sexta-feira, 23 de outubro de 2015

151) Vivificação e Renovação 152) Unção

151) VIVIFICAÇÃO E RENOVAÇÃO

ÍNDICE

1 - Revitalizando e Revigorando
2 - Curados por Amor
3 - Como Vencer o Abatimento de Alma
4 - “...e os povos renovem as suas forças.” (Isaías 41.1)
5 - "Abandonaste o teu primeiro amor" - Apocalipse 2:4
6 - Retorno à Vitalidade Original
7 - O ESPÍRITO É QUEM VIVIFICA
8 - Ações Renovadas Procedem de Corações Renovados


1 - Revitalizando e Revigorando

Tradução, adaptação e redução do sermão de nº 1350 de Charles Haddon Spurgeon, elaboradas pelo Pr Silvio Dutra.

"Vivifica-me segundo a tua palavra." (Salmo 119.25)

Você encontrará Davi proferindo esta petição frequentemente. É a sua oração favorita, "vivifica-me, ó Senhor!" E, como Davi era como nós, de fato, a sua experiência é o espelho da experiência de todos os crentes - você pode depender disto, todos nós temos uma grande necessidade de orar como ele, "vivifica-me, ó Senhor! " Se ele sentiu uma frieza e como se estivesse morto, com muita frequência lhe assaltando, assim também nós. Ele achava que era difícil suportar um estado tão miserável como este? Então, nós devemos, também, detestar e abominar isto. E como ele clamou ao Forte por força e sabia que a revitalização deveria vir de Deus, devemos conhecer - eu confio que conhecemos - o mesmo recurso sob a mesma necessidade. Portanto, que seja a nossa oração agora e deixar a oração ser repetida muitas vezes "Vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra."
Como devemos entender essa revitalização? Isto significa, é claro, fazer com que viva, mantendo vivo, e dando mais vida, numa palavra, vivificando. Ele estava vivo - ele era um homem espiritual, ou então ele não teria pedido para ser revivificado. Homens mortos nunca oram: "Vivifica-me". É um sinal de que já há vida, quando alguém é capaz de dizer: "Dá-me a vida, ó Senhor!" Esta não é a oração do não convertido! É a oração de um homem que já está regenerado e tem o amor de Deus em sua alma - "vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra." A revitalização, é claro, vem a nós, em primeiro lugar, pela regeneração. É então que recebemos a vida espiritual. E como não há vida natural no mundo, exceto a de que Deus é o autor, então com certeza na nova criação não há vida espiritual, exceto a que Deus criou.
A primeira vitalização é aquela que vem sobre nós quando começamos a sentir nossa necessidade de um Salvador, quando começamos a perceber a preciosidade desse Salvador e quando, com um dedo fraco, vamos tocar a orla das vestes do Salvador. Então estamos vivificados em novidade de vida! Mas esta vida espiritual precisa ser mantida viva. É como a vida de um fogo que deve ser alimentado com o combustível e com o suprimento de oxigênio. É como a nossa vida natural, que precisa de alimento para sustentá-la e precisa de ar para respirar, para a sua continuidade. Somos tanto criaturas do poder de Deus em nossa continuação de vida como no início de nossa vida! E, espiritualmente, somos  tão devedores à Graça Divina que permanecemos crentes tanto quanto nos tornamos crentes.
Tão logo entramos na vida espiritual, a oração é o mais apropriado como um instinto sagrado: "Senhor, continua esta vida em minha alma, continua a vivificar-me, pois, se tu não fizeres isso, eu não tenho vida em mim separadamente de ti e eu morreria se eu fosse cortado de ti, assim como um galho quando cortado da videira. Continue, portanto, bom Senhor, a vivificar-me."
Obviamente, também, algum revigoramento especial e animação da vida deve estar implícito aqui. As árvores, durante todo o inverno, estão vivas. Sua seiva está nelas quando lançam suas folhas. A vitalidade não é extinta, embora o nosso poeta de "As Estações" cante:
"Como morto o reino vegetal se encontra: Como mudo o coro afinado!"
Um ato divino de poder mantém secretamente a vida, escondida até a primavera chegar. Então, as correntes de gelo são quebradas, o calor começa a iluminar os botões fechados, a seiva flui e as árvores, nas suas cores revivificadas e seus botões eclodindo, dão essa promessa do retorno da folhagem e flores que, num sentido muito especial, delas pode ser dito que estão vivificadas.
Assim, amado, você vê que, em primeiro lugar, Deus nos dá a vida, então Ele mantém a vida. E então, em tempos e estações, ele dá vigor para esta vida de modo que ela se torna mais evidente e forte. Eu gostaria que Deus levasse algum pobre pecador a orar no primeiro sentido da palavra: "Senhor, vivifica-me! Dê-me vida!" Isto seria um sinal de que a vida estava por vir! Eu gostaria que cada cristão orasse incessantemente a oração no segundo sentido - "Vivifica-me, Senhor" - isto é, "continuamente mantenha-me fiel e verdadeiro à Tua Palavra." E, em seguida, em terceiro lugar, eu gostaria que todos nós fôssemos para o terceiro sentido e disséssemos: "Senhor, encoraja-me, vivifica-me, levanta-me até uma vida superior. Enche-me com mais de Seu Espírito Santo e assim torna-me-ei mais fiel e mais parecido com o seu Filho Jesus, sempre vivo, que tem vida em si mesmo ".
Primeiro, irmãos e irmãs, gostaria de atribuir algumas razões pelas quais você precisa ser vivificado. Em segundo lugar, gostaria de salientar alguns modos para obter isto. Em terceiro lugar, devemos mencionar algumas maneiras em que isto é operado. E, em quarto lugar, vamos sugerir alguns argumentos, como o salmista utilizou, para a sua obtenção.
I. Há muitas razões pelas quais devemos buscar vivificação. Você não pode ignorar o que é confessado no texto  - por causa da influência mortal deste mundo  -"Minha alma se une ao pó: vivifica-me segundo a tua palavra." Estamos cercados de poeira. Estamos associados com a poeira. As melhores e mais brilhantes coisas que estão neste mundo são feitas de pó. E quanto a nós, embora tenhamos dentro de nós uma nova e maior vida que não tem fraternidade com o pó (a nova criatura), há uma antiga vida que nos pertence (o velho homem), que é o irmão do pó que diz ao verme: "Você é minha irmã." "És pó, e ao pó tornarás", é verdade para cada um de nós.
E ainda, amados, não podemos nos alimentar de pó - que é a comida da serpente - e não nossa. A nova vida em nós anseia por algo mais elevado, mas a velha natureza tenta se contentar com o pó  - ela se apega a ele – e o  pó se apega a ela. Você sabe que a preocupação de um dia agitado, muitas vezes, diminui seu ardor em oração e desqualifica os seus pensamentos para a meditação piedosa? Você não pode pensar muito sobre o tesouro celestial, se você pensa e valoriza muito os bens deste mundo.
As riquezas são muitas vezes um estorvo perigoso para aqueles que buscam a justiça de Deus. Elas levam o coração para longe de Deus. Mathew Henry, em seu próprio estilo afiado, nos adverte que o cuidado no sentido de obter, o medo em manter, a tentação de usar, a culpa em abusar, a tristeza em perder e a responsabilidade de dar conta de ouro e prata, casas e terras, acumulam um fardo pesado para ser suportado por quem tem uma consciência livre de ofensa para com Deus e para com o homem. E, no entanto, se você tem muito pouco da riqueza deste mundo, você vai encontrar na pobreza uma dura provação. Os cuidados da pobreza, como os de propriedade, muitas vezes quebram o repouso tranquilo que a nossa fé deve desfrutar.
Não há nada neste mundo para ajudar a nova vida espiritual do cristão - tudo é contra ele! Nossa alma se apega à poeira.
Agora, como você não pode ficar fora do mundo, ore para que possa superar a sua influência. Vocês homens de negócios, chefes de família, vocês que lideram e vocês que seguem,  todos vocês devem ainda estar no mundo e estar juntos com os homens do mundo, portanto, clamem a Deus, sim, clamem poderosamente: "Senhor, livra-nos da influência mortal do mundo em que vivemos! Revitaliza-nos, nós te pedimos, dia a dia!"
Uma segunda razão para a nossa necessidade de revitalização repousa na influência da vaidade - da que é realmente pecaminosa. Veja o versículo 37 "Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade, e vivifica-me no teu caminho." Como nós estamos no mundo, vemos uma grande quantidade daquilo que é prejudicial para nós. Os pecados dos outros deixam algum tipo de mancha na consciência. Pergunto-me se você pode ler um jornal e verificar a história de um assassinato ou um assalto, ou pesquisar com olhar mais distante qualquer livro da história do pecado de seus companheiros sem ser, em certo grau, ferido. Somos obrigados a ver muito de vaidade e pecado cotidianamente. E isto não se limita a palavras torpes.
Nossos olhos ficam muitas vezes fascinados com essas vaidades do mundo. O mundo coloca uma pele muito bela. Ele pinta o rosto como Jezabel. E nem sempre é fácil, como Jeú, detestá-la, e dizer: "arremessai-a, e deixai que os cães a consumam." Não temos nada a ver com este mundo vão! Nós não somos cidadãos desta terra!
Há, portanto, uma segunda razão por que devemos buscar por revitalização. Às vezes, teremos necessidade de clamar por revitalização porque estamos rodeados por enganadores. Veja os versos 87 e 88 "Quase que me têm consumido sobre a terra, mas eu não deixei os teus preceitos Vivifica-me segundo a tua benignidade; assim guardarei o testemunho da tua boca." Se vocês muitas vezes são atacados por inimigos e se esses inimigos são pessoas de sua própria casa, se eles zombam da sua fé, se eles fazem pilhéria da santidade com propósito de causar dor em você, certamente você vai precisar de uma grande quantidade da graça divina para não ficar aborrecido.
Para ser sempre uma pomba - uma pomba no meio dos corvos. Para ser sempre um cordeiro - um cordeiro no meio de lobos, não é tão fácil. É preciso ter muita vida espiritual, que fará com que seja capaz de, sábia e discretamente, se comportar no meio daqueles que ficam à espreita para pegá-lo em cada palavra que diz. Lembre-se de como Davi atuou no tribunal de Saul, quando Saul olhou para ele. Pureza imaculada é a política mais segura. Embora Saul perseguisse Davi, ele não podia ver qualquer falha ou qualquer acusação que pudesse fazer contra ele. Oh, que todos vocês, jovens, especialmente aqueles que são submetidos ao escárnio e desprezo por causa da sua fidelidade a Cristo, possam ser duplamente abençoados com graça - vocês podem ser, de fato, vitalizados para a vida espiritual completa para que possam estar de pé nas provas de perseguição, censura, desconfiança, falsidade e calúnia que é certo que virão sobre vocês.
Não ore para se livrar da injúria -  em vez disso regozije-se por ser achado digno de sofrer afrontas por amor de seu Salvador! Você pode orar, se quiser, para que o sofrimento seja aliviado porque a sua força é pequena. Você pode orar para que a sua fuga não seja no inverno, mas não faça disso o objetivo especial de sua petição. Em vez disso ore por graça para suportá-lo! Ore pela vida, a vida espiritual, pela qual você pode superar todas as coisas.
Outra razão para a busca de revitalização será encontrada no versículo 107: "Estou muito aflito: vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra". Em épocas de aflição, estamos muito propensos a cair em um estado de mente frio e sombrio.
Se você está com dor, este tipo de aflição tem uma grande tendência a distrair a mente. Quem pode pensar quando a cabeça está latejando? Quem pode ficar calmo quando a dor lhe atravessa todo o corpo? Não é fácil. Bem, agora, nós temos razão, quando nos sentimos fracos, quando sentimos que a mente está sofrendo em simpatia com o corpo, a clamar: "Senhor, deixe a graça triunfar sobre a natureza. Deixe seu Espírito agir com poder - seu bendito Espírito consolador – para levantar-me sobre o peso, que agora está sobre mim, para que eu possa me gloriar na tribulação porque seu poder está sobre mim."

