sexta-feira, 23 de outubro de 2015

40) Disciplina 41) Dízimos e Ofertas 42) Doenças e Enfermidades

ÍNDICE

1 - Vontade Instruída e Bem Conduzida
2 - O Bom Exercício da Nossa Fé
3 - A Importância do Exercício Espiritual Contínuo
4 - Espírito de Sabedoria e de Revelação no Exercício da Fé
5 - Uma Vida Bem Ordenada
6 - A Necessidade de Disciplina e Exortação para a Santificação


1 - Vontade Instruída e Bem Conduzida

“Porque Deus é o que opera em vós o querer e o realizar segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.13)

Vem de Deus o nosso poder para trabalhar para ele, mas sobretudo o poder que opera a nossa transformação.
Ele conduz a nossa própria vontade iluminando o nosso entendimento e criando em nós uma santa disposição para buscar o que é justo e aprovado diante dele.
E tudo isto é feito segundo a sua própria graça e vontade, conforme lhe apraz.
A salvação da nossa alma da condenação eterna, para a vida eterna com Deus, foi iniciada na conversão a Cristo, mas cumpre que seja desenvolvida em crescimento em graus de graça e glória, pelo aperfeiçoamento de nossa vontade e de todos os demais poderes e faculdades de nossas almas e espíritos, que tendo já sido direcionados para Deus e o seu querer quando nos convertemos, importa que sejam desenvolvidos pelo poder do Espírito Santo nos instruindo em toda a vontade de Deus, conforme se encontra revelada em sua Palavra.
Deus nos instrui todo o tempo na Bíblia quanto a esta necessidade que temos do Seu trabalho de aperfeiçoamento da nova vida que obtivemos por meio da fé em Jesus Cristo.
Se nos falta este entendimento, dificilmente faremos progresso na vida cristã, conforme é do desejo de Deus.
Não podemos crescer senão pela santificação na verdade, João 17.17, pela qual nosso Senhor intercedeu em favor de todos os cristãos.  
Por pressuposto, se não habita qualquer bem na nossa carne, e como ela é fraca e incapaz de cumprir o propósito divino, Mateus 26.41, de modo que de nós mesmos não podemos realizar o bem que queremos, Romanos 7, então dependemos inteiramente da operação da graça de Jesus em nós, e reconheceremos mais e mais que todo e qualquer bem que façamos ou que esteja em nós, é sempre fruto da ação de Deus; ação esta que é realizada tanto em nós, quanto por nós.
Assim, a obra de Deus no cristão é poderosa e determina a nossa vontade, sem eliminá-la. Deus faz com que o nosso querer seja o seu querer, não por imposição, mas por nos instruir e capacitar quanto ao que é realmente bom para nós e para tudo aquilo que é útil e proveitoso, especialmente em sentido espiritual e eterno.
O trabalho de Deus é feito no nosso interior, mas não sem a nossa participação, sobretudo pela renovação da nossa mente.
Então somos libertados do mal, e nos tornamos livres para fazer o bem que é definido segundo o padrão divino.
Para tanto, depois que somos transformados na conversão, Deus continua nos concedendo a graça que é suficiente e necessária para nos manter firmados na verdade, enquanto crescemos na graça e no conhecimento de Cristo.  






2 - O Bom Exercício da Nossa Fé

Acautelemo-nos, para que as muitas bênçãos que temos recebido de Deus, não sejam um motivo de condenação para nós, se por causa delas passarmos a desprezar o próprio Deus e a negligenciar o nosso dever de amá-lo e servi-lo acima de todas as coisas.
Andemos de modo digno na Sua presença, fazendo aquilo que é honroso e agradável a Ele, vivendo na unidade do Espírito; sabendo nós que o Espírito do Senhor é como uma lâmpada que revela tudo o que se encontra escondido nos lugares secretos dos nossos corações.
Esforcemo-nos sobremaneira em nossa disciplina espiritual, especialmente nos deveres da oração, da meditação na Palavra, e da prática das boas obras, para que não venhamos a entristecer, ainda que involuntariamente ao Santo Espírito de Deus.
Afinal, se tudo o que fizermos e que for do agrado de Deus somente será possível pela operação do Espírito, como poderemos ter um viver vitorioso sobre a carne, se viermos a entristecer e a apagar o Espírito?
Confessemos nossos pecados. Busquemos sempre o perdão de Deus. Olhemos somente para a graça de Cristo e clamemos para que ele nos fortaleça de novo, e de novo, sempre que for necessário. Não olhemos para as nossas próprias habilidades porque elas de nada nos valerão na hora da nossa fraqueza espiritual. Somente no Senhor poderemos ser fortificados em espírito.
Em assim procedendo, em continuados exercícios espirituais a graça em nós ficará cada vez mais forte e a inclinação para a carne cada vez mais fraca.
Façamos valer o valioso preço do precioso sangue que nosso Senhor Jesus Cristo derramou por nós na cruz.







3 - A Importância do Exercício Espiritual Contínuo

“Mat 12:43 Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos procurando repouso, porém não encontra.
Mat 12:44 Por isso, diz: Voltarei para minha casa donde saí. E, tendo voltado, a encontra vazia, varrida e ornamentada.
Mat 12:45 Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim também acontecerá a esta geração perversa.”

Se fosse dado às pessoas de um modo geral, verem o seu estado espiritual sob a escravidão de Satanás, que opera em seus corações segundo o pecado, certamente a condição da humanidade em sua grande maioria seria de desespero total, e de grande alarme diante da constatação do quadro horrendo relativo à atuação das potestades e principados do mal sobre suas vidas.
Todavia Deus, em geral, não o permite (a constatação) para que a vida siga o seu rumo na Terra.
As palavras de Jesus no texto de Mateus 12.43-45 indicam a condição daqueles que tendo sido agraciados pela ação do Seu poder na expulsão de demônios, que se encontravam sob o domínio de suas vidas, não se entregam em sequência à prática dos exercícios espirituais ordenados na Palavra de Deus, e assim o seu estado posterior vem a ser pior do que o primeiro, antes da libertação momentânea que experimentaram.
É importante destacar que estas possessões ou opressões de espíritos imundos nem sempre são observáveis ao olho natural, e nem mesmo o daqueles que estão debaixo das mesmas, porque o diabo se transfigura em anjo de  luz, e aprisiona a alma, assim como o morcego que anestesia o local da picada para sugar o sangue de sua vítima, sem que ela o perceba.
Os espíritos imundos aos quais nosso Senhor se refere podem se transfigurar em anjos de luz, mas são na verdade espíritos das trevas e de horrendas trevas, cheios completamente de toda a maldade, impureza, e de tudo o que é asqueroso para Deus e para o próprio homem que não alinha voluntária e conscientemente ao lado do mal. Todavia mesmo para a alma que assim se posicione... não importa, não  poderá se livrar da dominação das trevas, enquanto não  permanecer debaixo da dominação de Jesus.
Vemos assim, a completa importância da dedicação contínua à prática da oração, da vigilância espiritual, da meditação e prática da Palavra de Deus, na comunhão dos santos, para que sejamos livrados do mal.
Esta é uma regra do mundo espiritual que não pode ser alterada por qualquer poder humano ou qualquer outro deste mundo. Se não permanecermos debaixo do poder de Deus, ficaremos à mercê do poder de Satanás.  







4 - Espírito de Sabedoria e de Revelação no Exercício da Fé

Sem o exercício espiritual diário, especialmente  da oração, da vigilância, da meditação na Palavra, as graças que temos estão prontas para morrer.
Muito deste exercício deve ser incentivado e administrado pelos líderes do rebanho de Cristo, esforçando-se para manterem as ovelhas debaixo do seu cuidado, não somente bem alimentadas com a palavra do evangelho verdadeiro, como também pelo estímulo à consagração constante à prática do amor e às boas obras.
Sem isto, não se pode esperar que se tenha um rebanho espiritualmente saudável, em crescimento contínuo, rumo à maturidade em Cristo.
Há na Palavra de Deus pontos difíceis de serem entendidos, e diríamos até, impossíveis de serem conhecidos na prática cotidiana, a menos que recebamos iluminação e revelação do Espírito Santo para isto.
O apóstolo Tiago, ao discorrer no início da sua epístola, sobre a necessidade da confirmação da fé, especialmente pela paciência nas tribulações, sabia ao mesmo tempo que muitos dos cristãos aos quais estava se dirigindo somente poderiam cumpri-lo caso tivessem a sabedoria necessária para tanto, que sempre será recebida de Deus, caso a busquemos nele, sobretudo pela oração.
“Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus , que a todos dá liberalmente e não censura, e lhe será dado” (Tg 1.5)
Foi com o mesmo objetivo em vista que Paulo havia escrito aos efésios o seguinte:
“Ef 1:16 não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações,
Ef 1:17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele,
Ef 1:18 iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos
Ef 1:19 e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder;”
A graça que recebemos na conversão deve ser continuamente exercitada para fortalecimento e crescimento. E todo este exercício deve ser realizado na presença de Deus.
Se não somos dirigidos pelo Espírito Santo, e se não é ele quem move o nosso coração, senão apenas nossa própria vontade, não poderá ser achado qualquer progresso espiritual efetivo em nós.
Todavia, se não desejarmos isto, se não o buscarmos com todo o coração e diligência, não o teremos.
Lembremos sempre que é uma grande lei do reino de Deus para nós, pedir, buscar e bater à porta.







