sexta-feira, 23 de outubro de 2015

140) Submissão 141) Substituição 142) Temor

140) SUBMISSÃO

ÍNDICE

1 - Submissão


1 - Submissão

Não há palavra que gere mais aversão ao homem natural do que esta – submissão.
A razão disso reside no fato de que o homem é rebelde por natureza em seu estado pecaminoso, cuja raiz é a rebelião, que foi a causa principal da queda do próprio Satanás e dos anjos que perderam o estado de glória original que possuíam no céu.
Esta rebelião se caracteriza pela rejeição e resistência a qualquer forma de governo, ainda que seja de Deus, ou daqueles aos quais Ele tem dado o poder de governar, sendo autoridades instituídas por Ele para manter a ordem e a justiça na Terra.
A natureza terrena do homem decaída no pecado possui o pendor de fazer e impor a própria vontade, e não atender e fazer com prazer a vontade de outros. Todavia, sem submissão não pode haver ordem, quer no universo material, quer no moral e espiritual.
Há uma lei natural de governo e obediência que rege não somente a criatura, como também podemos vê-la na própria Trindade Divina, onde Jesus é submisso a Deus Pai, e o Espírito Santo submisso a ambos. Todavia, tanto Jesus quanto o Espírito Santo são da mesma natureza e essência de Deus Pai.
A submissão de coração real a quem é de fato devida é uma grande bênção para o que é submisso, porque está na condição de espírito que é do agrado de Deus, e lhe confere mansidão, paz e alegria.
A obediência de coração faz bem não somente a Deus, como para o que obedece, e também para aquele ou aqueles que são alvo da mesma.
Lares em que a submissão ordenada por Deus é praticada são lares abençoados por Ele, nos quais Sua paz reina; a esposa em relação ao marido e os filhos em relação aos pais. Onde não há conflito e resistência o resultado somente pode ser o de paz e segurança.
Não é, portanto sem razão que somos ordenados a negarmos a nós mesmos e a carregar diariamente a nossa cruz, para a crucificação do nosso ego, que é dado naturalmente a se elevar e a não se submeter à vontade de Deus, e à daqueles que são líderes por Ele designados, que lideram em conformidade com a Sua Palavra e vontade.
O hábito da submissão deve ser formado em nós, e quando aprendido, quão felizes ficamos com o resultado disso em nossas próprias vidas. Quão diferentes ficamos! Mais semelhantes a Cristo, mais sábios, razoáveis, temperantes, pacientes; enfim, adornados com todas as virtudes que acompanham a submissão de espírito.
Uma cerviz endurecida é um grande perigo, porque Deus a abaterá, mas um coração quebrantado e contrito é agradável a Deus, e será por Ele exaltado e alegrado.
Sem submissão não pode haver unidade e comunhão.
Devemos lembrar sempre, que fomos criados para viver em unidade amorosa com Deus e uns com os outros, conforme podemos ver na oração sacerdotal de Jesus em João 17.
A submissão não é um princípio que foi ativado por Deus por causa da entrada do pecado no mundo, ou da rebelião de Satanás no céu. Ela é um princípio eterno que emana da Sua própria autoridade imanente, e se distribui por Suas criaturas conforme Sua exclusiva determinação e vontade.
Quão belo e perfeito é o Seu governo, em sua forma instituída com base na submissão! Pois onde estaria o marido arrogante e dito “machão chauvinista”, se todos os homens fossem submissos de coração a Jesus Cristo e à Sua Palavra?
Onde estaria a esposa contenciosa e autoritária, se todas as mulheres fossem submissas de coração aos seus próprios maridos, como se estivessem sendo ao próprio Cristo?
E o filho rebelde e contradizente, se todos os filhos fossem obedientes de coração e honrassem a seus pais?
E isto pode ser estendido aos empregados, em relação aos seus empregadores; aos alunos em relação a seus professores; aos cidadãos em relação aos policiais, aos governantes, aos magistrados e a todos aqueles que se encontram em posição de autoridade.
Toda submissão verdadeira e aprovada por Deus é aquela que é direcionada à justiça e à verdade. Não deve haver submissão àquilo que contraria a vontade revelada e expressa de Deus, pois importa antes obedecer a Deus do que aos homens.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras:
1 – hupotage (grego) – submissão, subordinação, sujeição;
2 – hupotasso (grego) – submisso, sujeito, obediente;
3 – hupakoe (grego) – obediente; relativos ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128461












141) SUBSTITUIÇÃO


ÍNDICE

1 - BARRABÁS
2 - A Morte da Nossa Morte na Morte DEle
3 - Salvo Pela Perfeita Obediência de Jesus


1 - BARRABÁS

“Então todos tornaram a clamar dizendo: Este não, mas Barrabás. E Barrabás era ladrão” João 18:40.

O costume de soltar um prisioneiro no dia da Páscoa tinha, sem dúvida, o propósito de ser um ato de graça da parte das autoridades romanas para com os judeus, e pelos judeus poderia ser aceito como um ato atencioso pelo motivo de sua Páscoa. Posto que nesta data eles mesmos foram tirados da terra do Egito, poderiam considerar que era sumamente conveniente que algum prisioneiro obtivesse sua liberdade.
Todavia, não havia nenhuma provisão para isto na Escritura; não havia sido ordenado por Deus, e sem dúvida, deve ter gerado algum efeito pernicioso para a justiça pública, que a autoridade governante soltasse um criminoso, sem levar em conta seus crimes ou seu arrependimento: o deixavam em liberdade na sociedade simples e exclusivamente pelo fato de que um certo dia deveria ser celebrado de uma maneira peculiar.
Posto que algum prisioneiro deveria ser solto no dia da Páscoa, Pilatos pensa que agora tem uma oportunidade de permitir que o Salvador escape sem necessidade de comprometer em absoluto sua reputação diante das autoridades de Roma. Pilatos pergunta ao povo a qual dos dois prefere dar a sua liberdade, a um notório ladrão que se encontrava até então sob custódia, ou ao Salvador.
É provável que Barrabás fosse detestável para a multidão até esse momento; e contudo, apesar de sua anterior antipatia, a turba, instigada pelos sacerdotes, esquece todas as suas culpas, e prefere a ele em lugar do Salvador.
Não podemos saber exatamente quem era Barrabás. Seu nome, como o entenderão, significa no hebraico é: “filho de seu pai”. “Bar” significa “filho”, como quando Pedro é chamado Simão Barjonas, filho de Jonas; e a outra parte de seu nome: “Abbas”, que significa “pai”. “Abbas” é a palavra que nós usamos em nossas aspirações de filhos: “Abba, Pai!”
Então, Barrabás é o “filho de seu pai”; e algumas pessoas propensas ao misticismo opinam que há aqui uma imputação de que era particular e especialmente um filho de Satanás. Outros conjecturam que é um nome de carinho, que lhe foi dado porque era o preferido de seu pai, uma criança mimada; o filho do papai, como costumamos dizer; e estes escritores agregam que as crianças mimadas muitas vezes se tornam imitadoras de Barrabás, e são as pessoas mais propensas a se tornarem daninhas para o seu país, e se convertem em aflições para seus pais, e maldições para todos os que as rodeiam. Se assim fosse, tomando este caso em conexão com o caso de Absalão, e especialmente o dos filhos de Elí, é uma advertência para os pais para que não errem esbanjando uma excessiva clemência a seus filhos.
Nos parece que Barrabás cometeu pelo menos três crimes: foi encarcerado por homicídio, por sedição e por rebelião, que constituíam certamente uma lamentável combinação de ofensas; facilmente poderíamos sentir piedade pelo progenitor de tal filho.
Este infeliz é apresentado e é posto a competir contra Cristo. Se apela à turba. Pilatos crê que por causa do sentido de vergonha, realmente seria impossível que preferissem a Barrabás; mas eles estão tão sedentos de sangue contra o Salvador, e estão tão influenciados pelos sacerdotes que, em uníssono – não parecia que houvesse nem uma só voz que se opusesse, nem uma mão que se alçasse contra – com uma surpreendente unanimidade de maldade, eles gritam: “Não a este, senão a Barrabás”, ainda que soubessem – pois ele era um notável ofensor bem conhecido – que Barrabás era um assassino, um canalha e um traidor.
Este fato é muito significativo. Há mais ensinamento nele do que à simples vista poderíamos imaginar. Não temos aqui, antes de mais nada, neste ato de liberar o pecador e de condenar o inocente, uma espécie de tipo dessa grandiosa obra que é realizada pela morte do nosso Salvador? Nós poderíamos de forma muito justa pararmos ao lado de Barrabás. Temos roubado de Deus a Sua glória; temos agido como sediciosos traidores contra o governo do céu: se todo aquele que aborrece a seu irmão é homicida, nós também somos culpáveis desse pecado. Aqui estamos diante do tribunal; o Príncipe da Vida está atado por nossa causa e não se nos permite que saiamos livres. Deus nos liberta e nos absolve, enquanto o Salvador, sem mancha nem pecado, nem sequer com uma sombra de uma falta, é conduzido à crucificação.

Nos dias do Velho Testamento, duas aves eram tomadas no ritual de limpeza de um leproso. Uma ave era sacrificada, e seu sangue era derramado num vaso de barro; a outra ave era molhada neste sangue, e logo, com suas asas avermelhadas, era deixada em liberdade para que voasse no campo. A ave morta retrata bem o Salvador, e cada alma que por fé foi submersa em Seu sangue, voa ao alto, até o céu, cantando docemente no gozo da liberdade, devendo sua vida e sua liberdade inteiramente a Ele, que foi imolado.
Se reduz a isto: Barrabás deve morrer ou Cristo deve morrer; tu, pecador, deves morrer, ou Cristo Emanuel, o Imaculado, deve morrer. Ele morre para que nós sejamos postos em liberdade.
Oh! Nós temos uma participação nesta salvação hoje? E ainda que tenhamos sido ladrões, traidores e homicidas, podemos regozijar porque Cristo nos libertou da maldição da lei, havendo sido feito maldição por nós!
A transação tem todavia outra voz. Este episódio da história do Salvador mostra que a juízo do povo, Jesus Cristo era um maior ofensor do que Barrabás; e por uma só vez posso me aventurar a dizer que a vox populi (a voz do povo), que em si mesma foi a mais infame injustiça – se lermos à luz da imputação dos nossos pecados a Cristo – foi a vox Dei (a voz de Deus). Quando Cristo esteve coberto com os pecados de Seu povo, teve mais pecados postos sobre Ele do que os que estavam em Barrabás. Não há pecado nEle, Ele era completamente incapaz de se converter num pecador -  santo, inocente e puro é Cristo Jesus, mas Ele assume a carga inteira da culpa de Seu povo sobre Si mesmo por imputação, e quando Jeová o vê, vê mais culpa posta sobre o Salvador do que a culpa que está sobre este atroz pecador, Barrabás.
Barrabás sai livre, inocente, em comparação com o tremendo peso que repousa sobre o Salvador. Pensem então, amados, quão baixo se abateu seu Deus e Senhor para ser assim contado com os iníquos. Watts o expressou assim:
“Sua honra e Seu alento
Ambos lhe foram arrebatados,
Em Sua morte foi unido aos malvados,
E foi envilecido como eles.”