II. Agora, vamos passar a descrever algumas das formas de se procurar por vivificação. Estas são muitas. Procure isto por causa do que você é. Você é um cristão e, portanto, já está vivo com Deus. A vida procura mais vida, é sua tendência natural. Se há vida em uma árvore, ela procura colocá-la em seus ramos. E quando ela teve seu surto de crescimento na primavera, você vai notar que ela começa a procurar então por seu surto de verão. E, quando o crescimento é superior no meio do verão, a árvore sempre tem um olho para o crescimento da primavera seguinte! E antes que as folhas velhas caiam ela já está preparando as novas. A vida está sempre visando mais vida. É uma lei da natureza. Há uma propagação continuamente progredindo em que a vida se desenvolve e se multiplica. Agora, se você tem a nova vida espiritual implantada pelo Espírito Santo, você procurará por mais. Se você não espera por mais vida, certamente deve ser porque você não tem vida. O homem que vive no espírito terá a certeza de clamar a Deus para que ele tenha vida em abundância.
O próximo motivo não é apenas por causa do que você é, mas por causa do que deveria ser. Aqui está uma pergunta para você que eu vou deixar você responder - "Que tipo de pessoas devemos ser em santidade e piedade?" Nós gostamos, às vezes, de resolver um problema. Existe uma forma de resolver. Tire uma foto, se puder, do que você deveria ser. Eu vou lhe dizer, se você tirar a foto com precisão, o que dever ser revelado? Deve ser como Jesus Cristo! Essa é a resposta para esta pergunta: "Que tipo de pessoas devemos ser?"
Agora, Cristo estava cheio de vida. Embora ele não se esforçou ou clamou, ou levantou a sua voz, ou fez com que fosse ouvida nas ruas por meio de buscar notoriedade popular, ainda que a vida estivesse nele! Ele era a luz da vida! Não havia nada estagnado, indiferente ou sem propósito em qualquer das suas ações ou em toda a sua carreira. Ora, a vida de Cristo era tão completa que parecia fluir, mesmo para as suas vestes, porque, quando tocaram suas vestes, saiu virtude dele! Ó Amados, devemos ser assim! À medida que somos resgatados, que somos vivificados por Cristo, como somos membros do seu corpo, como pertencemos a Ele, devemos nos considerar mortos para o pecado, mas vivos para Deus por Jesus Cristo!
Acima de todos os homens que vivem, o cristão deve viver no grau mais vigoroso. Nós temos uma corrida para correr! Não devemos rastejar e engatinhar, ou não vamos ganhar o prêmio. Temos uma batalha para lutar! Se embainharmos nossa espada, tirarmos nossa armadura e irmos dormir, como poderemos vencer os nossos inimigos espirituais? Temos uma agonia para suportar, de acordo com o seu poder que opera em nós poderosamente, e não pode haver esta resistência até ao sangue, combatendo contra o pecado, a menos que todas as nossas afeições sejam despertadas e todos os nossos poderes sejam movidos para a batalha interior maravilhosa. Devemos pedir a revitalização por causa do que deveríamos ser.
Então, devemos pedir revitalização por causa do que haveremos de ser. "Ainda não se manifestou o que haveremos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos como Ele é". Irmãos e irmãs, vocês devem ser de um espírito puro no Céu! Sejam espirituais agora! Irmãos e Irmãs, vocês irão cantar entre os anjos! Ensaiem a música agora! Irmãos e Irmãs, vocês devem ver  o rosto do Senhor, que é como o sol que brilha em sua força! Não deixe seus olhos agora serem selados com pó! Deixe-os serem claros, tão claros quanto eles possam estar nessa atmosfera enevoada da Terra. Amados, vocês devem se sentar no trono com Cristo, pois Ele diz: "Como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono, por isso, também, vocês se sentarão comigo no meu trono." Lembre-se que você deve ser e se comportar de acordo com isto! Você não pode manter a dignidade da sua vocação, ou o seu destino celestial, a menos que você tenham uma abundância de vida espiritual para orar: "vivifica-me, ó Senhor."
Agora, voltando às próprias confissões e reflexões do salmista. Ele nos dá outro motivo para buscarmos isso no versículo 88: "Vivifica-me segundo a tua benignidade, para que eu guarde o testemunho da tua boca." Precisamos de revitalização, para o fim da obediência. Se nossa vida decai, então o poder do pecado terá o domínio sobre nós. Nós não podemos continuar no caminho da obediência e da sinceridade interior, a menos que diariamente nos vitalizemos. Tenho certeza que você quer ser santo. Bem, então, ore: "Vivifica-me". Não existe tal coisa como um santo morto, ele deve estar vivendo a santidade e você deve ser vivificado para ser obediente, pois não há tal coisa como obediência morta. Até ao altar de Deus no Velho Testamento trouxeram aves e mamiferos, mas nunca trouxeram peixes! Por quê? Porque eles não poderiam trazer peixes vivos e não deve haver sacrifício apresentado a Deus, senão o que tenha vida! Peça por vida, para que você possa ter obediência!
Estamos sempre em perigo de esquecer os preceitos de Deus. Assim, para revigorar as nossas memórias e fortalecer nossos corações, devemos estar vitalizados. Nada pode fazer um homem tão seguro de andar corretamente e desafiando todos os ataques de seus inimigos como a recepção da vida espiritual. O jovem só pode purificar o seu caminho, observando-o segundo a Palavra de Deus. Mas ele não pode ter cuidado com o seu caminhar,  se ele não estiver vivo no caminho. A vida é a grande coisa.
Se eu precisasse de algum motivo estarrecedor para despertar o relutante, eu iria recorrer às terríveis consequências de se perder a vida espiritual. Eu não quero dizer sobre a possibilidade de perdê-la, por completo, mas de falta da sua manifestação em nosso viver. Eu poderia lhe dizer de muitas congregações e igrejas, onde não há nenhuma evidência de vitalidade, crescimento ou aumento. É como se todos eles estivessem mortos. Eu não digo que não há vida espiritual, mas não há ninguém no sentido em que estou usando o termo. Eles caíram num sono profundo e os membros da Igreja são frios, apáticos, sem espírito.
A vida deles está no ponto mais baixo. Você não pode ter certeza que respiram. Com respirar quero me referir a um sopro de oração. Alguns deles não foram a uma reunião de oração, eles não poderiam dizer quando. E quando eles frequentam os cultos do Senhor hoje, não poucos deles, literalmente, dormem e os demais dormem com os olhos abertos. O pastor está cochilando, sonhando, roncando, falando em seu sono, com o qual se parece a sua pregação. Há muita pregação assim, um ronco inarticulado do evangelho eterno! O pregador, talvez, lê, ou então repete o que ele laboriosamente gravou na memória e fala como um menino de escola recita a sua lição. Oh, que o Senhor os vitalizasse! Que este lugar seja reduzido a cinzas e que a congregação seja espalhada aos quatro ventos do céu mais cedo do que deveria, antes de se tornar um enorme mausoléu, uma catacumba dos quais se pode dizer, "os mortos estão lá!". "sem a Graça vitalizadora em nós temos um nome de que vivemos e estamos mortos, como nosso Senhor se referiu aos cristãos da Igreja de Sardes. Deus nos salve disto! Guardai-vos!

