sexta-feira, 23 de outubro de 2015

15) Boas Obras e Serviço 16) Bondade 17) Busca de Deus

15) BOAS OBRAS E SERVIÇO

ÍNDICE

1 - Boas Obras
2 - “Todos os vossos atos sejam feitos com amor.” (1 Cor 16.14)
3 - O Requisito para as Boas Obras Aprovadas
4 - A Principal Obra que Devemos Fazer para Deus
5 - Irmãos, Digam a Eles Para Não Servirem a Deus
6 - Muito Importante mas Não Suficiente
7 - A Necessidade das Boas Obras
8 - “A Cristo, o Senhor, servis” (Col 3.24)
9 - O Que é Servir a Deus?
10 - Não Há Serviço Aceitável Sem Consagração
11 - Boas Obras, Serviço e Trabalho
12 - O Preparo para a Obra do Ministério
13 - VIVENDO DE MODO ÚTIL A DEUS 
14 - Não Pelo Nosso Poder, mas Pelo do Espírito 
15 - A Capacitação para o Ministério
16 - O Trabalho Paciente na Lavoura de Deus
17 - Porque Amar é Servir
18 - Salvação pela Graça e as Boas Obras


1 - Boas Obras

I. Boas obras são somente aquelas que Deus ordena em sua santa palavra, não as que, sem autoridade dela, são aconselhadas pelos homens movidos de um zelo cego ou sob qualquer outro pretexto de boa intenção.
Ref. Miq. 6:8; Rom. 12:2; Heb. 13:21; Mat. I5:9; Isa. 29:13; I Ped. 1:18; João 16:2; Rom. 10:2;1 Sam. I5:22; Deut. 10:12-13; Col. 2:16, 17, 20-23.
II. Estas boas obras, feitas em obediência aos mandamentos de Deus, são o fruto e as evidências de uma fé viva e verdadeira; por elas os crentes manifestam a sua gratidão, robustecem a sua confiança, edificam os seus irmãos, adornam a profissão do Evangelho, tapam a boca aos adversários e glorificam a Deus, cuja feitura são, criados em Jesus Cristo para isso mesmo, a fim de que, tendo o seu fruto em santificação, tenham no fim a vida eterna.
Ref. Tiago 2:18, 22; Sal. 116-12-13; I Ped. 2:9; I João 2:3,5; II Ped. 1:5-10; II Cor. 9:2; Mat. 5:16; I Tim. 4:12; Tito 2:5, 912; I Tim. 6:1; I Pedro. 2:12, 15; Fil. 1,11; João 15:8; Ef. 2:10; Rom. 6:22.
III. O poder de fazer boas obras não é de modo algum dos próprios fiéis, mas provém inteiramente do Espírito de Cristo. A fim de que sejam para isso habilitados, é necessário, além da graça que já receberam, uma influência positiva do mesmo Espírito Santo para obrar neles o querer e o perfazer segundo o seu beneplácito; contudo, não devem por isso tornar-se negligentes, como se não fossem obrigados a cumprir qualquer dever senão quando movidos especialmente pelo Espírito, mas devem esforçar-se por estimular a graça de Deus que há neles.
Ref. João I5:4-6; Luc. 11:13; Fil. 2:13, e 4:13; II Cor. 3:5; Ef. 3:16; Fil. 2:12; Heb. 6:11-12; Isa. 64:7.
IV. Os que alcançam pela sua obediência a maior perfeição possível nesta vida estão tão longe de exceder as suas obrigações e fazer mais do que Deus requer, que são deficientes em muitas coisas que são obrigados a fazer.
Ref. Luc. 17: 10; Gal. 5: 17.
V. Não podemos, pelas nossas melhores obras, merecer da mão de Deus perdão de pecado ou a vida eterna, porque é grande a desproporção que há entre eles e a glória porvir, e infinita a distância que vai de nós a Deus, a quem não podemos ser úteis por meio delas, nem satisfazer pela dívida dos nossos pecados anteriores; e porque, como boas, procedem do Espírito e, como nossas, são impuras e misturadas com tanta fraqueza e imperfeição, que não podem suportar a severidade do juízo de Deus; assim, depois que tivermos feito tudo quanto podemos, temos cumprido tão somente, o nosso dever, e somos servos inúteis.
Ref. Rom. 3:20, e 4:2,4, 6; Ef. 2:8-9; Luc. 17:lO;Gal. 5:22,23; Isa. 64-6; Sal. 143, 2, e 130:3.
VI. Não obstante o que havemos dito, sendo aceitas por meio de Cristo as pessoas dos crentes, também são aceitas nele as boas obras deles, não como se fossem, nesta vida, inteiramente puras e irrepreensíveis à vista de Deus, mas porque Deus considerando-as em seu Filho, é servido aceitar e recompensar aquilo que é sincero, embora seja acompanhado de muitas fraquezas e imperfeições.
Ref. Ef. 1:6; I Ped. 2:5; Sal. 143:2; II Cor. 8:12; Heb. 6:10; Mat. 2,5:21, 23.
VII. As obras feitas pelos não regenerados, embora sejam, quanto à matéria, coisas que Deus ordena, e úteis tanto a si mesmos como aos outros, contudo, porque procedem de corações não purificados pela fé, não são feitas devidamente - segundo a palavra; - nem para um fim justo - a glória de Deus; são pecaminosas e não podem agradar a Deus, nem preparar o homem para receber a graça de Deus; não obstante, o negligenciá-las é ainda mais pecaminoso e ofensivo a Deus.
Ref. II Reis 10:30, 31; Fil. 1:15-16, 18; Heb. 11:4, 6; Mar. 10:20-21; I Cor. 13:3; Isa. 1:12; Mat. 6:2, 5, 16; Ag. 2:14; Amós 5:21-22; Mar. 7:6-7; Sal. 14:4; e 36:3; Mat. 2,5:41-45, e 23:23.




2 - “Todos os vossos atos sejam feitos com amor.” (1 Cor 16.14)

Importa que todos os nossos deveres sejam executados com amor, porque Deus assim o exige, uma vez que Ele é amor e nos criou para o amor.
O cristão descuidado pensa que as obras que ele faz são o suficiente para agradar a Deus. Todavia, caso nossas obras não sejam feitas por amor a Deus, mediante nossas naturezas transformadas pelo Seu poder, elas serão de nenhum valor para ele.
Deus requer de fato nossas boas obras, mas estas não podem ser assim chamadas se não forem realizadas com o seu amor, que é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo.




3 - O Requisito para as Boas Obras Aprovadas

Todas as nossas obras devem ser feitas em obediência a Deus, e não meramente para os homens, mas como para o próprio Cristo, ou seja, por amor a Ele que nos resgatou do pecado para que pudéssemos amar de fato a Deus e ao nosso próximo.
Muitos são reprovados diante de Deus porque são descuidados com suas boas obras, uma vez que não as fazem por amor e obediência a Deus.
Por isso importa sabermos em primeiro lugar, qual é a boa, perfeita e agradável vontade de Deus, pela renovação da nossa mente, como se afirma em Rom 12.2; de maneira que possamos experimentar de modo real em nosso viver aquilo que é aceitável ao Senhor, como se lê em Efésios 5.10.
Portanto, um homem ignorante da vontade de Deus, será consequentemente um homem rebelde. Porque não conhece qual seja a vontade do seu Senhor. Como podemos obedecer aquilo que não conhecemos?
Importa portanto, meditarmos sempre na Palavra de Deus, orarmos com devoção sincera e reverente, para que recebamos sabedoria e poder da parte do Senhor, não somente para entender qual seja a sua vontade, como também para vivê-la.





4 - A Principal Obra que Devemos Fazer para Deus

“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor;” (Filipenses 2.12)

De nada nos aproveitará diante de Deus e sua vontade eterna em relação a nós, se tudo fizermos, mas se nos faltar isto,  que é o essencial, a saber, o nosso desenvolvimento pessoal em santificação, a que o apóstolo chama aqui de desenvolver a salvação com temor e tremor.
Quando falamos em serviço cristão ou trabalho cristão,  costumamos pensar em muitas atividades exteriores, mas pouco ou nada sobre este trabalho principal relativo ao nosso aperfeiçoamento espiritual.
Daí nosso Senhor ter dito aos judeus nos dias do seu ministério terreno, quando lhe indagaram qual era a obra de Deus que eles deveriam realizar, a sua resposta foi que esta obra era que cressem nele, João 6.29, ou seja, que tivessem a fé verdadeira em sua pessoa que nos convence sobre esta vital necessidade de sermos transformados à Sua imagem e semelhança, Rom 8.29.






5 - Irmãos, Digam a Eles Para Não Servirem a Deus

 Por John Piper

Todos nós já dissemos ao nosso povo para servir Deus. As Escrituras dizem "servi ao Senhor com alegria." Mas agora pode ser a hora de lhes dizermos para não servirem Deus. Pois as Escrituras também dizem: "O Filho do Homem veio... não para ser servido".
A Bíblia preocupa-se em nos chamar da idolatria para servir o Deus vivo e verdadeiro (1 Tes 1:9). Mas também está preocupada em nos impedir de servir o Deus verdadeiro de maneira errada. Há uma maneira de servir a Deus que o deprecia e desonra. Assim, devemos ter cuidado sob pena de recrutamos servos cujo trabalho diminuirá a glória do Mestre todo-poderoso. Se Jesus disse que Ele veio não para ser servido (Marcos 10:45), o serviço pode constituir rebelião.
Deus não quer ser servido: "O Deus que fez o mundo e tudo que nele há... [não é servido] por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; "(Atos 17:24-25). Paulo adverte contra qualquer opinião que faz de Deus o beneficiário de nossa beneficência. Ele nos informa que Deus não pode ser servido em qualquer forma que implique que vamos ao encontro das suas necessidades. Seria como se um rio tentasse encher a nascente que o alimenta.
"Ele Mesmo é Quem Dá a Todos a Vida, a Respiração e Todas as Coisas"
Qual é a grandiosidade do nosso Deus? Qual é a Sua singularidade no mundo? Isaías diz: "Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera" (Is 64.4). Todos os outros chamados deuses colocam o Homem para trabalhar para eles. O nosso Deus não vai ser colocado na posição de um empregador que deve depender dos outros para fazer o seu negócio prosperar. Em vez disso, Ele amplia a Sua toda suficiência fazendo o seu próprio trabalho. O Homem é o parceiro dependente neste caso. O seu trabalho é esperar no Senhor.
"Não Precisa-se de Ajuda!”
O que é que Deus procura no mundo? Assistentes? Não. O Evangelho não é um anúncio de "Precisa-se de ajuda!". Nem sequer é a chamada para o serviço cristão. Deus não está à procura de pessoas para trabalhar para ele. "Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com ele" (2 Crónicas 16:9).
Deus não é um "olheiro" procurando primeiro escolhas para ajudar a sua equipe para vencer. Ele é um "atacante" que não pode ser parado, pronto para marcar o gol pela equipe que lhe passe a bola.
O que quer Deus de nós? Não o que esperamos. Ele repreende Israel por trazer-lhe tantos sacrifícios: "Da tua casa não tirarei bezerro nem bodes dos teus currais. Porque meu é todo animal da selva... Se eu tivesse fome, não to diria, pois meu é o mundo e a sua plenitude" (Salmo 50:9-12).
Mas não existirá algo que podemos dar a Deus que não o desmereça para a posição de beneficiário? Sim. As nossas ansiedades. É uma ordem: "Lança todas as tuas ansiedades sobre Ele" (1 Pedro 5:7). Deus receberá com prazer seja o que for de nós que lhe mostre a nossa dependência e a sua total-suficiência. (Isto manifesta a nossa confiança nele, e isto muito lhe agrada – nota do tradutor).
A diferença entre o nosso país e Jesus Cristo é que o nosso país não nos alistará ao seus serviços a menos que sejamos saudáveis e Jesus não vai contar conosco a menos estejamos doentes. "Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores" (Marcos 2:17). O cristianismo é fundamentalmente convalescença. Os doentes não servem os seus médicos. Eles confiam neles para boas receitas. O Sermão da Montanha é o conselho médico do nosso Médico e não a descrição do trabalho do nosso Empregador.
Mesmo as nossas vidas não dependem do trabalho para Deus. "Ora àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça" (Rm 4:4-5). Os trabalhadores não ganham presentes. Recebem o que merecem. Se tivéssemos o dom da justificação, não trabalharíamos. Deus é o trabalhador neste caso. E o que ele recebe é a glória de ser o benfeitor da graça, não o beneficiário do serviço.
Também não devemos pensar que o nosso trabalho para Deus começa após a Justificação. Aqueles que tentam realizar o trabalho de santificação depreciam a glória de Deus. Jesus Cristo é a "nossa justiça e santificação" (1 Coríntios 1:30). "Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? " (Gl 3:2-3). Deus foi o trabalhador na nossa justificação e Ele será o trabalhador na nossa santificação.
A "carne" religiosa sempre quer trabalhar para Deus. Mas "se viverdes segundo a carne, morrereis" (Rom 8.13). É por isso que as nossa vidas não dependem do trabalho para Deus, mas na Justificação e Santificação.
Servos do Deus Celestial
Mas não devemos, então, servir Cristo? É-nos ordenado: "Servi ao Senhor" (Rom 12.11). Aqueles que não servem Cristo são repreendidos (Rom  16.18). Sim, vamos servi-Lo. Mas antes de o fazer, vamos refletir sobre o que devemos evitar nesse serviço. Certamente que todas as advertências contra servir a Deus significam que, no conceito de serviço, encontra-se algo a ser evitado. Quando comparamos o nosso relacionamento com Deus e a relação entre servo e senhor, a comparação não é perfeita. Certas coisas sobre servidão devem ser evitadas em relação a Deus. Algumas devem ser confirmadas.
Quem, então, devemos servir e não servir? Salmo 123:2 dá parte da resposta: "Eis que, como os olhos dos servos atentam para as mãos do seu senhor, e os olhos da serva, para as mãos de sua senhora, assim os nossos olhos atentam para o SENHOR, nosso Deus, até que tenha piedade de nós". A maneira certa de servir a Deus é buscar a sua misericórdia.
Qualquer servo que tente sair do papel divino e queira iniciar uma parceria humana com o seu Mestre celestial está em revolta contra o Criador. Deus não faz trocas. Ele dá misericórdia aos servos que a terão e o salário da morte para os outros. O bom serviço é sempre e fundamentalmente receber misericórdia, e não prestar serviço.
Mas não é totalmente passivo. Mateus 6:24 dá ​​outra pista para o bom serviço: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon."
Como é que uma pessoa pode servir o dinheiro? Ela não assiste o dinheiro. Ela não é o benfeitor do dinheiro. Como, então, servimos o dinheiro? O dinheiro exerce um certo controle sobre nós, pois parece prometer muita felicidade. Ele sussurra com grande força "Pense e aja de modo a ficar em posição de aproveitar os meus benefícios". Isto pode incluir roubar, pedir emprestado ou trabalhar.
O dinheiro promete felicidade e nós o servimos por acreditar nesta promessa e andando por essa fé. Assim, nós não servimos o dinheiro colocando o nosso poder à sua disposição para o seu bem. Servimos o dinheiro fazendo o que é necessário para que o poder do dinheiro esteja à nossa disposição para o nosso bem.
Eu acho que é o mesmo tipo de serviço que Deus deve ter em vista em Mateus 6:24, uma vez que Jesus põe os dois lado a lado: "Não podeis servir a Deus e a Mamon". Então, se vamos servir Deus e não o dinheiro, vamos ter que abrir nossos olhos para uma felicidade muito superior que Deus oferece. Assim, Deus irá exercer um controle maior sobre nós do que o próprio dinheiro.
Vamos servir crendo na Sua promessa de pleno gozo e caminhando por essa fé. Não. Nós vamos servi-lO tentando colocar o nosso poder à Sua disposição para o seu bem, mas fazendo o que é necessário para que o Seu poder esteja sempre à nossa disposição para o nosso bem.
Beneficiários Obedientes
Certamente que isso significa obediência. Um paciente obedece ao seu médico na esperança de melhorar. Um pecador convalescente confia nas diretrizes dolorosas de seu Terapeuta e segue-as. Só desta forma nos mantemos numa posição de beneficiar do que o Médico divino tem para nos oferecer. Em toda esta obediência somos nós os beneficiários. Deus é sempre o doador. Pois é o doador que fica com a glória.
E que, talvez, seja a coisa mais importante de todas. A única maneira certa de servir Deus é de uma forma em que toda a glória seja reservada para Ele. "Se alguém administrar, [tem de] administrar segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo" (1 Pedro 4:11). Como podemos servir para que Deus seja glorificado? Sirvamos pela força que Ele supre. Quando estamos na nossa parte mais ativa para Deus, ainda somos os recipientes. Deus não vai abdicar da glória de Benfeitor, nunca!
Trabalhemos, pois, com afinco, mas nunca nos esqueçamos de que não somos nós, mas a graça de Deus conosco (1 Coríntios. 15:10). Vamos obedecer agora, como sempre, mas nunca se esqueça de que é Deus quem opera em nós tanto o querer quanto o efetuar (Fp 2:13). Vamos espalhar o evangelho por todos os lados e nos gastar por causa dos eleitos, mas nunca nos aventuremos a falar de outra coisa, exceto o que Cristo operou em nós (Rom 15.18). Que em todo o nosso serviço Deus seja o doador e a Deus toda a glória.
E até que o povo compreenda isto, irmãos, dizei-lhes para não servirem a Deus.






6 - Muito Importante mas Não Suficiente

“1Co 13:1  Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.
1Co 13:2 Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.
1Co 13:3 E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.”

Alta madrugada.
Não podia conciliar o sono, porque nestas palavras eu meditava.
Certamente não estaria o apóstolo dizendo não ser de qualquer importância tudo o que havia aqui relacionado como sendo inferior ao amor com Cristo, que ele introduziu com estas palavras antes de descrevê-lo no restante deste capitulo.
Ele se refere a feitos heróicos e extraordinários, e ainda assim afirma que com tudo isto ele nada seria quanto ao propósito fixado por Deus para ser por nós atingido.
Nenhum grande talento, nenhuma grande fé, nenhum grande sacrifício ou obra de caridade, ainda que sejam feitos com o nosso próprio amor, poderá nos conduzir ao estado eterno de graça e de glória, porque isto pode ser somente achado pela fé exclusiva em Jesus Cristo.
É por se participar de sua vida que temos a vida.
É por se estar em comunhão amorosa com ele, que permanecemos na condição abençoada de filhos de Deus.
Este amor espiritual e sobrenatural pode ser achado somente nAquele que é, ele próprio, este amor.
Nossas boas obras e capacitações, fora de Cristo, aqui começam e aqui terminam e não podem adentrar a eternidade, porque nossa aceitação por Deus não pode existir estando nós fora da comunhão com o Senhor Jesus, porque é somente por causa dele que somos recebidos por Deus.





7 - A Necessidade das Boas Obras

“Fiel é esta palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação, confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens.” (Tito 3.8)

Com base nestas palavras do texto me propus a abordá-las nestes dois pontos:
Primeiro, quanto à verdade ou credibilidade deste dito ou proposição, de  que os que têm crido em Deus tenham o cuidado de praticar as boas obras, e em segundo lugar, quanto à grande necessidade de inculcarmos freqüentemente naqueles que se professam cristãos, a  indispensável prática das virtudes de uma vida santa.
Vejamos então o primeiro ponto, que é muito necessário pelas seguintes razões:
I. Porque os homens são muito aptos a enganarem a si mesmos neste assunto, e assim, dificilmente se aplicam àquilo em que consiste principalmente a verdadeira religião, a saber, a prática real da bondade.
II. Por causa da necessidade imprescindível das coisas que nos tornam capazes do favor e aceitação divinos, e da recompensa da vida eterna e felicidade.
I. Desta primeira parte acima citada podemos dizer que os homens são extremamente desejoso de reconciliação (se isto for possível) com a esperança de felicidade eterna em outro mundo, com uma liberdade de viver como eles vivem no mundo presente: por isso repudiam como um problema e algo muito trabalhoso o ter que mortificar as suas concupiscências, e subjugar e governar suas paixões, e refrear a língua, e ordenar toda a sua conversação de forma correta e praticando todos os deveres que são compreendidos naqueles dois grandes mandamentos do amor a Deus e ao próximo. Eles de bom grado entram no favor de Deus, e fazem a sua vocação e eleição, por algum caminho mais fácil, do que "empenhar toda a diligência, para adicionar à sua fé, a virtude e conhecimento, e domínio próprio, e paciência, e bondade fraternal, e o amor."
A pura verdade nesta questão  é que os homens tiveram sua religião baseada em qualquer coisa, exceto naquilo que ela é de fato - a remoção e mortificação de nossas inclinações viciosas, a cura de nossos maus afetos e corrupção; o devido cuidado e governo de nossos apetites e paixões, o sincero empenho e prática constante de toda a santidade e virtude em nossas vidas; e, portanto, eles muito ao contrário, buscam alguma coisa que possa agradavelmente aliviar e desculpar suas más inclinações, do que extirpá-las e ao invés de reforma e transformação de suas vidas viciosas, fazem com Deus uma paz honrosa e compensação para eles de qualquer outra forma.
Este tem sido o caminho e loucura da humanidade em todas as gerações, para derrotar a grande finalidade e desígnio da religião, por a considerarem árida para se confiar, a substituem por alguma outra coisa em seu lugar, o que eles esperam possa servir para lhes transformar, bem como, que tenha a aparência de tanta devoção e respeito, e talvez de mais custos e dores, do que aquilo que Deus requer deles. Os homens sempre têm sido aptos para impor isto a si mesmos, e para agradar a si mesmos com uma presunção de que estão agradando a Deus plenamente e tão bem, ou melhor, por alguma outra maneira, diferente daquela que ele lhes tem designado, não tendo em conta que Deus é um grande rei, e será observado e obedecido por suas criaturas em seu próprio caminho, e pronto! obediência ao que ele ordena é melhor e mais aceitável para ele do que qualquer  sacrifício que possamos oferecer, o que, a propósito,  ele não tem requerido de nossas mãos; porque é infinitamente sábio e bom, e, portanto, as leis e as regras que Ele nos deu para vivermos por elas, são meios mais apropriados e justos do que nossas próprias invenções.
Assim, eu digo, que tem sido em todas as épocas. O velho mundo, depois do dilúvio que Deus enviou para punir a maldade, a violência e a impiedade dos homens, por varrer toda a humanidade da face da terra, com exceção de uma única família, que foi salva para ser o seminário de uma nova e melhor geração de homens; eu digo, depois disso, o mundo em um curto espaço de tempo caiu do culto do verdadeiro Deus para a horrenda adoração idolátrica de falsos deuses; não estando dispostos a trazerem a si mesmos à conformação e semelhança ao Deus verdadeiro, eles escolheram falsos deuses como eles, que poderiam não somente lhes desculpar, como também lhes instigar ainda mais em suas práticas indecentes e viciosas.
E quando Deus fez uma nova revelação de si mesmo à nação dos israelitas, e lhes deu as principais partes e substância da lei natural escrita mais uma vez com seu próprio dedo em tábuas de pedra, e muitas outras leis relativas à adoração religiosa, à sua conversação civilizada, adequada e adaptada ao seu temperamento e condição atual, ainda assim, logo a sua religião foi degenerada em meras observâncias externas, purificações e lavagens cerimoniais, e uma multidão de sacrifícios, sem grande relação com a substancia íntima  da religião que receberam para guardar, e sem a prática dos seus deveres e das virtudes morais, que foram em primeiro lugar requeridos deles, e com tudo o mais que lhes fora prescrito por Deus para serem aceitos por Ele.
Disso resultaram as queixas mais frequentes nos profetas, que sua religião foi degenerada em formalidade e cerimônia, em oferendas e sacrifícios, e observância de jejuns, e sábados, e luas novas, mas não tinha poder e eficácia em seus corações e vidas; era totalmente destituída de pureza interior e santidade, de todas as virtudes substanciais, e dos frutos da justiça em uma vida justa. Por isso Deus reclama pelo profeta Isaías: (1.11-18):
“De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? —diz o SENHOR. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante mim, quem vos requereu o só pisardes os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento solene. As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas. Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã.”
Após estes termos Deus se declara pronto para se reconciliar com eles, e ter misericórdia deles. Mas todos os seus serviços externos e sacrifícios, separados da bondade real e da justiça, estavam muito longe de apaziguar a ira Deus, que eles haviam provocado, ao contrário, a aumentavam ainda mais.
E, para o mesmo fim lemos em Isaías 66.2,3: "Porque a minha mão fez todas estas coisas, e todas vieram a existir, diz o SENHOR, mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra. O que imola um boi é como o que comete homicídio; o que sacrifica um cordeiro, como o que quebra o pescoço a um cão; o que oferece uma oblação, como o que oferece sangue de porco; o que queima incenso, como o que bendiz a um ídolo. Como estes escolheram o seu próprio caminho e a  sua alma se deleita nas suas abominações."
E também em Jer 6.19,20: "Ouve tu, ó terra! Eis que eu trarei mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos; porque não estão atentos às minhas palavras e rejeitam a minha lei. Para que, pois, me vem o incenso de Sabá e a melhor cana aromática de terras longínquas? Os vossos holocaustos não me são aprazíveis, e os vossos sacrifícios não me agradam.”
 Eles pensaram que agradariam a Deus com incenso e sacrifícios, enquanto eles rejeitavam sua lei.
E, também, Jeremias 7.4-6: "Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este. Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras, se deveras praticardes a justiça, cada um com o seu próximo; se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal,”
E, Jeremias 7.8-10: “Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada vos aproveitam. Que é isso? Furtais e matais, cometeis adultério e jurais falsamente, queimais incenso a Baal e andais após outros deuses que não conheceis, e depois vindes, e vos pondes diante de mim nesta casa que se chama pelo meu nome, e dizeis: Estamos salvos; sim, só para continuardes a praticar estas abominações!”
 Eles pensavam que a adoração de Deus, e do seu santo templo, seriam uma desculpa para esses crimes e imoralidades que eles praticavam.
E Miquéias 6.6-8: “Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano?  Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.”
E no tempo do nosso bendito Salvador, aqueles que fingiam serem os mais devotos entre os judeus, ficaram totalmente ocupados com suas tradições pretensiosas de lavagem das mãos, e das partes externas de seus copos e pratos, e sobre as coisas externas e menores da lei, o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e todos os tipos de ervas, omitindo o mais importante da lei, a justiça, a misericórdia e a fé, e o amor de Deus, como o nosso Salvador descreve em Mateus 23.23.
E após a revelação clara do evangelho, a melhor e mais perfeita instituição que sempre existiu, no início do cristianismo, as doutrinas licenciosas que eram ensinadas por pessoas insubordinadas, transformando a graça de Deus em dissolução, e libertinagem de homens quanto a todos os deveres morais e as virtudes de uma vida santa, razão pela qual o caminho da verdade foi blasfemado, como afirmam Pedro e Judas, em relação à seita dos gnósticos . E  João, sabiamente, descreve a mesma seita por sua arrogante pretensão de um conhecimento e iluminação extraordinários, ao mesmo tempo que "andava nas trevas", e permitia todo o tipo de maldade na vida, pois eles fingiam perfeição e justiça, sem guardar os mandamentos de Deus.
E no período seguinte do cristianismo, como ele foi importunado com uma controvérsia banal sobre o tempo de observação de Páscoa, e com intermináveis disputas e sutilezas sobre a doutrina da trindade, e as duas naturezas e vontades de Cristo! por causa disto a prática do cristianismo foi grandemente negligenciada, e o principal fim e desígnio da verdadeira religião foi quase completamente derrotado e perdido.
Depois disso, quando o mistério da iniquidade começou a aumentar, com a degeneração da Igreja Romana que abandonou a sua primitiva santidade e pureza, e na afetação de um poder indevido e sem limites sobre outras igrejas, a religião cristã começou a ser invadida por  superstição, e o primitivo fervor da piedade e devoção foi transformado num zelo feroz e contendas sobre assuntos do momento sem importância, dos quais temos um grande exemplo notável aqui no nosso próprio país (Inglaterra), quando Agostinho, o monge chegou aqui para converter a nação, e pregar o evangelho entre nós, como a Igreja de Roma presume, mas contra toda a fé e a verdade da história,  que nos assegura, que o cristianismo aqui plantado entre os britânicos, o havia sido há vários séculos antes, e talvez mais cedo do que até mesmo na própria Roma; e não somente isso, mas tinha alcançado um crescimento considerável entre os saxões antes que Agostinho, o monge já citado, estivesse entre nós, eu digo: quando Agostinho chegou aqui, os dois grandes pontos de seu cristianismo consistiram em levar os britânicos a um acordo com a Igreja de Roma no tempo da Páscoa, e na tonsura e raspa dos sacerdotes, segundo o suposto costume de Pedro, como eles pretendiam, em cima da coroa da cabeça, e não de Paulo, que havia cortado o cabelo de toda a cabeça, a partir de alguma tradição vã e tola, que se pretendia que fosse aprendida: a de promover estes dois costumes era sua grande missão, e o zelo de sua pregação foi gasto sobre estas duas exigências principais, em razão das quais, depois de muitas bárbaras e sangrentas ações, finalmente prevaleceu.
Desde então, tem-se visto por toda a parte onde o cristianismo é pregado, o distanciamento da prática daquela vida piedosa e santa ensinada por Cristo e por seus apóstolos, por supostos líderes que falam em nome de Cristo, mas que no afã de estimular a obediência às práticas não ordenadas por Deus na Bíblia, mas criadas pela superstição e invenção e artimanha dos homens, isto serviu e tem servido de base para todo sistema religioso que se afirme cristão, mas que não se fundamenta nas boas obras assim como elas são declaradas na Palavra de Deus revelada e escrita.
Então daí surgiu a a doutrina insolente do mérito das boas obras do homem para a salvação da alma, como se Deus estivesse em dívida com os homens para receber das mãos deles as suas ações para serem contadas como justiça para eles.
Então aqui, o líder religioso avoca para si o pretenso direito e poder de perdoar pecados e conceder bênçãos no lugar de Deus, por um também suposto poder e conhecimento que alegam ter recebido dele para tal propósito.
Com isso se tornam guias cegos de cegos, de contingentes imensos de pessoas que se tornam dependentes deles, por acalentar a falsa ideia de que são eles os agentes enviados por Deus para salvá-las e abençoá-las.
Isto pode ser visto inclusive no próprio meio chamado evangélico ou protestante, quando os líderes se afastam da obediência a Deus e aos mandamentos da Sua Palavra.
A verdadeira religião cristã é assim enfraquecida e deturpada, e esta é a razão de não se ver tanto aquela virtude e justiça, os frutos de bondade real que se viam nos primeiros dias do cristianismo.
É a estes que se refere o apóstolo Paulo em 2 Timóteo 3.5:
“tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder.”

