sexta-feira, 23 de outubro de 2015

120) Quebrantamento e Contrição 121) Querubins e Anjos

120) QUEBRANTAMENTO E CONTRIÇÃO

ÍNDICE

1 - Quebrantamento e Contrição
2 - Na Tristeza Pelo Pecado Lembremos da Misericórdia de Deus
3 - Quebrantou-me o Senhor e Fiquei Aliviado
4 - Aplicação Diária da Cruz - Quebrantamento



1 - Quebrantamento e Contrição

Deveríamos dar uma atenção especial a este assunto, uma vez que Deus afirma em Sua Palavra que em relação aos que têm o coração quebrantado e contrito, Ele habita, vivifica, salva, está perto, valoriza, e contempla.
Salmo 34.18 Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito.
Salmo 51.17 O sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.
Isaías 57.15 Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos.
Isaías 66.2 A minha mão fez todas essas coisas, e assim todas elas vieram a existir, diz o Senhor; mas eis para quem olharei: para o humilde e contrito de espírito, que treme da minha palavra.
O sofrimento não tem o propósito de ser algo em vão, em nossas vidas, do ponto de vista de Deus, pois tem determinado principalmente, que através dele sejamos transformados segundo a Sua vontade e Palavra, para que Ele seja glorificado. A paciência na tribulação, no sofrimento que ela produz, é de grande valor para Deus, e também para nós, porque é por meio disto que aprendemos a ser pacientes e perseverantes nas coisas do Senhor, ensinando-nos a amar com o mesmo amor de Deus, que é sofredor, isto é, longânimo em sofrer em razão do pecado que há no mundo. Uma visão correta da aflição é completamente necessária, para um comportamento verdadeiramente cristão sob elas.
Carregar a cruz voluntariamente faz com que ela se torne leve, mas carregá-la com a mente perturbada por inquietações à busca de respostas fora de Deus para aquilo que se esteja experimentando, quando estas provas vêm da Sua parte, somente serve para aumentar o peso da cruz que carregamos.  
Ter um espírito contrito e quebrantado na aflição é algo muito apropriado para acalmar as agitações do coração, e nos fazer pacientes debaixo dela.
Como Deus tem afirmado que é com o coração quebrantado e contrito que Ele trabalha e dá Sua especial atenção, então importa sabermos que Ele mesmo há de providenciar os meios para este quebrantamento e contrição, já que naturalmente somos altivos e autoconfiantes. Por isso Jesus nos deixou um legado de aflição no mundo, para o propósito de sermos aperfeiçoados por Deus em santidade.
Cruzes nos são trazidas no curso de nossas vidas para que as carreguemos, com o alvo de nos quebrantarem. Importa carregarmos pacientemente estas cruzes e ver a mão de Deus nisto, porque, efetivamente, não há nenhuma aflição aqui que não tenha sido ligada ou permitida no céu.
A Palavra ensina que tanto o dia da prosperidade quanto o da adversidade procedem da parte de Deus, “que fez assim este como aquele para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele”, isto é, para que ninguém saiba o que lhe reserva o futuro, e assim vivam dependendo inteiramente de Deus, confiando sua alma ao fiel Criador na prática do bem, enquanto caminham neste mundo.
A adversidade e a nossa vontade não se harmonizam, porque nossa alma não acha sossego enquanto debaixo das situações que a afligem. Então necessitamos do poder da graça divina para nos sustentar, sobretudo nas adversidades para as quais não há em nós qualquer poder ou habilidade para superá-las.
Mas, na renúncia à nossa própria vontade ficamos abertos à vontade de Deus, e este é o bom serviço que as tribulações podem nos prestar; de maneira que o aposto Paulo afirma que importa entrarmos no reino dos céus por meio de muitas tribulações, e o apóstolo Tiago, que deveríamos tê-las por motivo de grande alegria.
A humildade e a mansidão de espírito nos qualificam para o relacionamento e a comunhão amigável com Deus por meio de Cristo. O orgulho fez de Deus nosso inimigo. Nossa felicidade e futuro aqui dependem do nosso relacionamento amigável no céu.  
Assim a humildade é um dever que agrada a Deus, e o orgulho um pecado que agrada ao diabo. Por isso Deus exige que sejamos humildes, especialmente debaixo da aflição.
“Cingi-vos todos de humildade...” (I Pe 5.5).
O humilde e manso de coração terá paz e descanso em sua alma e mente, enquanto o orgulhoso terá a aflição reinando.  
O subjugar de nossas paixões é mais valioso do que ter todo o mundo debaixo da nossa vontade.  O trabalho de carregar a cruz deve ser em cada dia, em todos os dias da vida, porque se removermos a cruz, a vontade própria prevalecerá, portanto é melhor ter um espírito humilde e quebrantado do que ter a cruz removida.
Se alguém não tomar voluntariamente a sua cruz a cada dia, não poderá fazer a obra de Deus de modo constante e agradável a Ele, porque o ego se levantará e se oporá àquilo que for da Sua vontade.