III. Agora vamos mencionar brevemente algumas das maneiras pelas quais a vivificação pode ser trabalhada em nós.
Está claro que o Senhor mesmo deve fazê-lo. Isto deve ser procurado em oração porque é pelo Seu poder que deve ser trabalhado. A oração é, "vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra." Davi não espera que a revitalização venha de qualquer fonte, senão da divina. De onde a vida pode vir, senão do Deus vivo?  No versículo 37 nos é dito como o Senhor muitas vezes vitaliza o seu povo, ou seja, desviando os olhos de contemplarem a vaidade. "Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade, e vivifica-me no teu caminho."
O Senhor às vezes leva para longe a vaidade da qual fizemos o nosso ídolo, ou então Ele nos leva para longe do ídolo e não nos permite encontrar qualquer satisfação nele.
E vemos Davi se referindo aos preceitos do Senhor como o modo de ser vitalizado. Mas se pregarmos frequente e sinceramente os preceitos de nosso Senhor haverá ouvintes que reclamarão dizendo: "O pastor está se tornando legalista." Não, irmãos e irmãs, isto é  porque vocês estão recebendo a palavra como mortos, porque quando estiverem vivos, vocês amarão as Leis de Deus e os seus preceitos irão revitalizá-los. "Mas eles me causam dor", diz alguém. De fato, a dor para retornar à vida é algo terrível. Bem, assim é o que sucede com os preceitos de Deus quando Ele nos vivificam. Estas leis doem em nós, porque elas nos mostram nossos defeitos, expõem as nossas faltas e nos humilham. Irmãos e Irmãs, este é o modo de ser vivificado! Seja grato por esta dor, que é um indício da  vida. "Eu amo os teus preceitos, pois com eles tu me vivificaste."

IV. Nosso último ponto é indagar quais são as nossas reivindicações quando chegamos diante de Deus para pedir por vivificação. Que argumentos devemos usar? Bem, irmãos e irmãs, use primeiro o argumento de sua necessidade. O que quer que seja a sua necessidade, faça como fez Davi no verso 107 - "Estou muito aflito;. Vivifica-me" Ou tome o nosso texto, "A minha alma se apega ao pó, vivifica-me." Pleiteie as suas necessidades! Suas necessidades serão o argumento para o azeite e o vinho. Sua magreza e sua fome serão o argumento para um  banquete. Mostre ao Senhor o que você é e onde você está. Confesse-o diante dele e isso deve ser uma boa petição.
Também pleiteie, se isto estiver em seu poder para fazê-lo, o desejo sincero de que Deus tem acendido em você. Leia o versículo 40: "Eis que tenho desejado os teus preceitos; vivifica-me na tua justiça." Isto é, tanto quanto dizer: "Senhor, tenho tido grandes saudades de ti. Tu me deste esses desejos, e não irá satisfazê-los?” Puseste em mim uma fome pelo pão do céu só por uma questão de me torturar?" Amados, se você tem um desejo, você pode depender dele, o desejo dos justos será concedido. Deus não excita o apetite sem fornecer o alimento.
Se Ele fizer você ter fome e sede de justiça, lembre-se da promessa: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos." Eles não terão apenas um pouco, uma migalha ou duas para encher seus estômagos, mas eles serão fartos! Vá e alegue isto diante de Deus. "Tenho saudades de teus preceitos; vivifica-me na tua justiça." Há o segundo fundamento. E então você pode encontrar um terceiro na justiça de Deus, como vimos no versículo 40. Apele para sua justiça! Eu vejo você começando a voltar envergonhado? Eu ouço você dizendo: "Oh, não, eu não poderia apelar por isto, porque a justiça de Deus irá me condenar."
Pare um minuto. "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados." Porque, a justiça de Deus está do lado do homem que tem recebido a sua promessa porque seria injusto da parte de Deus quebrá-la! Ele não vai alterar uma única coisa que saiu de sua boca! O Senhor deu a Sua Palavra que Ele daria a Sua vida pelas pessoas. O próprio fato de lhes ter feito viver é a prova de que Ele quer continuar a fazê-los viver! Vá e pleiteie, então. Diga - "Em tua justiça, ó Senhor, vivifica-me."
Outro motivo para pedirmos a vivificação é o da bondade amorosa de Deus. Leia o versículo 88, "Vivifica-me segundo a tua benignidade." Olhe para o verso 149 - "Ouve a minha voz, segundo a tua benignidade: Ó Senhor, vivifica-me segundo o teu julgamento." E assim, mais uma vez no verso 156 - "Grandes são as tuas misericórdias, ó Senhor, vivifica-me segundo os teus juízos."
Ó Tu que me amas como um pai ama, dê-me mais vida!”
Jesus disse: "Aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá", disse também, "Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá ".
Deus lhe dê essa fé viva que é o símbolo da vida divina. A ele seja a glória para todo o sempre! Amém.







