sexta-feira, 23 de outubro de 2015

99) Obediência

99) OBEDIÊNCIA

ÍNDICE

1 - Jugo Suave e Fardo Leve
2 - Aprendendo com Tiago Sobre a Obediência Verdadeira a Deus
3 - Obediência a Deus = Viver Vitorioso
4 - “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu.” (Hebreus 5.8)
5 - O Prazer de Deus na Obediência
6 - Sobre o Jugo de Cristo
7 - Obediência, A Prova do Nosso Amor ao Senhor
8 - Guardar os mandamentos
9 - Sem Obediência a Deus e à Sua Palavra Não Há Vitória
10 - “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Lucas 6:46)
11 - A Obediência que É Santa
12 - Obedecer, Guardar, Cumprir e Dever


1 - Jugo Suave e Fardo Leve

“28  Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29  Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
30  Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” (Mt 11.28-30)

O desejo permanente do coração de nosso Senhor Jesus Cristo é o de dar alívio aos que se sentem oprimidos, atribulados, aflitos, agitados, desesperançados, e vencidos pelas cargas que a vida lhes impõe.
Tudo isto se reflete em mentes e corações perturbados, que facilmente são vencidos por tristezas, irritações, abatimentos e angústias.
O fardo do cumprimento de obrigações religiosas impostas pela tradição dos homens, tal como a dos fariseus, somente servirá para agravar ainda mais a nossa condição de falta de paz e alegria.
Somente nosso Senhor mesmo, a Sua pessoa amada e divina, poderá nos dar o alívio permanente tão necessário para tocarmos as nossas vidas, quer no enfrentamento de dificuldades financeiras, sentimentais, emocionais e de qualquer outra natureza, especialmente no que toca ao modo do nosso relacionamento com pessoas que nos ferem e magoam, e ao passar por enfermidades graves.
Somos convocados pelo Senhor a aprendermos da Sua própria mansidão, que consiste principalmente na perfeita submissão à vontade de Deus Pai, e também a aprendermos da sua humildade de coração.
E isto conseguiremos por carregarmos o jugo suave e o fardo leve que o Senhor nos chama a tomar, para acharmos descanso e paz para a nossa alma.
O jugo do Senhor, que consiste na obediência à Sua vontade, não nos oprime a cerviz, porque é suave, e portanto, diferente daquele que é colocado sobre os animais de carga, para que sejam conduzidos segundo a vontade dos seus donos.
O fardo do Senhor é leve, e não é pesado como o dos deveres religiosos impostos pela mera tradição de homens, tal como faziam os fariseus.
Seus mandamentos não são penosos, conforme afirma o apóstolo João, que por experiência própria os havia praticado conforme era capacitado para tal pelo poder da graça do Senhor.
Não olhe portanto para os seus muitos problemas, mas olhe somente para o Senhor. Submeta-se a Ele. Ame e pratique a Sua Palavra, e você testemunhará que há somente descanso e paz para o nosso coração e para a nossa alma, no próprio Jesus.





2 - Aprendendo com Tiago Sobre a Obediência Verdadeira a Deus

O apóstolo Tiago nos diz o seguinte, no quarto capítulo da sua epístola:

“1 De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?
2 Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis.
3 Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.
4 Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
5 Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?
6 Antes, ele dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.
7 Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
8 Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações.
9 Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza.
10 Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.
11 Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz.
12 Há só um legislador que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?
13 Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos;
14 Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.
15 Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo.
16 Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória tal como esta é maligna.
17 Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.”.

Quem lê esta epístola de Tiago segundo a carne, pensa erroneamente que ele estava se dirigindo provavelmente a crentes que estavam vivendo de modo muito contrário à vontade de Deus.
No entanto, este é o modo e o método da pregação apostólica que devemos manter até mesmo para congregações que estejam andando na verdade; porque a exortação bíblica vigorosa contra a carne deve ser sempre aplicada de maneira que jamais venhamos a fazer concessões a um viver que não seja condizente com os mandamentos de Cristo.
A natureza terrena decaída no pecado é muito dada a procurar justificativas para um viver que não conduza a carne à cruz.
O velho homem insiste em permanecer vivo e atuante, e então é preciso que a verdade da Palavra venha como uma espada flamejante cortando e queimando todo mal que se oponha à obediência a Cristo.
Importa que todo pensamento seja levado cativo a tal obediência, e sem isto não é possível ser achado vivendo em verdadeira intimidade espiritual com o Deus que é inteiramente santo e justo, apesar de ser bondoso e misericordioso.
Esta epístola de Tiago é bastante oportuna para nossa época em que tantos crentes se têm feito merecedores das repreensões que ele proferiu pelo Espírito.
A condição de dissensões entre os crentes, das disputas carnais que existiam entre eles são porventura incomuns em nossos dias?
O apóstolo nos dá o diagnóstico divino deste mal, e o único remédio que pode curá-lo.
O pecado e a falsa religiosidade são denunciados com uma chamada ao arrependimento, e é feita a adição de promessas consoladoras para aqueles que se convertem a Deus; porque  qualquer que se humilhar verdadeiramente diante de Deus, será exaltado por Ele.

O motivo de jejuns não serem considerados pelo Senhor, e de não ouvir orações, é declarado expressamente por Ele tanto em Isaías 58, quanto em Tiago, a saber, porque o Seu povo o fazia para atender aos próprios interesses deles, e não se importavam em saber qual seja a vontade de Deus.
Não era para o agrado do Senhor que eles O buscavam. Não era para serem aperfeiçoados em santidade para Lhe servirem melhor que eles o faziam, senão para atenderem aos seus próprios interesses.

Tiago continua nos lembra o dever de algumas cousas necessárias, como por exemplo, não falarmos mal de nossos irmãos, e deixarmos que o Senhor seja o Juiz das nossas causas, de maneira a não perdermos a nossa comunhão com Ele, por motivo de uma amargura que possa vir a se instalar no nosso coração.
Devemos estar atentos para o fato de que Satanás é mestre em gerar divisões nas igrejas, especialmente usando o joio que ele mesmo plantou no meio do trigo.
Também devemos deixar de lado toda forma de presunção orgulhosa que nos leve a julgar erroneamente que podemos como crentes deliberar sobre todas as decisões de nossas vidas, sem procurarmos saber qual seja a vontade de Deus para nós.
Isto soa como um escravo que faz todas as coisas sem se importar em saber e cumprir a vontade do seu senhor.
Tiago diz que tal tipo de presunção é maligna, a saber, ela não procede do Senhor, mas do inferno.
Afinal Jesus é Senhor e importa ser obedecido e reconhecido em todas as áreas da nossa vida, como o Senhor de nosso tempo, vontade, ações e tudo o mais.
Ele nos ensinará a viver fazendo o bem que é segundo a Sua vontade, e se não o fizermos, estamos cometendo pecado, e não admira, que alguém que está vivendo em pecado não possa contar com a amizade do Senhor, porque Ele disse claramente que somos Seus amigos quando fazemos o que Ele nos tem ordenado, e quando guardamos os Seus mandamentos.
Esta realidade de que o pecado impede que sejamos ouvidos por Deus está declarada expressamente em Is 59.2:
“mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça.”.
Não podemos esquecer que além de o pecado operar na nossa carne, ainda estamos expostos às tentações do mundo e do diabo, que nos vêm de fora, e por isso necessitamos do poder de Deus para sermos livrados do mal, de maneira que devemos pedir-Lhe como nos é ensinado na oração do Pai Nosso, que não nos conduza em tentação e que nos livre do mal.
Daí Jesus ter ensinado a necessidade de vigiarmos e orarmos em todo o tempo, sem cessar, sem esmorecer, porque não há outra maneira de se vencer as tentações e o mal, e sermos capacitados a fazer a vontade de Deus.

Tanto nesta epístola de Tiago quanto em Isaías 58 Deus nos revela que nós devemos deixar de praticar o mal, e aprender a fazer o bem.
Nós temos que nos privar de todos os atos de violência e fraude.
Seja violência física ou moral.
Foi por causa da multiplicação da violência que Deus destruiu o mundo antigo com as águas do dilúvio.
Por isso, o crente deve ser manso como o Senhor, e não violento em seu comportamento.
Deus está dizendo pelo profeta que não ouve as nossas orações quando nossas atitudes e atos são violentos.
Toda disposição iracunda deve ser arrancada do nosso viver, especialmente da nossa convivência na Igreja.
Particularmente aqueles que estão revestidos de autoridade pelo Senhor, a saber,  pais, pastores, juízes, mestres, chefes etc, devem ter um cuidado especial para não serem opressivos e violentos com aqueles que estão debaixo da sua autoridade.
É principalmente a estes que se aplica a ordenação bíblica de Ef 4.31:
“Toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia sejam tiradas dentre vós, bem como toda a malícia.”; porque especialmente estes que se encontram em posição de autoridade, devem ser modelos segundo a vontade de Deus.
Assim, devem ser levados para longe do nosso meio, não somente estas coisas, mas toda a inclinação e disposição para elas.
Os que exercem autoridade no nome do Senhor não devem agir como os fariseus, colocando jugos pesados de opressão nos outros.
Ao contrário, devem ajudar as pessoas a se livrarem dos jugos que elas carregam.
A missão da Igreja é pregar a misericórdia, a graça, e a salvação que estão em Cristo Jesus.
Não de modo irresponsável, a saber, tornando-se a Igreja uma mera ofertadora de graças, sem que se proteste contra o pecado.
E é sempre um perigo presente este de ser mero traficante de bênçãos e graças, porque as pessoas virão correndo atrás disto para verem seus desejos egoístas atendidos por Deus, enquanto continuam na prática da iniqUidade.
Enquanto pregamos o evangelho chamando os pecadores a se submeterem ao senhorio de Cristo, para que sejam salvos e tenham um viver abençoado por Deus, porque Ele próprio afirma que está sendo longânimo para com os pecadores nesta dispensação, e que deseja salvá-los e não julgá-los até que venha o dia do Juízo Final, lembremos que ao mesmo tempo nos é imposto alertar-lhes que há correções para os crentes e uma condenação eterna aguardando pelos incrédulos que não se arrependerem.