Quão perigoso é para aqueles que estão envolvidos na seara do Senhor desejar que a cruz seja removida. Quando aspiram por total falta de problemas, de oposições, perseguições, dificuldades, e começam a se encantar de novo com a alegria puramente mundana, eles constatarão que a infidelidade a Deus terá invadido seus corações, e já não amam tanto a Sua obra e vontade quanto antes. 
Por isso não se pode lançar a mão do arado e olhar para trás. Envolver-se na guerra do Senhor exige que seja considerado o custo relativo à necessidade de consagração e renúncia à própria vontade. Ninguém será um apóstolo como Paulo, enquanto não estiver crucificado para o mundo e o mundo crucificado para ele.
O levar no corpo o morrer de Jesus é o que gera a verdadeira vida eterna. Se o grão de trigo não morrer ele ficará só. Não há frutificação na lavoura de Deus sem este morrer operado pela cruz. É neste sentido que o estar apegado à vida nos leva a perdê-la; e o perdê-la por amor de Cristo, a achá-la.
Muito desta mortificação da carne, desta autonegação está exatamente em se seguir à exortação do apóstolo Pedro em sua primeira epístola, na qual exorta todos à submissão de uns para com os outros, e particularmente à linhas de autoridade estabelecidas por Deus: os servos a seus senhores, as mulheres aos esposos, os filhos aos pais, os cidadãos às autoridades, as ovelhas aos pastores, os jovens aos anciãos. Toda esta submissão de coração somente será possível, caso se tenha humildade. Estas duas atitudes estão ligadas inseparavelmente por Deus, assim como Ele ligou o arrependimento à fé.
E, a seu tempo Deus exaltará o que se humilha. Ele elevará aquele que se humilhou debaixo da sua potente mão, no tempo que tiver determinado. Então, o caminho para a elevação é se humilhar. É neste sentido que o maior de todos é o que mais serve.
Afligir o nosso espírito, especialmente nas aflições, e não somente nelas, é nosso dever, mas o elevá-lo é trabalho exclusivo de Deus. Todo aquele que a si mesmo tentar se exaltar será humilhado por Deus, mas todo o que se humilhar será exaltado (Mt 23.12).
O recusar-se a se humilhar é, portanto recusar o único caminho para a verdadeira exaltação.    
É interessante observar, que a exaltação é geralmente proporcional ao nível da humilhação. Ninguém se humilhou ou poderá se humilhar mais do que Cristo, porque Ele se rebaixou, se esvaziou, se humilhou sendo Deus, e homem perfeito, sem pecado, portanto ninguém poderá ser mais exaltado do que Ele, e por isso recebeu um nome que é sobre todo nome. 
Este feliz evento da exaltação acontecerá no tempo próprio, onde nós colheremos se não desfalecermos. Mas há aquela raiz de orgulho que está no coração de todos os homens que vivem na terra, que deve ser mortificada antes que possam ser considerados aptos para o céu, e por isso Deus os levará a circunstâncias humilhantes com vistas a atingir o referido fim. Foi por isso que Deus conduziu o povo de Israel naqueles quarenta anos no deserto; para humilhar, provar e saber o que estava no coração deles.
O coração é naturalmente hábil para se revoltar contra estas circunstâncias humilhantes, por conseguinte a mão poderosa do Senhor as traz e as mantém lá. O homem redobra suas forças naturais para fugir da dificuldade levantando sua cabeça, murmurando por causa das suas aflições, e poucos dizem que confiam que o seu Criador por fim os abençoará.      
Há muitas imperfeições naturais e morais em nós. Nosso corpo e alma, em todas as suas faculdades, estão em um estado de imperfeição. O orgulho de toda a glória está manchado; e é uma vergonha não nos humilharmos em tudo o que se refere a nós, e tentarmos nos apresentar a Deus como pessoas que não têm do que ser perdoadas e lavadas.
É certo que no caso dos crentes, o Espírito fez uma grande obra de regeneração e iniciou o processo de santificação, mas enquanto permanecem no mundo há muitas corrupções que remanescem na carne, das quais devem se humilhar, arrepender, e abandonar (II Crôn 7.14).
Uma das maiores provas da nossa humilhação é exatamente a de se submeter, se render à vontade de Deus debaixo das nossas aflições, porque é exatamente nestas horas que o velho homem mais se levanta em seu orgulho, e procura resistir com todas as suas forças procurando o modo de se livrar das coisas que o afligem, sem contar com o fato de que é somente se submetendo ao Senhor, que é possível ser livrado das aflições que Ele mesmo determinou para nos provar.
Então, permita que as circunstâncias humilhantes tornem o seu espírito humilde, e assim você será útil nas mãos de Deus e poupado de muitas aflições, porque elas têm em sua maioria, exatamente este grande propósito de nos humilhar. E, se somos achados humildes, então é nesta condição que o Senhor nos exaltará, pois não haverá o risco de que sejamos vencidos pelo orgulho. 