2 - Curados por Amor

“16 Ó Senhor por estas coisas vivem os homens, e inteiramente nelas está a vida do meu espírito; portanto restabelece-me, e faze-me viver.
17 Eis que foi para minha paz que eu estive em grande amargura; tu, porém, amando a minha alma, a livraste da cova da corrupção; porque lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados.” (Isaías 38.16,17)

O Senhor havia ordenado ao rei Ezequias que pusesse em ordem a sua casa, uma vez que morreria em breve.
Sabemos que o Senhor não voltou atrás quanto à exigência de colocar em ordem a sua casa – certamente os erros que ele vinha cometendo em seu reinado, e no possível afastamento da comunhão com Deus – apesar de ter revogado a sentença de morte imediata, tendo-lhe acrescentado 15 anos de vida.
Nós lemos nos versos do nosso texto uma parte da carta de gratidão e memorial que Ezequias escreveu após ter sido restaurado da sua enfermidade.
Ele se refere à sua necessidade de restauração espiritual – para que o Senhor o vivificasse por que disso dependia a vida do seu espírito.
Ele reconhece que foi para o seu retorno à paz e comunhão com o Senhor, que havia sido afligido pelos assírios e por sua enfermidade mortal; e isto lhe causara grande amargura de espírito.
Então declara que a causa do perdão dos seus pecados e o livramento da corrupção da sua alma foi o grande amor do Senhor por ele.
Assim como agiu em relação a Ezequias, Deus faz o mesmo com todos os seus filhos, pois os repreende e disciplina, especialmente através de tribulações, por amá-los, de maneira que abandonem seu viver pecaminoso e venham a andar de maneira ordeira na Sua santa presença.








3 - Como Vencer o Abatimento de Alma

Texto com base no Salmo 130.

Mesmo uma alma piedosa, depois de muita comunhão com Deus, pode, por causa do pecado, ser trazida a um estado de perplexidade como a que o salmista expressa no início deste salmo. Mesmo na aliança da graça não há uma provisão de permanente consolação para qualquer pessoa debaixo da culpa de grandes pecados, nos quais elas caíram.

Assim, pelo que significam, tais pecados vêm terrificar a consciência, quebrar os ossos da alma, e colocá-la em trevas, e lançá-la em profundezas insondáveis, apesar do alívio que é provido pelo perdão do sangue de Cristo. Mas a força de todo e qualquer pecado pode ser debilitada pela graça, contudo a raiz de nenhum pecado será completamente arrancada nesta vida.

Assim, não será algo estranho que em algumas vezes o próprio cristão fiel se encontre nestas profundezas de alma a que se refere o salmista. A alma regenerada pelo Espírito possui um princípio de graça que opera e trabalha continuamente para preservá-la do pecado. Então o próprio Espírito Santo que habita no cristão há de incitá-lo a buscar socorro na graça de Cristo, para ser arrancada deste abatimento de espírito.

Quando a presença de Cristo é perdida, pelos sinais visíveis de falta de paz no espírito, devemos nos esforçar com todo empenho para encontrá-lo, porque é nisto que está a cura da nossa angústia. É preciso crer na sua bondade, graça e misericórdia, e manter o coração firme na fé, ainda que debaixo da fraqueza produzida pelo pecado, porque disto depende a nossa cura. Este esforço para curar as feridas da alma deve ser empreendido, senão elas se ampliarão até a morte espiritual.

Os ferimentos do pecado devem ser tratados pelo Médico divino, mas Ele não operará se não for procurado. E esta procura é espiritual em oração e entrega do espírito ao Senhor. Davi conhecia bem este segredo, e nunca se permitiu ficar nas profundezas por motivo de indolência ou acomodação às enfermidades produzidas pelo pecado.

Ele partia em busca de alívio e de cura nAquele que é o único competente para tratar com os males da alma. Uma recuperação das profundezas é como uma nova conversão. O Espírito Santo dá às almas um senso renovado para que se apliquem no propósito de buscar a Deus. O trabalho inteiro é dele., mas é nosso dever orar e crer. Por isso é necessário ter um senso sincero do pecado. E nesta sinceridade devemos reconhecer a nossa culpa no que fazemos, deixamos de fazer ou pensamos, e sem este auto exame e julgamento em razão do pecado não podemos contar com uma confissão sincera que nos habilite ao perdão de Deus.

A condição para o nosso perdão é a confissão. Sem confissão não pode haver perdão. Sem a confissão ficaríamos insensíveis e faríamos pouco caso do pecado. Mas ao termos que declarar as nossas faltas e culpa reconhecemos que Deus é santo e exige santidade de nós. E tratamos o pecado com a devida seriedade com que deve ser tratado.

Devemos nos sujeitar debaixo da potente mão do Senhor, e receber de bom grado os juízos corretivos, por mais que estes nos doam, porque é assim que se acha graça em ocasião oportuna. Quanto mais tentarmos justificar a nós próprios, maiores abismos se abrirão e engolirão ainda mais o nosso espírito em suas profundezas.

A mão poderosa do Senhor tem o controle de tudo e todos. Ele pode fazer a alma esperar pelo Seu perdão em profundezas pelo tempo que bem Lhe aprouver, de modo que se cumpra todo o Seu propósito. A misericórdia e o perdão não vêm adiante de Deus como a luz do sol e as ondas do mar, que seguem um curso fixo e pré-determinado.

Isto é mais um fator para reforçar a necessidade do nosso temor e reverência diante dEle. A andarmos humildemente na Sua presença enquanto aguardamos pelo Seu favor. É por isso que o seu nome é Senhor. Ele tem o governo de nossas vidas, e cabe a Ele e não a nós conduzir o nosso caminhar.

Todos os frutos da bondade e graça de Deus são mantidos exclusivamente pela sua própria vontade soberana.
Esta é a Sua grande glória. Por isso Ele afirmou o que disse em Êx 33.19, quando Moisés lhe pediu que lhe mostrasse a Sua glória (Êx 33.18). A glória do Senhor está em manifestar a Sua graça e bondade. Não é de maneira indiscriminada que Ele concede o Seu perdão. Com isto dá grande valor à Sua graça. Ela não é barata porque é graça. Ela não é comum. E faríamos bem em atribuir a ela o mesmo valor que o Senhor lhe dá.

Ela é preciosa para nós, já que Deus tem misericórdia de quem quer ter misericórdia. Quão grande e permanente gratidão devem demonstrar os cristãos por terem sido alvo de tão precioso favor. Glórias são dadas a Deus no céu e na terra quando Ele manifesta a Sua bondade e misericórdia ao pecador. Por isso devemos ter paciência e fé, enquanto aguardamos pelo livramento do Senhor, em nos retirar das profundezas em que nos encontramos.

É no próprio Cristo, na comunhão com Ele, que seremos livrados. Assim, o que o salmista busca é o próprio Deus, é o próprio Jeová que sua alma espera. Não é apenas a graça, a misericórdia ou o alívio considerados de modo absoluto, mas o Deus de toda a graça que devemos esperar com grande expectativa.

