mas não vão desistir de seu orgulho farisaico; eles querem ter uma parte da glória da salvação. Outros têm um pecado secreto demasiado doce para abandoná-lo; é como um braço direito e eles não podem cortá-lo. Alguns gostam de companhia que é atraente, mas destrutiva - a qual eles não podem abandonar. Os homens de uma forma ou de outra são achados como pássaros presos ao visgo, até que o passarinheiro venha leva-los para a sua destruição.
"É uma coisa terrível cair nas mãos do Deus vivo." Não tente isso meu amigo, peço-te que não o experimente. Tu que dizes, "O que devo fazer então?" Atrevo-me a responder nas palavras de um dos antigos: "Quebre os teus pecados pela justiça, pois é tempo de buscar ao Senhor." Mas tu replicas," Como eu posso tirá-los? Eles são como cordas." Ah, alma, aqui está outra parte da tua miséria, tudo o que tens destruiu a ti mesmo, mas tu não podes salvar a ti mesmo; tu tens tecido a rede, fizeste-a rápida e firmemente, mas não podes rasgá-la em pedaços. Mas há Alguém sobre quem o Espírito do Senhor desceu para que Ele pudesse livrar o prisioneiro. Há um coração que sente por ti no céu, e há Um poderoso que pode salvar-te. Faça esta oração: "Ó livra-me Libertador de almas cativas!”
   Eu disse que a conclusão de toda a questão tinha a ver com o Filho de Deus. Querido irmão e irmã em Cristo, pelo amor que tendes por seus companheiros pecadores, nunca os ajudem a fazer os laços de seus pecados mais fortes do que eles são - você vai fazê-lo se você for inconsistente. Eles vão dizer: "Por que, tal pessoa professa ser um homem salvo, e ainda vive como ele vive!" Você vai apresentar desculpas para pecadores? Foi dito de Judá, pelo profeta que ele havia se tornado uma desculpa para Sodoma e Gomorra. Oh nunca faça isso; nunca deixe o ímpio dizer "Não há nada nele, é tudo uma mentira, é tudo um mero fingimento; nós podemos também permanecer no pecado, porque vemos como esses cristãos agem!"
   Também nunca deixe de chamar os pecadores. Não fique parado e veja-os morrer sem levantar uma nota de aviso. A casa está pegando fogo e você não grita "Fogo!" Um homem que perece e ainda não há lágrimas por ele! Isto pode ser assim?
Eu gostaria que cada um de vocês aplicasse à sua própria consciência a pergunta, "Pecadores estão perecendo, e vou deixá-los perecer sem dar-lhes, pelo menos, um aviso do que será o resultado do pecado?"
Meus irmãos, eu lhes suplico fervorosamente que conheçam o evangelho para anuncia-lo aos outros. Esta é a maneira de cortar os laços que prendem as almas dos homens de Deus; inste a tempo e fora de tempo em publicar a boa notícia da libertação dos cativos através do Cristo redentor.






9 - Todo Ser Humano Necessita de Libertação

“Atos 26:15 Então, eu perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao que o Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues.
Atos 26:16 Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci, para te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda,
Atos 26:17 livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio,
Atos 26:18 para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim.”