5 - Uma Vida Bem Ordenada

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

"Ordena os meus passos na tua palavra e não deixe que qualquer iniquidade tenha domínio sobre mim." (Salmo 119: 133)

Esta não é a oração de um homem não convertido, ou o clamor de um pecador despertado, tolamente esperando encontrar a salvação em boas obras; é a oração de quem é salvo, e quem sabe disso. O versículo que precede o texto mostra isso, pois ele pede para ser misericordiosamente tratado como o Senhor faz para com os que amam o Seu nome. Ele, portanto, está confiante de que é um daqueles, que é participante do favor divino, e tem a evidência disso no seu amor ao nome do Senhor.
Agora, aquelas pessoas que estão verdadeiramente salvas clamam contra qualquer coisa como a confiança em boas obras; você deve ouvi-los denunciar com todo o seu coração a justiça própria em cada forma; você deve ouvi-los pregar com poder e principalmente a justiça do Senhor Jesus Cristo como a única confiança sobre a qual a alma pode descansar; e ainda, ao mesmo tempo, essas pessoas são, de todas as demais no mundo, as mais zelosas de boas obras, e as mais sinceras em serem santas, e no temor de Deus para adornar a doutrina de Cristo, seu Salvador em todas as coisas.
Davi não cria em salvação eterna da alma por seus próprios méritos; ele tinha sido levado pela graça a confiar na aspersão do sangue precioso, e a se gloriar em outra Justiça, do que a sua própria, mas ainda assim ele é incansável na oração e nos esforços sinceros para ser purificado de todas as falhas da vida, e viver em santidade prática como fiel servo de Deus.
A oração diante de nós é o gemido de uma alma salva após um estágio superior de santificação; é a respiração ofegante de um espírito já reconciliado com Deus, para ser mais perfeitamente conformado à mente e vontade do Senhor.
Notemos cuidadosamente cada palavra do texto. "Ordena", diz Davi, ou como alguns leem, "estabeleça firmemente ", ou, "encaminhe justamente os meus passos. " Davi, olhando para o exterior da criação divina viu ordem dominante em todos os lugares, em cima no céu e embaixo na terra, e mesmo entre as aves do céu, e os peixes do mar; ele desejava, portanto, estar em conformidade com a harmonia do universo. Ele não tinha medo de ser ridicularizado por viver por método e regra, pois viu método e governo nas instituições divinas, ele não aspirava a uma vida aleatória, como a daqueles cujo lema é: "Faça o que você quiser." Ele não tinha concupiscências para serem o seu mestre, ele desejava em todas as coisas ser regido pela superior e todo-perfeita vontade de Deus. No texto, o rei Davi se curva em homenagem ao Rei dos reis; ele se alista no exército do Senhor dos exércitos, e pede ordens de marcha, e graça para obedecê-las.
Observe a próxima palavra, "os meus passos "; ele está ansioso quanto a detalhes. Davi queria que em cada etapa ordenada na santidade; ele desfrutasse de orientação celestial em cada parte detalhada de sua jornada em direção ao céu. Grande parte da beleza da santidade encontra-se em pequenas coisas. Se uma vida vai suportar o exame em cada hora, deve ser pura de fato. Aqueles que não são cuidadosos com suas palavras, e até mesmo com seus pensamentos, em breve irão ficar descuidados a respeito de suas ações mais notáveis. Aqueles que toleram o pecado do qual pensam ser pequena coisa, em breve cairão em assuntos mais importantes.
Esta breve oração: "Ordena os meus passos", ensina-nos a ter atenção para as minúcias da vida; e que possamos ter a graça de aprender a lição.
"Ordena os meus passos na tua palavra." Note a expressão - não por sua palavra, nem de acordo com a sua palavra. A frase inclui isto, mas significa muito mais. O salmista, evidentemente, olha para a palavra de Deus como sendo o caminho mesmo de sua vida, e ele ora para que possa caminhar dentro das linhas que a palavra de Deus delimita. Este “na tua palavra” significa como se estivesse gravada no meu coração, e, em seguida, abrangesse todos os meus caminhos, pensamentos e ser. A palavra é o caminho da nossa marcha, o mar da nossa vela, o pasto da nossa alimentação, a casa de nosso repouso. Senhor, não nos permita ter um só passo para fora dela, nem um passo desordenado nela.
" E não deixe qualquer iniquidade ter domínio sobre mim", acrescenta o salmista. Ele frequentemente acrescenta uma petição negativa em suas orações positivas, como se para concluí-las. A segunda expressão é mais fraca do que a primeira, e é como se o suplicante dissesse: "Se, ó Senhor, os meus passos não puderem ser tão bem ordenados em sua palavra, como para ser completamente sem pecado, ainda assim não deixe que qualquer iniquidade ganhe o domínio do meu espírito, mesmo nas aberrações da minha alma, faça com que ela seja ainda fiel a Ti - se o pecado assalta-me, pelo menos, não o deixe escravizar-me; se eu desviar por algum tempo, deixe-me ainda ser considerado como a sua ovelha, e não uma do rebanho de Satanás. Oh meu Senhor, não permita que haja iniquidade para se sentar no trono do meu coração, e me faça seu servo e vassalo. Se eu escorregar na lama que seja senão um deslize, e não permita que me chafurde na lama."
A vida santa é uma obra-prima da ordem , e não uma obra do acaso. Davi ora para que seus passos possam ser ordenados; a santidade se alegra com a simetria, harmonia, proporção, ordem. Se considerarmos, no início da ordem de que a santidade deve ser em conformidade com a regra prescrita, temos essa regra nos dada na pessoa de Jesus, o Verbo encarnado. A lei, não na mão de Moisés, mas na mão e na vida do Redentor, é a regra de vida para um homem cristão. Cada ação da vida deve ser, se julgada por si só, examinada por Deus que tudo vê, uma ação conformada na santidade perfeita de Jesus Cristo nosso Senhor.
Nós nunca podemos nos dar ao luxo de brincar com nossas ações, palavras ou pensamentos. Mesmo quando estamos sozinhos. Os homens se tornam tolos quando pensam com leviandade mesmo de suas ações mais banais. A vida é sempre uma grande solenidade, pois está ligada a Deus; e à eternidade. Tome cuidado para que você assim a respeite, e nunca brinque com ela como se fosse uma vaidade.
Não devemos esquecer os nossos relacionamentos com nossos familiares. Um cristão arrependido não deve deixar de andar na sua própria casa de acordo com os deveres exigidos na palavra. Você é um filho? O cristianismo exige que você honre seus pais. Você é um empregado? O evangelho de Jesus não lhe ensina a roubar, ou a ser atrevido e desrespeitoso. Você é um mestre? Sua religião coloca você sob a obrigação de ser o melhor dos mestres, porque você mesmo tem um Mestre, Cristo. Você é um pai? A religião lhe impõe novas funções para educar seus filhos no temor de Deus.
Nós temos vizinhos? Deixe-nos abençoar a todos em torno de nós; abençoar e não amaldiçoar. Quem quer que seja o nosso vizinho devemos tratá-lo de acordo com a lei de amor de nosso Senhor. Não tenho o direito de irritar o meu vizinho; não tenho o direito de fazer qualquer coisa que lhe cause perdas ou danos; pelo contrário, sou obrigado a amá-lo como a mim mesmo.
Amado, você tem relações para com os pecadores não salvos. Estes são de um tipo muito solene. Visto que Cristo lhes amou, e morreu para salvá-los, ele lhe ensinou a amar os outros, e estar disposto até mesmo a dar a sua vida para que possam ser salvos.
A perpetuidade da retidão é a própria beleza da santidade. A vida de ninguém está bem ordenada, se por trancos e barrancos ele é cuidadoso e novamente é descuidado a respeito de como ele age. A santidade não é um cometa em chamas, é uma estrela fixa que brilha em meio à escuridão de uma geração corrupta. A santidade é perseverante na obediência à Palavra de Deus.
Há uma ternura peculiar de caminhada, uma elevação de espírito, um desapego da mente, que se espera do cristão, não como um homem, mas como um homem nascido duas vezes, como favorito do céu, como aquele cujo caminho é Cristo, cujo fim é Cristo, e que, portanto, não pode lhe ser permitido e tolerado viver em atos, como era de se esperar de um homem não convertido.
Muito resumidamente, em segundo lugar, vamos observar a Regra desta ordem . "Ordena os meus passos na tua palavra", não" Ordena os meus passos de acordo com os meus desejos." Isso seria mera vontade própria. Muitos homens encomendam os seus passos de acordo com o princípio de lucro e perda mundana ; e isto é baixeza e ganância. O verdadeiro seguidor de Jesus não pede para ter seus passos ordenados de acordo com a regra de prazer como aqueles que sempre escolhem este caminho que leva para o inferno e não para o céu. O bom homem está ansioso para ser conformado à palavra de Deus, seja a estrada áspera ou lisa.
É melhor ir para o céu sozinho do que para o inferno com um rebanho. O santo não solicita para ser conforme à tradição. Não; o santo não se importa com os dogmas de sacerdotes ou com as tradições dos anciãos, mas "ordena os meus passos na tua palavra" é a sua oração.