Ele era tudo isso na estima do povo e diante do tribunal de justiça, pois os pecados de toda a companhia dos fiéis foram postos sobre Ele. “Jeová levou nele o pecado de todos nós.” Nenhum coração poderia conceber quanta terá sido essa iniquidade, nem nenhuma língua poderia dizê-lo. Meçam pelas dores que Ele suportou, e então, se puderem adivinhar quais foram essas dores, será possível formar alguma idéia de qual terá sido a culpa que o abateu diante do tribunal de justiça abaixo do próprio Barrabás. Oh! Quanta condescendência há aqui! O justo morre pelos injustos. Ele leva o pecado de muitos, e ora pelos transgressores.
Ademais, me parece que há uma terceira lição, antes de passar para a parte do texto que quero enfatizar. Nosso Salvador sabia que Seus discípulos seriam odiados pelo mundo muito mais do que os notórios pecadores de todas as épocas. Muitas vezes o mundo esteve mais disposto a tolerar os homicidas, os ladrões e os viciados do que os cristãos; e retribuiu a alguns dos melhores e mais santos homens, de forma que foram tão caluniados e abusados, que seus nomes foram eliminados como um sinônimo de depravação, indignos de serem inscritos na mesma lista com os criminosos.
Agora, Cristo santificou estes sofrimentos de Seu povo da calúnia de seus inimigos, suportando Ele mesmo precisamente esses sofrimentos, de tal maneira que, meus irmãos, se vocês ou eu fôssemos acusados de crimes que aborrecemos, e se nosso coração estivesse a ponto de estourar debaixo do peso da acumulação do veneno da calúnia, poderíamos levantar nossas cabeças e sentir que em tudo isto contamos com um companheiro que tem a verdadeira comunhão conosco, o Senhor Jesus Cristo, que foi rejeitado quando Barrabás foi escolhido.
Não esperem um melhor tratamento que o Seu Senhor. Recordem que o discípulo não é maior que seu Mestre. Se ao pai de família chamaram Belzebu, quanto mais aos de sua casa? E se preferem o homicida ao invés de Cristo, pode não estar distante o dia em que preferirão um assassino ao invés de ti.
Me parece que estas coisas jazem na superfície; agora chego ao nosso tema mais imediato. Primeiro, consideraremos o pecado conforme esta passagem registrada no evangelho; em segundo lugar, observaremos que este é o pecado de todo o mundo; em terceiro lugar, que nós mesmos fomos culpáveis deste pecado antes de nossa conversão; e em quarto lugar, que este é, assim o tememos, o pecado de muitíssimas pessoas que estão presentes aqui nesta manhã: falaremos com elas e contenderemos, pedindo que o Espírito de Deus transforme seus corações e os conduza a aceitar ao Salvador.

I. Poderia ser útil passar uns quantos minutos CONSIDERANDO O PECADO CONFORME O ENCONTRAMOS NESTA HISTÓRIA.

Eles preferiram a Barrabás e não a Cristo. O pecado será visto mais claramente, se recordarmos que o Salvador não havia feito nenhum mal. Ele não havia quebrado nenhuma lei de Deus ou dos homens. Ele poderia ter utilizado em verdade as palavras de Samuel: “Aqui estou: atestem contra mim diante de Jeová e diante de seu ungido, se tomei o boi de alguém, se tomei o asno de alguém, se caluniei a alguém, se agravei a alguém, ou se de alguém tomei suborno para cegar meus olhos com ele; e eu os restituirei”.
Dentro de toda essa multidão reunida, não havia ninguém com a presunção de acusar ao Salvador de lhe ter feito algum dano. Longe disso, não podiam senão reconhecer que Ele lhes havia conferido grandes bênçãos temporais.
Oh, multidão voraz, acaso não te alimentou quando estavas faminta?
Acaso não multiplicou os pães e os peixes para ti?
Não curou os leprosos com Sua mão?
Não expulsou os demônios de seus filhos e filhas?
Não fez andar seus paralíticos?
Não deu vista aos cegos e não abriu os ouvidos dos surdos?
Por quais destas boas obras conspiram para matá-lo?
Em meio desta multidão congregada havia alguns, sem dúvida, que lhe deviam bênçãos inestimáveis, contudo, ainda que todos eles soubessem que eram Seus devedores, clamavam contra Ele como se fosse o pior problema de suas vidas, uma praga ou uma peste para o lugar em que habita.

Acaso era de Seu ensinamento de que se queixavam?
Em qual ponto de Seu ensinamento ofendia a moralidade?
Em qual ponto ia contra os melhores interesses do homem?
Se vocês observarem o ensinamento de Cristo, verão que nunca houve nada semelhante, inclusive se for  julgado quanto ao alcance da promoção do bem-estar humano.
 Aqui estava a essência e substância de Sua doutrina:
 “Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração… e ao teu próximo como a ti mesmo”.

Seus preceitos eram da forma mais benigna.
Acaso lhes ordenou que desembainhassem a espada e expulsassem os romanos, ou que se lançassem numa impiedosa carreira de carnificina e rapina?
Acaso lhes pediu para que soltassem as rédeas de suas desenfreadas paixões?
Disse-lhes que buscassem primeiro sua própria vantagem e que não se preocupassem pelo bem-estar dos seus vizinhos?
Não, cada um há de lhe reconhecer como Seu melhor pilar, e o ajuntamento da humanidade há de lhe reconhecer como Seu conservador. Contudo, apesar de tudo isto, ali O temos, oprimido por seus sacerdotes, buscando Seu sangue, e gritando: “Seja crucificado! Seja crucificado!”.

Evidentemente Seu único propósito era o bem deles. Para quê pregava? Nenhum motivo egoísta poderia ser argumentado. As raposas tinham tocas, e as aves do céu, ninhos; mas Ele não tinha onde reclinar Sua cabeça.
O amor de alguns discípulos foi a única forma que preveniu a fome absoluta. As frias montanhas e o ar da meia-noite foram testemunhas do fervor de Suas solitárias orações pelas multidões que agora O odiavam.
 Ele viveu para outros: e podiam ver isto. Não poderiam tê-Lo observado durante os três anos de Seu ministério, sem dizer: “jamais viveu uma alma tão abnegada como esta”.
Eles deviam saber, a maioria deles, e o resto poderia ter sabido, se houvessem perguntado, ainda que fosse superficialmente, que Ele não tinha nenhum propósito, de nenhum tipo, para estar na terra, exceto o de buscar o bem dos homens.
Por qual destas coisas eles clamam para que seja crucificado?
Por qual de Suas boas obras, por qual de Suas palavras generosas, por qual de Suas santas ações cravarão Suas mãos e Seus pés no madeiro?
Com ódio irracional, com insensível crueldade, a única resposta à pergunta de Pilatos: “Pois que mal tem feito?”, Foi: “Seja crucificado! Seja crucificado!”
A verdadeira razão de seu ódio, sem dúvida, consistia no ódio natural de todos os homens à perfeita bondade. O homem sente que a presença do bem é um testemunho silencioso contra seu próprio pecado, e por isso anela se desfazer dele. Ser demasiado santo no juízo dos homens é um grande crime, pois censura seu pecado. Ainda que o santo não tenha o poder da palavra, contudo, sua vida é um ruidoso testemunho a favor de Deus e contra os pecados de Suas criaturas.
Este protesto inconveniente conduz aos malvados a desejarem a morte do Santo e do Justo. Ademais, os sacerdotes os respaldavam. Ainda que seja algo triste e lamentável, ocorre muitas vezes o caso de que as pessoas sejam melhores do que seus mestres religiosos. Neste momento presente os laicos da Igreja da Inglaterra, como um todo, têm consciências honestas, e gostariam que seu Livro de Oração fosse revisado amanhã mesmo se suas vozes pudessem ser ouvidas. Mas aos seus clérigos lhes importa demasiadamente pouco a verdade, e não são muito escrupulosos como juram, ou com quem se associam. Enquanto sua Igreja puder se manter unida, o padre Ignacio será escutado em suas assembleias, enquanto o chamado de Cristo à igreja para que se purifique, somente desperta ressentimento e má vontade. Não importa que as gargantas de certos clérigos sejam exercitadas em assobiar por um instante a aparição do audaz monge anglicano, ele é um deles, um irmão de sua própria ordem, e sua igreja é responsável por tudo o que ele faz. Deixem que eles saiam e se separem, e então saberemos que aborrecem este moderno papado; mas enquanto estiverem sentados na mesma assembléia e forem membros da mesma igreja, o pecado lhes pertence, e não cessaremos de denunciar tanto ao pecado como a eles. Se os clérigos evangélicos permanecem em comunhão com os papistas, agora que se manifestem a plenas cores, vou deixar de afirmar que violam suas consciências, mas me vou permitir duvidar que tenham uma consciência em absoluto.

Irmãos, sucede geralmente que as pessoas sejam melhores do que seus mestres. Aquelas pessoas não teriam crucificado a Cristo se os clérigos daquela época, os sacerdotes, os dotados ministros não houvessem gritado: “Seja crucificado!” Ele era o Dissidente, o herege, o cismático, o perturbador de Israel. Ele era o que clamava a alta voz contra as falhas da ordem estabelecida da sociedade. Ele era o que não podia ser reprimido, o ignorante da Galiléia, que continuava clamando contra eles, o homem prejudicial, e por isso gritavam: “Seja crucificado! Seja crucificado! Qualquer castigo é suficientemente bom para o homem que fala acerca da necessidade de reformas, e advoga por mudanças nas regras estabelecidas.
Sem dúvida o suborno foi também usado neste caso. Acaso o rabi Simão não pagou a multidão? Acaso não havia uma esperança de um festejo depois que a Páscoa terminasse para aqueles que usaram suas gargantas contra o Salvador? Ademais, toda a multidão se havia lançado nessa direção; e se alguém tivesse compaixão, preferiria ficar calado. Dizem sempre que: “a prudência é a melhor parte da coragem”; e na verdade devem existir muitos homens valorosos, pois possuem a melhor parte da coragem que é a prudência. Se não se uniram aos gritos, ao menos não incomodariam aos outros, e assim não houve senão um só grito: “Morra! Morra! Não convêm que viva”.
Que concentrado escárnio se encontra neste versículo quarenta. Pois dizem: “este Jesus”, pois não queriam manchar suas bocas com Seu nome, senão a este, “este demônio”, se vocês quiserem. A Barrabás outorgam o respeito de mencionar seu nome; mas “este”, a quem odeiam tanto, não se rebaixariam a mencioná-lo. Temos visto assim este grande pecado, como está registrado na história.