Por essas palavras dirigidas ao apóstolo Paulo nosso Senhor Jesus Cristo deu o testemunho direto de que todos nós, seres humanos, nos encontramos, por causa das trevas do pecado, debaixo da autoridade de Satanás. E que somente por meio da fé nEle (Cristo) podemos ter os nossos olhos abertos e nos convertermos das trevas para a luz e do poder de Satanás para o de Deus, em razão da remissão dos pecados e da herança eterna e da santificação que recebemos dEle.
Agora, reflitamos por um pouco acerca de um estratagema que o diabo utiliza frequentemente para manter as pessoas em cegueira espiritual e enganadas quanto à sua real condição espiritual.
Satanás é astuto e ardiloso e sabe muito bem que a grande maioria das pessoas, em são juízo, jamais pensariam em fazer qualquer tipo de pacto diretamente com ele ou com os demônios que estão debaixo do seu governo.
Então, ele finge manter em escravidão apenas aqueles que fazem um pacto voluntário com ele.
E insinua que este pacto não pode ser desfeito de nenhum modo, mesmo quando se pretende fazer um pacto com Deus por meio da fé em Jesus.
A grande verdade é que com pacto ou sem pacto com o Inimigo de nossas almas e de nosso bem eterno, a condição de perdição eterna permanece enquanto não formos livrados dessa terrível escravidão por meio do poder de Jesus Cristo.
E foi Ele mesmo que nos ensinou o caminho para tal libertação: fé, arrependimento, conversão e santificação.
Ninguém está impedido de ser verdadeiramente livre da escravidão ao pecado e ao diabo.
Jesus veio ao mundo justamente para este propósito conforme Ele declarou na porção das Escrituras de Atos 26.15-18.
Somente Ele pode destruir todas as obras do diabo quando confiamos inteiramente as nossas vidas em Suas divinas mãos.      






10 - A Falsa Paz de Uma Liberdade Falsa

“Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” (Jeremias 8:11)

“1 Mas, irmãos, acerca dos tempos e das épocas não necessitais de que se vos escreva:
2 porque vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como vem o ladrão de noite;
3 pois quando estiverem dizendo: Paz e segurança! então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão.” (I Tessalonicenses 5)

Os falsos profetas dos dias de Jeremias anunciavam uma paz que seria decorrente da liberdade do povo das exigências dos mandamentos de Deus.
Especialmente aqueles relativos ao respeito aos mais velhos, às autoridades, em obediência às tradições recebidas desde os antepassados quanto ao temor devido ao Senhor como único Deus digno de ser adorado e servido.
Eles profetizavam a liberdade da nação em escolher os seus próprios deuses e costumes, e que fizessem alianças com nações pagãs para prevalecerem em paz e segurança, em sua própria terra.
E o que fez o Senhor?
Expulsou os israelitas pelas mãos dos assírios e dos babilônios.
Hoje, a história se repete no contexto de todas as nações do mundo.
O jugo da submissão à autoridade paterna foi sacudido e lançado para longe.
A estrutura da família foi demolida.
O amor, os bons costumes, a gentileza, a verdade, estão desaparecendo da terra.
A luta pela paz e segurança, que é segundo o homem, e não segundo Deus... que busca a qualquer custo a libertação dos princípios morais e espirituais revelados na Bíblia, será por fim conquistada, quase em plenitude, ainda que por breve tempo, debaixo do governo do Anticristo, que atenderá às exigências de libertação de tudo aquilo que é exigido por Deus, porque ele será dirigido e inspirado com o poder do próprio Satanás, que completará aquilo que havia iniciado no princípio no jardim do Éden, com a mesma oferta de liberdade do governo divino, que fizera ao primeiro casal.
Todavia, o que se diz a respeito de tudo Isto?
Por ocasião da volta de Cristo, lhes sobrevirá repentina destruição da falsa paz e segurança que haviam construído ao longo das eras, porque não há verdadeira paz e segurança, fora da comunhão com o único Príncipe da Paz.  
Lembremos sempre que Jesus não nos dá a Sua paz conforme o mundo a dá.
A do mundo não leva em conta o que há no coração do homem.
A de Jesus decorre da transformação do nosso coração.
Não costuremos então, como cooperadores do Anticristo, a sua falsa paz.





11 - Precisamos Ser Libertados

Por D. M. Lloyd Jones

Somos fracos, somos ignorantes, e estamos sujeitos à tentação; e necessitamos daquele que sabe disso, que pode compadecer-se de nós. Ouçam de novo o grande argumento da Epístola aos Hebreus: "Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados" (Hebreus 2:18).