6 - A Necessidade de Disciplina e Exortação para a Santificação

Na parte final do sexto capítulo de 2 Coríntios Paulo citou a promessa de Deus de receber como filhos e filhas a todos que se apartassem dos ídolos e não tocassem em nada imundo, porque habitaria neles para que fossem o seu povo e Ele o Seu Deus. E ele começou o sétimo capítulo afirmando qual deve o ser o dever de todos os cristãos em face da referida promessa:

“Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.”  (2 Cor 7.1).

Então todo cristão deve se empenhar para se purificar de toda a imundícia da carne e do espírito, no temor de Deus, progressivamente, com vistas ao aperfeiçoamento da sua santificação, isto é, até que atinja a maturidade espiritual que deve alcançar em Cristo, ainda aqui neste mundo, à qual é chamada na Bíblia de perfeição evangélica, porque sempre haverá alguma escória misturada ao nosso ouro; mas teremos aprendido em Deus, pela capacitação do Espírito, a nos livrar dela, para o inteiro agrado do Senhor, e a estarmos no lugar em que devemos estar permanentemente, a saber, em santificação na Sua presença.
É na comunhão dos santos, no compartilhar a fé com outros cristãos que se sente o peso da necessidade da santificação, e por isso se lhes ordena que não deixem de congregar para o culto de adoração pública ao Senhor, porque nisto há tanto exortação, disciplina e encorajamento mútuos sobretudo nos esforços voltados para a evangelização da qual o Senhor encarregou a sua igreja neste mundo até que Ele volte.
E é neste zelo por Cristo e pelo evangelho que somos santificados pelo Espírito.
Agora, quando em nosso zelo por Cristo, exercemos exortação e disciplina em Seu nome, mas se o fazemos por motivos pessoais, de vingança, rancor ou qualquer outro sentimento oposto ao amor, e não com longanimidade e segundo a sã doutrina, como se requer, não se pode esperar que haja um bom resultado porque o Senhor há de honrar toda disciplina que for feita no Espírito, não somente por zelo, mas também por amor, mas não agirá nas coisas operadas meramente pelo coração do homem.
De modo que se for Deus quem opere a tristeza que é para arrependimento - nos que andam de modo desordenado - pela nossa instrumentalidade, então Ele próprio honrará a disciplina realizada por nosso intermédio, mas se formos impelidos pelo espírito do mundo, o resultado não poderá ser vida e salvação, senão morte espiritual, de quem já estava a ponto de morrer, por causa do endurecimento no pecado.
Todas estas coisas devem ser refletidas e pesadas pelos ministros do evangelho, que têm o encargo da parte de Deus para exercerem disciplina na Igreja. Eles não serão justificados se agirem por motivos carnais, por maiores que sejam os pecados existentes na congregação que tenham que liderar.
É com a mesma direção do Espírito, e amor pelo rebanho que devem cumprir a exortação do Senhor, como a que vemos por exemplo em Apo 3.2:

“Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para morrer; porque não tenho achado as tuas obras perfeitas diante do meu Deus.”  (Apo 3.2).

Andar na verdade e no Espírito faz com que os laços da confiança que nos unem uns aos outros e ao Senhor fiquem cada vez mais fortes. Esta confiança é a base de todo relacionamento verdadeiro, e deve ser bem cuidada por um andar na verdade e humildade; de modo que haja a mesma sinceridade em nossos corações, quer nas coisas que geram alegria, quer nas que produzem tristezas, e que demandam um sincero arrependimento, para que vivamos do modo que é aprovado por Deus e agradável a Ele.










41) DÍZIMOS E OFERTAS

ÍNDICE

1 - Dízimos e Ofertas


1 - Dízimos e Ofertas

“Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e aquele que semeia em abundância, em abundância também ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria.” (II Corintios 9.6,7)

O texto retrocitado alude a uma oferta que foi levantada pelo apóstolo Paulo entre as igrejas da incircuncisão (gentios), e que foi juntada durante o período aproximado de um ano, para assistir aos crentes pobres e necessitados da circuncisão, a saber, pertencentes ao povo de Israel. Trata-se portanto, não de um dogma relativo à apresentação de ofertas obrigatórias pelas igrejas, mas de uma decisão específica, para atender a uma necessidade específica, numa ocasião especifica.
A Igreja tem o dever de atender às necessidades dos santos, mas isto não é regulado no período do Novo Testamento, quanto à forma de fazê-lo.
Antes de tudo devemos considerar que os dízimos e ofertas alçadas regulados pela Lei de Moisés e conforme são apresentados no Velho Testamento pertenciam exclusivamente ao sistema chamado de Antiga Aliança que vigorou até a instituição da Nova Aliança a partir da morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.
Apesar de terem sido apresentados dízimos antes dos dias de Moisés, todavia não estavam regulados pela lei que fora dada aos israelitas por Deus no Monte Sinai.
Como pode ser observado em diversas passagens bíblicas tanto o dízimo quanto as ofertas fixas tinham por alvo atender às necessidades de manutenção do culto do templo, dos sacerdotes, dos levitas e também para atender os que se encontrassem em necessidade extrema em Israel.
Deve-se ter em conta que a nação de Israel estava debaixo de um governo teocrático e os assuntos de estado eram uma atribuição dos sacerdotes da nação. O dízimo tinha então também o caráter de imposto, para gerir serviços à sociedade como um todo.
Deus teve o cuidado de dar um sentido social à aplicação das ofertas e dízimos que eram apresentados a Ele, para desfazer a ideia religiosa antiga de que Ele necessitava destas ofertas para que a sua ira fosse aplacada ou então para se comprar os seus favores.
As ofertas sangrentas representadas sobretudo nos sacrifícios de animais realizados no templo foram instituídas por Deus desde os dias de Adão, como se infere da oferta apresentada por Abel, já que havia um princípio pedagógico nestes sacrifícios para que ficasse gravada definitivamente a necessidade de um sacrifício cruento – o de Jesus – que foi tipificado até que Ele viesse, por aqueles sacrifícios. Sacrifício este – o de Jesus -que seria oferecido pelo próprio Deus e não por qualquer homem ou anjo.
Deus não tem necessidade de qualquer oferta apresentada pelos homens – estes é que necessitam dos seus dons divinos.
Com a revogação da Antiga Aliança, caiu também juntamente com todas as demais ordenanças civis e cerimoniais da Lei de Moisés aquela forma prescrita de se oferecer dízimos e ofertas, até mesmo porque não seria o propósito de Deus incentivar a continuidade de um sistema que tinha sido revogado desde que nosso Senhor inaugurou um Novo Testamento para substituir aquele modo de culto que vigorava no Antigo.
Agora, se os dízimos e ofertas eram de fato bíblicos, naquela forma prescrita, para vigorarem no período de duração da Antiga Aliança, todavia disto se aprende, por princípio, que onde houver a necessidade de manutenção de um ministério regular em igrejas nesta Nova Aliança, para o pagamento de ministros de tempo integral; servidores de manutenção dos locais de adoração; assistência regular de membros etc, é razoável e necessário que haja um sistema também regular de cobertura destes gastos pela membresia, voluntariamente, e conforme a capacidade de cada um em ofertar para a continuidade dos trabalhos ministeriais.
Ninguém, em sã consciência, seria contrário a isto, especialmente quando os trabalhos da Igreja têm em vista alcançar convertidos, quer nas congregações locais, quer nas atividades missionárias; pois isto sempre implica a necessidade de dispêndio financeiro, e bem farão aqueles que forem movidos voluntariamente a contribuir, porque Deus ama a quem dá com alegria, e não somente isto, faz abundar a fazenda daqueles que são  generosos em ofertar para atender a necessidades reais relacionadas aos serviços da Igreja.
Agora, fazer da obra de Deus uma ocasião de ganho pessoal, de negócio mundano, para entesourar para fins escusos é uma prática abominável e condenada não somente por Deus, mas pela própria razão natural.
É requerido daqueles que administram os bens e recursos financeiros da Igreja que sejam pessoa sábias, idôneas, de boa reputação e inteiramente honestas, para que se tape a boca do Inimigo e sejam eliminadas quaisquer possibilidades de ruins suspeitas.
Tudo deve ser administrado de modo claro e transparente, de conhecimento geral da membresia, para que o nome de Deus seja honrado e glorificado,
Afinal a congregação cristã não é um ambiente de negócios mundanos e seculares.
Por isso vemos nosso Senhor repreendendo a avareza dos escribas e fariseus, que administravam os serviços religiosos em Israel, e cujo enfoque repousava nos dízimos e nas ofertas e não no que era, segundo o Senhor, mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé (Mateus 23.23). Ele estava falando a judeus, ainda debaixo da Antiga Aliança, e por isso afirmou que importava fazer estas coisas (a justiça, a misericórdia e a fé) sem omitir aquelas (os dízimos e as ofertas). Lembremos que o próprio Senhor Jesus cumpriu integralmente a Lei de Moisés, pois importava que assim fizesse para nos resgatar da maldição da lei ao morrer no nosso lugar – o Obediente perfeito da Lei no lugar dos desobedientes.
Por extensão, por similaridade, podemos entender que Ele estava aludindo a que toda oferta pecuniária levantada para o serviço na obra de Deus deve servir de apoio para a pregação da fé, da justiça do evangelho e da misericórdia de Deus pelos pecadores, de modo a que sejam salvos. O que passa disso é negociata secular, como ocorria com os escribas e fariseus no passado.
O texto de Hebreus 7.5-9 é bastante claro quanto à verdade de que o sistema de dízimos e ofertas do Antigo Testamento estava de baixo da lei da Antiga Aliança e não da Nova, porque se diz que o encargo de recolher dízimos era específico dos levitas, e aqueles que estavam obrigados a dizimar eram todas as demais tribos de Israel, sendo que os próprios levitas não estavam desobrigados de apresentarem também o dízimo dos dízimos que recebiam.
Na mesma epístola aos Hebreus é afirmada uma nova lei de administração do culto, porque Jesus não era sumo-sacerdote segundo a ordem de Arão, de quem descendiam os levitas, mas segundo a ordem de Melquisedeque a quem Abraão pagou o dízimo.
Tendo havido mudança de sacerdócio, houve também mudança da lei sacerdotal (Hb 7.12) de modo que se diz que:
“Pois, com efeito, o mandamento anterior é revogado por causa da sua fraqueza e inutilidade
(pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual nos aproximamos de Deus.” (Hebreus 7.18,19)
Finalmente, observe que o profeta Malaquias apresenta os dízimos e ofertas não como a finalidade do culto, mas como uma das evidências da verdadeira fidelidade a Deus nos dias do Velho Testamento, quando era exigido obrigatoriamente dos israelitas determinados tipos de ofertas, bem como o dízimo. Ele cita no primeiro e segundo capítulos a necessidade de santidade de vida para que os dízimos e ofertas fossem aceitos por Deus.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras
1 – deekate (grego) – dízimo;
2 – apodekatoo (grego)– dizimar;
3 – maasahr (hebraico) – dízimo;
4 – doron (grego) – dom, oferta;
5 – minchah (hebraico) – oferta não sangrenta; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.recantodasletras.com.br/mensagensreligiosas/5402533