II. Mas agora vejamos, em segundo lugar, COMO ESTE INCIDENTE EXPÕE O PECADO QUE TEM SIDO A CULPA DO MUNDO EM TODAS AS ÉPOCAS, E QUAL É A CULPA DO MUNDO AGORA.
Quando os apóstolos saíram a pregar o Evangelho, e a verdade se espalhou ao largo de muitos países, os imperadores romanos emitiram severos éditos. Contra quem foram feitos estes éditos? Acaso foram contra os malvados ofensores daqueles dias? É bem sabido que o Império Romano inteiro estava infestado de vícios de tal magnitude que a face da modéstia se ruborizaria ao escutar sua simples menção.
O primeiro capítulo da Epístola aos Romanos é um quadro gráfico resumido do estado da sociedade ao largo de todos os domínios romanos. Quando essas severas leis foram concebidas, por quê não foram proclamadas contra estes atrozes vícios? É pouco conveniente que os homens que são culpáveis de crimes tais como os que o apóstolo Paulo mencionou, fiquem sem castigo, mas eu não encontro éditos contra essas coisas. Encontro que foram perdoados e pouco mencionados com censura e que mais bem a fogueira, os arrastões utilizando as patas de cavalos selvagens, a espada, a prisão, as torturas de todo tipo, contra quem vocês creem que eram usados? Contra os inocentes e humildes seguidores de Cristo, que distante de se defenderem, estavam dispostos a sofrer todas estas coisas, e se ofereciam como ovelhas para o matadouro, dispostas a suportar a faca do açougueiro.
O grito do mundo nas perseguições da Roma Imperial era: “Cristo não, mas os sodomitas, os assassinos e os ladrões sim; nós somos mais indulgentes com qualquer destes, mas não com Cristo; eliminemos da terra os Seus seguidores”. Logo o mundo mudou suas táticas, se tornou nominalmente cristão, e o Anticristo apareceu em toda a sua glória blasfema. O Papa de Roma se cingiu da tríplice coroa, e se autonomeou o Vigário de Cristo; logo entrou a abominação da adoração aos santos, aos anjos, às imagens e aos quadros; logo veio a missa, e não sei que outras coisas mais, de detestável erro, e o que disse o mundo? “O Papado para sempre!” Todo joelho se dobrou e cada cabeça se inclinou diante do soberano representante de Pedro em Roma. A igreja de Roma igualava em pecado a Barrabás; não, estou fazendo um elogio a Barrabás quando o menciono na mesma categoria com muitos dos papas, pois o caráter deles era imundo e negro do princípio ao fim, até o ponto que aqueles que supersticiosamente os consideravam infalíveis em seu ofício, não podiam defender seus caracteres pessoais.
O mundo escolheu a prostituta de Roma, e a que estava ébria com o vinho de sua abominação, tinha todos os olhares postos sobre ela com admiração, enquanto o Evangelho de Cristo era esquecido, sepultado em uns quantos livros velhos, ficando quase extinto na obscuridade. Desde aquele dia o mundo mudou suas táticas outra vez; em muitas partes da terra o protestantismo é abertamente reconhecido, e o Evangelho é pregado, mas o que se passa então? Então entra Satanás, e outro Barrabás, o Barrabás do mero cerimonialismo e da mera assistência a um lugar de culto é entronizado. “Sim, nós somos ortodoxos; muito ortodoxos, muito puros. Sim, nós somos religiosos, estritamente religiosos, assistimos à nossa casa de reunião, ou vamos à nossa igreja. Nunca estamos ausentes. Cuidamos de todas as formas, mas carecemos da piedade vital; não nascemos de novo; não passamos da morte para a vida. Contudo, isso bastará; contanto que sejamos tão bons como nossos vizinhos, e guardemos o ritual externo, o interno não importa”.
Isto, que é um detestável roubo da glória de Deus, isto que mata as almas dos homens, é o Barrabás da época presente. Um nome exterior para viver é estabelecido, e é recebido por aqueles que estão mortos; e muitos de vocês que estão presentes agora estão muito tranquilos e contentes, e ainda que não sentiram nunca ao vivificador Espírito de Deus, e ainda que não tenham sido lavados no sangue expiatório, estão satisfeitos porque tomam um assento em algum lugar de adoração; dão sua moeda de oferta, sua doação a algum hospital ou sua subscrição para algum bom propósito, esquecendo e descuidando de lembrar que todo o processo de limpeza do vaso e do prato jamais de nada servirá, a menos que a natureza interior seja renovada pelo Espírito do Deus vivente. Este é o grande Barrabás da época presente, e os homens o preferem antes que ao Salvador.
Eu creio que posso provar, mediante um simples fato, que isto é verdade: que o mundo realmente ama o pecado mais do que a Cristo. Você terá observado algumas vezes que alguns cristãos são inconsistentes, não é certo? Sua inconsistência não seria algo muito grande, se a julgasse em conformidade com as regras ordinárias de conduta. Mas você está muito consciente de que um homem mundano pode cometer qualquer pecado que queira sem receber maior censura; mas se o cristão comete um pecado muito pequeno, então alçam as mãos, e o mundo inteiro grita: “Vergonha!” Eu não quero mudar isso, mas quero dizer somente isto: “ali está o senhor Fulano de Tal, que se sabe que vive uma vida desenfreada, perversa, libertina; bem, eu não vejo que seja universalmente marginalizado ou reprovado, senão muito ao contrário, é tolerado pela maioria, e até admirado por alguns”.
Mas suponha que um cristão, um professante bem conhecido, houvesse cometido alguma falta que, comparada com isso, não fosse digna de menção, e o que lhe ocorre? “Publiquem-no! Publiquem-no! Souberam do que fez o senhor Fulano de Tal? Souberam desta hipócrita transgressão?” “Bem, de quê se tratou?” Você analisa: “bem, está mal, está muito mal, mas comparada com o que você diz dela, não é nada em absoluto”.
Portanto, o mundo mostra pela diferença entre a maneira com que julga o homem religioso que professa a sua fé, e a maneira com que julga os seus, que realmente pode tolerar os mais dissolutos, mas não pode tolerar os cristãos. O cristão, por suposto, nunca se verá completamente livre de imperfeições, a inimizade do mundo não é evidentemente contra as imperfeições do cristão, pois pode tolerar maiores imperfeições em outros; a objeção será portanto contra o homem, contra a profissão que assumiu, e o curso que deseja seguir.
Vigiem cuidadosamente, amados, para não lhes dar nenhuma oportunidade nesse sentido; mas quando virem que o mais leve erro é tomado e exagerado, nisto encontram uma clara evidência de que o mundo prefere a Barrabás ao invés dos seguidores do Senhor Jesus Cristo. Agora o mundo mudará seus diversos modos de nos tratar, mas nunca amará a igreja mais do que o faz agora. Não esperamos ver o mundo empurrado para cima para se ver mais absorvido dentro da igreja. A união do mundo com a igreja nunca foi o propósito da nossa religião. O propósito de Cristo é reunir para Si um povo dentre os homens; não se trata do levantamento de todos, senão do chamamento de alguns; se trata de fazer com que os homens difiram; se trata da manifestação da graça especial e distinguidora, e da reunião de um povo que formou para Si.
Neste processo a moralidade é promovida, os homens são civilizados e melhorados, mas este é só indiretamente o propósito de Deus, e não seu fim imediato; o fim imediato do Evangelho é a salvação do povo que Ele ordenou para a vida eterna, e que portanto, em seu tempo, é conduzido a crer nEle. O mundo, até o fim, estará em inimizade com os verdadeiros crentes, como sempre esteve. Porque “não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso o mundo vos odeia”. Isto será tão certo quando Cristo vier, como o é neste momento presente. Devemos esperá-lo; e quando nos enfrentarmos com o escárnio e perseguição, não nos surpreendamos como se algo estranho nos houvesse sucedido.

III. Vou observar, em terceiro lugar – Oh! Espero receber ajuda do alto – que O PECADO DE PREFERIR A BARRABÁS AO INVÉS DE CRISTO, FOI O PECADO DE CADA UM DE NÓS ANTES DA NOSSA CONVERSÃO.
Passem agora as páginas de seus diários pessoais, queridos amigos, ou voem sobre as asas da memória à  pedreiras de onde foram cortados. Oh, vocês que vivem perto de Cristo, não o desprezaram uma vez? Em qual companhia lhes dava mais prazer estar? Acaso não era a companhia das pessoas frívolas, não era a da gente profana? Quando se juntavam com o povo de Deus, sua prática era muito tediosa; se falavam de realidades divinas, ou de temas práticos, não os entendiam, e lhes achavam problemáticos.
Posso ver no tempo a alguns que sei que são agora veneráveis crentes, mas que antes considerava como uma bruta moléstia quando os ouvia falar das coisas de Deus. Sobre o quê versavam nossos pensamentos? Não meditávamos muito sobre a eternidade; nem muito sobre Ele, que veio para libertar-nos do suplício dos tormentos do inferno.
Irmãos, Seu grande amor com o qual nos amou nunca foi introduzido em nossos corações como deveria; e mais, quando líamos a história da crucificação, não tinha mais efeito sobre nossa mente do que um conto comum. Não conhecíamos as belezas de Cristo; pensávamos em qualquer trivialidade antes que nEle. E quais eram nossos prazeres? Quando tínhamos o que chamávamos o desfrute de um dia, onde o buscávamos? Acaso ao pé da cruz? No culto do Salvador? Em comunhão com Ele? Longe disso; quanto mais pudéssemos nos afastar das associações piedosas nos sentíamos melhor.
Alguns de nós temos de confessar envergonhados que nunca estávamos mais em nosso elemento do que quando estávamos desprovidos de consciência, quando a consciência havia cessado de acusar-nos e podíamos afundar-nos no pecado desenfreadamente. Qual era a nossa leitura então? Qualquer livro antes que a Bíblia: e se houvesse estado em nosso caminho algum livro que exaltasse a Cristo e o enaltecesse em nosso entendimento, haveríamos evitado esse livro por ser demasiado árido para que nos pudesse agradar. Qualquer montão de insensatez encadernado em três volumes, qualquer literatura leve, e mais, talvez coisas piores, haveriam deleitado nossos olhos e nosso coração; mas os pensamentos do Seu eterno deleite até nós; os pensamentos de Sua paixão incomparável e agora de Sua glória no céu, nunca passaram por nossas mentes, nem podíamos suportar os indivíduos que nos conduzissem a tais meditações.
Quais eram nossas aspirações? Cuidávamos do negócio, procurando fficar ricos, famosos por nossos conhecimentos e admirados por nossa habilidade. Vivíamos para o eu. Se tínhamos alguma consideração pelos demais, e algum desejo de beneficiar a nossa raça, o eu sempre estava no fundo de tudo.
Não vivíamos para Deus; não podíamos dizer honestamente quando nos despertávamos nas manhãs: “espero viver hoje para Deus.” À noite, não podíamos ver a retrospectiva do dia, e dizer: “neste dia servimos a Deus”. Ele não estava em todos os nossos pensamentos. A quem rendíamos nosso melhor louvor? Louvávamos a Cristo? Não; louvávamos o talento, e quando estava associado com o pecado, seguíamos louvando da mesma forma. Admirávamos àqueles que podiam ministrar mais plenamente a nossos próprios deleites carnais, e sentíamos maior amor por aqueles que nos causavam maior dano. Acaso não é esta nossa confissão quando revisamos o passado? Acaso não acabo de ler a própria história da sua vida? Eu sei que li a minha. Ai! Lamentamos aqueles escuros dias nos quais nossa alma assediada perseguia qualquer forma de mal, mas não queria seguir a Cristo.
Haveria sucedido o mesmo conosco hoje, se a graça onipotente não tivesse estabelecido a diferença.
Poderíamos esperar que o rio cessasse de correr para o mar, do que esperar que o homem natural navegasse contra a corrente de seus pecados. Poderíamos esperar que o fogo se tornasse água, ou que a água se tornasse fogo, do que esperar que o coração não regenerado amasse a Cristo alguma vez. Foi a graça poderosa que nos conduziu a buscar ao Salvador. E quando considerarmos nossas vidas passadas, será com sentimentos mesclados de gratidão pela mudança, e de tristeza por termos sido tão insensatos como para termos escolhido a Barrabás, e termos dito do Salvador: “Seja crucificado!”.