Embora não sendo as únicas, essas são as principais razões pelas quais era preciso que o nosso libertador fosse homem. Era preciso que fosse "nascido de mulher", pois todos nós o somos; era preciso que fosse "nascido sob a lei",pois todos nós estamos sob a lei. Essa é a grande proclamação do evangelho cristão: "Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei" (Gaiatas 4:4). Este é o primeiro ponto. Jesus de Nazaré foi homem como Moisés o foi. Ele foi, verdadeiramente, um ser humano, exatamente como nós o somos. Ele teve a vida de um ser humano neste mundo limitado pelo tempo, precisamente como eu e vocês estamos fazendo.

Mas notem que Moisés diz, "um profeta como eu", (ou, VA: "semelhante a mim") - similar e, contudo, diferente. Este é o ponto e esta é a mensagem de todo o Velho Testamento. É preciso que Ele seja homem, mas, se há de nos salvar, é preciso que seja mais que homem, e essa é a essência da proclamação cristã. O homem não nos pode salvar; posso provar isso para vocês. O primeiro homem foi perfeito e foi colocado num meio-ambiente perfeito. Entretanto caiu, e, se Deus tivesse criado outro homem perfeito, ele igualmente cairia. Não, não; é preciso que aquele que nos há de salvar seja homem, mas também que seja mais que homem, pelo que Moisés diz: "um semelhante a mim". É preciso que Ele seja mais que eu; ele será como eu em alguns aspectos, porém precisa estar acima e além. É preciso que ele venha "dentre vossos irmãos", é preciso que seja judeu, mas é preciso que seja mais que isso.

A nossa proclamação é que Jesus de Nazaré é Deus, o Filho eterno; é Deus e homem. Por que isso é essencial? Por que não foi suficiente que ele fosse apenas homem? Examinemos algumas respostas. Moisés era muito bom homem, mas era só homem; e, como somos levados a lembrar em Hebreus, capítulo 3, versículo 5, ele era apenas servo. Era um bom servo, "fiel em toda a sua casa" como servo, mas não era mais que isso. Ainda mais, ele era um servo falível, um servo que falhou e pecou. Moisés nunca entrou na Terra Prometida. Ele levou os filhos de Israel até lá, mas não mais longe. Ele já havia transgredido mandamentos de Deus. Era homem, sim, e homem semelhante a todos nós; ele falhou, ele pecou e desobedeceu; e por isso foi incapaz de conduzir finalmente o povo para dentro da Terra Prometida.

Não somente isso, Moisés só tinha um conhecimento parcial. Ele sabia o que Deus lhe tinha revelado, mas não sabia mais que isso. As vezes até disso ele se esquecia. Portanto, Moisés tinha limitações.

Outro aspecto igualmente claro é que Moisés era limitado quanto ao seu ofício. Ele foi legislador, foi mestre, foi guia, mas isso não foi suficiente. Também era necessário um sacerdócio, e um sumo sacerdote que entrasse uma vez por ano no Santo dos Santos, no templo, para representar o povo. Moisés não podia fazer isso; essa obra foi confiada a seu irmão Arão. A capacidade de Moisés era limitada, e ele só podia ocupar um ofício. Por isso ele diz, "um semelhante a mim" - Ele será aquilo que eu sou, mas será mais, porque mais é necessário.