42) DOENÇAS E ENFERMIDADES

ÍNDICE

1 - “Esta enfermidade não é para morte." (João 11.4)
2 - Depressão Espiritual nos Salmos
3 - Cristo e o Câncer
4 - Porque o Corpo do Homem Morre


1 - “Esta enfermidade não é para morte." (João 11.4)

Das palavras de nosso Senhor, aprendemos que há um limite para a doença. Aqui está um "até" no qual seu fim último é contido, e para além do qual ela não pode ir. Lázaro pode passar através da morte, mas a morte não era para ser o ultimato de sua doença naquela ocasião. Em todas as doenças, o Senhor diz para as ondas de dor, "Até aqui podeis ir, mas não mais." Seu propósito fixo não é a destruição, mas a instrução de seu povo. A Sabedoria desliga o termômetro na boca do forno, e regula o calor.
1. O limite é encorajador e abrangente . O Deus da providência tem limitado o tempo, forma, intensidade, repetição e efeitos de todas as nossas enfermidades; cada pulsar é decretado, cada hora sem dormir, predestinada, cada recaída ordenada, cada depressão de espírito conhecida de antemão, e cada resultado santificador eternamente proposto. Nada grande ou pequeno escapa da mão ordenadora com a qual ele conta os cabelos da nossa cabeça.
2. Este limite é sabiamente ajustado à nossa força, até o fim projetado, e com a graça sendo repartida. A aflição não vem ao acaso, o peso de cada movimento da vara de correção é medido com precisão. Aquele que não cometeu erros no equilíbrio das nuvens não comete qualquer erro na dosagem dos ingredientes que compõem o remédio das almas. Não podemos sofrer muito e nem ser aliviados tarde demais.
3. O limite é carinhosamente designado . A faca do Cirurgião celestial nunca corta mais profundo do que o absolutamente necessário. "Ele não aflige de bom grado, nem entristece os filhos dos homens." O coração de uma mãe clama: "Poupe o meu filho", mas nenhuma mãe é mais compassiva do que o nosso bondoso Deus. É um pensamento cheio de consolação, que aquele que fixou os limites da nossa habitação, também fixou os limites da nossa tribulação.

Texto de Charles Haddon Spurgeon, em domínio público, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.






2 - Depressão Espiritual nos Salmos

Por John Piper

Salmos 42 - Masquil para o músico-mor, entre os filhos de Coré.

"Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus? Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão. Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava.
Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face. Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; por isso lembro-me de ti desde a terra do Jordão, e desde os hermonitas, desde o pequeno monte. Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim. Contudo o SENHOR mandará a sua misericórdia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, uma oração ao Deus da minha vida. Direi a Deus, minha rocha: Por que te esqueceste de mim? Por que ando lamentando por causa da opressão do inimigo? Com ferida mortal em meus ossos me afrontam os meus adversários, quando todo dia me dizem: Onde está o teu Deus?
Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus."

Uma das condições emocionais proeminentes nos Salmos é a depressão espiritual. Martyn Lloyd-Jones escreveu o livro Depressão Espiritual e se baseou no Salmo 42. Este é o Salmo que nós iremos focalizar hoje - aquele que diz, “Por que te abates, ó minha alma, e por que te pertubas dentro de mim?”

Os Salmos: Canção e Instrução

O cabeçalho do Salmo nos lembra do que vimos semana passada. “Para o músico-mor. Um Maskil dos filhos de Coré.”

Os filhos de coré eram um grupo de sacerdotes que eram encarregados do ministério de canto. 2° Crônicas 20:19 descreve eles em ação: “E levantaram-se os levitas, dos filhos dos coatitas, e dos filhos dos coratitas, para louvarem ao SENHOR Deus de Israel, com voz muito alta.”

Então o cabeçalho implica que este salmo foi provavelmente usado em adoração púlblica e foi cantado. Isto é uma parte do que nós falamos na semana passada. Os Salmos são canções. Eles são poemas. Eles são escritos para despertar e expressar e moldar a vida emocional do povo de Deus. Poesias e canções existem porque Deus nos fez com emoções, não apenas raciocínio. Nossas emoções são maciçamente importante.

A segunda coisa a notar no cabeçalho é que o salmo é chamado um “maskil.” O significado desta palavra não é claro. Esta é a razão pela qual a maioria das versões não traduzem esta palavra. Ela vem de um verbo hebraico que significa fazer alguém sábio, ou instruir. Então quando aplicado nos salmos, pode significar uma canção que instrui, ou uma canção sabiamente trabalhada. Isso nos lembra da outra coisa que enfatizamos semana passada: Os Salmos têm a intenção de instruir. “Bem-Aventurado é o varão cujo o prazer está na Lei do Senhor, e na sua lei medita dia e noite.”

Então “Para o músico-mor. Um Maskil dos filhos de Coré” enfatiza ambos os pontos da última reunião: Os salmos são instrução, e os salmos são canções. E Jesus ensinou que eles foram inspirados por Deus. Eles têm a intenção de moldar o que a mente pensa, e eles têm a intenção de moldar o que o coração sente. Quando nós nos imergimos nele, nós estamos “pensando e sentindo com Deus.”  Por isso eu oro para que essa série nos ajude nisso.

Uma visão geral do Salmo 42

A maneira pela qual eu gostaria de nos conduzir ao Salmo 42 é dar uma visão geral, e então mostrar 6 coisas que esse homem de Deus faz na sua depressão espiritual —6 coisas que eu penso que são destinadas a moldar a forma como nós lidamos com nossos próprios tempos sombrios.

Aqui está a visão geral. Externamente as circunstâncias em que ele se encontra são opressivas. O verso 3 diz que os seus inimigos “me dizem todos os dias, onde está o teu Deus? ” E o verso 10 diz a mesma coisa, só que descreve o efeito como uma ferida mortal: “Com ferida mortal em meus ossos me afrontam os meus adversários, quando todo dia me dizem: Onde está o teu Deus? " e a afronta “Onde está o teu Deus?” implica que alguma coisa a mais deu errado também, ou eles não diriam, “Onde está o teu Deus?” Para eles parece que ele foi abandonado.

A condição emocional interna do salmista é depressiva e cheia de turbulências. Nos versos 5 e 11, ele se descreve como “abatido” e “perturbado.” No verso 3 ele diz, “Minhas lágrimas têm sido meu alimento dia e noite.” Então ele está desanimado ao ponto de chorar dia e noite. No verso 7 ele diz que parece estar se afogando: “todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim.”

Lutando para ter esperança em Deus

Em meio a tudo isso, ele está lutando pela esperança. Verso 5: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face.” Verso 11: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus.” Ele não está se rendendo às emoções de desânimo. Ele está contra-atacando.

Eu não posso te dizer quantas centenas de vezes nos últimos 28 anos na (igreja) Bethlehem eu tenho contra-atacado o peso do desânimo com estas mesmas palavras “Espera em Deus, John. Espera em Deus. Você irá louvá-lo novamente. Essa emoção miserável irá passar. Esse tempo irá passar. Não fique abatido. Olhe para Jesus. A luz irá nascer.” Isto era tão central para nossa maneira de pensar e de falar no início dos anos 80 que nós colocamos um imenso “Espere em Deus” na parede externa do santuário antigo e nos tornamos conhecidos na vizinhança como a igreja “Espere em Deus”.