II. A segunda razão , ou seja, por causa da necessidade imprescindível das coisas que nos tornam capazes do favor e aceitação divinos, e da recompensa da vida eterna e felicidade.
E  esta, adicionada à anterior, faz com que a razão seja plena e forte. Porque, se os homens estão desta forma aptos a enganarem a si mesmos neste assunto, e ser enganados num assunto tão perigoso, consequentemente, então, é altamente necessário inculcar isso com frequência nos cristãos, para que ninguém possa ser confundido nesta questão de tanto perigo, e da qual a sua felicidade eterna depende.
Agora, se a obediência às leis de Deus, e a prática da virtude e as boas obras, são necessárias, a nossa continuidade em um estado de graça e de favor com Deus e nossa justificação final por nosso absolvição no grande dia do juízo, depende senão de santidade e obediência que podem nos qualificar para a visão abençoada de Deus, e a gloriosa recompensa da felicidade eterna; então esta é uma questão de consequências infinitas para nós, e não podemos ser confundidos numa matéria de tão grande importância; mas "desenvolver a nossa salvação com temor e tremor”, para “com toda a diligência confirmar cada vez mais a nossa  chamada e eleição", acrescentando a  nossa fé e conhecimento das virtudes de uma vida santa, perseverando em fazer o bem, procurando glória, honra e incorruptibilidade; aguardando a bendita esperança e a aparição gloriosa do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo, que se entregou por nós, para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras.
Eu sei que tem sido o grande projeto do diabo e seus instrumentos, em todas as épocas, minar a religião, fazer uma separação infeliz e divórcio entre a piedade e a moralidade, entre a fé e as virtudes de uma vida santa, e por este meio, não somente para enfraquecer e diminuir, mas mesmo para destruir inteiramente, a força e eficácia da religião cristã, e para deixar os homens, tanto sob o poder do diabo e de seus desejos, como se não houvesse tal coisa como cristianismo no mundo. Mas não nos enganemos a nós mesmos; nisto que sempre foi a religião e a condição de nossa aceitação por Deus: esforçar-se para ser como Deus em pureza e santidade, justiça e retidão, em misericórdia e bondade, cessar de fazer o mal e aprender a fazer o bem, e isso, você vai sempre encontrar na doutrina constante das Sagradas Escrituras, desde o início da Bíblia até o fim.
Gên 4.7: "Se procederes bem, não é certo que serás aceito?"
Salmo 15.1,2: “Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho;”
Miquéias 6.8: " Ele te declarou , ó homem, o que é bom e o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça , e ames a misericórdia , e andes humildemente com o teu Deus?"
Is 3.10,11: “Dizei aos justos que bem lhes irá; porque comerão do fruto das suas ações. Ai do perverso! Mal lhe irá; porque a sua paga será o que as suas próprias mãos fizeram.”
E nosso bendito Salvador, em seu sermão da Montanha, nos diz claramente que tipo de pessoas nós devemos ser, se  esperamos ser bem-aventurados, para entrar no reino de Deus, e onde a sua religião consiste, em justiça e pureza, e mansidão, e paciência e pacificação, e declara mais expressamente, que se esperamos felicidade em quaisquer outros termos diferentes da prática dessas virtudes, podemos construir sobre a areia.
Gál 6.7,8:  “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.  Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna.."
Ef 5.6: “Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.”.
1 João 3.7: "Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo.”
Estas coisas são boas e proveitosas aos homens, e agradáveis a Deus, e honram a religião, e são a única maneira e caminho para a vida eterna, por meio da misericórdia e méritos de Jesus Cristo, nosso bendito Senhor e Salvador, porque temos a justificação, a regeneração, a santificação e a glorificação, simplesmente pela graça, mediante a fé no Seu grande nome, para vivermos na prática das boas obras.

Tradução, redução de um sermão de JOHN TILLOTSON, e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra.





8 - “A Cristo, o Senhor, servis” (Col 3.24)

Para que classe de oficiais escolhidos essa palavra foi falada? Para reis que orgulhosamente gloriam-se de um direito divino? Ah, não! Demasiadas vezes eles servem a si mesmos ou a Satanás, e esquecem do Deus cujo sofrimento lhes permite usar a sua majestade imitadora por pouco tempo. Estaria o apóstolo falando para os chamados "reverendíssimos em Deus", os bispos, ou " os veneráveis diáconos"? Não, na verdade, Paulo não sabia nada dessas meras invenções do homem. Nem mesmo para pastores e mestres, ou para os ricos e respeitados entre os crentes esta palavra foi falada, mas para os servidores, sim, e para os escravos.
Entre as multidões dos que trabalham arduamente, os ambulantes, os diaristas, os servos domésticos, os empregados de cozinha, o apóstolo encontrou, como ainda encontramos, alguns dos escolhidos do Senhor, e lhes diz: "Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor, e não para homens; sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança; pois ao Senhor Jesus Cristo, servis". Esta palavra  enobrece a rotina cansativa dos empregos terrestres, e envolve com  um halo ao redor das ocupações mais humildes . Lavar os pés de alguém pode ser servil , mas lavar os pés dele, é um trabalho real. Desatar o sapato do patrão é trabalho humilde, mas desatar as sandálias do grande mestre é privilégio de príncipes. A loja, o celeiro, a copa, e a forja tornam-se templos quando homens e mulheres fazem tudo o que fazem para a glória de Deus! Então, "serviço divino" não é uma coisa de poucas horas feita em alguns lugares, mas toda uma vida transformada em santidade para o Senhor, e cada lugar e cada coisa, tão consagrada quanto o tabernáculo e seu castiçal de ouro.

"Ensina-me, meu Deus e Rei, em todas as coisas, ver-te;
E o que eu faço - qualquer coisa  - que o faça como para ti.
Todos podem participar de ti, nada pode ser tão ruim,
Quem com este matiz, por tua causa, não tornar-se-á  brilhante e limpo?
Um servo com esta disposição faz da labuta, divina;
Quem varre um cômodo, como por tuas leis, faz dele por esta ação, uma coisa boa".                                            
 Texto de Charles Haddon Spurgeon, Traduzido por Iza Rainbow





9 - O Que é Servir a Deus?

Servir a Deus é servir a Cristo, notadamente no que se refere às ordenanças do Evangelho.

“João 12:26 - Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará.”

“Col 3:24 - cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo;”

Muito deste serviço está direcionado a tudo o que se refere à salvação dos homens (conversão, santificação, edificação).
Daí a necessidade do preparo dos cristãos para o seu desempenho no corpo de Cristo, conforme o caráter da vocação de cada uma deles por Deus.

“Ef 4:12 - com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo,”

A par do seu caráter espiritual este serviço é materializado especialmente nos assuntos comuns da vida cotidiana, como a prática da hospitalidade, da generosidade, do socorro aos necessitados e de tudo o que demonstre um verdadeiro amor ao próximo.

“Tito 3:14 - Agora, quanto aos nossos, que aprendam também a distinguir-se nas boas obras a favor dos necessitados, para não se tornarem infrutíferos.”

Não basta servir, há também o modo de fazê-lo: como por exemplo, com humildade e fervor de espírito:

“Mar 10:43 - Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;
Mar 10:44 e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos.
Mar 10:45 Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”

“Rom 12:11 No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;”

Quanto ao tempo de duração deste serviço: durante toda a vida, a tempo e fora de tempo. O serviço de Deus deve ser o primeiro em nossas vidas e deve permear tudo o que fizermos. É uma verdadeira lástima que muitos que professam crer em Cristo não reservem sequer míseros dez minutos diários para a oração e para a meditação da Palavra de Deus, e para tudo o mais que o Senhor requer deles, em prova inconteste do amor que afirmam ter por Ele.

“Gál 6:9 - E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.”
Gál 6:10 Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.”

“QUEM NÃO VIVE PARA SERVIR NÃO SERVE PARA VIVER”





10 - Não Há Serviço Aceitável Sem Consagração

Marque isto:

 “Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra.” (2Tim 2.21)

Somos purificados, santificados pelo Senhor, nem tanto para o nosso próprio aprazimento pessoal, mas para podermos ser usados por ele, para nos dedicarmos a fazer a sua vontade e obra.
Para isto é fundamental que se esteja confirmado na Palavra do Senhor, por se obter e manter um coração puro, manso, longânimo, paciente, amoroso, alegre, sóbrio, com domínio próprio, benigno, bondoso, e cheio de fé, segundo o crescimento na graça e no conhecimento íntimo de nosso Senhor Jesus Cristo.
Este foi o segredo do sucesso de John Wesley, Moody, Spurgeon, e tantos outros.
Eles levaram muito a sério esta questão da santificação de suas vidas, pela Palavra e poder do Espírito Santo, e se consagraram inteiramente a Deus.
E isto nunca mudou através dos séculos, e jamais mudará, porque o Senhor é Santo e demanda a santidade de todos os seus filhos.





11 - Boas Obras, Serviço e Trabalho

A vida cristã não consiste em mera contemplação espiritual das belezas de Cristo, mas também em servir a Deus e ao próximo.
É sobretudo no exercício do ministério que recebemos da parte de Deus para cumprir, que crescemos na graça e no conhecimento de Jesus.
O bom soldado cristão é feito no campo de batalha, e não meramente nas salas de treinamento das igrejas e seminários.
O serviço deve ser segundo a esfera de atuação que nos foi demarcada pelo Senhor, tanto no que se refere ao tipo de serviço que deve ser realizado, quanto à (s) área (s) geográfica (s) demarcada (s) por Ele para a nossa atuação, de modo que não labutemos em campo alheio; cuidado este, que a propósito, sempre esteve bem presente no apóstolo Paulo.
“3 Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de si sobriamente, conforme a medida da fé que Deus, repartiu a cada um.
4 Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função,
5 assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente membros uns dos outros.
6 De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;
7 se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;
8 ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com alegria.” (Romanos 12.3-8)
Todos os crentes possuem portanto, pelo menos um ministério, ou seja, um serviço específico para o qual recebeu dons e capacitações de Deus para o seu exercício.
Mas, para o propósito de formar e edificar a Igreja, sobretudo para confirmar os crentes na fé e na sã doutrina, Deus levanta ministérios especiais para tal propósito, dentre o corpo geral de crentes:
“11 E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres,
12 tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
13 até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo;
14 para que não mais sejamos meninos, inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, pela fraudulência dos homens, pela astúcia tendente à maquinação do erro;
15 antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
16 do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.” (Efésios 4.11-16).
Agora, Deus não somente define qual é o nosso ministério como também determina o modo como ele deve ser realizado, a saber, no Espírito Santo, e com todo o fervor espiritual e amor; devendo haver uma justa cooperação entre todos os membros do corpo de Cristo em cada congregação local.
Mas o ministério do crente não está limitado ao ofício que exerce na igreja em que congrega, pois a sua vida deve ser de serviço em todas as áreas em que atue. Por exemplo, o primeiro e grande ministério de uma mulher casada é o de servir seu marido e filhos, educando seus filhos pelo exemplo e pela palavra para que venham a se tornar homens e mulheres de Deus.
Os maridos têm sobretudo o dever de amarem e proverem para suas respectivas esposas e filhos.
Os que servem em atividades remuneradas devem em tudo dar bom testemunho de honestidade e boas obras.
E em todas as ocasiões em que formos chamados a servir ao próximo, devemos fazê-lo não como para homens, mas como para o próprio Senhor.
Na verdade, tudo o que fazemos deve ser como para o Senhor, porque com isto se evita que se faça alguma coisa por motivo interesseiro, ou para bajulação e subserviência a homens.
Na verdade, todo o nosso trabalho e tudo o que somos ou fazemos deve ser para a glória de Deus, e Ele será glorificado somente caso o que façamos seja pelo poder da Sua própria graça, conforme testemunho do apóstolo Paulo acerca do seu ministério:
“Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo.” (I Corintos 15.10)
Devemos ter a mesma humildade do apóstolo, reconhecendo que nada podemos fazer sem o Senhor, de modo que não somos salvos (justificados, regenerados e santificados) por causa de nossas boas obras, mas exclusivamente pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual somos chamados agora a praticar as boas obras de justiça do evangelho, que foram preparadas de antemão por Deus para que andássemos nelas.
O propósito e o resultado da liberdade que recebemos em Cristo é para o serviço.
Nós vemos isto de modo muito claro na Parábola dos Talentos.
O Senhor afirma que aquele que tem receberá mais, e o que não tem até o que tem lhe será tirado.
Ele ensina claramente que Deus é glorificado se dermos muitos frutos para Ele, pelas boas obras que os homens virem sendo realizadas por nós em Seu nome, e com isso serão levados a glorificá-lo.

Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras do original grego,
1 – diakoneo - servir, ministrar;
2 – kopiao – trabalhar;
3 - ergon – trabalho, obra; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.escrita.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=33526





12 - O Preparo para a Obra do Ministério

Nós faremos uma breve reflexão acerca do assunto em título, a partir de uma também breve exegese de determinados textos bíblicos.

A - Mateus 26:41:  “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.”

O “pronto” neste texto vem do grego protumos que significa prontidão, voluntariedade, e não preparo. Então não se deve pregar que o espírito já está preparado, aperfeiçoado, nesta passagem, mas que está em prontidão de vigilância, contra a fraqueza da carne.
Este texto nada tem a ver, portanto, com preparo para o exercício do ministério, porque não era a isso que nosso Senhor estava se referindo nesta passagem, quando ordenou a Pedro, Tiago e João, que vigiassem para que não entrassem em tentação, quando se encontravam em sua companhia no jardim do Getsêmani.  

B - Tito 3:1: “Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra,”

A palavra pronto neste texto vem do grego hetoimos, que significa preparados, como também se vê em II Tim 2.21; I Pe 3.15. Então, diferentemente de protumos em Mt 26.41, não indica prontidão, voluntariedade, senão estar devidamente qualificado, aperfeiçoado para determinado fim, no caso citado no texto, para toda boa obra. Há então uma necessidade de ser preparado para poder realizar tais boas obras. Isto virá no tempo, até o amadurecimento do cristão pelo Espírito, por obediência e consagração pessoal a Deus.

C - 2 Timóteo 3:17:  “a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”

A palavra habilitado deste texto vem do grego exartizo que significa completado, terminado, suprido com perfeição. No contexto imediato é visto que este trabalho é realizado pelas Escrituras Sagradas, que sendo aplicadas à vida pelo Espírito, produzirão no tempo apropriado, este efeito de amadurecer o cristão para a obra de Deus.

D - Ef 4.11-13: “11 E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres,
12 tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
13 até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo;” (Ef 4.11-13)

Há um tempo de amadurecimento para a ordenação ao ministério, seja ele qual for, e este amadurecimento é indicado pelo momento em que se chega à medida da estatura da plenitude de Cristo, quando o homem espiritual está completo, pelo pleno conhecimento do Filho de Deus. E esta maturidade vem no corpo de Cristo por se submeter ao trabalho dos apóstolos, dos profetas, dos evangelistas e dos pastores e mestres, que são levantados por Deus para a realização deste trabalho de aperfeiçoamento dos santos.

E - I Tim 3.10: “E também estes sejam primeiro provados, depois exercitem o diaconato, se forem irrepreensíveis.”

É dito neste texto que os diáconos, tanto quanto os pastores, devem antes ser provados, ou seja, examinados, para serem achados irrepreensíveis, a saber, sem falta alguma para o exercício do ministério. Não se deve ordenar portanto quem não esteja pronto, depois de ter sido provado e aprovado pelo Espírito, quanto a estar amadurecido ou não, em condições de assumir a obra do ministério.

F - Fp 3.15: “Pelo que todos quantos somos perfeitos tenhamos este sentimento; e, se sentis alguma coisa de modo diverso, Deus também vo-lo revelará.”

A palavra perfeitos vem do grego teleios, que significa completos, maduros. Todo candidato ao ministério deve ter atingido tal maturidade espiritual. Ser neófito é o contrário disto. Uma vez atingido este estágio de maturidade, não se deve parar, ao contrário, porque estamos numa carreira de crescimento da nova criatura que existe em nós, pelo Espírito, que é infinita, de modo que Paulo disse anteriormente a este versículo o seguinte:

“8 sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo,
9 e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;
10 para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte,
11 para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos.
12 Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo Jesus.
13 Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante,
14 prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus.” (Fp 3.8-14)

É necessário portanto que se esteja maduro, completo, para o exercício do ministério.

Quanto a esta palavra “completo” devemos dizer que é uma palavra muito importante e interessante, porque indica que este aperfeiçoamento não é de caráter individual, mas conjunto, conforme indicado pela referida palavra.
Esta é uma palavra composta do prefixo “com”, que significa “junto”, e a palavra grega “pleto” que significa preenchido, terminado, finalizado, pleno, amadurecido, aperfeiçoado (Lc 1.67; At 4.8; 9.17; 13.9). Isto indica então que este estar completo é realizado em união a outros. É no corpo, que é a Igreja que é realizado tal aperfeiçoamento dos cristãos, como vemos em Ef 4.15,16:

“15 antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
16 do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.” (Ef 4.15,16)

Deus está interessado no crescimento do corpo de Cristo, que é a Igreja, de modo harmônico e conjunto. Então, os ministros devem ser observados como se destacam neste conjunto de cristãos, ao mesmo tempo em que participam do convívio com eles. Devem ter o reconhecimento deles, da Igreja, e não apenas daqueles líderes que pretendam ordená-los, porque o crescimento deles deve ser notável a todos, como tendo recebido aquelas graças e dons, do Espírito, que distinguem a sua chamada para o exercício do ministério.

Então não se pode esquecer que estar completo significa estar em comunhão (com + união, ou seja unidos juntamente); e no compartilhar do mesmo pão que é Cristo (com + partilhar, que significa participar juntamente).