E depois, como se argumenta no grandioso capítulo nove da Epístola aos Hebreus, há o fato de que o ensino geral de Moisés, com tudo mais que ele apresentou, foi tão-somente um expediente temporário. Bem, precisamos falar sobre isso com absoluta clareza. Era nestas coisas que os membros do Sinédrio se gloriavam, e eles estavam rejeitando Cristo. No entanto, examinem aquilo em que eles se apegavam! Vejam a lei. Uma parte de todo o problema deles era que não percebiam que a Lei não pode salvar ninguém. A Lei só nos pode dizer o que fazer; não pode dar-nos o poder que nos capacitaria a fazer o que ela diz. Por isso o apóstolo Paulo escreve aos romanos sobre "o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne..." (Romanos 8:3). Moisés se levantara diante do povo e praticamente dissera: "Cumpram estes mandamentos, e vocês serão salvos". A Lei deixa conosco: "Não matarás. Não adulterarás. Não cobiçarás". "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda o teu entendimento e de todas as tuas forças, e a teu próximo como a ti mesmo." Tudo ótimo, mas você pode fazer isso? A Lei diz: "Faze isto, e viverás". Mas ninguém pode fazer isso. Portanto, como já vimos, a Lei nos deixa condenados, sem esperança e desamparados, e nos diz que precisamos ser libertados.







12 - Onde o Espírito do Senhor Está Há Liberdade

Por João Calvino

“Onde o Espírito do Senhor está.”

Paulo nos informa como Cristo imprime vida à lei, a saber, concedendo-nos o seu Espírito. A palavra “espírito” tem aqui um significado diferente daquele do último versículo. Ali ela significa alma, e se aplica metaforicamente a Cristo, mas aqui ela significa o Espírito Santo que Cristo mesmo nos concede. Cristo, ao regenerar-nos, dá vida à lei e se revela como a fonte da vida, assim como a alma é a fonte da qual emanam todas as funções vitais do homem. Portanto, Cristo é, por assim dizer, a alma universal de todos os homens (universalis omnium anima), não no tocante à sua essência, mas no tocante à sua graça. Ou, pondo de outra forma, Cristo é o Espírito porque ele nos vivifica com o poder gerador de vida do seu Espírito.

Paulo menciona também o beneficio que deste fato recebemos, ao dizer: há liberdade. Pelo termo “liberdade” não entendo como sendo só o livramento da escravidão do pecado e da carne, mas também a confiança que recebemos de seu testemunho acerca de nossa adoção. Isto concorda com Romanos 8.15: "Porque não recebemos outra vez o espírito à e escravidão para temor etc." "Nesta passagem Paulo menciona escravidão e temor, e temos os opostos destes, que são liberdade e confiança.

Assim podemos, com propriedade, seguir Agostinho, ao inferir desta passagem que somos, por natureza, escravos do pecado e libertos através da graça da regeneração. Porque, onde houver a letra nua da lei, aí estará presente o senhorio do pecado. Porém, como já disse, interpreto o "termo “liberdade” num sentido mais amplo. Seria possível restringir a graça do Espírito, especialmente no que toca aos ministros, a fim de que esta declaração corresponda ao início do capítulo, de haver nos ministros uma graça espiritual diferenciada e uma liberdade diferenciada da que há nos demais. Porém, a primeira interpretação me agrada mais, ainda que não tenho qualquer objeção em aplicar isto a todos segundo a medida do seu dom. Mas é bastante observarmos que Paulo está realçando a eficácia do Espírito que todos nós, os que fomos regenerados por meio da sua graça, experimentamos para a nossa salvação.







13 - Como Ficar Firme na Liberdade com Que Jesus nos Libertou

“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão." (Gálatas 5.1)