IV. E agora vou concluir o sermão com o seguinte tema: QUE HÁ INDUBITAVELMENTE MUITOS AQUI QUE NESTE DIA PREFEREM A BARRABÁS E NÃO A NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
Primeiro, queridos amigos, permitam-me expor o seu caso. Quero descrevê-lo honestamente, mas ao mesmo tempo, descrevê-lo de tal maneira que possam ver seu pecado nele; e enquanto estou fazendo isto, meu objetivo será debater com vocês, para o Senhor transformar a sua vontade.
Temo que há muitos aqui que preferem o pecado antes do que a Cristo. Poderia dizer, sem necessidade de adivinhar, que eu sei que há alguns aqui que seriam seguidores de Cristo há muito tempo, mas preferiram a bebedeira. Não é sempre, não é a cada dia, não é nem sequer a cada semana, mas há ocasiões quando eles sentem como se devessem se reunir com os amigos, e como resultado inevitável, regressam para casa intoxicados. Eles se envergonham deles mesmos; chegaram a expressar isto; chegaram tão longe como para orar a Deus pedindo graça para vencer seu hábito; mas depois de experimentarem convicções durante anos, não avançaram até o momento. Uma vez pareceu como se tivessem vencido. Durante muito tempo houve uma abstinência desse vício, mas regressaram para a sua necessidade. Preferiram esse bestial vício degradante. Disse bestial? Insulto às bestas, pois não são culpáveis de vícios como esse. Eles preferem este vício degradante do que a Jesus. Ali está a bebedeira, a vejo refletida diante de mim com toda a sua insensatez, com sua avidez e sua imundícia; mas o homem escolhe tudo isso, e ainda que tenha conhecido mentalmente algo relativo à beleza e excelência de Cristo, virtualmente diz de Jesus: “Não a este homem, senão à embriaguez”.
Logo há outros casos, nos quais uma lascívia favorita reina suprema em seus corações. Os homens conhecem o mal do pecado, e têm uma boa causa para conhecê-lo; eles também conhecem algo da doçura da religião, pois nunca estão mais felizes do que quando se reúnem com o povo de Deus; e às vezes regressam para casa depois de um solene sermão, especialmente se faz referência ao seu vício, e sentem: “Deus falou à minha alma hoje e sou conduzido para um lugar mais alto”. Mas apesar disto, a tentação vem outra vez, e caem como caíram antes. Temo que há alguns de vocês a quem nenhum argumento convencerá jamais; ficaram tão firmes sobre este mal que será sua eterna ruína. Mas, oh! Pensem como se verá isto quando estiverem no inferno: “Eu preferi a esse malvado Barrabás da lascívia, ao invés das belezas e das perfeições do Salvador, que veio ao mundo para buscar e salvar o que estava perdido!”. E contudo, este é o caso, não de alguns, senão de uma grande multidão que ouve o Evangelho, e preferem o pecado e não o poder salvador desse Evangelho.
Pode haver algumas pessoas aqui, também, de outro tipo, que preferem as ganâncias. Se reduz a isto: se realmente se convertem no povo de Deus, não poderiam fazer no negócio o que agora pensam que o seu negócio requer que façam; se verdadeiramente se converteram em crentes, se tornarão, por suposto, honestos, mas seu negócio não renderia – dizem eles – se fosse manejado sobre princípios honestos; ou é um negócio de tal natureza – e há alguns desse tipo – que não deveriam se dizer em absoluto cristãos.
Aqui vem o ponto de inflexão. Tomarei o ouro, ou tomarei a Cristo? É certo que se trata de ouro enferrujado, e ouro sobre o qual há de sobrevir uma maldição. É o denário do néscio; talvez seja o lucro que é arrebatado das misérias do pobre; é dinheiro que não poderia suportar jamais a luz porque não foi obtido justamente; dinheiro que abrirá passo com fogo até suas almas quando estiverem em seu leito de morte; mas os homens que amam o mundo dizem: “Não, Cristo não, me deem uma bolsa cheia e fora com Cristo”.
Outros, mais baixos ou menos honestos, clamam: “conhecemos Sua excelência, desejaríamos poder obtê-lo, mas não podemos obtê-lo nos termos que impliquem à renúncia de nossa muito amada ganância”. “Não a este, senão a Barrabás”.
Outros dizem: “eu anseio ser um cristão, mas então perderia a muitíssimos conhecidos e amigos. Em resumo, meus amigos não são bons para mim; são amigos que são muito afetuosos quando tenho uma boa quantidade de dinheiro para gastar com eles, são amigos que me louvam muito mais frequentemente quando me encontro no restaurante, quando me aprofundo em seus vícios. Sei que me fazem mal, mas” – diz o homem – “não poderia me aventurar a me opor a eles. Um deles é tão língua solta, e pode dizer umas piadas tão prejudiciais que não gostaria de tê-lo contra mim, e há outro que ouvi dizer que põe apelidos tão incisivamente mordazes aos cristãos, e lhes assinala suas faltas de uma maneira tão sarcástica, que não poderia sofrer a crítica de sua língua, e, por isso, ainda que anseie ser um cristão, não poderei ser.
Dessa maneira preferes ser um servo da terra de labor, um escravo da língua do escarnecedor, antes que ser um homem livre, e tomar a cruz e seguir a Cristo. Preferes, digo, não simplesmente à maneira da alegoria, senão como um fato real, a Barrabás do que ao Senhor Jesus Cristo.
Assim poderia multiplicar os exemplos, mas o mesmo princípio corre através de todos eles. Se há algo que lhes impeça de entregar seu coração ao Senhor Jesus Cristo, são culpáveis de levantar em sua alma um candidato de oposição a Cristo, e vocês estariam escolhendo: “Não a este, senão a Barrabás”.
Permitam-me ocupar uns quantos minutos argumentando a causa de Cristo com vocês. O quê rejeitam de Cristo? Não estão conscientes das muitas coisas boas que recebem dEle? Estariam mortos se não fosse por Ele; e mais, pior que isso, estariam no inferno. Deus afiou o grande machado; a justiça, como um severo lenhador, esteve com o machado levantado, pronto para cortá-los como um estorvo que inutiliza a terra. Se viu uma mão que deteve o braço do vingador, e uma voz se escutou dizendo: “Deixe-a ainda este ano, até que eu cave ao redor dela e lhe ponha estrume”.
Quem foi o que apareceu justo então, em teu momento de necessidade extrema? Não foi outro senão esse Cristo, de quem pensas tão pouco que preferes à embriaguez ou o vício do que a Ele! Estás neste dia na casa de Deus, escutando um sermão que espero que provenha dEle. Poderias estar no inferno – pensa um instante nisso – com a esperança perdida, suportando em corpo e alma dores indizíveis. Que não estejas ali não deveria te fazer amar e bendizer Àquele que disse: “Livra-o de descer à fossa”. Por quê haverias de preferir teu próprio lucro e tua autocomplacência do que a esse Ser bendito a quem deves tanto? A gratidão comum deveria te conduzir a te negar algo a ti mesmo por Ele, que tanto se negou a Si mesmo para poder te abençoar.
Acaso te ouço dizer que não podes seguir a Cristo porque Seus preceitos são demasiados severos? Se você mesmo tivesse que julgá-los, qual é o ponto em que encontrarias nEle alguma falha? Te negam teus pecados, digamos que te negam tuas desventuras. De fato não te permitem que te arruínes a ti mesmo. Não há nenhum preceito de Cristo que não seja para o teu bem, e não há nada que te proíba, que não o condene baseado no princípio que te causaria um dano se te entregasses a isso.
Mas ainda supondo que os preceitos de Cristo sejam muito severos, não seria melhor que te submetesses a eles em lugar de te arruinares? O soldado se submete implicitamente à ordem do capitão, porque ele sabe que sem disciplina não pode existir vitória, e o exército inteiro poderia ser destroçado se houvesse falta de ordem. Quando o marinheiro arriscou sua vida para penetrar através do denso gelo do norte, o encontramos dando seu consentimento a todas as ordens e regulamentações da autoridade, e suportando todas as durezas da aventura, porque é movido pelo desejo de ajudar em um grande descobrimento, ou por estímulo de uma grande recompensa.
E em verdade as pequenas abnegações para as quais Cristo nos chama, serão abundantemente recompensadas pelo prêmio que Ele oferece; e quando estão em jogo a alma e seus interesses eternos, bem podemos tolerar estas inconveniências temporais, se podemos herdar a vida eterna.
Me parece que te ouço dizer que gostarias de ser um cristão, mas que não há felicidade alguma nisto. Eu te diria sem nenhuma falsidade sobre este ponto e te diria a verdade se assim fosse, mas declaro solenemente que há mais alegria na vida cristã do que há em qualquer outra forma de vida; que se tivesse que morrer como um cão, e não houvesse algo além mais, preferiria ser um cristão. Poderias apelar aos mais indigentes entre nós, a aqueles que estão mais enfermos e são mais desprezados, e te diriam o mesmo. Não há uma só mulher do campo, que esteja tremendo dentro de seu velho abrigo rubro e gasto junto a uma pequena fogueira, cheia de reumatismo, com uma dispensa vazia e um corpo envelhecido, que trocaria seu lugar com o mais elevado e o maior de vocês se tivesse que renunciar à sua religião; não, ela te diria que seu Redentor é um maior consolo para ela do que todos os luxos que pudessem ser amontoados sobre a mesa do homem rico. Cometes um erro quando sonhas que meu Senhor não faz bem-aventurados a Seus discípulos; as pessoas que põe sua confiança em Cristo são bem-aventuradas.
Todavia me parece que te ouço dizer: “sim, tudo isso está muito bem, mas ainda assim prefiro o prazer presente”. Não estás falando isto como uma criança; e mais, não falas como um néscio, pois o que é o prazer presente? Quanto tempo dura essa palavra “presente”? Se pudesses contar com dez mil anos de júbilo, poderia estar de acordo contigo em alguma medida, mas ainda nisso teria pouca paciência contigo, pois o que serão dez mil anos de diversão no pecado, comparados com milhares de milhões de anos de castigo pelo pecado? Vamos, ainda sendo a maior possível, tua vida será muito breve. E não estás consciente de que o tempo voa mais rapidamente a cada dia? Conforme envelheces, não te dá a impressão que viveste um tempo mais curto ao invés de mais longo? E ao fim, se pudesses viver até chegar a ser tão velho como Jacó, dirias: “pouco e maus foram os dias da minha vida, pois dão a impressão de serem poucos apesar de serem numerosos”.
Tu sabes que esta vida não é senão um momento, e logo acaba. Veja os cemitérios, e observe como estão povoados de verdes montes. Recorda que os teus próprios companheiros, como um a um foram falecendo. Eles eram tão firmes e fortes como você, mas se foram como uma sombra. Vale a pena ter este breve espaço de prazer e logo estar submergido em eterna dor? Te suplico que respondas a esta pergunta. Vale a pena escolher a Barrabás por motivo de alguma ganância temporal que possa te proporcionar, e rejeitar a Cristo, e assim renunciar aos eternos tesouros de alegria e felicidade que estão à Sua destra para sempre?
Eu gostaria de poder lhes fazer estas perguntas como devem ser feitas. Se requer a impetuosa voz seráfica de Whitefield, ou a suplicante língua de Richard Baxter, para lhes suplicar, mas contudo, penso que falo com homens racionais; e caso se tratasse de um assunto de aritmética, não necessitaria das minhas palavras. Não te pedirei que calcules teu prognóstico de vida mais otimista – digamos oitenta anos – e preenchas esse lapso com todos os prazeres que possas imaginar; supondo que gozes de boa saúde; sonhe que não tens preocupações de negócios, e que possui tudo o que o coração possa desejar, anda e senta-te no trono de Salomão, se assim o queres, e contudo, o que terás para dizer quando tudo acabar? Vendo em retrospectiva, poderias dizer algo mais do que Salomão disse, quando afirmou: “Vaidades de vaidades, tudo é vaidade,” e “Tudo isso é vaidade e aflição de espírito”. Quando houveres calculado essa suma, posso te pedir que calcules quanto haverás ganho, se para possuir esta vaidade, terás renunciado à felicidade eterna, e incorrido na condenação eterna.
Crês na Bíblia? Tu respondes: “sim”. Bem, então, assim há de ser. Muitos homens professam crer na Escritura, e contudo, quando chegam ao ponto relativo a se creem de verdade na condenação eterna e na bem-aventurança eterna, há uma espécie de algo dentro que sussurra: “isso está no Livro, mas ainda assim não é real, não é válido para nós”. Façam-no válido para vocês, e quando tiverem feito isso, e tiverem provado claramente que devem estar na bem-aventurança ou na condenação, e que aqui vão ter a Barrabás como seu amo ou ter a Cristo como seu Senhor, então, digo, como homens sãos, julguem qual é a melhor escolha, e que a poderosa graça de Deus lhes dê sanidade espiritual para fazer a escolha correta, mas isto sim sei: nunca farão isso a menos que o poderoso Espírito Santo – que é o único que nos guia a escolher o bem, e rejeitar o mal – venha sobre vós e lhes conduza a acudir rapidamente às feridas de um Salvador.
Creio que não necessito prolongar o culto agora, mas espero que vocês o prolonguem em suas respectivas casas, refletindo sobre este assunto. E me permitem lhes fazer pessoalmente uma pergunta a todos ao se retirarem: a quem vocês pertencem? De qual lado vocês estão? Não há posições neutras; não há pontos médios: ou servem a Cristo ou servem a Belial; ou estão com o Senhor ou estão com Seus inimigos. Quem está do lado do Senhor neste dia? Quem? Quem está por Cristo e por Sua cruz; por Seu sangue, e por Seu trono? Quem, por outro lado, são seus inimigos? Todos os que não estejam por Cristo são contados entre Seu inimigos. Não sejam contados mais entre eles, pois o Evangelho vem a vocês com voz convidativa: “Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo”. Que Deus lhes ajude a crerem e a se apoiarem nEle agora; e se confiam nEle, serão salvos agora, e serão salvos para sempre. Amém.








