sexta-feira, 23 de outubro de 2015

108) Perfeição

108) PERFEIÇÃO

ÍNDICE

1 - Aperfeiçoamento Espiritual pelo Espírito e Não Pela Carne
2 - “Aperfeiçoados" (Hebreus 12.23)
3 - Imperfeição: A Marca de Todos os Perfeitos
4 - Aperfeiçoado e Amadurecido
5 - Posso todas as coisas naquele que me fortalece - Filipenses 4.13
6 - Recuperação da Graça e União Perdidas
7 - Toda-Suficiência
8 - Perfeito em Cristo Jesus
9 - Salvos na Esperança da Perfeição
10 - Desde Já Aperfeiçoados
11 - O Desafio da Perfeição
12 - Rumo à Perfeição (Filipenses 3.12-21)
13 - Cristãos Amadurecidos Sabem Lidar com as Debilidades e Diferenças dos Outros


1 - Aperfeiçoamento Espiritual pelo Espírito e Não Pela Carne

O apóstolo Paulo apresentou argumentos consistentes para convencer os crentes da Galácia sobre o comportamento insensato que eles estavam demonstrando ao terem abandonada a graça de Cristo, para tentarem se aperfeiçoar espiritualmente, pela observância dos preceitos civis e cerimoniais da Lei de Moisés.
Eles sequer eram judeus. Eram gentios que se deixaram iludir e encantar pelos argumentos falsos dos judaizantes que ensinavam que se alguém não circuncidasse o seu prepúcio e não guardasse todos os mandamentos da Lei, de modo algum poderia ser salvo por Deus da condenação eterna.
São palavras do apóstolo Paulo dirigidas aos gálatas na epístola que lhes escreveu, e que se encontra incluída entre os escritos do Novo Testamento:
“1 Ó Insensatos gálatas! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi exposto crucificado, entre vós?
2 Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
3 Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?
4 Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão.
5 Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?” (Gál 3.1-5).
Veja que os chamou de insensatos.
E nesta insensatez eu mesmo me encontrei em certa ocasião, decerto não na mesma ordem e grau, porque não foi por argumentos de judaizantes que me tornei insensato tentando me aperfeiçoar espiritualmente, por um caminho diferente daquele que é determinado por Deus nas Escrituras.
Lembro-me bem, que me esforçava com todo o empenho tentando melhorar meu temperamento e modos, pensando que com isto estaria me santificando.
E o Espírito de Deus me repreendeu dizendo que não era nisto que consistia a santificação, porque estava tentando, na verdade, aperfeiçoar o meu velho homem, a velha criatura decaída no pecado, que em vez de ser aperfeiçoada, deve ser achada crucificada juntamente com Cristo, pela fé, e da qual devemos nos despojar andando no Espírito e nos revestindo das virtudes de Cristo, pela prática da Palavra de Deus, da comunhão e da oração.
Eu estava tentando colocar o vinho novo da graça de Cristo, no odre velho da carne, ou seja, da natureza terrena pecaminosa que existe em todas as pessoas.
Nossa conversão a Cristo foi pela graça, mediante a fé, e a nossa santificação, de igual modo, deve trilhar o mesmo caminho.
Que Deus nos livre do sentimento de justiça própria. De tentarmos estabelecer o modo de Lhe agradar, fora do caminho estreito que é Cristo, que se tornou da Sua parte para nós, a nossa justiça, santificação, sabedoria e redenção, como se lê em I Cor 1.30.








2 - “Aperfeiçoados" (Hebreus 12.23)

Lembremos sempre que existem dois tipos de perfeição que os  cristãos necessitam - a perfeição da justificação na pessoa de Jesus, e a perfeição da santificação operada pelo Espírito Santo. No momento, a corrupção do pecado ainda permanece mesmo nos seios do regenerado (nascido de novo do Espírito) - a experiência logo nos ensina isso. Dentro de nós ainda remanescem desejos e imaginações malignas. Mas me alegro em saber que  está chegando o dia quando Deus completará a obra que ele começou, e  apresentará a minha alma, não apenas perfeita em Cristo, mas perfeita por meio do Espírito, sem mancha, nem qualquer coisa semelhante.
Pode ser verdade que este meu pobre coração pecador há de se tornar santo assim como Deus é santo? Pode ser que este espírito, que muitas vezes clama: "Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta  morte?" será livrado do pecado e da morte - que não terei nenhuma coisa má para envergonhar os meus ouvidos, e nem pensamentos impuros para perturbar a minha paz?
Oh, que hora feliz! Que ela seja apressada! Quando eu atravessar o Jordão, a obra da santificação será concluída, mas até aquele momento eu mesmo devo clamar pela minha perfeição. Então, o meu espírito terá seu último batismo no fogo do Espírito Santo. Parece-me que eu desejo morrer para receber esta última e final purificação que me conduzirá ao céu. Nem um anjo é mais puro do que eu serei, porque serei capaz de dizer, em um duplo sentido: "Eu sou limpo", através do sangue de Jesus, e através do trabalho do Espírito Santo.
Oh, como devemos exaltar o poder do Espírito Santo em nos tornar assim aptos para estarmos de pé diante do nosso Pai no céu! No entanto, não deixemos que a esperança da perfeição do porvir nos faça ficar contentes com a nossa imperfeição presente. Se for assim, a nossa esperança não pode ser verdadeira, porque uma boa esperança é algo purificador, mesmo agora. A obra da graça deve ser permanente em nós agora ou ela não pode ser aperfeiçoada depois. Oremos para "sermos cheios do Espírito Santo", para que possamos produzir cada vez mais os frutos de justiça.

Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de Charles Haddon Spurgeon, em domínio público.