13 - VIVENDO DE MODO ÚTIL A DEUS 

Não há um só cristão autêntico que não deseje ser usado por Deus e útil à causa do evangelho.
No entanto, tal como no compromisso matrimonial, se a noiva não deixar a influência do lar paterno, não poderá constituir uma nova família junto ao seu marido.
Rebeca não poderia ter atendido ao plano de Deus para que se casasse com Isaque, caso não se dispusesse a deixar a sua parentela.
De igual modo ninguém poderá ter um compromisso real com Cristo, sendo-Lhe útil e fiel no casamento com Ele, caso não deixe de lado as muitas influências e compromissos deste mundo aos quais esteja apegado o seu coração.
“10 Ouve, filha, e olha, e inclina teus ouvidos; esquece-te do teu povo e da casa de teu pai.
11 Então o rei se afeiçoará à tua formosura. Ele é teu senhor, presta-lhe, pois, homenagem.”  (Sl 45.10,11).
Se não for assim, Deus não lhe pedirá nada.
Após Abraão ter cruzado o rio e chegado a Canaã, ele foi provado por Deus diversas vezes, até, afinal, ser chamado à grande prova de oferecer Isaque.
O Senhor queria comprovar que Abraão realmente O temia, e que a Sua vontade divina era o que contava, e não a sua própria vontade.
Há muitos cristãos que contornam a cruz, mas isto só servirá para prolongar a trajetória deles.
Nosso caminho será bem mais curto se formos fiéis, mas será bem mais longo se não formos, pois andaremos em círculo e sem um rumo certo quanto ao conhecimento e à capacitação para fazermos aquilo que é da vontade de Deus para nossas vidas.  
É preciso realmente morrer para tudo o que há no mundo, inclusive para o próprio ego, se pretendemos ser verdadeiros discípulos de Cristo que sejam úteis em Suas mãos.
Os pensamentos de Deus são completamente diferentes dos pensamentos dos homens, porque o homem pensa segundo a carne, e Deus segundo o espírito.
Se nós não somos libertados do apego ao ego carnal, não poderemos esperar que as outras pessoas sejam libertadas.
Se nós não estamos efetivamente crucificados, como podemos pregar o evangelho da cruz?
Se não temos visão, como podemos esperar que outros vejam a maneira como Deus age?
Acaso não estaremos dando chicotadas no ar em tudo o que fizermos?
Se nós não andarmos no caminho estreito, quem nos seguirá por ele?
Deus deseja portanto trabalhar primeiro conosco, e depois que Ele tiver ganho alguns de nós, poderemos, então, ganhar outras pessoas para Ele, conforme é o desejo de todo cristão autêntico, porque o Espírito Santo, que nele habita, o impele a isto.
As riquezas da graça divina somente podem fluir para outros através de pessoas que Ele possa usar.
E para sermos usados por Deus precisamos confiar nEle e obedecê-lO completamente.
A qualificação para fazer a obra de Deus não se encontra no estudo teológico, na fé sólida, no entusiasmo e no amor pelas almas, mas no fato de a pessoa estar totalmente tomada por Deus.
Não há um só cristão autêntico que não deseje ser usado por Deus e útil à causa do evangelho.
No entanto, tal como no compromisso matrimonial, se a noiva não deixar a influência do lar paterno, não poderá constituir uma nova família junto ao seu marido.
Rebeca não poderia ter atendido ao plano de Deus para que se casasse com Isaque, caso não se dispusesse a deixar a sua parentela.
De igual modo ninguém poderá ter um compromisso real com Cristo, sendo-Lhe útil e fiel no casamento com Ele, caso não deixe de lado as muitas influências e compromissos deste mundo aos quais esteja apegado o seu coração.
“10 Ouve, filha, e olha, e inclina teus ouvidos; esquece-te do teu povo e da casa de teu pai.
11 Então o rei se afeiçoará à tua formosura. Ele é teu senhor, presta-lhe, pois, homenagem.”  (Sl 45.10,11).
Se não for assim, Deus não lhe pedirá nada.
Após Abraão ter cruzado o rio e chegado a Canaã, ele foi provado por Deus diversas vezes, até, afinal, ser chamado à grande prova de oferecer Isaque.
O Senhor queria comprovar que Abraão realmente O temia, e que a Sua vontade divina era o que contava, e não a sua própria vontade.
Há muitos cristãos que contornam a cruz, mas isto só servirá para prolongar a trajetória deles.
Nosso caminho será bem mais curto se formos fiéis, mas será bem mais longo se não formos, pois andaremos em círculo e sem um rumo certo quanto ao conhecimento e à capacitação para fazermos aquilo que é da vontade de Deus para nossas vidas.  
É preciso realmente morrer para tudo o que há no mundo, inclusive para o próprio ego, se pretendemos ser verdadeiros discípulos de Cristo que sejam úteis em Suas mãos.
Os pensamentos de Deus são completamente diferentes dos pensamentos dos homens, porque o homem pensa segundo a carne, e Deus segundo o espírito.
Se nós não somos libertados do apego ao ego carnal, não poderemos esperar que as outras pessoas sejam libertadas.
Se nós não estamos efetivamente crucificados, como podemos pregar o evangelho da cruz?
Se não temos visão, como podemos esperar que outros vejam a maneira como Deus age?
Acaso não estaremos dando chicotadas no ar em tudo o que fizermos?
Se nós não andarmos no caminho estreito, quem nos seguirá por ele?
Deus deseja portanto trabalhar primeiro conosco, e depois que Ele tiver ganho alguns de nós, poderemos, então, ganhar outras pessoas para Ele, conforme é o desejo de todo cristão autêntico, porque o Espírito Santo, que nele habita, o impele a isto.
As riquezas da graça divina somente podem fluir para outros através de pessoas que Ele possa usar.
E para sermos usados por Deus precisamos confiar nEle e obedecê-lO completamente.
A qualificação para fazer a obra de Deus não se encontra no estudo teológico, na fé sólida, no entusiasmo e no amor pelas almas, mas no fato de a pessoa estar totalmente tomada por Deus.
Ele precisa de homens e mulheres que tenham sido, eles mesmos, crucificados, a fim de pregarem aos outros a cruz de Jesus.
O problema com a grande maioria dos cristãos, quanto a  serem achados incapazes de fazer uma verdadeira obra para Deus, apesar de ser grande o desejo deles de fazê-la, reside no fato de não terem sido ensinados e discipulados desde o princípio, no verdadeiro evangelho da cruz.
Eles são ensinados sobre várias passagens da Bíblia, de maneira generalizada, mas sem nenhuma instrução quanto ao que Deus espera objetivamente deles, pela identificação com a morte e ressurreição de Seu Filho.
Assim, a carne, o velho homem, são poupados, e até mesmo em alguns casos, lisonjeados, em vez de serem crucificados.
E alguém que não passou pela morte do eu, não pode pregar e viver no poder da ressurreição que é operada pela cruz.
E se a obra não é feita com o poder de Deus, tudo o que realizarmos terá sido em vão.
Ao pregar o evangelho, Paulo não usou palavras persuasivas de sabedoria, mas o poder de Deus, que se manifestava em sua própria vida (I Cor 2.1-5).
Deus deve fazer com que abramos mão da própria sabedoria, inteligência, habilidade antes de poder nos usar.
Ele está procurando pessoas que não confiem em si mesmas e não sejam voluntariosas.
Se o Senhor encontrar tais pessoas, Ele as usará de acordo com a medida em que não confiam nas próprias capacidades.
Muitos pensam que por terem fé ortodoxa, e entender a Bíblia, estão capacitados para servir a Deus.
Mas não é do que sabemos e de nossas habilidades que depende o ser usado pelo Senhor, mas o quanto fomos de fato quebrados em nosso ego, para sermos submissos à Sua vontade.
O Espírito Santo somente pode agir por meio daqueles que estão completamente entregues nas mãos de Deus.
Os homens buscam sabedoria e poder, porém Deus, procura os loucos e os fracos.
A sabedoria e o poder humanos só podem ser usados nas relações humanas, mas não para conduzir pessoas a um relacionamento com Deus, porque isto não é feito com sabedoria e poder humanos, mas com a sabedoria e poder do Espírito Santo.
Por isso, os que andam segundo o homem, valendo-se da sabedoria e poder humanos, caso sejam usados na obra de Deus, eles a destruirão.
Deus usará tão somente o  poder e a força do Espírito Santo para realizar a Sua obra. Esta força e poder são manifestados pelos fracos e loucos.
Se não estivermos dispostos a abrir mão da sabedoria e do poder que temos e passarmos a ser fracos e loucos diante de Deus, Ele não poderá nos usar, porque é o Seu poder e Palavra que devem fluir através de nós, e não nossa própria capacidade e poder.
Por isso, antes de nos usar, Deus faz o mesmo que fez com Moisés. Ele nos coloca no deserto para nos provar e ensinar.
Quando Ele nos coloca de lado, é possível que não compreendamos a Sua vontade, e, então, nos tornamos rebeldes.
Por isso vez, após vez, Deus nos coloca no deserto, num meio ambiente que não é propício a nós, para que nos submetamos sob Sua mão poderosa.
Isso significa provar se você fará ou não a vontade dEle, pois nossa própria vontade precisa ser tratada.
Trata-se de uma crise que devemos enfrentar.
Antes de ser tratado por Deus Moisés tentou libertar os filhos de Israel com suas próprias mãos.
Mas, agora, no Horebe ao receber a comissão divina de libertá-los, ele confessou: “Quem sou eu?”. De igual modo, enquanto não aprendermos que não somos suficientes para a obra do evangelho, e somos como um João Ninguém aos nossos próprios olhos, para fazê-la, então é que estaremos em condições de começarmos a ser usados efetivamente pelo Senhor.
Aquele que não reconheceu ainda a sua fragilidade e inaptidão, não serve para fazer a obra de Deus.
Quando pensamos que a obra do evangelho é uma coisa pequena e fácil, com a qual podemos até mesmo brincar, nós estamos muito distantes do ponto de podermos ser usados pelo Senhor, porque esta obra demandará o enfrentamento de potestades e principados que somente o próprio Deus pode vencer, tal como se deu com Moisés em relação ao Egito e ao exército de faraó.
Mas o fato de alguém reconhecer apenas sua própria inutilidade ainda é insuficiente.
O importante é conhecer o poder de Deus, e conhecê-lo é a verdadeira ressurreição, que revela o poder do Senhor que se manifesta através da nova criatura, e é isto que significa ser fortalecido com poder no homem interior.
Devemos ter humildade mas não recuar. Devemos ser cuidadosos, mas não tímidos. Precisamos tomar cuidado para não deixar de confiar em Deus e para não confiar em nós mesmos. Deus nos humilha com o intuito de nos elevar.
O propósito final da cruz não é a mera morte do velho homem, mas o recebimento do poder da vida ressurrecta de Cristo.
Assim, toda mortificação da carne, todo arrependimento, visam à vida abundante que Jesus nos prometeu.
Visam gerar alegria espiritual e não tristeza.
Libertação e não opressão.
Viver vitorioso e não derrota.
Poder sobre as forças do Inimigo, manifestações do Espírito Santo e de poder, em sinais e prodígios.
Mas, para tudo isto é preciso estar completamente submisso à vontade de Deus.
Deus não aprova as pessoas que trabalham na Sua obra sem terem sido enviadas por Ele, e nem se agrada das obras presunçosas dos homens.
O pecado da soberba é igual ao pecado da rebelião.
Então o primeiro dever de todo cristão que deseje sinceramente ser usado por Deus, é o de se humilhar debaixo da Sua potente mão, permitindo o trabalho da disciplina do Espírito, para o despojamento das obras da carne.
A obra de Deus só pode ser realizada pelas pessoas que morreram com o Senhor, e nas quais foi efetivamente aplicada a mortificação da carne pelos muitos desertos aos quais Ele conduz aqueles que foram por Ele chamados.
Na óptica de Deus não há lugar para a carne, apenas para o espírito, e este não pode operar através de nós se carne não for mortificada (Rom 8.6-13).
Como a obra de Deus requer a morte do velho homem, com suas disposições carnais (pecaminosas), então todas as pessoas que seguem o pendor da carne, estão marcadas para a morte por Ele, quanto a serem efetivamente usadas.
Você já morreu para a carne e para o mundo? Você já abriu mão das habilidades naturais? Se ainda não o fez, não está qualificado para realizar a obra de Deus.
Hoje em dia, muitos estão trabalhando, estão atraindo muitas pessoas para junto do seu ministério, mas não estão fazendo a obra de Deus, pois não é Deus quem está operando, mas o homem.
Não se trata do agir da nova criatura, mas do velho homem, e por isso o Espírito Santo não se move de forma alguma.
Trabalhar no poder do Espírito Santo é trabalhar de espírito para espírito, isto é, com o seu espírito você alcança o espírito de outras pessoas.
Mas trabalhando na carne, atinge apenas a carne dos outros, porque é um trabalho feito pela alma que pode somente trabalhar nas mentes, nas emoções, nos sentimentos, nos desejos, mas jamais poderá tocar na profundidade do espírito.
Precisamos nos perguntar: o que nos qualifica a pregar sobre a cruz?
Será que pregamos por estarmos profundamente familiarizados com as doutrinas bíblicas, por sermos capazes de apresentá-las com eloquência, ou por fazermos da pregação a nossa profissão? Seria muito patético este último caso. Muitos se tornam líderes na Igreja, mas não em virtude da experiência espiritual, da vida e poder do Espírito Santo – na verdade, muitos dos que ouvem as pregações têm uma vida espiritual melhor do que o próprio pregador.
Este é portanto um tempo de muitos guias cegos.
Muitos pregadores sabem somente a forma de propagar o conhecimento, mas não são capazes de suprir a vida divina e o Espírito Santo.
Eles não estão habilitados a formar Cristo nos seus ouvintes, mas somente lhes informar acerca de Cristo, isto, se na verdade, estão ensinando o genuíno evangelho bíblico.
E assim, o grão de trigo permanece solitário porque não morreu.
Mesmo que esteja rodeado de muitos discípulos, serão também como ele, grãos de trigo que não morreram, e que portanto, não podem gerar vida.
Quem permanece assim não pode ser usado por Deus, porque nos assuntos espirituais, não são necessários sabedoria, inteligência ou entendimento, mas interesse em ter experiência e poder espiritual.
O melhor comentário bíblico existente é o de Mattew Henry, e isto foi possível porque o seu pai percebeu que ele era alguém piedoso desde menino, e para não estragar a sua  piedade, não o enviou a uma faculdade teológica, mas a ser preparado por um homem de Deus piedoso, que o conduziu ao temor do Senhor, e ao modo correto de servi-lO.
Que Deus nos ilumine para que percebamos como é errado fazer a obra com o conhecimento e a habilidade naturais, e, assim, reconheçamos que tudo o que provém da velha criação adâmica precisa morrer.
Rejeitaremos tudo isso da mesma forma como o fizemos no momento da nossa salvação.
Neguemos realmente, tudo o que pertence à velha criação e recebamos a nova vida que pertence à nova criação de Cristo, que é segundo a justiça e a verdade.
Esta vida ressurrecta à qual estamos nos referindo demanda consagração real ao Senhor e um carregar diário da cruz, de maneira que estejamos permanentemente avivados na Sua presença, independente das circunstâncias em que estejamos vivendo.
Se forem desertos servirão apenas para aumentar ainda mais a nossa fé e graças.
Algumas pessoas são despertadas ou avivadas após cada culto que frequentam.
Os pregadores não ousam desafiá-las a viverem de modo verdadeiramente santo e consagrado.
Então, quando o culto termina o despertamento e avivamento delas também acaba.
Esta forma de culto é como um tipo de estimulante, cuja dosagem deve ser aumentada cada vez mais, para que possa continuar fazendo efeito.
E se este modo de cultuar a Deus é apenas de entusiasmo e de emoções externas, essas pessoas exigirão cada vez mais eloquência e incentivo para permanecerem animadas.
Isto explica porque se faz tanta inovação nos cultos para torná-los mais atraentes para as pessoas, porque não se apóiam no poder do Espírito Santo e nba genuína verdade evangélica, mas nas ações da carne que apelam para os sentidos que são faculdades, da alma, e não do espírito.
Isto conduz à mentalidade e à atitude de Laodiceia, em que as pessoas se acham ricas espiritualmente, quando, na verdade, são muito pobres, miseráveis, cegas e nuas.
Muitos estão equivocados quanto ao significado de ser tratado pela cruz. Eles pensam que são curados com uma única dose deste amargo remédio. Eles não entendem o profundo significado das palavras de Jesus, que nos são impostas cruzes em toda a nossa caminhada cristã, diariamente, porque sem o tratamento da cruz, o velho homem sempre se levanta com sua sabedoria e poder naturais e carnais.
A cruz quebra o orgulho espiritual, e este deve ser quebrado diariamente, caso contrário se levanta e se apodera de nós.  
O pobre de espírito, que sabe que depende inteiramente de receber iluminação e graça do Espírito, é bem aventurado, porque será enriquecido com o poder de Deus. Mas o pobre espiritual, é miserável porque não pode enxergar as coisas do Espírito. Ele não é verdadeiramente rico da graça. E as coisas se complicam quando é tomado por este espírito de Laodiceia que o faz pensar ser rico por causa do seu grande conhecimento intelectual e habilidades, ou mesmo que se julgue sábio aos seus próprios olhos, quando na verdade é totalmente ignorante dos caminhos de Deus, e não tem experiências reais com o Espírito. Então quando alguém é pobre, não de espírito, mas espiritualmente falando, e não percebe a sua pobreza, isto faz com que a pessoa seja um laodicense.
Riqueza espiritual se manifesta em vida abundante e madura em Cristo. E a pobreza espiritual em superficialidade, infantilidade, imaturidade.
Não devemos nos iludir pensando ter o que nunca tivemos de fato. A vida com Deus consiste em experiências reais, e não em falar sobre experiências bíblicas ou de outros.
Devemos ter uma experiência real produzida pelo Espírito em nossos próprios seres, subjetivamente falando, de tudo aquilo que Cristo tem revelado objetivamente na Sua Palavra.
Se não buscarmos verdadeiras experiências com o Espírito na implantação da vida que Cristo nos prometeu, nós viveremos no mundo do idealismo sem obter qualquer favor do céu para um trabalho em que sejamos usados efetivamente por Deus.
Se por um lado devemos confiar que Cristo fez todas as coisas e tem disponibilizado para nós as riquezas da Sua graça, por outro lado devemos obedecer o Espírito completamente para que faça a Sua obra através de nós.
Quando dizemos completamente, não significa grau de perfeição absoluta, ou mesmo um grau igual para todos os cristãos (os que amam a Cristo e a Sua Palavra), porque há medidas de fé repartidas pelo próprio Espírito Santo, a cada um.
Importa contudo, que esta medida seja completada segundo a capacidade dada por Deus, respectivamente, a cada cristão.
Todas as experiências espirituais começam quando cremos no que Cristo consumou e terminam quando obedecemos ao que o Espírito Santo nos ordena fazer.
Ninguém terá uma vida espiritual se não crer em Deus, e depender dEle.
A pessoa deve crer que é Deus quem opera nela tanto o querer quanto o realizar, a fim de que consiga orar, meditar na Palavra, e testemunhar.
Crer vem em primeiro lugar, e, depois, o realizar.
O Reino do Céu deve ser alcançado pelo esforço, e os que se esforçam se apoderam dele (Mt 11.12).
Dia a dia, devemos desenvolver, com diligência, nossa própria salvação, o que não é impossível, pois Deus já operou em nós.
Uma vez que alcançamos este desenvolvimento, estaremos certamente capacitados para sermos usados pelo Senhor.
Se não tomarmos o jugo do Senhor não podemos segui-lO.
Deus pretende que estejamos dispostos a tomar sobre nós o Seu jugo, tanto nas pequenas coisas do dia-a-dia quanto nas grandes coisas da vida.
Muitos se queixam das pessoas que têm que suportar em seus relacionamentos, mas não conseguem enxergar que são jugos que o Senhor nos impõe para serem carregados.
É natural que se deseje abandonar estes fardos que Deus nos deu para carregarmos, mas se é a porção que Ele designou para nós, devemos nos submeter à circunstância, porque será o melhor para nós.
Alguns apresentam o pretexto que possuem um temperamento muito forte para poderem suportar injustiças ou situações desconfortáveis.
Todavia, isto nada tem a ver com temperamento, mas sim, com sujeitar-se à vontade do Senhor para obedecer a Sua Palavra.
Como isto demanda a negação do ego, então torna-se mais difícil para os que são de uma disposição iracunda, se submeterem ao mandamento.
Tomar a cruz significa tomar o jugo em cada situação particular.
Se tentarmos nos livrar de tudo o que nos parece um fardo, nunca acharemos descanso e paz para as nossas almas, porque estamos recusando o jugo do Senhor.
A razão pela qual os cristãos têm dificuldades em dar um bom testemunho é a resistência em tomar o jugo de Deus.
Eles desejam uma mudança no meio em que vivem, mas não percebem que o caráter cristão deve ser manifesto em tal ambiente.
A vida mais elevada que podemos ter é receber, com prazer, tudo aquilo de que não gostamos por natureza.
Deixei-me dizer que você terá pleno descanso se aceitar, com alegria, o jugo que Deus lhe der.
Este descanso depende da sua obediência, da sua atitude de negar-se a si próprio para carregar a cruz.
Por isso é preciso manter uma vida de permanente comunhão com Deus através da oração.
Para isto é preciso orar em todo tempo no Espírito, e vigiar para poder perseverar nesta vida de oração e súplica em favor da Igreja; porque Satanás tudo fará para que não tenhamos momentos regulares de oração, ou então para que não sejamos objetivos nos pedidos que fazemos a Deus.
“com toda a oração e súplica orando em todo tempo no Espírito e, para o mesmo fim, vigiando com toda a perseverança e súplica, por todos os santos,”  (Ef 6.18).
Evidentemente, o teor principal de nossas orações deve estar relacionado à nossa necessidade de transformação de caráter e disposição pessoal, e não propriamente a modificação do ambiente ao nosso redor, incluídas aí, as pessoas e circunstâncias que se opõem a nós.
O motivo pelo qual os cristãos de hoje não oram do modo correto é devido ao fato de que nunca têm examinado este assunto e mantido vigilância a fim de não permitir que o momento da oração passe despercebido e seja negligenciado.
Por isso os cristãos têm tempo para estudar a Bíblia, mas não encontram tempo para orar.
E é aí que Satanás prevalece.
Ele sabe que, se os cristãos não tiverem tempo para orar, eles não vão orar, e assim, o diabo não é limitado de nenhuma maneira, porque os cristãos não podem prevalecer com Deus, a não ser através de uma vida intensa de oração, que os mantenha permanentemente ligados ao céu.
Daí a ordem de que a oração seja perseverante e sem cessar.
Se faltar isto, não podemos contar em sermos usados por Deus, numa obra e ministério regulares que Ele tenha designado para serem realizados por nós.
Ele precisa de homens e mulheres que tenham sido, eles mesmos, crucificados, a fim de pregarem aos outros a cruz de Jesus.
O problema com a grande maioria dos cristãos, quanto a  serem achados incapazes de fazer uma verdadeira obra para Deus, apesar de ser grande o desejo deles de fazê-la, reside no fato de não terem sido ensinados e discipulados desde o princípio, no verdadeiro evangelho da cruz.
Eles são ensinados sobre várias passagens da Bíblia, de maneira generalizada, mas sem nenhuma instrução quanto ao que Deus espera objetivamente deles, pela identificação com a morte e ressurreição de Seu Filho.
Assim, a carne, o velho homem, são poupados, e até mesmo em alguns casos, lisonjeados, em vez de serem crucificados.
E alguém que não passou pela morte do eu, não pode pregar e viver no poder da ressurreição que é operada pela cruz.
E se a obra não é feita com o poder de Deus, tudo o que realizarmos terá sido em vão.
Ao pregar o evangelho, Paulo não usou palavras persuasivas de sabedoria, mas o poder de Deus, que se manifestava em sua própria vida (I Cor 2.1-5).





14 - Não Pelo Nosso Poder, mas Pelo do Espírito 

Em várias passagens das Escrituras Sagradas, Deus afirma expressamente que toda a obra espiritual genuína relativa à vida eterna celestial, em nós, é realizada pelo Espírito Santo, mediante a nossa fé em Jesus Cristo.
E isto opera por meio da nossa oração e leitura e prática da Palavra de Deus.
Mesmo nossas orações e prática da Palavra dependem inteiramente da ajuda do Espírito.
Sem Ele, é simplesmente impossível nos levantarmos de nossas fraquezas latentes referentes à nossa natureza pecaminosa, e aos ataques que sofremos dos espíritos das trevas.
Precisamos, mesmo em meio às nossas aflições e abatimentos, elevar nosso pensamento ao Senhor, em busca de socorro, clamando, ainda que seja com o coração, caso não tenhamos sequer força para expressá-lo com palavras com o abrir dos nossos lábios.
Das profundezas do nosso abismo espiritual, Deus nos ouvirá e nos fortalecerá para que possamos triunfar sobre todos os inimigos espirituais que procuram afundar a nossa alma no desespero e na incredulidade.
Se a bateria do nosso carro descarregar, pediremos auxílio a alguém para que nos ajude a empurrá-lo, para que o motor pegue, conforme se costuma dizer: “no tranco”.
De igual modo, se nossa bateria espiritual estiver descarregada ou descarregando muito rapidamente, devemos correr sem qualquer constrangimento em busca da ajuda de Jesus Cristo.
Ele nos empurrará adiante para que continuemos nossa caminhada de fé.  
As virtudes citadas em Gál 5.22, como sendo o fruto do Espírito Santo, são forjadas e produzidas em nós pelo Espírito porque elas são o seu fruto, isto é, o que resultará em nós por andarmos nEle.
Todo ato de fé, de amor, de longanimidade, e de tudo o que ali se nomeia, é por conseguinte do Espírito e não de nós mesmos.
 “Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade;” (Ef 5.9).
Toda a obediência e santidade que Deus requer de nós na Nova Aliança, todos os deveres e ações da graça, é prometido que serão forjados em nós pelo Espírito, de modo que estejamos seguros que de nós mesmos não poderemos fazer nada em relação a isto (Ez 36.27; Jer 32.39,40).
Nós servimos e adoramos a Deus no Espírito (Fp 3.3); amamos os irmãos no Espírito (Col 1.8); purificamos nossas almas obedecendo a verdade pelo Espírito (I Pe 1.22). Veja também Ef 1.17; At 9.31; Rom 5.5; 8.15, 23, 26; 14.17; 15.13,16; I Tes 1.6.

Estes, dentre muitos outros textos da Bíblia são suficientes para comprovar que o Espírito Santo, como o autor da nossa santificação, opera também em nós todos os atos piedosos de fé, amor e obediência.
E nós vemos assim quão contrárias são consequentemente à revelação da Bíblia as noções de alguns homens que afirmam que a santidade pode ser gerada pelos próprios cristãos, pelo bom uso da razão deles para não mentirem, não serem desonestos, não adulterarem e em resumo não praticarem nenhum pecado que possa se tornar público e visível.
Mas quem pensa assim está mentindo para si mesmo, sendo desonesto para com Deus e adulterando a Sua Palavra, porque não é este o caminho indicado por Ele para a santificação.
Porque santificação é muito mais do que comportamento aprovado pela sociedade, pois significa ter o coração guardado pela graça de Jesus, de modo que tenhamos permanente comunhão com Ele, com alegria, paz e gratidão, em toda e qualquer circunstância. 






15 - A Capacitação para o Ministério

"4 E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
5 Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,
6 O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica." (II Coríntios 3.4-6)

Toda a capacitação de qualquer cristão para o cumprimento do seu ministério espiritual vem da parte de Deus.
Porque é Ele quem habilita seus ministros a serem capazes para a obra do ministério do Novo Testamento, que não é uma mera exposição da letra das Escrituras, ou mera transmissão de palavras, como ocorria no Velho Testamento, mas a ministração do Espírito aos espíritos, porque somente a letra sem o Espírito, produz morte, porque não pode gerar a vida de Cristo nos corações.
Os sacerdotes do Antigo Testamento não foram capacitados e chamados a cumprir um tal ministério em todas as nações, mas é exatamente este o ministério desde que Cristo inaugurou um Novo Testamento (aliança), no Seu sangue.
Não foi Paulo que inventou a doutrina de que é o espírito que vivifica, mas isto foi uma revelação de nosso Senhor Jesus Cristo em seu ministério terreno:

“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.” (Jo 6.63)

Quando Jesus disse que as palavras que ele havia dito eram espírito e vida, isto significa que Suas palavras foram inspiradas e proferidas pelo Espírito, pois tudo quanto fazia e ensinava era mediante o Espírito Santo.
É fácil observarmos isto quando lemos os discursos que Ele proferiu e que foram registrados nos evangelhos. Nós logo vemos que há espírito e vida, por exemplo, nas palavras do Sermão do Monte, nos discursos do evangelho de João e em tudo mais que o Senhor fez e ensinou, não somente porque se trata da verdade, mas também porque foram proferidas pelo espírito e não pela carne.
Esta é a razão de muitos lerem a Bíblia no culto público, ou pregarem a verdade, e não transmitirem vida aos seus ouvintes, porque o fazem na carne, e não no espírito.
O que podemos entender então é que sempre que as palavras que são proferidas forem procedentes de um espírito liberado em comunhão com o Espírito Santo, o resultado será que a palavra transmitirá vida espiritual àqueles que as lerem ou ouvirem.
Por exemplo, os sermões de Spurgeon ainda falam com vida porque Ele andava no Espírito e pregava no Espírito, e ainda hoje nós podemos sentir o espírito e a vida que há nos seus sermões, porque foram pregados com palavras ensinadas pelo Espírito e com a unção do Espírito.
O mesmo pode ser dito dos escritos da quase totalidade dos puritanos, especialmente de John Owen, Richard Sibbes, Richard Baxter, Thomas Manton, Thomas Watson, dentre outros.
Não há nada de influência ressecante nestes escritos, ao contrário, eles transmitem vida espiritual  porque foram produzidos em espírito, pela inspiração do Espírito Santo, em pessoas cujos espíritos estavam santificados.
Então é um excelente critério para nortearmos a seleção dos louvores e dos sermões que ouvimos, dos livros e das mensagens que lemos, procurar identificar se é a carne ou o espírito que os produziram. Se foi a carne, gerará o que é carnal, natural, desta criação, porque o que é nascido da carne é carne. Mas se foi o espírito, gerará vida espiritual.      
Por isso se diz que o ministério da Igreja é o ministério do espírito (veja que é usado espírito com inicial minúscula no texto de II Cor 3.6,8):

“o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.” (II Cor 3.6).

“Como não será de maior glória o ministério do espírito?” (II Cor 3.8).

Devemos ter o cuidado de não cometer o mesmo pecado dos escribas e fariseus que não reconheceram o ministério do Messias e O rejeitaram, porque é possível estar totalmente alheio ao fato de que há um ministério do Espírito Santo acontecendo desde o Pentecostes ocorrido em Jerusalém, neste período que chamamos de dispensação da graça, que podemos também chamar de dispensação do Espírito Santo.
Havia e ainda há um véu no Antigo Testamento, que impedia que se visse claramente o significado das realidades espirituais relativas ao evangelho de Cristo, que está revelado no Velho Testamento em sombra, mas claramente revelado no Novo Testamento.

É somente quando o Espírito Santo remove este véu que podemos entender o mistério de Deus para o homem, que é Cristo, pela conversão de suas almas a Ele.