As circunstâncias externas dele são opressivas. Sua condição emocional interna é depressiva e cheia de perturbação. Mas ele está lutando pela esperança. E a coisa realmente marcante é que no fim do salmo, ele continua lutando mas ainda não onde ele quer estar. As últimas palavras do salmo—e as últimas palavras do próximo salmo—são “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus.” Ele nos deixa ainda lutando pela alegre experiência da esperança e da libertação da turbulência. Ele ainda não está louvando da maneira como ele queria.

Um final amargo e doce

Isto é um final feliz? Como quase tudo nessa vida, está misturado. Sua fé é realmente incrível, e sua luta é valorosa. Mas ele não está onde ele gostaria de estar, em esperança e paz e louvor.

Então eu assumo que este salmo está na bíblia pelo desígnio de Deus e que se nós escutarmos atentamente, se observarmos a luta deste salmista, se nós meditarmos nesta instrução dia e noite, nossos pensamentos sobre Deus e a vida, por um lado, e nossas emoções, por outro lado, serão moldadas por Deus. E nós nos tornaremos como uma árvore que dá frutos e cujas folhas não caem quando a seca da opressão e desânimo e perturbação vem.

Como o salmista responde ao desânimo

Então aqui estão 6 formas pelas quais o salmista responde ao desânimo e a perturbação que vieram com as afrontas dos seus inimigos. Eu os colocarei em uma ordem na qual elas devem ter acontecido, embora elas certamente tenham acontecido concorrentemente e repetidas vezes.

1. Ele pergunta a Deus por quê?

Primeiro, ele responde às suas circunstâncias em um ponto perguntando a Deus Por quê? Verso 9: “Direi a Deus, minha rocha: Por que te esqueceste de mim? Por que ando lamentando por causa da opressão do inimigo?” A palavra esqueceste é um exagero. E ele sabe disso. Ele havia acabado de falar no verso 8 , “Contudo o SENHOR mandará a sua misericórdia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, uma oração ao Deus da minha vida.”

O que ele quer dizer é que, parece que Deus se esqueceu dele. Ele se sente como se Deus tivesse esquecido dele. Se Deus não se esqueceu dele, por que esses inimigos não retornaram e foram consumidos? Seria bom se todos nós fossemos tão compostos e cuidadosos na expressão dos nossos desânimos que não viéssemos nunca a falar nada impróprio. Mas não é como nós somos. No meio do tumulto das emoções, nós não somos cuidadosos com nossas palavras.

Aqueles de nós que estavam conosco por volta de 1985 quando eu preguei sobre Jó devem se lembrar de como essa verdade veio sobre nós como igreja. Por anos mais tarde, nós iríamos nos referir às palavras de Jó 6:26 e falar sobre “palavras ao vento.” Jó fala para os seus amigos críticos, “Vocês acham que vocês podem reprovar as palavras, quando o discurso de um homem desesperado é o vento?” Em outras palavras, não vá em cima das palavras de um homem desesperado. Desconsidere. Haverá tempo suficiente para discernir as convicções mais profundas do coração. Deixe o vento soprá-las embora. Elas são palavras ao vento.

Então o salmista pergunta Por quê? Está é uma pergunta legítima. Ele pode não ter feito a pergunta com precisão teológica ou linguística, mas se ele prova a tempo que ele não queria dizer que Deus não o tinha esquecido, nós iremos deixar estas palavras serem palavras ao vento.

2. Ele afirma o soberano amor de Deus.

Segundo, em meio ao desânimo ele afirma o soberano amor de Deus por ele. Verso 8: “Contudo o SENHOR mandará a sua misericórdia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, uma oração ao Deus da minha vida.” Nos versos 5 e 11, ele chama Deus de “minha salvação e meu Deus.” E ainda que embora ele diga que parece que Deus se esqueceu dele, ele nunca pára de acreditar na absoluta soberania de Deus sobre todas as suas adversidades. Então no final do verso 7, ele fala, “todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim.” Tuas vagas e tuas ondas tem passado sobre mim.

Em outras palavras, todos as circunstâncias dele de conflitos, perturbações, opressões e desânimo são as ondas de Deus. Ele nunca perde essa compreensão sobre as grandes verdades sobre Deus. Elas são o lastro em seu pequeno barco da fé. Elas protegem ele de naufragar no tumulto das suas emoções. Quantos de vocês tem aprendido isso mais profundamente do que eu por causa das ondas que tem quebrado sobre suas vidas. Vocês têm aprendido profundamente que não é aliviante dizer que Deus não controla o vento e as ondas.

Então o salmista afirma o soberano amor de Deus por ele em meio a, e através de, todos os problemas.

3. Ele canta!

Terceiro, ele canta ao Senhor de noite, suplicando pela sua vida. Verso 8: “Contudo o SENHOR mandará a sua misericórdia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, uma oração ao Deus da minha vida." Esta não é uma canção de esperança jubilante. Ele não sente uma esperança jubilante. Ele está buscando uma esperança jubilante. Esta é uma oração em forma de cântico e um cântico suplicante –uma canção "ao Deus da minha vida." Isto é, uma canção suplicando pela vida dele.

Mas não é fantástico que ele esteja cantando sua oração? Meu palpite é que é de onde o Salmo 42 veio. Este mesmo salmo deve ter sido esta oração-canção noturna. Não são muitos de nós os que podem compor canções quando estamos desencorajados e chorando dia e noite. Esta é a razão pela qual é bom manter um saltério que possa ser cantado por perto –ou um hinário com todos os tipos de emoções. Por exemplo, Isaac Watts escreveu estes versos para serem cantados:

Por quanto tempo ocultarás Tu a Tua face?
Meu Deus, quanto tempo?
Quando sentirei eu aqueles raios celestiais
Que afugentam meus medos?

Por quanto tempo irá minha pobre fadigante alma
Se degladiar e se cansar em vão?
Tua palavra pode todos os meus inimigos controlar
E acalmar a minha furiosa dor.

O hinário de 1912 contém estes versos para serem cantados da forma que o salmista do salmo 42 cantou de noite:

Até quando esquecerás Tu de mim,
Oh Senhor, Tu, Deus da graça?
Até quando irão os temores me assaltar
enquanto as trevas escondem Tua face?
Até quando irão as tristezas me angustiar
e transformar meu dia em noite?
Até quando irão meus adversários me oprimir
E triunfar com suas forças?

Oh Senhor meu Deus, atenta para mim
E ouve meus sinceros clamores;
para que o sono da morte não me envolva,
Ilumina Tu os olhos meus;
Para que agora meus adversários que me insultam,
Não se vangloriem em seu sucesso,
E os inimigos, exultantes,
Não se regozijem na minha aflição.

Estas não são canções jubilosas. Mas são canções de fé. E elas são escritas através do pensar e sentir com Deus nos Salmos.

4. Ele prega para sua própria alma.

Quarto, o salmista prega para sua própria alma. Verso 5: " Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face. " Oh, como isto é crucial na luta da fé. Nós devemos aprender a pregar a verdade para nós mesmos. Veja Lloyd-Jones falar deste verso:

Você já notou que a maior parte da sua infelicidade na vida é devida ao fato de que você está ouvindo a si mesmo em vez de falar para si mesmo? Considere estes pensamentos que lhe vêm no momento em que você se levanta pela manhã. Você não os originou mas eles estão falando com você, eles trazem de volta os problemas de ontem, etc. Alguém está falando. Quem está falando com você? Seu eu está falando com você. E o tratamento deste homem [em Salmo 42] foi este: em vez de permitir seu eu de falar com ele, ele começa a falar para si mesmo. " Por que estás abatida, ó minha alma? " ele pergunta. Sua alma estava deprimindo ele, esmagando ele. Então ele se levanta e diz,: "Eu, escute por um momento, eu vou falar pra você." (Spiritual Depression, 20-21)

Deste lado da cruz, nós conhecemos o maior firmamento da nossa esperança: Jesus Cristo crucificado pelos nossos pecados e triunfante sobre a morte. Então a principal coisa que devemos aprender é pregar o evangelho para nós mesmos:

Escute, eu: Se Deus é por você, quem pode ser contra você? Ele que não poupou a seu próprio Filho mas por você O entregou, como não te dará também com Ele graciosamente todas as coisas? Quem poderá trazer qualquer acusação contra você como escolhido de Deus? É Deus quem justifica. Quem condenará? Cristo Jesus é quem morreu - mais do que isso, quem ressuscitou –quem está à destra de Deus, e quem de fato está intercedendo por você. Quem te separará do amor de Cristo? (Romanos 8:31-35 parafraseado)

Aprenda a pregar o evangelho a você mesmo. Se este salmista tivesse vivido depois de Cristo, é isto o que ele teria feito.

