sexta-feira, 23 de outubro de 2015

43) Domínio Próprio 44) Dons e Fruto

43) DOMÍNIO PRÓPRIO

ÍNDICE

1 - Moderação e Domínio Próprio
2 - COMO TER DOMÍNIO PRÓPRIO P 1
3 - COMO TER DOMÍNIO PRÓPRIO P 2
4 - COMO TER DOMÍNIO PRÓPRIO P 3
5 - COMO TER DOMÍNIO PRÓPRIO P 4
6 - COMO TER DOMÍNIO PRÓPRIO P 5
7 - COMO TER DOMÍNIO PRÓPRIO P 6


1 - Moderação e Domínio Próprio

Moderação, domínio próprio, longanimidade são partes essenciais do caráter do próprio Deus, e daí ser requerido por Ele dos crentes que cultivem estas virtudes com todo o empenho e diligência; pois constituem o melhor argumento para a salvação dos pecadores.
O apóstolo Paulo muito se utilizava do argumento da completa longanimidade de Deus para com ele, que fora um implacável perseguidor da Igreja de Cristo, não somente lhe salvando, mas o comissionando para ser o grande apóstolo dos gentios.
Ele era então um exemplo vivo de que a graça do evangelho que ele pregava, estava disponível até mesmo para o principal dos pecadores como ele assim se considerava, estava disponível de fato a qualquer que se arrependesse e cresse em Cristo como seu Salvador e Senhor.
O próprio Deus declarou de si mesmo a Moisés como sendo tardio em se irar (longânimo), ou seja, que não é apressado em julgar alguém por causa dos seus pecados e transgressões contra Ele e a Sua Lei, pois sempre dará oportunidade àqueles que Ele sabe que virão a se arrepender e a se converter de seus maus caminhos.
Ele se esquece de nossos pecados e iniquidades para usar de misericórdia para conosco, e isto está fundamentado na Sua natureza perfeitamente moderada, longânima, paciente e temperante.
Quão precioso é isto! Quão maravilhoso é que possamos também obtê-lo por meio de nossa consagração à Sua santa e perfeita vontade!
Quão assustadoras são as águas turbulentas, mas quão admiráveis e boas são as águas tranquilas. Assim também o interior do homem que tem domínio próprio, é um manancial de paz para as almas atribuladas, como também para si mesmo.
Não é sem motivo que somos ordenados a buscar a paz e a nos empenharmos por mantê-la!
Isto é saúde para as nossas almas e para o nosso corpo.
Temos recebido muita ousadia em Cristo para proclamar a verdade, mas importa que esta seja acompanhada sempre pelo amor e pelo domínio próprio, para que não nos tornemos pessoas embrutecidas e intolerantes ao extremo, vindo a perder a noção de que importa ser pacientes e ajudadores daqueles que são fracos na fé.
Tão importante é o cultivo desta virtude que caso falte aos pastores, eles verão a sua liderança ser completamente comprometida, porque as ovelhas não se disporão a seguir de bom grado o homem que não possui domínio próprio. O pavio curto não é conveniente para aquele que tem o encargo de conduzir o rebanho de Cristo.
A mansidão de Cristo deve ser buscada por todos os crentes, mas sobretudo pelos que ministram ao Seu corpo – a Igreja.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as seguintes palavras do texto original:
1 –egkatreia (grego) – domínio próprio, temperança;
2 – epieikes (grego) – moderação;
3 – (sofronismos) (grego) – moderação, domínio próprio;
4 – (sofron) (grego) – temperante, moderado;
5 – egkrates (grego) – moderado, temperado;
6 – hebraico: arek (tardio, lento); afaim (irar-se) = tardio em se irar, paciente, que tem domínio próprio; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.escrita.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=33543






2 - COMO TER DOMÍNIO PRÓPRIO P 1

“6 E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?
7 Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.”  (Gên 4.6,7)

