sexta-feira, 23 de outubro de 2015

101) Ousadia 102) Paciência

101) OUSADIA

ÍNDICE

1 - O Espírito Vital no Cristianismo
2 - A Lógica de Ser Destemido

1 - O Espírito Vital no Cristianismo

“Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.” (II Tim 1.7)

O caráter real do cristianismo, como infundido na alma do crente, e exibido em seu viver. Ele enche um homem de energia, mas de uma energia combinada com suavidade, e regulada com discrição. Em quem isso sempre existe, funciona como uma nova criação; e provoca mudança numa extensão muito considerável; a visão da vida, as disposições, os hábitos da alma, gradualmente transformam um homem à imagem divina em verdadeira justiça e santidade.
Isto não significa que os homens assim transformados serão os mesmos em todas as coisas; ainda permanecerá em cada homem muito da sua constituição original, como também ocasionará um fim com menos diversidade nas características dos diferentes santos. Nem toda a graça que Deus já concedeu produziria uma perfeita identidade de caráter entre Pedro e João, mas os princípios que a graça divina infunde na alma são os mesmos em todas as épocas e em todos os lugares, e de todos os seus objetos pode ser dito: "Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação."
Com o objetivo de abrir e ilustrar estas graciosas palavras, eu lhe mostrarei,
I. O espírito que Deus infunde nas almas do seu povo - "não é um espírito de medo".
"O medo" é descartado da alma que é verdadeiramente entregue a Deus. Pode existir, na verdade, o que eu posso chamar de medo constitucional, (algumas pessoas, de cuja piedade não se pode duvidar, têm um medo estranho e inexplicável deste ou daquele animal), e não se aprofundam no princípio religioso que preveniria este medo; porque a sua sede é na imaginação, e não no coração, mas o medo do homem, que tem tão grande ascendência sobre a mente carnal, será perdido, se for submetido e absorviodo pelo temor de Deus.
É um espírito "de poder".
Uma resolução santa será formada por se servir ao Senhor, e por segui-lo completamente. Qualquer meio que seja usado para deter um filho de Deus de cumprir o seu propósito, não terá sucesso, porque  ele se manterá no seu caminho.
Pai, mãe, irmão, irmã , casas, e sua própria vida, são considerados por ele como de nenhuma conta, em comparação com o seu dever para com Deus; ele a tudo renuncia por causa do seu Deus e Salvador; e quanto ao pecado, é para ele um inimigo que ele persegue com implacável hostilidade, determinado, através da graça, que nenhuma luxúria deve continuar nele não mortificada e não submetida. Seu pecado que o assedia, seja ele qual for, é perseguido por ele com mais intensidade do que a vigilância normal, se por qualquer meio que possa prevalecer para trazê-lo em sujeição, e para destruí-lo completamente.
E ele avança de vitória em vitória; pensando que, embora seja fraco em si mesmo, por meio da força que lhe é comunicada do alto, ele pode fazer todas as coisas.
Este poder, no entanto, está misturado com um "espírito de amor".
A energia à qual nos referimos, tem algo de um aspecto não cordial, e seria não cordial no grau mais elevado, se não fosse temperada com amor. Resistir à autoridade dos pais, e às solicitações dos entes mais queridos,  traz consigo um aspecto de vontade própria culpada, e de deplorável presunção. O crente, portanto, deve estar particularmente em guarda para cortar todas as ocasiões para tais incompreensões. Todo o seu espírito deve ter aroma de amor. Ele deve mostrar, que tudo o que ele faz, ele faz por absoluta necessidade; e que, tanto quanto o amor possa operar em conformidade com a vontade de Deus, ninguém deve ser excluído do cultivo disto.
Mesmo em relação aos seus perseguidores isto deve estar ativado e em exercício contínuo; sua firme determinação deve ser: "não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.", Rom 12.21.
No entanto, nem mesmo o amor deve ser deixado de operar, sob a direção de "um espírito de moderação".
O entusiasmo não é parte da verdadeira religião, e sim uma decidida oposição a ela, e é sempre o fruto de uma mente mal regulada. A verdadeira religião é sabedoria, e Deus, quando a infunde na alma, nos dá "domínio próprio" e discrição.
Um homem sob a influência da graça divina fará uma pausa antes de agir, e vai pesar, como em uma balança, as reivindicações do dever, quanto a como elas podem ser afetadas por ocasiões e circunstâncias.
Ele vai distinguir cuidadosamente entre as coisas necessárias, e as coisas de importância secundárias. Ele vai assistir à ocasião e à forma mais apropriada de fazer o que ele julga ser necessário, assim como se despojará de toda ofensa desnecessária, e para cortar ocasião àqueles que buscam agir contra ele. Tanto no mundo e na Igreja, ele estará ansioso para rebaixar a si mesmo, para que todos os que o contemplarem reconheçam que Deus está com ele. Ele não fará qualquer ofensa desnecessária em qualquer coisa, mas trabalhará, como Davi, para se comportar sabiamente de uma forma perfeita.
Mas, para que possamos apreciar melhor o seu espírito, vamos marcar o seguinte:
II. Sua importância peculiar, para o desempenho responsável do ofício ministerial.
As palavras diante de nós foram endereçadas mais imediatamente a Timóteo, um jovem e piedoso ministro, e elas merecem uma atenção muito especial de todos os que são, ou futuramente poderão ser, engajados no ofício ministerial.
Nestes, não deve ser encontrado nenhum "espírito de medo".
Um ministro é um porta-estandarte, e se ele desmaiar, o que deve ser esperado dos outros? Ele deve ir com sua vida em sua mão; ele tem "o rosto como um seixo" contra toda oposição do mundo. Nenhuma confederação, seja de homens ou demônios, deve intimidá-lo. Seu espírito deve ser aquele que é descrito pelo profeta: "Em verdade eu estou cheio do poder do Espírito do Senhor, e de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado.", Miq 3.8.  E, no meio de todos os males que possam vir sobre ele, deve dizer: “em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.”, Atos 20.28.
Mas neles deve ser visível um "espírito de poder".
Eles têm mais dificuldades para enfrentar do que outros. Eles estão na linha de frente da batalha, e eles devem ser exemplos, não somente para o mundo, mas para toda a Igreja de Deus. Para Timóteo, enquanto era jovem, foi dito: "Sê tu um exemplo dos fiéis, na palavra, na conversação, no amor, no espírito, na fé, na pureza." Se um ministro for vencido por qualquer mal, o dano causado à Igreja de Deus é incalculável. Todo o mundo ímpio terá ocasião de exultar sobre ele, e de blasfemar contra o próprio nome de Deus; sim, eles vão se endurecer  em suas próprias iniquidades e imputar ao Evangelho os males que eles virem no ministro.
Ele deve portanto,  ser firme, inabalável, sempre abundante na obra do Senhor, pois só então poderá o seu trabalho não ser vão no Senhor.
Neles, também, mais especificamente, deve existir um "espírito de amor".
Nada, senão um amor pelas almas imortais pode adequá-los a todos os trabalhos e dificuldades que eles têm que suportar. Eles devem, portanto, "ter compaixão dos que são ignorantes e que estão fora do caminho"; e devem ser capazes de chamar a Deus para testemunhar que eles têm grande tristeza e contínua dor em seus corações por causa de seus semelhantes que perecem; e eles devem estar prontos para enfrentar até mesmo a morte, se isto for necessário para o bem-estar espiritual de seus irmãos. Ao mesmo tempo, toda a sua conduta deve ser regulada por este princípio benigno. Cada coisa que eles fizerem deve proceder disto; cada coisa que eles devem sofrer deve chamá-los a se exercitarem nisto; e toda a sua caminhada deve ser, como a de seu Divino Mestre, em um espírito de amor.
Mas , em todas as suas circunstâncias diversas, eles devem mostrar estarem sob a influência de um espírito com "domínio próprio”.
Em nenhuma situação é a sabedoria tão necessária, quanto no desempenho do ofício ministerial, pois, como as circunstâncias do ministro são mais árduas, e suas provações mais diversificadas, que as dos outros, por isso a falta de juízo nele é mais profundamente sentida do que em qualquer outra pessoa, porque os preconceitos de muitos são fortalecidos por isto, e as almas de muitos ficam endurecidas em seus pecados. Um ministro, portanto, deve estar particularmente atento a este ponto. Ele deve ter uma mente bastante moderada.
Seus pontos de vista, tanto da verdade quanto do dever, devem ser claros; o seu julgamento, em relação a todas as coisas, deve ser precisa e sabiamente formado. Ele deve ser libertado de todos os preconceitos que possam influenciar sua mente, e de toda a luxúria que possa cegar os olhos. Ele deve ser amigável, atencioso, um homem de oração; ele deve sentir toda a sua dependência de Deus para guiá-lo corretamente, e deve pedir a ele por sabedoria. E, quando Deus tem realmente chamado um homem para o ministério, deve haver, embora em graus diferentes, "o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR.”

APLICAÇÃO

1. Para você , então, que não recebeu esse espírito, eu diria: "Busque-o no Senhor".
Isto é um dom de Deus; não pode proceder do homem; pode vir a nós através do homem, mas é de Deus somente, dele mesmo, de quem vem cada dom perfeito e bom.
Quer sejamos ou não ministros, este espírito é indispensável para o nosso bem-estar eterno. Nenhum homem pode ser salvo sem ele. "O medroso" deve ir para o lago de fogo, como certamente os "devassos ou assassinos". A pessoa destituída de sabedoria não é melhor do que o bronze que soa ou o címbalo que retine; e "o homem desprovido de sabedoria perecerá.” Eu digo então, busque esse espírito, e assim você estará de pé diante de Deus e dos homens.
2. Para aqueles que o receberam, eu diria: "Despertem isto em vocês.”
Essa foi a orientação dada a Timóteo: "Desperta o dom de Deus que há em ti", isto é, mexa-se, como se tivesse com um fogo que está numa condição enfraquecida. O fogo, que queimava sobre o altar, começou, como você bem sabe, a partir do céu, mas deveria ser mantido vivo pelo cuidado do homem. Assim deve ser com o fogo que foi acendido em nós, que deve ser sempre mantido aceso no altar de nossos corações; é preciso se mexer, através da leitura, meditação, e de oração; e a oposição que é feita ao Evangelho deve suscitar em nós a maior energia em sua defesa. Paulo agora estava preso por causa do Evangelho. Isto pode ter sido uma fonte de alarme para Timóteo e induzir-lhe a chamar de volta a si aquela medida de atividade e zelo que deveria existir nele na obra do Senhor.
O apóstolo lhe disse: "Não te envergonhes do testemunho do Senhor, nem de mim, seu prisioneiro , mas sê participante das aflições do Evangelho, de acordo com o poder de Deus." Então diga a si mesmo: Vamos, "você não deve se envergonhar do Evangelho de Cristo"; e esteja disposto a ser honrado se for chamado a ter uma parte daquelas aflições que são atribuídas aos seguidores do Cordeiro. Elas vão provar suas graças; elas também tendem a nos vivificar, e fazer com que tenhamos um brilho redobrado. Vamos crescer na graça, então, seja doravante isto a sua grande ocupação e, o que o conduzirá a esse fim, será fazê-lo com diligência, ou recebê-lo com prazer.

Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de Charles Simeon, em domínio público.



2 - A Lógica de Ser Destemido

Por John Piper

Paulo contou aos Filipenses que viver de forma digna do evangelho de Cristo significava não temer diante dos inimigos.
Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo . . . E em nada vos espanteis dos que resistem. (Fp 1.27,28)).
Então ele deu a lógica de não nos espantar.
Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele. (Fp 1.29)).
A lógica é esta:
Deus deu a você duas bênçãos, não apenas uma: Fé e sofrimento. Isto é o que o verso 29 diz:
Neste contexto isto significa: Tanto a sua fé diante do sofrimento, e os seus sofrimentos são dons de Deus. Quando Paulo diz, não vos espanteis dos que resistem, ele tinha duas razões em sua mente do porquê deles não precisarem ficar assustados:
1. Uma razão é que os oponentes estão na mão de Deus. A oposição deles é uma bênção vinda de Deus. Ele governa isto. Este é o primeiro ponto do verso 29.
2. E a outra razão para não ficar com medo é que o seu destemor, isto é, sua fé, está também na mão de Deus. Isto também é uma bênção. Este é o outro ponto do verso 29.
Então a lógica de ser destemido diante do adversário é esta verdade dupla: Ambos o seu adversário e a sua fé diante de seu adversário são bênçãos de Deus.
Por que isto é chamado de "portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo" (v. 27) ? Por que o evangelho é a boa notícia de que o sangue do testamento infalível de Cristo obteve para todo o seu povo a soberana obra de Deus para nos dar fé e para governar nossos inimigos — sempre para nosso eterno bem.
Portanto, não tema. Seus adversários não podem fazer coisa alguma a mais do que Deus concede. E ele concederá a fé que você precisa. Estas promessas são compradas com sangue e seladas. O evangelho promete.

Você pode ler toda a Bíblia (Velho e Novo Testamento) com a interpretação de capítulo por capítulo acessando o seguinte link:

http://interpretabiblia.blogspot.com.br/

E sermões, mensagens e estudos bíblicos, relacionados por ordem de assuntos em:

http://evangmenseserm.blogspot.com.br/








102) PACIÊNCIA

ÍNDICE

1 - Aprendendo com Tiago Sobre a Paciência Cristã Verdadeira
2 - A Paciência Que Devemos Ter na Vida Cristã
3 - Superando os Melindres
4 - A Pérola da Paciência
5 - O Dever da Paciência
6 - A ESCOLA DA PACIÊNCIA
7 - A Paciência Bíblica
8 - Lutando contra a Impaciência
9 - Paciência na Aflição
10 - Paciência na Tribulação (Rom 12.12)
11 - Paciência nas Perseguições (I Pedro 3.14-22)


1 - Aprendendo com Tiago Sobre a Paciência Cristã Verdadeira

O apóstolo Tiago nos diz o seguinte, no quinto capítulo da sua epístola:

“1 Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir.
2 As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça.
3 O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias.
4 Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos.
5 Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações, como num dia de matança.
6 Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu.
7 Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.
8 Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima.
9 Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta.
10 Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.
11 Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.
12 Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim, e não, não; para que não caiais em condenação.
13 Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores.
14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor;
15 E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16 Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.
17 Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra.
18 E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.
19 Irmãos, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter,
20 Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.”.