Tendo argumentado no capítulo anterior (4º) quanto à liberdade que os cristãos têm em Cristo da condenação e da maldição da Lei, é seu dever viverem para Cristo, não como escravos, mas como livres que são.
A carne sempre tentará trazer o cristão de novo à sujeição total que exercia sobre ele, quando andava no mundo sem Cristo.
O mundo também faz o mesmo tentando cativar totalmente a vontade e os afetos do cristão.
Satanás, o diabo, dispensa comentários quanto a isto, quer agindo diretamente, quer usando os seus ministros que se transfiguram em ministros de justiça, para enganar os cristãos.
Aprouve a Deus salvar e libertar os pecadores através da fé, conforme revelou ao profeta Habacuque (Hc 2.4). Então a mensagem de salvação e libertação do evangelho é a pregação  da fé e não das obras da Lei.
Assim, os muitos “evangelhos” que não ensinam que Cristo é o tudo da nossa salvação, e que ensinam que não é somente olhando para Ele com os olhos espirituais da fé, que progredimos espiritualmente, sempre produzirão o efeito de nos separar da comunhão com o Senhor, ainda que afirmemos que seja em Seu nome que venhamos a nos submeter às práticas que são estranhas ao evangelho.
Uma vez estando separados da comunhão com o Senhor, por se entristecer e apagar a atuação do Espírito Santo, com este pecado de ingratidão e de desconsideração para com Ele e com tudo o que fez por nós, e que nos tem ordenado no evangelho, a consequência imediata é a de se decair da graça, isto é, não a perda da salvação, mas ficar privado do crescimento na graça, e das consolações da graça pelo Espírito.

"Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.
E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei.
Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído." (Gál 5.2-4)

Os gálatas estavam se circuncidando e guardando os mandamentos cerimoniais da Lei de Moisés com o fim de alcançarem a salvação e a santificação. Quando nem mesmo nos dias do próprio Moisés estas práticas haviam sido designadas por Deus como meios de salvação ou de santificação, senão como emblemas, figuras da comunhão que se tem com Ele pela graça e mediante a fé.
Era nisto que os gálatas corriam o perigo de decaírem da graça, porque não estavam usando os meios que são adequados para a santificação do cristão (oração, vigilância, prática do evangelho, andar por fé e não por vista etc), uma vez tendo sido salvo por Cristo simplesmente pela graça e mediante a fé, quando se arrependeu do pecado e confiou nEle para ser o Seu Salvador e Senhor.
A propósito, faremos bem em considerar que a graça não é uma filosofia ou um dogma, mas um poder - na verdade, o maior poder operante neste mundo, porque é por ela que se destrói o pecado, e que se transforma progressivamente pecadores em santos, pela regeneração (novo nascimento espiritual), e pelo processo da santificação, que são operações realizadas pelo Espírito Santo.
Os gálatas haviam sido encantados e estavam cegos quanto a esta verdade que lhes havia sido ensinada por Paulo, e na qual eles não haviam ficado firmes.
Eles não permaneceram firmes na graça, e decaíram da mesma.
Porque não há outro modo de permanecer na graça a não ser o de ficar firme na palavra do evangelho, sem se deixar remover na mente ou no espírito, e não dar crédito a doutrinas que afirmam o oposto da nossa segurança em Jesus.
Este decaímento, como afirmamos anteriormente é consequente da desonra que se dá ao poder do Senhor, à Sua graça e Palavra, quando se pensa que há outro modo de se agradar a Deus a não ser pela fé.
A falta de fé naquilo que Deus tem afirmado no evangelho é incredulidade, e isto é um pecado terrível.
Deixar de crer naquilo que a boca de Deus tem proferido, e em vez disso, dar crédito ao homem ou ao diabo, é falta de fé, e desonra ao Senhor, e é por isso que Paulo afirma que é pelo Espírito da fé que aguardamos a esperança da justiça, isto é, esta fé e operada pelo Espírito, de modo que temos plena esperança da justiça  que temos recebido em Cristo Jesus.

"Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos a esperança da justiça." (Gál 5.5)

De modo que não há diferença em ser judeu ou gentio quanto à salvação, mas ter esta fé que opera pelo amor.

"Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor." (Gál 5.6)







14 - A Verdadeira Liberdade Eterna

Tiago falou de uma Lei da Liberdade sob a qual se encontram todos os que creem em Jesus. E por que ele se referiu a ela deste modo? Por que é pela lei do Espírito e da vida em Cristo Jesus que somos libertados da lei do pecado e da morte (Rom 8.2). Veja que é afirmado ser ela uma lei de liberdade. E liberdade do pecado e da morte espiritual eterna.
Não se trata portanto de uma simples lei de liberdade de vícios, de práticas imorais, ou de toda forma de pecado que se possa nomear, mas é sobretudo uma liberdade de uma condição de morte para a de vida eterna; de prisão em ignorância e em trevas, para o verdadeiro conhecimento de Deus e de luz. É liberdade da escravidão a Satanás e a todos os espíritos das trevas. É liberdade da condenação da Lei Régia e da própria Lei de Moisés. É liberdade para ter poder e capacidade para viver de maneira santa e agradável a Deus e em comunhão com Ele por toda a eternidade.
Tudo isto nos foi trazido pela graça e verdade que estão em Jesus Cristo, e que nos foram reveladas pelo Seu evangelho.
O injusto pecador, estando sob o evangelho, será visto por Deus como sendo justo, porque além de ter sido justificado pela fé no evangelho, terá também a justiça de Cristo sendo implantada nele progressivamente até a perfeição em glória, pela operação e instrução do Espírito Santo.
A justiça do próprio Cristo lhe foi oferecida pelo evangelho para poder ser perdoado e justificado por Deus.
É por estar em Cristo que somos justificados e por conseguinte tornados aceitáveis a Deus.
Deus não mais condenará eternamente aquele que foi justificado pela fé em Jesus.
Ele não o fará porque prometeu isto desde os dias dos profetas do Velho Testamento (Jeremias 31.31-35).
E para que não houvesse qualquer dúvida em nós quanto ao que havia prometido acrescentou um juramento por Si mesmo de que jamais anularia o que nos prometeu (Hebreus 6.17).
É por isso que vemos o caráter deste perdão e justificação sendo ilustrado por Jesus em tantas passagens dos evangelhos, especialmente nas parábolas da dracma perdida, do filho pródigo e da ovelha perdida.
Não temos tempo e espaço para aprofundar aqui todo o  ensino que há nestas parábolas, mas podemos destacar pelo menos este aspecto da busca de Deus pelos perdidos, e que deve haver também nos que estão perdidos, uma busca de Deus para que possam ser acolhidos por Ele.
Todavia, ninguém deve pensar que ao buscar a sua ovelha fujona e extraviada, que o Pastor teve da parte dela uma efusiva recepção. É bem provável que ela tenha tentado escapar de seus braços imaculados, de tão suja que estava pelo pecado, envergonhada de sua condição, mas ainda assim ele insistiu em pegá-la e obteve êxito ao pegá-la e colocá-la sobre os seus ombros, para poder cuidar dela, lavando-a, alimentando-a e dando-lhe um abrigo seguro no aprisco.
É por este motivo que é ordenado aos cristãos seguirem o exemplo do Seu Pastor e Mestre, buscando também as ovelhas desviadas do rebanho. Ainda que haja uma resistência natural nelas ao serem assim procuradas, mas isto não deve ser motivo de deixarmos de orar por elas e de procurarmos abordá-las com exortações amorosas de encorajamento a retornarem ao redil.
Ainda que algumas tenham sido tratadas com a disciplina da Aliança prescrita pelo próprio Senhor Jesus Cristo, não nos é dado desprezá-las e deixar de amá-las e de interceder em favor delas para a sua futura restauração pela via do arrependimento.
E por que tudo isto? Porque são filhos de Deus. Adotados por Deus como filhos em Jesus Cristo. São amados de Deus. Reconciliados com Deus, ainda que estejam com sua comunhão presente arruinada por uma vida carnal e pecaminosa, porque o preço exigido para a justificação deles foi pago integralmente por Jesus, que nada deixou para que fosse pago por eles para poderem ser reconciliados com Deus. A inimizade que havia foi desfeita, porque “justificados pela graça mediante a fé temos paz com Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo”. A guerra de inimizade por causa do pecado acabou no momento em que nos rendemos por meio da fé em Jesus.







15 - Gloriosa Liberdade!