3 - Obediência a Deus = Viver Vitorioso

“Nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o SENHOR falara à casa de Israel; tudo se cumpriu.” (Josué 21.45)

Este é o registro do relato final do livro de Josué depois de o Senhor ter dado a Israel conquistar a terra de Canaã, e após ter sido concluída a distribuição das partes que caberiam por herança a cada uma das tribos israelitas.
Tal sucedera porque o povo foi obediente e fiel à Sua vontade debaixo do comando de Josué, que fizera todas as coisas conforme o Senhor havia ordenado a Moisés, no fiel cumprimento da Palavra de Deus.
E o mesmo sucederá a qualquer que fizer a vontade do Senhor conforme esta se encontra registrada na Bíblia.
Tal pessoa poderá dizer ao longo da jornada da sua vida que nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o Senhor lhe fez: tudo se cumpriu.
Foi por isso que o apóstolo Paulo, no ensejo de ensinar e confirmar o modo pelo qual os cristãos são abençoados por Deus, escreveu a Timóteo dando-lhe instruções específicas quanto ao comportamento que eles devem ter diante do Senhor, especialmente os pastores e diáconos, para lhes servir de exemplo, conforme suas palavras em I Timóteo 3.14,15:

“14 Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve;
15  para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade.” (I Tim 3.14,15)
Há portanto um modo determinado por Deus quanto ao comportamento dos cristãos, seja nas coisas relativas ao governo da Igreja, seja da relação entre cônjuges, entre pais e filhos, entre servos e senhores, entre cidadãos e as autoridades constituídas, entre aqueles que são jovens em relação aos mais velhos etc.
E são tais ordenanças que devem ser praticadas, caso desejemos de fato ver as boas promessas de Deus sendo cumpridas por Ele em nossas vidas.
Não há um caminho fácil para se obter a bênção, porque esta exige obediência e fidelidade a Deus e à Sua Palavra. Este é o único e verdadeiro caminho da fé, a qual se traduz especialmente em obediência à vontade revelada de Deus.
É a porta estreita e o caminho apertado referidos por Jesus, que conduzem à vida plena e vitoriosa.








4 - “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu.” (Hebreus 5.8)

Somos informados que o Capitão da nossa salvação foi aperfeiçoado através do sofrimento, portanto, nós, que somos pecadores, e que estamos longe de sermos perfeitos, não devemos nos surpreender em sermos chamados para passar também pelo sofrimento.
Deve ser a Cabeça coroada de espinhos, e os demais membros do corpo ser embalados no colo macio da facilidade? Deve Cristo passar por mares de seu próprio sangue para ganhar a coroa, e nós caminharemos para o céu a pé enxuto em chinelos de prata? Não, a experiência de nosso Mestre nos ensina que o sofrimento é necessário, e o filho verdadeiro, nascido de Deus, não deveria escapar disto, se ele puder.
Mas há um pensamento muito confortante no fato de Cristo "ter sido aperfeiçoado através do sofrimento" - isto é, que ele possa ter completa simpatia conosco. "Ele não é um sumo sacerdote que não possa se compadecer das nossas fraquezas." Nesta simpatia de Cristo, encontramos um poder sustentador. Um dos primeiros mártires disse: "Eu posso suportar tudo, pois Jesus sofreu, e sofre em mim agora. Ele simpatiza comigo, e isso me faz forte".
Crente, lance mão deste pensamento em todos os momentos de agonia. Deixe este pensamento sobre Jesus fortalecê-lo para que você possa seguir os seus passos. Encontre um apoio doce em sua simpatia, e lembre-se que, sofrer é uma coisa honrosa - sofrer por Cristo é glória. Os apóstolos se regozijaram por terem sido considerados dignos disto.
Até onde o Senhor nos der graça para sofrer por Cristo, para sofrer com Cristo, ele nos honrará. As joias de um cristão são as suas aflições. A regalia dos reis aos quais Deus ungiu são as suas tribulações, suas dores e seus sofrimentos. Não vamos, portanto, evitar ser honrados. Não nos desviemos de ser exaltados. As dores nos exaltam, e as tribulações nos elevam. Se com ele sofrermos, também com ele reinaremos.

Texto de Charles Haddon Spurgeon, em domínio público, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.






5 - O Prazer de Deus na Obediência

Por John Piper

1 Samuel 15:22-23:  “Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, quanto em que se obedeça à Sua palavra? Olhe, a obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão são melhores do que a gordura dos carneiros.
Pois a rebeldia é como o pecado da feitiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria. Assim como você rejeitou a palavra do Senhor, Ele o rejeitou como rei.”
Nas últimas quatro semanas temos enfatizado a boa nova que Deus é uma nascente de água na montanha e não um bebedouro. A boa nova é que a totalidade do transbordamento de DEUS é magnífica e NOSSOS anseios são satisfeitos em ações simples de sede e saciamento.

A melhor notícia em todo o Mundo

Quando colocamos de lado todos os refrigerantes, bebidas gaseificadas e bebidas engarrafadas do mundo e nos debruçamos sobre uma nascente de água na montanha da água de vida de Deus, nós O honramos, O glorificamos e O louvamos como a última fonte de felicidade. E em todo ato de louvor a Ele nós nos satisfazemos, pois essa é a água que devemos beber para vivermos. Essa é a melhor notícia em todo o mundo — que Deus é o tipo de Deus o qual fervor para glorificar o Seu nome vem da expressão mais completa em um ato que satisfaz aos desejos de meu coração. Isso quer dizer que quando estiver com sede, mais desesperado e quando mais precisar, eu posso encorajar a minha alma não apenas com a verdade que existe em um impulso misericordioso no coração de Deus, mas também mas também com a verdade que o recurso e o poder daquele impulso é o fervor de Deus para agir em seu próprio nome.
Posso orar com os salmistas, "Por amor do seu nome, Senhor, perdoa o meu pecado que é tão grande” (25:11). "Ajuda-nos, ó Deus, nosso Salvador, para a glória de seu nome, e livra-nos” (79:9). "por amor do teu nome, conduz-me e guia-me” (31:3).
Vimos que precisamente porque Deus ama a glória de seu próprio nome, Ele também tem prazer naqueles que tem esperança em seu amor e naqueles que expressam a sua esperança em oração. Há duas semanas dissemos que quando se tem esperança em Deus, você glorifica Deus como a fonte da alegria profunda e duradoura. A semana passada nós dissemos que quando se reza corretamente, essa reza simplesmente fornece a expressão da esperança da glorificação de Deus. E hoje vamos dar um passo à frente e dizer que a obediência a Deus faz com que a esperança da glorificação de Deus se torne visível e prove que ela é real em nossas vidas.

A felicidade de Deus na Obediência

Nosso texto é 1 Samuel 15:22, "Caso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra?" A resposta é claramente NÃO. O Senhor se alegra mais na obediência do que na realização de cerimônias de adoração sem isso.
Existem duas perguntas que quero tentar responder com vocês esta manhã.
1. Por que Deus se alegra na obediência?
2. E são isso boas notícias? Elas são notícias boas de escutar que o que realmente agrada a Deus é a obediência, ou isso é apenas uma responsabilidade desencorajadora?
O ajuste de 1 Samuel 15:22
Antes de focarmos nessas duas perguntas, vamos ter certeza que temos os ajustes corretos em nossas mentes.

A derrota e a sentença contra Amaleque

Quando Israelitas saíram do Egito e passaram pela selva, os amalequitas os atacaram. Nós lemos sobre isso no Êxodo 17:8–16. Deus deu a vitória aos Israelitas, mas o diabo nunca foi esquecido. Em Deuteronômio 25:17–19 Deus disse,
Lembre-se do que os amalequitas lhes fizeram no caminho, quando vocês saíam do Egito, como eles o atacaram no caminho, quando vocês estavam cansados e exaustos,e eliminaram todos que ficaram para trás; e eles não temeram a Deus. Assim quando o Senhor seu Deus der a vocês o descanso de todos os seus inimigos ao seu redor, na terra que Ele lhes dá para dela tomarem posse como herança, vocês farão que os amalequitas sejam esquecidos debaixo do céu. Não se esqueçam!

A participação de Saul na execução da sentença

Finalmente a iniqüidade dos amalequitas está complete e o Senhor comanda Saul, o primeiro rei de Israel, para executar a sentença contra os amalequitas. O comando é dado em 1 Samuel 15:2–3, Assim diz o Senhor dos exércitos, "Castigarei os amalequitas pelo que fizeram a Israel, atacando-os quando saíam do Egito. Agora vão, ataquem os amalequitas e consagrem ao Senhor para destruir tudo o que lhes pertence. Não os poupe; matem homens e mulheres, crianças e recém nascidos, bois, ovelhas, camelos e jumentos."
Então Saul juntou o seu exército e foi em direção à cidade de Amaleque. Ele avisou os queneus para que partissem se quisesse poupar as suas vidas (v. 6). E depois ele destruiu os amalequitas de Havilá até Sur, a leste do Egito.

A desobediência fatal de Saul

Mas o verso 9 descreve a desobediência fatal de Saul.
Mas Saul e as pessoas pouparam Agague, e as melhores ovelhas e os melhores touros e os vitelos, e cordeiros, e de todos que eram bons, e não os destruiriam completamente; tudo aquilo que era desprezado e sem valor foram totalmente destruído.
O Senhor viu essa desobediência e se arrependeu de ter tornado Saul rei (v. 11). Apenas uma palavra breve para expressar o seu “arrependimento” divino.

Uma breve palavra sobre o “Arrependimento” divino

Ele diz no verso 29 desse capítulo que "a Glória de Israel não mentirá ou se arrependerá." Eu levarei isso em consideração para significar que o arrependimento de Deus (e.g., no v. 11) não é como o arrependimento do homem. Na realidade, esse arrependimento é tão diferente que de certa maneira não é um arrependimento real, como dito no verso 29. Não é baseado em ignorância ou engano. O arrependimento de Deus é a mudança de direção de seu coração, mas não aquele que foi imprevisto. Deus não se arrepende porque Ele é pego desprevenido por alguns eventos inesperados. Isso sem dúvida seria como um homem. Mas para a Glória de Israel não é um homem que Ele deve arrepender-se. Quando a bíblia diz que Deus se arrepende significa que Ele expressa uma atitude diferente sobre algo que Ele expressou anteriormente, não porque algum evento ocorreu inesperadamente, mas porque os eventos inesperados tornam uma atitude diferente mais propícia para expressar agora o que ocorreu, do que teria expressado anteriormente