Você pode ler toda a Bíblia (Velho e Novo Testamento) com a interpretação de capítulo por capítulo acessando o seguinte link:

http://interpretabiblia.blogspot.com.br/







2 - Na Tristeza Pelo Pecado Lembremos da Misericórdia de Deus

Ao lembrar da misericórdia do Senhor, colocando-se na posição de esperar na Sua bondade, o profeta Jeremias estava colocando em prática o conselho de Deus dado através do profeta Joel, quanto ao procedimento que os judeus deveriam ter na hora da aflição.
Deus disse pela boca do profeta Joel o que é que o seu povo deveria fazer quando visse que estava chegando sobre eles as assolações e aflições que estavam determinadas por causa dos seus pecados, em Joel 2.15 a 17:

“15 Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene;
16 congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os meninos, e as crianças de peito; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu tálamo.
17 Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?”

Não somente eles seriam ajudados e beneficiados com este ato de humilhação e de busca de Deus no meio da aflição, como ajudariam as gerações seguintes a receberem o cumprimento da promessa do derramamento do Espírito Santo, conforme está profetizado neste mesmo capítulo de Joel, nos versos 28 e 29:

“28 Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões;
29 e também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.”

É importante frisar, que o Espírito Santo, mais uma vez, pela boca do profeta, convoca o povo a se humilhar diante de Deus e para Lhe clamar por misericórdia, ainda que as condições descritas se refiram apenas a juízos, ao peso da Sua potente mão disciplinadora sobre o Seu povo, e não a promessas de bênçãos.
O povo é convocado a se converter ao Senhor de todo o coração, com jejuns e com choro e pranto (Joel 2.12), não propriamente pelos justos juízos, mas pelos seus próprios pecados. Muitos choram pelas dores que sofrem, pelos bens que perdem, mas não pelos seus pecados que deram ocasião a tais sofrimentos.
Por isso o Senhor convoca a Seu povo a rasgar o coração e não as vestes, porque o arrependimento sincero se dá no coração e não no exterior, e faz com que se conte com o favor de Deus, porque “é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se arrepende do mal”, como afirmado em Joel 2.13.
Ele é soberano para usar ou não de misericórdia, mas é nosso dever, quando debaixo da Sua potente mão, nos humilharmos diante dEle e nos arrependermos, na expectativa de que nos perdoe e abençoe, segundo a grandeza das Suas misericórdias.
Não deve haver apenas arrependimento individual, mas de toda a congregação dos crentes, porque Deus nos tem feito boas promessas relativas à nossa restauração por meio da fé em Jesus.
Ora, se Deus estava disposto a manifestar a Sua misericórdia aos judeus quando  eles estavam sendo afligidos no cativeiro de Babilônia, de quanto maior misericórdia não serão alvos dela os Seus servos na Igreja que são afligidos por causa da Sua fidelidade?
Satanás se levanta para tentar impedir o avanço da obra do Espírito na Igreja, por trazer aflições aos crentes, mas estando bem instruídos pela Palavra, eles sabem que devem ser pacientes nestas aflições e buscarem a Deus clamando a Ele não somente por livramento, mas para que faça avançar a Sua obra enquanto eles se encontram debaixo de tais aflições.
Então, quando alguém é batizado no Espírito Santo em nossos dias, isto é um dos sinais de que a misericórdia de Deus nos está sendo concedida.
É preciso crer portanto na bondade do Senhor e na Sua misericórdia para conosco, apesar de sermos falhos e pecadores, para que possamos ser batizados pelo Espírito Santo.
Ele nos batizará não porque sejamos perfeitos, mas porque Ele é misericordioso.
Por isso este batismo é chamado de dom do Espírito, ou seja, o próprio espírito é o dom, e isto significa que Ele nos é dado como um presente de Deus, de modo que nada temos que pagar por ele.
O profeta Joel havia profetizado antes de Jeremias, e foi nos dias deste profeta que se cumpriram as ameaças que haviam sido proferidas por Deus através de Joel e de outros profetas.
Então era hora de se colocar em prática o que Deus havia dito que eles deveriam fazer mesmo sendo levados para o cativeiro, e estando debaixo de grande aflição, a saber; buscarem a Sua face e se humilharem perante Ele. Eles deveriam trazer à memória o que lhes pudesse dar esperança, sabendo que as misericórdias do Senhor não têm fim.
Ele havia por isso, alertado o povo quanto ao modo de agir debaixo das aflições por causa das suas visitações de juízo contra os pecados deles. Quando Ele se mostra entristecido conosco e quando não sentimos Sua presença em nossas reuniões tanto quanto antes, não devemos ficar imóveis esperando que as coisas melhorem por si mesmas, ou continuarmos endurecidos em nossos pecados, mas devemos buscar a face do Senhor e nos humilharmos perante Ele, conforme nos tem recomendado em Sua Palavra que façamos.
Ele nos manda fazer isto porque é misericordioso e usará de misericórdia para conosco, apesar de termos entristecido o Seu Espírito.
Por isso, lemos também, o mesmo tipo de orientação, como por exemplo, no profeta Isaías, que havia profetizado isto, muitos anos antes de Judá ser levado para o cativeiro em Babilônia:

“15 Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos.
16 Pois eu não contenderei para sempre, nem continuamente ficarei irado; porque de mim procede o espírito, bem como o fôlego da vida que eu criei.
17 Por causa da iniqüidade da sua avareza me indignei e o feri; escondi-me, e indignei-me; mas, rebelando-se, ele seguiu o caminho do seu coração.
18 Tenho visto os seus caminhos, mas eu o sararei; também o guiarei, e tornarei a dar-lhe consolação, a saber aos que dele choram.” (Is 57.15-18)

Aqueles que não levam em consideração os seus pecados, não serão ajudados por Deus, porque Ele tem prometido habitar somente com os que são contritos e humildes de espírito, e vivificará os seus espíritos e corações, habitando neles.
Ele sarará, guiará e consolará os pecadores, mas somente aqueles que choram por causa do pecado.
Isto foi confirmado por Jesus em seu ministério terreno quando disse que bem-aventurados são os que choram.
Deus dará a Sua paz a estes, e os sarará, mas para os que permanecem na impiedade, e na prática deliberada da injustiça, não dará nenhuma paz, porque são como o mar agitado, que não pode se aquietar e cujas águas lançam de si lama e lodo.
É preciso conhecer portanto qual seja o verdadeiro caráter de Deus para que possamos ter um relacionamento correto com Ele, baseado numa completa confiança. Não podemos confiar em quem não conhecemos. Não adianta dizermos que Deus é de inteira confiança caso não conheçamos o Seu caráter. Por isso somos exortados a crescer na graça e no conhecimento de Jesus, para que possamos ter este relacionamento de forma correta com Ele, baseado numa inteira confiança e num andar em justiça.
Posso dizer que confio nEle, mas se não conhecê-lO como Ele é, especialmente na aplicação da Sua justiça e misericórdia, não saberei como agir, e sequer entenderei as coisas que me vierem da parte dEle, especialmente as aflições por causa do pecado ou por necessidade de ser disciplinado. Acabarei resistindo à correção que me vem da Sua parte, e não aprenderei a lição que deveria ter aprendido.
Mas quando conhecemos a verdade relativa ao modo de se comportar debaixo das aflições, vendo que é a própria mão do Senhor que se encontra na maioria delas, ou então permitindo que elas nos alcancem, então posso ter um comportamento adequado esperando nEle com confiança, de que seja ajudado e mudado, sabendo que é sempre este o Seu desejo, por ser Deus misericordioso, e ter demonstrado o maior grau desta misericórdia dando Seu Filho unigênito para morrer na cruz, em nosso favor, sendo nós pecadores.
Não temos dado  um justo valor, não temos feito uma avaliação correta deste ato supremo de amor e misericórdia de Jesus morrendo no nosso lugar.
E não somente isto, dispondo-se a perdoar todas as nossas ofensas, para estarmos completa e perfeitamente reconciliados com Deus que é santo, justo e perfeito.
Se é um fato verdadeiro que Deus detesta o pecado, também é outro fato verdadeiro e não menor que o primeiro, que Ele também perdoa o pecado, porque é misericordioso.
De modo que faz que haja muito mais graça e misericórdia para cobrir os muitos pecados daqueles que se arrependem, se humilham e que buscam a Sua face.
É para este propósito de nos aproximar mais e mais de Deus que as aflições estão cooperando, porque elas nos desmamam deste mundo e de nosso apego à carne, elevando-nos à presença do Senhor, para acharmos descanso e paz para as nossas almas.