“na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus." (Romanos 8.21)

A mente espiritual é como um pássaro preso numa gaiola - enquanto encerrada num corpo corruptível enfermo; como um pássaro com uma asa quebrada - enquanto sobrecarregada com um corpo de pecado e morte. Não podemos fazer as coisas que nós gostaríamos. Ansiamos e oramos por liberdade. O vale da morte nos leva até as planícies da liberdade. Um leito de enfermidade é a ante-sala do salão da glória!

Liberdade, liberdade gloriosa está diante de nós!

Perfeita e completa liberdade de todos os pecados - e tentação para pecar!

Cada corrupção será morta, e completamente erradicada do corpo e da alma!

A santidade vai entrar na própria natureza do corpo e da alma!

Nenhuma escura nuvem de ignorância irá mais pairar sobre o entendimento.

Nenhum princípio pecaminoso ou egoísta irá mais influenciar a vontade.

Nenhuma culpa corroendo voltará a obter um lugar na consciência.

Nenhum objeto indigno se apresentará, ou terá poder para cativar qualquer um dos afetos.

Nenhum assunto profano ou proibido será mais encontrado na memória.

A razão será quase divina, e nossos julgamentos corretamente informados. "Agora conhecemos em parte e profetizamos em parte - mas então conheceremos como também somos conhecidos."

Devemos ser separados completamente e para sempre, de tudo o que é doloroso, contaminado, ou prejudicial - e unidos intimamente e para sempre a tudo o que é santo, feliz e benéfico.

Devemos ser um com Cristo, um em Deus; associados, e unidos da forma mais gloriosa e benéfica; de acordo com a oração de nosso Senhor: "Eu rogo por aqueles que também hão de crer em mim; que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste – Eu lhes dei a glória; que sejam um, como nós somos um; eu neles, e tu em mim, para que sejam aperfeiçoados em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como me amaste a mim. Pai, eu quero que aqueles que tu me deste – estejam comigo onde eu estou,  para que vejam a minha glória que me tens dado, porque me amaste antes da fundação do mundo."

Crente atribulado! Que oceano de glória está aqui! O Paraíso de Adão  nada era comparado a isso! Tudo é vosso! Deus é vosso! O céu é vosso! A glória de Jesus é vossa! "Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, e nenhuma mente imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam." (1 Coríntios 2:9)
Isso, tudo isso está diante de você, dado gratuitamente a você por Deus; garantido a você pelo sangue de Jesus, pelo juramento de Deus, e pela promessa do Espírito. "Ora, se somos filhos, então somos herdeiros - herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória." (Romanos 8:17). Seu título é bom - embora sua passagem seja dura! Seu fim será glorioso - embora a sua situação no momento seja dolorosa e angustiante. Você irá em breve ser livrado de todos  temores, de todos os inimigos, de todos os impedimentos, e do mal em todos os seus aspectos!

Não pense que a sua porção é difícil; mas imagine, se você puder, as dores que devem rasgar o coração, quando aqueles que não conhecem essas provações e aflições, devem ouvi-Lo dizer: "Filho, lembre-se, que em tua vida recebeste os teus bens, e Lázaro somente males, mas agora ele é consolado - e tu atormentado."

Nas asas da fé, a minha alma monta e sobe;
Vê a sua herança além dos céus:
Nenhum coração pode imaginar, nem língua mortal dizer,
Que prazeres infinitos habitam nessas mansões!

Aqui o nosso Redentor vive, todo resplendente e glorioso,
Sobre o pecado e a morte, e o inferno - Ele reina vitorioso.
Um vislumbre distante faz minha paixão arder!
Jesus! Por Ti minha alma anseia!

Quando chegarei à tua casa celestial?
Quando deixarei esta terra - e quando começarei a viver?
Porque aqui , meu Salvador é tudo brilhante e glorioso,
Sobre o pecado e a morte, e o inferno - Ele reina vitorioso!

Texto de James Smith, traduzido e adaptado por Silvio Dutra.

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