O confronto de Samuel com Saul

Samuel está zangado com a mudança de atitude de Deus em relação a Saul e ele implora para Deus a noite inteira (v. 11, como em 12:23). O resultado de sua noite de oração é uma resolução firme de fazer aquilo que Deus. Ele levanta cedo pela manhã e descobre que Saul foi para Carmel (v. 12), levanta um monumento para si, e vai em direção à Gilgal onde ele foi aclamado rei pela primeira vez. (11:15).
Então Samuel vai encontrar Saul, e (no v. 13) Saul diz, "Que você seja abençoado pelo Senhor; eu fiz aquilo que me foi comandado pelo Senhor." Samuel diz (no v. 14) que o som do balir de ovelhas e o mugido dos touros significam a real destruição feita por Saul da maneira que Deus disse.
Depois (no v. 15) Saul culpa as pessoas: “Elas os trouxeram de Amaleque; para que as pessoas poupassem as melhores ovelhas." Mas nada que Saul diga agora funcionará. Ele desobedeceu ao comando do Senhor e ele finalmente admitiu tal coisa no verso 24: “Eu pequei, pois transgredi o comando do Senhor e suas palavras."
Agora a nossa primeira pergunta é: Por que Deus fica tão desgostoso com a desobediência? Ou positivamente, por que Deus fica tão feliz com a obediência? Por que Deus odeia a desobediência?
Eu vejo pelo menos cinco razões para essa estória de que Deus odeia a desobediência e fica feliz com a obediência. Mencionarei as mesmas em ordem da menos séria até a mais séria, a meu ver.
1. A desobediência mostra como o medo é colocado de maneira errada
2. Note no verso 24: "Saul diz a Samuel,  “Eu pequei; pelo fato de ter transgredido o comando de Deus e suas palavras, pois tive medo das pessoas e ter obedecido à voz deles. " Por que Saul obedeceu às pessoas ao invés de obedecer à Deus? Ele temeu as conseqüências da obediência mais do que ele temeu as conseqüências divinas do pecado. Ele temeu o desgosto das pessoas mais do que ele temeu o desgosto de Deus. E isso é um grande insulto a Deus. Samuel disse duas vezes a Saul e as pessoas em 12:14 e 24, " Tema ao Senhor, e sirva-o com toda a fé de seu coração." Mas, agora o próprio líder temeu ao homem e se distanciou de seguir a Deus (1 Samuel 15:11).
2. A desobediência mostra como o prazer é colocado em lugar errado Saul tenta convencer Samuel que foi uma nobre intenção que o conduziu a desobedecer a Deus e manter as melhores ovelhas e os melhores touros vivos (v. 21). Ele disse que eles queriam sacrificá-los para o Senhor em Gilgal, mas o Senhor tinha dado a Samuel um sinal do real motivo que conduziu Saul e as pessoas. Nós podemos verificar tal fato em suas palavras no verso 19:
Por que depois você obedeceu à voz do senhor? Por que mergulhou na presa, e fez o que era errado aos olhos de Deus?
Eles mergulharam na presa como pássaros famintos mergulham para encher as suas barrigas. Essa palavra, "mergulham," é utilizada em 14:32 para descrever como as pessoas mergulham na presa quando os Filisteus foram derrotados. Ele diz, "As pessoas sobrevoaram a presa, e levaram as ovelhas ou touros e os novilhos, e os reviraram no chão; e as pessoas os comeram com sangue."
Quando Samuel diz em 15:19, "Por que vocês mergulharam na presa, e fizeram o que era errado aos olhos do Senhor? " ele quer dizer que as pessoas foram conduzidas por um desejo soberbo dos prazeres de toda aquela carne. (Lembre-se, aqueles que se sacrificarem, comerão da carne.) O prazer deles foi colocado em lugar errado. Deveria ter sido Deus. Mas eles sentiram mais prazer na carne da ovelha e do touro do que eles sentiram no sorriso e n o companheirismo de Deus. Isto é certamente, um grande insulto a Deus, e assim muito desprazeroso a seu ver.
3. A desobediência mostra como o elogio pode ser colocado em lugar errado
Quando Saul derrotou os amalequitas, a primeira coisa que ele fez foi construir um monumento para si. Verso 12: “Foi dito a Samuel, Saul veio a Carmel e contemplou, ele construiu um monumento para si." Evidentemente Saul estava mais interessado em ter seu nome para si do que em fazer o nome de Deus através da obediência cuidadosa de sua palavra. Ele colocou em lugar errado o elogio de Deus para si próprio.
Esse pecado torna-se até mesmo pior quando se lê os versos 17–18:
E Samuel disse, "Embora pequeno aos seus próprios olhos, você não se tornou o líder das tribos de Israel? O Senhor o ungiu como rei sobre Israel. E o Senhor o enviou numa missão, e disse, vá, e destrua completamente os pecadores, os amalequitas, e lute contra eles até que eles sejam eliminados. Por que você não obedeceu à voz do Senhor?"
Retornando a 9:21 Saul pareceu surpreso que Deus o escolhera para ser rei de Israel quando ele era da menor tribo, a tribo de Benjamim, e da menor das famílias de sua tribo. E ele tinha que se surpreender! Se ele quisesse honra, ele deveria ter se surpreendido e se satisfeito com a honra que Deus havia dado a ele. Esse é o ponto de vista de Samuel no verso 17— por que você está sendo guiado pela luxúria humana quando Deus lhe deu o privilégio glorioso de ser a cabeça das tribos de Israel e o rei ungido das pessoas de Deus?
Mas Saul não estava satisfeito com a glória de Deus e a honra de ter sido o seu rei escolhido. Ele queria a sua própria glória e o seu próprio louvor. E o caminho submisso da obediência não oferece esse tipo de louvor e glória. E por isso ele fez coisas de sua própria maneira.
4. A desobediência é como o pecado da adivinhação
Agora estamos no campo textual explícito. Essa é a real razão dada por Samuel para a desobediência ser desprezada por Deus, no verso 23.
(22b) Veja, obedecer é melhor do o sacrifício, e escutar é melhor do que os carneiros, (23) a rebelião é o pecado da adivinhação. Deus colocou adivinhação na mesma categoria que as coisas horríveis que Ele detesta em Deuteronômio 18:10.
Não permitam que se ache alguém entre vocês que queime em sacrifício o seu filho ou filha; que pratique adivinhação, ou se dedique à magia, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria, ou faca encantamentos; que seja médium, consulte os espíritos ou consulte os mortos. O Senhor tem repugnância por quem pratica essas coisas.
Por que é a rebelião e a desobediência o pecado da adivinhação? A adivinhação está procurando saber o que fazer de maneira que ignora a palavra e o conselho de Deus. E isso é exatamente nisto que a desobediência se baseia. Deus diz uma coisa, e nós dizemos, acho que vou consultar outra fonte de saber – nominado de? Eu mesmo! A desobediência em relação à palavra de Deus coloca o meu próprio saber no lugar de Deus e assim insulto a Deus como a única e confiável fonte de sabedoria.
5. A desobediência é idolatria
Isso é o que Samuel diz na última metade do verso 23:
A rebelião é o pecado da adivinhação, e a teimosia é como injustiça e idolatria.
Quando Deus diz alguma coisa e nós consultamos o mágico de nossa própria sabedoria e depois com teimosia escolhemos seguir nosso próprio caminho, somos idolatras. Nós não apenas escolhemos consultar a nós mesmos, como uma alternativa a Deus, e assim tornamos culpados de adivinhação, mas vamos, além disso, e na realidade sobrepomos a direção de nossas mentes em relação a direção de Deus e nos tornamos culpados de idolatria. E o pior de tudo, o ídolo somos nós mesmos.
Então se torna a razão pela qual Deus estará insatisfeito com a desobediência, pois em todos os pontos é um ataque a sua glória.
Isso coloca o medo ao homem no lugar do medo a Deus.

Isso eleva o prazer das coisas acima do prazer em Deus.

Isso procura por um nome próprio ao invés do nome de Deus.

Isso consulta a sabedoria própria ao invés de se satisfazer com a vontade de Deus.
E ela estabelece mais valor nos ditados próprios do que os ditados de Deus e assim tenta destronar Deus fornecendo lealdade ao ídolo da vontade humana.
Mas obediência, sendo exatamente o oposto, em todas essas coisas dá o trono a Deus e o honra. E assim Deus tem prazer na obediência.
Agora retornamos a segunda pergunta que levantamos no início: Isso é boa notícia? É boa notícia aprender que Deus tem prazer na obediência, ou isso é apenas outra obrigação?
É uma boa notícia que Deus tem prazer na obediência? Acho que é boa notícia. E existem pelo menos seis razões pelas quais acredito nisto. Apenas temos tempo para mencioná-las brevemente.
1. Isso significa que Deus é louvável e confiável
O prazer de Deus na obediência é boa notícia, pois significa que Ele é louvável e confiável. Se Ele não tivesse prazer na obediência, Ele seria uma contradição viva: amando a sua glória acima de todas as coisas e ainda assim não satisfeitos com seus atos que tornam a sua glória conhecida. Ele seria hipócrita e falso. A sua beleza seria banida e com isso todo o seu prazer! E Ele seria inconfiável, pois não se pode acreditar em um Deus que os valores são tão inconstantes que Ele se enaltece em um minuto e concorda com insultos logo a seguir.
2. Ela garante que a Glória de Deus seja espalhada
O prazer de Deus na obediência é uma boa notícia, pois ela garante a promessa que algum dia a glória de Deus será realmente complete na terra da mesma maneira que as águas cobrem a o oceano. Se Deus fosse indiferente à desobediência, não haveria certeza que a era por vir estaria sem qualquer atitude de desonra de Deus. Mas pelo fato Dele odiar a desobediência e amor à obediência podemos ter certeza que nosso desejo por um mundo cheio da Glória de Deus certamente chegará.
3. Mostra que a graça de Deus é um Poder Glorioso
O prazer de Deus na obediência é boa notícia, pois isso mostra que a graça de Deus é um poder glorioso e não apenas uma tolerância insignificante do pecado. A glória da graça de Deus é vista não apenas no fato de Deus observar os pecados dos que crêem, mas também pelo fato de gradualmente, finalmente e com vitória erradicar esses pecados. Se Deus não tivesse prazer na obediência, a graça soberana poderia nunca ser vista no seu poder de conquistar o pecado.
4. Os comandos de Deus não são muito severos
O prazer de Deus na obediência é boa notícia, pois seus comandos não são muito severos. Eles são tão difíceis de serem obedecidos como a sua glória é difícil de ser apreciada e suas promessas são difíceis de serem acreditadas. Deuteronômio 30:11 diz, "Esse comando o qual lhes é dado hoje não é muito difícil para vocês." E 1 João 5:3 diz, "Esse é o amor de Deus, que nós mantenhamos os seus comandos. E Seus comandos não são penosos."
5. Tudo o que Deus nos comanda é para o nosso próprio bem
O prazer de Deus na obediência é boa notícia, pois tudo que Deus comanda é para o nosso próprio bem. Então Deus é realmente prazeroso quando ele tem prazer em nossa obediência, que é a nossa mais profunda e permanente alegria. Deuteronômio 10:12–13 diz,
E agora, ó Israel, que é que o Senhor lhe pede, e que tema o Senhor teu Deus, que ande em Seus caminhos, que o ame, e que sirva o senhor teu Deus com todo o seu coração e toda a sua alma, e mantenha os seus comandos e seus estatutos de Senhor os quais eu comando hoje pelo seu próprio bem.
6. A obediência que Deus ama é a obediência da fé
E finalmente o prazer de Deus é boa notícia, pois a obediência que Ele ama é a obediência da fé. A fé significa manter a sua própria esperança na misericórdia de Deus. A misericórdia significa que nossa obediência não precisa ser perfeita; ela apenas precisa ser penitente. "Se confessarem os seus pecados, Ele é fiel e justo e perdoará seus pecados e o purificará de toda a maldade” (1 João 1:9).
Deus ainda é a fonte da montanha e não um cocho. A obediência não é para passar de mão em mão para satisfazer as Suas necessidades. A obediência são os esforços irreprimíveis de “relações públicas” daqueles que não experimentaram e não perceberam que o Senhor é bom.