O salmista esperava em Deus, e esperava na Sua Palavra, especialmente nas promessas da Palavra e nas suas demonstrações da bondade, misericórdia, graça, generosidade e amor de Deus. Quando as dificuldades surgem, e em nossos dilemas, tentações e desertos, devemos nos entreter com tais pensamentos sobre o caráter de Deus. Isto removerá de a impaciência e a ansiedade.

“1 Das profundezas clamo a ti, ó Senhor.
2 Senhor, escuta a minha voz; estejam os teus ouvidos atentos à voz das minhas súplicas.
3 Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá?
4 Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.
5 Aguardo ao Senhor; a minha alma o aguarda, e espero na sua palavra.
6 A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pelo romper da manhã, sim, mais do que os guardas pela manhã.
7 Espera, ó Israel, no Senhor! pois com o Senhor há benignidade, e com ele há copiosa redenção;
8 e ele remirá a Israel de todas as suas iniquidades.”







4 - “...e os povos renovem as suas forças.” (Isaías 41.1)

Todas as coisas na Terra necessitam ser renovadas. Nenhuma coisa criada persevera por si só. "Tu renovas a face da terra", foi a expressão do salmista. Até as árvores, que não se desgastam com cuidados, nem encurtam suas vidas com o trabalho, devem beber da chuva do céu e chupar dos tesouros escondidos no solo. Os cedros do Líbano, que Deus plantou, só vivem porque a cada dia eles estão cheios de seiva fresca tirada da terra. Nem pode a vida do homem ser sustentada sem a renovação de Deus. Assim como é necessário restaurar as energias do corpo, com frequentes refeições, assim também devemos restaurar as perdas da alma, alimentando-a com o Livro de Deus, ou pela audição da Palavra pregada. Como nossas graças são enfraquecidas quando os meios são negligenciados!
Quão pobres e famintos são alguns santos que vivem sem o uso diligente da Palavra de Deus e da oração secreta! Se a nossa piedade pode viver sem Deus ela não é de criação divina, é apenas um sonho, pois se Deus a tivesse feito nascer, ela iria esperar por Ele como as flores esperam pelo orvalho. Sem a constante restauração não estamos prontos para os ataques perpétuos do inferno, ou para as duras aflições do céu, ou até mesmo para as lutas interiores. Quando surge o turbilhão de vento, ai da árvore que não tem sugado seiva fresca, e se agarrado à rocha com muitas raízes torcidas. Quando surgem tempestades, ai dos marinheiros que não tiverem fortalecido o seu mastro, nem lançado sua âncora, nem buscado refúgio. Se tendemos a ficar mais fracos,  certamente o mal irá reunir forças e lutar desesperadamente para exercer domínio sobre nós, e assim, talvez, uma desolação dolorosa, e uma vergonha lamentável podem se seguir. Aproximemo-nos para o escabelo da misericórdia divina em humilde súplica, e vamos experimentar o cumprimento da promessa: "Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças."

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.








5 - "Abandonaste o teu primeiro amor" - Apocalipse 2:4

Sempre deve ser relembrado o momento mais extraordinário e mais radiante da nossa vida: o dia em que conhecemos o Senhor, perdemos o nosso fardo, recebemos o rol das promessas, nos regozijamos na alegria da plena salvação e seguimos em paz o nosso caminho.
Era primavera na alma; o inverno se fora; os trovões do Sinai se aquietaram; não se viam mais seus clarões; Deus estava satisfeito; a lei não ameaçava vingança, a justiça não exigia punição.
Naquele momento, as flores desabrocharam no nosso coração; esperança, amor, paz e paciência brotaram da terra; o jacinto do arrependimento, a campânula da verdadeira santidade, o açafrão dourado da fé preciosa, o narciso do primeiro amor - tudo recobriu o jardim da alma. O tempo do canto das aves chegou e nos alegramos com ações de graças; engrandecemos o nome santo do Deus perdoador e tomamos uma resolução: "Senhor, sou Teu, sou todo Teu; tudo o que sou, tudo o que tenho, quero dedicar a Ti. Tu me reconciliaste com Teu sangue - deixa-me dedicar minha vida a Ti e ao Teu serviço. Na vida e na morte quero me consagrar a Ti." Como será que temos mantido essa resolução? O nosso amor esponsal, que ardia com fogo santo de devoção por Jesus - será que ainda é o mesmo? Será que Jesus não poderia nos dizer: "Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor"?
Ah, Senhor! é tão pouco o que temos feito para a glória do nosso Mestre. Nosso inverno está se prolongando demais. Estamos frios como gelo quando deveríamos sentir o calor do verão e desabrochar com flores santas. Damos ao Senhor apenas uma ninharia quando Ele merece o melhor, ou mais, merece o sangue do nosso coração estampado no serviço da Sua igreja e da Sua verdade. Mas, continuaremos assim?
Ó Senhor, depois de haveres nos abençoado tão ricamente, como podemos ser tão ingratos e indiferentes à Tua causa e ao Teu serviço? Vivifica-nos, pois, para que retornemos ao nosso primeiro amor e às nossas primeiras obras! Dá-nos uma primavera esplêndida, ó Sol da Justiça.

Charles Haddon Spurgeon








6 - Retorno à Vitalidade Original

Quando o Espírito Santo começou a ser derramado em todas as nações, a partir de Jerusalém, no dia de Pentecostes, havia grande vitalidade na mensagem do evangelho que era pregado e ensinado em todas as partes por onde iam os apóstolos e os primeiros discípulos.
Isto ocorria porque a mensagem correspondia exatamente ao ensino que havia sido dado por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito Santo, aos apóstolos.
Os erros e heresias que eram introduzidos dissimuladamente por pessoas de mentes corrompidas, não se sustentavam quando confrontados com a verdade apostólica.
E isto pode ser visto especialmente nas muitas epístolas e nos evangelhos canônicos, que foram escritos para instruírem os cristãos quanto ao caminho em que deveriam andar.
Assim, o retorno ao ensino dos escritos apostólicos, constantes da Bíblia, sempre garantiriam uma renovada vitalidade da mensagem evangélica, que se refletiria no testemunho de vida e fé dos cristãos, quando estivesse ocorrendo qualquer forma de arrefecimento.
Não basta termos a Bíblia em nossas congregações.
Se a sua mensagem não for acatada e vivida, não se verá qualquer vitalidade, quer na mensagem, quer nas vidas dos cristãos.
Deus associou esta vitalidade espiritual à ousadia e coragem de se testemunhar a fé objetiva na Sua Palavra.
Não são portanto os movimentos de renovação, restauração, reforma, ou quaisquer outros, que são propriamente os canais do retorno à vitalidade original do Cristianismo, mas a afirmação da verdade nas vidas daqueles que são levantados por Deus para este propósito.
Pedro Valdo, John Huss e John Wycliff, por exemplo, inspiraram as vidas de muitos, inclusive dos chamados reformadores que a eles se seguiram.
Lutero, Calvino, Zwinglio e muitos outros, foram pessoas chaves de Deus em seus dias.
Depois deles, vieram os pietistas e os puritanos.
Não eram movimentos revolucionários, mas pessoas que haviam sido despertadas para a necessidade de se viver a mensagem do evagelho, do modo como ela nos é apresentada na Bíblia, porque é ali que encontramos o ensino de Jesus e dos seus apóstolos.  
Vieram depois dos puritanos, John Wesley, George Whitefield, Jonathan Edwards, Robert Murray MacCheyne, e mais recentemente, Charles Haddon Spurgeon e Martyn Lloyd Jones, para não citar muitos outros.
Podemos ter toda a segurança e certeza, ao estudar os escritos destes nomes citados, e daqueles que estão a eles vinculados, que estaremos bebendo na fonte da qual jorra a verdade.
Não há vitalidade espiritual verdadeira quando se bebe de outras fontes, das quais fluam ensinos que não correspondam à verdade original.
E o ensino desta verdade deve ser integral, ou seja, deve formar santos.
Deve portanto ter caráter formativo e não meramente informativo.  
Estas coisas que formam tanto estão relacionadas à doutrina sobre a pessoa e obra de Jesus em favor dos pecadores (redenção, justificação, regeneração e santificação), como também os deveres morais e espirituais que devem ser obedecidos e vividos, quer em família, quer nas congregações, quer na sociedade em geral.
Há sempre no ensino do Senhor e dos apóstolos, esta conjugação de fé e graça, associada com os deveres ordenados.
Por isso vemos tanto nos escritos apostólicos, como nos de todos os homens de Deus, que citamos anteriormente, esta integralidade em seus estudos bíblicos e sermões.
Não eram pastores preocupados em desenvolver um único texto bíblico ou um determinado tema por eles escolhido, senão, pessoas preocupadas em formar Cristo no coração dos seus leitores e ouvintes.
Este é o único caminho que garante a renovação da vitalidade espiritual onde ela houver esfriado.
Não há outro e nem mesmo pode haver, porque não há vida eterna e verdadeira fora da genuína mensagem do evangelho.