16 - O Trabalho Paciente na Lavoura de Deus

Deus constituiu apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres e os deu à igreja para que os santos fossem aperfeiçoados espiritualmente para o desempenho dos seus respectivos ministérios, de maneira que a Igreja seja edificada como o corpo de Cristo, como se afirma em Ef 4.11,12.
Não foi portanto a Igreja que foi dada aos ministérios, mas estes que foram dados por Cristo à igreja, para que a sirvam, de maneira que todos, estando vinculados em amor, cheguem à unidade da fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus, por atingirem o amadurecimento espiritual, que é segundo a medida da estatura da plenitude de Cristo, ou seja, que tem em Cristo o seu modelo e exemplo até o ponto em que deve crescer, e não no homem, como lemos em Ef 4.13.
É somente quando se atinge este amadurecimento espiritual que se deixa de ser menino na fé, bebê em Cristo, cristão carnal, transformando-se em cristão espiritual, que tudo discerne e de ninguém é discernido, senão pelos que são também espirituais.
Quando se atinge a maturidade espiritual o cristão se torna uma coluna na casa de Deus, que é a Igreja (não nos referimos a templos, mas ao corpo de crentes), porque já não poderá ser desviado da sua firmeza de fé por qualquer vento de falsa doutrina, engendrada pela astúcia e fraudulência dos homens, que maquinam o erro; ao contrário eles crescem mais e mais em tudo, seguindo a verdade em amor, nAquele que é a cabeça da Igreja, a saber, Cristo.
Fora de Cristo, da comunhão com Ele, não é possível haver tal crescimento harmonioso de todos os membros da Igreja.
Por isso eles necessitam permanecer nEle para que seja operada esta justa cooperação de cada membro do Seu corpo, para que seja efetuado este crescimento para a edificação da Igreja em amor.
É isto que distingue congregações de congregações, porque ainda que sejam formadas por verdadeiros filhos de Deus, há de se ver crescimento espiritual naquelas em que os cristãos estejam perseverando na obediência à doutrina dos apóstolos, e para tanto, se requer que esta seja devidamente pregada e ensinada.
Onde não houver tal pregação e ensino, que devem ser segundo a sã doutrina, jamais se poderá esperar que em algum tempo a congregação chegue a um amadurecimento por parte da quase totalidade dos seus membros.
Contudo, onde houver tal pregação e ensino, é razoável que se espere o referido amadurecimento, e ainda que alguns membros cheguem a ele tardiamente, terão implantadas neles as palavras de vida eterna que germinarão no tempo próprio conforme a operação do Espírito de Deus.
Mas como o Espírito fará germinar uma semente que não foi plantada pela pregação e ensino da verdade?
Daí ser requerida paciência dos ministros do evangelho enquanto aguardam pelo fruto do seu trabalho, que será certamente honrado pelo Senhor (Tg 5.7-11).





17 - Porque Amar é Servir

Não é possível ter uma vida de comunhão com Deus e uns com os outros, enquanto se vive debaixo do governo dos desejos e paixões da alma, os quais são vencidos somente pela crucificação da carne por um andar no Espírito, como se vê em Gál 5.24,25.
Sem a crucificação da carne para a supressão destes desejos e paixões não é possível um viver e andar no Espírito, e por conseguinte ter paz na alma e comunhão com Cristo e o amor que suporta ofensas e tribulações.
E quando isto nos falta ficamos incapacitados de servir a Deus e ao próximo, porque a vida piedosa tem muitos inimigos e sofre muitos ataques do poderes das trevas, e portanto, sem o amor que tudo vence, não será possível estarmos livres de mágoas e ressentimentos quando somos ofendidos e afligidos.
Satanás a ninguém jamais serviu, ao contrário, sempre impõe ser servido por todos os que tem escravizado com ódio cruel e tirânico.
Satanás é uma mera criatura caída, e ainda assim governa sobre muitos cujo caráter não é tão baixo e sujo quanto o dele.
Nosso Senhor Jesus Cristo, ao contrário, sendo Deus, se fez homem por amor à humanidade, e nos revelou qual é o caráter de amor de Deus, sendo achado na forma de servo, e afirmando que não veio a este mundo para ser servido, mas para servir, e dar a Sua vida para resgate de muitos.
Quem ama como Cristo ama, terá então esta característica de não viver para ser servido, mas para servir ao seu próximo, porque é assim que é o verdadeiro amor - não busca o que seja do seu interesse, mas o de muitos.
Tendo sido criados à imagem e semelhança de Deus, devemos ser assim como Ele é em Sua natureza. Devemos amar com o mesmo amor com o qual Ele nos ama.
Deus não precisa ser servido porque é completo em todas as perfeições eternas e infinitas. O serviço que Lhe prestamos é para o nosso próprio bem e do nosso próximo.
Ele morreu na cruz como um sacrifício, não somente para que fôssemos justificados dos nossos pecados, mas para que pudéssemos viver a vida eterna nos alimentando da Sua própria vida.
Ele disse que a Sua carne é verdadeira comida, e que o Seu sangue é verdadeira bebida. Ele disse que é o Pão vivo que desceu do céu e dá vida a todo aquele que dele se alimenta.
Por isso, havia em no Velho Testamento, um tipo desta verdade, porque era ordenado aos que participavam dos sacrifícios de animais oferecidos no templo, que consumissem juntamente com os sacerdotes a carne daqueles animais que haviam morrido para que eles tivessem seus pecados perdoados e a manutenção de suas vidas, pela figura de se alimentarem da carne do próprio sacrifício.
Tudo aquilo apontava para o único e eterno sacrifício pelo qual somos perdoados e somos alimentados com a vida eterna de Jesus, que é o alimento do nosso espírito, e sem o qual Ele não se pode ter e se expressar esta vida divina de amor, paz, longanimidade, bondade, fé, perdão, misericórdia, que se acham em Cristo e que são comunicadas a nós quando andamos em comunhão com Ele.








18 - Salvação pela Graça e as Boas Obras

Por Charles Haddon Spurgeon (adaptado)

“Não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feituras dele, criados em Cristo Jesus, para boas obras, as quais Deus de antemão ordenou para que andássemos nelas.”  (Ef 2.9,10).

Eu chamarei sua atenção à vizinhança próxima destas duas frases, "não de obras," e "criados em Cristo Jesus para boas obras". O texto soa com um som singular; porque isto parece estranho ao ouvido que as boas obras sejam negadas como a causa da salvação, e depois, se fale delas como sendo a grande finalidade da salvação. Você pode enquadrar isto no que os Puritanos chamavam de “Paradoxos Ortodoxos”, embora isto seja um assunto muito difícil para merecer o nome.
 Não muito tempo atrás, eu tentei lidar com o ponto da suposta diferença existente entre a doutrina da fé – “crê e serás salvo” e a doutrina do novo nascimento e de sua necessidade - "Vocês devem nascer de novo”.  Meu método estava baseado nisto: Eu não expliquei as dificuldades que aparecem ao lógico e ao doutor da metafísica; mas eu tentei demonstrar que, praticamente, não havia nenhuma dificuldade. Se nós tratarmos somente das dificuldades que obstruem o caminho da salvação, não há nenhuma. Para estes dois assuntos não há qualquer obstáculo real, eu os deixei onde devem estar. Uma pedra que não está no caminho de ninguém deve permanecer onde está. Quem crê em Jesus é nascido de novo. Estas duas coisas são igualmente verdadeiras: deve haver um trabalho do Espírito no nosso interior, contudo todo o que creu no Senhor Jesus já possui a vida eterna.
 Agora, há uma contenda que sempre se apresenta sobre a doutrina das boas obras: e em vez de tratar de um lado ou de outro, nós tentaremos ver se há realmente qualquer coisa para ser discutida além do que encontramos nas Escrituras. Nós insistimos nisto, com toda a nossa força, que a salvação é "não de obras, para que ninguém se glorie.". Mas, por outro lado, nós admitimos livremente, e sinceramente ensinamos que "sem santidade ninguém verá o Senhor.".
Onde não há nenhuma boa obra, não há nenhuma habitação do Espírito de Deus. A fé que não produz  boas obras não é a fé que salva: não é a fé dos eleitos de Deus: não é fé em sentido Escritural. Eu tenho tomado estes dois pontos, para apresentá-los como ajuda e conforto aos novos convertidos. Eu não estou procurando instruir você que já é bem instruído; mas meu alvo neste momento é instruir os novos neste assunto importante. A salvação não é por obras; mas, ao mesmo tempo, nós somos os sujeitos da graça divina, "somos criados em Cristo Jesus, para boas obras.". Isto é importante para iluminar o crente; mas bebês na graça têm a visão fraca, e não podem observar tudo imediatamente.
 Antes, pela graciosa providência de Deus, Lutero tinha se levantado para pregar a doutrina da justificação pela fé, a noção comum entre as pessoas religiosas era, que os homens devem ser salvos por obras; e o resultado foi que, nada sabendo da raiz da qual a virtude procede, muito poucas pessoas tiveram algumas boas obras afinal. A religião estava tão declinada que se transformou num mero assunto cerimonial vazio, ou de  inútil abstinência; e, além disso, de ocultamento supersticioso da verdade original do evangelho, tanto que dificilmente poderia ser achada em tudo que era ensinado. O reino da justiça própria e do estratagema sacerdotal não conduziram a nenhum bom resultado as  massas de pessoas religiosas. As indulgências e o perdão dos pecados foram vendidos nas ruas, e eram vendidos publicamente. Os ecos de sua voz viril soaram através dos séculos. Eu percebo que quase todos os sermões Protestantes, muito tempo depois de Lutero, trataram da justificação pela fé; e, seja o que for que os textos possam ser, eles de alguma forma ou outra foram  trazidos nesse contexto de uma igreja caída ou que se encontra de pé. Eles raramente concluiam um sermão sem declarar que a salvação não é por obras, mas pela fé em Jesus Cristo. Eu não os censuro nem por um momento; ao contrário, eu os elogio – é melhor ser exagerado do que moderado quanto à doutrina central do evangelho. Os tempos reclamam que esse ponto seja apresentado claramente a todas as pessoas; e os pregadores da Reforma o fizeram claramente. A justificação pela fé era o prego que teria que ser levado para casa e pregado; e todos os seus martelos foram dirigidos para esse prego. Não estavam nada interessados assim tão especificamente quanto às demais doutrinas quanto estavam em relação a esta; mas, então isto era um fundamento sobre a rocha, e eles estavam ocupados em colocá-lo, e colocaram-no, e a fundo, e para sempre.
Ainda, eles teriam completado mais perfeitamente o círculo da verdade revelada se a santificação tivesse também sido explicada tão completa e  claramente quanto a justificação. Isto teria sido também se as pernas do evangelho da Reforma tivessem sido iguais, porque uma estava um pouco mais longa e um pouco mais forte do que a outra, e conseqüentemente estava manco – parecido com o vitorioso Israel, que tinha vindo ao Jaboque – mas estava manco. Nós temos passado além do estágio da ênfase exagerada na doutrina cardinal, e eu temo grandemente que nos nossos dias nós não estejamos pregando o  bastante sobre a justificação pela fé. Eu poderia desejar que os tempos luteranos voltassem outra vez, e que o velhos trovões de Wittenberg pudessem ser ouvidos uma vez mais; no entanto eu estarei contente se tudo que é prático no evangelho tiver também sua completa esfera  distribuída com isto. A justiça imputada, por todos os meios; mas deixe-nos ouvir também da justiça transmitida e dada; porque ambos são dons preciosos da graça. Os deveres – deixem-me dizer mais, os altos e santos privilégios – que temos como filhos e servos de Deus – estes deveriam ser mantidos e totalmente pregados, como cada um dos lados da verdade abençoadora;
“Há vida em olhar somente para o Crucificado: há vida neste momento para você.”.
 Eu discorrerei agora sobre o primeiro ponto do texto, que é este, "não de obras," ou o caminho da salvação. "Não de obras" é a descrição negativa, mas dentro do negativo encontra-se muito claramente o positivo. O caminho da salvação é por algo diferente de nossos próprios trabalhos (obras). Em segundo lugar, eu falarei sobre a caminhada da salvação. Nós que fomos salvos caminhamos em santidade; porque nós fomos “criados em Cristo Jesus, para boas obras, que Deus de antemão ordenou para que andássemos nelas.”. Isto é um decreto da soberania do Senhor que ele escolheu para ser caminhado pelos que andariam em santidade.
I. Primeiramente, então, O CAMINHO DA SALVAÇÃO é negativamente descrito como "não de obras". Para muitos isto é uma exceção; mas nós não precisamos ajudá-los quanto a isto, pois as Escrituras são suficientemente claras. Nos é dito que não devemos, em nenhuma ocasião, permitir que as pessoas cantem:
"Pecador, nada faça, seja grande ou pequeno,
Jesus já o fez, fez tudo, há muito tempo atrás.”
A grande exceção tem sido tomada dessa expressão; mas eu creio que, se a mesma verdade tivesse sido expressada com quaisquer outras palavras, a mesma objeção teria sido levantada, porque é a verdade que é objetada, mais do que as palavras em que é apresentada. Meu próprio texto seria, para tais pessoas, muito objectável -"Não de obras". Eles estão prontos para cercar a Paulo por ter falado dessa forma evangélica. Odeiam toda a doutrina da salvação como um dom (pela graça), e não no menor grau a doutrina do mérito pessoal – a doutrina que nós amamos. Nós pregamos a salvação "não de obras"; nós repetimos o ensino repetidas vezes, e pretendemos repeti-lo continuamente, até que morramos. A salvação é pela misericórdia do Senhor, e não pelas obras da lei.
 Se nós pregássemos que a salvação é por obras, nós agradaríamos muitas pessoas refinadas; mas como nós  não sabemos se seria afinal para o seu benefício o que lhes agradasse, nós não pentearemos um só fio de cabelo de nossa cabeça de modo diferente daquele em que crescem, somente para agradá-los; muito menos voltaremos atrás, ou faremos uma explanação afastada da verdade fundamental do evangelho de Jesus Cristo; e isto por variadas razões.
Se nós pregássemos aos pecadores, mortos em suas transgressões e pecados, que a salvação seria por seus próprios trabalhos, nós deveríamos deixar de lado (abandonar) a salvação pela graça. Não pode haver duas maneiras de salvação para a mesma pessoa. Se nós admitimos uma, nós negamos praticamente a outra. Isto não pode ser questionado, que um homem culpado, é salvo de tudo, e deve ser salvo através da misericórdia de Deus. Isto também não pode ser negado, que nosso Salvador e seus apóstolos ensinaram que nós somos salvos pela fé. O homem deve estar com seus olhos fechados se ele não vê isto para ser o seu ensino.  Se, então, eu ensinar aos homens que eles podem ser salvos por suas obras, eu tenho lhes  dito praticamente que a salvação pela graça é um mito, um erro, um erro malígno. Eu tenho deixado isto de lado; porque, como eu disse antes, não pode haver dois caminhos para o céu: não pode haver mais de um. Se eu apresentasse o caminho das obras, eu fecharia o caminho da graça. Se a salvação é por mérito, não é por misericórdia. Mas se não houver nenhuma salvação dos homens pela exclusiva misericórdia de Deus, quão infelizes somos  nós! Negar a graça é realmente negar a esperança. Onde, então, haveria algum evangelho, ou notícias alegres, ou boas novas ? A maneira da salvação por obras não é "boa nova". É a antiga maneira do planejamento humano, que é o geral e bem conhecido erro de todas as gerações. Além disso, não é " boa nova (notícia)," ou notícia alegre; porque não há nada de  bom ou alegre nisto. Que nós seremos recompensados pelos nossos trabalhos, não é nada mais do que o ensino pagão. A justificação por desempenho religioso, e as ações meritórias, não é melhor do que o antigo farisaismo com o nome de cristianismo. Isto não é digno da revelação pelo Espírito de Deus, porque isto é para ser visto pela luz da própria vela do homem. Esta doutrina faz o Senhor Jesus Cristo ser praticamente ninguém; porque se a salvação é pelas obras, então o caminho da salvação através da fé num Salvador é supérfluo, e mesmo malígno, porque estaria fundamentado numa mentira.
Pregar o caminho da salvação pelas obras é também propor aos homens um caminho no qual eles já falharam. Se você deve ser salvo por obras, você deve começar muito cedo: você deve começar antes de você pecar, desde que um único pecado decide o assunto. Mas você já começou a quebrar a lei de Deus. Eu não  estou me dirigindo às pessoas que têm ainda que  começar a andar no caminho, porque já começaram. Você está num bom caminho da estrada, de um modo ou de outro; e desde que você começou no caminho das obras, quantas falhas você já não tem cometido! Há qualquer um aqui quem pode reivindicar que já está salvo por suas obras, por mais longe que já tenha ido ? Há qualquer um entre vocês que não tem pecado ? Observem suas vidas; examinem suas consciências; observem suas palavras, seus pensamentos, suas imaginações, suas motivações; porque tudo isto é levado em conta. Há um homem aqui que somente faça o bem e que não peque ? A Escritura declara que “não há quem faça o bem, nem um sequer”. "Todos nós somos como ovelhas que se extraviaram, cada qual no seu próprio caminho”. O caminho da salvação não pode, conseqüentemente, ser por seguirmos numa estrada que nós já temos constantemente abandonado tão cheios de pecados. Se você fosse perfeito como Adão era antes do pecado, você poderia seguir o caminho das obras, e ser salvo. Mas você não está nesta condição. Se eu pudesse ser enviado a Adão e a Eva juntamente antes da queda, eu poderia propor-lhes o caminho da salvação pela obediência à lei; mas você tem falhado, e sua natureza está inclinada a abandonar o reto caminho.
As vestes que você traja revelam que você tem descoberto a sua vergonha.  Os trabalhos quotidianos que o fatigam provam que você não está no paraíso. A verdadeira pregação do evangelho implica que você está num mundo cheio de pecado. Você não está possuído de vontade incorruptível, ou inclinado ao que é bom: você tem escolhido o mal, e ainda continua a escolhê-lo; e conseqüentemente eu somente posso lhe propor uma estrada na qual você já tropeçou, e eu estaria lhe dando uma tarefa que você já tem estragado.
E, em seguida, eu penso que isto será admitido por todos, que o caminho da salvação pelas boas obras seria por si mesmo evidentemente inadequado para um número considerável. Eu exporei o fato. Eu estou sendo enviado para atender uma emergência, ao cair da noite. Um homem está morrendo. Eu chego junto ao seu leito de morte, como solicitado. Ele está consciente, mas evidentemente em agonia mortal. Ele tinha vivido uma vida ímpia, e ele está a ponto de morrer. Eu pedi à sua esposa e amigos que lhe falassem uma palavra que lhe pudesse abençoar. Eu lhe diria que ele pode ser salvo por boas obras ? Onde está o tempo para boas obras ? Onde está a possibilidade de praticá-las ?  Quando quase começo a lhe falar, sua vida está lutando para abandoná-lo. Ele me olha na agonia da sua alma, e gagueja, “O que eu devo fazer para ser salvo ?”. Eu deveria lhe apresentar a lei moral ? Eu deveria lhe expor os dez mandamentos, e pedir-lhe que ele os guardasse ? Ele balançaria sua cabeça dizendo, “eu os tenho quebrado, e eu sou condenado por todos eles.”. Se a salvação é por obras, o que mais eu tenho a dizer ? Isto não tem qualquer utilidade aqui. Que posso eu dizer ? O homem está perdido totalmente. Não há nenhum remédio para ele. Como posso eu lhe dizer o dogma cruel "do pensamento moderno" que seu próprio caráter pessoal é tudo ? Como posso eu lhe dizer que não há nenhum valor na fé, nenhuma ajuda para a alma em olhar para outro – mesmo para Jesus, o Substituto ? Não há nenhum sussurro da esperança para um homem morrendo na dura  doutrina da salvação pelas obras.
Se a salvação tem sido pelas obras, nosso Senhor não deveria ter dito ao ladrão morrendo na cruz ao seu lado, “Hoje estarás comigo no paraíso.”. Aquele homem não poderia fazer qualquer trabalho, suas mãos e seus pés estavam presos na cruz, e ele estava na agonia da morte. Não, isto deve ser de graça, totalmente conquistado pela graça; e o modus operandi deve ser pela fé, ou de outro modo o evangelho para os homens que estão morrendo é uma gozação. O homem deve olhar, e viver. O pecador expirando deve confiar no Salvador que expirou. Como a vida declina, o penitente deve encontrar a vida na morte de Jesus. Não está revelado que o evangelho de obras é inadequado em situações como estas ? Agora, o evangelho que é inadequado para alguns não é o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Sim, eu o explicarei claramente. Um evangelho que não pode servir a todos não pode servir a ninguém; e se ele serve a alguma classe e condição, real e verdadeiramente, ele deve atender a todas as classes. Eu penso que lhes tenho falado em certa ocasião, que eu recebi uma carta que intentava irritar-me, de alguém particularmente eminente, um cavalheiro da aristocracia, que dizia que tinha lido alguns dos meus sermões quando estava fora na costa da África, e ele descobriu que determinados negros haviam muito se deleitado com eles. Ele escreveu para informar-me que eu era um pregador muito competente para os negros. Eu recebi a afirmação como um alto elogio. Eu sentia que se eu podia pregar aos negros, eu poderia pregar a qualquer um; e que, se o evangelho que eu pregava era apropriado para os nativos da costa da África ele certamente serviria às pessoas de Londres; se aqueles que estavam longe puderam compreendê-lo, você, que está próximo, poderia também compreendê-lo. O evangelho não foi enviado ao mundo para ser um remédio exclusivo que somente poderia  ser comprado pelos ricos, ou uma linguagem que somente poderia ser expressada pelos estudantes de latim. Este é um evangelho para todas as categorias e condições de homens; e eu provo que se você chama o evangelho de inadequado para os que estão morrendo, ou que é inadequado para os ignorantes, este não é o evangelho de Jesus Cristo. O evangelho da salvação pela graça, mediante a fé, é adequado para cada classe de pessoas que nós temos que tratar.
O pecado tem atado com correntes de ferro muitas pessoas, e o evangelho pode libertá-los. Seja do hábito da bebida, da profanação, ou do que seja, o hábito os prende seguramente; e o profeta diz, relativamente ao hábito,  "pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas ? então podem vocês  também fazer o que é bom, estando acostumados a fazer o mal.". Para que propósito então, eu grito ao leopardo, "mude suas manchas," ou ao etíope, "mude sua pele"? Eu devo trazer uma força superior sobre o leopardo ou o etíope, antes disto poder ser realizado; e não há nenhuma força na mera exortação. Você pode exortar um homem cego a ver, mas ele não verá. Você pode exortar um homem morto para retornar à vida; mas não viverá somente com a sua exortação. Algo mais é requerido. As forças do depravação natural, e os hábitos adquiridos do pecado em muitos casos – e eu penso que você concordará com isto – colocarão a doutrina da salvação pelas obras fora da corte; e se é colocada  fora para uns, será colocada fora para todos; porque só pode haver um evangelho. Vá com suas convicções assentadas; vá através de suas cadeias; e apenas veja o que você pode fazer com a doutrina da salvação pelas boas obras. Você virá para casa desapontado. Mas vá lá e fale da livre graça e da morte de Jesus por amor, e o perdão que foi comprado pelo sangue, e os olhos se encherão com lágrimas, confissões do pecado, e choros pelo perdão, lhe mostrarão que você não tem falado em vão.
Além disso, queridos amigos, se nós formos e pregarmos aos homens a salvação pelas obras, nós estamos pregando a eles um caminho de salvação de todo impossível por causa da perfeição que é exigida pela lei. Quais são os bons trabalhos que podem merecer o céu ? Quais são os bons trabalhos que podem assegurar a vida eterna ? Estes não são as coisas fáceis que alguns parecem imaginar. Devem ser perfeitamente puros, contínuos, e imaculados. "A lei do senhor é perfeita.". Ela condena um pensamento, e mesmo um olhar de relance, como um ato de criminalidade. "Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela.”. A lei de Deus em dez mandamentos significa que muito mais do que as palavras reveladas implicaria: ela trata com toda a extensão da escala moral, motivos e pensamentos.  Não pense que sua aplicação inclui somente atos externos: inclui os externos, mas, também a intenção, os dez mandamentos são espirituais, eles vão direto ao coração, e procuram as partes internas do espírito. Quanto mais um homem compreende a lei, mais ele se sente condenado por ela, e menos ele acalentará o pensamento de que ele, como ele é, será capaz de guardá-la intacta para sempre. Com mãos sujas como as nossas, como podemos  fazer o trabalho limpo? Com os corações tão corrompidos, como podemos  ser "incorruptíveis no caminho"? A natureza não se levanta  mais alto do que sua fonte, e aquilo que sai do coração não será  melhor do que o coração, e aquilo que sai é "enganador mais do que todas as coisas e desesperadamente corrupto.".
A lei de Deus é una; e se você a quebra em algum ponto, você a quebra completamente. Se, em uma corrente de cem elos, noventa e nove forem perfeitos; contudo se uma única ligação, em qualquer lugar na corrente, for demasiado fraca para o peso que ela sustenta, a carga cairá à terra completamente. Uma ruptura da lei perfeita de Deus envolve transgressão contra toda ela. A salvação por obras deve ser absolutamente perfeita, continuamente perfeita obediência, no pensamento,  na palavra, e na ação; e essa obediência deve ser realizada alegremente, e vinda do fundo do coração, porque este é o sentido do primeiro mandamento – “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma, e com toda a tua força.”. Você pode guardar isto perfeitamente ? Homem vanglorioso, você pode com sua força moral atender exigência tão grande, e ser assim tão justo ? Você tem provado a si mesmo à altura da tarefa ? Aqui está a ordenança do segundo mandamento. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”. Você tem sempre tentado fazer isto – amar seu vizinho como ama a si mesmo ? Você tem sido um pouco gentil e algumas vezes generoso, mas o padrão aceitável é que você ame seus vizinhos como a si mesmo – você tem sempre cumprido isto ? Tem sua caridade sido igual ao seu amor próprio ? Eu não creio que isto tenha sido sempre cumprido pela metade. Agora, "as coisas que a lei diz, ela o diz para os que estão sob a lei” e se é dito tudo isso a você, e você não pode responder a tais exigências, como pode esperar que viverá por meio disto ? Quando o homem falha em guardar a lei, ela o condena; e o pune – em outra palavras, o amaldiçoa – faz recair sobre ele justamente a sua dívida. Quem está sob a lei está sob maldição. Tudo o que a lei tem a dizer a você é – “tens me quebrado; e deves morrer por causa disto”. Leia as maldições escritas no livro de Deuteronômio, e lembre que todas estas estão pronunciadas sobre sua cabeça.
"olhe as chamas que Moisés viu, e encolha-se, trema e se desespere."
Se nós pregamos a salvação pelas obras, nós levaremos as mentes dos homens para longe do senso da sua grande necessidade. Aqui está  uma pessoa que tem uma doença terrível. Ele pode ser curado. O bisturi deve ser usado; mas se, eu renunciar às regras da limpeza e da higiene geral, eu posso fazer-lhe alguma sorte de bem; mas entrementes ele negligenciará o mal principal, e sua doença se espalhará, e tornar-se-á fatal. O que eu deveria fazer, se eu for um cirurgião ? Não devo imprimir-lhe, primeiro, a convicção de que uma operação séria é requerida, e que deve ser submetido a ela ? Todo o restante será ajustado o suficiente, e mesmo necessário, no tempo devido; mas eu não devo  fazer nada que afaste sua mente do grande mal que está destruindo sua vida. Ao pecador deve ser dito que ele deve nascer de novo, que sua natureza é corrupta, que tal natureza corrompida deve ser destruída, que a nova natureza deve ser criada nele: para isto sua mente deve ser renovada. Ele deve ser feito “uma nova criatura” em Cristo Jesus; e se eu o mover à ação eterna, com vistas à sua salvação por meio disto, eu estarei levando seus pensamentos para longe do interior do mal do pecado, que é a real essência do assunto. Oh, senhores,  se vocês têm cometido uma ofensa contra o governo do seu país, e se forem achados culpados, e condenados à morte, minha primeira ação em seu favor seria pedir perdão para vocês ao rei. Eu posso entrar na sua cela e dizer que eu lhe vestiria com trajes finos; lhe recomendaria ler tais e tais livros, ou aprender determinada ciência; e tudo isto pode ser muito bom, mas a primeira coisa que você necessita é ter a sentença de morte anulada.
Eu exortarei vocês, meus caros ouvintes, a fazer tudo o que é honesto, e correto, e bom; mas há algo mais necessário do que isto. Vocês necessitam ser limpos de seus pecados pelo precioso sangue de Cristo. Vocês necessitam ser renovados em seus corações pelo Espírito Santo, e vocês devem voltar seus pensamentos para estas coisas.  Vocês primeiramente necessitam sobretudo do Senhor Jesus. Olhem para Ele, eu lhes peço. Eu não ouso exortá-los para este ou aquele trabalho,  a fim de que eu não distraia suas mentes da necessidade que vocês têm de Cristo.
 A pregação da justificação legal não tem nenhum poder sobre os homens. As congregações assim instruídas são geralmente descuidadas, mundanas, e devotadas às diversões carnais. Aqueles que  ouvem sobre trabalhos sentem como se eles agora tivessem feito o bastante, e que não necessitariam praticá-los. Não há nada em tal doutrina para despertar a ansiedade, ou mover o desejo, ou agitar as profundezas da alma. Não tem nada divino nela, nada sobrenatural, nada que possa realmente levantar o caído, encorajar o fraco, ou inspirar os santos. Sem unção, vida, ou fogo, um ministério legal é uma mera mísera canção de lamento de homens, ou o assentamento de um curso de ações vivas para encher túmulos com cadáveres.
Este ponto nós conhecemos de fato, e conseqüentemente  não repetiremos a experiência.
Eu estou receoso que, se nós começarmos a pregar a salvação pelas obras, nós encorajaremos o orgulho em alguns, e criaremos o desespero em outros. Muitos pensariam que eles tinham agido muito bem, comparando-se com outras pessoas; e estariam, por conseguinte, embalando a si mesmos numa esperança falsa. Mas, outros, sabendo que eles não tinham agido bem, ao se compararem com outras pessoas, pensariam que não haveria esperança para eles, e assim entrariam em desespero. Para qual finalidade prática isto poderia servir – para tornar alguns mais orgulhosos, e outros mais enfraquecidos, através da influência do desespero sobre eles ?
Mas o fato verdadeiramente mau é, que isto os afastaria de Jesus. Nosso assunto, meus irmãos, é o de manter Jesus elevado, como convém. Para que finalidade ele morreu, se os homens poderiam ser salvos pelos seus próprios trabalhos ? Seria supérfluo que ele fosse pregado na cruz se nossos próprios méritos podem abrir o caminho da salvação. Como poderia o grande Deus permitir e mesmo ordenar uma tal morte se nós poderíamos ser salvos pelos nossos próprios méritos ? Por que aquele derramar de sangue ? Por que aqueles pregos nas mãos e nos pés ? Por que aquele, “Eli, Eli, lama sabachthani ?” se por vocês mesmos podem ser salvos ?  Mas não é assim. Você não pode ser salvo por  seus próprios esforços, e por conseguinte nós temos que  vir a você, apontando-lhe somente esta única coisa – que você deve ser salvo pela fé nEle a quem Deus tem proposto como propiciação pelo pecado. Você necessita do amor de Deus; você necessita do poder do Espírito Santo; você necessita ser ressuscitado em novidade de vida; você necessita ser ajudado na sua corrida nos caminhos da justiça: numa palavra, você necessita de tudo até que você venha a Cristo, e tudo o que você deseja você achará nele, e nele somente.
No interior de vocês mesmos nada há do que vocês precisam. Vocês podem procurar, e olhar, e retornar ao estrume de suas naturezas de novo e de novo, mas vocês nunca acharão a jóia da salvação lá. Esta pérola de grande valor está no Senhor Jesus que assumiu a natureza humana, e viveu, amou e morreu, e ressurgiu dos mortos, somente ele pode redimir os homens da queda e do pecado conseqüente disto. Oh, que vocês venham a olhar para longe de si mesmos de uma vez para sempre! Deus proíbe que o pregador sempre apresente algo a mais diante de vocês exceto o Salvador crucificado, como Moisés levantou a serpente no deserto, convidando os homens a olharem e viverem.
Falar aos incrédulos sobre a possibilidade da salvação pelas suas próprias obras os manteria afastados da vida eterna. Tudo o que a vida natural pode fazer nunca será suficiente para produzir a natureza mais elevada. Deixe o natural esforçar-se o mais que possa, e isto nunca o conduzirá ao que é espiritual. O melhor trabalho de um cavalo não pode transformá-lo num homem: o melhor incrédulo não pode por si mesmo transformar-se num regenerado. Deve haver um novo nascimento; e que vem pela fé, e não por obras. Crer em Jesus é entrar pela porta da nova vida, e não há outra porta. Se nós, de alguma maneira, induzirmos você a procurar por um outro caminho, nós faremos com que você perca a única entrada, e isto fará com que você perca a sua alma eternamente. Como nós tememos isto, mais e mais estamos decididos a manter levantada a cruz, e a cruz somente, e repetidas vezes nós clamamos, “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo.”. Deus proíbe que, por nossas explanações da virtude, ou “do entusiasmo da humanidade”, nós venhamos a distrair você do Senhor Jesus, que pode dar-lhe descanso, vida e santidade ! Nós desejamos que você traga todos os seus pensamentos, todos eles, ao Calvário, à maravilhosa Pessoa, cujas feridas na cruz curam as feridas do pecado, e cuja morte é para os crentes a morte do grande poder do mal que uma vez os manteve aprisionados no cativeiro.
 II. Mas agora nós vamos à segunda parte também importante do assunto, a saber, A CAMINHADA DA SALVAÇÃO. Aqueles que têm crido em Cristo, e têm sido os sujeitos do trabalho do Espírito, são agora “criados em Cristo Jesus, para boas obras, as quais Deus de antemão ordenou para que andássemos nelas.”. Deus deseja que seu povo abunde em boas obras. É seu grande objetivo produzir um povo que tenha comunhão com Ele: um povo santo, com quem ele possa ter companhia agora e na eternidade. Ele deseja que nós não somente produzamos boas obras, mas que abundemos nelas; e para abundar na mais alta espécie delas. Ele intenta transformar-nos em seus imitadores como filhos amados, possuindo os mesmos atributos morais como o Pai os possui no céu. Isto não está escrito: “sede perfeitos assim como perfeito é o vosso Pai que está nos céus” ?
Observe no texto, primeiro, que há uma nova criação. Um dos poetas disse “um homem honesto é o trabalho  mais nobre de Deus.”. Isso não é verdadeiro, a menos que nós possamos colocar depois da palavra “honesto” um sentido enfático espiritual. O crente, entretanto, é o trabalho mais nobre de Deus. É o produto da segunda criação. Na primeira  o homem caiu, e estragou o trabalho do seu Criador; mas, na nova criação, Aquele que fez todas as coisas faz-nos de novo. Agora, o objetivo da nova criação de nossa raça é a santidade até a glória de Deus Você não é feito nova criatura na imagem do caído Adão, mas na semelhança do segundo Adão.
Você não é nova criatura para pecar - isto não pode ser imaginado. A nova criatura não vive pecando porque é nascida de Deus. A nova vida é a viva e incorruptível semente, que vive e obedece para sempre.  A antiga natureza peca, e sempre pecará; mas a nova vida é de Deus, e luta diariamente contra o pecado da velha natureza, e persevera, e dirige-se para tudo o que é santo, reto e perfeito. Ela busca instintivamente a perfeita santidade. A antiga natureza não tem prazer em orar; mas a nova natureza ora com prazer. A velha natureza murmura, mas a nova natureza canta louvores a Deus com o impulso que vem do seu interior. A velha natureza segue após a carne, porque é carnal; mas a nova natureza procura as coisas do Espírito, porque é espiritual. Se você tiver nascido de novo, você terá nascido dentro da santidade. Se você foi feito nova criatura, você foi criado dentro das boas obras. Se isto não ocorreu conosco nossa religião é uma mera pretensão.
Esta nova criação é em ligação com Cristo, porque  nós lemos no texto, "criados em Cristo Jesus.".  Nós somos os ramos; Ele é a Videira na qual nós crescemos. Sua vida, e toda sua produção de frutos repousa na  união a Cristo. Você não é meramente nova criação, mas você é criado em Cristo Jesus. Isto não é meramente uma mudança de uma natureza mais baixa a uma mais elevada, mas da separação de Cristo à união com ele. Que coisa maravilhosa que é - que você e eu não sejamos somente criaturas no mundo, mas novas criaturas em Cristo Jesus ! Nós formos criados no primeiro Adão, mas nossa nova criação é no segundo Adão. Amados, se vocês forem o que vocês professam ser, vocês são um com Jesus por meio dessa união vital que não pode ser dissolvida; e as boas obras seguem essa união. Unidos a Jesus pela fé nele, no amor a ele, e na imitação dele, você anda em boas obras. Sua criação em santidade é sua criação em Cristo Jesus. Como você veio a ser um com o seu ungido Salvador, ele ordena unção sobre você para o seu serviço, e sua salvação é conduzida em obediência. Não pode haver frutos nos ramos que estão vitalmente ligados a esse tronco frutífero, Jesus Cristo, que não sejam sempre para a satisfação do Pai.
Nossas boas obras devem derivar de nossa união com Cristo pela virtude da nossa fé nele. Nós dependemos dele para fazer-nos santos. Nós dependemos dele para guardar-nos na santidade. Nós superamos o pecado pelos sangue do Cordeiro. Nós alcançamos a santidade pelo amor de Jesus que nos constrange. O amor a Cristo é a causa impelidora de  lançar fora, primeiro um mal, e depois outro, e a energia que nos capacita a seguir após uma virtude, e depois outra. O amor a Cristo queima como fogo no peito que o tem abrigado; e enquanto queima, faz o coração arder, e vir a ser transformado em Sua própria natureza. Você tem visto um pedaço de ferro no fogo, todo preto ou enferrujado, e no fogo ele vai se tornando gradualmente vermelho com o calor; e, enquanto vai ficando avermelhado, joga fora a oxidação, até que ao final quando olhamos para ele parece uma massa de fogo. O efeito do amor de Deus, derramado no coração pelo Espírito Santo, é para queimar a ferrugem do pecado e depravação, e nós ganhamos puro  amor a Deus através da força do amor de Deus, que toma posse do nosso ser.
Além disso, esse amor move-nos para a imitação paciente de Cristo. Você sabe o que isso significa ? "a imitação de Cristo" é um livro maravilhoso sobre o assunto, que cada cristão deve ler. Tem suas falhas, mas suas excelências são muitas. Nós podemos não somente ler o livro, mas escrevê-lo de novo em nossa própria vida e caráter procurando em tudo ser como Jesus! É uma coisa boa colocar em sua casa a pergunta, "o que  Jesus faria ?". Isto responde a nove em cada dez das dificuldades do casuísmo moral. Quando você não sabe o que fazer, e a lei não parece muito explícita sobre o ponto em questão, faça isto – “O que faria Jesus ?”. Aqui, então, está o caso: por sua criação em Cristo você vem exibir a fé nele, no amor, e na imitação dele; e tudo isto são os meios pelos quais as boas obras são produzidas em você. Você é " criado em Cristo Jesus, para as boas obras.".
Repare que esta criação para as boas obras é o objeto de um decreto divino: “as quais Deus de antemão ordenou para que andássemos nelas”. Isto é um decreto de Deus. Eu sou ordenado à vida eterna ? Responda a outra pergunta: “Eu sou ordenado a caminhar em boas obras ?”. Se eu estou ordenado a boas obras, então eu devo caminhar nelas, e o decreto de Deus é manifestamente transmitido a mim. Mas se eu fizer a profissão de ser um crente, estando presente num local de adoração,  e louvar a mim mesmo pela minha salvação, enquanto eu estou vivendo em pecado, então evidentemente não há decreto que eu andarei em boas obras, porque eu estou vivendo de uma maneira diferente da que esse decreto faria com que eu vivesse. Oh amados,  é propósito eterno de Deus fazer com que seu povo viva santamente ! Concorde com este propósito, com a liberdade da vontade renovada, e com a alegria do seu coração regenerado ! Concorde com a vontade de Deus. Deseje verdadeira, veementemente, com todo o coração, a perfeita santidade no temor de Deus. Então você pode, no meio da severa luta contra a tentação dentro e fora de você, voltar a recorrer ao decreto da predestinação. Desde que isto é um decreto de Deus, que, fôssemos novas criaturas em Cristo, eu seria cheio de boas obras, apesar da  minha velha natureza, apesar da minha fraqueza espiritual. O decreto, da nova criatura de Deus, será cumprido a despeito das minhas circunstâncias, a despeito das tentações e da oposição do diabo. Deus tinha ordenado antes que nós andaríamos em boas obras; e nós andaremos nelas sustentados pelos Espírito Santo.
Assim, então, caros amigos, estas boas obras devem estar nos crentes, mas devem ser em Cristo. Elas não são a raiz, mas o fruto da sua salvação. Elas não são o caminho da salvação dos crentes; elas são sua caminhada no caminho da salvação. Onde há uma vida saudável em uma árvore, a árvore dará frutos segundo a sua espécie; assim, se Deus tem feito boa a nossa natureza, o fruto será bom. Mas se o fruto for mal, isto é porque a árvore é o que sempre foi – uma má árvore. O desejo dos homens criados de novo em Cristo é o de serem livrados de cada pecado. Nós pecamos, mas nós não amamos o pecado. O pecado algumas vezes ganha poder sobre nós, para nossa tristeza, mas isto é uma espécie de morte para nós por sentirmos que temos pecado; contudo não terá domínio sobre nós, porque nós não estamos sob a lei, mas sob a graça;  e conseqüentemente nós conquistá-lo-emos, e alcançaremos a vitória.
 O resultado de nossa união com Cristo deve ser santidade. "Qual a união de Cristo com Belial ?”;  que união pode ele ter com homens que amam o pecado ? Como podem aqueles que são do mundo, que amam o mundo, dizerem-se membros da Cabeça que está no céu, na perfeição da sua glória ? Irmãos, nós devemos, no poder do texto, e especialmente no poder de nossa união com Cristo, buscar fazer progressos diariamente em boas obras, que Deus de antemão tem ordenado para que nós andássemos nelas; porque caminhando deste modo não somente perseveraremos, mas também avançaremos. Nós iremos de força em força em santidade: nós deveríamos fazer mais, e melhor. O que vocês estão fazendo para Jesus ? Faça duas vezes mais. Se vocês estiverem divulgando às nações o conhecimento do Seu nome, trabalhem com ambas as mãos. Se você estiver vivendo retamente, busque lançar fora alguns pecados antigos que estão ligados ao seu caráter, para que você possa glorificar o nome de Deus ao máximo.
 E, finalmente, isto deveria ser o nosso exercício diário: - "para que andássemos nelas.”. As boas obras não são uma diversão, mas uma vocação.
Nós não devemos desejá-las ocasionalmente: elas devem ser a maneira e a inclinação de nossas vidas. “Oh,” alguém disse, “isto é uma palavra dura”. Você diz isto ? Bem, então, estes indicadores, estão colocados claramente na primeira parte do meu assunto. Você observa como é impossível que você seja salvo por essas boas obras. Mas se você for salvo – se você tiver obtido a salvação presentemente, se você é agora um filho de Deus, se você está agora com a sua segurança garantida, eu o concito, pelo amor que você alcançou em Deus, pela gratidão que você tem a Cristo, dê-se totalmente a tudo o que é correto, e bom, e puro, e justo. Ajude tudo o que tiver que fazer com temperança, justiça, verdade e fidelidade; e “deixe sua luz brilhar diante dos homens, para que eles possam ver suas boas obras, e glorificarem ao seu Pai que está nos céus.”. Possa o Espírito de Deus selar este sermão sobre os corações do seu povo, por causa de Cristo ! Amém.