5. Ele relembra experiências passadas.

Quinto, o salmista relembra. Ele chama experiências passadas à mente. Ele relembra experiências de adoração com a congregação no passado. Verso 4: " Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão. Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava. "

Oh, o quanto poderia ser dito aqui sobre a importância da adoração com a congregação nas nossas vidas. Não considere estes momentos de união de qualquer forma. O que nós fazemos aqui é uma transação real com o Deus vivo. A intenção de Deus para estes encontros com Ele na adoração congregacional é preservar sua fé agora e de uma forma que você se lembre deles depois. Se a adoração congregacional não fosse uma obra sobrenatural de Deus, seria puro sentimentalismo o salmista lembrar suas experiências. Ele não está envolvendo nostalgia. Ele está confirmando sua fé no meio da perturbação e do desânimo lembrando-se o quanto real era Deus na adoração congregacional.

Oh, como deveríamos ser mais sérios sobre adoração congregacional. Peça ao Senhor para te mostrar o que está em jogo aqui.

6. Ele tem sede de Deus.

Finalmente, o salmista tem sede de Deus como uma corça brama pelas correntes de águas. Versos 1-2: " Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? " O que torna isto tão lindo, tão crucial para nós, é que a coisa principal que o deixa sedento não é o alívio de suas circunstâncias ameaçadoras. Ele não está sedento principalmente por escapar de seus inimigos ou pela destruição deles.

Não é errado querer alívio e orar por isso. Às vezes é correto orar pela derrota dos inimigos. Porém mais importante do que qualquer um destes motivos é Deus por Si próprio. Quando pensamos e sentimos com Deus nos Salmos, este é o resultado principal: Nós começamos a amar a Deus, e nós queremos ver Deus e estar com Deus e nos satisfazer na admiração e na exultação em Deus.

Esta é a minha esperança final e oração por estas semanas que estamos passando juntos nos Salmos. Que Deus seja revelado, e nós queiramos conhecê-lO como Ele é em Si mesmo e comungarmos com Ele.

Vendo a face de Deus no evangelho de Cristo

Uma provável tradução para o final do versículo 2 é: " quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus. " A resposta final para esta questão foi dada em João 14:9 e 2 Corinthians 4:4. Jesus disse, " quem me vê a mim, vê o Pai " (João 14:9). E Paulo disse que quando somos convertidos a Cristo nós vemos " a luz do Evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. " (2 Corinthians 4:4).

Quando vemos a face de Cristo, vemos a face de Deus. E nós vemos a glória da Sua face quando escutamos a história do evangelho de Sua morte e ressurreição. Isto é a " luz do Evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. "

Que Deus aumente sua fome e sua sede para ver a face de Deus. E que Ele conceda seu desejo através do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.






3 - Cristo e o Câncer

Por John Piper

Romanos 8:18–28

Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. Pois ela foi submetida à inutilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção dos nossos corpos. Pois nessa esperança fomos salvos. Mas, esperança que se vê não é esperança. Quem espera por aquilo que está vendo? Mas se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente. Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus. Sabemos   que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.

Antes de eu entrar para a faculdade eu dificilmente pensava em câncer e doenças terminais. Mas desde aquele tempo de faculdade a morte por doença tem andado ao meu lado pelo caminho. Dois dos meus colegas de faculdade morreram de leucemia e câncer no pâncreas antes de completarem 22 anos. No seminário eu vi Jim Morgan, meu professor de teologia sistemática, murchar e morrer em menos de um ano de câncer no intestino. Ele tinha 36 anos. Na minha pós-graduação na Alemanha meu orientador, professor Goppelt, morreu repentinamente pouco antes de eu terminar. Ele tinha 62 anos – um forte infarto. Depois eu vim para Bethel! Eu ensinei por seis anos e vi estudantes, professores e administradores morrerem de câncer: Sue Port, Paul Greely, Bob Bergerud, Ruth Ludeman, Graydon Held, Chet Lindsay, mary Ellen Carlson – todos cristãos, todos mortos muito cedo. E agora eu vim para Bethlehem e Harvey Ring se foi. E você poderia multiplicar a lista dez vezes.

O que nós devemos dizer diante dessas coisas? Algo deve ser dito porque doenças são um perigo para nossa fé no amor e poder de Deus. E eu considero como minha responsabilidade primária como pastor alimentar e fortalecer a fé no amor e no poder de Deus. Não há arma como a Palavra de Deus para se evitar perigos para a fé. Então eu quero que nós escutemos hoje, cuidadosamente, ao ensino da escritura sobre Cristo e o câncer, o poder e o amor de Deus sobre as doenças dos nossos corpos.

Eu considero a mensagem de hoje crucial como uma mensagem pastoral porque você precisa saber a posição do seu pastor sobre os assuntos de doenças, cura e morte. Se você pensasse que a minha concepção é que toda doença é um julgamento divino para um pecado específico, ou que a falha em ser curado após alguns dias de oração é um sinal claro de uma fé inautêntica, ou que Satanás é, de fato, o regulador deste mundo e Deus pode apenas observar impotentemente enquanto seu inimigo devasta seus filhos – se você pensasse que quaisquer dessas fossem minhas idéias, você se relacionaria comigo muito diferente na doença de como você faria se você soubesse o que eu realmente penso. Logo, eu quero lhes dizer o que eu realmente penso e tentar lhes mostrar pela Escritura que esses pensamentos não são apenas meus mas também, eu creio, os pensamentos de Deus.

Seis Afirmações Com Respeito à Teologia do Sofrimento

Eu gostaria que todos que têm uma Bíblia abrissem comigo em Romanos 8: 18-28. Há seis afirmações que resumem minha teologia sobre doenças e ao menos a semente para cada uma dessas afirmações está aqui. Vamos ler o texto:

Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. Pois ela foi submetida à inutilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo. Pois nessa esperança fomos salvos. Mas, esperança que se vê não é esperança. Quem espera por aquilo que está vendo? Mas se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente.

Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus.

Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.

1. Toda a Criação Foi Submetida à Inutilidade

Minha primeira afirmação é essa: a era em que nós vivemos, que vai da queda do homem ao pecado até a segunda vinda de Cristo, é uma era na qual a criação, incluindo nossos corpos, foi “submetida à inutilidade” e “escravizada na decadência”. Versículo 20: a criação foi submetida à inutilidade. Versículo 21: a criação será libertada da escravidão da decadência. E o porquê nós sabemos que isso inclui os nossos corpos é dado no versículo 23: Não apenas o restante da criação, mas nós mesmos (cristãos) gememos interiormente esperando nossa adoção como filhos, a redenção dos nossos corpos. Nossos corpos são parte da criação e participam em toda a futilidade e corrupção às quais a criação foi submetida.

Quem é esse no versículo 20 que submeteu a criação à inutilidade e a escravizou na decadência? É Deus. Os únicos outros possíveis candidatos a se considerar seriam Satanás ou o próprio homem. Talvez Paulo pensou em Satanás, ao trazer o homem ao pecado, ou no homem, ao escolher desobedecer a Deus – talvez um deles é a quem se refere como aquele que sujeitou a criação à futilidade. Mas a referência não pode ser a Satanás nem ao homem por causa das palavras “na esperança” no fim do versículo 20. Essa pequena frase, “na esperança”, nos dá o propósito daquele que submeteu a criação à futilidade. Mas não era a intenção do homem e nem de Satanás trazer a decadência ao mundo de modo que a esperança da redenção fosse acesa no coração do homem e que um dia a “gloriosa liberdade dos filhos de Deus” brilhasse mais reluzentemente. Apenas uma pessoa poderia submeter a criação à futilidade com esse propósito, a saber, o justo e amoroso criador.

Portanto, eu concluo que este mundo encontra-se sob a sentença judicial de Deus sobre uma humanidade rebelde e pecadora – uma sentença de decadência e futilidade universal. E ninguém está excluído, nem mesmo os preciosos filhos de Deus.

Provavelmente a futilidade e corrupção da qual Paulo fala refere-se à ruína física e espiritual. Por um lado o homem em sua condição caída está escravizado a uma percepção defeituosa, objetivos errados, comportamentos tolos e insensibilidade espiritual. Por outro lado há enchentes, fome, vulcões, terremotos, ondas gigantes, pragas, picadas de cobra, acidentes de carro, quedas de avião, asma, alergias, gripe e câncer, todos despedaçando e destruindo o corpo humano com dor e trazendo o homem – todos os homens – ao pó.

Enquanto estivermos no corpo seremos escravos da decadência. Paulo disse essa mesma coisa em outro lugar. Em 2 Coríntios 4:16 ele disse: “Não desanimamos. Embora exteriormente (o corpo) estejamos a desgastar-nos (decaídos) interiormente estamos sendo renovados dia após dia.” A palavra que Paulo usa para desgaste aqui é a mesma usada em Lucas 12:33 quando Jesus disse: Cuidem-se para que seu tesouro esteja nos céus “onde ladrão algum chega perto e nenhuma traça destrói.” Assim como uma roupa em um armário quente e escuro será comida e destruída pelas traças, assim nossos corpos nesse mundo caído serão destruídos de uma maneira ou de outra. Pois toda a criação foi submetida à futilidade e escravizada na decadência enquanto durar esta era. Essa é minha primeira afirmação.

2. Haverá um Tempo de Libertação e Redenção

Minha segunda afirmação é esta: Chegará um tempo quando todos os filhos de Deus, que resistiram até o fim na fé, serão libertos de toda futilidade e corrupção, espitualmente e fisicamente. De acordo com o versículo 21, a esperança na qual Deus sujeitou a criação era de que um dia “a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus”. E o vers[iculo 23 diz que “nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo”. Não aconteceu ainda. Nós aguardamos. Mas acontecerá. “A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. (...) ele transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os semelhantes ao seu corpo glorioso.” (Filipenses 3:20-21). “...num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados”(1 Coríntios 15:52). “Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou.” (Apocalipse 21:4).