3 - Imperfeição: A Marca de Todos os Perfeitos

Por John Piper

Meditação sobre Hebreus 10.14:

"Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados."

Duas coisas são bastante encorajadoras em nossa condição imperfeita como pecadores salvos.

Primeira, observe que Cristo aperfeiçoou seu povo, e esse aperfeiçoamento já está completo. “Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados”. Ele o fez; e o fez para sempre. O aperfeiçoamento de seu povo está completo, para sempre. Isso significa que os crentes não pecam? Não ficam doentes? Não fazem erros matemáticos na escola? Já somos perfeitos em nosso comportamento e atitudes?

Neste versículo, há uma razão evidente que nos faz saber que essa não é a nossa situação. Qual é essa razão? É a última frase. Quais são as pessoas que foram aperfeiçoadas para sempre? Aquelas que “estão sendo” santificadas. A ação contínua do tempo presente do verbo grego é importante. Aqueles que “estão sendo santificados” ainda não estão completamente santificados no sentido de não pecarem mais. Do contrário, eles não continuariam sendo santificados.

Portanto, temos a combinação que nos deixa perplexos: aqueles que Cristo “aperfeiçoou” são aqueles que “estão sendo santificados”. Podemos também pensar nos capítulos 5 e 6 de Hebreus e recordar que esses crentes eram qualquer coisa, exceto perfeitos. Por exemplo, em Hebreus 5.11, o autor sagrado diz: “A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar, porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir”. Podemos, então, dizer com certeza que “aperfeiçoou”, em Hebreus 10.14, não significa que somos aperfeiçoados a ponto de não pecarmos mais nesta vida.

O que isso significa? A resposta é dada nos versículos seguintes (15 a 18). O autor bíblico explica o que pretendia dizer, ao citar Jeremias referindo-se à nova aliança, ou seja, que na nova aliança, que Cristo selou com seu próprio sangue, há perdão total para todos os nossos pecados. Os versículos 17 e 18 dizem: “Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades, para sempre. Ora, onde há remissão destes, já não há oferta pelo pecado”. Portanto, ele explica a perfeição presente em termos (pelo menos) de perdão.

O povo de Cristo é aperfeiçoado agora no sentido de que Deus remove todos os nossos pecados (Hebreus 9.26), perdoa-os e nunca mais se lembra deles como base para condenação. Neste sentido, permanecemos diante dEle como pessoas perfeitas. Quando Deus olha para nós, Ele não nos imputa qualquer de nossos pecados — passado, presente ou futuro. Deus não lança mão de nossos pecados, novamente, para usá-los contra nós.

Agora observe, em segundo lugar, em favor de quem Cristo fez esta obra de aperfeiçoamento, na cruz. Hebreus 10.14 nos diz: “Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados”. Você pode afirmá-lo de modo significativo nestes termos: “Cristo aperfeiçoou para sempre aqueles que estão sendo aperfeiçoados”. Ou: “Cristo santificou completamente aqueles que estão sendo santificados”.

Isto é o que o autor sagrado realmente diz no versículo 10: “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas”. Assim, no versículo 10, nós fomos “santificados”. O versículo 14 diz que estamos “sendo santificados”. Isto significa que você pode saber que mantém uma posição de perfeição aos olhos de seu Pai celestial, se está se movendo de sua imperfeição presente e se encaminhando em direção a mais e mais santidade, pela fé em sua graça futura. Permita-me dizer, novamente, que, por causa de seu encorajamento para pecadores imperfeitos como nós e de sua plena motivação à santidade, Hebreus 10.14 significa que você pode ter certeza de que permanece perfeito e completo aos olhos de seu Pai celestial, não porque você é perfeito agora, mas exatamente porque você não é perfeito agora e está sendo santificado — sendo tornado santo.

Você pode ter certeza de sua posição como pessoa perfeita diante de Deus, porque, pela fé nas promessas de Deus, você está se movendo de suas imperfeições hesitantes em direção a mais e mais santidade. Nossa imperfeição remanescente não é uma evidência de nossa desqualificação, e sim uma marca de todos aqueles que Deus “aperfeiçoou para sempre” — se estamos no processo de sermos transformados (2 Coríntios 3.18).

Anime-se. Fixe seus olhos naquela obra de aperfeiçoamento que Cristo fez para sempre. E resista a todo pecado conhecido.