6 - Sobre o Jugo de Cristo

“Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas.” (Mateus 11.29)

Aqueles que estão habilitados a virem a Cristo, não somente experimentam uma mudança de estado, mas de caráter, disposição e prática. Eles são não somente libertados da condenação, como também são feitos participantes da natureza divina. Eles são livrados da escravidão e do jugo de Satanás, e levados, voluntariamente, no dia do poder de Deus, a aceitarem e a abraçarem o seu jugo, que é recomendado a nós no versículo seguinte ao do nosso texto, como sendo leve e suave. Nosso Senhor fala de seu serviço como um jugo ou fardo, porque ele é assim estimado por todos aqueles que não o conhecem. Eles o consideram um mestre severo, e acham que o seu serviço é cansativo, mas aqueles que o experimentaram, o consideram de outra forma: embora, seja preciso confessar, que isto expõe a algumas dificuldades, as chamadas para o exercício diário da negação do ego, e a não admissão de qualquer competição ou composição com o mundo, e nem pode ser agradável à parte não renovada da nossa natureza. Mas o conhecimento do seu amor, a esperança da glória,  e os refrigérios com os quais ele tem o prazer de favorecer aqueles que se achegam a ele, lhes torna dispostos a suportar o seu jugo, e a preferi-lo a toda proposta de liberdade que o mundo possa lhes oferecer.
I. O jugo de Cristo, inclui, em geral, toda a dependência, obediência e submissão que devemos a ele, como nosso Senhor e gracioso Redentor.
Ele tem um duplo direito sobre nós, "ele nos criou", Sl 100.3. Nós somos criaturas do seu poder: ele nos tem dado o nosso ser, com todas as nossas capacitações e prazeres. E mais, "ele nos comprou" (Atos 20.28); ele se compadeceu de nós em nosso estado baixo e caído, e deu a sua própria vida, o seu precioso sangue, para nos resgatar da ruína e miséria que eram a justa punição dos nossos pecados. Há uma boa razão, portanto, para sermos dele, e vivermos para ele e nos apegarmos somente ao  seu amor; que não devemos mais viver para nós mesmos, mas para aquele que morreu e ressuscitou por nós. Em particular, podemos considerar que,
1. o jugo de sua profissão é muito agradável para uma alma gentil, tanto quanto a fé é em exercício. Longe de ter vergonha do evangelho de Cristo, ele está pronto e disposto a dizer a todos que quiserem ouvir, o que Deus tem feito por sua alma. Muitos novos convertidos, no primeiro calor do seu afeto por Cristo, têm mais necessidade de um freio do que de um esporão quanto a isto. Porque precisam da prudência, que vem com o tempo, para fazer as coisas corretamente, e talvez por falta de mais ternura misturada com seu zelo, eles são capazes de aumentar as suas próprias tribulações, e às vezes, empurram as coisas muito longe, de modo a obstruir o sucesso de seus bons esforços destinados a convencer outros. Mas embora isto seja uma falha, é uma falha no lado correto, que o tempo, experiência e a observação, corrigirão. E apesar de estarmos bastante apressados para condenar os êxtases irregulares de um coração profundamente impressionado com um sentimento das coisas eternas, não duvido, que o Senhor, que possui e aprova o princípio fundamental de onde eles procedem, terá um olhar favorável para eles do que para os que andam numa cautelosa e fria prudência.
Devemos julgar assim, se também tivéssemos servos que estivessem dedicados afetuosamente a nós de coração, aos nossos interesses, sempre prontas a trabalhar de noite ou de dia, enfrentando qualquer perigo ou dificuldade, pelo desejo de nos agradar, embora, às vezes, por causa de ignorância ou desatenção, ele venha a cometer um erro, ainda o preferiremos a quaisquer outros de maior conhecimento e habilidades, que estivessem sempre lentos e atrasados e mais cuidadosos com seus próprios interesses do que com o nosso serviço.
Contudo, este zelo fervoroso geralmente sofre abatimentos, pois somos carne, bem como espírito, e há algumas circunstâncias que se destinam a provar os que se consagram ao evangelho, motivo porque pode ser denominado com propriedade por “jugo”. Isto certamente vai mover a oposição do mundo, e, provavelmente, pode interferir em nossas preferências pessoais mais queridas, e ameaçar os nossos interesses temporais mais necessários, 2 Tim 3.12; Mat 10.36.
2 . O jugo de Seus preceitos. Estes, a alma graciosa os aprova e neles se deleita; e ainda somos renovados, mas em parte. E quando os mandamentos de Cristo estão em direta oposição à vontade do homem, ou que o leve a sacrificar um olho direito ou a mão direita, contudo o Senhor fará certamente que eles sejam vitoriosos no final, ainda que  lhes custe um esforço; de modo que, quando eles estão sensatos do  quanto eles têm do poder do Senhor operando neles, e lhes capacitando a vencer, ao mesmo tempo, ele têm uma viva convicção de sua própria fraqueza. Abraão creu em Deus, e tinha prazer em obedecer, mas  quando lhe foi ordenado que sacrificasse seu único filho, isto não foi uma provação fácil de sua sinceridade e obediência, e todos os que participam da sua fé estão expostos a se encontrar, mais cedo ou mais tarde, com algumas chamadas ao dever que são contrárias aos ditames da carne e do sangue.
3. O jugo de Suas dispensações. Isto ninguém pode suportar como deveria, mas somente aqueles que têm vindo ao Senhor. É natural para nós estarmos descontes e preocupados (Is 51.20), quando estamos sob aflições. Crentes também têm sua carne fraca, quando seus espíritos estão dispostos, ainda veem suficientes razões para a submissão, e eles sabem onde buscar a graça. A aflição é um teste que revela o que é o espírito de um homem. O hipócrita pode manter uma aparência de verdadeira piedade, enquanto todas as coisas correrem suavemente na direção dos seus desejos, mas em problemas agudos a máscara cairá.
II. Os meios designados pelos quais os pecadores são habilitados a suportar este jugo tríplice, são subentendidos na palavras de Jesus: "Aprendei de mim, porque eu sou manso e humilde." No entanto, por amável e desejável a disposição que eu descrevi possa parecer, você nunca irá adquiri-la por qualquer força, sabedoria, ou diligência de si mesmo. Nosso Senhor, para prevenir que você não se canse com seus próprios esforços infrutíferos e desnecessárias frustrações, lhe assegurou  de antemão: "Sem mim nada podeis fazer", João 15.5. Mas aqui ele gentilmente lhe oferece a assistência que você precisa. Como se ele tivesse dito, eu sei que você é incapaz de si mesmo, mas eu vou lhe ajudar. Não tenha medo da perspectiva, mas considere o que posso fazer. Para o meu poder todas as coisas são fáceis; eu posso endireitar o que está torto, e suavizar o que é áspero; eu posso docemente direcionar suas afeições, submeter suas vontades; influenciar suas práticas, e livrá-los de seus temores pecaminosos. Considere também o que eu tenho feito a milhares, que por natureza eram tão inábeis e impacientes como vocês, e que têm sido convertidos voluntariamente no dia do meu poder.
Portanto, aprendei de mim. - Não tenha medo de vir a mim, porque sou manso e humilde de coração. Grande e poderoso como eu sou, você pode lançar sobre mim todas as suas dúvidas e dificuldades.

Citações extraídas de um texto de John Newton, em domínio público, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.







7 - Obediência, A Prova do Nosso Amor ao Senhor

Não existe algo como o chamado exclusivismo dos cristãos, até mesmo porque ninguém é cristão por nascimento, pois se requer a conversão a Cristo, que muitas vezes ocorre até mesmo no final da vida de muitos neste mundo.
Tudo o que se prega no evangelho, e na Palavra de Deus como um todo, quanto à distinção entre os que servem e os que não servem a Deus, os que o amam e aqueles que não o amam, enquanto se vive aqui embaixo, não configura e nem mesmo seria possível configurar, uma distinção de caráter exclusivista com vistas a beneficiar uns poucos contra o malefício de muitos.
Assim, o caráter da pregação e do ensino evangélicos não visa intimidar, perturbar ou até mesmo recriminar aqueles que não se converteram ainda a Cristo, ou que não venham a se converter, porque o motivo de tal pregação e ensino é sempre por amor e para convidar à participação do amor divino, por meio do arrependimento e da fé em Cristo.
Os grandes alertas e até mesmo ameaças constantes da Palavra de Deus contra a incredulidade relativa à verdade revelada, tem em vista despertar para o grande perigo desta posição, uma vez que sem a recepção voluntária do amor de Deus em nossos corações, não será possível alcançar aquele estado de bem-aventurança eterna que ele tem prometido conceder a todos os que forem perdoados e justificados dos seus pecados por causa da união deles com o Seu Filho Unigênito.  
Para ilustrar esta verdade, estamos inserindo a seguir uma tradução e adaptação de parte de um texto de autoria de Charles Simeon, em domínio público, intitulado: Obediência, a Prova do Nosso Amor.

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” (João 14.21)