7 - O ESPÍRITO É QUEM VIVIFICA

Não foi Paulo que inventou a doutrina de que é o espírito que vivifica, mas isto foi uma revelação de nosso Senhor Jesus Cristo em seu ministério terreno:
“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.” (Jo 6.63)
Quando Jesus disse que as palavras que ele havia dito eram espírito e vida, isto significa que Suas palavras foram proferidas pelo Seu espírito.
Daí ter dito antes que é o espírito o que vivifica e que a carne para nada aproveita.
É fácil observarmos isto quando lemos os discursos que Ele proferiu e que foram registrados nos evangelhos. Nós logo vemos que há espírito e vida, por exemplo, nas palavras do Sermão do Monte, nos discursos do evangelho de João e em tudo mais que o Senhor fez e ensinou, não somente porque se trata da verdade, mas também porque foram proferidas pelo espírito e não pela carne.
Esta é a razão de muitos lerem a Bíblia no culto público, ou pregarem a verdade, e não transmitirem vida aos seus ouvintes, porque o fazem na carne, e não no espírito.
O que podemos entender então é que sempre que as palavras que são proferidas forem procedentes de um espírito liberado em comunhão com o Espírito Santo, o resultado será que a palavra transmitirá vida espiritual àqueles que as lerem ou ouvirem.
Por exemplo, os sermões de Spurgeon ainda falam com vida porque Ele andava no Espírito e pregava no Espírito, e ainda hoje nós podemos sentir o espírito e a vida que há nos seus sermões, porque foram pregados com palavras ensinadas pelo Espírito e com a unção do Espírito. Nós podemos sentir que são palavras que procederam de um espírito que estava liberado dos grilhões do velho homem, ou homem exterior, que ele havia mortificado.
O mesmo pode ser dito dos escritos da quase totalidade dos puritanos, especialmente de John Owen, Richard Sibbes, Richard Baxter, Thomas Manton, Thomas Watson, dentre outros.
Não há nada de influência ressecante nestes escritos, ao contrário, eles transmitem vida espiritual  porque foram produzidos em espírito, pela inspiração do Espírito Santo, em pessoas cujos espíritos estavam santificados e liberados para transmitirem vida a outros.
Então é um excelente critério para nortearmos a seleção dos louvores e dos sermões que ouvimos, dos livros e das mensagens que lemos, procurar identificar se é a carne ou o espírito que os produziram. Se foi a carne, gerará o que é carnal, natural, desta criação, porque o que é nascido da carne é carne. Mas se foi o espírito, gerará vida espiritual.      
Por isso se diz que o ministério da Igreja é o ministério do espírito (veja que é usado espírito com inicial minúscula no texto de II Cor 3.6,8):
 “o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.” (II Cor 3.6).
“como não será de maior glória o ministério do espírito?” (II Cor 3.8).
Então a glória da Nova Aliança excede a glória que havia no Velho Testamento, o qual foi inaugurado pela mediação de Moisés, e que por não possuir este caráter vivificador da Nova Aliança, fora substituído pela excelente glória do evangelho, por causa do caráter permanente deste, pelo qual muitos têm sido transformados e reconciliados com Deus para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo.
A dispensação do Espírito é a melhor dispensação e o período mais luminoso da história do mundo.
Devemos ter o cuidado de não cometer o mesmo pecado dos escribas e fariseus que não reconheceram o ministério do Messias e O rejeitaram, porque é possível estar totalmente alheio ao fato de que há um ministério do Espírito Santo acontecendo desde o Pentecostes ocorrido em Jerusalém, neste período que chamamos de dispensação da graça, que podemos também chamar de dispensação do Espírito Santo.
É de suma importância portanto que nos inteiremos de tudo o que se refira à Pessoa e obra do Espírito, tanto na história da Igreja como também e principalmente em nossos próprios dias, de modo a que nos empenhemos e sejamos achados como Seus cooperadores no trabalho que Ele está realizando no mundo.
Se é por meio do Espírito que tem sido derramado em todas as nações da terra, desde a morte e ressurreição de Jesus, que é produzida a vida de Deus nos corações, pela justificação que há em Cristo, e pelo novo nascimento do Espírito, então este ministério do Espírito não pode ser chamado de ministério de morte e de condenação, tal como a Antiga Aliança, porque não é este o seu propósito primordial, senão o de salvar, de dar vida, de reconciliar o pecador com Deus, de livrá-lo da morte espiritual e eterna, para que possa ter a vida abundante e eterna que há em Cristo.
Este é o ministério do qual estão incumbidos os ministros do evangelho. Não de ministrarem a morte e a condenação, mas a vida espiritual e a justiça que há em Cristo, e que estão sendo proclamadas e operadas pelo Espírito Santo através da sua ministração nesta Nova Aliança, que transforma pecadores em santos, pela sua santificação em graus cada vez maiores da manifestação da glória de Deus em suas vidas, para que sejam transformados cada vez mais à imagem e semelhança do próprio Cristo. 









8 - Ações Renovadas Procedem de Corações Renovados

Assim como não podemos deixar de respirar o ar em todo o tempo de nossas vidas, de igual modo, a nova vida recebida de Cristo não pode se manifestar em nós sem o respirar espiritual contínuo do Espírito Santo.
Necessitamos de diários e renovados enchimentos do Espírito Santo para sermos achados saudáveis espiritualmente falando.
E o modo de obtê-lo encontra-se prescrito na Palavra de Deus:

“... enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.” (Ef 5.19a-21).

É na comunhão dos santos, na busca contínua da mortificação e despojamento do pecado, no revestimento das virtudes de Cristo, ou seja, pela santificação da vida, que nos colocamos de fato debaixo da direção, da instrução e do poder do Espírito Santo, o qual processará neste nosso modo de caminhar um crescimento espiritual progressivo até que sejamos confirmados e aprovados por Deus.
É andando no Espírito que se vence a concupiscência da carne, dos olhos e a soberba da vida.
Sem a operação real do Espírito Santo não pode haver santificação verdadeira, porque todas as nossas obras terão a marca do nosso próprio ego e não a da graça de Deus em Jesus Cristo.
 A igreja de Éfeso era operosa, perseverante, apegada à sã doutrina, paciente na aflição, odiava a má obra dos nicolaítas (dominadores de crentes), e ainda assim foi achada em falta por nosso Senhor Jesus Cristo, porque não viviam o evangelho verdadeiro que pregavam e ensinavam, não punham por prática os mandamentos de Jesus, não se santificavam por um despojamento da carne, para um andar no Espírito.
Por isso foram ameaçados de não serem mais uma Igreja caso não se arrependessem.
Nossas obras são de nenhum valor para Deus se não estivermos santificados, ou seja, se não demonstrarmos um verdadeiro amor a Jesus por guardarmos os Seus mandamentos.