Tantas e variadas eram as opressões que os servos de Deus, e não somente eles, como os demais homens de condição humilde sofriam da parte dos homens poderosos e ricos nos dias de Tiago, que poderia parecer a muitos servos do Senhor que Ele não investigava a causa da justiça ou então que pouco ou nada se importava com o comportamento injusto, especialmente daqueles que exploravam os seus servos, e que até mesmo tiravam as suas vidas pelos motivos mais caprichosos.
Fortunas foram acumuladas e ainda têm sido acumuladas neste mundo à custa da miséria e do sangue de muitos.
Os que acumulavam tais fortunas viviam em deleite enquanto aqueles que eram usados para juntá-las para eles viviam em extrema miséria.
Então qual seria a resposta de Deus para os Seus servos quanto a isto?
Que eles fizessem uma revolução?
Que se insurgissem contra os seus senhores?
Nós aprendemos na epístola de Pedro que é coisa agradável a Deus que alguém suporte injustiças pacientemente, e entregando em Suas mãos todas as suas causas, por confiarem que Ele é realmente o Grande Juiz que passará em revista as ações de todos os homens, sejam eles grandes ou pequenos, ricos ou pobres, senhores ou servos.
As riquezas acumuladas pelos poderosos não poderão livrá-los no dia do Juízo.
Tudo o que eles entesouraram de modo injusto será consumido pelo fogo do juízo divino.
Em vez de se regalarem e rirem eles deveriam portanto chorar e lamentar pelas misérias que certamente lhes sobrevirão da parte do justo Juiz.
Os salários injustos e não pagos e todo o sofrimento que eles causaram aos seus empregados estão devidamente registrados na memória do Senhor para o devido ajuste de contas.
O Senhor é um Juiz perfeito que nem sequer deixará de julgar até mesmo palavras ociosas que foram proferidas, quanto mais atos de injustiça praticados pelos homens.
Todas as delícias que eles viveram na terra à custa do sofrimento alheio trará a eles um juízo ainda maior quando o Senhor se levantar para julgar tanto vivos quanto mortos.
Então Tiago proferiu este ai contra os poderosos injustos para consolar os crentes que estavam padecendo injustiças da parte deles, e  para que soubessem que o Senhor não é um Juiz que está indiferente às coisas que sofremos neste mundo.

Deus não abrevia logo o Juízo e nem o aplica direta e imediatamente a cada injustiça praticada contra os Seus filhos porque através destas aflições, como Tiago já havia ensinado no primeiro capítulo da sua epístola, Deus está aperfeiçoando a cada um deles em paciência e perseverança, de maneira que sejam amadurecidos na fé, para darem o bom testemunho de continuarem na prática do bem, ainda que debaixo de senhores maus e perversos, tudo fazendo, não como para homens, mas por amor a Deus.
Jesus sofreu grandes injustiças para poder pagar o preço exigido para nos resgatar do poder da morte e da maldição.
Com os nossos sofrimentos pelo evangelho temos também a oportunidade de valorizar o preço que Ele teve que pagar por nós.
Além disso não somos pessoas perfeitamente justas, senão também pecadores, e de algum modo, ainda que não para expiação do nosso pecado, que foi feita totalmente por Jesus, podemos também experimentar que Deus nos corrige e disciplina, porque é um Pai zeloso que não deixará nenhum de seus filhos sem o conhecimento de que por causa do pecado vivemos num mundo de sofrimentos e dores.
E também aprendemos que este é de fato um mundo de trevas ao qual não devemos ficar apegados, ao contrário, do qual devemos nos desarraigar e desmamar.
Além disso, há muita glória e graças ao nome do Senhor quando por nossa paciência e orações cooperamos com o Espírito Santo para que alguém seja livrado das trevas para poder vir para a luz.
Tiago diz que devemos ser pacientes até à vinda do Senhor, tal como o lavrador é paciente esperando o fruto precioso da terra.
Assim como o lavrador aguarda com paciência a chuva temporã e serôdia, nós devemos também esperar que o Senhor derrame a chuva do Espírito Santo, pela qual poderemos colher os preciosos frutos espirituais do nosso testemunho de trabalho paciente na lavoura de Deus para a colheita de almas.
E Tiago indica qual é o modo como devemos ser pacientes na obra do Senhor e nas tribulações que sofremos neste mundo, a saber, “fortalecendo os nossos corações” e sabendo que a vinda do Senhor está próxima.
Quando estivermos com Cristo, todas estas lutas e injustiças cessarão para sempre.
Ocorrerá o fortalecimento do nosso coração não com a nossa própria força, mas com a força operante do poder de Deus que é mediante a graça de Jesus que é derramada nos nossos corações.
Jesus virá como Juiz e portanto importa deixar toda forma de julgamento nas Suas mãos.
Não devemos portanto, viver a nos queixar uns contra os outros porque o Senhor tudo julgará no Seu tribunal.
Se fizermos, enquanto crentes, e em nome de Jesus, o papel de juízes seremos condenados por termos sentado no lugar que pertence ao Senhor, não para uma condenação eterna, mas para a perda de galardão e para sofrer o dano a que Paulo se refere quanto à obra que se queimar pelo fogo da provação de Deus.
Importa portanto sermos longânimos e pacientes, seguindo o exemplo de paciência na aflição que nos foi deixado pelos profetas do Senhor.
Tiago estava basicamente dizendo que os crentes não concentrassem suas atenções nas injustiças que estavam sofrendo, nem mesmo naqueles que as estavam praticando, mas que ao contrário, olhassem para o exemplo daqueles que haviam sofrido com paciência por causa do Senhor, tal como foi o caso de Jó.
Ele lhes lembrou que todos os que sofreram com a mesma paciência de Jó e dos profetas foram bem-aventurados, porque o Senhor lhes deu um fim abençoado, porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.
Então a condição de se enfrentar tribulações, aflições, enfermidades, é orando e se sujeitando a Deus.
E quando se experimentar o contentamento que provém da parte do Senhor, devemos cantar louvores ao Seu nome; exaltando-O pelo Seu cuidado por nós.
No caso específico de enfermidades os pastores devem ser chamados para orarem pelo enfermo, ungindo-o com azeite em nome do Senhor.
E a oração que é feita com fé e no poder do Espírito curará o doente, e a força do Senhor o levantará, e em sendo curado por ter buscado auxílio no Senhor, pela fé nEle, caso a causa da sua enfermidade tenha sido pecados, estes ser-lhe-ão também perdoados.
Assim, os crentes devem se exortar mutuamente à santificação, e devem orar uns pelos outros, confessando as  culpas de possíveis pecados que tenham cometido contra seus irmãos, para que sejam perdoados por eles e pelo Senhor.
Muitas enfermidades são curadas quando procuramos ao irmão contra o qual pecamos e lhe pedimos perdão.
Se forem irmãos amados e santos, que vivam de forma piedosa e justa diante do Senhor, podemos estar certos de que as intercessões deles por nós serão ouvidas por Deus, porque as orações de tais crentes espirituais são muito eficazes em seus efeitos.
Elias era um destes homens piedosos e justos que andavam permanentemente diante de Deus.
No entanto, era um homem tal como nós.
Assim, devemos nos estimular pelo seu exemplo, e buscarmos tal como ele, consagrarmos nossas vidas a Deus, porque poderemos ser tal como Elias, também poderosos em nossas orações.
Ele prevaleceu de tal maneira com Deus na oração que fez vir fogo do céu;   ressuscitou um menino;   e as chuvas foram retidas por três anos e meio, e somente voltaria a chover quando ele tornasse a orar, e muitos outros milagres foram feitos por Deus atendendo às orações do profeta.
Quanto mais não deveríamos nós, a quem têm chegado o fim dos tempos, e a quem Deus confiou o glorioso evangelho de Cristo para ser pregado para a salvação dos pecadores, nos aplicarmos à santificação de nossas vidas para que sejamos pessoas poderosas na intercessão em favor da conversão daqueles que têm se desviado da verdade.
Pelas nossas orações e testemunho de vidas santificadas, Deus poderá nos usar para salvar almas e cobrir multidão de pecados.
Jesus consumou a Sua obra perfeitamente na cruz do Calvário, mas Ele necessita de obreiros aprovados para a Sua seara.
Para tanto, é preciso ser íntegro e irrepreensível diante de Deus, sendo o nosso falar sim, sim, e não, não.
Sendo retos em nossa comunhão com nossos irmãos e confiáveis em tudo pela transformação do nosso caráter pelo Espírito Santo de Deus, de maneira que em vez de ficarmos sujeitos a juízos do Senhor, por um viver na falsidade e na mentira, tenhamos a Sua inteira aprovação e agrado, de maneira que nos coloque no ministério, tal como fizera com os apóstolos e todos aqueles que têm se consagrado verdadeiramente a Ele.







2 - A Paciência Que Devemos Ter na Vida Cristã

Há invernos espirituais que nos impõem este tempo de espera, se queremos ser bem sucedidos em nossos projetos a serviço de Deus.
Além da direção e poder do Senhor, temos que ter inteligência espiritual para discernir o movimento do mundo espiritual para que não tomemos decisões precipitadas das quais não somente, poderemos nos lamentar posteriormente, como até mesmo vir a frustrar os projetos que Deus havia determinado realizar através de nós.
A este respeito, temos muito que aprender com Neemias e o modo que ele se comportou na obra que realizou para o Senhor, ainda que nos dias do Velho Testamento.
O coração de Neemias se achava em grande tristeza, por se encontrar assolada a cidade de Jerusalém.
E é desta forma que se acharão todos aqueles que estiverem exilados, ainda que dentro de suas próprias igrejas, porque assim como a cidade de Jerusalém estava para os judeus na Antiga Aliança, a Igreja está para os cristãos na Nova.
Quão profundas são as dores do exílio. Elas são indescritíveis e muito maiores do que qualquer dor moral ou física, porque são produzidas pela impossibilidade de se adorar a Deus em espírito e em verdade, na comunhão dos santos, por causa das condições prevalecentes na Igreja, quando esta se encontra assolada e em ruínas, por ter sido pisada como sal que perdeu o sabor.
É muito mais difícil restaurar uma Igreja caída do que reconstruir os muros de Jerusalém. É com muito maior fúria que Satanás e todo o inferno se opõem a esta restauração da Igreja, do que a que experimentaram Esdras e Neemias em seus dias.
Primeiro, porque que a proposta de Deus para a Igreja na dispensação da graça, para que possa andar conforme o Seu agrado é muito maior do que a que se exigia dos cristãos do antigo pacto, pois a justiça da Igreja de Cristo deve exceder em muito a dos escribas e fariseus.
Entretanto, há muitas lições que podemos aprender do exemplo de tudo o que Deus fez através de Neemias para restaurar a vida religiosa de Israel.
A primeira é a de que apesar de Neemias saber que necessitaria do apoio do rei e de muitos homens, a sua confiança não estava depositada em nenhum deles, mas somente no Senhor, e demonstrou isto reiteradas vezes, como se vê por exemplo no verso 5, do segundo capítulo do seu livro, quando não ousou declarar logo ao rei qual era o seu intento, quando este lhe indagou o que desejava dele.
Neemias fez uma oração rápida em espírito entre a pergunta e a resposta que daria, entregando certamente o caso nas mãos de Deus, e declarou logo em seguida o que desejava, mas não sem antes, fazer a introdução em que usou as seguintes palavras: “se teu servo tiver achado graça diante de ti”, como a que dizer que ele atenderia ao que pediria, caso Deus tivesse movido o coração do rei para que achasse graça diante dele.
Isto é dependência real de Deus, tal como havia sido demonstrada anteriormente, por Davi em seus dias, que não costumava tomar qualquer decisão sem que tivesse entregado antes o caso nas mãos do Senhor.
Não podemos esquecer que Ester havia conquistado totalmente o favor do rei da Pérsia, quando se casou com ele, e isto foi feito estrategicamente por Deus não somente para livrar os israelitas do extermínio intentado por Hamã, como também para que os judeus encontrassem o favor dos persas, na sua estada na Palestina, e isto nós vemos como o rei foi favorável, tanto nos dias de Esdras, quanto nos de Neemias, e muito disto foi obtido, sem dúvida, pelo modo atencioso como os persas passaram a ver os judeus, por influência da piedosa Ester, que havia assumido o trono, ao lado do rei da Pérsia.
Toda esta boa influência estava sendo produzida pelo próprio Senhor.
Neemias pediu uma comissão para ir com ele, para reconstruir os muros de Jerusalém, e lá permaneceria um certo tempo aprazado, conforme lhe havia pedido o rei, mas este prazo foi prolongado, porque permaneceu em Jerusalém, cerca de doze anos.
Além desta comissão, pediu também uma escolta, e um salvo conduto para que os governadores das províncias, não somente permitissem que atravessasse as suas províncias respectivas, como também que o provessem com o que fosse necessário, especialmente, madeira do Líbano, para o trabalho que havia projetado.
Quando Neemias entregou as cartas do rei persa aos governantes das províncias, Sambalate e Tobias (que viriam a ser instrumentos de Satanás, para se oporem a ele) ficaram sabendo da sua missão, e  extremamente irados, pelo fato de que alguém tivesse se levantado para procurar o bem dos israelitas.
Depois que chegou a Jerusalém, Neemias não declarou o que Deus havia colocado em seu coração  a nenhum dos líderes de Israel, por pelo menos três dias. (Homens em verdadeira missão divina, nunca fazem alarde de sua autoridade, e da comissão que receberam da parte de Deus, porque sabem que a obra não é propriamente deles, mas do Senhor).
Antes de tomar qualquer decisão, Neemias fez uma avaliação da extensão dos danos do muro de Jerusalém, que estavam demolidos, assim como suas portas, que haviam sido queimadas. E por motivo de prudência, fez isto à noite.
Foi somente no momento oportuno, que declarou aos judeus, especialmente aos sacerdotes, nobres e magistrados e a todos os que faziam a obra de reconstrução do muro, qual era a obra, para a qual havia sido encarregado por Deus, para fazer em Jerusalém.
Daqui, decorre um princípio muito importante, para todos os que têm uma chamada de Deus, para a realização de uma obra específica: ela deve ser reconhecida e apoiada pelos demais líderes que estiverem envolvidos nela.
Quando falta este reconhecimento e apoio, será vão tentar nadar contra a correnteza.
Por isso Paulo não poderia prosseguir seu ministério juntamente com Barnabé, porque passou a existir discordância entre ambos quanto à forma de condução da obra missionária, para a qual haviam sido encarregados pela Igreja de Antioquia, especialmente, por terem um entendimento diverso quanto à participação de João Marcos em seus empreendimentos missionários.
Nenhum pastor será bem sucedido em seu ministério, se não tiver o apoio da Igreja, e especialmente dos seus auxiliares diretos.
Quando Neemias fez uma exposição quanto ao modo como a boa mão do Senhor fora com ele, particularmente quanto à comissão que havia recebido do rei persa, os judeus se dispuseram a cooperar com ele na obra que deveria ser realizada.
Mas quando Sambalate, Tobias e Gesem o souberam, começaram a zombar deles e a desprezá-los infamando-lhes e acusando-lhes de estarem se rebelando contra o rei persa.
Não é de se admirar que o diabo sempre use o argumento de insurreição contra a autoridade constituída, quando Deus levanta alguém para fazer a Sua vontade.
A mesma autoridade que os verdadeiros rebeldes costumam transgredir, especialmente a relativa à da própria Palavra de Deus, que eles não amam e obedecem, é a que eles costumam invocar para tentarem desencorajar os servos fiéis de Deus a prosseguirem adiante na defesa da verdade, em prol do verdadeiro bem da humanidade, que é a salvação de almas da condenação eterna.
Satanás sempre projeta manter os cristãos e a Igreja em estado de miséria espiritual, e tudo faz para tentar impedir o avanço de uma verdadeira espiritualidade, que seja baseada no amor e na prática da verdade.
Ele tudo apoiará e não perturbará os cristãos, desde que se mantenham na sua carnalidade, e não busquem santificar suas vidas na verdade da Palavra de Deus.
Se os cristãos deixarem os muros de suas vidas caídos, em total ruína, Satanás não se levantará contra eles, mas ao menor movimento para tentarem reconstruí-los, ele logo se manifestará apresentando todo tipo de oposição.
Mas, em vez de deixarmos que ele nos intimide, devemos fazer como fizera Neemias, que respondeu o seguinte aos seus inimigos, em face das suas acusações: “O Deus do céu é que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos: mas vós não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém.”
Isto é o que deve estar sempre bem definido e fixado diante de nós: não podemos permitir que nossos opositores se coloquem ao nosso lado na realização da obra que Deus nos encarregou de fazer.
Devemos ter uma firme confiança, somente nEle, que assim como Ele nos chamou, também é poderoso para nos fazer prosperar no que nos tem ordenado.
Mas em vez de ficarmos esperando com os braços cruzados, devemos nos levantar e edificar as pedras vivas do edifício espiritual que fomos chamados a construir como seus cooperadores.

“Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.”  (I Cor 3.9).

É preciso ter muita prudência e inteligência espiritual, quando estamos encarregados por Deus para uma obra específica, como teve Neemias, para não darmos munição ao Inimigo, de modo que não leve vantagem sobre nós.
O diabo acompanha nossos passos e levanta seus instrumentos para espreitar a liberdade que temos em Cristo, de maneira a barrar o nosso progresso com infâmias, perseguições e acusações mentirosas.
Se ele não conseguir nos deter de um modo, tentará outros meios para alcançar os seus objetivos, que não são dirigidos propriamente contra as nossas pessoas, mas contra a obra que Deus designou fazer através de nós.
 Daí se recomendar aos cristãos, e especialmente àqueles que estão à frente de algum trabalho do Senhor, que vigiem e orem em todo o tempo, e que sejam perseverantes, a par de todas as perseguições que possam vir a sofrer.
Mas alguém dirá: “E se a perseguição vier exatamente da parte daqueles que foram levantados para liderarem a obra de Deus?”. “O que devem fazer os cristãos que se encontram debaixo da liderança deles?”.
Primeiro, devem orar e jejuar para que saiam do laço do Inimigo, com o qual foram encantados e amarrados.
Se as coisas persistirem por longo tempo e se agravarem a ponto de a Igreja se desviar totalmente dos objetivos de Deus traçados para ela, notadamente o que se refere a andar na prática da verdade, então é hora de começar a orar para receber direção do Senhor, para congregar numa Igreja que não tenha apostatado da verdade.
Não é por se pertencer a este ou aquele ramo denominacional, de reputação histórica, que não estamos expostos ao mesmo perigo de virmos a nos encontrar congregando numa Igreja apóstata, e não seremos justificados por Deus se insistirmos em permanecer nela e nas suas práticas desviadas da verdade, permitindo até mesmo sermos afastados da nossa primitiva fidelidade, devoção e amor a Cristo e à Sua Palavra, pelo mesmo argumento citado anteriormente, de não sermos acusados de promotores de divisões na Igreja.
Ao contrário, é ordenado a todo cristão fiel que se afaste daqueles que não andam segundo a doutrina revelada na Palavra.

“mandamo-vos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebestes.” (II Tes 3.6).

Assim, não pode ser considerado cisma (divisão) qualquer distanciamento de posições fixas e rígidas, que líderes assumem por sua própria conta e que lançam tal acusação contra todos que discordem deles.
As Escrituras não definem como cisma qualquer tipo de separação havida no corpo de Cristo, ao contrário, elas o recomendam em determinadas condições, conforme a que vemos no texto de II Tes 3.6.
Seria cisma o fato de tanto Neemias quanto Esdras, terem impedido que os samaritanos se juntassem aos judeus no trabalho de reconstrução da vida nacional religiosa dos israelitas?
Ou não foi zelo apropriado e aprovado por Deus, para a manutenção da pureza da prática da santidade do Seu povo?
Este argumento que o diabo usa freqüentemente, classificando de cismático e ameaçando e intimidando todo cristão que queira se separar do erro, para viver em santidade, é uma das armas mais poderosas que ele tem no seu arsenal, para manter cristãos amarrados a laços de idolatria, corrupção e carnalidade, que muitas vezes virão a desviá-los da firmeza que tinham em Cristo.
Por isso não são poucas as exortações apostólicas no sentido de que os cristãos se guardassem do ensino dos falsos pastores e mestres, saindo de debaixo da influência deles, porque conforme alertavam, Satanás se transfigura em anjo de luz e os seus ministros em ministros da justiça, de modo a enlaçar os verdadeiros eleitos de Deus e impedi-los em sua caminhada rumo à perfeição cristã.
Deste modo, podemos concluir que aqueles que devem ser classificados de cismáticos são exatamente aqueles que acusam os separatistas por causa do amor deles à verdade, porque são os que agem contra os princípios e mandamentos revelados na Bíblia, e que não trazem consigo, principalmente as doutrinas da graça, os que se afastam de Cristo e se separam dEle e da Sua verdadeira Igreja, porque ela é edificada no fundamento dos profetas e dos apóstolos, do qual Ele é a pedra angular.
Neemias havia chorado e orado diante de Deus por causa da miséria em que se encontrava o povo de Deus na Palestina. Mas ele não parou nisso, de modo que nós o encontramos nas páginas de seu livro, tomando medidas práticas para reparar as coisas que necessitavam ser consertadas e edificadas.
Assim deve ser a vida do cristão. Ele não deve simplesmente interceder em favor de todas as pessoas, e chorar pela miséria em que se encontra o mundo de trevas, mas deve se esforçar de modo prático para ser um agente nas mãos de Deus, para a transformação daqueles que têm sido chamados por Ele, do mundo para a salvação em Cristo Jesus, bem como para serem sal e luz num mundo que tende à putrefação e às trevas totais.







3 - Superando os Melindres

Se alguém decidir viver por sentimentos, certamente terá muitos problemas, porque a carne e o diabo sempre acharão ocasião para lhe ferir com suscetibilidades, ou seja, com melindres, amuos e sensibilidades, que são muito pertinentes à nossa natureza terrena.
Então, para o propósito de vencer estes e outros tipos de problemas, é ordenado aos cristãos que aprendam a viver pela nova natureza que têm em Cristo, e não pela antiga natureza carnal e terrena.
O amor que tudo sofre, suporta, espera e perdoa, e que é paciente e benigno, é sempre exercitado, quando não nos deixamos vencer por nossos sentimentos melindrados, e triunfamos pela prática da Palavra de Deus, que nos ordena nunca termos um coração ressentido ou magoado, seja contra quem for.
Honrar não depende de gostar.
Fazer o bem não depende de sermos aceitos, aplaudidos e louvados.
Respeitar não depende de sermos também respeitados.
Entender não depende de sermos entendidos.
Amar não significa necessariamente gostar de algo ou alguém.
É terrível manter uma atitude de defesa dos nossos sentimentos contra tudo e contra todos.
É muito contrário ao amor que tudo sofre e suporta a atitude de tentarmos nos poupar a nós mesmos, fugindo de nos relacionarmos com os outros, pelo temor de sermos feridos por alguma palavra ou ação, que possa nos atingir e fazer com que fiquemos magoados.
Não é este o tipo de prudência que nosso Senhor nos ordena, porque isto não é prudência, mas fuga e temor de viver.
Por isso a Bíblia nos ordena que deixemos as coisas próprias de crianças quando chegamos a ser adultos. Crianças não podem enfrentar desafios pesados e encarar de frente as vicissitudes da vida, mas toda pessoa verdadeiramente adulta, está capacitada a fazê-lo.
Pessoas maduras não vivem se justificando de tudo o que pensem estar lhe contrariando, por estar em desacordo com o seu modo de pensar e sentir.
Aitofel era tão fraco emocionalmente se falando que se enforcou quando o parecer que dera a Absalão foi rejeitado em face da aceitação do que lhe fora dado por Husai.
Saul procurava se vingar de todo aquele que lhe contrariasse, por discordar dele, mas Davi raramente deixava de agir segundo a vontade de Deus, mesmo quando era contrariado e aborrecido.
Quanto não teve que suportar da parte de Joabe? Com que grande dignidade suportou e enfrentou a rebelião de seu próprio filho Absalão!
Mas o exemplo máximo do espírito de paciência e tolerância que devemos ter especialmente em face dos ataques do reino das trevas, com o intuito de nos roubar a paz, encontramos no próprio Senhor Jesus Cristo, que jamais se deixou governar por sentimentos melindrados, senão exclusivamente pela vontade de Deus Pai.
  Importa termos sempre a atitude do apóstolo Paulo, conforme ele se expressou em I Cor 4.3:
“Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por qualquer tribunal humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo.” (I Cor 4.3)
Ainda que o juízo que fizerem de nós seja de inspiração satânica ou não, e se tal juízo não corresponde à verdade, devemos nos guardar de qualquer tipo de melindre, porque por isto, seremos vencidos pelo mal, não propriamente do ataque que nos fizeram ou que julgamos que nos tenham feito, sem que fôssemos de fato atacados, mas, seremos vencidos pelo mal em nós mesmos, do nosso próprio coração ressentido e abatido.
Importa então, se queremos ser sempre vencedores deste mal, para que possamos manter a nossa paz, amor e alegria, diante de Deus e dos homens, que tenhamos a mesma atitude do apóstolo Paulo, de não sermos conduzidos por nossos sentimentos ou pelos juízos de outros, mas pelo que a Palavra de Deus afirma acerca do nosso comportamento ou de nossas atitudes e reações.
O grande alvo do reino espiritual da maldade em fazer com que nos firamos com suscetibilidades, ou seja, que fiquemos melindrados com o que ouvimos ou vimos, disseram ou fizeram em relação a nós ou a outros, e que não aprovamos, é principalmente o de produzir amarguras e ressentimentos, que nos afastam da comunhão com o Senhor.
Por isso somos alertados a não abrigar tais sentimentos, como por exemplo no texto de Tg 3.13-18.
Nunca haverá qualquer perda em perdoar e esquecer ofensas reais ou supostas como tal sem que o sejam, porque com isto estaremos provando para nós mesmos que temos de fato nos negado para amarmos e perdoarmos os que nos ofendem, sejam eles nossos inimigos ou não.
E sem o aprendizado desta negação do nosso ego, não poderemos viver a vida cristã e fazer qualquer serviço constante para Cristo, porque o inferno não dará descanso às nossas almas, sempre procurando nos tornar ressentidos contra alguém que nos tenha contrariado.
Alarguemos então os nossos espíritos e corações!
Amemos como Cristo nos ama, ou seja, suportando ofensas e todo tipo de pecado, exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo.
Olhemos para o Senhor, e não para nós mesmos ou para os outros, para acharmos o perfeito amor e o perfeito bem, porque isto jamais será achado em qualquer pessoa enquanto estivermos na terra.
Estejamos prontos então a superar ofensas, palavras proferidas precipitadamente, juízos incorretos, ou qualquer ponto que possa suscitar algum tipo de discórdia onde deveria reinar o amor, porque sempre estaremos sujeitos a errar, por maior que seja o nosso desejo de acertar.
Todavia não erremos no dever de perdoar, de esquecer ofensas, de amar até mesmo nossos inimigos, de não guardarmos qualquer tipo de ressentimento ou rancor, porque nossa ira acabará se voltando contra nós mesmos para nos destruir, e nos arrancará da nossa comunhão com Deus.
Lembremos que somos convocados pela Bíblia a sermos amadurecidos, espiritualmente se falando, e muito deste crescimento se comprova pelo modo como nos conduzimos não segundo os nossos sentimentos melindrados, mas segundo a verdade da Palavra de Deus.
Como já dissemos antes, se alguém decidir continuar vivendo segundo os seus sentimentos, terá certamente muitos problemas, mas se viver segundo a Palavra de Deus, os problemas surgirão, mas serão vencidos pela verdade e pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo.
E uma vez desfeitas as amarras do mal, o navio da nossa alegria, força, e amor, seguirá o seu rumo, vendo restauradas todas as coisas que haviam sido arruinadas pelo nosso mau temperamento, que se permitia ser vencido pelo diabo.
Miremo-nos no exemplo que nos foi deixado pelo apóstolo Paulo, o qual havia aprendido a ter o prazer da comunhão com Deus, o deleite de praticar e fazer a Sua vontade divina, em meio às ofensas que lhe dirigiam, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias que suportava por causa do Seu amor a Cristo, de modo que sabia que importa aprendermos a conviver com os espinhos na nossa carne, oriundos de mensageiros de Satanás, que são usados para nos humilhar.
“9 e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo.
10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte.” (II Cor 12.9,10)
Em troca da nossa paciência e decisão de suportar ofensas por amor a Cristo, o Senhor nos dará do Seu poder e nos fará fortes não somente para suportar tais ofensas e angústias, como também para que possamos fazer toda a Sua vontade, ou seja, continuarmos na prática do bem, mesmo para os que nos tenham ofendido, ou que imaginamos que nos ofenderam, sem que o tivessem feito de fato.