É suposto por muitos, que professarmos uma certeza de nossa aceitação por Deus é uma grande presunção. Mas, ao mesmo tempo, reconhecemos que como uma profissão pode ser feita muito erroneamente, e por pessoas que enganam as suas almas, nós não podemos admitir que não exista tal coisa como uma certeza bíblica da nossa salvação; ao contrário, afirmamos que a consciência de uma mudança tão grande como ocorre na conversão não pode deixar de existir em algum grau, e que nosso bendito Senhor ensinou todo o seu povo a esperar: "Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai , e vós em mim, e eu em vós." Se de fato tal persuasão fosse para ser entretida sem ser submetida a qualquer teste, seria muito perigoso, mas, se tivermos uma regra infalível pela qual se possa prová-la, então nós não temos nenhuma razão para duvidar.
A verdade é que, nesta mesma passagem em que o Senhor sancionou uma garantia do nosso estado, ele estabeleceu um critério pelo qual todas as nossas profissões devem ser julgadas: nenhuma experiência nossa que não for achada em conformidade com esse padrão, nos dá o  direito de esperar as recompensas e a consolação do seu Evangelho.
Não devemos imaginar que a adoção de certos sentimentos, ou a união de nós mesmos a um determinado conjunto de pessoas, ou a  manifestação pública de preceitos sociais ou religiosos, com uma forte confiança sobre a segurança de nosso próprio estado; tudo isto, somente, não comprova que exista o verdadeiro amor a Cristo na alma. Há uma marca, e somente uma, pela qual podemos formar qualquer decisão de julgamento sobre os estados dos homens, e que é, "por seus frutos os conhecereis". Os únicos que realmente amam o Senhor Jesus Cristo, são aqueles que revelam uma consideração verdadeira para com os seus mandamentos. Eles os guardam em seus corações.
Aqueles que "amam sinceramente o Senhor Jesus Cristo" desejam uma perfeita conformidade com sua mente e vontade. Com isto em vista, eles estudam seus mandamentos: não os leem de uma forma superficial, mas meditam neles, e os buscam, e imploram a Deus para abrir-lhes à sua mente ao entendimento deles, e são gratos por qualquer luz que possa ser lançada sobre eles, mesmo que estes mandamentos condenem as suas próprias condutas; eles entesouram a verdade dando-lhe boas-vindas em suas mentes, e a ocultam em seus corações, como uma regra de sua conduta, para que não mais pequem contra Ele.
Aqueles que verdadeiramente amam a Cristo sempre andarão no caminho de seus mandamentos.
Se alguém investigar a sua conduta geral, irá encontrá-los trabalhando não tanto para a carne que perece, mas para aquilo que permanece para a vida eterna. Eles buscam primeiro o reino de Deus e a sua justiça e não ajuntam tesouros na terra, mas no céu.
Assim, não serão achados aprisionados a vaidades, egoísmos, iras, porque são ordenados a preferir os outros em honra antes de si mesmos.
Eles serão achados estando contentes em quaisquer circunstâncias, e não murmurando, ou rancorosos e vingativos, porque sabem que não devem julgar os outros; ao contrário estão dispostos a perdoar seus ofensores.
Este é o critério pelo qual todo homem deve ser julgado quanto à certeza da salvação, e, embora existam imperfeições, mesmo no melhor dos cristãos autênticos, todavia isso permanece verdadeiro, quanto a revelar o caráter comum de todos os que realmente amam a Cristo; todos os demais, sejam eles quais forem, somente enganam as suas próprias almas.

1Jo 3:5 Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado.
1Jo 3:6 Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu.
1Jo 3:7 Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo.

Tiago 1:22 Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.

Tiago 1:26 Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã.

Mat 7:21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.

Mat 7:23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.






8 - Guardar os mandamentos

A Palavra de Deus é pura. O próprio céu e o grande trono branco não são mais puros do que a Palavra de Deus. Para que a vida possa ser pura, ela deve estar em doce harmonia com a Bíblia bendita.
Uma vida que é vivida na obediência à Bíblia é tão pura quanto a Bíblia. Tal vida é pura o suficiente para o céu.
O escritor do Apocalipse, estando no Espírito, viu "o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro." Este fluxo puro era a palavra maravilhosa da vida. Era tão puro quanto a sua origem, que era o trono de Deus. A vida que atravessa este fluxo puro será tão pura como o trono.
Um dos salmistas disse: "As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes." "Tua palavra é pura e, portanto o teu servo a ama."
O escritor de Provérbios diz: "Toda palavra de Deus é pura."
Quando o véu é tirado e nossas almas são colocadas face a face com a pureza da Bíblia, então nós entendemos que uma vida bíblica é a melhor, mais pura, mais nobre e mais santa que possa ser vivido na terra.

Ó alma minha, desvenda os teus olhos,
Olhe para cima, para o teu Deus,
Há uma coroa de pureza para ser vista
Coroando cada palavra Sua.

Com as seguintes palavras temos a soma de toda a verdadeira vida e justiça: "De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem.". Ec 12.13. Este texto processado na versão Septuaginta traz mais clara a verdadeira significação: "Ouça o fim da questão, a soma. Teme a Deus e guarda os seus mandamentos. Porque isto é dever de todo o homem." O homem não é pleno, ele não é completo como inicialmente previsto, quando não guarda todos os mandamentos de Deus. Alguma coisa está faltando na vida que não está em plena obediência a cada palavra de Deus.
A Bíblia fala de uma bela cidade que brilha, celestial mundo. É uma cidade de ouro puro, transparente como o cristal. Suas paredes são de jaspe; seus doze fundamentos estão adornados de toda espécie de pedras preciosas, suas doze portas são portas de pérola, suas ruas são de ouro puro. Nesta cidade justa não existe pecado, nem dor, nem doença, tristeza e tribulação nunca mais estarão lá, uma lágrima nunca cairá de qualquer olho, pois as lágrimas não estão lá. Não há morte na cidade maravilhosa tão justa. No meio da rua se ergue a árvore da vida. Oh, quem não deseja morar eternamente nesta cidade de amor e luz, onde as dores e tristezas, as provações e lágrimas, cansaços desta vida não existem mais?
Ouça enquanto eu leio para você em tons claros, distintos e inconfundíveis - "Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar pelas portas na cidade." Apo 22.14. Oh viajante para a eternidade, a sua entrada na bela e gloriosa cidade de Deus depende de sua conduta respeitando os mandamentos de Deus, enquanto você está fazendo a viagem através do mar turbulento da vida. Guardar os mandamentos de Deus é dever de todo homem. Se ele fizer todo o seu dever ao longo da vida, ele subirá do vale escuro da sombra da morte, e encontrará as portas de pérola!
Quem não se apegará aos mandamentos de Deus? Quem não ouvirá a sua voz e não caminhará diariamente em seus caminhos santos?
O obediente será recompensado por uma herança imarcescível naquela cidade eterna de ouro.
Há uma bela mansão na grande casa de Deus para cada alma obediente. Oh, quão abençoados!

Estou pensando no céu hoje à noite,
da mansão preparada lá para mim,
Onde Jesus, meu Salvador agora habita,
e onde eu estou ansioso para estar.

Não será digno o céu de uma vida de obediência à Palavra de Deus, embora a obediência nos chame em meio a tempestades de perseguições, fornalhas de tentações, oceanos de tribulações, e anos de labuta e sofrimento?
Para Moisés os vitupérios de Cristo eram maiores tesouros do que as riquezas do Egito, “porque ele contemplava a recompensa do galardão."
Sente-se em silêncio por um momento e por um olho forte da fé desvie o olhar para o céu e veja esta mansão brilhante preparada para você. Veja aquelas paredes de jaspe, as portas de pérolas, e as ruas de ouro. Veja a coroa da vida, a harpa de Deus, e a luz do Cordeiro.
Não suportaríamos as provações da vida com um pouco mais de paciência? Não deveríamos estar atentos para andar nos caminhos de Deus e obedecê-lo, para que essa rica herança seja nossa para sempre?
Parece-me que eu posso ouvir uma resposta vinda das profundezas de muitos sinceros e confiantes corações - "Sim, eu vou viver em humilde obediência a Deus na terra, para que eu possa estar com ele para sempre naquela cidade celestial de luz." Deus lhes abençoe!
Além dos limites do tempo e dos reinos deste mundo há um reino chamado o reino dos céus. É o lugar onde Deus tem o seu grande trono branco, em torno do qual os anjos tocam suas harpas de ouro e louvam: "Bênção e honra e glória e louvor, e poder sejam dados a Deus para todo o sempre."
É em torno deste trono que aqueles que passaram pelas tribulações e tentações deste mundo inferior e romperam as portas da morte estão cantando a doce música da redenção.
Quem não deseja se unir a essa feliz multidão celestial e mover aquelas palmas e usar aquelas vestes brancas e cantar essas músicas doces mais além do vale sombrio da morte?
Parece-me ouvir muitas vozes, dizendo: "Espero estar entre aquela multidão lavada pelo sangue".
Deixe-me dizer-lhe com toda a ternura e amor, mas muito claramente, que a realização da sua esperança depende inteiramente de como você vive, enquanto aqui neste mundo. Oh, quanto aquele grande e terrível futuro está dependendo da nossa maneira de viver neste mundo! Vamos aprender a viver bem, e ser o nosso melhor todos os dias.
Podemos sonhar com uma casa no céu, podemos alimentar a esperança de ver Jesus e de herdar uma mansão às margens da bem-aventurança eterna, podemos nos imaginar andando pelos campos florescentes do paraíso e sentando debaixo da árvore da vida, mas nossos sonhos, nossas esperanças e nossas imaginações nunca serão realizados, a menos que guardemos cuidadosamente os mandamentos de Deus.
Mais do que uma profissão é necessário; a obediência é a única porta para o reino de Deus. Jesus disse: "Nem todo o que diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus."
Até que a nossa fé vença e contemple as belezas e as realidades de Deus, de modo que possamos dizer das profundezas da alma, "Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus." e, "A minha comida e minha bebida é fazer a vontade daquele que me enviou," nós não temos entrado totalmente no caminho verdadeiro e certo da vida.
Guardando os mandamentos de Deus o homem é pleno e é perfeita toda uma vida.

Extraído do livro como viver uma vida santa, de James Orr – traduzido pelo Pr Silvio Dutra

Nota do tradutor: Cabe destacar, quanto a uma possível interpretação incorreta deste belo texto, que a salvação não é por obras e nem pelos méritos do homem, mas pela exclusiva graça de Cristo. Todavia, é necessário ter a evidência desta salvação por um viver obediente a Deus, o que, a Bíblia nunca deixa de nos alertar, conforme, por exemplo, no texto de II Pedro registrado abaixo:

“2Pe 1:5 por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento;
2Pe 1:6 com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade;
2Pe 1:7 com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.
2Pe 1:8 Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
2Pe 1:9 Pois aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora.
2Pe 1:10 Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum.
2Pe 1:11 Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.”