3 - Quebrantou-me o Senhor e Fiquei Aliviado

Quanto o nosso coração se dilata, e de lágrimas aquecidas de amor se nos enchem os olhos, quando somos quebrantados pelo Espírito do Senhor, que nos revela quanto amado somos por Deus, ainda que cheios de pecados.
Sim, de fato ama os pecadores... pobres... enfermos... injustos, que se dobram diante da Sua majestade e santidade, reconhecendo a própria miséria e fraqueza.
Por isso, no anseio de alcançarmos a imagem do que é divino, jamais nos esqueçamos do quanto somos humanos e imperfeitos, em nada diferentes do nosso próximo.
A mão divina está estendida e eu a beijo ainda quando por ela sou disciplinado.
Venha o Senhor e seja exaltado entre os pobres de espírito e que choram buscando ser consolados.
Choremos sempre a nossa grande insuficiência porque por maiores que sejam nossas obras elas são como nada e pequenas, e de fato o são, na presença da Santa Majestade do céu que tudo com perfeição governa.
Assim como os braços de Cristo se estendem para acolher o ladrão e a prostituta arrependidos, e que a nenhum pecador condena nesta dispensação da graça, que assim também todos os Seus servos estejam com seus corações abertos para receber a qualquer que esteja debaixo da cruel servidão ao pecado.
Alegrias espirituais indescritíveis esperam por todos aqueles que usarem de misericórdia para com o seu próximo, e que o conduza às veredas de justiça do coração do próprio Cristo, onde achará paz, descanso, amor e bondade.








4 - Aplicação Diária da Cruz - Quebrantamento

Por Ted A. Hegre

Muito embora o Rei Davi, o salmista, houvesse pecado gravemente, buscou o perdão dos seus pecados. "Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido." (Sl 34.18.)