4 - A Pérola da Paciência

"Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo.” (Tiago 5.11)

Este texto é precedido por uma exortação tripla para a paciência. No versículo 7, lemos: "Sede pois pacientes, irmãos, até a vinda do Senhor." E ainda: “Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas.”. E  mais adiante, no versículo 10, lemos: “Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor. "Somos três vezes exortados à paciência? Não está  claro que necessitamos dela muito mais agora? Nós somos, a maioria de nós, deficientes nesta excelente graça e por isso perdemos a maioria dos privilégios e desperdiçamos muitas oportunidades em que poderíamos ter honrado a Deus. A aflição teria sido o fogo que removeria a nossa escória, mas a impaciência furtou o metal mental do fluxo de submissão que teria garantido a sua purificação adequada. Ele é inútil, desonroso, fraco e nunca nos trouxe benefício e jamais trará.
Acho que somos três vezes exortados à paciência, pois  precisaremos muito dela no futuro. Entre aqui e o céu não temos qualquer garantia de que o caminho será fácil, ou que o mar será mais vítreo. Nós não temos nenhuma promessa de que seremos mantidos numa estufa como flores num jardim de inverno.
A voz da sabedoria disse: "Seja paciente, seja paciente, seja paciente. Você pode precisar de uma medida tripla disso. Esteja pronto para a provação." Suponho, também, que somos repetidamente exortados a sermos pacientes, porque é uma elevada realização. É brincadeira de criança ser mudo como a ovelha perante os seus tosquiadores e ficar quieto enquanto as tesouras estão tirando tudo o que nos aquecia e consolava. O cristão mudo debaixo da vara que o aflige não é encontrado todos os dias. Nós chutamos como os bois quando sentem o aguilhão pela primeira vez! Nós somos, a maioria de nós, por anos, como um novilho ainda não domado. "Seja paciente, seja paciente, seja paciente", é a lição a ser repetida para os nossos corações, muitas vezes, assim como temos que ensinar as crianças uma e outra vez as mesmas palavras, até que as reconheçam pelo coração.
É o Espírito Santo, sempre paciente sob nossas provocações, que nos chama a ser "pacientes". É Jesus, o sacrifício resignado, que nos cobra a "ser pacientes". É o Pai de longanimidade que nos convida a "ser pacientes". Ó vocês que estão prestes a irem para o céu, sejam pacientes porque daqui a pouco tempo a sua recompensa será revelada!

I. Não é uma virtude inédita ser PACIENTE: "Você já ouviu falar da paciência de Jó".
Observe bem que a paciência de Jó foi a paciência de um homem como nós, imperfeita e cheia de fraquezas, pois, como se tem bem observado, ouvimos do Jó impaciente, bem como de sua paciência! Fico feliz que o biógrafo Divino era tão imparcial, pois se não tivesse apresentado Jó sendo um pouco impaciente, poderíamos ter pensado sobre a paciência como sendo algo  completamente inimitável e acima do alcance dos homens comuns. Os traços de imperfeição que vemos em Jó provam ainda mais ser poderosa a graça divina que pode fazer grandes exemplos de constituições comuns, tornando-as um modelo de paciência. Eu sou grato que eu sei que Jó falou um pouco amargamente e provou ser um homem, pois agora eu sei que ele era um homem como eu, que disse: "O Senhor o deu e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor". Ele era um homem de carne e osso como eu, pois disse: "Aceitaremos o bem das mãos de Deus, e não receberemos o mal?" Sim, era um homem de paixões como eu, que disse: "Embora Ele me mate, ainda assim eu confio nele."
Você já ouviu falar da paciência de seu Senhor e Mestre, e tentou imitá-lo, meio desesperançado! Mas agora você já ouviu falar da paciência de seu servo, Jó, e sabendo como Jó disse que seu Redentor vive, você deve ser encorajado a imitá-lo em submissão obediente à vontade do Senhor! "Você já ouviu falar da paciência de Jó", isto é, a paciência de um homem muito experimentado. Nós não teríamos ouvido falar de Jó, se ele não tivesse conhecido uma aflição extraordinária! Toda a sua riqueza foi tomada! Dois ou três empregados sobreviveram apenas para lhe trazer as más notícias, cada um dizendo: "Eu somente escapei para lhe contar." Seus rebanhos e suas manadas desapareceram. A casa em que seus filhos se encontravam sofreu um desastre e o homem principesco de Uz se sentou sobre um monturo e não houve sequer um ímpio que lhe fizesse  reverência. Você já ouviu falar da paciência de Jó em perda e pobreza. Não têm visto que, se todas as posses falharem, Deus ainda é a sua porção?
Além de tudo isso, Jó suportou o que é, talvez, a pior forma de provação, ou seja, a angústia mental. A conduta de sua esposa deve ter muito lhe pesado quando ela o tentou para "amaldiçoar a Deus e morrer." Ela falou como uma louca quando o marido precisava de consolo sábio. E então os "consoladores molestos" - que coroaram o edifício da sua miséria! Veja como os amigos de Jó o afligiam com argumentos e acusações. Eles esfregaram sal em suas feridas! Eles lançaram pó nos seus olhos. Suas misericórdias eram cruéis, embora bem-intencionadas
Jó foi levado a triste luto, miséria e terrível tormento do corpo e da mente! Mas, apesar de tudo, "você já ouviu falar da paciência de Jó", e ouviu mais de sua paciência do que de suas aflições!
A paciência de Jó foi a paciência de um homem que resistiu até o fim. Que homem maravilhoso ele foi com todas aquelas dores, ainda dando testemunho do seu Deus. Ele tem a sua integridade e não a deixará ir. E o melhor de tudo, ele clama: "Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra, e depois que os vermes destruírem este corpo, ainda em minha carne verei a Deus."
O inimigo não poderia triunfar sobre Jó, ele fez do monturo em que se sentou um trono mais glorioso do que o trono de marfim de Salomão! Não podemos também perseverar até o fim? O que dificulta a Graça Divina de ser glorificada em nós?
Podemos mais uma vez dizer que a paciência de Jó é a virtude de quem assim se tornou uma grande força para o bem. "Você já ouviu falar da paciência de Jó". Sim, e pessoas de todas as épocas já ouviram falar da paciência de Jó e o céu já ouviu falar da paciência de Jó, e o inferno já ouviu falar dela, também, e não sem resultados em cada um dos três mundos. Entre os homens, a paciência de Jó é uma força grande, mortal e espiritual. Esta manhã, quando meditando sobre ela, senti-me envergonhado e humilhado, como milhares fizeram antes de mim. Eu me perguntava: "O que eu sei de paciência quando eu me comparo com Jó?" E eu senti que eu era tão ao contrário do grande patriarca, como eu bem poderia ser.
Jó foi paciente e não somos. No entanto, como eu pensei sobre a paciência de Jó, isto me fez ter esperança! Se Jó foi paciente sob provação e aflição, por que eu não deveria ser paciente também? Ele era apenas um homem, e o que foi trabalhado em um homem pode ser feito em outro! Ele tinha Deus para ajudá-lo e eu também tenho. Ele poderia recorrer ao Redentor, e eu também posso.

II. Há uma grande e terna misericórdia de Deus manifestada na  nossa paciência. "Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo.”
Na história de Jó, deve ser considerado corretamente, que o Senhor estava em tudo. Não é uma narrativa em que o diabo é o único ator, e controlador de tudo. O Senhor está evidentemente presente. Foi ele quem desafiou Satanás a considerar Jó. Deus não estava longe, enquanto seu servo sofreu! Na verdade, se houvesse qualquer lugar onde os pensamentos de Deus foram centrados mais do que em qualquer outro lugar, na Providência, naquele tempo, era onde o homem íntegro e reto estava arcando com o ônus da tempestade. O Senhor estava governando, também. Ele não estava presente como um mero espectador, mas como o dono da situação! Ele não entregou as rédeas a Satanás, longe disso, pois cada passo que o inimigo deu foi somente com a permissão expressa do Trono de Deus. Ele permitiu que ele atingisse o seu servo, mas segundo o limite que Ele definiu: “somente contra ele não estendas a tua mão." Quando foi concluída a primeira prova, foi permitido que o inimigo  assolasse o seu corpo, mas o Senhor acrescentou: "Mas poupa-lhe a vida." Ao Cão do Inferno é permitido ladrar e rosnar, mas sua corrente não é removida e a coleira de contenção Onipotente está firmemente nele. Venham, queridos amigos, vocês que estão com problemas, lembrem-se que Deus está na sua tristeza, governando-lhes para o seu fim desejado. E vocês não sofreram, nem no futuro irão sofrer mais do que o Amor Infinito permitir!
Além disso, o Senhor estava abençoando Jó em toda a sua tribulação. Bênçãos incontáveis ​​estavam vindo para o grande homem, enquanto ele parecia estar perdendo tudo. Não foi simplesmente que ele obteve uma porção dupla no final, mas o tempo todo, cada parte do processo da prova funcionou para o seu maior bem. O Senhor estava presente em todos os momentos do processo de refino, e quando este tinha chegado ao ponto adequado, nada mais deveria suceder a Jó que não fosse realmente benéfico para o cumprimento do propósito gracioso de Deus em relação a ele. A verdadeira misericórdia é obrigada, às vezes, a parecer difícil, por isso o mal pode ser grande e ao longo da vida e o cirurgião não deterá o bisturi até que o trabalho esteja concluído.
A misericórdia Eterna estava apresentando sua energia irresistível e Jó foi chamado a suportar a provação até que ela fizesse dele um sábio e melhor homem.
Tal é o caso com todos os santos aflitos. Podemos muito bem ser pacientes sob nossas provações, porque quando o Senhor as envia, Ele está governando todas as nossas circunstâncias. Ele está nos abençoando por elas, Ele está esperando para por um fim nelas. Não devemos nos submeter alegremente ao Pai de nossos espíritos? Não é este o nosso desejo mais profundo: "Seja feita a Tua vontade"? Vamos brigar com aquele que nos abençoa? Vamos nos aborrecer quando o fim da provação está tão perto e será tão abençoado? Não! Vemos que o Senhor é cheio de compaixão e de misericórdia e, por isso, vamos ter paciência.
Amados, vamos aceitar no futuro as tristezas com alegria, pois é o Amor Divino que vai acrescentar aos nossos anos quaisquer épocas tristes ainda por vir a nós. A vida de Jó poderia ter acabado na primeira etapa sem a provação, mas se o patriarca, com perfeito conhecimento de todas as coisas, poderia ter tido a sua escolha, não teria ele escolhido suportar a provação por causa de toda a bênção que viria da mesma? Nós nunca teríamos ouvido falar da paciência de Jó se ele tivesse continuado na sua prosperidade e a primeira parte de sua vida tivesse sido uma história comum muito pobre em comparação com a que hoje encontramos nas páginas das Escrituras! Camelos, ovelhas, servos e filhos formam uma imagem de riqueza, mas podemos ver isso em qualquer dia! A visão rara é a paciência, isso é o que levanta Jó à sua verdadeira glória! Deus estava lidando bem com seu servo fiel e até mesmo recompensando sua retidão quando Ele o considerou digno de ser provado. O Senhor estava tomando o caminho mais seguro e mais amável para abençoar e honrar aquele que era um homem justo, temente a Deus e que se desviava do mal.
Sem dúvida, o Senhor viu algumas falhas no caráter de Jó,  que não podemos ver, as quais Ele desejava remover e, talvez, Ele também marcou alguns toques de graça que precisavam ser providos a Jó e o Amor Divino se comprometeu em tornar o seu caráter perfeito.
Amados, nós não sabemos quem será abençoado por nossas dores, pelos nossos lutos, por nossas cruzes, se tivermos paciência em tudo isto! Especialmente este é o caso com os ministros de Deus, se Ele quiser fazer da tribulação o seu caminho para a utilidade. Se formos confortar as pessoas que sofrem, devemos, em primeiro lugar, ser afligidos nós mesmos. A tribulação vai tornar o nosso trigo apto a ser pão para os santos. A adversidade é o livro mais escolhido na nossa biblioteca, impresso em letras sombrias, mas grandiosamente iluminado!
Bildade, Zofar, ou Elifaz, eram "consoladores molestos" porque nunca tinham sido provados na aflição. Vocês, de quem Deus fará filhos da consolação para seus familiares, devem, em sua medida, passar pela escola do sofrimento, uma espada deve passar através de seus próprios corações, como Simeão disse a Maria. No entanto, vamos todos nos lembrar que a aflição não nos abençoará, se for impacientemente suportada. Se batermos na ponta da faca ela nos ferirá. Se nos rebelarmos contra as dispensações de Deus, podemos transformar medicamentos em venenos e aumentar nossa dor, recusando-nos a suportá-la. Seja paciente, seja paciente, seja paciente e da nuvem escura deve cair uma chuva abundante! "Você já ouviu falar da paciência de Jó". Imite-o. "Você viu o fim que o Senhor lhe deu". Sejam pacientes na tribulação. Alegrem-se nisto. "O Senhor é cheio de compaixão e de misericórdia." Apresentem-se a ele. Oh Espírito Divino, planta em nós a doce flor da paciência, por amor do nosso paciente Salvador! Amém.