9 - Sem Obediência a Deus e à Sua Palavra Não Há Vitória

O que havia ocorrido com o povo de Israel no período dos Juízes é o mesmo que ocorre com a Igreja dos nossos dias, que tem apostatado da fé genuína do evangelho, sobretudo em razão da sua grande mistura com as práticas que são do mundo (Tiago 4.4; I João 2.15).
Podemos aprender muito com a narrativa do 2º capítulo de Juízes no qual se declara expressamente que a ruína de Israel era devida à sua assimilação das práticas pagãs dos habitantes da terra de Canaã.
Este capítulo segundo é uma síntese de tudo o que é narrado no livro de Juízes.
Ele é uma preparação para tudo o que será dito dali em diante.
Ele cita o que aconteceu, e estes fatos serão narrados detalhadamente nos capítulos posteriores, com exceção dos cinco últimos capítulos que se referem a um período anterior ao dos juízes.
A narrativa se inicia com o anjo do Senhor repreendendo duramente os israelitas, pelo fato de não terem conquistado os territórios que lhes foram designados por sortes, nos dias de Josué, e pelo fato de terem se acomodado e se misturado aos cananeus.
Nos versos 11 a 13 é citado que a geração que se seguiu à de Josué não conhecia ao Senhor, e fez o que era mau aos seus olhos, misturando-se aos cananeus e fazendo as mesmas práticas abomináveis deles.
A condição de todo o período coberto pela narrativa do livro de Juízes, o qual durou aproximadamente trezentos anos, está declarada de forma resumida nos versos 14 a 23.
Nestes versos está revelado claramente que o motivo de estarmos enfraquecidos diante de nossos inimigos espirituais e sujeitados a sermos pisados pelos homens, como sal que perdeu o sabor, está relacionado ao abandono do Senhor, e da prática da Sua Palavra.
A comunhão com Deus, garantida por um andar no Espírito Santo, fazendo aquilo que Ele nos tem ordenado na Bíblia e em relação à Sua vontade específica, no que se relaciona ao viver diário, especialmente o que diz respeito às coisas pertinentes ao ministério, que recebemos dEle para cumprir, é o modo de se ter uma vida verdadeiramente próspera e sermos mais do que vencedores, por meio de Jesus, sobre a carne, o mundo e o diabo.
Quando nos desviamos dos caminhos do Senhor ficamos sujeitados à disciplina da aliança, que temos com Ele, por iniciativa e autoridade dEle próprio, que nos deixa à mercê da opressão dos nossos inimigos, para que seja produzido em nós o devido arrependimento.
Quando este arrependimento ocorre e clamamos pelo livramento de Deus, Ele se apressa em socorrer-nos, voltando a nos conceder a Sua graça e poder, para sermos fortalecidos e podermos voltar a andar na Sua presença.
Deus é santo, e sem a santidade que Ele mesmo nos confere, por meio do Espírito Santo, é impossível estar em comunhão com Ele.
Por isso necessitamos da Sua graça, para que operando em nós, de forma a nos conceder um coração segundo o Seu coração, possamos retornar à comunhão.
Então nós vemos declarado na Palavra de Deus que era Ele próprio que entregava Israel nas mãos dos seus inimigos, e que também, por Sua própria deliberação, decidiu que não desapossaria mais aquelas nações da presença de Israel, para que por meio delas pudesse provar a fidelidade do Seu povo, em não se deixar levar pelas suas práticas abomináveis, e permanecerem fiéis, na guarda dos Seus mandamentos.
Por meio da permanência de muitas daquelas nações seria provado até que ponto Israel buscaria uma vida autêntica de fé e obediência, de modo que se pudesse provar através disso que estavam de fato fazendo a vontade de Deus, pois não havia outra maneira de terem sucesso sobre os seus inimigos.
Isto ensina claramente que não se vence o diabo com religiosidade desprovida de verdadeira comunhão com Deus, porque é se sujeitando a Ele e à Sua vontade, que vencemos o diabo e todas as suas hostes.
Em outras palavras: a vitória sobre as forças do inimigo decorre de um caminhar na presença do Senhor.
É sujeitando-se a Deus, mediante prática da Sua Palavra, que o diabo foge de nós.
Mas não era isto o que se via nas sucessivas gerações de Israel.
Deus havia formado um povo exclusivamente seu a partir de Abraão, para o propósito de preservar a vida do homem na Terra. Porque pelo modo santo com que deveriam viver revelariam que a prática da justiça divina preserva e traz prosperidade, mas a prática do mal, não somente destrói pessoas e nações, como também atrai os juízos condenatórios do Senhor.
E isto estava sendo observado de modo prático nos dias do Velho Testamento, através das assolações que Deus estava trazendo sobre as nações pagãs, como sobre o próprio povo de Israel, quando este também se encontrava debaixo das mesmas práticas abomináveis daquelas nações.
 Em vez de serem distintos das nações de Canaã, pelo cumprimento de tudo que lhes foi ordenado na Lei de Moisés, se misturavam às práticas daquelas nações, e perdiam a sua identidade distintiva de povo do Senhor, porque quando se mistura água com vinho, o resultado é uma mistura homogênea, e não dá mais para se distinguir quem é a água e quem é o vinho.
Mas quando se mistura água com azeite, o azeite há de ficar por cima da água e não se misturará a ela.
É pois somente estando cheios do azeite que simboliza o Espírito Santo, e andando nEle, que apesar de estarmos no mundo e termos que nos relacionar com as pessoas que são dele, com vistas a lhes conduzir à bênção do Senhor, por nosso bom testemunho de vida, não nos misturaremos jamais às coisas deste mundo e ao pecado, como diz o apóstolo Paulo em Gál 5.16: “Andai no Espírito e jamais satisfareis aos desejos da carne.”.
Assim, nós podemos concluir que a razão da repreensão que o anjo do Senhor dirigiu aos israelitas se prendeu muito mais à falta de fé, e a esta mistura com as práticas dos povos de Canaã, do que propriamente à falta de iniciativa em combater os cananeus, para se apossarem das terras que lhes foram designadas por sortes.
O anjo do Senhor vinha lhes acompanhando desde a saída do Egito, e declara isto nas palavras dos versos 1 a 3, e que estava sendo fiel ao pacto que haviam feito com Deus, de guardarem todos os Seus mandamentos, pois lhes estava ajudando a cumprirem tudo que lhes havia sido ordenado, especialmente no que se referia a prevalecerem contra os seus inimigos, mas manifestou o Seu desagrado diante do seu  recuo em fazerem a vontade de Deus, com as seguintes palavras:
“1 O anjo do Senhor subiu de Gilgal a Boquim, e disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe para a terra que, com juramento, prometi a vossos pais, e vos disse: Nunca violarei e meu pacto convosco;
2 e, quanto a vós, não fareis pacto com os habitantes desta terra, antes derrubareis os seus altares. Mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso?
3 Pelo que também eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes estarão quais espinhos nas vossas ilhargas, e os seus deuses vos serão por laço.”.
 Nós lembramos nisto,  das palavras de Paulo dirigidas aos Gálatas:
“Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho,” (Gál 1.6). E ainda em Gál 5.7: “Corríeis bem; quem vos impediu de obedecer à verdade?”.