Chegará o dia em que cada muleta será esculpida e cada cadeira de rodas fundida como medalhões de redenção. E Merlin e Reuben e Jim e Hazel e Ruth e todos os outros entre nós entrarão felizes e saltitantes no Reino dos Céus. Mas não ainda. Não ainda. Nós gememos, esperando pela redenção de nossos corpos. Mas o dia chegará e essa é minha segunda afirmação.

3. Cristo Conquistou, Demonstrou e Nos Deu um Antegosto Dela

O terceiro ponto é que Jesus Cristo veio e morreu para conquistar nossa redenção, para demonstrar o caráter dessa redenção espiritual e física, e para nos dar um antegosto dessa redenção. Ele conquistou nossa redenção, demostrou seu caráter e nos deu um antegosto dela. Por favor preste atenção, pois essa é uma verdade gravemente distorcida por muitos curandeiros de nossos dias.

O profeta Isaías predisse o trabalho de Cristo da seguinte forma em 53:5-6 (um texto que Pedro aplicou a Cristãos em 1 Pedro 2:24):

 Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa   de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.

A bênção do perdão e a bênção da cura física foram conquistadas por Cristo quando ele morreu por nós na cruz. E todos aqueles que dão suas vidas a ele terão esses benefícios. Mas quando? Essa é a questão presente. Quando seremos curados? Quando nossos corpos não serão mais escravos da decadência?

O ministério de Jesus foi um ministério de cura e perdão. Ele disse aos discípulos de João Batista: “Vão e anunciem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos vêm, os aleijados andam, os que têm lepra são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos pobres; e abençoado é aquele que não se sente ofendido por mim.” (Mateus 11:4-6).1  Ofensa? Por que alguém se sentiria ofendido por outro que ressuscita os mortos e introduz o reino por tanto tempo esperado? Fácil – ele rescuscitou apenas umas três pessoas. Ele deixou centenas nos túmulos ao redor dele. Por quê? Porque nem todos tinham fé? Oh não! Quando Jesus ressuscitou o filho da viúva em Lucas 7:13-14, ela não o conhecia. Não foi por causa de sua fé. Apenas é dito: “Ele teve compaixão dela.” E então? Ele não se compadecia de todos os outros consternados em Israel?

A resposta do por que Jesus não ressuscitou todos os mortos é que, contrário às expectativas dos judeus, a primeira vinda do Messias não era a consumação e completa redenção desta era caída. A primeira vinda foi, na verdade, para conquistar essa consumação, ilustrar seu caráter e trazer um antegosto dela para seu povo. Logo, Jesus ressuscitou alguns dos mortos para ilustrar que ele tem esse poder e um dia virá novamente e o exercerá para todo seu povo. E ele curou os doentes para ilustrar que assim será  em seu reino final. Não haverá mais choro ou dor.

Mas nós temos um antegosto da nossa redenção agora nesta era. Os benefícios conquistados na cruz podem ser usufruídos de certa maneira mesmo agora, incluindo cura. Deus pode curar e cura os doentes agora em resposta às nossas orações. Mas não sempre. As pessoas dos nossos dias que são obcecadas por milagres dos nossos dias, que garantem que Jesus quer você bem agora e empilham culpa sobre culpa nas costas do povo de Deus afirmando que a única coisa entre eles e a cura é a falta de fé, têm falhado em entender a natureza dos propósitos de Deus nesta era caída. Eles têm minimizado a profundidade do pecado e a crucialidade da disciplina purificadora de Deus e o valor da fé através do sofrimento. Eles são culpados por tentar forçar nesta era o que Deus reservou para a próxima.

Note a sequência de pensamento em Romanos 8:23-24: “Nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo. Pois nessa esperança fomos salvos.” Porque Cristo conquistou a redenção, os crente já receberam o Espírito Santo. Isso é como um pagamento antecipado da nossa completa redenção, mas é apenas os primeiros frutos, um antegosto. E quando Paulo enfatiza que nós, mesmo nós, que temos o Espírito gememos esperando a redenção dos nossos corpos, você pode dizer que ele está alertando contra a falsa inferência de que porque nós fomos salvos, logo nosso gemido em corpos decaídos acabou. Então, ele continua no versículo 24, “Pois nessa esperança fomos salvos.” Nossa salvação não está concluída, está apenas iniciada. Nós somos salvos apenas em esperança. Isso é verdade moralmente; Paulo diz em Gálatas 5:5, “Pois é mediante o Espírito que nós aguardamos pela fé a justiça, que é a nossa esperança.” E é verdade fisicamente; Nós esperamos a redenção dos nossos corpos. Cristo conquistou essa redenção e demonstrou sua realidade física em seu ministério de cura e tem nos dado um antegosto dela curando muitas pessoas em nossos dias, mas algumas bem devagar, outras apenas parcialmente, e outras não curando. Essa é minha terceira afirmação.

4. Deus Controla Todo Sofrimento Para o Bem de Seu Povo

O quarto ponto é que Deus tem o controle de quem fica doente e quem fica bem, e todas as suas decisões são para o bem de seus filhos, mesmo se elas forem muito dolorosas e duradouras. Foi Deus quem sujeitou a criação à futilidade e corrupção, e é ele quem pode libertá-la. Em Exôdus 4:11, quando Moisés recusou ir falar com o Faraó, Deus disse a ele, “Quem deu boca ao homem? Quem o fez surdo ou mudo? Quem lhe concede vista ou torna cego? Não sou eu, o Senhor?” Por trás de toda doença está finalmente a mão soberana de Deus. Deus fala em Deuteronômio 32:39, “Vejam agora que eu sou o único, eu mesmo. Não há Deus além de mim. Faço morrer e faço viver, feri e curarei, e ninguém é capaz de livrar-se da minha mão.”

Mas e Satanás? Não é ele o grande inimigo da nossa integridade? Ele náo nos ataca moralmente e fisicamente? Não foi Satanás que tormentou Jó? Sim, foi. Mas Satanás não tem nenhum poder além daquele que é dado por Deus a ele. Ele é um inimigo acorrentado. De fato, para o escritor do livro de Jó não estava errado dizer que as feridas afligidas por Satanás foram enviadas por Deus. Por exemplo, em Jó 2:7 nós lemos, “Saiu, pois, Satanás da presença do Senhor e afligiu Jó com feridas terríveis, da sola dos pés ao alto da cabeça.” Depois quando sua mulher o diz para amaldiçoar Deus e morrer, Jó diz “Aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal?” E se pensarmos que Jó errou ao atribuir a Deus suas feridas afligidas por Satanás, o autor acrescenta no versículo 10, “Em tudo isso Jó não pecou com seus lábios.” Em outras palavras, não é pecado reconhecer a mão soberana de Deus mesmo por trás de uma doença da qual Satanás seja o causador mais imediato.

Satanás pode ser astuto mas em algumas coisas ele é burro, porque ele não vê que todas as suas tentativas de afligir os santos são simplesmente transformadas pela providência divina em ocasiões para purificação e fortalecimento da fé. O objetivo de Deus para seu povo nesta era não é primariamente livrá-los de doenças e dor, mas lavar-nos de todo vestígio de pecado e fazer com que, em nossa fraqueza, apeguemo-nos a ele como nossa única esperança.

Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho... Deus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos da sua santidade. Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados. (Hebreus 12:5,6,10,11)

Toda aflição que vem aos filhos de Deus, através de perseguição ou doença, é pretendida por Deus para aumentar nossa santidade fazendo-nos confiar mais no Deus que ressuscita os mortos (2 Coríntios 1:9). Se tivermos raiva de Deus por nossas doenças estaremos rejeitando seu amor. Pois é sempre em amor que ele disciplina seus filhos. É para o nosso bem e nós devemos buscar aprender valiosas lições de fé através disso. Então diremos com o salmista, “Foi bom para mim ter sido castigado, para que aprendesse os teus decretos... Sei, Senhor, que as tuas ordenanças são justas, e que por tua fidelidade me castigaste” (Salmos 119:71, 75). Esta é minha quarta afirmação: Em última instância Deus controla quem fica doente e quem é curado e todas as suas decisões são para o bem de seus filhos, mesmo que a dor seja grande e a doença seja longa. Pois como diz o último versículo de nosso texto, Romanos 8:28, “Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram   chamados de acordo com o seu propósito.”

5. Nós Deveríamos Orar Por um Poder que Cura e Uma Graça Que Sustenta

A quinta afirmação é que, portanto, deveríamos orar para Deus curar e para fortalecer nossa fé enquanto não formos curados. É aceitável que um filho peça ao pai por alívio durante um problema. E é aceitável que um Pai amoroso dê ao seu filho apenas o que for melhor. E é isso que ele sempre faz: às vezes curando agora, às vezes não. Mas sempre, sempre o que é melhor para nós.