4 - Aperfeiçoado e Amadurecido

Na maior parte dos textos do Novo Testamento em que encontramos a palavra “perfeição”, esta não significa que alcançaremos enquanto neste mundo, uma perfeição moral isenta de qualquer tipo de fraqueza ou pecado.
Todavia, todos os textos, inclusive os citados insinuam a noção de que estamos a caminho disto se estamos em Cristo; e, este aperfeiçoamento é iniciado aqui e há de ser completado finalmente no porvir.
Há de fato um amadurecimento espiritual que pode e deve ser alcançado em nossa jornada terrena, e que por vezes é chamado no texto bíblico de perfeição, mas, como já dissemos; isto não significa aquele completo amadurecimento que teremos somente por ocasião da volta de Jesus.
Deus tem iniciado em nossa conversão em Cristo, uma obra de aperfeiçoamento que atingirá seu estado final glorioso, quando Ele der a última pincelada no quadro espiritual que está criando; não somente em nós individualmente falando, como também quanto à perfeição de todo o corpo espiritual do qual Cristo é a cabeça.
Compete a cada um de nós cooperar com este trabalho de aperfeiçoamento (desenvolvimento) da nossa salvação, com o trabalho que é realizado pelo Espírito Santo, sujeitando-nos à Sua direção, instrução e poder.
É na justa cooperação de cada um dos membros do corpo de Cristo, que este aperfeiçoamento é realizado pelo Espírito. Daí a importância de que os crentes congreguem em comunhão com os santos, conforme é da vontade de Deus para eles.
Para o propósito deste aperfeiçoamento é requerida a renovação da nossa mente, e conhecimento da completa vontade de Deus (Rom 12.2).
Todavia, todo o nosso conhecimento e capacitação em Deus será sempre parcial enquanto aqui estivermos, mas o que é parcial será aniquilado quando chegarmos ao estado de perfeição absoluta no porvir (I Cor 13.10).
Conforme nos ensina o apóstolo Tiago, necessitamos ser pacientes e perseverantes nas tribulações, de maneira a permitir que seja atingido o pleno propósito de Deus em aperfeiçoar a nossa vida através de tal instrumentalidade das provações (Tiago 1.4).
Por tudo o que é afirmado nas Escrituras em relação a este assunto, podemos entender que a obra de Deus em nossas vidas não é algo transicional, em obtenções de bênçãos esparsas, mas um constante crescimento no conhecimento de Jesus e da graça, até que atinjamos a estatura de varão perfeito.
O próprio primeiro advento de Jesus teve este propósito de completar o que Deus havia iniciado no Velho Testamento. Daí se dizer em variadas passagens do Novo Testamento, que Ele veio cumprir o que havia sido prometido por Deus, através dos profetas do Velho Testamento. O Senhor estava plenamente consciente e imbuído da necessidade de consumar a obra que Lhe havia sido designada pelo Pai para ser cumprida.
O mesmo está ocorrendo com todos os crentes neste mundo. Eles são cooperadores na lavoura de Deus até o dia da grande ceifa. Há uma obra em curso no mundo e em suas próprias vidas, até que seja cumprido o desígnio final do Senhor por ocasião do Seu segundo advento.
Vemos assim, que devemos discernir este propósito divino que é também o propósito de nossa vida, e de tudo o que fazemos.
Por isso, o apóstolo afirma que se faz necessário que conheçamos qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, ou seja, qual é o Seu plano geral e particular para a humanidade e para a glória de Cristo.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras
1 – teleios (grego) – completo, maduro, perfeito;
2 – teleioo (grego) – consumado, consagrado, feito completo;
3 – teleiotes (grego) – perfeição;
4 – katartisis (grego) – perfeição;
5 – katartizo (grego) – restaurar, completar, remendar, aperfeiçoar;
6 – pleroo (grego) – perfeito, completo; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128437








5 - Posso todas as coisas naquele que me fortalece - Filipenses 4.13

Partes de um sermão de Joseph A. Alexander, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

Esta não é apenas a experiência pessoal de Paulo, mas de todos os que são participantes da "fé igualmente preciosa".
Todos nós precisamos de força; todos nós precisamos de alguém para nos fortalecer. Conscientes ou inconscientes da nossa fraqueza, somos fracos. A nossa própria força é fraqueza. Nós não temos a força suficiente para sermos fortes. O esforço de fraqueza não pode produzir força. A impotência, em assuntos espirituais, é uma parte da nossa maldição hereditária. Temos de olhar para fora de nós mesmos para a sua remoção. E para nos salvar de uma busca vã, a palavra de Deus define Cristo de uma só vez diante de nós como nossa força, nosso fortalecedor.
Todo verdadeiro crente, em sua medida, tem o direito de dizer: Eu posso fazer todas as coisas através de Cristo que me fortalece. De mim mesmo nada posso fazer; mas através de Cristo eu posso fazer todas as coisas, tudo o que é obrigação, tudo o que é necessário, tanto para minha própria segurança, quanto para o bem dos outros, ou para a honra do próprio Cristo.

Pode ser propício para a clareza de nossos pontos de vista, se perguntar (1) como ele nos fortalece, e (2) para que ele nos fortalece?

Primeiro, então, de que forma e com que meios, Cristo nos fortalece? Eu respondo, negativamente, não por milagre ou mágica, não agindo em nós sem o nosso conhecimento ou contra a nossa vontade, mas através de nossos próprios poderes inteligentes e ativos. Eu exponho positivamente, em primeiro lugar, que ele nos fortalece nos instruindo, iluminando nossas mentes no conhecimento de si mesmo e de nós próprios e, especialmente, fazendo-nos sentir nossa fraqueza e compreender seus poderes. Ele nos mostra o que é uma fraqueza moral, conectada com uma depravação moral universal, envolvendo todos os nossos poderes e afetos. Ele nos mostra nossa dependência da misericórdia de Deus para o alívio e livramento deste estado debilitado indefeso, e nos ensina a procurá-lo – ao Senhor Jesus Cristo, como o nosso profeta, instrutor infalível, e nosso fortalecedor.

Ainda, ele nos fortalece por seu exemplo. Isto não é feito por preceito ou por doutrina simplesmente, que ele trabalha esta mudança necessária em nós. Ele não tem apenas dito o que é certo. Ele nos mostra como fazê-lo.
Mas preceito e exemplo não é tudo. Podemos ouvir os preceitos de Cristo, e ainda não obedecê-los. Podemos ver seu exemplo, e ainda não segui-lo. Com tanto à vista, ainda podemos ser impotentes para o bem espiritual, a menos que alguma nova energia trabalhe dentro de nós, assim como uma máquina está completa e bem ajustada, mas sem efeito ou uso até que a energia em movimento é aplicada. Mas quando ela é aplicada, quando tudo é posto em movimento, quão distintamente as peças realizam seu trabalho e harmoniosamente contribuem para o resultado final!
Mas nós não somos máquinas, movidos por uma força externa, sem uma cooperação consciente de nossa parte. Estamos ativa e espontaneamente em nossos exercícios espirituais.
"O amor de Cristo nos constrange." Se o amor faltar, tudo está perdido; não podemos fazer nada; ficamos tão fracos como sempre. Mas deixe o amor de Deus operar em nossos corações, e todo o conhecimento e os motivos que tinham permanecido muito tempo inertes, começam a se mover, e na direção certa. Todos os poderes e afetos são despertados, e o que parecia impossível, agora é sentido como sendo fácil. Aquele que uma vez não podia fazer nada, agora é capaz de "fazer todas as coisas."
Irmãos, o poder de Cristo nos fortalece, quando o amor de Cristo nos constrange.