Não obstante, a obra de Deus em Davi não terminou com o perdão. O salmista, agora, pedia a Deus uma operação mais profunda de sua graça:
"Eis que te comprazes na verdade no íntimo e no recôndito me fazes conhecer a sabedoria. Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve... Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável." (Sl 51.6,7,10.)
Aquilo que Davi queria é uma bendita possibilidade para cada cristão - um coração puro (inteira santificação). Trata-se de uma experiência definida e não de mero crescimento na graça. Esta experiência tem sido testemunhada, através dos anos, nas biografias de homens santos de Deus. Embora haja diferenças de terminologia, todos concordam quanto a haver um momento definido de decisão. E hoje, mesmo aqueles que têm diferentes conceitos quanto ao método de realização, estão juntos, pedindo em oração a mesma coisa - um coração puro e poder para servir.
Mas, por mais importante que seja a crise de inteira santificação, ela não basta, não é suficiente. Um coração puro não é o fim e sim o início. Pode-se perder a experiência da santificação, e pode-se cair da graça (Gl 5.4). Depois da purificação inicial do coração, há uma vida santa a ser vivida. Como já dissemos, o homem, inicialmente, precisa de iluminação sobre o fato da cruz e, depois, uma experiência de fé na cruz; mas isso, por sua vez, deve ser seguido pelo espírito da cruz - o espírito como que de cordeiro, que Cristo possuía. Ao conhecimento inicial da cruz e à experiência da cruz deve seguir-se o espírito da cruz, visto que a cruz não só é o portal de entrada para a nossa inteira santificação, mas também o princípio que deve operar em nossa vida diária. Precisamos conhecer esta aplicação da cruz, que é melhor aplicada pelo vocábulo quebrantamento.
Há muito pouco ensino sobre esse assunto. Poucos parecem saber que até mesmo o arrependimento não é um ato realizado e sim uma atitude a ser mantida na vida do cristão - uma atitude chamada quebrantamento. Essa falha é a razão por que, nos círculos em que se prega a santidade, tantos vêm à frente muitas vezes. Nas ocasiões especiais algumas dessas pessoas vão à frente todos os anos. A verdade é que por mais santos que nós, cristãos, sejamos, podemos perder a nossa experiência de santificação, se permanecermos inquebrantáveis. Deus nos admoesta a nos humilharmos e a única humildade aceita é a do quebrantamento. A única vida que é coerente com a experiência que professamos é uma vida de quebrantamento, quando o antigo desejo de desforra se foi para sempre e vivemos em manifesta humildade, em absoluta dependência de Cristo e do seu bendito Espírito Santo. Isso é quebrantamento. Há um antigo provérbio hindu que diz: "Podemos andar sobre a areia o resto da vida, que ela nunca reagirá". Os vocábulos humildade e humano provêm da mesma palavra latina - humus, que significa a terra escura sobre a qual andamos.
Muitas vezes se identifica a humildade com a ideia de penitência e contrição. Em consequência, parece não haver possibilidade de haver humildade senão no fato de a alma se ocupar com o pecado. Mas humildade é mais que isso. Nos ensinos de Jesus e também das cartas, menciona-se a humildade sem qualquer referência ao pecado; de fato, a humildade é a própria essência da santidade e não da pecaminosidade. A humildade é o destronar do ego e a entronização de Cristo. Humildade significa que Cristo é tudo, e o ego, nada. Não é meramente uma sucessão de atos humildes, mas a expressão do espírito quebrantado. Assim, pois, o espírito de humildade, o espírito de quebrantamento, significa a ausência de um espírito de desforra e autodefesa. Por exemplo, note-se a natureza ou espírito que Cristo revela no Salmo 22.6: "Sou verme e não homem." Assim, quando injuriado, não injuriava. Embora batido, caçoado e cuspido, "não abriu a boca", porque um verme jamais levanta sua cabeça e nunca sibila contra ninguém - mas uma cobra sempre o faz. O verme, conquanto semelhante à cobra na aparência é de natureza inteiramente diversa. Podemos fazer o que quisermos a um verme que ele jamais investirá contra a gente.
O apóstolo Paulo fala da humanidade como de um frágil vaso de barro. E diz que nós, cristãos, não passamos de vasos terrenos que têm dentro de si um tesouro (2 Co 4.7-12). Mas, por que razão Cristo, o tesouro, foi posto dentro de um vaso tão frágil? Justamente para revelar que o poder da vida do cristão é de Deus e não do ego. Cada quebra do vaso serve ao propósito de Deus, de revelar o tesouro que está dentro do vaso. A quebra traz lucro e não prejuízo. "Em tudo somos atribulados... perplexos... perseguidos... abatidos" - tudo isso é planejado e destinado, não a nos ferir, mas a nos quebrantar, para que o Filho de Deus, escondido em nosso íntimo, seja revelado.
O caso de Gideão e os cântaros partidos fornece uma boa ilustração de como esse quebrantamento revela o tesouro íntimo. A cada um dos trezentos combatentes de Gideão foi dada uma trombeta, um cântaro e uma tocha dentro de cada cântaro. Separaram-se então, em três grupos. Ao chegarem à divisa do acampamento, Gideão e seus cem homens tocariam as trombetas e quebrariam seus cântaros. O resto de seu pequeno "exército" fez o mesmo. Aí, então, seriam vistas as tochas acesas. Assim, trezentos israelitas puseram em fuga cento e trinta e cinco mil soldados inimigos. Apenas com trezentos, Gideão fez o que trinta e duas mil espadas do seu exército original não poderiam fazer.
Hoje estamos fazendo soar nossas trombetas (pregando o evangelho), mas não temos deixado que se quebrem nossos frágeis vasos terrenos, e por isso nossa pregação e testemunho não têm sido "em poder, no Espírito Santo e em plena convicção" (1 Ts 1.5). É bem capaz que estejamos seguindo inteiramente o Cristo interior, assim como os homens de Gideão seguiram ao seu chefe; mas, não nos deixando quebrar e recusando a cruz do sacrifício, estamos limitando o nosso Deus. Cristo não é visto. Para obtermos o sucesso que Gideão alcançou precisamos seguir fielmente as pegadas de Cristo - fazer soar nossas trombetas e também quebrar nossos cântaros. Somente aí é que a luz será manifestada para iluminar tudo ao redor sem impedimento algum.