Texto de Charles Haddon Spurgeon, em domínio público, traduzido, adaptado e reduzido pelo Pr Silvio Dutra.






5 - O Dever da Paciência

“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança.  Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” (Tg 1.2-4)

Nós, neste momento somos pouco capazes de formar uma concepção do estado da Igreja na era apostólica. O Cristianismo entre nós não possui nenhum dos males a que os cristãos primitivos foram expostos. Mas a que isso é devido? Está o Cristianismo mudado em tudo? ou é menos ofensivo do que era aos olhos dos homens ímpios? Não. É o mesmo de sempre, e, se aqueles que professam ser cristãos não são desprezados e odiados agora como eram nos tempos antigos, é porque eles mantêm "apenas a forma de piedade, e não têm o seu poder.” Deixe as pessoas entrarem no espírito do Cristianismo, agora, quanto ao que os cristãos fizeram nos dias apostólicos, e eles serão tratados precisamente como eles foram; pelo menos, as leis da terra admitirão isso; e, se não forem perseguidos até a morte, isto não será procedente de terem mais amor à piedade no coração carnal agora, do que havia então; mas em razão da maior proteção que é proporcionada pelas leis do país, e de um espírito de tolerância moderno que comumente é estabelecido.
A real e vital piedade foi então universalmente odiada, e é assim ainda. Não foi para os judeus convertidos na Palestina  que Tiago escreveu, mas para "as doze tribos que andavam dispersas.", ou seja os cristãos judeus que viviam fora dos termos de Israel. A religião não foi perseguida apenas parcialmente, mas em todas as partes e em todos os lugares, e ainda é, em todos os lugares, porque os cristãos  são uma pedra de tropeço para os judeus, e loucura para os gregos, e todos aqueles que cultivarem isto, mais cedo ou mais tarde precisarão ter o consolo do nosso texto administrado a eles para apoiá-los.
Nas palavras que lemos, vemos,
I. A parte designada por povo de Deus.
Nos séculos anteriores eram odiados por causa da justiça.
Volte ao tempo de Abel. Você bem sabe que ele foi assassinado por seu próprio irmão Caim. E qual foi a razão da inimizade de Caim contra ele? Somos informados em I João 3.12: "não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas.”. Desça a todas as épocas sucessivas, e você ainda irá encontrar a mesma inimizade subsistindo entre a semente da mulher e a semente da serpente. Como a luz e as trevas, assim também Cristo e Belial, tanto em si mesmo e em seus membros, sempre foram, e sempre serão, opostos um ao outro, 2 Cor 6.14,15. Assim, a diversidade de provações a que os piedosos foram expostos, são apresentadas em resumo no 11º capítulo da Epístola aos Hebreus: "Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição;  outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões.  Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados  (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra.”
Vá ao tempo de Cristo e seus apóstolos: pode-se esperar que a sua luz superior e piedade, e os inúmeros milagres com os quais a sua missão divina foi confirmada, iria livrá-los de tal tratamento mau; e,  especialmente, que o Senhor Jesus Cristo, cujo caráter era tão impecável, e cuja sabedoria era infinita, fosse capaz de superar os preconceitos de um mundo enfatuado e cego. Mas eles somente foram mais expostos aos insultos e crueldade dos ímpios em tal proporção que a sua luz brilhou com um esplendor mais brilhante. E todos os que nos primeiros séculos da Igreja se tornaram  seguidores de Jesus, foram, em sua medida, submetidos às mesmas tentações, e tiveram que beber do mesmo cálice amargo.
O mesmo tratamento que lhes foi dado é encontrado nos presentes dias.
Temos observado que uma mera forma de piedade passará sem sofrer oposição; mas a piedade real e vital, nos sujeitará à censura em nossos dias, mais do que nunca. "Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” (2 Tim 3.12). Esse tipo de piedade que surge a  partir de si mesma e termina em si mesma, vai nos levar a estarmos no favor do mundo, mas a que é derivada completamente de Cristo como sua boa fonte e autor, e que é exercida exclusivamente para o  avanço de sua glória, é, e sempre será, odiosa aos olhos dos  ímpios, precipitará a fúria dos demônios;  e um homem que incorpora isso em sua vida e conversação não pode escapar da perseguição mais do que o próprio Cristo podia.
Receber tudo de Cristo, e fazer tudo por Cristo, é a própria essência da piedade cristã, e ao exigir isto de seus seguidores, o nosso bendito Senhor legou à sua Igreja uma fonte que nunca falha quanto ao mundo. Isto ele mesmo nos diz: "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.  Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra.  Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa.” (Mt 10.34,35)
Consequentemente, encontramos de modo universal, que, quando uma pessoa começa a viver pela fé no Senhor Jesus Cristo, e a dedicar-se ao seu serviço, todos os seus amigos e parentes ficarão alarmados, e tentarão, por todos os métodos de ridicularização, ou ameaça, ou  persuasão, desviá-lo de seu propósito. Deixe ele viver com todo o descuido de sua alma, e ninguém vai se incomodar com ele. Ele pode viver toda a sua vida em tal estado, e nenhum amigo vai exortá-lo a servir ao Senhor, mas a menor abordagem da piedade será desencorajada por cada amigo e parente que ele tiver. Não que a religião será desaprovada como religião em si; algum nome mal deve ser dado a isto em primeiro lugar, e em seguida, será reprovado sob esse caráter. Mas as próprias pessoas que mantêm na mais alta veneração os nomes dos apóstolos e dos grandes reformadores da nossa Igreja, e que elevariam santuários e monumentos aos santos falecidos punirão os santos vivos com o maior rancor; e fossem os apóstolos ou reformadores viverem novamente na terra, e receberiam o mesmo tratamento daqueles que lhes foi dado pelo povo da época em que eles viveram. Se eles chamaram de Belzebu ao Dono da casa, é em vão para qualquer um dos seus servos abrigar a esperança de que ele deve escapar de uma acusação semelhante.
Dolorosa como essa parte é a carne e o sangue, ninguém precisa temer isto, se atender às
II. Instruções dos  Apóstolo em relação a isto.
Deus graciosamente designa a seu povo esta parte, a fim de promover seu bem-estar espiritual, e para progressivamente transformá-los à imagem divina em verdadeira justiça e santidade. Daí Tiago exortar os seus irmãos que estavam sendo afligidos a considerarem suas provações como um meio para um fim; e,
1. Para darem boas-vindas aos meios.
A própria tendência das tentações é trabalhar a paciência em nossas almas. Elas, primeiro, operam efetivamente para a produção de impaciência, ou, melhor, devo dizer, para suscitar aquelas disposições más que se escondem em nossos corações. Desde que tenhamos o nosso orgulho em alguma medida, subjugado, não sabemos como suportar a indelicadeza que recebemos; nós nos preocupamos sob isto, e nos iramos como o novilho ainda não domado, mas quando descobrimos a nossa fraqueza, temos vergonha disso, e nos humilhamos diante de Deus por conta disso, e imploramos a sua graça para nos apoiar, e assim, somos gradualmente instruídos pela disciplina, e somos, finalmente, "fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria, dando graças ao Pai", Col 1.11, que tem feito em nós uma grande mudança de coração e de vida que nos  expõe à inimizade do mundo ímpio.
Agora, quando vemos o que o nosso bom Deus nos designou para estas tentações, devemos não somente estar reconciliados com elas, mas ser gratos por elas, como diz o apóstolo: "tenham por motivo de grande alegria o passardes por várias tentações.", pois, o preço pode ser muito grande para a aquisição de algo tão valioso como a de um espírito manso, submisso e paciente? Nós submetemos nossa vontade a muitas coisas que desagradam a carne e o sangue para o avanço da nossa saúde física, e não devemos ficar felizes em não tomar as prescrições do nosso celeste Médico para a saúde de nossas almas? Que importa que sejam impalatáveis para o nossos gosto? Devemos considerar a aflição como algo bom, quando sabemos quais os benefícios que  resultarão delas; e isto é assegurado: “que  os sofrimentos da presente vida não são dignos de serem comparados com o peso da glória que há de ser revelada em nós.", Rom 8.18. Quando vemos, portanto, as nuvens se reunindo ao nosso redor, não devemos ficar alarmados, mas devemos dizer sim, com o agricultor cuja lavoura está morrendo com a seca, agora Deus está prestes a renovar e frutificar meu coração estéril, e suas nuvens devem cair copiosamente na minha alma. E no que meditam seus inimigos, senão somente no mal? Isto deveria trazer qualquer preocupação para você, quando sabe que eles têm se empenhado somente para anular tudo o que é bom? Digo, com o profeta : "Não temais" quaisquer ameaças, por maiores que elas possam parecer, nem se queixem de qualquer tentação, embora seja opressiva, mas se alegrem em meio a elas no seu Deus, e lhe bendigam por estar lhes considerando “dignos para suportá-las”, e aceitá-las como um inestimável "presente de suas mãos" , "e" ter prazer nelas" por saber o que elas vão certamente produzir para o seu bem-estar e para a “glória de Deus”, I Pe 4.14-16.
2. Para cultivar o fim.
Deus tem designado as provações como um meio de torná-lo semelhante a ele, que "foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.”, Is 53.7. Busquem experimentar esse benefício delas, e "tenha a paciência a sua obra perfeita em vocês, para que sejas perfeitos e completos, sem faltar nada.", não se queixe que suas tentações são pesadas, ou de longa duração, mas esteja mais ansioso para ter a sua escória consumida, do que ter a intensidade do forno reduzida. Foi "por meio de sofrimentos que o Senhor Jesus Cristo foi aperfeiçoado", Heb 2.10, e se "Ele aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu", não devemos estar prontos para aprendê-la da mesma forma? Estamos sempre prontos para pensar que a perfeição consiste em virtude ativa, mas Deus não é nem um pouco menos honrado na virtude passiva, e quando a paciência até agora tem operado em sua alma como para fazê-lo "gloriar-se nas tribulações" por amor ao Senhor, e você possa dizer a partir do íntimo de sua alma, em todas as circunstâncias, "Não a minha vontade, mas seja feita a tua", você terá atingido aquela medida de santidade que constitui a perfeição, e você vai em breve, como o trigo que está completamente maduro, ser guardado no celeiro de seu Pai celestial. Você já leu que Jesus, depois de ter sofrido a cruz, desprezando a vergonha, se assentou à direita do trono de Deus, esteja então contente, por "sofrer juntamente com ele, para que, no devido tempo, você possa ser glorificado." Que este seja o seu único objetivo; e ore para que "o Deus de paz, que tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus através do sangue da aliança eterna, lhe aperfeiçoe em toda boa obra para fazer a sua vontade, operando em você o que é bom e agradável à sua vista, através de Cristo Jesus.”
Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de Charles Simeon, em domínio público.