Novamente: Cristo nos fortalece por operar a fé em nós, e fazendo-se conhecido a nós, como o objeto dessa fé. Nesta vida o mais favorecido deve andar pela fé e não pela vista. Cristo é para todos nós um Salvador invisível. Sua palavra e seu exemplo estão de fato diante de nós. Mas a razão e o propósito de seu relacionamento conosco podem ser totalmente inexplicáveis.
Portanto, a fé fortalece. Para ser forte, devemos acreditar e confiar. A razão deste fato é óbvia. Se esperarmos até que vejamos e compreendamos a solução de todas as dificuldades, nunca começaremos a agir, e tal inação é, claro, é um estado de debilidade. Se nos recusamos a tomar qualquer coisa como concedida, ou receber qualquer coisa com confiança, uma ação rápida e energética é impossível. As situações de emergência que a exijam passarão antes que tenhamos nos colocado em movimento.
A correção desta fraqueza é um bem colocado para confiar em alguma coisa fora de nós mesmos. A confiança cega é pior do que a fraqueza; mas uma confiança em algo ou alguma pessoa que seja digna, é uma fonte, uma fonte inesgotável de força.
Cristo nos permite, e nos convida, a confiar nele. E qual é o alicerce mais seguro sobre o qual podemos construir? Seu poder onipotente,
sua onisciência, a perfeição de sua sabedoria, a verdade, e bondade, e o mérito infinito de sua obra de salvação, tudo garante uma confiança implícita e inabalável. E lançando-nos sobre ele, podemos descartar nossas dúvidas e medos, extinguir nossos erros e pensamentos vagos, concentrar todas as nossas energias nos deveres presentes, e fazer maravilhas da obediência, encorajados pelo testemunho e exemplo de '' uma nuvem tão grande de testemunhas", que  por meio da fé venceram reinos, praticaram a retidão, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a violência do fogo, escaparam do fio da espada, retiraram força da fraqueza, e puseram em fuga os exércitos do inimigo.”
Este é o ofício e efeito da fé. Não temos um salvador ausente. Ele não está longe, pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos. Também não estamos apenas perto dele. Estamos unidos com ele. Estamos enxertados nele, estamos inseridos nele. A vida que agora vivemos não é mais nossa, mas de Cristo, e a força espiritual que agora exercermos é no mesmo sentido dele, o poder que se aperfeiçoa na fraqueza; de modo que quando estamos fracos então somos fortes; e em vez de desesperar, podemos nos gloriar nas fraquezas. Esta nova,
transcendente, real, embora seja uma força misteriosa, é o fruto da união com o Salvador; e a união que gera essa força é produzida pela fé. Assim, nos sentimos fortes à medida que crescemos conscientes de nossa união e identidade com Cristo. Nele podemos todas as coisas. Este é o verdadeiro sentido da linguagem de Paulo.








6 - Recuperação da Graça e União Perdidas

   "Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias." (Mateus 15.19)

   Estas palavras de Jesus comprovam que a perfeição moral é decorrente da graça de Deus operando em íntima união com o espírito humano.
   Havia perfeição moral no primeiro homem criado até que ele pecou e com isto sujeitou toda a sua descendência a permanecer destituída da graça de Deus, porque sendo Santo não pode ter comunhão com o pecador.
   Para tanto, seria necessário primeiro punir o pecado com um castigo de dimensão infinita e eterna, e isto, obviamente não poderia ser feito por nenhum dos descendentes de Adão, senão pelo próprio Deus, que é infinito e eterno – isto comprova e demonstra a nossa suprema necessidade de Jesus Cristo tanto para nos justificar do pecado quanto para nos prover da graça necessária para que sejamos resgatados da condição de escravidão ao pecado para a liberdade da obtenção da perfeição moral pela comunhão com a divindade.
  Disto se depreende que o propósito da vida cristã reside sobretudo na nossa transformação moral, pela regeneração e santificação do Espírito Santo, de modo que possamos adorar a Deus e ter comunhão com Ele em espírito, por estarmos purificados pelo sangue de Jesus. A bíblia está repleta de figuras no Velho Testamento a respeito desta purificação, e de citações diretas relativas à mesma tanto no Velho quanto no Novo Testamento.
   Vemos portanto, quão grosseira e desprovida da verdadeira santidade está a aplicação doutrinária que aponta sobretudo para o propósito da vida cristã como sendo a obtenção de bens materiais, fama, poder secular e tudo o mais que o próprio mundo busca prioritariamente.
    Lembremos sempre que importa buscar em primeiro lugar o reino de Deus, que é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. E muito desta busca do reino, conforme nos ensinam as Escrituras, se refere à nossa santificação, porque importa sermos recuperados da condição corrompida inata de nossa natureza terrena. E a vida de comunhão com nosso Senhor Jesus Cristo é o único caminho que pode nos conduzir a isto.