O tesouro que reside dentro de nós é Cristo. Nele não há a mínima ausência de pureza ou de poder; e nele temos todas as coisas. Ele não só deseja encher nossa vida com seu gracioso Espírito, mas também quer superabundar por meio de nós. Mas a dura casca de nossa humanidade não quebrantada impede esse fluxo de vida. A razão por que Cristo não é muito visto hoje em dia está no fato de não estarmos quebrantados. Portanto, se queremos de fato revelar a Cristo, precisamos ser quebrantados. Ele precisa de vasos partidos. Quando a viúva pobre rompeu o selo do pequeno pote de óleo e o derramou, Deus multiplicou-o para pagar os débitos dela. Maria partiu seu lindo vaso de alabastro (tornando-o inútil dali em diante), mas o perfume até então enclausurado encheu toda a casa. Jesus tomou os cinco pães do rapaz e os partiu e o pão se multiplicou a ponto de poder alimentar cinco mil pessoas! Jesus permitiu que seu precioso corpo fosse quebrado por espinhos, cravos e lança, de modo que sua vida interior pudesse derramar-se para dessedentar a pecadores sedentos. O selo do túmulo de Cristo partiu-se para dar ao mundo em todos os tempos o testemunho de sua ressurreição. O grão de trigo se parte e morre na terra. Deus precisa de vasos partidos. A ausência de quebrantamento oculta o nosso tesouro, o Senhor Jesus Cristo; só o quebrantamento revela a Cristo.
No início de sua carreira como discípulo de Cristo, Pedro, impulsivo e atabalhoado, certamente se mostrava duro e nada quebrantado. Mais de uma vez, o Senhor teve de repreendê-lo. Mas, depois de experimentar o Pentecoste, e depois de provar tribulações, sofrimentos e perseguições, temos diante de nós um novo Pedro. Não só passara por uma experiência crítica, que mudara o verdadeiro centro de seu ser, mas a própria experiência fora testada e provada na fornalha das aflições e sofrimentos. Pedro era agora uma alma submissa e bem equilibrada. Por isso Pedro agora podia ser usado para escrever cartas de consolo à Igreja severamente perseguida. Para uma tal missão o "velho" Pedro estava absolutamente desqualificado. Um estudo das cartas de Pedro nos revelará que ele aprendera bem e experimentara por si os ensinos que recebera do seu Senhor, anos antes, por ocasião do Sermão do Monte: "Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós." (Mt 5.11,12.)
Deus nos quebranta através da humilhação que nos prova e vexa. Em ocasiões tais, ou aceitamos ser quebrantados, ou nos endurecemos. Se aceitamos ser quebrantados - na riqueza, na vontade própria, nas ambições, nas reputações mundanas, nos sentimentos - e ser desprezados dos homens e tidos como completamente abandonados e indignos, aí, então, o Espírito Santo nos tomará e usará para a glória de Deus.
Precisamos aprender com Cristo esse espírito de humildade, assim como se aprende o orgulho do deus deste mundo. Jesus nos convida, dizendo: "Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma" (Mt 11.29). Nesta mesma passagem vemos como aprender essa humildade: o texto nos oferece o jugo de Cristo. Qual era o jugo de Cristo? Era a sua consagração diária à vontade de seu Pai e isso a qualquer preço. Esse jugo (da vontade do Pai) Jesus nos oferece quando diz: "Tomai sobre vós o meu jugo". Antes de o boi entrar no jugo com outros bois, ele é domado. Assim, então, antes de participarmos do jugo de Cristo, precisamos ser quebrantados; precisamos render nossa vontade, em inteira preferência à vontade de Deus; precisamos numa experiência de crise, morrer para a nossa própria vontade e, então, aprender de Cristo a maneira de ser guiado pelo Espírito Santo. O jugo de Cristo é suave, mas "o caminho dos prevaricadores é áspero".
O quebrantamento é o único antídoto para o problema da reincidência do pecado. O simples confessar de pecados não toca a raiz do problema. Assim como ao capinar uma horta, arrancamos não só as folhas das ervas daninhas, mas as raízes também, igualmente, a raiz da vontade própria deve ser arrancada na crise da inteira santificação. Depois disso, não se deve permitir que reviva. Uma experiência definida no altar, deve ser seguida pelo quebrantamento de espírito. Tal experiência implica não retermos nenhum plano nosso, nenhum dinheiro nosso, nenhum tempo nosso. Nossa rendição a Deus pode ser avaliada por nossa rendição aos outros. Um princípio que muitas vezes esquecemos é este: "Aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê" (1 Jo 4.20). Assim, também, se na obediência à Palavra de Deus, não somos submissos àqueles que presidem sobre nós no Senhor, nas nossas relações humanas, isso é indicação clara de que ainda não nos submetemos a Deus.
Esse princípio de submissão parece duro e desagradável somente aos não-santificados e não-quebrantados. Para aqueles que já experimentaram a ação deste aspecto diário da cruz, a que chamamos quebrantamento, a submissão é a estrada da bênção. Alguns ignoram esse princípio maravilhoso; outros estranham essa parte da revelação de Deus; outros, ainda, procuram não dar importância a essa responsabilidade sua. Todavia a Bíblia é muitíssimo clara em seu ensino sobre o assunto. Todos têm de submeter-se a Deus. As esposas têm de submeter-se a seus maridos, as crianças aos pais, os moços aos mais velhos, aos que governam no Senhor, etc. O "de espírito quebrantado" jamais evade, nem evita e nem se rebela contra o princípio da submissão. Pelo contrário, acha que a submissão é uma estrada plana e suave, tendo a luz da Palavra de Deus como sua direção e proteção.
Quando estamos realmente quebrantados, não há necessidade de tempo para planejar reações acertadas, porque, tocados pelas circunstâncias desta vida, é possível reagir corretamente e com amor, sempre. Não obstante, não poucas vezes temos de pedir desculpas por palavras ditas no calor do momento. Isso simplesmente revela um espírito apressado e não quebrantado. Alguém disse: "Não me importo que alguns queiram fazer de mim um capacho, e procurem limpar a sola de seus calçados em mim, mas gostaria que não ficassem raspando o pé tanto tempo!" Essas palavras não são fruto de um espírito quebrantado.
Quebrantar é obra de Deus, e nossa também. Quando ele nos faz passar por pressões e aflições, realmente temos diante de nós três escolhas: rebelarmo-nos e resistir, perder a esperança, ou quebrantarmo-nos. Quando nos quebrantamos, Cristo é revelado. É fácil cantar: "Tudo, ó Cristo, a ti entrego" na nossa hora devocional ou numa reunião pública, mas executar essa decisão e vivê-la é outra coisa. É entrega e consagração em ação. "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." (Rm 12.1.) O quebrantamento é o caminho do amor divino, o único meio de se viver "para o inteiro agrado do Senhor". Este é o caminho da santidade e poder reais. É a aplicação diária da cruz - o quebrantamento.