152) UNÇÃO

ÍNDICE

1 - A Unção do Espírito – Parte 1
2 - A Unção do Espírito – Parte 2
3- A Unção do Espírito – Parte 3
4 - A Unção do Espírito – Parte 4


1 - A Unção do Espírito – Parte 1

No grego de I João 2.20 a palavra para unção é krisma.
E o  verbo ungir em II Cor 1.21, vem da mesma raiz, e é krio.
Em I João 2.27 é afirmado que a unção que nós recebemos do Espírito Santo permanece em nós  e nos ensina todas as coisas.
Nós devemos então indagar em que consiste esta krisma (unção) que nós recebemos.
Há algumas coisas que costumam ser afirmadas quanto ao que vem  a ser esta unção e que não são afirmações corretas, como por  exemplo dizer que é a doutrina do evangelho ou a própria verdade.
O que está em foco neste texto de I João não é  a doutrina  propriamente dita, mas o entendimento correto da mesma que é  garantido pela unção do Espírito. Isto é, sem esta unção é  impossível entender e praticar a verdadeira doutrina.
É dito que esta unção permanece naqueles que a receberam, e consequentemente eles permanecerão também na doutrina ou verdade.
É dito também que esta unção ensina todas as coisas, de forma que deve ser estabelecida a diferença entre aquilo que ensina e aquilo que é ensinado, a saber, a doutrina ou a verdade é o que é ensinado, e o professor, o mestre, aquele que ensina é a  unção  do Espírito; de maneira que se não estivermos debaixo deste  mestre, não poderemos aprender a doutrina ou a verdade do modo pelo  qual convém ser aprendido.
Concluímos portanto que é absolutamente essencial estar cheio  do Espírito para que se possa andar na verdade.




2 - A Unção do Espírito – Parte 2

Em II Cor 1.21,22 nós vemos que  a  confirmação do ministério de Paulo junto aos coríntios foi feita pela unção  do Espírito Santo, e é sempre por este processo de  confirmação  que há o reconhecimento daqueles que são levantados por Deus para liderarem a Igreja, a saber, pela unção do Espírito que é dada por Deus a eles:

"21 Mas o que nos confirma convosco em Cristo,  e  o que nos ungiu, é Deus, 22 O qual também nos selou e deu o  penhor do Espírito em nossos corações.".

É o Espírito Santo que confirma a pregação do evangelho, no testemunho da  verdade,  através  das suas operações miraculosas.
No Antigo Testamento todas as coisas e pessoas que foram  separadas e consagradas para o serviço de Deus no tabernáculo foram ungidas com óleo material.
E os reis, sacerdotes e profetas do povo de Deus eram ungidos da mesma forma.
E esta unção era uma  figura daquela unção do Espírito que estava por ser derramada  em  todas as nações no Novo Testamento.
Como os reis, sacerdotes e profetas do Antigo Testamento, bem como os utensílios do tabernáculo apontavam para Jesus, Ele é designado como Messias no Velho Testamento, e Cristo no Novo, palavras que significam  o  Ungido,  porque tudo aquilo no Velho Testamento apontava em figura para Ele  próprio.
Por isso nós lemos em Isaías 61.1 a afirmação relativa a Jesus de que o Espírito do Senhor estava sobre Ele e que Lhe havia ungido.
Isto nos dá uma regra geral de que a unção com óleo material no Velho Testamento prefigurava o derramar do Espírito no Novo.
Por isso o evangelho, é posto em comparação com  aquelas  tipologias exteriores, visíveis e materiais, sendo chamado de ministério  do Espírito (II Cor 3.6,8).
E a unção de Cristo é expressada em Isaías 11.2 como sendo o Espírito que repousaria sobre Ele, com descrições de atributos espirituais que seriam concedidos a Ele pelo próprio Espírito.
Considerando que a unção de Cristo consistiu na comunicação plena do Espírito a Ele, não por medida, em  todas  as  suas  graças  e dons, necessários à Sua natureza humana e seu trabalho.
Ele foi  ungido  pelo Espírito para a sua encarnação no útero de Maria (Lc 1.35); e foi enchido do Espírito para o cumprimento do Seu ministério público para pregar o evangelho; e foi ungido até  a Sua morte na cruz, naquele ato divino por meio do qual Ele se  santificou por nós (João 17.19), isto é, consagrando-se inteiramente à vontade do Pai, vivendo em perfeita obediência a Ele  através  da instrução e poder do Espírito.
Por que Jesus foi batizado por João Batista? No  momento  do  seu batismo nas águas Ele foi batizado com poder pelo Espírito Santo, que veio sobre Ele na forma de uma pomba, para  que  iniciasse  o Seu ministério terreno. E Deus havia revelado antes  a João  que aquele sobre o qual ele visse o Espírito vindo sob tal forma, era o que batizaria com o Espírito Santo e com fogo.
E nisto Jesus revelou a nós o modo pelo qual obedecemos de fato a Deus sendo instruídos e dirigidos com poder pelo Espírito, porque tudo o que Jesus fez foi debaixo de tal poder, em plena obediência ao Pai conforme a unção do Espírito que nEle  estava.
Afinal este foi o propósito de Deus na nossa nova criação, adotando-nos como Seus filhos pelo derramar do Espírito em nossos corações,  a saber, sermos filhos obedientes a Ele, tal como Jesus, e Ele  nos demonstrou que não há verdadeira obediência à vontade  sobrenatural de Deus onde não haja submissão ao governo do Espírito  Santo na alma.
Fomos criados para sermos obedientes a Deus,  e não  há nenhuma obediência onde não exista este governo do Espírito sobre a nossa vontade e alma.
Assim, embora haja um grande diferença e distância entre a  unção  de Cristo pelo Espírito e a dos cristãos em geral, a unção dEle  é a única regra de interpretação para o que é a verdadeira unção, e todos os cristãos têm a  unção  deles  recebida imediatamente  de Cristo, porque é Ele quem batiza com o Espírito Santo.
Por isso se diz no texto de I João 2.20 que os cristãos têm a  unção do Santo, porque é assim que Jesus é chamado  em  Atos  3.14; Apo 3.7, e porque Ele foi  ungido como o mais  Santo  (Dn  9.24).
Portanto, o Pai é a causa suprema da nossa unção, mas  nosso  Senhor Jesus Cristo, o Santo, é a causa  eficiente  imediata  desta unção.
Ele expressou isto quando disse que enviaria o Espírito do Pai.
A doação suprema é do Pai, o envio imediato é do Filho.
Então concluímos que a unção dos cristãos consiste  na  comunicação dos Espírito Santo a eles por Jesus Cristo.
Não é o Espírito Santo que determina a nossa unção, mas nós somos ungidos com o Espírito pelo Santo, a saber Jesus Cristo.
Assim os cristãos são ungidos com o mesmo tipo de unção de Cristo, entretanto num grau  inferior à dEle, porque nEle reside toda a  plenitude  do  Espírito (Ef 4.7).