7 - Toda-Suficiência

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

"Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece." (Filipenses 4.13)

A primeira parte da frase seria uma impudente ousadia sem a última parte para interpretá-la. Há alguns homens que, inchados de vaidade, têm dito em seus corações: "Eu posso fazer todas as coisas." A sua destruição tem sido certa!
E o que diremos do nosso Apóstolo, pequeno em estatura, gaguejando no discurso, sua presença pessoal fraca, e a sua palavra desprezível, quando ele vem para a frente e se orgulha: "Eu posso fazer todas as coisas"? Ó presunção insolente! O que você pode fazer, Paulo? O líder de uma seita odiada, todos eles condenados por um édito imperial até a morte! Você, você, que se atreve a ensinar o dogma absurdo que um homem crucificado é capaz de salvar almas, que Ele é realmente o Rei do Céu, e praticamente o rei na terra! Você diz: "Eu posso fazer todas as coisas." O quê? Tem Gamaliel te ensinado tal arte da eloquência, que você pode confundir todos que se lhe opõem? Você confia em si mesmo? Não! "Eu posso fazer todas as coisas", diz ele, "através de Cristo que me fortalece." Olhando corajosamente em torno dele, volta os olhos de sua fé com humildade para o seu Deus e Salvador, Jesus Cristo, e se atreve a dizer, não impiamente, nem com arrogância, mas com reverência piedosa e coragem destemida, "Eu posso fazer todas as coisas em Cristo que me fortalece."
Meus irmãos e irmãs, quando Paulo disse estas palavras, ele lhes queria dizer, de fato, que ele teve uma grande medida já comprovada ou a força da qual ele agora afirma! Alguma vez você já pensou quão variada eram as provações, e quão inúmeras eram as conquistas do Apóstolo Paulo? Chamado pela graça de uma forma súbita e milagrosa, imediatamente, não consultou carne e sangue para pregar o Evangelho! Em seguida, ele se ausentou um pouco, para que pudesse entender melhor a Palavra de Deus. Desde o deserto da Arábia, onde ele cingiu os lombos, e se fortaleceu por meio da meditação e da mortificação pessoal, ele sai, não para tomar conselho com os que já eram apóstolos, nem para pedir a sua orientação ou sua aprovação, mas com coragem singular, começou a proclamar o nome de Jesus, e proclamando que ele era também um apóstolo de Cristo! Você vai se lembrar que depois disso, ele realizou muitas coisas difíceis - ele resistiu a Pedro na cara, e em seguida, registra as suas próprias realizações, como ele descreve a si mesmo:
"em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes.
Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um.
Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo;
Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos;
Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.
Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.” (2 Coríntios 11.23-28)
Quando o apóstolo diz "todas as coisas", quer se referir a que podia suportar todas as provações. Não importa o que os seus perseguidores pudessem fazer-lhe, ele sentia que era muito capaz, pela graça divina, de suportá-lo.
"Posso suportar todas as coisas", diz ele, "por amor a Cristo". Ele esperava diariamente que poderia ser levado a morrer, e a expectativa diária da morte é mais amarga do que a morte, em si, porque o que é a morte? É apenas uma pontada, e acabou! Paulo podia dizer: "Eu morro todos os dias", e ele ainda estava firme e inamovível na expectativa da hora de uma dolorosa partida! Ele estava pronto para ser oferecido como um sacrifício por causa de seu Mestre. Cada filho de Deus, pela fé, pode dizer: "Eu posso sofrer todas as coisas." Tenhamos bom ânimo sob qualquer tentação ou sofrimento que possamos ser chamados a experimentar por amor de Cristo, pois podemos sofrer tudo isso por meio de Cristo que nos fortalece.
Com as palavras do nosso texto Paulo também queria se referir a que poderia desempenhar todas as tarefas. Ele foi chamado para pregar? Ele era suficiente para isto, com a força de Cristo - ele foi chamado para dirigir e governar as igrejas - para ser, por assim dizer, um superintendente viajante e bispo do rebanho? Ele sentia que estava bem qualificado para qualquer serviço que pudesse ser colocado sobre ele, por causa da força que Cristo certamente dá. E você, meu querido irmão, se você é chamado hoje a algum dever que é novo para você, também pode dizer: "Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece."
Isto também é verdade quanto às lutas internas do cristão com suas corrupções. Paulo, uma vez disse: "Miserável homem que sou, quem me livrará do corpo desta morte?" Mas Paulo não parou por aí - sua música não era toda em tom menor! Rapidamente ele toca os acordes maiores e canta: "Mas graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo." Posso estar abordando algum cristão que tem naturalmente um temperamento muito violento, e diz que não pode controlá-lo. "Você pode fazer todas as coisas através de Cristo que lhe fortalece." Posso estar falando com outro que sentiu uma fraqueza peculiar de disposição, uma propensão a ser tímido. Meu irmão, minha irmã, você não deve renegar o seu Senhor, por meio de Cristo que lhe fortalece, a pomba pode vencer a águia, e você que é tímido como um cordeiro pode ser forte e corajoso como um leão! Não há fraqueza ou propensão má que o cristão não possa vencer.
O apóstolo se sentia capaz de servir a Deus em toda e qualquer circunstância. "Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.” (Filipenses 4.12)
Alguns cristãos são chamados a mudanças bruscas, e eu observei muitos deles que foram arruinados por suas mudanças. Eu vi o pobre homem extremamente espiritual de espírito, eu o vi cheio de fé em relação à Divina Providência, e vivendo uma vida feliz esperando na recompensa de seu Deus. Eu tenho visto homens que têm adquirido riquezas e observei que ficaram mais mesquinhos, do que eram, na verdade, mais angustiados do que eram antes! Tinham menos confiança em Deus, menos liberalidade de alma. Mas isso não precisa ser assim! Cristo, fortalecendo o cristão, ele está pronto para todos os lugares.
Como é que Cristo fortalece o seu povo? Nenhum de nós pode explicar as misteriosas operações do Espírito Santo, só podemos explicar um efeito por outro. Não tenho a pretensão de ser capaz de mostrar como Cristo comunica força ao seu povo pela energia que flui do Espírito, mas deixe-me mostrar o que o Espírito faz, e como esses atos do Espírito tendem a fortalecer a alma para "todas as coisas".
Não há dúvida de que Jesus Cristo faz o seu povo forte, reforçando a sua fé. Juntamente com esta fé, acontece frequentemente que o Espírito Santo também dá uma singular firmeza de espírito. E não somente dá uma espécie de tenacidade sagrada, e obstinação de espírito combinada com fé, mas frequentemente os cristãos antecipam as alegrias do céu justamente quando suas dores são maiores.
Mas, a fim de permitir que o seu povo possa fazer todas as coisas, Cristo também vivifica as faculdades mentais. É impressionante o poder que o Espírito Santo pode conceder à mente dos homens! Você deve ter observado, eu não duvido, as controvérsias que os confessores antigos da fé tiveram com os hereges, e a perseguição sofrida por parte de reis e bispos, a maneira singular com que pobres analfabetos foram capazes de refutar seus adversários. Como as faculdades foram vivificadas para fazer cada confessor aproveitar todas as oportunidades para valer-se de todos os erros de seu oponente, e lançar mão de textos da Escritura que eram como espadas para cortar em pedaços aqueles que ousassem se opor a eles, é realmente uma questão de admiração!
Somado a isso, sem dúvida, também, grande parte do poder de fazer todas as coisas reside no fato de que o Espírito de Deus capacita o cristão a vencer a si mesmo. Ele pode perder todas as coisas, porque ele já está preparado para fazê-lo, ele pode sofrer todas as coisas, porque não valoriza seu corpo como o mundano faz - pode ser corajoso para Cristo, porque aprendeu a temer a Deus, e, portanto, não tem motivos para temer o homem. Um corpo saudável pode suportar muito mais fadiga, e pode trabalhar muito mais poderosamente do que um corpo doente. Agora, Cristo coloca o homem em um estado saudável, e ele está preparado para injúrias longas, para tarefas difíceis, e para privações severas.
No entanto, você não pode fazer nada espiritualmente sem a força de Cristo. Não saia a Seu serviço até que tenha orado primeiro, porque o esforço que se inicia sem oração vai acabar sem louvor! Essa batalha que começa sem uma dependência santa de Deus, certamente acabará em uma terrível derrota!