2 - A Morte da Nossa Morte na Morte DEle

“Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos.” (Lucas 9.60)

Quem é o morto que sepulta outro morto? Por que Jesus disse isto?

Vejamos o Por quê:

Observe o uso da palavra natureza, nos dois textos bíblicos a seguir:

Primeiro se referindo a toda a humanidade, lemos em Efésios 2:3:

“entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.”

E no segundo texto de 2 Pe 1.4 lemos:

“pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo,”

Em ambos os textos citados a palavra natureza, vem do original grego, fúsis (pronúncia físis), que significa condição de origem, de nascimento.

No texto de Efésios 2.3, temos a indicação da natureza terrena, herdada de Adão. E no de 2 Pe 1.4, a natureza divina, que é obtida pelo novo nascimento ou como também é designado, a regeneração do Espírito Santo. Assim, por nascimento natural, o homem não possui a natureza de Deus.

Ele está desprovido de tal natureza, e por isso está impossibilitado de ter comunhão com Deus enquanto permanece em tal condição simplesmente natural, ou como é também designada na Bíblia, por carnal. Por isso nosso Senhor disse a Nicodemos que o que é nascido da carne é carne, ou seja, o homem natural não pode gerar, de modo nenhum o homem espiritual, que é o que possui a natureza de Deus.

Daí a necessidade do homem nascer de novo do Espírito Santo, para que possa ter gerada nele a natureza divina, pela qual poderá então agradar a Deus e ter comunhão com Ele.

Enquanto na carne, por mais esforçada, correta, simpática, amiga, dedicada, carinhosa, religiosa, paciente, alegre, que uma pessoa seja, ela não pode dar prazer e contentamento a Deus, porque para tanto, é necessário haver comunhão no Espírito, e quem está na carne, ou seja, tendo apenas a natureza terrena, não pode de modo algum se sujeitar a Deus ou agradá-lo.

Isto é fácil de ser comprovado até mesmo na experiência de cristãos autênticos, espirituais, que não podem ter comunhão e nem prazer e satisfação, com a testificação do Espírito Santo, com pessoas que vivam na carne, e até mesmo com outros cristãos carnais.

Isto comprova que o princípio espiritual é o mesmo relativo ao natural, no que diz respeito à natureza, e por isto se vê companheirismo e aceitação somente entre naturezas iguais, e daí se afirmar que águia não voa com urubu.

Ou será visto, em regra geral, bom entendimento entre zebras e leões ou cães e gatos?
E por que isto?

Por uma simples questão de natureza. Sendo que em relação ao homem, que apesar de no princípio da criação, não possuir qualquer pecado, não tinha no entanto a mente de Deus… ele não havia comido do fruto da árvore da vida, que simbolizava a vida de Cristo em nós.

Tinha, antes da queda, uma natureza terrena, natural, não possuía a habitação do Espírito Santo, e por conseguinte, não possuía a natureza divina.

O próprio Adão, sem pecado, necessitaria da habitação do Espírito Santo, para galgar da posição de criatura de Deus, para a de filho de Deus. Necessitava, ainda que sem pecado, da adoção de filho de Deus.
Se Adão não houvesse pecado, se sua natureza não tivesse sido corrompida, nosso Senhor Jesus Cristo não necessitaria se oferecer como sacrifício para lhe conceder a natureza divina.

Mas Adão pecou, e o pecado entrou no mundo. Toda a sua descendência ficou sujeita ao pecado.
O homem passou a ter então uma natureza terrena decaída, culpada, condenada à destruição eterna, que é a morte espiritual eterna.

Não temos assim, não apenas uma situação a ser revertida, a saber, que o homem volte para a condição inicial sem pecado de Adão no jardim do Éden, do estado de pecado para o de natureza terrena sem pecado, porque o alvo de Deus na criação do homem, sempre foi, desde antes dos tempos eternos, que ele fosse um com Jesus Cristo em espírito.

Que o homem vivesse pela vida de Cristo nEle, tendo ao Senhor Jesus como sua cabeça eterna. Por isso a árvore da vida estava no centro do Jardim do Éden, indicando tal propósito. Porque é em Cristo que o homem deve se abrigar e se alimentar. Ele é a única árvore que foi designada para tal propósito, de modo que sem Cristo o homem não pode viver eternamente na presença de Deus.

Mas para lançar mão da árvore da vida, que é Cristo, o homem precisa antes ter resolvido o problema da corrupção da sua natureza, da sua dívida eterna para com Deus, por se encontrar em estado de rebelião contra Ele, de odiar a Sua santa e perfeita vontade, em razão do pecado.

O homem necessita antes ser perdoado e justificado do pecado. A justiça perfeita de Deus exige isto.
Tal é a condição de oposição, de inimizade da natureza decaída do homem, contra Deus, em razão do pecado que passou a habitar nela, que o homem odeia a idéia de tudo o que se refere à palavra santidade, porque foi principalmente para este propósito que foi criado por Deus, a saber o de ser completamente santo, assim como o próprio Deus é santo.

Qual é a expectativa de Deus em relação àqueles que têm sido designados para a salvação em Cristo Jesus?

Simplesmente a de que sejam convencidos do pecado pelo Espírito Santo, isto é, que saibam que eles possuem uma natureza pecaminosa decaída no pecado, que necessita ser crucificada, para o recebimento instantâneo da nova natureza divina, e também despojada, para o crescimento em graus da divina. E que eles tenham humildade de espírito para reconhecerem e confessarem isto. Que tenham um coração quebrantado e contrito que chore e clame diante de Deus aspirando e Lhe pedindo que os livre de tal natureza decaída, e que lhes dê uma nova natureza divina, pela habitação e senhorio de Cristo nos seus corações.

Vemos assim, que o problema básico do homem sem salvação, não é simplesmente o fato de cometer atos falhos e de transgredir as leis de Deus, porque a causa básica de suas negligências e maus pensamentos e ações, coisas, que a propósito deve detestar e abandonar, é a natureza carnal que todo homem possui por condição de nascimento natural, herdada de Adão, que faz com que sejamos concebidos em pecado, ou sujeitos à escravidão do pecado.

Seu espírito está morto, isto é, separado de Deus, e separação é morte, tal como sucede com o nosso espírito e o nosso corpo, que quando separados, o corpo morre.
Por analogia, Deus é espírito, e o homem é carne.

Se Deus se afasta, então a carne morre, ou seja, metaforicamente falando, o homem.
Deus disse que no dia em que o homem comesse o fruto proibido ele morreria. Veja bem, no dia em que o fizesse. E Adão realmente morreu em espírito quando desobedeceu a Deus. E seu estado de morto espiritual foi passado para toda a sua descendência, a saber, toda a humanidade, porque todos descendemos do primeiro homem criado por Deus.

É errôneo pensar por isso que criancinhas que morram, herdam o reino dos céus por causa da sua inocência. Não é por isto. É sempre por causa da cobertura do sangue de Cristo, oferecido para nos justificar do pecado e para nos dar acesso à natureza divina. Deus fez a promessa de que o reino dos céus é das criancinhas. E é por isso que elas vão para o céu, se vêm a morrer sem terem consciência do pecado. Eram eleitas de Deus, e o Senhor permitiu que elas fossem bem cedo para o seu seio, do mesmo modo como irão todos aqueles que forem redimidos pelo sangue de Cristo, sejam jovens ou velhos.

Quando nosso Senhor disse que o Espírito Santo nos seria enviado por Ele com o propósito de convencer do pecado, da justiça e do juízo, o que Ele queria destacar era muito mais o fato de que o homem só pode chegar ao reconhecimento desta condição carnal, de ter uma natureza caída, pelo trabalho do Espírito Santo em sua mente e coração; do que simplesmente nos levar a reconhecer atos pecaminosos que cometamos.

E isto deve ser feito por graça, porque o homem não teria como pagar a Deus o preço correspondente à própria eternidade e ao sacrifício e o sangue oferecidos por Jesus para a sua libertação. E para que seja por graça, deve ser também feito por fé, o dom dado por Deus ao homem, para crer, aceitar, confiar, agradecer a graça que lhe está sendo oferecida em Cristo para a sua redenção, ressurreição, santificação e glorificação.

Como já dissemos, a transação aqui não é apenas a de livrar o homem de atos falhos, de transgressões da Lei e da vontade de Deus, mas sobretudo da natureza decaída e corrompida que ele possui. Foi por isso que Jesus morreu na cruz. Para que considerados por Deus, pela fé Nele, crucificados juntamente com Ele, pudéssemos receber a sentença de crucificação e mortificação de tal natureza carnal. Assim, no cristão, a carne está morta para Deus, e agora ele vive em novidade de vida, ou seja, pela nova natureza recebida na conversão.

Ele agora conhece a Deus em espírito. É filho de Deus pelo poder que lhe foi concedido por Jesus Cristo. Ele ama a lei de Deus ainda que haja resquícios da velha natureza operando em sua carne. Deus o ama e aceita plenamente porque é filho e não bastardo. E começa a trabalhar nele o crescimento em graça que o conduzirá à glória celestial.

Tendo em si a natureza divina, o cristão pode responder aos movimentos e vontade do Espírito Santo que nele habita, sendo conduzido à oração, à meditação na Palavra e à prática das boas obras de fé, produzidas através dele pelo mesmo Espírito.

Deus está satisfeito com o cristão por causa de Cristo e da obra que foi consumada por Ele. E o cristão está também contente com o seu Deus, ainda que em meio às tribulações, se regozijando nelas, porque elas o têm levado para mais junto do Senhor e ao Seu conhecimento. Assim a vida de Adão em nós vai ficando cada vez mais fraca e desaparecendo, e a de Cristo vai aumento em graus, de glória em glória e de fé em fé. Louvado seja Deus pelo seu dom inefável em Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém

Votemos ao nosso texto de Efs 2:3:

“entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.”