A síntese de todo o conteúdo do livro de Juízes, que é feita neste segundo capítulo, revela que o propósito principal da escrita deste livro foi o de ensinar que a mistura do povo de Deus com as práticas abomináveis do mundo o torna impotente para conhecer e fazer a vontade do Senhor.
Ensina também que a falta de fé e determinação para cumprir tudo aquilo que Deus nos tem ordenado expressamente, como no caso dos israelitas, a indiferença em realizar a conquista total de Canaã, acaba por conduzir o povo de Deus a perder o seu caráter único e santo, e em decorrência disto, não terá poder e autoridade que procedem do Senhor para poder conhecer e fazer a Sua vontade, deixando portanto, de ser bênção para as nações.
O mundo espiritual é discernido espiritualmente, pelo Espírito Santo, e este jamais se moverá naqueles que não estiverem se movendo em direção à obediência à Palavra de Deus, pela busca de comunhão com Ele, em vidas verdadeiramente santas.
Em linhas gerais, foi este o propósito principal do Espírito Santo ao ter inspirado a escrita do livro de Juízes.
Aprendemos também neste livro de Juízes que períodos de arrependimento e de retorno à comunhão com o Senhor, podem ser seguidos por períodos de apostasia, se não cuidarmos diligentemente em prosseguir adiante na aplicação em nossos deveres para com Deus e com o próximo.
Vitórias alcançadas jamais devem ser motivo para descansarmos e não incentivarmos as gerações seguintes à mesma fidelidade com que estivermos nos empenhando em agradar ao Senhor.
O livro de Juízes dá um claro testemunho e palavra de alerta à Igreja para que não descuide em avançar na comissão que lhe foi ordenada por Jesus de ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura, pois quando a Igreja se desvia deste grande alvo, perdendo o ardor evangelístico e missionário, a consequência será o apostatar dos caminhos do Senhor, porque Ele não se deixará achar e não expulsará o Inimigo para que almas sejam conquistadas à fé, porque Ele faz isto, concedendo graça, somente quando há uma verdadeira disposição e empenho em se obedecer à Sua grande comissão.
A grande repreensão do anjo do Senhor aos israelitas, exibida nas palavras do verso 2: “Mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso comigo?”, bem demonstra a grande indignação que Jesus sente ao nos ver de braços cruzados em relação à ordem que deu à Igreja de fazer discípulos em todas as nações.
Isto é um dever real que impôs à Igreja até que Ele volte.
E nós sabemos, pelo testemunho da história, quantas derrotas o povo de Deus teve que amargar em relação aos seus inimigos espirituais, e o pouco ou quase nenhum avanço que fez em determinadas épocas da história, pelo mesmo motivo que levou o anjo a se indignar em relação aos israelitas no passado: falta de empenho em cumprir a Sua ordem de avançar e conquistar para Deus tudo aquilo que Ele nos tem ordenado.
Os israelitas choraram por causa da repreensão do anjo (v 4), mas isto não é suficiente.
Não basta estarmos dispostos a mudar nossas atitudes, e mesmo lamentar o nosso estado espiritual, se isto não for acompanhado por ações de fé reais na direção do cumprimento daquilo que Jesus nos ordenou quanto à evangelização mundial.
Planos, reuniões, congressos, concílios, e quaisquer outras iniciativas serão de nenhum valor se não forem acompanhados por ações concretas visando à conversão de almas para Cristo.
Se o Espírito Santo não for conosco, assim como o anjo acompanhava, dirigia, instruía e fazia as conquistas para os israelitas, de modo algum poderemos pensar que estamos agradando a Deus, se fugiu de nós o desejo e o empenho direcionados à salvação dos perdidos.
Esta tarefa de conduzir o rebanho à obra de evangelização é uma das principais missões de qualquer pastor, pois são chamados de anjos das Igrejas, pelo Senhor Jesus, no livro de Apocalipse.
Foi a eles que se dirigiu cobrando o seu empenho em conduzir o rebanho segundo a Sua vontade, sob o risco de terem o seu candeeiro removido em caso de descumprimento daquilo de que foram encarregados pelo Senhor da Igreja.
Estes pastores, que são designados por anjos das Igrejas, aparecem em Apocalipse como estrelas nas mãos de Jesus.
Isto indica que assim como o Anjo da aliança apareceu a Josué, como príncipe do exército de Jeová, e conduziu tanto a Moisés, quanto a Josué, e todos os líderes verdadeiros de Israel, que foram levantados por Deus para conduzir o seu povo, de igual modo, Jesus é o mesmo Anjo na Nova Aliança, que tem toda a primazia sobre os pastores que Ele mesmo chama e constitui sobre o Seu povo, para que façam toda a Sua vontade.
O lugar onde o anjo falou aos israelitas ficou sendo conhecido por Boquim (v. 1 e 5), porque no hebraico, esta palavra significa chorões, porque que a palavra se encontra no plural, indicando que foram muitos os que prantearam em razão da repreensão do anjo do Senhor.
Quem dera, ao menos a Igreja chorasse a sua atual condição de quase completo desinteresse e imobilização quanto a buscar um real compromisso e consagração ao Senhor, para que no poder do Espírito Santo se entregue à obra de evangelização mundial, não somente em palavras, mas no poder do Espírito Santo, através do testemunho pessoal de vidas transformadas e santificadas.
Mas quando tão poucos se interessam pela salvação da própria alma, como estarão realmente interessados na salvação de outros?
Os israelitas ao menos lamentaram e choraram pela condição de desobediência à ordem de avançar e conquistar Canaã.
Sequer isto se vê na maior parte das Igrejas de nossos dias,  apesar de haver, certamente,  uma repreensão do Senhor pelo fato de não terem um maior empenho em prol da salvação dos perdidos em todo o mundo.
Os países da Ásia e de grande parte do Oriente, continuam com suas portas fechadas para o evangelho, mas importa que este seja pregado também a eles, para que Cristo volte.
Quando a Igreja despertará do seu sono e começará a trabalhar com todo o empenho na direção do cumprimento do Ide de Jesus?
Jesus disse que o evangelho será pregado em todo o mundo antes da Sua vinda, e o que nós estamos fazendo para que isto se cumpra?
O Senhor garantiu a posse de todo o território de Canaã aos israelitas, e o que eles fizeram em relação a isto?
O livro de Juízes revela o quadro, e este não é muito diferente do que tem ocorrido com a história da Igreja ao longo destes dois mil anos, em que o evangelho tem sido pregado no mundo.
Da parte do Senhor, a aliança que Ele fez conosco, nunca será quebrada, porque é fiel àquilo que prometeu, mas não se pode dizer o mesmo em relação a nós.
Devemos portanto, ser diligentes em todo o tempo e ter todo o cuidado necessário para que não nos desviemos do alvo que devemos atingir.
Gostando ou não, querendo ou não, temendo ou não, devemos nos lançar de corpo e alma à missão da qual fomos encarregados, e o Senhor será conosco e nos fará prosperar em nossos empreendimentos, porque Ele fez a promessa de não deixar e desamparar àqueles que Lhe obedecem e Lhe são fiéis.
Deste modo, os israelitas foram repreendidos, não somente por terem se desviado da missão de conquistar Canaã, como também por terem se misturado aos cananeus, que deixaram na terra, em vez de expulsá-los, e vieram a praticar as mesmas abominações que eles praticavam.
Não é de se estranhar portanto, que quando deixamos de ter este interesse em dar testemunho de Cristo às pessoas, que sejamos também encontrados em disposições de mundano proceder.
O pecado de Israel trouxe como consequência, o fato de Deus ter determinado que não expulsaria mais os cananeus.
De igual modo, quando deixamos de cumprir o Ide e passamos a nos misturar com as coisas que são do mundo, Deus também deixa de nos usar para conquistar as almas que são preciosas para Ele.
Outros o farão no nosso lugar, e teremos que lamentar uma vida vazia e sem frutos, porque o Senhor não dará jamais a honra de o indolente se gloriar em ter sido usado eficazmente por Ele.
Se não recebemos graça da parte de Deus, para realizar o trabalho que Ele nos designou, não teremos outra alternativa senão a de enterrar o talento que nos deu para fazer a Sua obra.
Aqueles que favorecem e são complacentes com as suas luxúrias e corrupções, que deveriam mortificar, perdem a graça de Deus, e esta é justamente retirada deles (ainda que não percam a salvação caso sejam crentes genuínos justificados e regenerados pelo Espírito Santo).
Se nós não resistirmos ao diabo, não devemos esperar que Deus o coloque debaixo dos nossos pés. O que se fará ao sal caso vier a perder o seu sabor e função de salgar este mundo de trevas, para que a corrupção não prevaleça?
Por isso, aos infiéis, em vez de promessas de bênçãos, Deus promete dificuldades, assim como disse aos israelitas sobre o que deveriam esperar da parte daqueles aos quais haviam se associado em suas más obras.
Seriam como espinhos e laço para eles, e isto indicava dificuldades e opressões.
Pois em vez de dominar as nações, Israel seria dominado por elas.
Deus os entregaria nas mãos dos seus inimigos por causa do seu pecado.
Ele afirmou que os venderia aos seus inimigos, assim como quem é vendido por causa de uma grande dívida que não pode liquidar.
A dívida dos israelitas seria cobrada na forma de opressões dos seus inimigos, que seriam determinadas pelo próprio Deus.
Porém, sendo benigno e misericordioso, o Senhor prometeu livrá-los das mãos dos seus opressores caso se arrependessem dos seus pecados.
Ele suscitaria libertadores para este propósito, e nós vemos esta promessa sendo cumprida em diversas ocasiões na narrativa do livro de Juízes, revelando-se assim o caráter fiel do Senhor, em cumprir as Suas promessas, e a sua infinita misericórdia para conosco.
Entretanto, em razão do Seu atributo de justiça, apesar de ser tardio em se irar, o Senhor não pode ser, de modo algum, conivente com o pecado e permanecer insensível às apostasias do Seu povo, e por isso sempre torna a exercer os Seus juízos, a par de toda a misericórdia exibida anteriormente.
Por causa de Sua longanimidade, pode até suportar, tolerar por muito tempo todos os nossos pecados, mas certamente não nos deixará sem a devida correção no tempo apropriado.
Isto aprendemos não somente na revelação que fez no livro de Juízes, como também em toda a Bíblia.
A história da Igreja, tal como a narrada em Juízes, tem revelado o modo como Deus tem levantado pessoas que qualificou e capacitou extraordinariamente, pela Sua graça, para redirecionar o Seu povo à prática da justiça e da santidade, e isto nos faz lembrar de Lutero, Calvino, Jonathan Edwards, Spurgeon, e muitos outros, que em suas próprias épocas, foram instrumentos nas mãos do Senhor para o referido propósito.
É notável também, que sempre segue a um período de grande reforma e retorno à santidade, períodos de apostasias.
Tal como se deu com Israel, ocorre com a Igreja, e por isso, cada época testemunhará acerca daqueles que Deus levantou e continuará levantando para avivar o Seu povo.
Isto indica que o ideal seria que a Igreja permanecesse permanentemente avivada e fiel à vontade de Deus.
Mas como o evangelho opera entre pecadores, e por serem estes dados a se desviarem da vontade do Senhor, sempre será necessário manter uma postura de reforma, de modo a não se experimentar apostasias, que sempre virão, sem falta, se deixamos esfriar este espírito de manter as pessoas ocupadas em serem fiéis à vontade de Deus.
Veja o caso de Israel, que enquanto vivia Josué e os anciãos da sua geração, o povo andou obedientemente cumprindo a vontade do Senhor, especialmente no que se refere à ocupação e conquista de Canaã.
Mas quando uma nova liderança se levantou, e que não tinha o mesmo empenho em conduzir o povo nos caminhos de Deus, o resultado é o que encontramos no livro de Juízes, que afirma o seguinte nos versos 16 a 19: “16 Mas o Senhor suscitou juízes, que os livraram da mão dos que os espojavam. 17 Contudo, não deram ouvidos nem aos seus juízes, pois se prostituíram após outros deuses, e os adoraram; depressa se desviaram do caminho, por onde andaram seus pais em obediência aos mandamentos do Senhor; não fizeram como eles. 18 Quando o Senhor lhes suscitava juízes, ele era com o juiz, e os livrava da mão dos seus inimigos todos os dias daquele juiz; porquanto o Senhor se compadecia deles em razão do seu gemido por causa dos que os oprimiam e afligiam. 19 Mas depois da morte do juiz, reincidiam e se corrompiam mais do que seus pais, andando após outros deuses, servindo-os e adorando-os; não abandonavam nenhuma das suas práticas, nem a sua obstinação.”.
E tal é esta obstinação da natureza terrena, do coração carnal, que se diz que o povo não deu ouvido aos juízes e se prostituiu após outros deuses (v. 17).
A advertência bíblica para que nos empenhemos com toda diligência em confirmar a nossa vocação e eleição, não é de pouca importância, porque se refere a uma luta titânica contra um inimigo poderoso que é a nossa natureza pecaminosa, que pode ser mortificada somente pelo Espírito Santo, mas este trabalho não poderá ser realizado se não cooperarmos com a Sua vontade, por não nos tornarmos verdadeiramente submissos ao Senhor, e por não crermos e não nos dispormos a colocar em prática, todas as coisas que nos tem ordenado em Sua Palavra, e especificamente em nossa caminhada diária.
Assim, os cananeus não seriam expulsos por Deus, para que por meio deles, provasse a fidelidade de Israel.
De igual modo o diabo e todos os seus demônios permanecem no mundo, não por que isto seja agradável ao Senhor, mas para que por meio desta presença, a nossa fidelidade possa ser provada, de maneira a permanecermos firmes em fazer a vontade de Deus, em meio a todas as tentações que o inferno possa realizar.
E parece que a missão da Igreja de ser sal e luz do mundo se deteriora cada vez mais, permitindo que a luz do evangelho não brilhe em todo o seu fulgor e que o sal perca o seu poder de salgar e preservar.
Isto decorre do pecado de os cristãos em serem mundanos, ignorando a ordenança bíblica de serem um povo distinto e de não amarem o mundo e não tomarem a forma dele, como nos exortam especialmente os apóstolos João e Paulo, respectivamente.
Muitos cristãos não querem ser diferentes do mundo. Ao contrário, querem trazer para suas vidas e para dentro da Igreja aquilo que não é de Cristo, mas do mundo.
Pensam erroneamente, que esta será a melhor forma de trazer outros à conversão.
Estamos empenhados numa batalha espiritual de vida ou de morte. Na qual operam principados e potestades com toda a fúria inimaginável, para permanecerem na posse das almas humanas, as quais, para serem resgatadas demandam que primeiro seja amarrado o valente que as aprisiona, e este é um trabalho único e exclusivo para o Senhor Jesus e o Espírito Santo de Deus, sob a atração exercida por Deus Pai para trazer os pecadores em submissão a Seu Filho.
E como isto poderá ocorrer quando os cristãos se tornam mundanos?
Deus usaria Israel caso eles evitassem o pecado de se misturar com o pecado das nações pagãs. E não é portanto para se admirar que tantas exortações sejam feitas na Sua Palavra neste sentido.
E para o propósito de desencorajar o Seu povo à mistura com as nações de Canaã, Deus acrescentou variadas e grandes ameaças de maldições e castigos para os israelitas no caso de serem desobedientes a tal ordenança específica.
Muitas aflições viriam sobre eles, da parte do próprio Deus, caso se misturassem com as práticas abomináveis daquelas nações.
O que acontece com a Igreja de Cristo em nossos dias não é muito diferente disso.
Muitas bênçãos não são alcançadas, e muita correção da parte do Senhor sobrevém à Igreja, exatamente por causa deste pecado de se assumir a forma do mundo.
Se, conforme dizer do apóstolo é necessário não se conformar ao mundo para que se possa conhecer a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, então não é difícil de se entender que quando se toma a forma do mundo não somente ficamos impossibilitados de fazer a vontade de Deus, como até mesmo de conhecê-la, conforme se afirma em Rom 12.2.
Deus quer um povo santo, puro e separado, e o segundo capítulo de Juízes nos revela isto de forma muito direta e clara, e este povo, é formado na dispensação da graça, por pessoas que se convertem das trevas do mundo para a luz de Jesus.
Tudo o que estiver misturado com o mundo, passará debaixo do juízo ou da correção do Senhor, porque nada que provém do mundo pode ser um canal apropriado para trazer a nós a presença real e santa de Jesus.
Assim, todo ministério mundano não prevalecerá, e ficará destituído da graça de Deus.
Os pastores mundanos não terão qualquer mensagem recebida da parte de Deus para ser pregada com poder ao Seu povo. Porque o Espírito Santo não se detém onde mora o orgulho e disposições de mundano proceder.
Aquele que não separa o que é vil do que é precioso, não pode ser a boca de Deus.
Deste modo, todos os cristãos que se deixarem seduzir pelos prazeres deste mundo estarão áridos, vazios e confusos.
Serão como o povo de Israel, depois de ter fabricado o bezerro de ouro.
A presença da nuvem de glória entre eles se retirará e o Senhor não caminhará mais com eles, até que se arrependam e voltem a viver em verdadeira santidade.