8 - Perfeito em Cristo Jesus

“Perfeito em Cristo Jesus." (Colossenses 1.28)

Você não sente em sua própria alma que a perfeição não está em você? Cada dia não lhe tem ensinado isto? Cada lágrima que escorre de seu olho, clama: "imperfeição"; cada palavra áspera que procede dos seus lábios, murmura: “imperfeição”. Você tem tido também com frequência o sonho de ter, por um momento que seja, alguma perfeição em si mesmo. Mas em meio a esta triste conscientização de imperfeição, aqui está o conforto para você - você é "perfeito em Cristo Jesus” . "Aos olhos de Deus, você é "completo nele," mesmo agora você é "aceito no Amado". Mas há uma segunda perfeição, ainda a ser realizada, para toda a descendência. Não é agradável aguardar o tempo em que toda a mancha do pecado será removida do cristão, e no qual ele será apresentado irrepreensível diante do trono de Deus, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante? A Igreja de Cristo, então, será tão pura, que nem mesmo o olho da Onisciência verá uma mancha ou defeito nela; tão santa e tão gloriosa, que Hart falou a verdade quando disse:
“Vestido com as vestes do meu Salvador,
santo como o que é Santo.”
Então conheceremos, e provaremos, e sentiremos a felicidade desta ampla mas curta frase: "Completo em Cristo." Só então poderemos compreender plenamente as alturas e profundidades da salvação de Jesus. Acaso, o teu coração não salta de alegria com este pensamento? Tenebroso como tu és, tu serás iluminado um dia; imundo como tu és, tu serás limpo. Oh, esta é uma salvação maravilhosa! Cristo toma um verme e o transforma em um anjo; Cristo toma uma coisa deformada e a torna incomparável em sua glória, incomparável em sua beleza, e apta para ser companheira de serafins. Ó minha alma, levanta-te e admira esta bendita verdade da perfeição em Cristo.

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.








9 - Salvos na Esperança da Perfeição

A ideia de que houve pessoas que viveram na terra em tão elevado grau de santidade, que chegaram à perfeição, não corresponde à verdade e nem mesmo à realidade.
Somente Jesus Cristo e mais ninguém foi completamente santo.
Isto nos conduz a concluir que enquanto aqui estivermos, não haverá um único de nós que não mais esteja sendo trabalhado pelas mãos do Grande Oleiro para ser transformado em vaso de honra sem qualquer mancha ou mácula.
Não dizemos estas coisas à guisa de desencorajar ou desestimular a busca de uma santificação cada vez maior, porque é esta a vontade de Deus para todos os seus filhos.
Todavia, é necessário considerarmos a verdade com toda a humildade, e dizermos juntamente com Paulo, que foi um grande santo enquanto aqui viveu, que era o principal dos pecadores, não dizia que o havia sido simplesmente no passado, porque assim se considerava até o dia em que partiu para a glória do céu.
Então onde jaz a diferença entre as pessoas santas e não santas?
Evidentemente, não no fato de serem pecadoras ou não, porque todos somos pecadores, mas em que os que são santos permitem e buscam serem lavados de seus pecados e serem transformados e restaurados por Deus.  
O Senhor trabalha com toda a Sua infinita longanimidade e misericórdia para trazer de volta à vida os que estavam mortos espiritualmente, para trazer de volta para si o que estavam perdidos, e faz isto num trabalho paciente de restauração progressiva em santificação, até completá-la no dia em que nos receberá na glória.
É nisto que consiste a nossa salvação. Somos salvos por Deus na esperança daquilo que haveremos de ser, e que Ele realizará pela Sua própria graça e poder.