Veja que é dito que todos nós, a saber os cristãos, andamos também na mesma condição e obras dos filhos da ira divina, ou seja, éramos por causa da nossa natureza decaída no pecado, tanto filhos da ira como os demais homens.

Foi Cristo quem nos resgatou de tal condição.

Assim, podemos entender que ninguém verá o reino de Deus e será considerado digno de herdar tal reino, porque era uma pessoa boa, distinta, diferente dos demais pecadores. Não. Nada disso. Porque mesmo depois de redimidos não deixamos de ser pecadores enquanto estivermos neste mundo.

Então o que foi que fez a diferença? Porque os pecados eventuais dos cristãos não os sujeitam mais à condenação eterna, à ira e à maldição de Deus? Quem dentre eles não clamará junto com Paulo: Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?

Bem educado e disciplinado pela graça, todo cristão dirá também juntamente com o apóstolo: Mas graças a Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, que nos livrou desta lei do pecado que opera na nossa natureza. Que nos considerou justificados do pecado, não para pecarmos, para continuarmos na prática do pecado, mas do fato de termos ainda uma natureza que é um corpo de pecado já sentenciado, crucificado, morto, por causa de nosso Senhor Jesus Cristo que morreu a nossa morte, e que foi condenado no nosso lugar, para que fôssemos libertados da escravidão a que estávamos sujeitos por causa da nossa velha natureza.

Este é o cerne do evangelho exposto em poucas palavras.O evangelho não nos foi dado para nossa apreciação e consideração filosóficas, mas para que creiamos nele, e crendo sejamos salvos e tenhamos vida eterna. Ao ter ouvido a verdade, não será de qualquer proveito que você se sinta apenas despertado para a realidade da nossa condição neste mundo, tal como o fora no passado o jovem rico que veio ter com Cristo, agitado em sua consciência, mas não disposto a renunciar a tudo para ter a vida eterna e o reino dos céus.

Dê mais um passo adiante do coração despertado, e peça a Deus um coração quebrantado, humilde e contrito, que sinta a dor pelo fato de estar debaixo do pecado, da maldição da Lei e da ira de Deus.
Clame, não dê sossego a si mesmo e nem a Deus, enquanto não sentir que houve o recebimento de uma nova natureza do céu, da natureza divina prometida para os que cressem em Cristo.

Que o Espírito Santo lhe conceda esta bênção, por não ter olhado para si mesmo buscando algo de bom que pudesse agradar a Deus e torná-lo digno do céu, mas por simplesmente olhar para Cristo, considerando o desespero total do seu caso, que é o de ter uma natureza que nem você nem qualquer outro poder deste mundo ou fora dele, é capaz de mudar, senão somente Aquele que nos foi dado por Deus para operar tal mudança em nós, a saber nosso Senhor Jesus Cristo, de modo que toda a honra, glória e louvor sejam dados somente a Ele e para sempre e sempre. Amém.







3 - Salvo Pela Perfeita Obediência de Jesus

“Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.” (Romanos 5.19)

Deus sujeitou toda a humanidade à condenação por causa da transgressão de Adão.
A Bíblia diz que todos foram encerrados debaixo do pecado por causa da transgressão de Adão.
A morte entrou no mundo por causa do pecado de Adão, porque Deus lhe disse que caso comesse do fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal, ele morreria, e com ele, toda a sua descendência.
E esta morte ocorreu simultaneamente ao ato da desobediência. A morte do espírito, que ficou separado da comunhão com Deus.
Assim, debaixo da cabeça desobediente que é Adão todos morrem, mas os que estiverem debaixo da cabeça obediente e justa de Cristo viverão eternamente.
Pela ofensa de Adão à justiça de Deus todos morreram, mas por meio da graça de Jesus muitos são justificados para a vida eterna no espírito, porque os efeitos do dom da graça foram concedidos por Deus de maneira muito mais abundante do que a sentença de morte por causa da transgressão de Adão.
Porque a condenação veio por causa de uma só ofensa, a saber, a de Adão no Éden.
Mas a justificação é imputada individualmente a cada pessoa que se converte, perdoando-lhe todas as suas muitas ofensas, como Paulo afirma em Rom 5.15,16.
De maneira que quando somos perdoados por Deus o que está sendo perdoado não é o pecado que Adão cometeu no Éden, mas os nossos próprios pecados.
Então se a morte reinou por causa da ofensa de um só homem, a saber, Adão, Deus proveu um meio para que a graça e o dom da justiça seja muito mais abundante, porque por meio de Cristo está perdoando muitas transgressões de muitos pecadores, como se lê em Rom 5.17.
Mas a base da justificação está relacionada a uma só ofensa, a saber, a de Adão no Éden; e a um só ato de justiça, a saber, Cristo guardando toda a Lei e morrendo por nós na cruz.
E especificamente este um só ato de justiça significa que a justificação é atribuída de uma única vez para sempre; do mesmo modo que a imputação do pecado e da morte que lhe é consequente, foram imputados de uma vez para sempre desde a transgressão de Adão.
Então se a desobediência de Adão fez com que todos se tornassem pecadores, e estes não são poucos, porque são muitos, uma vez que diz respeito a toda a humanidade,  de igual modo, a obediência de Jesus é a causa da justificação de muitos, a saber de todos os que estão unidos a Ele pela fé (Rom 5.19).
Então na justificação há uma diferença em relação à condenação quanto ao modo de imputação, porque se todos os homens são herdeiros de Adão, e estão ligados a Ele por descendência, nem todos estão ligados a Cristo, porque a união com Cristo não é natural, mas espiritual, e demanda a necessidade de conversão para que possamos nos tornar co-herdeiros com Ele. Daí ser ordenado por Deus que se pregue o evangelho a todos, de modo que tenham a oportunidade de alcançarem a vida eterna que está em Cristo Jesus.
Um dos propósitos da lei foi para que a ofensa ficasse bem patente aos olhos dos pecadores; revelando que há abundância de pecado no mundo.
Mas pelo Seu plano de salvação Deus tem feito com que a graça seja mais abundante que este pecado abundante, porque em Cristo todas as transgressões são apagadas e esquecidas por causa da justificação.
Isto porque como o pecado reina na morte, Deus estabeleceu o grande contraste fazendo com que a graça que se opõe ao pecado reine também por meio da justificação, para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo.    











142) TEMOR

ÍNDICE

1 - O TEMOR DO SENHOR
2 - Servir a Deus com Santo Temor e Reverência
3 - Alegrai-vos com Tremor
4 - O Temor Faz Parte da Vida do Cristão?
5 - Temor


1 - O TEMOR DO SENHOR

“O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam. O seu louvor permanece para sempre.” (Salmo 111.10)

De todas as aquisições que são feitas pelo homem, a sabedoria é reconhecidamente a mais elevada; e bem merece o lugar mais alto em nossa estima, porque eleva e enobrece aquele em quem se encontra. Isto é verdade mesmo em relação à sabedoria humana; e quanto mais, então, quanto ao que é divino! Mas onde deveria a sabedoria divina ser encontrada? Ou quem pode estimá-la corretamente, quando é encontrada? Estas são questões propostas pelo santo Jó, e elas merecem a nossa mais atenta consideração. "De onde", diz ele, "vem a sabedoria, e onde está o lugar do entendimento? Está encoberta aos olhos de todo vivente e oculta às aves do céu. O abismo e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama. Deus lhe entende o caminho, e ele é quem sabe o seu lugar. Porque ele perscruta até as extremidades da terra, vê tudo o que há debaixo dos céus. Quando regulou o peso do vento e fixou a medida das águas; quando determinou leis para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões, então, viu ele a sabedoria e a manifestou; estabeleceu-a e também a esquadrinhou. E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é o entendimento.” (Jó 28.21-28)
 Dito tudo isso, ele novamente faz a pergunta: "De onde vem a sabedoria, então? e onde está o lugar do entendimento?" Ele, então, responde, que está oculto aos olhos de todos os viventes; que somente Deus a entende, e que ele tem declarado onde está e como ela é: “Porque ao homem disse: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e se desviar do mal é o entendimento." Agora, o significado desta passagem é igual à declaração de Davi, que diz: "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e bom entendimento têm todos os que cumprem os seus mandamentos; seu louvor permanece para sempre." Aqui ele não somente identifica ainda o temor do Senhor com sabedoria, mas continua com a comparação do início ao fim, desde a sua primeira formação na alma até a sua conclusão final na glória.
Para entrar plenamente em seu significado, devemos considerar o temor do Senhor,

I. Como existe na alma

O homem é destituído da verdadeira sabedoria. "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria", e, então a sabedoria somente existe na alma, quando o temor do Senhor está implantado nela. Mas, O que entendemos pelo temor do Senhor?
Podemos explicá-lo com muito poucas palavras. O temor do Senhor é posto aqui na religião verdadeira, mesmo porque tal religião se  manifesta por uma profunda humilhação diante de Deus, por uma obediência sem reservas à sua vontade.
Todos vocês sabem que isto não consiste em um mero assentimento ao cristianismo como verdadeiro, mas  numa entrega verdadeira de nós mesmos a Deus como seu povo redimido.
Quando Isto existe na alma, é a verdadeira sabedoria.
Não há verdadeira sabedoria onde não há esse temor, porque sem ele, um homem nada vê corretamente, e não faz nada corretamente. As coisas terrenas têm em seus olhos uma importância que não pertence propriamente a elas e as coisas celestiais são em nenhum aspecto apreciadas de acordo com seu valor real.
Mas quando "Deus pôs o seu temor em nossos corações", nossos equívocos são removidos, e os erros corrigidos.
O pecado não é mais o mal pequeno e leve que nós supúnhamos antes, que ele fosse, nem a salvação é considerada de tão pequena consequência, que podemos negligenciá-la por mais tempo. A salvação da alma torna-se a partir desse momento a única coisa necessária, e todas as preocupações deste tempo são engolidas na eternidade. Isto pode ser considerado loucura; sim, mas somente por um mundo ignorante e descrente, mas Deus declara ser isto a sabedoria.

II. Como o temor do Senhor opera na vida.

Em todos os seus aspectos, e todas as suas operações, o temor do Senhor comprova ser a verdadeira sabedoria.

Ele opera,

1. Em diferentes épocas e relacionamentos da vida.

Independentemente da idade de uma pessoa, seja jovem ou velha, o temor do Senhor vai lhe ditar qual é o comportamento que lhe convém. E em todas as relações da vida irá exaltar o seu caráter. Marido ou esposa, pai ou filho, mestre ou servo, magistrado ou cidadão, todos saberão o seu lugar, todos cumprirão os seus deveres; todos irão executar seus respectivos cargos com cuidado. Em nada aparecerá mais claramente a operação deste princípio, do que no incentivo a cada um para cumprir com diligência e decoro os deveres de sua própria vocação peculiar.

2. Nas diferentes circunstâncias em que o temor do Senhor pode ser colocado

Estamos em prosperidade? O temor do Senhor irá nos manter humildes e vigilantes contra as tentações que a prosperidade representa para nós. Estamos em adversidade de qualquer tipo? O temor do Senhor vai nos apoiar e livrar de depressão e murmuração, por um lado, e de uma apatia desprezível por outro. Ele vai nos levar a reconhecer uma ação divina em cada coisa que ocorre conosco, e para fazer uma melhoria em nós através da mesma, para que Deus seja glorificado em tudo.

Vamos ver este princípio ainda mais longe,

III. Como concluído em um mundo melhor

Os aplausos que homens ímpios ganham dos seus companheiros cegos é de muito curta duração. Mas o que provém da piedade perdurará para sempre.