6 - A ESCOLA DA PACIÊNCIA

"Pacientes na tribulação" (Romanos 12.12)

Há muitas escolas no mundo onde podemos aprender muitas lições valiosas, mas somente há uma em que pode ser ensinado a suportarmos os nossos problemas com paciência, e que é a escola de Cristo. Em uma grande escola pública um menino tem que enfrentar muitas dificuldades, e uma rigorosa disciplina, mas, no fim, isto faz dele um homem preparado para a vida.
Então, na escola de Cristo, temos algumas tarefas muito difíceis, o uso das mesmas, nem sempre entendemos; a disciplina, por vezes, é muito severa, nossos corações ficam muitas vezes doridos, os nossos olhos muitas vezes vertem lágrimas, mas se usarmos essas lições da maneira correta elas irão fazer homens de nós, homens cristãos aqui na Terra, e nos preparar para o grande porvir, quando o nosso tempo de escola estará concluído, e iremos para a casa do nosso Pai.
Quando Paulo disse aos cristãos em Roma, para serem pacientes na tribulação, ele estava escrevendo para aqueles que eram eruditos na escola de Cristo. Eles viviam numa das cidades mais pervertidas do mundo, e sob o olhar de um imperador que era um monstro de crueldade. Se ele soubesse que eles eram cristãos, infligiria neles todos os tipos concebíveis de torturas  horríveis.
Todas as vezes que eles se encontravam para a adoração eles estavam em perigo de vida. No entanto, eles perseveraram. Por quê? Porque estavam na escola de Cristo, e tinham aprendido entre outras coisas que todo aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, quem perder a sua vida por amor a Cristo e ao Evangelho terá a vida eterna.
Aqueles mártires cristãos não poderiam ter suportado as suas tristezas e provações caso não o tivessem aprendido. Antes eles haviam retribuído mal por mal, murmuravam e ficavam aflitos, mas agora eles tinham aprendido a lição de serem alegres na esperança e pacientes na tribulação.
Acredite-me, não há nenhuma escola como a escola de Cristo, nenhum professor como a Cruz. Em alguns hospitais há uma sala onde os pacientes são preparados para uma cirurgia. Quando eles voltam a si, eles acham que deixaram algo para trás deles, uma perna, um braço, uma mão, ou algum órgão interno, e que eles estão indo recomeçar a vida como pessoas novas e saudáveis. É assim com o povo de Cristo. Temos que passar pela sala de cirurgia, a sala de tristezas e tentações, temos que  suportar o bisturi afiado; e quando voltamos a nós mesmos achamos que deixamos algo para trás, algo que, talvez, era tão precioso como a nossa mão direita, ou o nosso olho direito, mas sabemos que isso significa saúde para a nossa alma, nós somos novas criaturas, que estavam morrendo, e eis que vivemos. Assim aprendemos a lição de ouro, muitas vezes aprendida com lágrimas, para sermos pacientes na tribulação.
É frequentemente perguntado por que Deus, que é amor, permite tanta tristeza e sofrimento assim no mundo, especialmente no caso daqueles que estão levando as mais puras e santas vidas. Certamente essa pergunta e dúvida é muito irrazoável. Não questionamos o amor de um pai que castiga seu filho, ou um professor que governa os seus alunos de forma rigorosa, ou um comandante que mantém severa disciplina entre os seus soldados. Por que deveria a escola de Deus ser a única onde não há lágrimas que são derramadas?
Algumas pessoas gostam muito de criticar o método de Deus de governar o mundo. Elas parecem pensar que se eles estivessem no lugar do Todo-Poderoso fariam  muito melhor. Elas nos dizem que tal e tal declaração na Bíblia relativas aos atos de Deus não são justas, nem corretas; eles dizem que sabem melhor, e que Deus não será rigoroso para punir o que é feito errado, e que não punirá o pecado, porque não agrada a um Pai amoroso fazer Seus filhos sofrerem.
Meus irmãos, que direito temos nós para questionar os atos do Deus Todo-Poderoso? Somos mais sábios do que Deus, o filho está mais apto para aconselhar do que o pai, deveria o barro discutir com o oleiro, ou o restolho resistir ao poder do fogo? Não, deixe-nos sentir que o que Deus faz, não sabemos agora, mas saberemos mais tarde. Somos filhos na escola, vamos aprender as lições, mesmo se tivermos que chorar por causa delas.
Se você fosse viajar na Suíça entre as montanhas, e quisesse subir até o topo do sublime Alpes, e os guias lhe  mostrassem um caminho íngreme, muito estreito e, por vezes muito perigoso, e eles dissessem que esse é o caminho; e se você hesitasse, e dissesse que o caminho era muito difícil para você, e que deveria subir de alguma outra maneira, a resposta seria que aquela era a única maneira, e você não poderia chegar ao topo da montanha, exceto por esse caminho difícil. Assim é a Vontade de Deus que se quisermos chegar ao terreno elevado da Terra Melhor, temos que viajar no caminho da dor que conduz através do Getsêmani e do Calvário, é a Sua boa vontade que passemos por grande tribulação para chegarmos ao nosso descanso.
Se o jardineiro permitir que as árvores do jardim, ou as plantas na estufa, cresçam selvagens e luxuriantes à sua própria vontade, ele sabe que haverá pouco ou nenhum fruto  no próximo ano. Então ele as poda. Isto parece algo muito duro, talvez, que os galhos e ramos devam ser podados e cortados tão radicalmente, mas veja a próxima estação, e você encontrará as rosas mais fortes e os frutos mais abundantes. Deus poda seu povo com uma dor aguda, um luto amargo, que produzirá mais fruto de santificação, mais flores brancas de pureza.
Quando os homens vão a uma mineração de ouro, muitas vezes encontram o metal precioso alojado no quartzo. E ali ele é inútil. Então, eles esmagam o quartzo, e do esmagamento vem o ouro fino. Meus irmãos, o melhor ouro em nossa natureza sai no esmagamento. Nós temos que ser passados no moinho antes que o melhor de nós possa ser revelado.
A pedra preciosa que brilha entre as jóias da coroa teve que ser severamente cortada e polida, antes de ser aquilo que se tornou. Jóias brutas são de pouco valor, elas precisam de métodos rígidos afiados antes de se tornarem realmente valiosas, e assim sucede com os cristãos. Deus deseja que todo o Seu povo seja salvo, deve ser a mais preciosa jóia de ouro refinado, então, Ele implanta em nós a nossa boa qualidade através do moinho da dor e do sofrimento.
Então, Deus nos envia sofrimentos para nos tornar mais aptos para ajudar a outros na dura batalha da vida. Devemos ter trilhado o caminho áspero dos nossos próprios sofrimentos  antes de estarmos aptos para orientar os outros ao longo do mesmo. Diz-se que os fabricantes dos melhores violinos produzem seu  som maravilhoso, quebrando e consertando habilmente novos instrumentos, que, quando feitos pela primeira vez tinham pouco poder melodioso. Quando Deus nos quebra com um duro problema, Ele sabe como nos consertar novamente, e nós damos daí por diante a música da gentileza, do amor e altruísmo, que éramos incapazes de ter antes. Alguma vez você já viu homens consertando uma estrada em nossas grandes cidades? O rolo compressor pesado esmaga toda a rugosidade das pedras, e faz um caminho fácil para as pessoas viajarem. Assim, Deus nos envia provações e aflições que esmagam os pontos duros, afiados do nosso caráter, e nos faz aptos para ajudar os outros na viagem da terra para o céu.
O homem próspero, com um forte corpo saudável, e uma voz alta e arrogante, não pode compreender os sentimentos do sofredor aflito, ou o entristecido pelo leito de morte. Ele não sabe, ele não pode compreender quando estamos numa grande dor ou tristeza, e desejamos que alguém que já sentiu dor e tristeza, seja encontrado para ministrar a nós. Aquela pessoa que diz que sabe o que eu sinto. A mãe com seus filhos todos ao seu redor, saudável e feliz, não pode simpatizar plenamente com as tristezas daquela outra mãe que chora pela cama vazia onde seu filho querido morreu. O melhor ferro tem sido temperado pelo fogo e pela prensa, de modo que o melhor e mais verdadeiro do povo de Deus se formou na escola da tristeza.
A tentação sempre tem ocupado um lugar de destaque na produção dos santos de Deus. Olhe para Elias. A melhor parte de seu caráter não se mostrou até que ele passou pelo  vento impetuoso, e pelo terremoto, e o fogo. Então, ele pôde ouvir a voz suave que lhe falava. Irmãos, às vezes ouvimos Deus nos falando pela primeira vez, quando temos passado por uma grande aflição. Quando o sol estava brilhando, e todas as coisas sorrindo para nós, negligenciávamos a Deus, e não podíamos ouvi-lo falar conosco. Então o grande vento da aflição se levantou, e quebrou a nossa casa de delícias, e destruiu nosso barco de prazer, e depois da tempestade ouvimos a voz mansa e delicada. Ou o terremoto veio e engoliu a nossa propriedade, e os ídolos que fizemos por nós mesmos para adorar, e depois do terremoto ouvimos a voz do Senhor. Ou o fogo veio feroz, a tentação ardente, e passamos por aquele fogo pela misericórdia de Deus, assim como os três jovens santos que foram jogados na fornalha; fomos provados no fogo, mas não consumidos, e depois do fogo, ouvimos a voz de Deus.
São os melhores soldados aqueles que passaram pelo fogo e a fumaça da batalha, e são os melhores cristãos aqueles que  enfrentaram a tempestade, e o fogo, e o terremoto, que têm conhecido a tristeza. Veja o profeta Jonas. A melhor parte dele não foi revelada até que ele foi julgado severamente. Quando Deus preparou algo agradável a ele, fazendo surgir miraculosamente uma planta frondosa, Jonas estava mal-humorado, descontente, e desobediente, Deus ainda lhe deu a aboboreira, com a qual Jonas se alegrou em extremo. Isso nos ensina que o mesmo Deus nos envia prosperidade, bem como tristeza, e ainda que descontentes e ingratos, temos recebido dele coisas boas, às vezes.
Mas Deus ia fazer um homem melhor de Jonas, e assim ele lhe tirou a aboboreira que lhe dava prazer. O Senhor preparou um verme que feriu a planta e ela se secou.
Deus trata  assim com o Seu povo agora. Ele lhe tem dado algo que fez com que você ficasse muito alegre - saúde, dinheiro, esposa, filho. Talvez você pense mais neles do que em Deus. Você disse em seu coração, "Ora, eu nunca serei movido." Você se sentou à sombra confortável de sua prosperidade, e pensou que o amanhã seria como o ontem, e Deus não estava em todos os seus pensamentos. Então Deus, em Sua misericórdia, enviou o verme, alguma coisinha que podia fazer coisas grandes.
Você era forte e saudável, e se alegrava sobremaneira, e ficava contente com seus membros ativos e estrutura atlética, e alguma queda acidental, algum deslize ou tropeço, veio como o pequeno verme, e sua saúde e força em que você confiava, secou. Você fez um ídolo de uma esposa ou filho, você os amava mais do que a Deus, deixou que suas alegrias caseiras ficassem entre você e o seu dever, entre você e Jesus. Então, numa manhã o seu querido está febril e inquieto, e quase antes de conhecê-lo o verme veio e fez o seu trabalho, e sua planta de prazer ficou murcha e morreu.
Às vezes tristezas vêm sobre tristezas, como o vento oriental veio sobre Jonas depois que ele perdeu a aboboreira. Ele era um homem melhor depois de ter passado por aquela nuvem de problemas do que quando ele estava sentado à vontade sob a sua planta favorita. Ele aprendeu a ver a mão de Deus mais claramente no dia sombrio de sua perda do que no sol da prosperidade, assim como vemos as estrelas mais claramente quando o mundo está escuro. Jonas aprendeu a ver Deus em sua prosperidade e em sua adversidade. Vamos fazer o mesmo. Dores sem Deus são terríveis. Nunca suponha que o julgamento e aflição beneficiam as pessoas de si mesmas. Eles fazem algumas pessoas piores, como um criminoso é feito mais  endurecido pelo espancamento. Dores somente nos beneficiam quando podemos ver a mão de Deus dando o remédio amargo. Luto e perdas podem fazer algumas pessoas amaldiçoarem a Deus e morrer, e torná-las infiéis à bondade do Senhor.
A argila é endurecida como uma pedra no fogo, já a prata é derretida e purificada. Aqueles que não amam a Deus são como o barro, quando eles têm que passar pela fornalha ardente da aflição, eles saem mais duros do que quando entraram. Aqueles a quem o Espírito Santo tem dado o precioso fruto da paciência, veem Deus no fogo, e são purificados e tornados pessoas melhores. Sim, tristeza e perda, sem Deus são coisas terríveis. Nós lutamos, as chutamos, e apenas nos ferimos e nos magoamos ainda mais. A criança chamada a sofrer alguma dor aguda diz que pode suportar qualquer coisa se a mãe estiver no quarto. Assim, o filho de Deus pode suportar todas as coisas, mas se ele souber que Deus está com ele, e que por baixo de si estão os braços eternos.
Finalmente, como podemos aprender melhor a lição de ser pacientes na tribulação?
Não busque problemas no meio do caminho, e se retire antes que você seja convidado a enfrentá-los. Algumas pessoas estão sempre olhando para as nuvens de tempestade, mesmo no melhor dia, e estragam as suas horas mais felizes, antecipando problemas. Aproveite o sol brilhante e a chuva como eles vêm, e acredito que o mesmo Deus amoroso manda ambos. Então mantenha-se muito próximo de Deus. Não viva longe de Jesus, quando você está próspero, e tente correr para Ele em busca de abrigo quando a tempestade vier. Mantenha-se perto dEle sempre, então você estará seguro. O pai diz a um filho tímido: mantenha-se sob o cuidado da mão de sua mãe. Durante toda a jornada da vida, mantenha-se seguro na mão do Senhor Jesus. Em tempos de prosperidade apegue-se à mão que alimentou os cinco mil no deserto. Em tempos de tristeza e provação segure-se rapidamente na mão que foi pregada na amarga cruz do Calvário. Eu disse que somente aqueles que têm conhecido a tristeza podem simpatizar com os entristecidos. Quem pode entender os nossos problemas, assim como Jesus?
Há um pulsar de nossos nervos trêmulos, um soluço de nosso peito ofegante, uma dor de nossos feridas, um desolado coração que não encontre eco no Homem de Dores? Traga suas dores e problemas a Ele em oração. Diga-lhe completa e voluntariamente. Abra o seu coração a Jesus. Muitas de nossas orações são desperdiçadas porque elas não têm objetivo definido nem propósito. Tenha um objetivo fixo, um objetivo bem definido diante de você, e seu pedido irá acertar diretamente o alvo.