16) BONDADE

ÍNDICE

1 - A Benignidade de Deus, nosso Salvador
2 - Bondade e Benignidade
3 - A Magnanimidade de Deus
4 - Nada de Bom é Negado
5 - NÃO HÁ BONDADE COMO A DE DEUS
6 - É Tanta Bondade que Muitos Desconfiam


1 - A Benignidade de Deus, nosso Salvador

“a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos." (Tito 3.4)

Quão doce é contemplar a comunhão do Salvador com seu próprio povo amado! Não pode haver nada mais agradável do que, pelo Espírito Divino, ser  levado a esse campo fértil de prazer. Deixe a mente considerar por um instante a história de amor do Redentor, e mil atos encantadores de afeto irão sugerir por si mesmos, tudo o que, por seu desígnio, tem sido o revestimento  do coração em Cristo, e os pensamentos e emoções da alma renovada com a mente de Jesus. Quando meditamos sobre esse amor maravilhoso, do todo-glorioso Parente da Igreja dotando-a com toda a sua riqueza celestial, nossas almas pode muito bem desfalecer de alegria. Quem é que pode suportar esse peso de amor?
O senso parcial disto que é o Espírito Santo frequentemente se agrada em conceder, é mais do que a alma possa suportar; quanto a ser transportada para ter uma visão completa disto!
Quando a alma não tem entendimento para discernir todos os dons do Salvador, a sabedoria com a qual  estimá-los, e tempo para meditar sobre eles, vamos então comungar com Jesus de uma forma mais próxima do que a costumeira.
Mas quem pode imaginar a doçura de tal comunhão? Isto deve ser uma das coisas que não entraram no coração do homem, mas que Deus tem preparado para aqueles que o amam.
Oh, arrombemos a porta dos nossos celeiros de José, e contemplemos a abundância que ele tem estocado para nós! Isso nos encherá de amor.
Pela fé nós vemos, como num espelho, obscuramente, a imagem refletida de seus tesouros ilimitados, mas quando formos ver realmente as coisas celestiais, com os nossos próprios olhos, o quão profundo será o córrego de comunhão no qual a nossa alma se banhará! Até então nossos sonetos mais inspirados serão reservados para o nosso benfeitor amoroso, Jesus Cristo, nosso Senhor, cujo amor por nós é maravilhoso, ultrapassando o amor de mulheres.

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.





2 - Bondade e Benignidade

Estas palavras são quase sinônimas, distinguindo-se apenas em que a primeira expressa mais a ação de ser bom e a segunda a inclinação para o bem.
A bondade pura, perfeita e continua é um atributo exclusivo de Deus, e por isso Jesus afirmou que ser bom desta forma é algo somente pertinente à divindade.
O pecado original corrompeu não somente a bondade como todas as demais virtudes comunicadas por Deus à natureza humana; de modo que para se ter resgatada a bondade e a benignidade tal como elas se encontram na pessoa de Deus necessitamos não somente de conversão, de um novo nascimento do Espírito Santo, mas sobretudo de sermos aperfeiçoados no processo de santificação que é operado pelo mesmo Espírito.
Temos o dever de nos submetermos a este trabalho de restauração, não somente quanto à bondade, mas quanto a todas as demais virtudes que pertencem à nova natureza espiritual, celestial e divina que recebemos da parte de Deus na nossa conversão, por meio da fé em Jesus Cristo.
Este dever de ser bom engloba inclusive os nossos inimigos, aos quais devemos amar com o amor de Cristo, ou seja, sem fazer acepção de pessoas, pois é assim que Deus ama a humanidade e lhe faz bem.
Todavia, isto não significa que esta bondade deve ser exercida segundo os critérios do mundo quanto ao que seja bondade, como por exemplo, satisfazer prazeres pecaminosos ou contribuir para que haja um emprego maligno dos nossos dons e serviços ao próximo.
Pois que bem há em dar dinheiro para quem o usará para se drogar?
Que bem há em poupar um filho da necessária disciplina simplesmente para agradá-lo?
E os exemplos se multiplicam e nos faltaria o espaço necessário para enumerá-los.
Há muita beneficência que é realizada para fins escusos e interesseiros, e isto de igual modo deve ser evitado.
Assim, à beneficência deve preceder o amor, a sinceridade, a verdade e a justiça; pois onde isto faltar, não haverá nenhuma beneficência sendo feita de fato.
A excelência da bondade se encontra justamente em se amar aqueles que são nossos inimigos, ou estranhos e que nada têm para nos dar em troca, como no dizer de Jesus:
“46 Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo?
47 E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo?
48 Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.” (Mateus 5.46-48)
Somos portanto exortados a exercer uma bondade que seja perfeita como a de Deus, ou seja, desinteressada e que não exclua a qualquer pessoa de ser alvo da mesma.

Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras
1 – agathosune (grego) - bondade, beneficência;
2 – cherestostes (grego) - benignidade, gentileza;
3 – chesed (hebraico) - bondade, benignidade, amor, misericórdia; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.recantodasletras.com.br/mensagensreligiosas/5390653





3 - A Magnanimidade de Deus

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

"Eis que Deus é muito grande; contudo a ninguém despreza; é grande na força da sua compreensão.” (Jó 36.5)

(Depois de Jó ter dito: “Deus, tu me lançaste na lama, e me tornei semelhante ao pó e à cinza. Clamo a ti e não me respondes, estou em pé, mas apenas olhas para mim. Tu foste cruel comigo; com a força da tua mão tu me combates.” (Jó 30.19-21); o patriarca descreveu no capítulo 31, seguinte a este, todos os seus atos de compaixão e justiça própria - pelo que se levantou contra ele, Eliú (Jó 32.1,2) proferindo entre as palavras do discurso que fizera, as que encontramos em nosso texto – nota do tradutor)

Eliú não nos dá uma razão comum para a sua afirmação, mas ele fundamenta sua declaração de que Deus a ninguém despreza pelo fato de ser poderoso. Essa forma de argumento não teria ocorrido naturalmente a você ou a mim. Poderíamos até ter sido inclinados a pensar o oposto e dizer - Ele é tão poderoso que não se pode esperar que considere essas coisas fracas como as suas criaturas, e Ele despreza a todas elas! Eliú, com muito bom senso do que a maioria de nós possui, faz uma conclusão oposta e declara: porque Deus é poderoso, Ele a ninguém despreza!
Os fatos são argumentos convincentes e se você cuidadosamente observar, você vai ver que, geralmente, as pessoas que desprezam os outros são fracos. Esses homenzinhos que estão revestidos com autoridade breve são muitas vezes rudes e tirânicos, mas o que é verdadeiramente grande é simpático, sensível e atencioso. O forte não tem nenhuma razão para desconfiar e desprezar e, portanto, eles estão livres de inveja.
Deus é tão grande em todas as coisas que Ele a ninguém despreza! Ele não tem rivais e não tem necessidade de se sustentar, diminuindo o bom nome dos outros. Ele é supremamente real. Ele é tão verdadeiro e profundo que nEle nunca pode haver algo como o pensamento de desprezar a qualquer pessoa, a fim de proteger a si mesmo. Deus é grande demais para ser desdenhoso, muito poderoso para ser arrogante.
O poder de Deus reside em seu coração, na sua compreensão e no seu amor. Ele é poderoso nas coisas espirituais, na sublimidade do pensamento, na grandeza de motivo, na nobreza de espírito e na elevação de seus propósitos. Quando você perceber a exaltação da Mente Divina e a sublimidade do caráter divino, você perceberá a razão por que o Senhor não despreza ninguém.
É a magnanimidade de Deus, que o impede de desprezar a alguém. O sol é tão glorioso que não se recusa a brilhar sobre um monturo! Se Deus fosse pequeno, ele poderia desprezar os pequenos. Se ele fosse fraco Ele teria desdenhado dos fracos. Mas é Deus sobre todos, bendito para sempre, o único Deus - temos que lidar com aquele que, embora seja o Altíssimo, tem respeito aos humildes! Nosso Deus é Aquele que não despreza o clamor dos aflitos!
Seja qual for a faculdade mental que possa haver no querubim ou serafim, no anjo ou no homem, é senão uma emanação da Sua energia criativa
O texto, também, nos diz que Ele é "poderoso em força e sabedoria", de modo que temos de considerar que Deus é poderoso em mente. "Não se pode esquadrinhar o seu entendimento." Ele não só possui força física, pela qual Ele cria, preserva ou destrói, mas o maior poder de compreensão, pois "Ele é maravilhoso em conselho." "Grande é o nosso Senhor e Seu entendimento é infinito." É difícil encontrar palavras para expressar o que quero dizer, porque Deus é Espírito, e, tanto quanto se possa falar reverentemente dEle, por possuir uma mente e um intelecto, ele é tão onipotente nessa esfera, quanto no mundo físico. Esta é a segurança de suas criaturas que Ele é Deus grande de mentalidade!
Deus tem grandes pensamentos, grandes projetos, grande sabedoria, grande bondade! Ele é poderoso em todos os aspectos e, especialmente, na contenção que Ele coloca sobre a sua ira.
Se você quiser ver isso, olhe para a paciência e longanimidade que Ele manifesta para com os desobedientes. Como é incomparável a Sua paciência! Quão durável é a Sua misericórdia! Os ímpios o provocam e Ele sente a provocação, mas ainda assim Ele não revida. Semana após semana eles o insultam, eles tocam a menina dos seus olhos, perseguindo o Seu povo, mas Ele ainda lhes dá oportunidades para o arrependimento. Ele envia mensagens de misericórdia. Ele lhes implora a se desviarem do erro de seus caminhos, mas eles endurecem seus corações, eles blasfemam dEle, tomam o Seu santo nome em vão! Ainda assim, pelo espaço de muitos anos, Ele suporta as suas incessantes rebeliões e embora Ele se entristeça com a dureza de seus corações, Ele retém a sua indignação.
Igualmente maravilhoso, eu acho, é o poder que Deus tem sobre sua própria mente ao perdoar a muitos desses transgressores. É maravilhoso que Ele seja capaz de perdoar a qualquer um, e perdoar tão perfeitamente! Acontece muitas vezes para nós que nos sentimos compelidos a dizer, quando muito ofendidos: "Eu posso te perdoar, mas eu temo que eu nunca vou esquecer o mal." Deus vai muito além disso, pois Ele lança todos os nossos pecados atrás das Suas costas e declara que Ele não vai mais se lembrar deles contra nós, para sempre. O quê? Nunca? Tais ofensas profundas! Tais crimes abomináveis! Tais transgressões provocadoras! Nunca mais devem ser lembrados? O quê? Não haverá pelo menos uma carranca, ou um grau de frieza por causa deles? Não. "Eu tenho apagado, como uma nuvem espessa, suas transgressões e, como uma nuvem, os teus pecados."
"Quem é Deus semelhante a ti, que perdoa a iniquidade e passa pelas transgressões do resto da tua herança? Ele não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia."
Deixe-me acrescentar que, quando Deus não perdoa, é porque a impenitência persistente exige a condenação final - Deus é grande de alma mesmo na punição dos ímpios. Ele não tem prazer na morte do pecador. Julgamento é a Sua estranha obra. Punição nunca é infligida por uma questão de soberania arbitrária, mas sempre porque é exigida pela justiça.
Mas Deus nunca irá desprezar a qualquer que o busque com sinceridade de coração. Jesus, Seu Filho, era manso e humilde de coração, e convidou as crianças a virem a Ele e, por isso, nós que somos os menores entre os homens não seremos desprezados!
O que Paulo diz em sua epístola aos Coríntios? "As coisas que são desprezadas Deus escolheu, sim, e as coisas que não são, para reduzir a nada as que são." Ele não despreza ninguém, temos a certeza disso, pois quando Ele ordenou pais na Sua Igreja e definiu doze líderes no Apostolado, Ele escolheu para esse cargo, nem filósofos, nem senadores, nem reis, mas pescadores humildes!
Outros podem desprezá-lo, mas o Pai celestial não.