O homem que teme o Senhor não está sem aplauso neste mundo.

E se ele for ridicularizado por alguns? Será apenas por aqueles que não sabem o que é a verdadeira sabedoria, e que se agissem em relação às  coisas terrenas como o fazem em relação à suas preocupações celestiais, seriam considerados por toda a humanidade como tolos e idiotas. Por cada homem, cuja opinião é boa e de valor, o homem de Deus é amado e honrado, sim, e o próprio Deus também o honra com as mais ricas manifestações da sua presença e do seu amor.
E quão ele é honrado no mundo eterno!
Porque lá os anjos de Deus o sustentam em suas asas, exultando no trabalho que lhes foi atribuído de lhe ministrar.
E tão logo ele tenha chegado aos portais do céu, será recebido pelo próprio Deus, que, na presença de toda as hostes celestiais, se dirigirá a ele dizendo: "Bem fizeste, bom e fiel servo, entra no gozo do teu  Senhor." Eis a coroa preparada para ele! O trono também preparado para sua recepção! Eis o reino concedido a ele como sua herança, da  qual ele toma posse como um "herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo!" Sim, é verdade, este é o seu louvor, e será assim quando aqueles que aqui o desprezaram por sua fé, devem "acordar para vergonha e desprezo eternos." Este louvor, também, dura para sempre. E enquanto seus inimigos que uma vez o desprezaram têm "choro e ranger de dentes" no inferno, ele vai estar no pleno gozo da glória, honra e imortalidade, no seio do seu Deus.

“O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam. O seu louvor permanece para sempre.”


Tradução e adaptação realizadas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de Charles Simeon, em domínio público.







2 - Servir a Deus com Santo Temor e Reverência

Assim como a entrada em vigor da Nova Aliança foi marcada pela morte de Ananias e Safira, como um juízo da parte do Senhor, que veio sobre eles, e trouxe grande temor à igreja, de igual modo, a Antiga Aliança entrou em vigor com a morte de cerca de três mil israelitas, pela adoração do bezerro de ouro, e com a morte de Nadabe e Abiú, filhos de Arão, logo depois de que o tabernáculo foi erigido, e os sacerdotes foram consagrados e começaram a oficiar no mesmo.
Deste modo, tanto numa aliança quanto noutra, Deus marcou com estes exemplos, que estes pactos eram pactos para um viver em santidade, em obediência à Sua vontade.
Certamente, a visitação da iniquidade de Nadabe e Abiú, que ofereceram incenso de modo diferente do designado por Deus, desprezando as instruções que foram dadas por Ele, tinha em vista impedir que o ofício sacerdotal fosse cumprido sem o temor e o respeito devidos a todas as prescrições, que foram transmitidas a Moisés, para serem cumpridas pelos sacerdotes.
A citação bíblica “fogo estranho” é uma referência, portanto a um modo diferente de queimar incenso, do que fora designado por Deus.
O Senhor declarou a Moisés o motivo daquele juízo de morte sobre os filhos de Arão:
“Serei santificado naqueles que se chegarem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo.”
Isto porque foi manifestado que o Senhor exige de fato santidade e obediência daqueles que se aproximam dEle, e nisto o Seu nome é glorificado diante do Seu povo, pelo temor que lhe sobrevém, por observarem o modo como Deus trata com aqueles que Lhe servem, especialmente com os líderes do Seu povo, quando estes se desviam do temor que Lhe é devido.
A ocasião em que eles ofereceram o fogo estranho (início dos serviços no tabernáculo) e o ofício elevado de que estavam investidos (sacerdotes) contribuiu para o juízo que lhes sobreveio.
Este viera nem tanto pela enormidade do pecado deles, pois o Senhor tem suportado maiores e continuadas ofensas com Sua longanimidade, mas exatamente porque se não tivesse intervindo de forma drástica, quando eles se predispuseram a não cumprir rigorosamente o que prescrevera na Lei para ser cumprido, logo no início da entrada em vigor daquela Aliança, isto se tornaria a norma nos procedimentos deles, e a exigência de Deus relativa a que Seus mandamentos fossem cumpridos, seria grandemente desacreditada.
Por isso foi ordenado a Arão e seus dois outros filhos, Eleazar e Itamar que permanecessem no tabernáculo, e que não chorassem e lamentassem a morte de Nadabe e Abiú, pois isto seria permitido somente aos seus demais familiares, que não tinham parte no sacerdócio.
Desta forma, dariam testemunho a toda a congregação de Israel, que a vontade de Deus, a obra do Senhor, era mais importante do que a perda de filhos e irmãos.
As coisas ordenadas pelo Senhor relativas ao modo de ser servido e adorado são santíssimas, e não devem ser consideradas coisas comuns, e muito menos se deve dar a elas um uso profano e imundo, conforme estava ilustrado na lei em variadas figuras, como comidas, animais, situações etc, com o propósito de ensinar a reverência, que é devida especialmente, às coisas que são pertencentes ao culto de adoração a Deus.
É um grande perigo, mesmo na dispensação da graça, quando os líderes em vez de submeterem o serviço de louvor e adoração à Palavra de Deus, usam a sua imaginação ou permitem serem dirigidos pela imaginação de outros, para contrariar frontalmente aquilo que está revelado pelo Senhor na Sua Palavra; especialmente quando se trata de um trabalho que foi levantado de fato por Deus através destes que tem escolhido para o liderarem e conduzirem - há necessidade de haver real santidade e reverência por parte daqueles que conduzem a Arca da Aliança - isto nos foi ensinado em figura poderosamente na dispensação da Lei, de modo que não sejamos negligentes, ainda que nesta presente dispensação da Graça, onde o Senhor tem manifestado a Sua presença entre nós, presença esta que era ilustrada pela Arca do antigo pacto.
A bondade e misericórdia de Deus são infinitas, assim como Ele é infinito, e é exatamente em razão desta bondade e misericórdia, que Ele usou uns pouquíssimos exemplos de juízos extremos, como o citado em relação a Nadabe e Abiú e Ananias e Safira, para nos advertir que viver deliberadamente no pecado nos priva de experimentar as Suas melhores e maiores bênçãos, e no caso de falta de cobertura do sacrifício de Jesus, o pecado produz a pior de todas as mortes, que é a morte espiritual, e que por fim virá a ser morte eterna.
Assim, com Seus juízos, o Senhor nos alerta em Sua bondade, graça e misericórdia que não devemos viver na prática deliberada do pecado, mas que devemos nos arrepender dos nossos pecados e buscar andar em retidão na Sua presença, pois foi para este propósito que fomos criados por Ele.
É por isso que tanto Jesus quanto os profetas e os apóstolos advertem seriamente a todos os pecadores, para que se arrependam e se convertam a Deus, por meio da fé nEle, e vivam em santidade de vida, para que lhes vá bem. Pois, do contrário correm o risco de enfrentarem o justo juízo de Deus, tal como ocorrera com Nadabe e Abiú, para a nossa advertência.  

“1 Ora, Nadabe, e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário e, pondo neles fogo e sobre ele deitando incenso, ofereceram fogo estranho perante o Senhor, o que ele não lhes ordenara.
2 Então saiu fogo de diante do Senhor, e os devorou; e morreram perante o Senhor.
3 Disse Moisés a Arão: Isto é o que o Senhor falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se chegarem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo. Mas Arão guardou silêncio.
4 E Moisés chamou a Misael e a Elzafã, filhos de Uziel, tio de Arão, e disse-lhes: Chegai-vos, levai vossos irmãos de diante do santuário, para fora do arraial.
5 Chegaram-se, pois, e levaram-nos como estavam, nas próprias túnicas, para fora do arraial, como Moisés lhes dissera.
6 Então disse Moisés a Arão, e a seus filhos Eleazar e Itamar: Não descubrais as vossas cabeças, nem rasgueis as vossas vestes, para que não morrais, nem venha a ira sobre toda a congregação; mas vossos irmãos, toda a casa de Israel, lamentem este incêndio que o Senhor acendeu.

7 E não saireis da porta da tenda da revelação, para que não morrais; porque está sobre vós o óleo da unção do Senhor. E eles fizeram conforme a palavra de Moisés." (Levítico 10.1-7)







3 - Alegrai-vos com Tremor

Por John Piper

“Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos com tremor.
Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho,
quando em breve se inflamar a sua ira.
Bem-aventurados todos aqueles que nele confiam.” (Salmos 2:11–12)

Servi ao Senhor com temor. . .

Este comando não cancela o Salmo 100:2: "Servi ao Senhor com alegria" Servir ao Senhor com temor e servir ao Senhor com alegria não se contradizem mutuamente. A frase seguinte esclarece numa maneira simples ("alegrar-se com tremor"). Há temor real e alegria real. A razão porque existe um temor real é que existe um perigo real. Nosso Deus é um fogo consumidor (Hebreus 12:29). Sim, os eleitos estão seguros em Cristo. Mas examine a si mesmo, diz Paulo, "para ver se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos que Cristo Jesus está em vós? Se não é que já estais reprovados." (2 Coríntios. 13:5). "Aquele pois que cuida estar em pé, olhe não caia" (1 Coríntios. 10:12). Confiança em Cristo não é sem zelo. Nossa segurança está enraizada na manutenção diária de Deus, não nas nossas decisões passadas. "[Ele] é poderoso para vos guardar de tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória" (Judas 1:24). Parte de como ele nos mantém é despertando a vigilância diária de descansar em Cristo e não em nós mesmos.

. . . e alegrai-vos com tremor.
O temor não nos rouba a nossa alegria por duas razões. Uma delas é que nos leva a Cristo, onde há segurança. A outra é que, mesmo quando estamos nessa situação a parte do medo que Cristo alivia é a parte destruidora da esperança. Mas ele deixa uma outra parte, a parte que queremos sentir para sempre. Há uma admiração ou espanto ou tremor na presença de uma grandiosidade que queremos sentir desde que tenhamos a certeza de que não irá nos destruir. Este tremor não compete com alegria; é parte da alegria. As pessoas vão a aterrorizantes filmes porque sabem que o monstro não pode entrar no cinema. Eles querem ser assustados, desde que eles estejam seguros. Por alguma razão, é gostoso. Este é um eco da verdade que eles foram feitos para Deus. Há algo profundamente satisfatório sobre ser "amedrontado" quando não podemos ser feridos. É melhor ainda quando o tremor vem da grandeza da santidade.
Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho. . .
Deus é zeloso pelo seu Filho. "Porque te não inclinarás diante de outro deus, pois o nome do Senhor é Zeloso, Deus zeloso é ele" (Êxodo 34:14). Sua ira se acende quando o afeto designado para ele é dado a outro. É claro que há um beijo de Judas. Isso não é o que ele tem em mente aqui. O beijo aqui é o beijo de adoração e de submissão, talvez um beijo nos pés ao reverenciar-mo-nos diante dele. Não há brincadeiras com Deus. Se amamos a outro mais, vamos perecer. Ele será o nosso maior tesouro, ou Ele será nosso inimigo. O lugar mais seguro do universo é aos pés do nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo. Se optarmos a desvencilhar-nos dele por outro tesouro, a sua ira será contra nós.
. . . pois sua ira é rapidamente acendida.

A palavra rapidamente talvez não seja a melhor nesse caso. A palavra pode significar rapidamente no sentido de repentino. Repetidamente na Bíblia, Deus é considerado "misericordioso e piedoso, tardio em irar-se, e grande em beneficencia e verdade" (Êxodo 34:6). "Não rápido em irar-se", mas "tardio em irar-se". Portanto, eu estou inclinado a pensar Salmo 2:12 significa "Sua ira pode surgir repentinamente." Em outras palavras, não brinque com ele na sua paciência, porque de repente pode se acabar, e você será surpreendido em ira. Se você continuar bajulando sua criação e não o seu Filho, de repente, vai encontrar as presas de uma serpente em seu lábios. Não presuma sobre a paciência de Deus.