Tradução e adaptação de um sermão em domínio publico de Harry John Wilmot – Buxton

Nota do tradutor: Louvo muito ao Senhor Jesus porque neste 19-10-2013, quando traduzia este texto, recebi a triste notícia de que alguém muito querido e amado fora terrivelmente ferido, um ser amado que vive comigo debaixo do mesmo teto. Isto foi bem cedo pela manhã, enquanto estávamos bem no início do trabalho de tradução.
Acompanhamos sua cirurgia, compramos e começamos a lhe ministrar os medicamentos necessários para a sua recuperação, e voltamos ao nosso posto de trabalho, para concluir a tarefa que havíamos começado e compartilhá-la com os amados antes que o dia acabasse.
Grande é o amor e a misericórdia de Jesus que nos fortalece no dia da angústia para estarmos calmos e sossegados em Sua presença fazendo o trabalho do qual fomos encarregados por Ele a fazer.







7 - A Paciência Bíblica

Os apóstolos Paulo, Pedro e Tiago, falaram do grande valor da paciência que é operada pelas tribulações na vida cristã (Rom 5.3,4; II Cor 1.6; 6.4; Tg 1.3,4,12; 5.11; I Pe 2.20; 2 Pe 1.6).
A palavra no original grego para paciência é hupomoné, e que é traduzida também como perseverança ou constância.
Na verdade as três formas de interpretar se somam na transmissão do pensamento bíblico sobre o seu uso.
A paciência cristã não se relaciona a indolência, passividade, resignação, mas à ação de perseverar na fé com constância no aprendizado e prática das virtudes que estão na nossa nova natureza obtida em Jesus Cristo.
Daí o apóstolo Pedro ter se referido ao crescimento na graça e no conhecimento de Jesus, como sendo, principalmente:
2Pe 1:5 por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento;
2Pe 1:6 com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade;
2Pe 1:7 com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.
É pela graça da paciência (perseverança, constância) que podemos prosseguir no cumprimento dos nossos deveres espirituais, notadamente aqueles que se referem à proclamação e testemunho do evangelho por e em nossas próprias vidas.
Nosso Senhor diz em Lucas 2;19: “É na vossa perseverança  (paciência, constância)  que ganhareis a vossa alma.”
A noção comum de que a palavra paciência na Bíblia reporta às pessoas calmas e tranquilas, ainda que isto seja uma virtude requerida, não corresponde, como vimos, ao uso bíblico desta palavra, que significa a nossa persistência em viver o evangelho, fazendo o bem e cumprindo a vontade de Deus revelada nos mandamentos, inclusive quando nos deparamos com tribulações, aflições e perseguições.
E isto deve ser aprendido na nossa carreira cristã, e será aperfeiçoado pelo Senhor, à medida em que lhe permanecermos fiéis.
Daí Tiago ter afirmado: “Ora, a perseverança  (ou paciência) deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” (Tg 1.4)
Esta obra perfeita ou completa que a perseverança deve ter, conforme dizer de Tiago neste versículo citado, pode ser exemplificada com a vida de Abraão, a do apóstolo Paulo e tantos outros que completaram a sua carreira, não somente no sentido de a terem concluído, quanto também no de terem sido confirmados na fé, permanecendo firmes e fiéis a Deus, especialmente nas aflições e tribulações que sofreram por amor a Ele e à Sua vontade.
Não somos chamados como cristãos, a termos e demonstrarmos paciência (suportar aflições em graça, com gratidão a Deus em nossos corações) em determinadas situações específicas, mas em todo o curso de nossas vidas, e em todas as circunstâncias.
Por conseguinte, é necessário amadurecimento espiritual na Palavra, no poder do Espírito Santo, e para isto, contribuirão de modo particular as tribulações que experimentamos ao longo da nossa jornada neste mundo.
“Rom 5:3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança;
Rom 5:4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.”
Paulo continuava sua caminhada espiritual sempre se gloriando, mesmo nas tribulações. Elas jamais seriam motivo para que parasse com a sua fidelidade a Deus e a sua chamada ministerial, mesmo nas várias prisões que sofreu, porque sabia que tudo contribuiria afinal para confirmá-lo para ser inabalável na perseverança, na experiência e na esperança.
Na perseverança, por ser constante em sua fidelidade.
Na experiência, por conhecer com convicção firme e inabalável o Deus no qual havia crido.
Na esperança, pela certeza do cuidado de Deus em sua vida, e da coroa de justiça que esperava por ele na glória.
Ele não se gloriava nas tribulações, nem mesmo na sua perseverança, experiência ou esperança, mas em Jesus Cristo, por meio de quem recebeu todas as coisas que dizem respeito à salvação e à vida eterna.
Ele se gloriava em Cristo nas tribulações que sofreu.
Nada conseguiu fazer com que a sua glorificação de Deus fosse interrompida por qualquer circunstância, quer agradável ou desagradável.







8 - Lutando contra a Impaciência

Por John Piper

Isaías 30:1-5
"Ai dos filhos rebeldes," diz o SENHOR, "
que tomam conselho, mas não de mim,
e que fazem aliança, mas não pelo meu Espírito,
para acrescentarem pecado a pecado;
que se põem a caminho para descer ao Egito,
sem pedirem o meu conselho,
para refugiarem-se na proteção de Faraó,
e buscarem abrigo na sombra do Egito!
Portanto, a força de Faraó se vos tornará
em vergonha, e o abrigo na sombra do Egito
em humilhação.
Pois embora os seus oficiais estejam em Zoã,
e os seus embaixadores cheguem a Hanes,
eles se envergonharão
de um povo que de nada lhes servirá,
nem de ajuda, nem de proveito,
porém de vergonha como também de opróbrio."
No Lugar de Deus, no ritmo de Deus
Impaciência é uma forma de incredulidade. É o que nós começamos a sentir quando começamos a duvidar da sabedoria do tempo de Deus ou da bondade da sua orientação. Ela brota no nosso coração quando a estrada para o sucesso torna-se turva ou coberta de pedras ou bloqueada por alguma árvore caída. A batalha contra a impaciência pode ser um pouco conflitante quando em uma longa espera na fila do caixa. Ou pode ser uma batalha bem maior quando em uma deficiência ou doença ou circunstância que destrói parcialmente seus sonhos.
O oposto de impaciência não é uma pouco sincera e superficial negação da frustração. O oposto de impaciência é uma profunda, madura e pacífica prontidão em esperar por Deus onde você está no lugar de obediência, ou para perseverar no ritmo que ele permite na estrada da obediência - esperar no seu lugar, ou ir no seu ritmo.
A Luta Contra a Incredulidade
Quando a maneira que você planejou seguir seu dia, ou o modo que planejou viver sua vida é interrompido ou retardado, a incredulidade da impaciência o tenta em duas direções, dependendo parte em sua personalidade, parte nas circunstâncias.
1. Por um lado ela o tenta a desistir, pular fora. Se vai haver frustração e oposição e dificuldade, então eu vou simplesmente esquecer. Eu não vou continuar nesse emprego, ou aceitar esse desafio, criar essa criança, ou ficar nesse casamento. Esse é um modo pelo qual a incredulidade da paciência o tenta. Desistir.
2. Por outro lado, a impaciência o tenta a dar contra-golpes precipitados nos obstáculos em seu caminho. Ela o tenta a ser impetuoso ou precipitado ou impulsivo ou negligente. Se você não liga seu carro, faz a volta e vai pra casa, você se enfia em um desvio mal sinalizado para tentar vencer o sistema.
Seja qual for o modo que você tenha que lutar contra a impaciência, o ponto principal hoje é que isto é uma luta contra a incredulidade e portanto não é meramente uma questão de personalidade. A questão é se você vive pela fé e se você herda a promessa de vida eterna. Ouça esses versos para perceber quão vital essa batalha é:
Lucas 21:19 - "Pela vossa perseverança [paciência] ganhareis as vossas almas."
Romanos 2:7 - "Deus dará a vida eterna às pessoas que perseveram em fazer o bem e buscam a glória, a honra e a vida imortal."
Hebreus 6:12 - "Para que não vos torneis indolentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas."
Paciência em fazer a vontade de Deus não é uma virtude opcional na vida cristã. E a razão é porque a fé não é uma virtude opcional. Paciência em fazer o bem é o fruto da fé. E impaciência é o fruto da incredulidade. Dessa forma a batalha contra a impaciência é uma batalha contra a incredulidade. E assim a arma chefe é a Palavra de Deus, especialmente suas promessas.
Como o salmista lutou contra a impaciência
Antes de olharmos em Isaías 30, eu quero que você veja essa relação entre as promessas de Deus e a paciência do que crê no Salmo 130:5. Como o salmista luta contra a impaciência no seu coração?
“Aguardo o Senhor; a minha alma o aguarda,
E espero na sua palavra.”
"Esperar no Senhor" é um modo no Velho Testamento de descrever o oposto de impaciência. Esperar no Senhor é o oposto de correr na frente do Senhor e é o oposto de desistir do Senhor. É ficar no seu lugar designado enquanto ele diz para ficar, ou ir no ritmo designado por ele quando ele diz para ir. Não é impetuoso e não é desesperador.
Agora como o salmista mantém sua paciência enquanto espera o Senhor lhe mostrar o próximo movimento? O verso 5 diz, "Aguardo o Senhor; a minha alma o aguarda, e ESPERO NA SUA PALAVRA." A força que te sustém em paciência é a esperança e a fonte de esperança é a Palavra de Deus. "E espero na sua palavra!" E esperança é apenas fé no tempo futuro. Hebreus diz, "Fé é a certeza das coisas que se esperam."
Então o que temos no Salmo 130:5 é uma ilustração clara de que o modo de lutar contra a impaciência é fortalecer sua esperança (ou fé) em Deus, e a maneira de fortalecer sua esperança em Deus é escutar sua Palavra, especialmente suas promessas.
Se você é tentado a não esperar pacificamente por Deus, a não deixar ele te dar o seu próximo movimento - se você é tentado a desistir dele ou continuar sem ele - por favor perceba que esse é um momento de grande batalha espiritual. Tome a espada do Espírito, a Palavra de Deus (Efésios 6:17), e manuseie algumas maravilhosas promessas contra o inimigo da impaciência.
O Lado Impetuoso da Impaciência
Agora vamos ver uma ilustração de Israel quando ele não fez isso. Nos dias de Isaías, Israel foi ameaçado por inimigos como a Assíria. Naqueles tempos Deus enviou o profeta com sua palavra para dizer a Israel como ele queria que eles respondessem às ameaças. Mas uma vez Israel ficou impaciente com o tempo de Deus. O perigo estava tão próximo. A possibilidade de sucesso estava tão pequena. Isaías 30:1-2 descreve o que Israel fez na sua impaciência.
Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que realizam planos, mas não os meus; e que fazem alianças, mas não pelo meu Espírito, para acrescentarem pecado a pecado; que se põem a caminho para descer ao Egito, sem pedirem o meu conselho, para refugiarem-se na proteção de Faraó, e buscarem abrigo na sombra do Egito!
Este é o oposto de esperar no Senhor. Israel tornou-se impaciente. Deus não libertou-os na hora ou do modo como esperavam, e a paciência foi embora. Eles mandaram buscar ajuda do Egito. Eles fizeram um plano e um tratado, mas eles não eram de Deus. As palavras-chave estão no verso 2: "Eles se puseram a caminho para descer ao Egito, SEM PEDIREM O MEU CONSELHO."
Essa é uma perfeita ilustração do lado impetuoso da impaciência. Isto é onde muitos de nós pecamos quase diariamente: nos colocar à frente de nossos próprios planos sem parar para consultar o Senhor.
O Aviso do Senhor
Então o Senhor dá um aviso no verso 3: "Portanto, a força de Faraó [o rei do Egito!] se vos tornará em vergonha, e o abrigo na sombra do Egito em humilhação." Em outras palavras, sua impaciência vai ser um tiro pela culatra contra vocês. O Egito não vai libertá-los; ele será sua vergonha. Sua impaciência irá tornar-se em humilhação.
Isso significou um aviso para todos nós. Quando nosso caminho está bloqueado e o Senhor diz para esperar, é melhor confiarmos nele e esperar, porque se nós corrermos na frente sem consultá-lo, nossos planos provavelmente não serão seus planos e eles trarão vergonha para nós ao invés de glória. (Veja Isaías 50:10-11 e o caso de Abraão e Agar para o mesmo ponto.)
O que Deveria Ser Feito Então?
O que Israel deveria ter feito? O que deveríamos nós fazer quando nos sentimos encaixotados por obstáculos e frustrações? A resposta é dada no verso 15 e no verso 18.
Pois assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel, "Voltando e descansando, sereis salvos; no sossego e na confiança estará a vossa força." Por isso o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará, para se compadecer de vós. Porque o Senhor é um Deus de justiça; bem-aventurados todos os que por ele esperam.
Aqui estão duas grandes promessas essa manhã que deveriam te dar forte incentivo para superar a incredulidade da impaciência.
Verso 15: "No sossego e na confiança estará a vossa força." Em outras palavras, se você descansar em Deus, se você olhar para ele ao invés de precipitar-se com o Egito, se você confiar nele, então ele vai te dar toda força que você precisa para ser paciente e para lidar com todas as pressões onde você está.
Então o verso 18: "Bem-aventurados todos os que por ele esperam." Deus promete que se você esperar pacientemente por sua direção e ajuda, ao invés de mergulhar na frente "sem pedir o seu conselho," ele te dará uma grande benção.
Pregando para Sua Própria Alma
Essa é a maneira que você luta contra a incredulidade da impaciência. Você prega para sua alma com avisos e promessas. Você diz, Olhe o que aconteceu a Israel quando eles agiram impacientemente e foram ao Egito em busca de ajuda ao invés de esperar em Deus. Eles foram envergonhados e humilhados. E então você diz para sua alma: mas olhe o que Deus promete a nós se descansamos nele e ficamos quietos e confiantes. Ele nos fortificará e nos salvará. Ele diz que irá nos abençoar se nós esperarmos pacientemente por ele.
Então você deve usar a promessa em Isaías 49:23,
Os que esperam em mim não serão envergonhados.
E então Isaías 64:4,
Nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera.
E finalmente 40:31,
Mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.
Assim você luta contra a incredulidade da impaciência usando as promessas de Deus para persuadir seu coração de que o tempo de Deus, a orientação de Deus e a soberania de Deus vão tomar essa situação frustrante, presa e improdutiva e fazer dela alguma coisa de valor eterno. Virá uma benção, uma força, uma justificação, um crescimento com asas como de águias.
A Prova de Paciência de Charles Simeon
Deixe-me finalizar com uma ilustração de um homem que viveu e morreu em uma batalha de sucesso contra a incredulidade da impaciência. Seu nome era Charles Simeon. Ele foi pastor na Igreja da Inglaterra de 1782 a 1836 na Igreja Trinity em Cambridge. Ele foi nomeado para sua igreja por um bispo contra a vontade do povo. Eles se opunham a ele não porque ele era um mal pregador mas porque ele era um evangelista - ele acreditava na Bíblia e clamava à conversão e à santidade e à missões mundiais.
Por 12 anos o povo recusou deixá-lo dar os sermões nos cultos de domingo a tarde. E durante esse tempo eles boicotaram os cultos de domingo de manhã e trancaram seus bancos reservados de maneira que ninguém podia sentar-se neles. Ele pregou para pessoas nos corredores por 12 anos! Como ele aguentou?
Neste estado de coisas eu não vi outro remédio senão fé e paciência. [Note a conexão de fé e paciência!] A passagem da escritura que dominava e controlava minha mente era essa, "O servo do Senhor não deve contender." [Nota: A arma na luta por fé e paciência era a Palavra!] Era doloroso de fato ver a igreja, exceto os corredores, quase abandonados; mas eu pensava que se Deus somente desse uma benção em dobro para a congregação que comparecesse, no total seria tão bem feito quanto se a congregação fosse dobrada e a benção limitada a apenas metade da quantia. Isso me confortou muitas, muitas vezes, quando sem esse tipo de reflexão, eu teria afundado debaixo dos meus fardos. (Charles Simeon, por H.C.G.Moule, p. 39)
Onde ele conseguiu a certeza de que se ele seguisse o caminho da paciência, haveria uma benção no seu trabalho que compensaria a frustração de ter todos os bancos trancados? Ele a conseguiu, sem dúvida, de textos como Isaías 30:18, "Bem-aventurados aqueles que esperam no Senhor." A Palavra venceu a incredulidade e a confiança venceu a impaciência.
Vinte e quatro anos depois ele estava morrendo. Era Outubro em 1836. As semanas não acabavam, da mesma forma que para muitos de nossos santos em Bethlehem quando estavam esperando a morte. Eu aprendi que a batalha contra a impaciência pode se tornar muito intensa no leito da morte. Em 21 de Outubro aqueles que estavam ao redor de sua cama escutaram ele dizer essas palavras lentamente e com longas pausas:
A sabedoria infinita tem providenciado tudo com amor infinito; e o poder infinito me capacita - a descansar nesse amor. Eu estou nas mãos de um querido Pai - tudo está seguro. Quando eu olho para Ele, não vejo nada além de fidelidade - imutabilidade- e verdade; e eu tenho a mais doce paz - eu não posso ter mais paz. (Charles Simeon, p. 172)
A razão pela qual Simeon podia morrer dessa forma é porque ele treinou a si mesmo por 54 anos a ir às Escrituras e segurar a infinita sabedoria e amor e poder de Deus e os usar para vencer a incredulidade da impaciência.