10 - Desde Já Aperfeiçoados

Jesus nosso grande Sumo Sacerdote está trabalhando agora para manter a paz e a aplicação da graça em nós.
Observe que Rom 5.10 afirma que agora, muito mais, já tendo sido reconciliados, seremos salvos pela vida de Jesus.
Fomos reconciliados pela morte so Senhor e estamos sendo salvos pela Sua vida.
Se a morte do Salvador pôde nos redimir quanto mais a Sua vida não poderá nos guardar?
Este é o grande trabalho sacerdotal de Jesus. Ele intercede continuamente em nosso benefício junto ao Pai.
Paulo afirma em II Tim 1.12 que estava persuadido de que Deus é poderoso para guardar o seu depósito até o dia da sua chamada à glória celestial.
Lemos em Heb 10.14: “com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.”.
Esta oferta referida é o sacrifício que fez de si mesmo, na cruz, por nós.
E em Heb 10.10: “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.”.
Por uma única oferta temos sido santificados para sempre.
Ele nos aperfeiçoou para sempre.
Nele estamos aperfeiçoados como se diz em Col 2.10.
Isto é verdadeiro mesmo aqui na terra, onde estamos sujeitos ainda a muitas imperfeições, porque nossa justificação e regeneração foram atos perfeitos e completos de Deus.
A nova natureza que recebemos na conversão está perfeita em todas as suas partes, é uma nova vida que deve ser desenvolvida.
Não está perfeita no desenvolvimento, mas é perfeita na sua condição de incorruptibilidade e santidade.
O perdão dos nossos pecados foi também perfeito e completo.
Por isso se diz o que encontramos em Rom 8.31 a 39. O texto é longo e por isso não o estamos citando aqui, mas é muito importante que você o leia e veja ali apontadas as consequências da justificação, de não podermos mais ser acusados, condenados e separados do nosso relacionamento com Deus através de Jesus Cristo.







11 - O Desafio da Perfeição

Por D. M. Lloyd Jones

Tudo quanto fazemos neste mundo é de tremenda significação, e não podemos dar-nos o luxo de supor que não há risco... nosso Senhor... parte da questão relativa ao julgamento feito acerca de outras pessoas. Devemos ser cuidadosos quanto a isso, porque nós mesmos estamos sujeitos a juízo. Mas por que, então, nosso Senhor faz esta promessa, nos versículos 7-11 (de Mateus 7), nesse ponto? Por certo é esta a resposta: Nos versículos 1 a 6, Ele nos mostra o perigo de condenar a outrem, como se fôssemos nós os juízes, e de abrigar amargura e ódio no coração. Ele também nos manda tirar a trave do nosso olho, «antes de querer extrair o argueiro do olho do nosso irmão.

O efeito disso tudo, em nós, é revelar-nos a nós mesmos e mostrar-nos quão terrivelmente necessitamos da graça. . . ficamos humilhados e nos pomos a indagar: «Quem é suficiente para estas coisas? Como terei possibilidade de viver à altura de tal padrão?»... damo-nos conta de quão indignos e pecadores somos. E o resultado disso é que nos sentimos totalmente sem esperança nem socorro. Dizemos: «Como podemos viver segundo o Sermão da Montanha? Como pode alguém elevar-se ao nível de tal padrão? Precisamos de socorro e de graça. Onde obtê-los?» Eis a resposta: «Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á».

Essa é a conexão entre os dois trechos, e devemos dar graças a Deus por ela, porque, estando face a face com este glorioso Evangelho, temos de sentir-nos arruinados e indignos. Os insensatos que pensam no cristianismo somente em termos daquela pouca moralidade que eles mesmos podem produzir, nunca chegam a ver o que é o cristianismo. O padrão pelo qual somos confrontados é aquele que encontramos no Sermão da Montanha. Esse padrão esmaga a todos nós até ao chão, e somos levados a compreender nossa incapacidade e nossa desesperada necessidade de graça. Aí está a resposta; a solução nos está sendo oferecida. No versículo oitavo o Senhor repete a Sua oferta.









12 - Rumo à Perfeição (Filipenses 3.12-21)