3 - A Unção do Espírito – Parte 3

Como no dizer do apóstolo, se é a unção do Espírito que nos ensina todas as coisas relativas à vontade de Deus, como um exímio  professor, certamente é ela o colírio ao qual Jesus se refere em Apo 3.18, com o qual nossos olhos podem ser ungidos para  que vejam as realidades celestiais e espirituais, e especialmente a vontade de Deus, porque a unção do Espírito é também de entendimento e de temor do Senhor, tal como estivera em Cristo (Isaías 11.3).
Assim um dos primeiros efeitos da unção do Espírito é o Seu ensino a nós das verdades e mistérios do evangelho.
E uma vez que os cristãos são assim ungidos, e permanecem na unção recebida do Espírito, eles são usados por Deus como sacerdotes (I Pe 2.9) porque terão poder para interceder em favor dos pecadores especialmente para a salvação deles, e para todos os demais  usos que sejam do propósito de Deus e que são  cumpridos  quando  eles estão debaixo da unção e do poder do Espírito.
Isto é necessário para a realização deste ofício sacerdotal  dos cristãos, porque é por meio da unção do Espírito que eles são santificados e consagrados a Deus, e têm suas faculdades exercitadas para discernir as coisas espirituais pelo Espírito.
Como poderá o homem natural tratar do que  é sobrenatural?
Como poderão os cristãos carnais tratarem das coisas  que  são  espirituais e que são discernidas somente espiritualmente?
Importa pois estar cheio do Espírito para a realização de  qualquer  obra  que seja de fato de Deus e pertencente à Igreja de Cristo.
Por isso a exigência, mesmo para aqueles que se ocupariam do ofício do diaconato na Igreja primitiva era que fossem homens cheios do Espírito Santo e de sabedoria (Atos 6).
Então é prometido aos que têm recebido a unção do  Espírito  que eles terão:
1 - instrução espiritual, e iluminação para compreenderem os mistérios do evangelho;
2 -  uma  dedicação  especial  a Deus, ao modo de um privilégio espiritual.
Assim, é somente pela unção permanente do Espírito, por um  andar no Espírito, e um contínuo encher-se do Espírito,  que  o  cristão pode ser impedido de ter a sua fé arruinada pela ação de sedutores.
Os falsos profetas vestidos de ovelhas não conseguirão  jamais enganar o cristão ungido pelo Espírito, desviando-o da verdade, porque a unção que nele está lhe ensinará tudo o que se refira à verdade.
Assim este ensino da unção que permanecerá para sempre na Igreja, não é meramente uma instrução doutrinal externa, mas uma operação eficaz interna do Espírito Santo.
É por  causa  desta  unção  que Paulo pôde afirmar o que lemos em Ef 1.17,18:

"Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo  iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a  esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua  herança nos santos;".

Assim, o Espírito usa realmente os meios externos  de  instrução pela Palavra, e ensina nada além do que está revelado na Palavra, mas nos dá uma compreensão para que possamos conhecer a verdade, e abre nossos olhos para que possamos ver clara e espiritualmente as coisas maravilhosas que estão na Sua lei.
E não há nenhum  ensino que seja tão eficaz como aquele que é feito mediante a unção do Espírito.
Importa portanto que pregadores, evangelistas, professores, exerçam seus ministérios debaixo do poder  e unção  do Espírito, para que sejam efetivamente eficazes.






4 - A Unção do Espírito – Parte 4

Como Deus destruirá todo jugo opressor  por causa  da  unção  de Cristo (Isaías 10.27), por isso Ele quebra toda armadilha de  sedução ungindo os cristãos.
Por isso a promessa feita por Deus aos cristãos para os tempos  do evangelho é a que encontramos em Isaías 33.6: 

"E haverá estabilidade nos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria e  conhecimento; e o temor do Senhor será o seu tesouro.". 

E isto tudo  é garantido por causa da unção do Espírito.
Assim onde há pouca prática do evangelho, pouca firmeza  de  fé, pouca força para vencer as tentações que puxam para o erro, é mera consequência da falta de um andar no Espírito,  e  por  conseguinte da  falta de unção do Espírito na vida. 
Por isso o apóstolo alerta os cristãos que não devem ficar satisfeitos  apenas  com  o fato de terem agora vida no Espírito, mas que andem  no  Espírito para que possam vencer a cobiça da carne. 
Se mortificarem a carne pelo Espírito, a promessa de Deus para eles é vida e paz. 
E  Paulo diz em Romanos 8.13 que os que assim procedem certamente viverão.
Mas os que se inclinam apenas pelos desejos da carne, e são dominados por tais desejos, morrerão, porque o salário do pecado  é  a morte. 
Se o cristão não anda no Espírito, ele viverá portanto como um morto espiritual, apesar de ter encontrado a vida em Cristo. 
É somente mortificando a carne pelo Espírito que se pode  viver  no poder e unção do mesmo Espírito, porque Ele primeiro santifica  e depois consola e unge com poder. 
Aquele que não quiser ser  purificado dos seus pecados e que permanecer na prática deliberada do pecado, sem se importar com a necessidade de santificação da  Sua vida por uma rendição contínua ao Espírito, não poderá ter um viver em vitória diante de Deus, sendo ensinado e  capacitado  pelo Espírito quanto à vida de poder sobrenatural que está disponível para o cristão em Cristo Jesus nas regiões celestiais (Col 3.1-5).
Que não falte portanto desta unção projetada  por Deus  para  os Seus filhos, a nenhum deles, e que ninguém seja encontrado faltoso nesta parte essencial da vida cristã, porque é disto que  depende tudo o mais. 
Nenhum dever pode ser realizado sem isto.  
Por  isso todos os cristão são exortados a serem diligentes em busca da  maturidade espiritual, porque experimentarão graus cada vez maiores de glória e de conhecimento espiritual à  medida  que  se  encham mais e mais do Espírito, para viverem obedientemente a  Deus.  
A indolência espiritual é o maior inimigo que o cristão deve  vencer para viver na unção do Espírito, porque o reino dos céus é tomado por esforço.
É preciso ter a mente esclarecida e determinada quanto  ao  alvo que deve ser atingido. 
Nunca chegaremos a lugar algum se não definirmos antes o ponto de destino. 
E este ponto já está  definido para nós na Palavra, que é a semelhança com Cristo, e então, especialmente nesta parte, devemos buscar nossa semelhança com  Ele, a saber, a de estar debaixo da mesma unção do  Espírito  com  a qual Ele cumpriu todo o Seu ministério  terreno.  
É  preciso  portanto crescer na graça e no conhecimento de Jesus (II Pe 3.18), e  isto deve ser feito continuamente até que o último dia de  nossas vidas, porque não há limite para tal crescimento.
Mas também é preciso estarmos conscientes de que  a  mente  pode discernir verdades espirituais, mas se a vontade e os afetos  não forem exercitados a amarem estas verdades e a se  deliciarem  nelas, nós nunca poderemos ser achados conformados a elas na prática que elas requerem. E sem isto nunca seremos  perseverantes  e constantes.
Todos os outros meios do mundo, sem o amor e a prática da  verdade, serão insuficientes para a nossa permanência na nossa profissão das verdades que acompanham a nossa salvação.
E esta é a nota característica do ensino desta unção do Espírito.
Ela dá e comunica o amor à verdade em que nós somos instruídos, e nos alegramos em obedecer a verdade da maneira que  é  requerida por Deus. 
Sem isto, por mais que estejamos instruídos  em nossas mentes sobre as verdades bíblicas, não teremos proveito algum,  e seremos apenas como o bronze que soa e o címbalo que retine, conforme o apóstolo afirma em I Cor 13.
Mas quando estamos de fato debaixo da unção do Espírito, e do Seu ensino, nós tomamos fôlego divino em nossos corações com um  amor santo pelas coisas em que somos ensinados, e Deus e a Sua  vontade se tornam para nós mais doces do que o mel, e isto passa a ser toda a nossa alegria. 
E é quando isto ocorre que nós podemos saber que  temos  de  fato recebido desta unção.
E lembremos que quanto maior for a unção maior será a santidade e a consolação recebida do Espírito.
Então ao falarmos de consolação do Espírito e de santidade de vida dos cristãos, não podemos esquecer que tudo isto é possível somente com a unção do Espírito Santo.

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