E então eu te encorajo nas palavras de Hebreus 6:12, "Sejam imitadores de" Charles Simeon e de todos "aqueles que pela fé e paciência herdam as promessas."







9 - Paciência na Aflição

Os cristãos não devem ser vingativos nem injuriosos, mas devem bendizer aqueles que praticam o mal contra eles, porque a vocação deles para se esforçarem em prol da salvação dos pecadores, demandará deles tal atitude, e é agindo deste modo que são abençoados por Deus (I Pe 3.9).

O apóstolo confirma as palavras do Salmo 34.12-16 como sendo a fórmula da vida abençoada por Deus.

Ali se destaca a necessidade de se refrear a língua da maledicência e do engano; o ato de se separar do mal e praticar o bem, e buscar a paz e permanecer nela (I Pe 3.10,11).

E o motivo de tal necessidade é apresentado como sendo o fato de que os olhos de Deus estão voltados para os justos, e os Seus ouvidos abertos para atender às suas orações, mas o rosto do Senhor é contra aqueles que praticam o mal (I Pe 3.12).

E para reforçar o argumento para a prática das coisas que havia ordenado, o apóstolo afirmou que não é comum que alguém se disponha a fazer o mal a quem é zeloso do bem. Revelando com isto que é sendo zeloso do bem que se evita muitos males (I Pe 3.13).

Porém, sabendo que há um sofrimento injusto que os cristãos padecem da parte de outros, o qual é permitido por Deus para a provação da fé deles, Pedro diz que os cristãos continuam sendo bem-aventurados aos olhos de Deus quando padecem tais sofrimentos por amor da justiça, e não devem temer as ameaças dos seus inimigos, e nem ficarem com suas mentes e corações turbados por causa deles, mas, permanecerem em santificação com Cristo em seus corações, sujeitando-se ao Seu Senhorio, de maneira que continuem dando um bom testemunho do evangelho, com mansidão em seus corações (I Pe 3.14,15).

Os que sofrem devem ter no entanto uma boa consciência, isto é, eles devem se assegurar que não estão sofrendo por nenhum mau procedimento deles, de maneira que não tenham qualquer sustentação as palavras injuriosas daqueles que falam contra o seu bom procedimento em Cristo (I Pe 3.16).

Afinal, sofrem pelo seu amor à verdade, não propriamente à verdade de fatos históricos, mas à verdade relativa à revelação da vontade de Deus para os homens, feita por e em Nosso Senhor Jesus Cristo.

Não são os seus próprios pontos de vista que estão defendendo, mas a verdade revelada por Deus, nas Escrituras, que são discernidas em santidade, no Espírito Santo.

E isto lhes trará oposições e perseguições, como as que eles estavam padecendo sob o imperador romano Nero.

O apóstolo revela que está na esfera da vontade soberana de Deus que passemos por determinadas aflições, apesar de estarmos fazendo o bem, e procurando somente o bem do nosso próximo, especialmente por lhes anunciar o evangelho verdadeiro que é poderoso para salvar as suas almas.

Cristo havia passado pelo mesmo tipo de sofrimentos para servir de modelo para nós naquilo que sofremos por causa do nosso amor à justiça do evangelho (I Pe 3.17).

E não havia nEle nenhum pecado ou injustiça como há em nós. Mas assim como Ele sofreu até a morte de cruz, para que pudesse quitar a dívida dos nossos pecados, nós devemos nos armar do mesmo sentimento estando dispostos a sofrer em favor da salvação dos eleitos de Deus (I Pe 3.18).

Cristo morreu na carne, mas não no espírito, e antes de que estivesse num corpo glorificado depois da Sua ressurreição, Ele foi em espírito aos espíritos em prisão.

Não é dito no texto bíblico qual foi o propósito da Sua ida até eles, mas podemos, com base no todo da revelação, inferir que foi provavelmente para pregar que a condenação daqueles espíritos rebeldes que haviam morrido nas águas do dilúvio, apesar da longanimidade de Deus ter esperado para lhes trazer a destruição, e nem assim eles se converteram com a pregação de Noé.

O Senhor tendo ido a eles depois da Sua morte na cruz deve lhes ter revelado que foi a salvação que haveria nEle que eles rejeitaram por terem fechado seus ouvidos e corações à pregação de Noé.

Certamente não foi a possibilidade de salvação de algum deles que Jesus foi lhes pregar porque estavam presos em cadeias há séculos, e seria impossível que Deus tivesse feito um juízo incorreto em relação a eles.

Pedro citou isto em sua epístola para servir de alerta aos seus leitores; e para que a pregação do evangelho com base nesta passagem da sua epístola, deixasse de modo bastante claro que não se deve abusar da longanimidade de Deus, pela qual adia, mas não suspende o Seu juízo, tal como haviam feito aqueles que morreram no dilúvio, e que não deram o devido crédito à pregação de Noé.

A arca livrou Noé do dilúvio. A arca era uma figura de Cristo, no qual somos salvos pela nossa associação com Ele no nosso batismo tanto na Sua morte, quanto na Sua ressurreição.

Os que dão crédito à pregação do evangelho serão salvos assim como Noé foi salvo, por ter dado crédito à Palavra de Deus (I Pe 3.19-22), que aponta Cristo como o Único que pode nos justificar do pecado, quando morremos juntamente com Ele para vivermos em novidade de vida, no Espírito.

Há esperança se salvação enquanto vivemos neste mundo, porque se diz que: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,” (Hb 9.27).

“Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm utilidade e são fúteis.
Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez,
pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando, e por si mesma está condenada.” (Tito 3.9-11)








10 - Paciência na Tribulação (Rom 12.12)

Os sofrimentos e tribulações suportados com paciência cristã são agradáveis a Deus, conforme se declara em  I Pe 2.18-20, porque Ele determinou no Seu conselho eterno, que:

- Aqueles que pertencem a Cristo devem compartilhar dos Seus sofrimentos em alguma medida.
Nosso Senhor foi o maior dos injustiçados, porque não tinha qualquer pecado, mas na sua identificação conosco, para a nossa salvação, suportou com paciência tudo o que sofreu, visando ao nosso bem.
Como Seus seguidores, devemos imitar o Seu exemplo, em prol da salvação de outros.

- A paciência na tribulação (Rom 12.12) dá aos cristãos a oportunidade de experimentarem o poder sobrenatural do Espírito Santo, que lhes é concedido para terem alegria e paz em meio aos seus sofrimentos.
E nisto, a fé e confiança deles em Deus é aperfeiçoada, lhes capacitando para toda boa obra, em meio a toda e qualquer tribulação e perseguição.

- o gozo que se sente em meio às aflições, suportando as injustiças e perseguições sofridas com paciência, por amor ao Senhor e ao evangelho, é a principal marca da eleição do cristão, ou seja, ele terá a plena certeza da sua salvação, porque sem a assistência do Espírito Santo no coração, não é possível mantê-lo alegre e em paz em tais circunstâncias adversas.








11 - Paciência nas Perseguições (I Pedro 3.14-22)

Por Matthew Henry

Santificamos a Deus diante dos demais homens quando nossa conduta os convida, e os estimula a glorificá-lo e honrá-lo. Qual era a base e a razão da esperança deles? Sejamos capazes de defender nossa religião com mansidão no temor de Deus. Não há lugar para outros temores onde há este grande título: Não perturbe!
A consciência está em boas condições quando desempenha bem o seu ofício. Em triste condição está a pessoa na qual encontram-se o pecado e o sofrimento; o pecado faz com que o sofrimento seja extremo e destrutivo. Seguramente é melhor sofrer por fazer o bem do que por fazer o mal que a nossa impaciência natural sugere em algumas ocasiões.
O exemplo de Cristo é um argumento em prol da paciência quando se sofre. No caso do sofrimento de nosso Senhor, Ele não conheceu pecado, mas sofreu no lugar daqueles que não conheciam a justiça. A intenção e a finalidade bendita de nosso Senhor foi reconciliar-nos a Deus e levar-nos à glória eterna. Foi levado à morte em sua natureza humana, porém, ressuscitado pelo poder do Espírito Santo. Se Cristo não pôde ser livre dos sofrimentos, por que os crentes pensam que poderiam?
Deus toma o exato conhecimento dos meios e dos benefícios que as pessoas de todas as épocas possuem. Quanto ao mundo antigo, Cristo enviou o seu Espírito advertindo a Noé.
Ainda que a paciência de Deus espere por muito tempo, cessará ao final. Assim que o espírito de cada pecador desobediente estiver fora de seu corpo, será entregue à prisão do inferno, onde agora estão os que desprezaram a advertência de Noé, e do qual não há redenção.
A salvação de Noé na arca, flutuando sobre as águas que o levaram sobre o dilúvio, obteve a salvação de todos os crentes verdadeiros daquela época. Esta salvação temporal pela arca tipificou a salvação eterna dos crentes e o batismo do Espírito Santo. Para evitar erros, o apóstolo declara o que quer dizer por batismo que salva; ele não é a cerimônia exterior da lavagem com água que em si mesma não faz nada mais do que tirar a imundícia da carne, mas o batismo do qual a água batismal é um sinal. Não é a ordenança externa, mas o homem, pela regeneração do espírito, é capacitado a arrepender-se, professar a fé e propor-se à nova vida reta e na presença de Deus. Procuremos não nos apoiarmos em formas exteriores. Aprendamos a ver as ordenanças de Deus espiritualmente e a inquirir pelo efeito espiritual e a obra delas em nossas consciências. Desejaríamos que toda a religião se reduzisse a coisas exteriores, porém, muitos dos que foram batizados e participaram constantemente das ordenanças seguiram sem Cristo, morreram em seus pecados e agora estão além do resgate. Então, não descansemos até que sejamos limpos pelo Espírito de Cristo e pelo sangue de Cristo. Sua ressurreição dentre os mortos é o que nos assegura a purificação e a paz.





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