O Pr. Ted A. Hegre é o fundador da Missão Evangélica Betânia. Foi chamado para estar com o Senhor em 1984.













121) QUERUBINS E ANJOS

ÍNDICE

1 - QUERUBIM


1 - QUERUBIM

Os quatro seres viventes ou querubins são citados em Gên 3.24; Êx 25.18-22; 26.1,31; 36.8,35; 37.7-9; Nm 7.89; I Sm 4.4; II Sm 6.2; 22.11; I Rs 6.23-35; 7.29,36; 8.6,7;  II Rs 19.15; I Cr 13.6; 28.18; II Cr 3.7-14; 5.7,8; Sl 18.10; 80.1; 99.1; Is 37.16; Ez 1.5-26; 9.3; 10 (todo o capítulo); 11.22; 28.14-16; 41.18-20,25; Is 37.16; Hb 9.5; Apo 4.6-9; 5.6,8,11,14; 6.1,3,5-7; 7.11; 14.3; 15.7; 19.4.

A palavra Querubim significa guardar, cobrir, proteger o acesso etc (Êx 25.17-22).
Os quatro querubins, que proclamam dia e noite, sem descanso que Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, que é e que há de vir, são chamados também de seres viventes, pelo profeta Ezequiel e pelo apóstolo João, em Apocalipse (Apo 4.8); quando derem glória, honra e ações de graças a Deus (Apo 4.9) os 24 anciãos se prostrarão diante do Senhor e o adorarão (Apo 4.10,11); os 4 querubins também se prostram e adoram a Deus juntamente com os 24 anciãos e todos os anjos (Apo 7.11; 19.14);  são eles que chamam, respectivamente, os 4 cavaleiros quando os 4 primeiros selos do livro são abertos (Apo 6.1,3,5,7); e são eles que dão aos sete anjos, as sete taças cheias da ira de Deus (Apo 15.7).
Foram eles que o profeta Ezequiel viu em suas visões junto ao rio Quebar, em Babilônia, no quinto ano do cativeiro do rei Joaquim de Judá (593 a.C.).
Ele os viu quando Deus manifestou ao profeta a Sua glória,  estando eles sob o firmamento celestial (Ez 1.1,5-26), e posteriormente os viu no templo em Jerusalém (Ez 10.1-22).
A glória do Senhor estava sobre os querubins e se dirigiu para a entrada do templo (Ez 9.3; 10.4).
Depois a glória do Senhor saiu da entrada do templo e parou sobre os querubins, e estes levantaram suas asas e se elevaram da terra (Ez 10.18-20).
Na visão de Ezequiel, os quatro seres viventes ou querubins (Ez 10.20), tinham quatro rostos  e quatro asas, cada um, e a semelhança de mãos de homens debaixo das asas (Ez 1.6,8; 10.21), sendo parecidos com os serafins da visão de Is 6.2,3 sendo que estes tinham seis asas cada um, como os quatro seres viventes de Apo 4.8, tendo também estes seis asas, cada um em vez de quatro.
A forma dos querubins é como de homem (Ez 1.5). A cabeça possui quatro faces, sendo rosto de homem na frente, rosto de leão, à direita, rosto de boi, à esquerda, e rosto de águia na parte de trás (Ez 1.10).
O apóstolo João teve a visão dos seres quanto à forma do rosto, como tendo cada um, respectivamente, rosto de homem, leão, boi e águia (Apo 4.7) e os viu cheios de olhos por dentro e por fora, em todo o seu redor (Apo 4.6,8).
Já quanto aos olhos, Ezequiel viu que além dos olhos em todo o corpo dos querubins, inclusive nas asas e mãos (Ez 10.12) havia uma roda ao lado de cada um deles, e estas também estavam cheias de olhos ao redor (Ez 1.15-18; 10.12) e seguiam os querubins aonde quer que fossem.
Havia algo semelhante ao firmamento sobre as suas cabeças, brilhante como cristal (Ez 1.22), e sobre o firmamento que estava sobre as suas cabeças, havia algo semelhante a um trono, como uma safira, e sentado no trono alguém semelhante a um homem (Ez 1.26; 10.1);  e o tatalar das asas dos querubins fazia um estrondo semelhante ao tropel de um exército e como o estrondo das ondas do mar em ressaca (Ez 1.24).
No meio destas visões o Espírito de Deus entrou em Ezequiel e o Senhor lhe falou enviando-o como profeta à casa de Israel (Ez 2.1-7).
O aspecto deles é como o de carvão em brasa, semelhante a tochas, e ziguezagueavam como relâmpagos, como também saiam relâmpagos entre eles (Ez 1.13,14).
Os querubins com as rodas formavam uma carruagem sobrenatural para o trono de Deus, que era carregado por eles.
A aparição deles a Ezequiel tinha a ver com os juízos que seriam ainda despejados sobre Judá, especialmente com a destruição do templo e da cidade de Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C., portanto cerca de sete anos depois da visão dada ao profeta.
Este juízo está descrito no Novo Comentário da Bíblia, da seguinte forma: “O incêndio de Jerusalém (Ez 10.1-22): O trono (v 1) estava vazio (cfr 9.3), os querubins aguardavam Jeová para alçar vôo e partir. O destruidor da cidade era o homem vestido de linho (v 2), que anteriormente havia feito uma marca nos fiéis, separando-os para a preservação; todos os sete anjos.
Dessa forma, eram ministros vingativos, como em Apo 8.1-11.15.
A palavra Querubim (v 4, no original, no singular) é um termo coletivo que inclui os quatro querubins, como em 9.3, pois os quatro agem em perfeita unidade – como se vê em 1.12, 19-21; 10.15-17.
Nada nos é informado sobre a destruição da cidade, senão que o anjo comissionado para isso tomou o fogo dentre os querubins (cfr Is 6.6) e saiu (v 7). A visão profetizava os incêndios que efetivamente destruiriam Jerusalém em 586 a.C. (II Rs 25.9).”.
 A glória do Senhor havia abandonado o templo pela entrada da porta oriental (10.19).
Em Ez 11.21-25 vemos os querubins elevando o Senhor e a Sua glória sobre eles, retirando-se o Senhor da cidade (v.22,23), tendo o Espírito Santo reconduzido Ezequiel à Caldéia para transmitir a visão que tivera aos que estavam no cativeiro (v. 24,25).
Vemos assim os querubins aparecendo em cena para o estabelecimento dos juízos do Senhor sobre o pecado dos homens, tal como ocorrera no Éden quando Adão foi expulso do Jardim, tendo o Senhor colocado querubins ao oriente do paraíso para guardar o caminho da árvore da vida (Gên 3.24).
A árvore da vida representava o próprio Jesus, e tendo o homem pecado o caminho para a presença de Deus, que é santo, fica vedado ao pecador pelos querubins.
É somente por causa da graça do Senhor, e pelo arrependimento e transformação do pecador em santo, que este pode acessar à presença de Deus. De outro modo não poderia ser aceito.
Eles são portanto seres que velam sobre a santidade do Senhor, pois proclamam dia e noite que Santo, Santo, Santo é o Senhor, referindo-se assim à santidade da trindade, e à necessidade de o nome de Deus ser santificado no céu e na terra, como Jesus revelou na oração dominical.