Mas, às vezes, se é melhor para nós não sermos curados na hora, como sabermos o que orar? Como sabermos quando parar de pedir por cura e apenas pedir por graça para confiar em sua bondade? Paulo enfrentou esse mesmo problema em sua jornada. Vemos em  2 Coríntios 12:7-10 que Paulo, não diferente de Jó, recebeu um espinho na carne que ele chamou de “mensageiro de Satanás.” Não sabemos que tipo de dor ou doença era, mas ele diz que orou três vezes para ver-se livre dele. Mas então Deus lhe deu a certeza que apesar de não curá-lo, ainda sua graça seria suficiente e seu poder seria manifestado não na cura mas no fiel serviço de Paulo através do sofrimento.

Em nosso texto de Romanos 8:26-27 creio que Paulo trata da mesma questão: Enquanto aguardamos pela redenção dos nossos corpos “o Espírito nos ajuda em nossa     fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus.” Às vezes tudo que podemos fazer é suplicar por ajuda porque não sabemos de que forma a ajuda virá. O Espírito de Deus pega nossas expressões falhas e incertas e as traz diante de Deus de uma forma que está de acordo com as intenções de Deus. E Deus responde graciosamente e supre nossas necessidades. Nem sempre como esperávamos a princípio, mas sempre para o nosso bem.

Então não nos orgulhemos e fiquemos distantes de Deus, estóicos, colhendo o que destino trouxer. Ao contrário, corramos ao nosso Pai em oração e súplicas em tempo de necessidade. Essa é minha quinta afirmação.

6. Devemos Sempre Confiar no Poder e Na Bondade de Deus

Finalmente, nós devemos sempre confiar no amor e poder de Deus, mesmo na hora mais escura do sofrimento. O que mais me angustia em relação àqueles que dizem que cristãos devem sempre ser milagrosamente curados é que eles dão a impressão de que a qualidade da fé só pode ser medida pelo acontecimento de um milagre de cura física, quando na maior parte do Novo Testamento você tem a impressão de que a qualidade da nossa fé é refletida na alegria e confiança que mantemos em Deus durante o sofrimento.

O grande capítulo de fé na Bíblia é Hebreus 11. Ele começa, “fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”. O que, frequentemente, não se nota nesse capítulo, contudo, são os oito versículos finais onde nós temos a imagem balanceada da fé como aquela que espera em Deus pelo resgate do sofrimento, e aquela que espera em Deus por paz e esperança no sofrimento. Versículo 33-35a: “pela fé conquistaram reinos, praticaram a justiça, alcançaram o cumprimento de promessas, fecharam a boca de leões, apagaram o poder do fogo e escaparam do fio da espada; da fraqueza tiraram força, tornaram-se poderosos na batalha e puseram em fuga exércitos estrangeiros. Houve mulheres que, pela ressurreição, tiveram de volta os seus mortos.” Agora se nós parássemos de ler aqui nossa idéia de como a qualidade da fé é manifestada seria muito distorcida, porque aqui parece que a fé sempre vence nesta vida. Mas aqui ocorre uma virada e nós descobrimos que a fé também o poder para perdermos nossa vida: “Pela fé...uns foram torturados e recusaram ser libertados, para poderem alcançar uma ressurreição superior; outros enfrentaram zombaria e açoites; outros ainda foram acorrentados e colocados na prisão, apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio da espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos e maltratados. O mundo não era digno deles. Vagaram pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas. Todos estes receberam bom testemunho por meio da fé.”

A glória de Deus é manifestada quando ele cura e quando ele dá um doce espírito de esperança e paz à pessoa que ele não cura, pois isso, também, é um milagre da graça! Oh, que sejamos um povo do qual Deus está frequentemente curando as doenças, mas está sempre enchendo de alegria e paz enquanto as doenças permanecem. Se formos um povo humilde, como crianças, que suplica a Deus na necessidade e confia em suas promessas, o Espírito Santo nos ajudará e Deus abençoará nossa igreja com todas as bênçãos possíveis. Ele agirá, como diz o texto, em todas as coisas para o nosso bem.

Essa é, resumidamente, a minha teologia da doença. Primeiro, nessa era toda a criação, incluindo nossos corpos, foram submetidos à inutilidade e escravizados na decadência. Segundo, aproxima-se uma nova era quando todos os que perseverarem na fé até o fim serão libertados de toda dor e doença. Terceiro, Jesus Cristo veio e morreu para conquistar nossa redenção, demostrar seu caráter físico e espiritual e nos dar um antegosto dela, agora. Quarto, Deus controla quem fica doente e quem fica bem, e todas as duas decisões são para o bem de seus filhos mesmo que sejam dolorosas. Quinto, nós deveríamos orar pela ajuda de Deus para nos curar e para fortalecer nossa fé enquanto não formos curados, e devemos depender da intercessão do Espírito Santo quando nós não sabemos o que orar. Finalmente, nós devemos sempre confiar no poder e amor de Deus, mesmo na hora mais escura do nosso sofrimento.

Oh, que sejamos uma assembléia de santos que ecoa, do fundo dos nossos corações, a fé de Joni Eareckson depois de uma longa luta com paralisia e depressão. Ela escreveu no fim de seu livro: “A garota que tornou-se emocionalmente perturbada, e hesitou a cada nova circunstância agora está crescida, uma mulher que aprendeu a confiar na soberania de Deus” (Joni, p. 190).

1 Todos os versículos desse texto, que não possuem referência, foram extraídos da versão bíblica NVI. Os versículos de Mateus 11:4-6 foram traduzidos diretamente da versão bíblica utilizada pelo autor no texto original.






4 - Porque o Corpo do Homem Morre

“ Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.”  (Rom 5.12)

Se Deus é espírito, por que criou um corpo para o homem, o qual é também espírito?

Por que Deus criou a morte para o corpo do homem por causa do pecado?

Se Deus disse que o homem morreria caso comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, isto significa que o corpo do homem não morreria caso ele não tivesse pecado.

Então nós temos nisto um ponto de partida para responder a ambas as perguntas que formulamos anteriormente.

Lembremos que não foi Deus quem desejou que houvesse morte, não apenas de homens, como também de anjos.

Dizemos também morte de anjos, porque foi esta a condição a que ficaram sujeitos Satanás e  os anjos que caíram juntamente com ele, mas como eles não têm corpos, não ficou patentemente claro para os anjos eleitos a condição de mortos tanto de Satanás quanto dos demônios que com ele também caíram.

Então com a criação do homem, e dando ao homem um corpo natural, Deus pôde mostrar claramente qual é a condição a que ficaram sujeitos os anjos caídos, desde a queda deles, por meio da morte do corpo dos homens.

De modo que não somente os ímpios, como também os justos, têm a destruição deste corpo que foi corrompido por causa do pecado.

Afinal, a corrupção não pode herdar a corrupção do céu, de maneira que mesmo aqueles que foram arrebatados (Enoque e Elias), e os que forem arrebatados por ocasião da volta de Jesus, tiveram e terão os corpos transformados em corpos de glória, porque este corpo que temos está sujeito à sentença de morte que foi dada por Deus sobre ele, por causa do pecado, para mostrar que o pecado realmente mata.

E certamente, um dos motivos de Deus ter dado ao homem um corpo que morre por causa do pecado, teve entre outros muitos propósitos, o de mostrar de modo visível qual é o estado de separação que há entre Ele e aqueles que Lhe desobedecem, porque na morte, o espírito do homem fica separado do seu corpo, e este vem a se dissolver, e a deixar de executar as suas funções vitais em consonância com a sua alma e espírito.

O corpo do homem é a habitação do seu espírito.

E o homem foi criado para ser habitação de Deus.

Então o espírito do homem está para Deus, assim como o corpo do homem está para o seu próprio espírito.

E a lição aqui é a de que quando o espírito que habita no corpo do homem se separa deste, o corpo do homem morre.

De igual modo, quando Deus se separa do homem, o homem morre.

Então Satanás e os anjos morreram quando foram expulsos da presença de Deus. E Deus não é mais o Deus deles, porque não é Deus de mortos, mas de vivos.

E o mesmo se aplica aos homens caídos no pecado, quando não são redimidos por Cristo. Eles permanecem mortos porque estão separados de Deus. E este é o modo que Deus estabeleceu para comprovar tanto a anjos, quando a homens, que a consequência do pecado é a morte, porque é o pecado que é a causa  desta separação de Deus, que produz a morte.

Assim, o grande causador e criador da morte não foi Deus, mas o pecado.

Deus somente tratou de revelar de um modo visível, com a morte do corpo físico, aquilo que ocorre na esfera espiritual, porque tanto homens quanto anjos desobedientes a Deus, continuam existindo, mas não têm mais a vida de Deus em si mesmos. E quem não tem esta vida que procede dAquele que é a fonte da verdadeira vida eterna, está morto.

Uma outra grande lição da morte física do corpo é a de que aquilo que era para durar para sempre, acabou durando uns pouco cem anos, quando chega a isto, porque como se pode comparar menos de cem anos com aquilo que é eterno?

Então o tempo de vida do corpo foi também abreviado para este propósito de demonstrar que o pecado matou o homem, porque ele não somente envelhece, enfraquece, enferma, perde progressivamente o vigor à medida que avançam os seus poucos anos de vida neste mundo, para que possa aspirar por aquela vida duradoura e melhor que Deus projetou para ele, que é uma vida sem pecado por toda a eternidade.  













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