4 - Nada de Bom é Negado

Por J.I. Packer

 “Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?”.

A idéia expressa por Paulo nesta segunda pergunta é que nenhuma coisa boa finalmente nos será negada. Ele confirma essa idéia mostrando-nos a suficiência de Deus como nosso soberano benfeitor e a firmeza de sua obra redentora por nós.
No primeiro mandamento, Deus disse a Israel que o servisse exclusivamente, não apenas porque lhe devessem isso, mas também por ser ele digno de toda a confiança. Deviam se curvar diante de sua absoluta autoridade com base na confiança em sua suficiência total. É evidente que ambas as coisas precisam estar juntas, pois eles dificilmente o serviriam de todo o coração se, ao excluir os outros deuses, duvidassem da suficiência de Deus para suprir suas necessidades.
Agora, se você é cristão, sabe que também está sendo chamado a agir do mesmo modo. Deus não poupou seu Filho, mas o entregou por sua causa. Cristo ama você e se entregou para livrá-lo da escravidão do pecado do Egito espiritual e de Satanás. Jesus Cristo lhe apresenta o primeiro mandamento na forma positiva: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento” (Mt 22:37,38). A exigência se apóia em seu direito de Criador e Redentor, e não se pode escapar dela.
Você conhece, como discípulo, o estilo de vida ao qual foi chamado por Cristo. Seu exemplo e ensinamento nos evangelhos (sem seguir mais adiante no livro de Deus) tornam a idéia perfeitamente clara. Você é chamado a viver como peregrino neste mundo, um simples residente temporário, viajando com pouca bagagem e desejoso, segundo o direcionamento de Cristo, de fazer o que o moço rico não quis: deixar as riquezas materiais e a segurança proporcionada por elas e conviver com a possibilidade de empobrecimento e perda de bens. Tendo seu tesouro no céu, você não precisa pensar em tesouros terrenos, nem na vida de alto padrão — Jesus pode lhe pedir a renúncia de ambos. Você é chamado a seguir a Cristo, carregando sua cruz.
O que isso quer dizer? Bem, as únicas pessoas no mundo antigo que carregavam cruzes eram criminosos condenados a caminho da execução. Eles, como o Senhor Jesus, eram obrigados a carregar a cruz sobre a qual seriam executados. Assim, o que Cristo quis dizer é que você deve assumir a posição de tal pessoa no sentido de renunciar a todas as expectativas sociais futuras e aprender a tomar como naturais o desprezo de seus companheiros e o olhar de desdém e aversão como se você fosse um estranho. É possível que muitas vezes você seja tratado desse modo por causa da lealdade ao Senhor Jesus Cristo.

Você não precisa pensar em tesouros terrenos, nem na vida de alto padrão — Jesus pode lhe pedir a renúncia de ambos.

 Você é também chamado a ser uma pessoa mansa, nem sempre lutando por seus direitos, nem preocupado em reaver o que lhe pertence, nem entristecido por maus-tratos e desprezos (embora, se você for sensível, estas coisas possam feri-lo). Em vez disso, deve simplesmente entregar seus problemas a Deus e deixar que ele o defenda se e quando ele achar conveniente. Sua atitude para com seus companheiros bons e maus, agradáveis e desagradáveis, tanto cristãos como descrentes, deve ser a do bom samaritano para com o judeu na estrada, e isto quer dizer que seus olhos devem estar abertos para as necessidades espirituais e materiais dos outros. Seu coração deve estar pronto para cuidar das almas necessitadas quando as encontrar; sua mente precisa estar alerta para planejar o melhor modo de ajudá-las e sua vontade deve estar firmada contra a armadilha (na qual somos especialistas) de “transferir responsabilidades”, livrando-nos de situações difíceis em que se impõe a ajuda mediante sacrifício.
Nada disso, evidentemente, é estranho a qualquer de nós. Sabemos que Cristo nos chama para esse estilo de vida, muitas vezes pregamos e falamos sobre ele, mas será que o vivemos realmente? Bem, veja as igrejas. Observe a falta de ministros e de missionários, especialmente de homens; observe a riqueza material nos lares cristãos; o problema de se angariar fundos para as sociedades cristãs; a presteza dos cristãos em todos os níveis de vida em reclamar de seu salário; a falta de preocupação com os idosos e solitários, ou mesmo com qualquer pessoa fora do círculo dos “verdadeiros crentes”.
Somos bem diferentes dos cristãos do Novo Testamento. Nossa vida é estática e convencional, a deles não era. A idéia de “primeiro a segurança” não era obstáculo em seus empreendimentos, como acontece em nossos dias. Por viver o Evangelho de modo exuberante, não-convencional e desinibido, eles viraram o mundo de cabeça para baixo; mas nós, cristãos do século xxi, não podemos ser acusados de fazer algo semelhante. Por que somos tão diferentes? Por que comparados com eles parecemos apenas meios cristãos? De onde vêm o nervosismo, o medo, que não aceitam riscos e que tanto prejudicam o discipulado? Por que não estamos livres do medo e da ansiedade de modo a nos permitir seguir a Cristo em todos os sentidos?
Uma razão parece ser a de que, em nosso íntimo, tememos as conseqüências advindas de uma vida totalmente cristã. Esquivamo-nos da responsabilidade por outras pessoas por medo de não ter forças suficientes para suportá-las. Esquivamo-nos de aceitar certo estilo de vida que despreza a segurança material porque tememos o fracasso. Esquivamo-nos de ser mansos por temermos ser pisados, feridos se não nos mantivermos altivos, terminando a vida em meio a fracassos e desventuras. Esquivamo-nos de romper com as convenções sociais a fim de servirmos a Cristo, pois tememos que nossa estrutura de vida sofra um colapso, deixando-nos sem nenhum ponto de apoio.
São esses temores semiconscientes, essa ameaça de insegurança, em vez de outra recusa deliberada de enfrentar o custo de seguir a Cristo, que nos fazem recuar. Sentimos que os riscos do discipulado total são grandes demais para aceitá-los. Em outras palavras, não estamos certos da suficiência de Deus para suprir as necessidades dos que se lançam, de todo o coração, no mar profundo da vida não-convencional em obediência ao chamado de Cristo. Portanto, sentimo-nos obrigados a quebrar um pouquinho o primeiro mandamento, tirando parte de nosso tempo e de nossa energia do serviço a Deus para servir às riquezas. Isto, no fundo, pode ser o que está errado conosco. Temos medo de aceitar totalmente a autoridade de Deus por causa de nossa secreta incerteza quanto à sua suficiência para cuidar de nós.

Temos medo de aceitar totalmente a autoridade de Deus por causa de nossa secreta incerteza quanto à sua suficiência.

Vamos agora dar o nome certo às coisas. O nome do jogo que estamos praticando é incredulidade, e a afirmação de Paulo: “Ele nos dará todas as coisas” permanece como um desafio para nós. O apóstolo nos diz que não devemos temer nenhuma perda nem empobrecimento irreparável; se Deus nos nega alguma coisa é apenas para dar outras que ele tem em mente. Será que aceitamos o conceito de que a vida de alguém consiste, pelo menos em parte, nas coisas que ele possui?
Isto apenas alimenta o descontentamento e bloqueia as bênçãos, pois a expressão “todas as coisas” de Paulo não significa excesso de bens materiais. A paixão por eles deve ser extirpada a fim de que “todas as coisas” possam tomar seu lugar. Essa expressão está relacionada com o conhecimento e com a alegria de Deus, e a nada mais. O significado de “ele nos dará todas as coisas” pode ser este: um dia veremos que nada — literalmente nada — que possa aumentar nossa eterna felicidade nos foi negado e que nada — literalmente nada — que possa reduzir essa felicidade nos foi tirado. Que maior garantia queremos?
Ainda assim, quando se fala em auto-renúncia inabalável a serviço de Cristo, estremecemos. Por quê? Por falta de fé, pura e simplesmente.
Tememos que Deus não tenha força ou sabedoria para cumprir o propósito estabelecido? Mas foi ele quem fez o mundo, quem o governa e quem ordena tudo o que acontece, desde o curso seguido pelo faraó e por Nabucodonosor até a queda de um pardal. Tememos que ele vacile e em seu propósito, e que — a exemplo de pessoas boas com boas intenções que às vezes falham com seus amigos — ele também possa falhar em cumprir suas boas intenções para conosco? Paulo, porém, afirma que “Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam” (Rm 8:28). Quem é você para imaginar-se a primeira exceção, a primeira pessoa a ver Deus vacilar e deixar de cumprir sua palavra? Você não percebe que desonra a Deus com tais temores?
Você duvida de sua constância, supondo de que ele tenha “aparecido”, “evoluído” ou “morrido” no intervalo entre os tempos bíblicos e o nosso (todas essas idéias foram exploradas nos tempos modernos), e que agora ele não é mais o mesmo Deus santo da Bíblia? Entretanto, ela afirma: “Eu, o SENHOR, não mudo” e “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre” (Ml 3:6; Hb 13:8).

Quem é você para imaginar-se a primeira exceção, a primeira pessoa a ver Deus vacilar e deixar de cumprir sua palavra?

Você tem evitado uma vida de riscos e custos para a qual sabe, no íntimo, que Deus o chamou? Não se detenha mais. Seu Deus é fiel e suficiente. Você nunca precisará de nada além do que ele pode dar, e seu suprimento, quer material quer espiritual, será sempre o bastante para o presente. O Senhor “não recusa nenhum bem aos que vivem com integridade” (Sl 84:11). “Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele mesmo lhes providenciará um escape, para que o possam suportar” (1Co 10:13). “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Co 12:9). Pense nessas coisas e deixe que os seus pensamentos afastem as dificuldades para servir ao Mestre.
Trecho do livro “O Conhecimento de Deus”





5 - NÃO HÁ BONDADE COMO A DE DEUS

 Em Rom 1.18 a 21 lemos:
A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
Nesta porção das Escrituras, o Espírito Santo, falou pela boca do apóstolo Paulo, nos versículos 20 e 21 qual é o motivo de Deus se irar contra os homens ímpios, a saber: eles não glorificam a Deus e nem são gratos a Ele, por tudo que percebem dos Seus atributos invisíveis e do Seu eterno poder, desde o princípio do mundo, atributos e poder estes que podem ser observados através das coisas que Deus criou.
Veja que o texto fala de atributos e de poder.
E nisto destacamos especialmente o amor, a misericórdia, a paciência, a longanimidade, a graça, a onipotência, e todos os demais atributos correlatos a estes, que fazem com que Deus seja bom até mesmo para com pecadores como são todos os homens.
Afinal, não há um único justo sequer no mundo, desde que o primeiro homem pecou e virou as costas para o Senhor.
Deus seria totalmente justo caso julgasse e mantivesse a todos os homens do mundo, e de todas as épocas, debaixo das sucessivas manifestações do Seu desagrado e ira contra tal ingratidão e falta de glorificação do Senhor por causa da falta de um procedimento santo em suas vidas.
Todavia, não somente é longânime Ele próprio com todos os homens, como também ordena aos que se tornaram Seus filhos por meio da fé em Jesus Cristo, que O imitem especialmente nos seus atributos de amor e de misericórdia, amando o próximo como a si mesmos. Como? Deus ordena que aqueles que Lhe são gratos e que o glorificam, amem os Seus inimigos? Sim. Ele ordena que se dê alimento e bebida para matar a fome e a sede de quem persegue os que andam retamente? Sim. Porventura não o registrou em Sua Palavra?
Agora, veja que o argumento bíblico diz que isto tem o propósito de tornar tais pessoas ingratas e irreverentes, indesculpáveis no dia do grande Juízo de Deus.
E não serão indesculpáveis por causa de uma única manifestação de bondade para com elas em face de todo o mal que praticam.
Serão indesculpáveis, porque, na verdade, Deus lhes tem dado um longo tempo para se arrependerem e se converterem em face de toda a bondade e longanimidade, que não apenas Ele, como todos os Seus filhos amados, têm demonstrado por elas por toda e uma longa vida na terra. E são mais indesculpáveis ainda, porque o que se lhes pede para que tal quadro seja alterado, é que simplesmente reconheçam a sua iniquidade e que confiem em Jesus Cristo para ser o Senhor e Salvador de suas vidas.
Tudo o que fizeram de mau, e por um longo tempo, lhes seria perdoado instantaneamente, no momento mesmo em que se convertessem a Deus. Todavia, como não se arrependem, não se convertem, não são gratos a Deus e nem o glorificam, então, apesar dEle não desistir de continuar sendo bom para com eles, não poderá ter qualquer amor de intimidade e comunhão com os tais, e nada poderá fazer, por causa da sua incredulidade, senão deixá-los entregues a si mesmos, e isto fará com que aumentem ainda mais a sua cota de pecados contra os céus e contra Deus.
Olhem para o ministério de Jesus aqui na terra, conforme o relato dos evangelhos. Por acaso não mostrou tal amor, bondade, misericórdia e poder de curar, até mesmo a ingratos e maus? Ele revelou em pessoa, que o caráter do evangelho é realmente o de misericórdia, perdão, amor e bondade, para com todos os pecadores. E isto está sendo manifestado no mundo, desde então, até agora, e até o último instante da vida de cada pessoa que tem passado por aqui. Ora, em face de tudo isto, o que devemos pensar, quanto ao juízo eterno de fogo a que ficarão sujeitos todos os que permanecem ingratos e maus, perante o Senhor, e perante o seu próximo?
Haverá porventura qualquer injustiça ou maldade da parte de Deus nisto?
Todos os males que tais pessoas praticam e têm praticado, é a melhor resposta para esta pergunta.
Portanto, os que são do Senhor, devem continuar na prática do bem, inclusive para com os seus muitos ofensores, porque, afinal, há um Deus poderoso e amoroso que cuida deles e haverá de cuidar por toda a eternidade, ainda que os ímpios não se arrependam e se convertam de todos os males que praticam contra eles. Lembremos sempre, nas perseguições que sofremos, das seguintes palavras proferidas pelo apóstolo Pedro, em I Pe 3.13-17:
Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,  fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.





6 - É Tanta Bondade que Muitos Desconfiam

Há um ditado que mendigo quando vê muita esmola desconfia.
Realmente não é próprio da natureza humana oferecer gratuitamente grandes dons a alguém.
Mas com Deus não é assim, porque tem prazer em nos dar muitas coisas boas, e a melhor delas, que é a participação na Sua própria vida divina.
Deus nos tem oferecido uma herança eterna por meio da salvação em Jesus Cristo,  pelo convite do evangelho, que Ele próprio ordenou que seja feito a todos os homens em todos os lugares da terra e em todas as épocas.
O meio de se obter esta herança eterna é simplesmente por meio da fé em Jesus Cristo.
Mas, enquanto houver desconfiança, por se duvidar que Deus esteja realmente disposto em nos dar gratuitamente tão grande e eterno bem, não será  possível usar a mão da fé, com a qual podemos pegar esta maravilhosa bênção, de uma vez para sempre.
Não duvide portanto.
Creia.
Tenha fé em Jesus Cristo que nos fez tal promessa.
A nossa  esperança nEle jamais será frustrada.
A desconfiança não dá honra ao Deus único e verdadeiro. Ao contrário ela o desonra.
E os que desconfiam da bondade de Deus não podem, de modo algum, permanecer na Sua presença.
Por isso é necessário ter fé para se alcançar a promessa.
Jesus deu Sua vida na cruz para nos resgatar do pecado e da morte eterna, fazendo-Se a si mesmo maldição no nosso lugar.
Há uma prova maior da bondade divina para conosco, e da Sua disposição em nos salvar, do que esta?
Porque, afinal, não é a pessoas perfeitas, santas e justas que Ele está convidando para participarem da Sua natureza divina, mas a pecadores como nós o somos.
Arrependimento e fé é tudo quanto nos pede, e nada mais, para que entremos na posse de tão grandiosa, maravilhosa e eterna herança.
 




17) BUSCA DE DEUS


ÍNDICE

1 - A Presença do Senhor é o que Importa
2 - Quatro Razões Para Buscar a Deus Firmemente
3 - Todos os Caminhos Levam a Deus?
4 - “Vinde, e subamos ao monte do Senhor.” (Isaías 2.3)
5 - O Propósito e o Modo de se Buscar a Deus
6 - Buscar, Bater e Pedir
7 - A Culpa do Homem Reside em Não Buscar a Deus
8 - O Que Significa Buscar ao Senhor?
9 - A proximidade de Deus de nós


1 - A Presença do Senhor é o que Importa

Necessitamos da ministração da Palavra de Deus.
Precisamos da oração.
Necessitamos louvar e adorar a Deus.
Todavia, nada disto terá sentido ou propósito caso nos falte aquilo que é o principal, a coisa que mais necessitamos acima de todas as demais, que é a manifestação da presença do próprio Senhor no nosso viver.
Isto explica o motivo do vazio espiritual que permanece no coração de muitos cristãos, mesmo depois de terem participado de cultos animados de louvor e adoração, ou de terem ouvido a pregação de um bom sermão.
Caso Deus mesmo não se manifeste entre eles, o resultado sempre será este vazio espiritual.
É o próprio Senhor que é a nossa força.
É a Sua graça, e somente ela, quem nos fortalece o espírito, sara a alma e o corpo, e nos dá bom ânimo em toda e qualquer circunstância.
Tomemos então o firme propósito de fixarmos por principal objetivo quando nos reunimos para adorar ao Senhor, de orar e ter a expectativa em nossos corações para que Ele se manifeste entre nós e em nós.
Todavia, nos sentiremos muitas vezes enfraquecidos e experimentando as dores consequentes dos golpes que os demônios desferem contra a nossa alma, em acusações e toda sorte de ataque que tem por alvo enfraquecer a nossa fé.
Isto será permitido pelo Senhor para que saibamos que a força que temos não procede propriamente de nós mesmos, mas da manifestação da Sua presença e graça.
Uma vez abatidos, humilhados, reconhecendo que necessitamos do Seu amor, poder e cuidado, Ele nos exaltará e fortalecerá e fundamentará a nossa fé, de modo que somos animados com isto a servi-lO e ao nosso próximo, uma vez que teremos disponibilidade suficiente de graça para lhes ministrar em amor.
Bendito seja o Senhor, que nos instrui no caminho que devemos seguir, caminho este que é Ele próprio.
Então se tivermos tudo o mais, e caso nos falte o próprio Cristo e o Seu poder, somos pobres, cegos, nus e miseráveis naquelas coisas que podem alimentar e sustentar o nosso espírito, alma e corpo. Coisas estas que recebemos somente quando a presença do Senhor é manifestada em nós.
Destacamos a seguir algumas passagens bíblicas que confirmam as afirmações que acabamos de fazer quanto à essencialidade da presença do Senhor.

“Tu me farás conhecer a vereda da vida; na tua presença há plenitude de alegria; à tua mão direita há delícias perpetuamente.” (Salmo 16.11)

“No abrigo da tua presença tu os escondes das intrigas dos homens; em um pavilhão os ocultas da contenda das línguas.” (Sl 31.20)

“Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação que há na sua presença.” (Sl 42.5)

“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor,” (At 3.19)

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” (Jo 6.56)

“Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim.  Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15.4,5)

“Portanto, o que desde o princípio ouvistes, permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também vós permanecereis no Filho e no Pai.” (I Jo 2.24)

“E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não fiquemos confundidos diante dele na sua vinda.” (I Jo 2.24)

“Todo o que permanece nele não vive pecando; todo o que vive pecando não o viu nem o conhece.” (I Jo 3.6)

“Quem guarda os seus mandamentos, em Deus permanece e Deus nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos tem dado.” (I Jo 3.24)

“Ninguém jamais viu a Deus; e nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado. Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós: por ele nos ter dado do seu Espírito.” (I Jo 4.12,13)

“E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem permanece em amor, permanece em Deus, e Deus nele.” (I Jo 4.16)

“Todo aquele que vai além do ensino de Cristo e não permanece nele, não tem a Deus; quem permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai como ao Filho.” (II Jo 9)

À vista destes textos bíblicos, podemos entender definitivamente que se há algo em que devemos permanecer, este algo  não é propriamente uma coisa, mas uma pessoa, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo.
Assim, é a Sua própria presença que devemos buscar mais do que a tudo. E uma vez estando na Sua presença podemos nos dedicar a todas as demais coisas, com a certeza da Sua bênção e aprovação, porque será na Sua presença que tudo faremos, diremos ou pensaremos.
A Bíblia nos alerta portanto, para que não erremos o alvo, sendo meros religiosos dados a práticas cerimoniais e ritualísticas que não levem em conta tal necessidade de termos a presença de Deus no coração.  A Presença do Senhor é o que Importa

Necessitamos da ministração da Palavra de Deus.
Precisamos da oração.
Necessitamos louvar e adorar a Deus.
Todavia, nada disto terá sentido ou propósito caso nos falte aquilo que é o principal, a coisa que mais necessitamos acima de todas as demais, que é a manifestação da presença do próprio Senhor no nosso viver.
Isto explica o motivo do vazio espiritual que permanece no coração de muitos cristãos, mesmo depois de terem participado de cultos animados de louvor e adoração, ou de terem ouvido a pregação de um bom sermão.
Caso Deus mesmo não se manifeste entre eles, o resultado sempre será este vazio espiritual.
É o próprio Senhor que é a nossa força.
É a Sua graça, e somente ela, quem nos fortalece o espírito, sara a alma e o corpo, e nos dá bom ânimo em toda e qualquer circunstância.
Tomemos então o firme propósito de fixarmos por principal objetivo quando nos reunimos para adorar ao Senhor, de orar e ter a expectativa em nossos corações para que Ele se manifeste entre nós e em nós.
Todavia, nos sentiremos muitas vezes enfraquecidos e experimentando as dores consequentes dos golpes que os demônios desferem contra a nossa alma, em acusações e toda sorte de ataque que tem por alvo enfraquecer a nossa fé.
Isto será permitido pelo Senhor para que saibamos que a força que temos não procede propriamente de nós mesmos, mas da manifestação da Sua presença e graça.
Uma vez abatidos, humilhados, reconhecendo que necessitamos do Seu amor, poder e cuidado, Ele nos exaltará e fortalecerá e fundamentará a nossa fé, de modo que somos animados com isto a servi-lO e ao nosso próximo, uma vez que teremos disponibilidade suficiente de graça para lhes ministrar em amor.
Bendito seja o Senhor, que nos instrui no caminho que devemos seguir, caminho este que é Ele próprio.
Então se tivermos tudo o mais, e caso nos falte o próprio Cristo e o Seu poder, somos pobres, cegos, nus e miseráveis naquelas coisas que podem alimentar e sustentar o nosso espírito, alma e corpo. Coisas estas que recebemos somente quando a presença do Senhor é manifestada em nós.
Destacamos a seguir algumas passagens bíblicas que confirmam as afirmações que acabamos de fazer quanto à essencialidade da presença do Senhor.

“Tu me farás conhecer a vereda da vida; na tua presença há plenitude de alegria; à tua mão direita há delícias perpetuamente.” (Salmo 16.11)

“No abrigo da tua presença tu os escondes das intrigas dos homens; em um pavilhão os ocultas da contenda das línguas.” (Sl 31.20)

“Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação que há na sua presença.” (Sl 42.5)

“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor,” (At 3.19)

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” (Jo 6.56)

“Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim.  Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15.4,5)

“Portanto, o que desde o princípio ouvistes, permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também vós permanecereis no Filho e no Pai.” (I Jo 2.24)

“E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não fiquemos confundidos diante dele na sua vinda.” (I Jo 2.24)

“Todo o que permanece nele não vive pecando; todo o que vive pecando não o viu nem o conhece.” (I Jo 3.6)

“Quem guarda os seus mandamentos, em Deus permanece e Deus nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos tem dado.” (I Jo 3.24)

“Ninguém jamais viu a Deus; e nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado. Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós: por ele nos ter dado do seu Espírito.” (I Jo 4.12,13)

“E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem permanece em amor, permanece em Deus, e Deus nele.” (I Jo 4.16)

“Todo aquele que vai além do ensino de Cristo e não permanece nele, não tem a Deus; quem permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai como ao Filho.” (II Jo 9)

À vista destes textos bíblicos, podemos entender definitivamente que se há algo em que devemos permanecer, este algo  não é propriamente uma coisa, mas uma pessoa, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo.
Assim, é a Sua própria presença que devemos buscar mais do que a tudo. E uma vez estando na Sua presença podemos nos dedicar a todas as demais coisas, com a certeza da Sua bênção e aprovação, porque será na Sua presença que tudo faremos, diremos ou pensaremos.
A Bíblia nos alerta portanto, para que não erremos o alvo, sendo meros religiosos dados a práticas cerimoniais e ritualísticas que não levem em conta tal necessidade de termos a presença de Deus no coração.






2 - Quatro Razões Para Buscar a Deus Firmemente

Por John Piper

Por que eu insisto que você deve seguir a Deus firmemente, ou, o que é a mesma coisa, por que nós devemos seguir a Cristo firmemente? Aqui estão quatro razões:

1. Para conhecê-Lo

Primeiro, nós devemos seguir a Cristo firmemente para conhecê-Lo. Filipenses 3.7-8: “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor“. Paulo seguia a Cristo firmemente, renunciando todas as coisas das quais as pessoas normalmente se gloriam; e ele fazia isso para que pudesse conhecê-Lo.
Por quê? Porque conhecer a Cristo é uma riqueza que ultrapassa tudo o mais. A evidência da conversão é se você de fato se tornou um hedonista cristão. Hedonistas cristãos sempre seguem firmemente em busca da riqueza suprema. Eles alegremente vendem tudo em troca do tesouro escondido e da pérola de grande valor (Mateus 13.44-45). Nós devemos seguir a Cristo firmemente, porque não fazê-lo significa que nós não desejamos conhecê-lo. E não desejar conhecer a Cristo é um insulto ao Seu valor e um sinal de letargia ou morte espiritual em nós. Mas quando você segue a Cristo firmemente, para conhecê-Lo, a recompensa é a sua alegria e a glória Dele.