Que eles velam sobre a santidade de Deus também se revela nos  querubins que foram esculpidos em ouro com as asas estendidas sobre a tampa da arca da aliança (propiciatório), de onde o Senhor falava com Moisés, quando este entrava no tabernáculo (Êx 25.18-22).
Foram também esculpidos em madeira, no meio do templo de Salomão (I Rs 6.23-28), e entalhados nas paredes e nas portas do templo (I Rs 6.29-35), e, em bordados no véu do tabernáculo (Êx 26.31).
Isto simbolizava que o caminho à presença do Senhor, que é Santo, está guardado  por eles, pois velam pela Sua santidade.
Tal como guardas e sentinelas que fazem a segurança de um homem rico, assim os querubins guardam a santidade de Deus, ainda que o Senhor não necessite de qualquer segurança porque é o Todo-Poderoso, mas o trabalho dos querubins ensina a todos a mensagem de que é necessário santidade para se chegar à presença de Deus, como de fato está revelado em várias passagens da Bíblia que falam diretamente sobre tal necessidade.
Esta participação dos querubins nos juízos de Deus sobre o pecado, que é ofensa contra a Sua santidade, e como já dissemos eles velam pela santidade do Senhor, está claramente revelada em Apocalipse, como já comentamos anteriormente, pois são eles que chamam, respectivamente, os 4 cavaleiros quando os 4 primeiros selos do livro são abertos (Apo 6.1,3,5,7); e são eles que dão aos sete anjos, as sete taças cheias da ira de Deus, para serem despejadas sobre a terra (Apo 15.7).
Graças a Deus por Jesus Cristo, que nos livra da ira de Deus contra o pecado, e que permite o nosso livre acesso ao seu trono, sem sermos impedidos pelos querubins que velam pela Sua santidade, porque cobertos com o sangue de Cristo, vestidos da Sua justiça, e santificados nEle, pelo Espírito, podemos ter acesso em espírito ao trono de Deus, que está acima dos querubins, quando Ele se desloca para trazer os seus juízos sobre a terra.
Há muitas abominações na igreja visível de Cristo, e acerca destas nós podemos somente suspirar e gemer, assim como os homens fiéis de Judá nos dias de Ezequiel (Ez 9.4), que foram marcados na testa com um sinal pelo Senhor para serem livrados do juízo que ele despejaria sobre a terra.
De igual forma os servos fiéis de Cristo serão marcados em suas frontes pelos anjos antes de serem despejados os juízos do Senhor no tempo do fim (Apo 7.3; 9.4).
Com os querubins aprendemos que a santidade exige:
a) Unidade espiritual.
Tal é a unidade entre os querubins, que se movimentam juntamente e harmoniosamente, inclusive com as rodas que são vistas ligadas a cada um deles, dando a visão de um carro celestial que transporta o trono de Deus em seus deslocamentos. Por isso se usa o termo Querubim no singular para designar os quatro seres viventes.
 O que se aprende daí, em relação à santidade, é que ela demanda unidade. Por isso Jesus orou nos termos de João 17, para que sejamos um com Ele e uns com os outros, assim como a trindade é una.
b) Além da unidade, outro aspecto da santidade é a vigilância, a sabedoria e o conhecimento. Isto está demonstrado nas faces dos querubins voltadas para os quatro cantos da terra: para o norte, sul, leste e oeste.
Além disso tanto o corpo deles quanto as suas rodas estão cheios de olhos, indicando com isto perfeição de vigilância contra o mal para não se ofender a santidade de Deus.
O que ofende a santidade do Senhor é o pecado. E para não viver pecando é necessário vigiar em todo o tempo, e crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, pela prática da verdade revelada na Palavra, e não do erro das falsas doutrinas (II Pe 3.17,18; Ef 4.14-16).
Sabendo que os olhos do Senhor estão postos sobre todas as áreas das nossas vidas, num incessante observar, o que está representado na natureza dos querubins.
 c) A santidade exige sempre o que é correto em nosso comportamento.
As pernas dos querubins eram direitas (Ez 1.7).
Não se viravam em seu movimento, sempre indo para a frente, indo para onde o espírito havia de ir (Ez 1.9,12).
Quem lança mão do arado não deve olhar para trás.
Não se deve servir a Deus com o olhar voltado para o mundo, para a vida que tinha antes da conversão.
A santidade é progresso contínuo.
É uma caminhada em busca da perfeição divina, fazendo o que agrada a Deus. Se o cristão pára em sua caminhada, ele começa a cair. A carne o vencerá porque a antiga natureza sobrepujará a nova, recebida na regeneração.
As rodas e os querubins sempre se movimentavam para a frente, nem para trás, nem para a direita, nem para a esquerda.
O caminho é Cristo. É estreito e reto.
É neste caminho que o cristão deve andar, e é nisto que consiste a sua santificação.
Em II Sm 6.2 e I Cr 13.6, quando Davi levou a arca para Jerusalém, ocorre a primeira citação “o Senhor que se assenta acima dos querubins”.
Temos também que o Senhor “Cavalgava um querubim” (II Sm 22.11; Sl 18.10); “está entronizado acima dos querubins” (II Rs 19.15; Sl 80.1; 99.1; Is 37.16).
Isto indica que antes da visão da glória do trono de Deus sobre os querubins, dada a Ezequiel, Deus já  a havia revelado anteriormente a Israel. Por isso Ezequiel afirmou prontamente quando teve a visão dos seres viventes que havia reconhecido que eram querubins (Ez 10.20). Provavelmente estava familiarizado com a sua forma esculpida no tabernáculo desde os dias de Moisés.
d) A santidade demanda também adoração à Trindade.
Os querubins e todos os seres celestiais prostram-se sobre os seus rostos em adoração a Deus Pai e ao Cordeiro.
 Mas esta adoração consiste muito mais do que simplesmente em expressar palavras de louvor.
Toda adoração é uma resposta inteligente e amorosa à revelação de Deus, porque é a adoração do Seu Nome.
Desta forma, uma adoração aceitável é impossível sem a pregação, ensino e prática da Palavra de Deus.
Adoração e Palavra. Ambos não podem ser divorciados. Quando a música, dança, louvor ou outras atividades suprimem a pregação da Palavra, a verdadeira adoração é inevitavelmente prejudicada.
E quando a pregação é subjugada à pompa e circunstâncias, por sua vez, também prejudicará a verdadeira adoração. Por isso Jesus disse que a adoração deve ser não somente em espírito, mas também segundo a prática da verdade, que é a Palavra de Deus.

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