Bem-aventurados todos os que nele se refugiam.
O único lugar seguro da ira de Deus está em Deus. Qualquer lugar fora de seu cuidado é perigoso. Ele é o único esconderijo da sua própria ira. Se você o ver como assustador e tentar fugir e se esconder, você não vai encontrar um esconderijo. Não há nenhum. Fora do cuidado de Deus só existe ira. Mas há um refúgio contra a ira de Deus, ou seja, o próprio Deus. O lugar mais seguro da ira de Deus, o único lugar seguro, é Deus. Venha a Deus. Refugie-se em Deus. Esconda-se na sombra de suas asas. Este é o lugar onde vivemos e servimos com uma alegria tremenda. É terrível e é maravilhoso. É como o olho de um furacão — terror por todo o lado e totalmente belo e calmo. Aqui há doce comunhão. Aqui é tranquilo, nessa amorosa comunhão. Aqui falamos a ele como a um amigo. Aqui, ele ministra a nossas necessidades mais profundas. Convido você a vir.
Seguro em Cristo com você,
Pastor John







4 - O Temor Faz Parte da Vida do Cristão?

Por John Piper

Frequentemente é dito que o temor não tem lugar na vida do Cristão porque: "No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor." (1 João 4:18).
Mas no Novo Testamento há várias ordens para temer; por exemplo, Romanos 11:20: "pela sua incredulidade [os Judeus] foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme." Semelhantemente, Hebreus 3:12 alerta contra a incredulidade (apesar de que a palavra "temer" não é usada): "Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo". (Outros textos aconselhando a temer: 1 Pedro 1:17; 2:17; Filipenses 2:12-13; Lucas 12:5; Isaías 66:2; Atos 9:31; 2 Coríntios 5:11; 7:1 etc).

Juntando as Peças

Nós não devemos achar que os escritores do Novo Testamentos estão tomando lados, uns em favor do temor (Paulo, o autor aos Hebreus) e outros contra (João). Porque apesar de Romanos 11:20 recomendar o temor, Romanos 8:15 diz: "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos".
E apesar de Hebreus 3:12 recomendar temor de um coração incrédulo (que é o mesmo que dizer o temor do Deus que retribui incredulidade com castigo), Hebreus 4:16 diz: "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno."
Portanto, o problema não é uma contradição entre os autores dos livros do Novo Testamento, mas o problema é como pode o mesmo autor dizer "Tema!" e ao mesmo tempo, "Não temas! Tenha confiança." A solução será encontrada, penso eu, na sugestão de que um temor sensato de Deus nos motivará a confiar em sua misericórdia demonstrada em Cristo e essa "confiança com tremor" irá gradativamente remover o medo que nos levou a isso, conforme vemos mais claramente o que o Senhor tem feito por nós.

Como Somente o Perfeito Amor Lança Fora o Temor

Eu estava lendo a Antologia de C. S. Lewis por George MacDonald e encontrei alguns comentários úteis. Ele observa que absolutamente nada menos que o amor perfeito (tanto de Deus pelo homem quanto do homem por Deus) deveria lançar fora o temor. Nós somos propensos a querer livrar-nos do temor a qualquer custo, de qualquer jeito. João diz que há e deveria haver apenas um jeito—amor perfeito por Deus lança fora o temor.
Nós pensamos que seremos cristãos melhores quando pararmos de temer— o que pode ser completamente falso. Nós seremos cristãos melhores quando amarmos mais a Deus pelo Seu perfeito amor. O aperfeiçoamento do amor necessariamente afasta o temor, mas o afastamento do temor não necessariamente significa que o amor está sendo aperfeiçoado. Alguém pode desejar livrar-se do temor da mesma forma que quer livrar-se de uma consciência pesada, e ele pode usar a mesma forma enganosa para acabar com seu desconforto (por exemplo, álcool, drogas, ou mais comumente, a eliminação de todos os mandamentos na Bíblia de temer a Deus e amá-lO com todo o seu coração. Veja Deuteronômio 10:12).
MacDonald escreve (página 67):
Persuada os homens de que o temor é uma coisa vil, que é um insulto a Deus, que Ele não irá tolerar isso—enquanto eles ainda estão apaixonados pela própria vontade, escravos de todo movimento de impulso impetuoso — e qual será a consequência? Eles irão insultar a Deus como um ídolo descartado, uma superstição, algo para se jogar fora e cuspir em cima. Depois disso, quanto eles aprenderão sobre Ele?

Amor Superior ao Temor

O temor é um vínculo imperfeito com Deus, mas é um vínculo que deveria ser substituído somente por um vínculo infinitamente mais profundo—o vínculo do amor (página 67). Nada mais deveria lançar fora o temor.
Deveria, então, o medo ter um papel até um certo ponto e depois disso nunca mais na vida do Cristão? O ponto após o qual o medo não terá mais lugar na vida no Cristão é o ponto no qual o seu amor é perfeito. Mas nenhum de nós é perfeito em amor ainda, todos nós temos momentos nos quais nosso prazer em Deus esmorece e as "coisas que se vêem" tornam-se enganosamente atraentes.
Nesses momentos, nós necessitamos de um alerta de Paulo (Romanos 11:20), ou de Hebreus (3:12), ou de Jesus (Lucas 12:5). Nesses momentos nós não podemos estar completamente livres do temor, porque nós não estamos completamente controlados pelo amor por Deus; isto é, nós não estamos vivendo completamente pela fé. Mas o temor que como Cristãos devemos sentir é por si só uma obra da graça. É um temor que nos leva de volta ao amor por Deus e à confiança em sua misericórdia e, desse modo, destrói a si mesmo. O temor é o servo apropriado do amor para os santos imperfeitos.
O segundo verso do hino "Preciosa Graça" não é meramente uma experiência do tipo de uma vez por todas:
A graça, então, meu coração
do medo me libertou.
Oh, quão preciosa salvação
a graça me outorgou!

Jonathan Edwards Sobre Amor e Temor

No dia 7 de Janeiro de 1974, eu encontrei a seguinte citação de Jonathan Edwards em seuTratado Sobre Afeições Religiosas (Londres, 1796), p. 102ff. Penso que ele expressa exatamente o que estou tentando dizer:
Deus, então, planejou e constituiu coisas em Seus desígnios para Seus próprios filhos de forma que quando o amor deles decair e o exercício do amor falhar ou se tornar fraco, o temor erga-se; porque então eles precisam dele para impedí-los de pecar e para animá-los a cuidar do bem de suas almas, e assim salvá-los para a vigilância e diligência na religião; mas Deus também ordenou que quando o amor crescer e estiver sendo exercitado vigorosamente, o temor deverá desaparecer e ser afastado porque já não precisarão mais dele, tendo um princípio superior e mais excelente para afastá-los do pecado e encorajá-los em sua responsabilidade.
Não há princípios que influenciem a natureza humana ou que conscientizem os homens tanto quanto um destes dois, temor ou amor. E, portanto, se um desses não prevalecer ao passo que o outro decai, o povo de Deus quando caído na morte e nas armações carnais, quando o amor estiver adormecido, estaria lamentavelmente exposto, de fato. E, portanto, Deus sabiamente ordenou que esses dois princípios opostos de amor e temor devem crescer e diminuir como dois lados opostos em uma balança; quando um levanta o outro abaixa...
O temor é lançado fora pelo Espírito de Deus somente quando o amor prevalece: e é mantido por Seu Espírito somente quando o amor adormece...







5 - Temor

Há dois tipos de temor que são citados na Bíblia. Um que devemos buscar, e outro que devemos lançar fora.
O primeiro é o temor a Deus, e o segundo - se estamos em Cristo - o temor da perseguição dos homens e dos espíritos das trevas, o temor provocado pelo cuidado (ansiedade) pelas coisas terrenas, o temor de perdas e da própria morte, e de tudo o mais que possa roubar a paz de nossa mente e coração.
É pelo temor a Deus que podemos lançar fora o temor às coisas que podem turbar o nosso coração. Há uma forma de nos apresentar perante o Senhor, e esta é regulada pelo temor a Ele. É pelo amor a Deus que lançamos fora o nosso amor ao mundo. E de igual forma é por temer a Deus, que lançamos fora o temor ao mundo.
O temor que é inspirado principalmente, pelo Seu grande poder e majestade nos é necessário para nossa aproximação, porque do contrário poderíamos ultrapassar os limites da intimidade que nos é concedida pelo Seu grande amor paterno, e Sua muita bondade e misericórdia.
Digamos que é pelo temor que se previne qualquer abuso de comportamento da nossa parte, que nos torne irreverentes para com Aquele que é digno de todo o respeito, adoração e louvor.
O tom reverente e respeitoso deve permear todas as nossas orações, porque apesar de estarmos nos dirigindo ao nosso Pai, reconhecemos em espirito que devemos fazê-lo desta forma, porque afinal Ele é a suprema autoridade de todo o universo, e diante da Sua glória somos compungidos a nos ajoelhar em sinal de reverência e adoração.
Pelo temor somos prevenidos também de não dar a devida consideração ao pecado, pelo qual podemos despertar os juízos corretivos do Senhor contra nós, dos quais Ele certamente não nos poupará, para o nosso próprio benefício.
Daí nosso Senhor ter ensinado que sequer devemos temer aqueles que entre os homens e os demônios podem até mesmo tirar a vida do nosso corpo, porque não podem nos arruinar quanto à nossa vida no espírito; vida que somente Deus tem o poder de controlar e sujeitar até mesmo ao juízo do fogo eterno. Ninguém mais além dEle é o senhor dos espíritos.
Como tudo criou para Si mesmo, e exige uma resposta à Sua vontade da parte de todos os seres morais, então devemos manter o temor da prestação de contas que teremos que fazer de tudo o que fizemos por meio do corpo quando for instalado o Tribunal de Cristo, para que por meio deste temor sirvamos ao Senhor com a devida reverência e diligência, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus (2 Cor 7.1).
Agora, o verdadeiro temor a Deus é produzido pela operação do Espírito Santo em nossos corações, que pode ser percebido, sobretudo nas reuniões de adoração e oração quando sentimos a presença de Deus se manifestando em nós e entre nós. Imediatamente somos levados a um estado de alma que só pode ser discernido espiritualmente por aqueles que se encontram vivendo esta experiência.
É algo sobrenatural que não pode ser produzido pelo homem. É algo que não se encontra naturalmente em nós, mas passa a habitar e a crescer em nossos corações à medida que cresce também a nossa consagração e devoção ao Senhor.
Diz-se deste temor, ser ele o princípio da sabedoria divina, pois o Senhor comunica a Sua sabedoria àqueles que O temem desta maneira, pois seus espíritos são achados na condição adequada para receber instrução.
Assim como alunos em atitude inconveniente numa sala de aula não podem ser educados, de igual forma nós não podemos ser educados pelo Espírito Santo quando não nos encontramos na atitude correta de coração para recepcionar a Sua instrução divina.
Você pode ler alguns versículos bíblicos com as seguintes palavras destacadas do texto original:
1 – fobos (grego) – temor, medo;
2 – fobeo (grego) – temente, reverente;
3 – tromos (grego) – tremor;
4 – yirah (hebraico) – temor; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:



Você pode ler toda a Bíblia (Velho e Novo Testamento) com a interpretação de capítulo por capítulo acessando o seguinte link:


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