2. Para confirmar a nossa justificação

Segundo, nós devemos seguir a Cristo firmemente para confirmar a nossa justificação. A justificação se refere ao maravilhoso ato de Deus no qual Ele perdoa todos os nossos pecados e imputa a nós a Sua própria justiça, através da nossa fé em Cristo. Filipenses 3.8-9: “por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé”.
Filipenses 3.9 é claro: a justiça que Paulo busca é baseada na fé. Mas ele a está buscando! Como um cristão, ele considera todas as coisas como perda para ter a sua justificação. A fé que justifica é uma fé que renuncia os valores terrenos e busca a Cristo. Se a justificação depende da fé, e se renunciar ao mundo por considerá-lo como lixo é necessário para ter os benefícios da justificação, então está claro: a fé salvadora não é meramente uma única decisão por Cristo, mas é uma preferência contínua por Cristo sobre todos os outros valores. A busca de Cristo é a evidência da fé genuína em Cristo como o nosso tesouro. Portanto, nós devemos seguir a Cristo firmemente para confirmar a nossa justificação.

3. Porque nós somos tão imperfeitos

Nós devemos seguir a Cristo firmemente porque nós somos tão imperfeitos. Filipenses 3.12: “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo”. Nós devemos seguir a Cristo firmemente porque nós somos tão deficientes. Um estudante fraco deveria buscar um professor particular. Pessoas míopes deveriam buscar um oftalmologista. Pessoas com a garganta inflamada deveriam tomar antibióticos. Alcoólicos deveriam buscar um grupo de apoio. Jovens aprendizes deveriam seguir o seu mestre em seu trabalho.
Não seguir a Cristo firmemente significa ou que você não confia em Seu poder e disposição para mudar as suas imperfeições, ou que você deseja se apegar às suas imperfeições. Em ambos os casos, Cristo está sendo desprezado e nós estamos perdidos.

4. Porque Ele nos conquistou para Si

A última razão pela qual nós devemos seguir a Cristo firmemente é que Ele nos seguiu firmemente e, de fato, nos conquistou para Si pela fé. Filipenses 3.12 novamente: “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.” Essa sentença destrói a falsa lógica a qual afirma que, se Cristo nos encontrou, nós não mais precisamos buscá-Lo. Se Ele nos agarrou, nós não precisamos nos esforçar para agarrá-Lo.

Paulo argumenta exatamente o contrário: eu me esforço para ganhar a Cristo, porque Cristo já me ganhou. A conversão de Paulo não era como uma gaiola que o prendia, mas como uma catapulta que o lançava na busca da santidade. A graça irresistível de Cristo triunfando sobre a rebelião de Paulo e salvando-o do pecado não tornou Paulo passivo; ela o tornou poderoso!






3 - Todos os Caminhos Levam a Deus?

É muito comum se ouvir as palavras de nosso título, não como uma indagação, senão como uma afirmação.
Todavia, nem sempre é apresentada uma razão na qual se baseie esta afirmação de que todos os caminhos levam a Deus.
Quando Jesus disse ser o único caminho, e não apenas o caminho que conduz a Deus, como também a verdade e a vida, ele o comprovou não somente por sinais e obras, como também por tudo o que havia sido profetizado sobre ele, por séculos, em todas as Escrituras.
Ele disse: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14.6).
Jesus é o único caminho adequado para irmos a Deus porque para se achegar a Deus é preciso que se esteja santificado, e não podemos achar a santificação e nenhum outro senão somente no próprio Jesus vivendo em nós, e nos fazendo coparticipantes da sua natureza divina. É Jesus quem nos batiza com o Espírito Santo que é o agente ativo desta santificação.
Além disso, não poderíamos ser assim santificados, se antes não fôssemos perdoados e justificados de nossos pecados, e ninguém carregou nossos pecados sobre si, pagou a nossa dívida para com a justiça divina, senão apenas Jesus Cristo quando morreu em nosso lugar no Calvário.
Então, quando se fala em caminho para Deus, o que está em foco não é um mero meio de transporte de nosso espírito para o céu, mas um meio, uma condição espiritual que deve ser achada em nós para que possamos ser considerados dignos de viver no céu na presença de Deus. Ainda que nosso mérito e dignidade seja de um outro, a saber, de Jesus Cristo, que se tornou para nós a nossa redenção, justificação, santificação e sabedoria, I Cor 1.30.
Assim, tudo o que se apresenta como caminho para a presença de Deus, aparte da união com a pessoa de Cristo, não é sequer atalho, mas um grande engano, que por fim será revelado no dia da nossa morte, quando formos encontrados muito longe da presença de Deus, e isto para todo o sempre.
Vemos portanto, que mera reforma de hábitos, de boas ações e tudo o mais que possamos fazer de nós mesmos para sermos considerados merecedores de ir para o céu, será em vão, porque é somente em Cristo, pela fé nele, que podemos achar a resposta adequada para o drama da nossa existência pecaminosa neste mundo.
Ninguém pode se apresentar a Deus sem um mediador, e somente Jesus foi designado por ele para ser o nosso Mediador entre nós e ele.

“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,” (I Tim 2.5).





4 - “Vinde, e subamos ao monte do Senhor.” (Isaías 2.3)

É extremamente benéfico para as nossas almas subir  acima deste presente mundo perverso para algo mais nobre e melhor.
Os cuidados deste mundo e a natureza enganadora das riquezas tendem a sufocar tudo de bom dentro de nós, e ficamos inquietos, desanimados, talvez orgulhosos e carnais. É bom para nós cortarmos estes espinhos e abrolhos, pois a semente celestial semeada entre eles não é capaz de produzir uma colheita, e onde vamos encontrar uma melhor foice com que cortá-los do que a comunhão com Deus e com as coisas do seu Reino?
Nos vales da Suíça, muitos dos seus habitantes são deformados, e todos têm uma aparência doentia, pois a atmosfera está carregada com miasma, e é fechada e estagnada, mas lá em cima, na montanha, encontramos uma raça robusta, que respira o ar fresco que sopra das neves virgens dos cumes dos Alpes. Seria bom se os moradores do vale deixassem frequentemente suas moradas entre os pântanos e as névoas da febre, e respirassem o ar estimulante do topo das montanhas.
É para tal escalada que quero convidá-lo hoje.
Que o Espírito de Deus nos ajude a sair das brumas do medo e da febre da ansiedade, e todos os males que se reúnem neste vale da terra, e a subir as montanhas de alegria e bem-aventurança antecipadas.
Que Deus Espírito Santo corte as cordas que nos mantêm aqui embaixo, e nos ajude a escalar os montes! Sentamo-nos muitas vezes como águias acorrentadas à rocha, só que, ao contrário da águia , começamos a amar a nossa cadeia, e, talvez, se colocados realmente à prova, relutemos em vê-la arrebentada.
Que Deus agora nos conceda a graça, se não podemos fugir da cadeia na nossa carne, a fazê-lo no nosso espírito; e deixando o corpo, como um servo, no sopé da montanha, possa nossa alma, como Abraão, alcançar o topo da montanha e ali  entrar em comunhão com o Altíssimo.

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon






5 - O Propósito e o Modo de se Buscar a Deus

Tradução e adaptação de citações extraídas do sermão de Thomas Manton, baseado no Salmo 119.2, elaboradas pelo Pr Silvio Dutra.

“Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, que o buscam de todo o coração.” (Salmo 119.2)

Neste salmo o homem de Deus começa com uma descrição do caminho para a verdadeira bem-aventurança. No primeiro verso o homem bem-aventurado é descrito pelo curso de suas ações, "Bem-aventurados os retos em seus caminhos." Neste, pela estrutura de seu coração: “Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, que o buscam de todo o coração." O princípio interno das boas ações é a verdade e a pureza do coração.
Aqui você pode constatar duas marcas de um homem bem-aventurado:
1. Eles guardam os Seus testemunhos.
2. Eles o buscam com todo o coração .
Doct . 1. Aqueles que mantêm estreita vigilância dos testemunhos de Deus são abençoados.
A título de explicação, duas coisas são percebidas:
1. A noção de que é dada aos preceitos e conselhos na palavra: eles são chamados de seus testemunhos.
2. Guardar estes testemunhos é o que concerne ao homem bem-aventurado.
Primeiro, a noção pela qual a palavra de Deus é expressada é testemunho, por isto se entende toda declaração da vontade de Deus, em doutrinas, mandamentos, exemplos, ameaças e promessas. Toda a palavra é o testemunho que Deus tem revelado para a satisfação do mundo sobre o caminho da sua salvação.
Agora, porque a palavra de Deus se apresenta em duas partes, a lei e o evangelho, esta noção pode ser aplicada a ambos. Em primeiro lugar, à lei, no que diz respeito à "arca do testemunho" Êxodo 25.16, porque as duas tábuas foram colocadas nela, o evangelho também é chamado de testemunho, "o testemunho de Deus acerca de seu Filho”: Isa 8.20, "À lei e ao testemunho", onde testemunho parece ser distinguido da lei. O evangelho é assim chamado, porque Deus tem testificado nele como o homem deve ser perdoado, reconciliado com Ele, e obter o direito à vida eterna. Precisamos de um testemunho neste caso, porque isto é mais desconhecido para nós. A lei foi escrita no coração, mas o evangelho é um estranho. A luz natural discernirá algo da lei, e levantar assuntos que são de uma estirpe moral, mas as verdades evangélicas são um mistério, e dependem somente do testemunho de Deus acerca de seu Filho. E sob o evangelho este testemunho é gravado no coração e não em tábuas de pedra, como na dispensação da lei. Por isso permanece o testemunho em mistério enquanto o homem não nascer de novo, recebendo o testemunho do Espírito em seu coração.
Agora, a partir dessa noção de testemunhos temos esta vantagem:
[1] Que a palavra é uma declaração completa da mente do Senhor. Deus não nos deixa no escuro nas questões que dizem respeito ao Seu serviço e à salvação do homem. Ele nos deu o seu testemunho, ele nos revelou a sua mente, o que ele aprova e o que ele não permite, e em que condições ele vai aceitar os pecadores em Cristo. É uma coisa abençoada que não somos deixados à incerteza de nossos próprios pensamentos: Miquéias 6.8, "Ele te mostrou, ó homem, o que é bom." A maneira de agradar e desfrutar de Deus é claramente revelada na sua palavra. Podemos saber o que devemos fazer, o que podemos esperar, e sob que termos. Nós temos o seu testemunho.
Todavia esta revelação permanecerá em oculto àqueles sobre cujos olhos permanece o véu da incredulidade por recusarem a Cristo.
[2] Outra vantagem que temos por esta noção é a certeza da palavra, é o testemunho de Deus. O apóstolo diz, I João 5.9, “Se tomarmos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior". E Deus dá este testemunho em nossos corações pelo Espírito Santo.  Isto é a razão porque deveríamos dar muito mais valor ao testemunho de Deus do que o que damos ao testemunho de homens, que são falíveis e enganadores. Entre os homens, "na boca de duas ou três testemunhas, tudo está estabelecido", Deut 19.15, “Agora, quanto a Deus, há três que dão testemunho no céu, e três que dão testemunho na terra", 1 João 5.8. Estamos aptos para duvidar do evangelho, e ter pensamentos suspeitosos  de uma tal excelente doutrina, mas agora existem três testemunhas no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito, o Pai por uma voz: Mat 3.7: "E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado", etc. E o Filho também por uma voz, quando ele apareceu a Paulo do céu: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” E o Espírito Santo deu o seu testemunho, ao descer sobre ele na forma de uma pomba, e sobre os apóstolos em línguas de fogo. "E três são os que testificam na terra," pois ele diz: 1 João 5.10, "Aquele que crê, tem o testemunho em si mesmo." O que é isso? O Espírito, a água e o sangue, no coração de um cristão, estes dão testemunho do evangelho. O Espírito dá testemunho do evangelho quando ilumina o coração, o que nos permite discernir que a doutrina é de Deus, para discernir essas assinaturas e personagens de majestade, bondade, poder, verdade, que Deus tinha deixado acerca do evangelho, e água e sangue testemunham quando sentimos esses efeitos constantes e sensíveis do poder de Deus que vem com o evangelho (1 Tes 1.5), tanto por pacificar a consciência, e trazendo alegria e satisfação, e por santificar e libertar o homem da escravidão do pecado. A água significa santificação: João 17.17, "Santifica-os na tua verdade." O poder santificador de Deus, que vai junto com o evangelho, é uma confirmação clara do testemunho divino nele: João 8.32, "A verdade vos libertará." Pelo nosso desembaraçamento da luxúria chegamos a ser confirmados na verdade. O testemunho de Deus é a resolução final da nossa fé. Por que cremos? Porque é o testemunho de Deus. Como sabemos que é o testemunho de Deus? Ele o evidenciou pela sua própria luz nas consciências dos homens, mas Deus para a maior satisfação para o mundo, nos deu testemunhas, três no céu e três na terra.
Cada manifestação de Deus tem naturezas assinadas por Ele, personagens de Deus suficientes sobre elas para mostrar de onde vieram. A criação é uma manifestação de Deus; agora, quem olha para a mesma de modo sério e com consideração, pode encontrar Deus lá, pode segui-lo por suas pegadas, “Pelas coisas que são feitas, o seu ser invisível e poder." Rom 1.20. A criação se revela ser de Deus, e se o menor testemunho tem evidências claras, muito mais o do evangelho. Por quê? Porque Ele engrandeceu a sua palavra acima de tudo, o seu nome, Sl 138.2. O nome de Deus é aquele pelo qual ele é conhecido. Agora, há mais caracteres sensíveis e impressões de Deus deixados na sua palavra, que é a evidência da sua procedência divina, do que em qualquer outra parte.
[3] Esta vantagem que temos por esta noção, um testemunho é um motivo de auto-exame, ou a regra segundo a qual podemos julgar o nosso estado e as nossas ações, pois testifica não apenas de acordo com a lei, quanto ao que devemos fazer, ou nas situações da vida, o que podemos esperar, e se de fato fazemos o bem ou o mal, o que somos e o que podemos esperar da parte de Deus quanto à nossa obediência ou desobediência: Mat 24.14, "O evangelho do reino será pregado em todo o mundo, para testemunho a todas as nações," primeiro para elas, depois, contra elas, Marcos 13.9. A palavra é um testemunho para eles da vontade de Deus em Cristo, se a recebem; contra eles se eles a rejeitam, negligenciam, ou não creem nela. Por este meio podemos julgar a nossa condição pela nossa conformidade, ou não conformidade e contrariedade, à palavra de Deus. Cristo diz quanto ao dia do juízo, que Moisés vai acusá-lo: João 5.45, "Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais.” Por causa do evangelho virá a acusação. O que é agora uma oferta, então, será uma acusação. Deus não vai ficar sem uma testemunha no dia do julgamento. As criaturas, que tiveram uma impressão evidente de Deus sobre elas, vão testemunhar contra os gentios, de modo que eles fiquem inescusáveis. Rom 1.20, e os judeus, que estavam sob a dispensação de Moisés, ele vai acusá-los, não havia luz suficiente para convencê-los. Assim, o evangelho, que é o testemunho de Deus acerca de seu Filho, irá acusá-los se não for recebido. Portanto, é bom ver sobre o que a palavra dá testemunho; Acaso ela testemunha o bem ou o mal? de conformidade com o que deve ser tratada no dia do julgamento. É triste quando só podemos dizer da Escritura como os parentes do profeta do Senhor, "Ela nada testifica, senão o mal contra mim", I Reis 22.8. Vamos ver o que o testemunho de Deus fala, se ele vai interceder por nós ou contra nós no grande dia do Senhor.
[4] Ela repreende a nossa incredulidade, que quando Deus tem não somente nos dado uma lei, mas um testemunho, ainda estamos recuando e descuidados, a palavra de Deus não era mais, senão uma lei, que foram obrigados a obedecê-la, porque nós somos suas criaturas, mas quando é o seu testemunho, devemos considerá-lo ainda mais, pois agora Deus não se levanta somente sobre a honra de sua autoridade, mas da sua verdade: I João 5.10 "Aquele que não crê faz Deus um mentiroso, porque não crê no testemunho que tem dado a respeito de seu Filho." Podemos considerar isto em nossos corações - Oh! devemos fazer de Deus um mentiroso, depois de haver tão solenemente dado sua palavra, essa palavra que tem muitas assinaturas, personagens e selos de Deus sobre ela? Descuido agora não é somente desobediência, mas incredulidade; isto coloca uma  maior afronta em Deus, questionar sua veracidade e sua verdade, e não apenas rejeitar o Seu senhorio, mas impiamente fazer dele um mentiroso.
Em primeiro lugar, o testemunho do Senhor.
Em segundo lugar, o respeito do homem bem-aventurado por estes testemunhos, em guardá-los. O que significa guardar os testemunhos de Deus? Guardar é uma palavra que se refere a um encargo ou confiança atribuídos a nós. Cristo confiou os seus testemunhos a nós como uma confiança e um encargo dos quais devemos cuidar. Olhe, o quanto comprometemos de nossa parte a Cristo, o encargo de nossas almas para serem salvas em seu próprio dia, 2 Tim 1.12, assim também Cristo nos encarregou da sua palavra,
(1) Para colocá-la em nossos corações.
(2) Para observá-la em nossa prática. Isto é, para guardar a palavra.
[1] Para colocá-la em nossos corações. No coração duas coisas são consideradas - a compreensão e os afetos. Deus se compromete na aliança com ambos: Heb 8.10: 'Vou colocar a minha lei no seu entendimento, e escrevê-la em seus corações." O significado é que ele vai iluminar as nossas mentes para a compreensão da sua vontade, e enquadrar nossos afetos à obediência da mesma. Bem, então, você deve guardá-la em suas mentes e afetos.
(1) Em suas mentes. Devemos entender a palavra de Deus, aceitá-la; devemos focá-la frequentemente em nossos pensamentos, e observá-la em todas as ocasiões. Devemos compreendê-la, se quisermos ser bem-aventurados: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama", João 14.21. Nós não podemos ter consciência de obediência até que saibamos o nosso dever. Aquele que deveria guardar uma coisa deve primeiro tê-la; temos a posse da lei quando chegamos ao seu conhecimento: Mat 13.23, “Aquele que recebe a palavra em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende;” e Lucas 8.13, “os que ouvem a palavra e guardam, estes dão fruto com perseverança." Não é o suficiente ouvir a palavra, mas é preciso entendê-la, e ainda isso não é tudo: um adversário pode compreender a verdade, ou então ele não poderá racionalmente se opor a ela. É necessário consentimento, que nós cremos na palavra como sendo o testemunho de Deus e, consequentemente, abraçá-la e dar-lhe o devido lugar no coração. A fé é a recepção da palavra, Atos 2.41, ou melhor, "temos de tê-la pronta em  todas as ocasiões. A memória racional pertence à mente ou entendimento, por isso guardamos a palavra em nossas mentes quando a mesma está sempre pronta conosco, seja para verificar o pecado, ou para avisar quanto ao nosso dever, Sl 119.9. Esquecimento é uma ignorância desta época: Prov 3.1: “Meu filho, não esqueça a minha lei, e deixa o teu coração guardar os meus mandamentos." Devemos estar preparados para toda boa obra e palavra, quanto a ocasião seja oferecida a nós.
(2) Guardá-la em nossos corações é ter afeto por ela. Guardar a palavra relaciona-se com a nossa prudência e  ternura para com ela, quando somos prudentes com a palavra como um homem seria com uma joia preciosa: Prov 6.20,21: "Filho meu, guarda o mandamento de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe; ata-os perpetuamente ao teu coração, pendura-os ao pescoço.”.  Às vezes, faz alusão à menina dos olhos: Prov 7.2, “Guarda os meus mandamentos e vive; e a minha lei, como a menina dos teus olhos" Devemos ter tais ternas afeições com os testemunhos do Senhor, como um homem tem para com o seu olho. A menor ofensa ao olho é problemática; um homem deve ser tão cauteloso em relação ao mandamento quanto ele seria em relação ao seu olho. Às vezes, isso implica a semelhança de manter o caminho: Josué 1.7, “Não te inclines nem para a direita nem para a esquerda." Um viajante é muito cuidadoso para manter a sua rota, por isso quando estamos assim, atenciosos, sensíveis e cautelosos para com os mandamentos e testemunhos de Deus, este é um argumento de uma condição bem-aventurada. Assim, devemos guardá-los no coração.
[2] Estamos observando na prática; Lucas 11.28, “Sim, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a guardam"; isto é, que não apenas a ouvem, mas que a praticam. Muitos têm esta palavra em sua mente e memória, mas não em suas vidas. Sem isso, o ouvir nada é; gosto, conhecimento, aprovação, afeição fingida é tudo em vão: 1 João 2.4, "Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele." Nossas ações são uma melhor revelação dos nossos pensamentos do que nossas palavras. Quando temos um pequeno conhecimento, e fazemos uma pequena profissão de fé, pensamos que observamos os seus mandamentos, mas seremos mentirosos se não formos retos no nosso caminhar íntimo com Deus. Não é o suficiente entender a palavra, para ser capaz de falar e debater os testemunhos de Deus, mas para guardá-los. Não é suficiente concordar que sejam as leis de Deus, mas que devem ser obedecidas. As leis dos príncipes terrestres não são obedecidas por se acreditar que sejam as leis do rei, mas quando somos pontuais em observá-las. Isto é guardar o mandamento de Deus; isto implica tanto exatidão quanto  perseverança: Apo 3.8, “guardaste a minha palavra”, isto é,  não apostataste como outros fizeram, e Prov 6.20, "guarda o mandamento de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe," que é a perseverança. Você vê pela primeira nota quem são os homens bem-aventurados; aqueles que possuem o testemunho de Deus em sua palavra, e, portanto, olham para ela como um grande encargo e confiança que Cristo tem depositado neles e lhes dado poderem guardar a sua lei. Agora, certamente, estes são bem-aventurados. Por quê?
(1) São abençoados ou amaldiçoados quem Cristo no último dia pronunciará abençoados ou amaldiçoados. Agora, no último dia para alguns, ele dirá: "Vinde, benditos de meu Pai!” Para os outros: “Vão, malditos”, e ele nos disse de antemão, que é aquele que guarda os seus testemunhos que ele reservará para si naquele dia, Mat 7.20-22. Muitos virão e protestarão familiaridade com Cristo: "Senhor, nós profetizamos em teu nome," etc; “Tu tens ensinado nas nossas ruas" (assim está em Lucas), mas Cristo vai renegá-los: “Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.” Mt 7.23. Muitos vão fingir estar do lado de Cristo, mas porque eles não guardaram os seus testemunhos, ele não os receberá como seus.
(2) São abençoados aqueles pelos quais Cristo intercedeu. Agora, Cristo intercedeu por aqueles que guardam a sua palavra: João 17.6: "Eles guardaram a tua palavra." É uma tristeza para o seu advogado quando ele não pode falar bem de você no céu. Mas assim que ele vir alguns frutos de obediência, onde conferem muitas vezes com o testemunho de Deus, apesar de haver muitos defeitos, mas sendo cuidadosos quanto ao que neles se encontra, então Ele se dirigirá ao Pai e os reconhecerá como sendo seus filhos.
(3) Aqueles que são trazidos em doce comunhão com Deus, certamente, estão numa condição abençoada. Aqueles com os quais Deus será íntimo, e manifestará a Si mesmo numa forma de comunhão graciosa, são abençoados. Agora, porém, ele faz isto com aqueles que guardam os seus testemunhos: “Se alguém me amar e guardar os meus mandamentos, meu Pai o amará, e nós faremos nossa morada com ele.” Toda a Trindade virá e habitará em seu coração.
Mas agora você deve saber, há uma dupla guarda dos testemunhos de Deus - legal e evangélica. A guarda legal é uma forma de obediência perfeita e absoluta, sem a menor falha, por isso nenhum de nós pode ser abençoado. Moisés vai nos acusar, não deve haver a menor falha. Mas agora, a guarda evangélica - isto é, a obediência filial e sincera - é aceita, e Cristo perdoou as imperfeições. Se o perdão de Deus não nos ajudasse, seríamos para sempre infelizes. Os apóstolos tinham muitas falhas, às vezes eles manifestavam uma fé fraca, por vezes, dureza de coração, às vezes falta de afeto quando se encontraram de modo desrespeitoso, Lucas  9, e ainda assim Cristo deu testemunho deste reconhecimento geral deles, quando ele se dirigiu ao seu Pai: “Pai Santo, eles guardaram a tua palavra." Quando o coração é sincero, Deus vai passar por alto nossas falhas, Tiago 5.11, "Ouvistes da paciência de Jó". Ay! e de sua impaciência também, ele amaldiçoou o dia do seu nascimento, mas o Espírito de Deus colocou o dedo sobre a cicatriz, e tomou conhecimento do que era bom. Contanto que se lamente o pecado, procure a remissão do pecado, lute pela perfeição, se esforce para guardar ternamente o mandamento, apesar de um coração desobediente nos conduzir de modo errado algumas vezes,  guardamos o testemunho do Senhor num sentido evangélico.
A próxima agora é:
2. Eles o buscam com todo o coração.
Isto é adequadamente juntado ao anterior por um motivo duplo, em parte, porque o fim do testemunho de Deus é para nos direcionar ao modo de se buscar a Deus, para trazer para casa a criatura vagando para o seu centro e local de  descanso, e em parte, porque quem mantém os mandamentos de Deus, será forçado a buscar em Deus luz e ajuda.
A obediência não somente nos qualifica para a comunhão com Deus, mas (onde é considerada para valer) habilita-nos a  ter cuidado com isto; porque não podemos vir a Deus sem Deus; e, portanto, se quisermos manter os seus testemunhos, devemos buscar a Deus. Bem, então -
Doct. 2 Aqueles que desejam ser abençoados devem fazer disto o seu negócio – buscar sinceramente a Deus.
1. Observe o ato de dever; eles buscam o Senhor.
2. A forma de atuação; com todo o coração.
Em primeiro lugar, o que é buscar o Senhor?
1. Buscar o Senhor pressupõe nossa falta de Deus, pois nenhum homem busca o que ele tem, mas aquilo que não tem. Tudo o que estão procurando é um indicativo da sua necessidade de Deus. Por exemplo, quando começamos a procurá-lo em primeiro lugar, isto começa com um remorso saudável e o sentido da nossa alienação natural dele. O primeiro trabalho e o grande cuidado de retornarmos a ser penitentes é procurar a Deus. Enquanto os homens permanecem não convertidos, eles são totalmente negligentes em relação a Deus, e penso que eles não querem Deus: Sl 14.2, “Não há ninguém que entenda e busque a Deus.” Eles não têm qualquer afeto ou desejo de comunhão com Deus. Eles procuram coisas que seus corações cobiçam, mas não é o seu desejo preocupar-se em desfrutar Deus. Mas quando a conversão dos judeus é falada, Oseias 3.5, isto é dito: "Eles devem retornar e buscar ao Senhor seu Deus." Em sua primeira conversão, os homens são sensíveis à sua grande distância de Deus, e estão preocupados de terem ficado tanto tempo estranhos a ele.
Vejamos agora outro tipo de buscadores, que são sensíveis à mesma coisa; em caso de deserção isto está claro: Cant 5.6: "Meu amado tinha se retirado, e tinha ido embora, eu o procurei, mas eu não poderia encontrá-lo." Eles nunca começam a procurar, até que, primeiro, sejam sensíveis à sua perda, quando eles veem, Cristo está indo embora, eles são deixados mortos e sem consolo, sim, todos os crentes, a sua busca de comunhão com Deus é baseada num sentimento de querer, em algum grau e medida; é pouco que têm, em comparação com o que eles querem e esperam, e, portanto, mesmo os filhos de Deus são uma geração de buscadores, que “buscam a Deus”, Sl 24.6; não importa que estejam contentes, eles ainda estão em busca de mais. Eles estão sempre suspirando por Deus, e desejam desfrutar de mais comunhão com ele. Um homem mau está sempre fugindo de Deus, e nunca se sente melhor do que quando ele está fora da companhia de Deus, quando ele consegue se livrar de todos os pensamentos sobre Deus. Ele foge de sua própria consciência, porque ele encontra Deus lá; ele foge da companhia de bons homens, porque Deus está lá - uma reunião dos santos é como uma prisão; ele foge dos mandamentos porque eles trazem Deus para perto de sua consciência, e o colocam na mente de Deus: ele evita a morte, porque ele não pode suportar estar com Deus. Mas os homens que têm um senso e falta de Deus sobre eles, serão achados indagando e procurando por Ele.
2. Essa busca pode ser conhecida pelas coisas buscadas. O que buscamos? União e comunhão com Deus: Sl 105.4: “Buscai o Senhor e sua força, buscai a sua face para sempre.” Isto é uma alusão à arca, que era uma promessa da presença favorável e poderosa de Deus, de modo que o que buscamos é a presença favorável e poderosa de Deus, para que possamos encontrar o Senhor reconciliando, consolando e firmando nosso coração. A comunhão com Deus é a coisa principal que buscamos, como para desfrutar o seu favor na aceitação das nossas pessoas e perdão de nossos pecados. Isso é que o homem de Deus expressou, em seu próprio nome e em nome de todos os santos: Sl 4.6,7, “'Senhor, levanta a luz do teu rosto sobre nós," para que Deus manifestasse seus feixes de favor na alma. Sl 63.3, “Teu favor é melhor do que a vida." E então a sua força também, para que ele possa dominar nossas corrupções, tentações, inimigos, Miqueias 7.19, e para que ele possa suprir nossas necessidades interiores e exteriores por sua auto-suficiência, Fp 4.19. Deus falou com Abraão: “Eu sou o Deus todo-suficiente, anda em minha presença e sê perfeito."
3. A forma do dever pode ser explicada em relação às graças e ordenanças. Isto consiste no exercício da graça, e no uso das ordenanças.
[1] O exercício da graça - fé e amor.
(1) A fé é muitas vezes expressada por termos de movimento  - vindo, correndo, indo, procurando. Assim é toda a tendência da alma para Deus expressa por termos que sejam adequados ao movimento para fora. Essa fé que está implícita na busca aparece comparando essas duas escrituras: Isa 11.10, “Por isto procuram os gentios.” Agora, quando isso é falado no Novo Testamento, é processado, assim, Rom 15.12 “Nele os gentios esperam”. Assim isto evidencia confiança e esperança.
(2) Evidência de amor, que é exercitado aqui. Sl 63.8: “A minha alma apega-se a ti;”. É doloroso para aqueles que amam a Deus pensar em separação dele, ou abster-se de procurar por ele. O grande cuidado de suas almas é encontrar Deus, para que ele possa dirigir, confortar, fortalecer e santificar, e ter experiência doce da sua graça. Assim, a esposa buscou aquele a quem sua alma amava, e não descansou até que ela o encontrou.
[2] Novamente, isto é exercitado no uso das ordenanças, como a palavra e a oração. Deus será buscado em suas próprias ordenanças. Cristo anda no meio dos castiçais de ouro. Se você deseja achar uma pessoa, pense no seu andar e locais que costuma frequentar. Quando Cristo estava perdido, seus pais procuravam-no no templo; lá eles o encontraram. Se você quiser encontrar Cristo, olhe para as tendas dos pastores nas assembléias de seu povo, Cant 1.7,8; lá você deve achá-lo. Apenas deixe-me lhe dizer, estas ordenanças não são suficientes para se fazer de Cristo o objeto delas, para adorar a Cristo, mas ele deve ser feito o fim delas. Servir a Deus é uma coisa, e procurá-lo é outra. Servir a Deus é fazer-lhe o objeto de adoração, buscar a Deus é fazê-lo a finalidade da adoração, quando não iremos longe dele sem ele: Gênesis 32.16, “Eu não te deixarei ir, a menos que tu me abençoes." Não é o suficiente fazer uso de ordenanças, mas temos que ver se podemos encontrar Deus lá. Há muitos que vagueiam pelo palácio, e que ainda não falaram com o príncipe, de modo que, possivelmente, podemos vaguear pelas ordenanças, e não encontrarmos com Deus ali. É muito triste ir embora com a casca e a concha de uma ordenança, e negligenciar o núcleo, para agradar a nós mesmos porque temos estado na Coorte de Deus, embora não tenhamos encontrado o Deus vivo.
Novamente, se Deus não pode ser encontrado numa ordenança, temos que continuar procurando, você pode encontrá-lo na próxima. Às vezes, Deus não será encontrado em público, (numa reunião de oração por exemplo), mas pode ser encontrado na forma de ordenanças privadas. O cônjuge o procurou sobre a cama, depois em cada rua da cidade: Isa 4.6, "Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto." Na oração, chegamos a desfrutar de Deus mais diretamente, e o fazemos mais especialmente chamando-o para a nossa ajuda e alívio; há todas as graças agindo. Se você não consegue encontrar a Deus em oração, procure por ele na Ceia, e na Palavra, e se ele não estiver presente na palavra, busque-o através da meditação: Cant 5.6, "A minha alma desfaleceu quando ele falou”; isto é, quando eu considerei sua fala, porque seu cortejo acabou, meu amado foi embora, mas quando pensei em sua fala a minha alma desfaleceu. Davi consultou Natã, mas ele não poderia lhe dar qualquer resposta clara; o que sucedeu então? 2 Sam 7.4, "A palavra do Senhor veio a Natã naquela noite, dizendo: Vai e dize a meu servo Davi", etc. Então, quando estivermos buscando a Deus todos os dias no culto público, e apesar de tudo isso o oráculo está silente; mas à noite, quando o buscarmos novamente, Deus pode ser encontrado. Atos 17.12: "Por isso muitos deles creram." Como? - quando procuravam a Palavra, embora quando a ouviram não discerniram as impressões de Deus sobre a palavra, mas quando pesquisaram e estudaram, examinando-a em deveres privados, Deus apareceu. Heb 11.11, diz: "pois teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa." Como assim? na primeira audiência? Não, Sara riu quando Deus lhe prometeu um filho (pois era o Filho de Deus que estava em companhia com os anjos, Gên 28), mas depois, quando ela considerava aquilo, ela julgou ser Deus  fiel.
Assim, devemos seguir a Deus de ordenança a ordenança. Isto confronta uma grande dose de orgulho em homens carnais, que se Deus não fizer nada para encontrá-los presentemente eles jogam tudo fora. De vez em quando eles verão o que eles devem fazer para invocar a Deus, mas se Deus não responder na primeira batida, eles se vão.