“1 O anjo do Senhor subiu de Gilgal a Boquim, e disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe para a terra que, com juramento, prometi a vossos pais, e vos disse: Nunca violarei e meu pacto convosco;
2 e, quanto a vós, não fareis pacto com os habitantes desta terra, antes derrubareis os seus altares. Mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso?
3 Pelo que também eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes estarão quais espinhos nas vossas ilhargas, e os seus deuses vos serão por laço.
4 Tendo o anjo do Senhor falado estas palavras a todos os filhos de Israel, o povo levantou a sua voz e chorou.
5 Pelo que chamaram àquele lugar Boquim; e ali sacrificaram ao Senhor.
6 Havendo Josué despedido o povo, foram-se os filhos de Israel, cada um para a sua herança, a fim de possuírem a terra.
7 O povo serviu ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que sobreviveram a Josué e que tinham visto toda aquela grande obra do Senhor, a qual ele fizera a favor de Israel.
8 Morreu, porém, Josué, filho de Num, servo do Senhor, com a idade de cento e dez anos;
9 e o sepultaram no território da sua herança, em Timnate-Heres, na região montanhosa de Efraim, para o norte do monte Gaás.
10 Foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e após ela levantou-se outra geração que não conhecia ao Senhor, nem tampouco a obra que ele fizera a Israel.
11 Então os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, servindo aos baalins;
12 abandonaram o Senhor Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses dos povos que havia ao redor deles, e os adoraram; e provocaram o Senhor à ira,
13 abandonando-o, e servindo a baalins e astarotes.
14 Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e ele os entregou na mão dos espoliadores, que os despojaram; e os vendeu na mão dos seus inimigos ao redor, de modo que não puderam mais resistir diante deles.
15 Por onde quer que saíam, a mão do Senhor era contra eles para o mal, como o Senhor tinha dito, e como lho tinha jurado; e estavam em grande aflição.
16 Mas o Senhor suscitou juízes, que os livraram da mão dos que os espojavam.
17 Contudo, não deram ouvidos nem aos seus juízes, pois se prostituíram após outros deuses, e os adoraram; depressa se desviaram do caminho, por onde andaram seus pais em obediência aos mandamentos do Senhor; não fizeram como eles.
18 Quando o Senhor lhes suscitava juízes, ele era com o juiz, e os livrava da mão dos seus inimigos todos os dias daquele juiz; porquanto o Senhor se compadecia deles em razão do seu gemido por causa dos que os oprimiam e afligiam.
19 Mas depois da morte do juiz, reincidiam e se corrompiam mais do que seus pais, andando após outros deuses, servindo-os e adorando-os; não abandonavam nenhuma das suas práticas, nem a sua obstinação.
20 Pelo que se acendeu contra Israel a ira do Senhor, e ele disse: Porquanto esta nação violou o meu pacto, que estabeleci com seus pais, não dando ouvidos à minha voz,
21 eu não expulsarei mais de diante deles nenhuma das nações que Josué deixou quando morreu;
22 a fim de que, por elas, ponha a prova Israel, se há de guardar, ou não, o caminho do Senhor, como seus pais o guardaram, para nele andar.
23 Assim o Senhor deixou ficar aquelas nações, e não as desterrou logo, nem as entregou na mão de Josué.” (Jz 2.1-23).








10 - “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Lucas 6:46)

Inegavelmente, é impossível contemplar a Jesus Cristo e ver os seus ensinamentos e obras, conforme registrados na Bíblia ou então expostos no poder do Espírito Santo pelos seus servos, e não ficarmos impressionados ou então não o admirarmos em sua majestade e beleza.
Todavia, somente admirá-lo e elogiá-lo não nos transforma e melhora como pessoas, quanto a atendermos aos propósitos de Deus na nossa criação, para que fôssemos semelhantes a ele.
Jesus veio a este mundo para destruir as obras do diabo e nos libertar dos nossos pecados, pela nossa conversão a ele, e isto se comprova por uma obediência real, de coração, aos seus mandamentos.
Ele afirmou isto de modo muito claro e direto em passagens bíblicas, como as que destacamos em nosso título e nas citações abaixo:

Mateus 7:21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.

Mateus 7:22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?

João 15:14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando.








11 - A Obediência que É Santa

Todo ato da vontade e toda a obra de um homem é sempre para um determinado fim. Duas coisas, portanto, devem ser consideradas em toda a nossa obediência a deveres religiosos: (1) O dever que praticamos, e (2) O fim para o qual o fazemos.
Se qualquer hábito, portanto, não inclina e dispõe a vontade para o fim adequado do dever, ele não será do tipo de onde a verdadeira obediência ao evangelho procede. Porque o fim de cada ato de obediência ao evangelho, é sempre para glória de Deus em Jesus Cristo. Tomemos então, todos os hábitos de virtude moral, e concluiremos, que no entanto eles possam inclinar e dispor a vontade para os tais atos de virtude como  deveres de obediência, todavia é possível que não sejam no que diz respeito a este fim de serem para a exclusiva glória de Deus.
Assim, é possível praticar atos virtuosos sem que sejam impulsionados pelo princípio vivo de santidade, pois este princípio, ou inclinação, sempre procede da nova criatura em Cristo Jesus, e não da nossa própria natureza terrena.
A santificação consiste na entrega das nossas almas ao molde da doutrina do evangelho.

Texto extraído do tratado de John Owen, intitulado A Obra Positiva do Espírito na Santificação dos Crentes, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.







12 - Obedecer, Guardar, Cumprir e Dever

São inúmeras as passagens bíblicas que afirmam nosso dever de guardar e cumprir a Palavra de Deus. Estamos obrigados por um dever de consciência, a cumprir tudo o que nos é ordenado pelo Senhor, e aqueles que resistem à Sua vontade estão, por conseguinte sujeitos ao Seu juízo.
Em nossa época se coloca mais ênfase nos direitos do que nos deveres, e isto explica, em parte, a decadência moral de nossa sociedade, porque sendo pecadores, o único direito natural que possuíamos era o de uma condenação eterna por Deus, da qual escapamos somente pelo cumprimento do dever de atender ao que nos é ordenado por Deus em Sua Palavra – por deixarmos nossos maus caminhos pelo arrependimento e fé em Jesus Cristo, para o perdão dos nossos pecados, de modo que possamos nos consagrar a Ele revestindo-nos de Suas virtudes.
Necessitamos de libertação para podermos nos dedicar à execução dos nossos deveres em relação a Deus e ao próximo, e esta libertação somente pode ser achada em Jesus Cristo.
Aos pecadores que se achavam condenados fica bem se ocuparem continuamente em saber quais são seus deveres para com Deus, e para com seu próximo, de modo a se viver justa, sábia e piedosamente.
A graça que nos é concedida em Cristo, e tudo mais que recebemos da parte de Deus não é por motivo de termos direitos naturais a isto, senão que somos alvo da exclusiva misericórdia de Deus, que nos concede Seus dons imerecidos.
Dizemos que Jesus comprou para nós o direito de sermos filhos e herdeiros de Deus, e isto é verdadeiro; mas note-se que não é um direito de nascença, ou seja, um direito natural, senão um direito que foi adquirido para nós pelos méritos de outro, a saber, do nosso Salvador e Senhor.
É, por conseguinte, no cumprimento dos nossos deveres para com Deus, que entramos na posse dos direitos adquiridos por Jesus, mas isto é sempre feito por pura graça e misericórdia.
Estamos todos colocados em determinadas relações; como marido e mulher, pais e filhos, irmãos e irmãs, senhores e servos. Há algumas relações sobre as quais não temos controle, e outras, que podemos controlar em certa medida; mas em ambos os casos não podemos fugir às responsabilidades. Cada nova posição traz uma nova responsabilidade com ela.
Não deve haver nenhuma atitude de brincadeira ao entrar em um novo relacionamento, como o casamento, e não deve haver nenhuma esquiva das obrigações presentes que repousam sobre nós em qualquer relacionamento. Esposas, maridos; pais, filhos; servos, patrões são intimados a agir de acordo com seu lugar e função em suas respectivas esferas, mas não isoladamente.
Todo dever está associado a um direito; e todo o direito traz consigo um dever correspondente.
Os deveres dos homens e mulheres nas relações da vida são mútuos; não são unilaterais, mas equilibrados em ambos os lados. A esposa deve respeitar o marido e o marido por seu turno deve amar a esposa. Os filhos devem obedecer a seus pais, e estes não devem irritar seus filhos. Os servos devem servir a seus senhores, mas estes devem ser justos e generosos em relação a eles.
Ao pensarmos em nossos direitos devemos pesá-los com nossos deveres em relação àqueles dos quais cobramos esses direitos.
Estendendo esta relação para seu nível mais elevado, que é o do homem para com Deus, vemos Deus executando com perfeição todos os deveres que atribui a Si mesmo, para nos fazer bem, então, em contrapartida, devemos servi-Lo em tudo, por amor e com zelo.
Não é de se esperar do empregado que sirva bem ao patrão, que é generoso e justo para com ele?
O direito adquirido não determina em contrapartida, e em consequência um dever?
E leve-se em conta que Deus não age em relação a nós como um patrão, mas como um pai amoroso, portanto deveria receber de nossa parte uma maior aplicação em nossos deveres para com Ele, até mesmo porque Ele detém um direito legal sobre nós por ser não apenas o nosso Criador, como também o nosso Salvador.

Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras
1 – teleo (grego) - cumprir, completar;
2 – peitharcheo (grego) – obedecer;
3 – hupakoe (grego) - obediência, submissão;
4 – tereo (grego) – guardar;
5 - dei (grego) – dever;
6 – mishemereth (hebraico) - encargo, mandado; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:



Você pode ler toda a Bíblia (Velho e Novo Testamento) com a interpretação de capítulo por capítulo acessando o seguinte link:

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