Por Matthew Henry

A simples dependência e fervor de alma não são mencionadas, como se o apóstolo tivesse alcançado o prêmio ou como se já fosse perfeito conforme a semelhança do Salvador. Esquece-se daquilo que fica para trás, para que não se sinta satisfeito pelos trabalhos Filipenses passados ou pelas atuais medidas de graça. Vai adiante, prossegue em direção à sua meta; expressões que demonstram grande interesse por chegar a ser mais e mais como Cristo.
Aquele que está em uma carreira jamais deve deter-se antes de ter alcançado a sua meta. Deve seguir adiante tão rápido quanto possa; deste modo, aqueles que têm o céu em vista devem ainda seguir adiante em santo desejo, esperança e constante esforço. A vida eterna é uma dádiva de Deus, que está em Cristo Jesus; deve vir a nós por meio de sua mão, da maneira que Ele a conquistou para nós. Não há outra forma de chegarmos ao céu como o nosso lar, a não ser por meio de Cristo, que é o nosso caminho. Os verdadeiros crentes, ao buscarem esta segurança e ao glorificá-lo, buscarão de uma maneira mais cuidadosa parecerem-se com Ele em seus sofrimentos e em sua morte, morrendo para o pecado e crucificando a carne com as suas paixões e desejos.
Nestas coisas existe uma grande diferença entre os verdadeiros cristãos, e todos conhecem ao menos algo sobre elas. Os crentes fazem de Cristo o seu tudo em todas as coisas, e colocam os seus corações no mundo porvir. Diferem uns dos outros, e não têm o mesmo juízo em questões menores; ainda assim, não devem julgar-se uns aos outros porque todos reúnem-se agora em Cristo e esperam reunir-se em breve no céu. Que eles se unam em todas as grandes coisas em que estejam de acordo, e esperem mais entendimento da parte do Senhor nas coisas menores, nas quais diferem.
Nada importa aos inimigos da cruz de Cristo, a não ser os seus apetites sexuais pecaminosos. O pecado é a vergonha do pecador, especialmente quando gloriam-se nisto. O caminho daqueles que ocupam-se em coisas terrenas pode parecer agradável, mas a morte e o inferno estão no final destes. se escolhermos tais caminhos para a nossa vida, compartilharemos o seu final.
A vida de cada cristão está no céu, onde está a sua Cabeça e o seu lugar, e onde espera estar dentro de pouco tempo; devemos colocar os nossos afetos nas coisas que são de cima, e onde estiver o nosso coração, aí estará o nosso tesouro.
Existe glória reservada para os corpos dos santos, glória que se fará presente por ocasião da ressurreição. Então o corpo será transformado em um corpo glorioso; não somente ressuscitado para a vida, mas para um maior benefício. Observemos o poder por meio do qual será realizada esta transformação, e estejamos sempre preparados para a chegada de nosso Juiz. Esperando ter os nossos corpos vis transformados por seu poder que pode fazer todas as coisas, e recorrendo diariamente a Ele, para que exista uma nova criação de nossas almas para a piedade; para que nos livre de nossos inimigos e que empregue os nossos corpos e as nossas almas como instrumentos de justiça, a seu serviço.









13 - Cristãos Amadurecidos Sabem Lidar com as Debilidades e Diferenças dos Outros

Paulo começou o 15º capítulo de Romanos concluindo o assunto que havia tratado no capítulo anterior, para dizer que aqueles que se consideravam espirituais e fortes na graça, esclarecidos nas coisas relativas ao reino de Deus não deveriam se valer da maturidade espiritual para desprezarem aqueles que ainda não estivessem no mesmo nível de santificação e espiritualidade deles.
Ao contrário, deveriam servir de suporte para os cristãos fracos, porque não fomos chamados a agradar a nós mesmos, mas a amar nossos irmãos com demonstrações práticas de ações, orações, serviços e usos dos nossos dons em favor deles, para que sejam aperfeiçoados na fé.
Novos convertidos ou pessoas que apesar de convertidas têm dificuldade em progredir rumo ao amadurecimento espiritual não devem ser de modo algum criticadas, desprezadas ou rejeitadas por aqueles que são maduros na fé.
O verbo suportar empregado no primeiro versículo, quando Paulo fala sobre “suportar as fraquezas dos fracos”, vem do original grego bastazo, que significa levar o que é duro de suportar, carregar, sustentar, apoiar. Então, não é suportar no sentido de tolerar, mas de ajudar.
Nós encontramos este mesmo verbo, usado com o mesmo sentido em outras passagens tais como Mt 8.17; Lc 14.27; Rom 11.18 e Gál 6.2.
O modo de agradar não a nós mesmos, mas ao nosso próximo, é com as coisas que sejam boas para a sua edificação, como se vê no verso 2.
Estas coisas que são boas para edificação têm a ver com o evangelho do Senhor, porque Ele não agradou a Si mesmo, tomando sobre Si as nossas injúrias, como se vê no verso 3.
Para este propósito, de suportarmos as debilidades dos fracos, e nos exercitarmos no amor, é que foi feito o registro das Escrituras para o nosso ensino, para que através das mesmas nós tenhamos esperança, através da perseverança e consolação que recebemos das próprias Escrituras, como se afirma no verso 4.
Deus mesmo é quem nos faz perseverar e nos consola, fazendo com que tenhamos o mesmo sentimento de uns para com os outros, segundo o exemplo que temos em Cristo Jesus como se vê no verso 5.
Ele faz isto para que possamos em concordância, como  uma só boca, isto é, em unidade de amor, de fé e de espírito, glorificar o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, como se afirma no verso  6; portanto os cristãos devem se acolher mutuamente como amigos, da mesma forma como Cristo nos recebeu, para a glória de Deus.
E assim, como poderíamos preservar a unidade do Espírito com sentimentos facciosos em nossos corações, relativamente naquilo que deveria nos unir mais, a saber, o cuidado por todos aqueles cujas consciências ainda são mais fracas do que as nossas, dizemos ainda, porque Deus é poderoso para aperfeiçoá-los, tanto quanto fizera conosco, porque nenhum crente estava maduro por ocasião da sua conversão.
Os cristãos que existiam em Roma, fossem eles judeus ou gentios, deveriam viver nesta unidade recomendada pelo apóstolo, não permitindo que questões sobre comida, bebida, dias sagrados, que ele havia citado no capítulo anterior (14º), servissem de base para separá-los.
Porque apesar de Jesus ter cumprido Seu ministério terreno entre os judeus, por causa da necessidade de confirmar a Palavra de Deus, pela promessa que havia feito aos patriarcas de Israel; no entanto, Ele era também o Senhor e Deus dos gentios conforme as próprias Escrituras haviam predito a respeito do relacionamento que viria a existir entre eles e Cristo, como se vê nos versos 8 a 12.

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