6 - Buscar, Bater e Pedir

Em sentido bíblico geral estes três verbos equivalem a procurar por Deus com insistência e fervor.
Deus não será achado se não for procurado.
Se não lhe pedirmos o Espírito Santo não o receberemos, nem tampouco veremos o crescimento de nossas graças se não as buscarmos nele.
Pedir, bater, buscar são leis fixas do reino de Deus para serem cumpridas pelos crentes.
Deus e suas bênçãos devem ser buscados em conformidade com os motivos corretos que Ele tem estabelecido em Sua Palavra.
Não seria de se esperar que fôssemos atendidos ao pedir-lhe ou procurar por coisas que sejam condenadas por Ele ou que não estejam em conformidade com a sua santa e justa vontade revelada na Bíblia.
Então ao dizer que encontraremos o que buscarmos, e que receberemos o que pedirmos com fé, subentende-se que isto seja feito com uma fé pura e verdadeira, a saber, que seja consoante o conteúdo e o tom das Escrituras.
Deus jamais incentivará o nosso egoísmo e cobiça. Ele jamais atenderá aquilo que buscamos por motivo caprichoso ou interesseiro. Ele somente nos dará o que for útil para nós e para o progresso do evangelho.
Não somente nós pedimos a Deus, Ele também pede o nosso coração, a nossa consagração e pede que sejamos responsáveis perante Ele dando-lhe conta de tudo o que pensamos ou fazemos.
Esta é portanto uma via de mão dupla onde o que é solicitado e o que é recebido deve ser inteiramente santo, justo e verdadeiro.
Daí o cuidado que deveríamos ter sobretudo nas petições de nossas orações, de forma que estejam em conformidade com a mente do Senhor, pois nos será pedido conta se orarmos negligente e irreverentemente, multiplicando palavras que sejam uma abominação aos ouvidos de Deus.
Mesmo conhecendo de antemão o que se encontra em nosso coração o que proferiremos com os  nosso lábios, Deus nos impõe o dever de pedir-lhe o que desejamos para que seja conhecido por nós mesmos que é voluntariamente que o fazemos, pois deve haver um consentimento mútuo, uma concordância entre a nossa vontade e a de Deus.
Ele nunca arromba a porta do nosso coração, por isso bate suavemente para que a abramos voluntariamente para que Ele possa entrar.
Buscar o reino de Deus prioritariamente é muito mais do que ter um simples intento ou desejo, pois isto demanda de nós grande esforço e diligência em aprender e cumprir tudo o que nos é ordenado na Palavra de Deus. Esta busca deve ser manifestada por conseguinte em atitudes bem definidas e em atos reais, e não somente em pensamento ou na imaginação.
Todavia, devemos buscar o próprio Senhor porque Ele nos criou para o propósito de ser buscado e nos buscar para o estabelecimento de uma união íntima em amor. Vemos assim que este é o grande motivo da busca, e não apenas para sermos justificados do pecado, e para a solução de problemas cotidianos.
Uma relação amistosa e duradoura não pode ser mantida quando uma das partes deixa de procurar a outra. Da sua parte, Deus sempre está nos buscando – busca adoradores que o adorem em espírito e em verdade, mas somos dados a nos desgarrar e por isso deveríamos atentar para a petição do salmista: “Desgarrei-me como a ovelha perdida; busca o teu servo, pois não me esqueci dos teus mandamentos.” (Salmo 119.176)
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras
1 – krouo (grego) – bater à porta;
2 – aiteo (grego) – pedir, desejar;
3 – zeteo (grego) – procurar, buscar;
4 – baqash (hebraico) – buscar, procurar; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.escrita.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=33589







7 - A Culpa do Homem Reside em Não Buscar a Deus

Embora haja a culpa que é inerente à natureza decaída no pecado, a culpa imputada ao homem por Deus para efeito de sua condenação eterna é decorrente do fato de o homem não buscar ao Seu Criador para que seja santo tal como Ele é santo.
De fato, todo aquele que busca a Deus para tal propósito, crendo em Cristo, é eficazmente livrado de toda culpa relativa ao pecado e transformado pelo poder do Espírito Santo num genuíno santo inculpável de Deus.
Vemos assim que não é procedente qualquer tipo de arrazoamento que considere Deus como sendo injusto por ter criado o homem sabendo que todos se tornariam pecadores e transgressores de Sua vontade, uma vez que é pela falta de Deus na nossa vida que se estabelece a condição de sermos escravizados pelo pecado.
Fomos criados para o propósito de pertencermos a Cristo e a ter íntimos comunhão com Ele em espírito. Assim, quem ama a Cristo atinge o propósito da sua criação, e é escravo da justiça e não escravo do pecado.
Todos quantos buscarem ser livrados de tal escravidão confiando no Único que pode verdadeiramente libertá-los – Cristo – poderão viver na liberdade dos filhos de Deus.
Daí Jesus afirmar expressamente que o pecado é não crer nele. Que a condenação eterna decorre de tal incredulidade, e que a salvação é decorrente exclusivamente da fé nele.






8 - O Que Significa Buscar ao Senhor?

Meditação no Salmo 105:4

Por John Piper

Buscando o Senhor significa buscar sua presença. "Presença" é uma tradução comum da palavra hebraica "face". Literalmente, nós devemos buscar sua "face". Mas esta é a maneira hebraica de se ter acesso a Deus. Porque estar diante de sua face é estar na sua presença.
Mas não estão seus filhos sempre na sua presença? Sim e não. Sim, em dois sentidos: Primeiro, no sentido de que Deus é onipresente e, portanto, sempre perto de tudo e de todos. Ele mantém tudo que existe. Seu poder está sempre presente em sustentar e governar todas as coisas.
E, segundo, sim, ele está sempre presente com seus filhos no sentido da sua promessa da aliança a sempre estar do nosso lado e trabalhar por nós e transformar tudo para o nosso bem. "Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mateus 28:20).
Mas há um sentido em que a presença de Deus não está conosco sempre. Por esta razão, a Bíblia repetidamente nos convoca a "buscar o Senhor ... buscai a sua presença continuamente". A manifestação de Deus, consciente, presença confiável não é a nossa experiência constante. Há épocas em que nos tornamos negligentes ao Senhor e nem sequer pensamos nele e não colocamos a confiança nele e nós o encontramos "sem se manifestar", isto é, despercebido como grande e belo e valioso pelos olhos dos nossos corações.
Seu rosto — o brilho de seu caráter pessoal está escondido atrás da cortina de nossos desejos carnais. Esta condição está sempre pronta para nos alcançar. É por isso que nos é dito para "buscar a sua presença continuamente." Deus chama-nos a desfrutar da consciência continua de sua suprema grandiosidade e beleza e valor.
Isto acontece através da "busca". Busca contínua. Mas o que isso significa na prática? Tanto o Antigo e o Novo Testamentos dizem que é um "ajuste da mente e do coração" em Deus. É a fixação consciente ou foco de atenção da nossa mente e a afeição do nosso coração em Deus.
"Disponde, pois, agora o vosso coração e vossa alma para buscardes ao Senhor vosso Deus." (1 Crônicas 22:19)
"Portanto, se já, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que que são da terra." (Colossenses 3:1-2)
Este ajuste da mente é o oposto do acostamento mental. É uma escolha consciente para dirigir o coração para Deus. Isto é o que Paulo ora pela igreja: "Ora, o Senhor encaminhe os vossos corações na caridade de Deus e na paciência de Cristo" (2 Tessalonicenses 3:5). É um esforço consciente de nossa parte. Mas aquele esforço para buscar a Deus é um dom de Deus.
Nós não fazemos esse esforço mental e emocional para buscar a Deus porque ele está perdido. Isso faríamos para procurar uma moeda ou uma ovelha. Mas Deus não está perdido. No entanto, há sempre algo através do qual ou em torno do qual devemos ir para encontrá-lo conscientemente. Este atravessando ou passando ao redor é o que busca significa. Ele frequentemente está escondido. Velado. Precisamos ir através de mediadores e obstáculos.
Os céus proclamam a glória de Deus. Assim, podemos procurá-lo através disso. Ele se revela em sua palavra. Assim, podemos procurá-lo através disso. Ele mostra-se a nós nas evidências da graça em outras pessoas. Assim, podemos procurá-lo através disso. A busca é o esforço consciente para obter através de um meio natural ao próprio Deus - para constantemente ajustar as nossas mentes a Deus em todas as nossas experiências, para dirigir nossas mentes e corações em direção a ele através dos meios de sua revelação. Isto é o que significa buscar a Deus.
E há obstáculos intermináveis que temos que contornar a fim de vê-lo claramente, para que possamos estar na luz de sua presença. Devemos fugir de toda atividade espiritualmente torpe. Devemos fugir dela e contorná-la. Isto fica bloqueando nosso caminho.
Nós sabemos o que nos torna vitalmente sensíveis às aparições de Deus no mundo e na Palavra. E nós sabemos o que nos entorpece e nos cega e nos faz nem mesmo sequer procurá-lo. Devemos nos afastar dessas coisas e contorná-las se quisermos ver a Deus. Isso é o que buscar a Deus envolve.
E enquanto nós direcionamos nossas mentes e corações direcionados a Deus em todas as nossas experiências, clamamos a Ele. Isso também é o que a busca a Ele significa.
"Buscai ao Senhor enquanto se pode achar; invocai-o enquanto está perto" (Isaías 55:6)
"Se buscares a Deus e implorares ao Todo-Poderoso misericórdia..." (Jó 8:5)
Buscar envolve chamado e súplica. Ó Senhor, abre os meus olhos. Ó Senhor, abre a cortina da minha própria cegueira. Senhor, tem piedade e revele-se a si mesmo. Desejo muito ver a sua face.
O grande obstáculo em buscar ao Senhor é o orgulho. "No orgulho do seu rosto o ímpio não o busca” (Salmos 10:4). Portanto, a humildade é essencial para buscar o Senhor.
A grande promessa para aqueles que buscam o Senhor é que ele será encontrado. "Se o buscares, ele será achado de ti." (1 Crônicas 28:9). E quando ele for encontrado, há grande recompensa. "Aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos o que o buscam" (Hebreus 11:6). O próprio Deus é a nossa maior recompensa. E quando o temos, temos tudo. Portanto, "Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua presença continuamente!"

Buscando com você,

Pastor John





9 - A proximidade de Deus de nós

Partes de um sermão Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

"Ainda que Ele não está longe de cada um de nós." (Atos 17.27)

Quando o homem desobedeceu a Deus, ele morreu espiritualmente e aquela morte consistiu na separação da alma de Deus.
A partir daquele momento o homem começou a pensar que Deus estava muito longe e isso tem sido desde então a sua religião em todas as épocas. Assim, ele tem dito: "Não há Deus", ou ele tem crido que a criação visível é o próprio Deus, que é o mesmo que não ter nenhum Deus. Ou então ele tem pensado que Deus seja algum Ser distante, misterioso, que não toma conhecimento do homem.
Mesmo após a obtenção de uma melhor concepção de Deus, ele tem pensado que Ele é difícil de ser encontrado. Porque o seu coração está longe de Deus, ele imagina que o coração de Deus está longe dele. Mas não é assim. O Deus vivo não está longe de cada um de nós, pois "Nele vivemos, e nos movemos, e existimos."
Olhe para trás para o registro do Jardim do Éden e veja uma evidência da proximidade de Deus ao homem. Adão, tendo transgredido, escondeu-se entre as árvores do jardim, mas em seu esconderijo Deus procurou por ele e a voz do Senhor Deus foi ouvida, andando entre as árvores do jardim e dizendo: "Adão, onde estás?" O homem não vai buscar a Deus, mas Deus procura o homem! Embora a voz do homem não seja, "Onde está meu Deus?" ainda a voz de Deus é: "Adão, onde estás?"
Ao longo da história Deus tem sido familiar ao homem. Ele tem falado com ele em diversas formas, mas principalmente através de homens escolhidos. Um após outro Ele tem levantado Profetas e por suas vozes de alerta Ele tem pleiteado com os homens e lhes convidado a buscarem a Sua face.
Sua própria voz poderia ter causado espanto e por isso Ele tem usado vozes humanas, para que pudesse chegar mais perto do coração. Toda a história da nação escolhida, como lemos no Antigo Testamento, revela a proximidade de Jeová. O Senhor está perto, mesmo quando Ele parece ter se escondido. Nestes últimos dias, o Senhor chegou ainda mais perto de nós, pois Ele nos falou por Seu Filho. O Filho de Deus tornou-se o amigo dos pecadores - Ele poderia chegar mais perto do que isso? O Verbo se fez carne e habitou entre os homens e os homens contemplaram a Sua glória. Osso de nossos ossos e carne da nossa carne é o Cristo e Ele ainda é Deus verdadeiro de Deus. Nele Deus está próximo do homem e a humanidade é trazida para perto do Trono Eterno. Jesus Cristo é Deus e homem em uma pessoa e, assim uma maior proximidade é formada entre Deus e o homem. Em verdade, em verdade, o Senhor Deus não está longe de cada um de nós em Seu Filho amado!
Hoje, porém Jesus subiu ao alto, o Espírito de Deus habita no meio da Igreja e assim, mais uma vez, o Senhor está próximo. O Consolador ainda está no trabalho. O Convencedor ainda pressiona sobre a consciência do pecado, da justiça e do juízo por vir do homem. Ainda funciona o Espírito Santo com a Palavra de Deus, orientando seus ministros, por assim dizer, para que seus ouvintes percebam a personalidade e agudeza na Palavra entregue.
Oh, vocês que ouvem o Evangelho, não se esqueçam disso, que o Reino de Deus está próximo de vocês em um sentido muito especial! Eu posso dizer de você, com ênfase: "Ele não está longe de nenhum de vocês e você não está longe do Reino de Deus."
Que Deus está perto por sua onipresença e pelas suas relações graciosas com os homens é o ensino claro da Bíblia.
Deus está tão perto de nós que Ele ouve as orações do Seu povo e ordena eventos em correspondência a essas orações.
Nossa experiência cotidiana é que a oração é respondida pelo Senhor, nosso Deus, pois Ele está perto para cumprir Suas promessas e conceder as petições dos que colocam sua confiança nEle.
Você acredita no poder da campainha e acreditamos no poder da oração! Nossa conversa com o Deus vivo é tanto um fato e uma realidade para nós, como o toque de uma campainha para você!
Em nossa experiência, encontramos o Senhor pronto para ouvir, para abençoar de modo abundante!
Amado, o fato é que Deus está em toda parte. Ele é tão presente em todos os lugares que Ele está especialmente perto de cada pessoa.
Deus está perto de cada um de nós, observando-nos com exatidão, percebendo as intenções secretas de nossos corações. Ele está perto de nós, sentindo por nós e pensando em nós. Ele está perto de nós em energia ativa, pronto para intervir e ajudar-nos. Ele está perto de nós em todos os lugares e em todos os momentos. De noite e de dia Ele nos rodeia. Neste momento, "com certeza Deus está neste lugar".
Quão ímpio é o pecado quando visto sob esta luz! Você tem transgredido as ordens do grande Rei, na presença do rei. Quando você blasfemou, quando fez pouco caso dele - mas você falou em Seu ouvido. Quando você ridicularizou seus caminhos e seu povo, você fez isso em Seu rosto. Você insultou o seu Criador enquanto Seus olhos estavam fixos em você. Você sonhou que estava na periferia de seu domínio, longe de seu trono? E você, por isso, teve a liberdade de ofender? Oh senhor, você estava enganado! Você se rebelou em seus átrios! Ele ouviu suas más palavras; Ele observou seus atos iníquos. Pense nisso, você que nunca procurou misericórdia em Suas mãos – desde a sua infância até agora você viveu sob Sua vigilância atenta!
Será que alguns de vocês pecariam como fizeram, caso tivessem percebido a presença divina? Você teria coragem de ir tão longe como tem ido, se tivesse visto como Ele te viu?
Em seguida, observe quão profana é a indiferença! Porque ser indiferente a Deus, quando Deus está perto, a glória da sua majestade e as riquezas do seu amor, é um sinal de grande dureza de coração. Deus está perto, fornecendo-lhe a respiração, mantendo-o em vida e ainda assim você não se importa! Homens santos têm tremido com temor em Sua presença e você brinca!
Além disso, se Deus é tão próximo, isso mostra a impossibilidade evidente de enganá-lo. De Deus não se zomba! Você acha que, se você vai ao templo de Deus, que isto irá beneficiá-lo, apesar de você não ir para Deus? Você imagina que repetir certas palavras de graça será suficiente, embora seu coração esteja vagando nas montanhas da vaidade? Você já pensou que, fazer uma profissão religiosa será suficiente? E que Deus vai ser tão enganado a ponto de pensar que você é Seu servo e Seu filho, se você tomar sobre si os nomes que pertencem a esses relacionamentos? Você acha que ele pode ser enganado quando Ele está perto de você, ao seu redor e dentro de você? Seu coração está como aberto para Ele como sua Bíblia está aberta diante de você. Como, então, pode enganá-lo?
Mas, escute, isso nos mostra quão vã é toda a esperança de escapar de Deus! E se um homem diz que Deus não existe? Deus permanece o mesmo.
O que devemos fazer? Temos Lhe provocado! Ele está irado com o ímpio todos os dias! É a Sua grande longanimidade que retém os aguihões de Sua justiça, mas eles devem vir, um dia, pois Ele não pode poupar o culpado!
Que Deus abençoe este aviso solene para o despertar da sua alma!
Há um lado positivo nesta grande verdade da proximidade Divina. Se Deus não está longe de cada um de nós, então temos esperança na nossa busca Dele! Se eu buscar a Deus e Ele não está longe de mim, eu certamente o encontrarei! Eu não tenho que subir para o céu nem mergulhar no abismo, pois ele está próximo! Oh, porque a fé o percebe! Ele está me procurando com certeza, ou então eu nunca teria procurado por Ele! Quando o pecador procura Deus e Deus busca o pecador, então em breve ambos se reunirão. Não está escrito: "Se você procurá-Lo, Ele será encontrado por você"? "Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto."
Se você olhar para a cruz, o Senhor vai ver seus olhos olhando desse jeito. Ele vê o fraco, bem como o forte. Se você tem, senão um grão de mostarda de fé Ele vai imediatamente perceber isso!
Deus aceitará a sua fé e Ele dirá: "Não há agora, portanto, nenhuma condenação". Se Ele estivesse longe, sua fé poderia ser despercebida, mas como Ele está perto Ele vê o primeiro vislumbre de luz dentro de sua mente.
Se o Senhor está perto, não há nenhuma razão para que ele não deva conceder o perdão agora para todos os que o buscarem purificando-os de todos os seus pecados.
Se Deus não está longe de nós, vamos ver quão prontamente Ele ouve as nossas orações! Às vezes eu fico maravilhado com o poder de uma oração fraca para ganhar uma resposta rápida. "Maravilhado", você vai perguntar: "por que você está surpreso? Porque está escrito:" Antes que eles clamem, eu vou responder e estando eles ainda falando, eu os ouvirei." Sim, é assim que está  escrito, mas nem sempre apreendemos esta verdade.
Você está no meio de uma multidão de homens ímpios, mas Deus está lá também, se Sua Providência o chamou para tal companhia. A pressão incessante ocupa a sua mente, mas seria menor se você sentisse que Deus está lá para ajudar e guiar.
Quão simples é a comunhão com o Senhor, quando sabemos que Ele está perto de nós! Quando você procura quietude para a meditação, você acha incrível que você entre rapidamente em comunhão com Deus? Ele não está esperando por você?
Orai sem cessar, porque Deus está perto sem cessar. Derrame seu coração diante dEle, pois Ele está sempre perto para aliviar o seu coração. Ele torna a vida uma coisa abençoada quando nos lembramos em gastá-la com Deus. Nós vivemos nele. Nós não temos que buscá-Lo como se ele tivesse se escondido, pois Ele é o Sol, cuja presença enche nossa vida com força e conforto! Ele está em nós e, portanto, conosco. Portanto, vamos orar, louvar e manter doce comunhão com ele.
Se o Senhor está assim perto de nós, quão rapidamente Ele pode renovar nossas Graças! Infelizmente, as nossas almas muitas vezes precisam ser restauradas, mas, bendito seja o Seu nome, Ele está perto para renovar a nossa vida.





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