Deus impõe ao homem o dever de ter domínio sobre os seus desejos, isto é, ele deve ter domínio próprio ou auto controle.
A razão disto se deve ao fato de que o homem foi criado para viver e proceder conforme a vontade de Deus, de maneira que não seja e pratique aquilo que seja contrário à Sua vontade divina, isto é, que seja dominado pela força do pecado.
Debaixo de fortes pressões, num mundo dominado por sexo pervertido e lascivo, violência, arrogância, desrespeito, vanglória e toda sorte de circunstâncias contrárias à vontade revelada de Deus em Sua Palavra, a alma piedosa tende a definhar e a ser, ela própria impelida por tais desejos pecaminosos, e então interpõe-se a necessária e obrigatória existência do fruto do Espírito Santo do domínio próprio (Gál 5.22) porque o auto domínio meramente humano não tem o poder de eliminar o desejo senão apenas de abafá-lo.
 Daí importa que o espírito humano que é a sede deste domínio próprio, que deve governar os desejos da alma, seja ele próprio dominado pelo Espírito Santo, de maneira que se tenha o governo divino conduzindo o espírito do homem a ter domínio sobre a sua alma em desejos santos e agradáveis a Deus.
Consequentemente não se pode ter uma tal bênção, sem vigilância e oração contínuas que nos mantenham permanentemente na presença de Deus, tendo poder em graça no coração, de forma que este esteja purificado de toda má consciência e formas de impurezas, quer da carne, da alma ou do espírito (II Cor 7.1; Hb 10.22).
Como seria possível alguém manter sua paz de mente e espírito, quando debaixo de uma circunstância contínua difícil e perturbadora, sem estar em plena comunhão com o Espírito Santo?  Esta comunhão contínua com o Espírito é necessária porque o domínio próprio que extingue a fonte dos desejos pecaminosos é o próprio Espírito Santo em governo sobre o nosso espírito.




3 - COMO TER DOMÍNIO PRÓPRIO P 2

Quando o primeiro homem pecou, toda a humanidade ficou sujeita ao pecado, e este consiste basicamente no governo do espírito (mente, razão, vontade e direção próprias etc) pela alma (instintos, temperamento, afetos, tal como existem nos seres irracionais etc), sendo o corpo físico, particularmente, o veículo da realização destes desejos que são excitados e manifestados principalmente na alma.
Sabemos que é somente o Espírito Santo que pode impedir tanto a excitação quanto a exteriorização destes desejos da alma, tal como o apóstolo afirma em Gál 5.16: “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.”.
Sabemos também que vivemos num mundo de pecado, de trevas, dominado por espíritos malignos, que obviamente não propiciará em nenhum aspecto ou circunstância o cumprimento do propósito eterno de Deus na criação do homem que é o de amá-lO e ao próximo, porque o amor não pratica o mal senão o bem.
Deus é amor, luz, bondade, paz, retidão, e o homem foi criado para ser à Sua imagem e semelhança.
Mas como poderá ter a plenitude de tal imagem e semelhança vivendo sob o domínio dos desejos de uma alma governada pela força do pecado num mundo de pecado?
Vemos que esta tarefa está muito além da capacidade natural humana. Muito além de todo poder terreno que se possa referir. Nenhuma ciência ou prática religiosa poderá dar ao homem a paz e pureza de espírito em bondade, paciência  e amor num tal mundo como este que sempre nos submeterá a pressões e aflições decorrentes da manifestação do pecado, quer pela instrumentalidade de homens, quer pela de espíritos malignos que atuam na terra.
Sabendo que por princípio o pecado é a transgressão da lei de Deus, não se pode portanto esperar que a solução para um viver em paz  e pureza interior sem se alienar do mundo (porque estamos no mundo) não poderá ser achada em nós mesmos.




4 - COMO TER DOMÍNIO PRÓPRIO P 3

Foi imposto a Caim o dever de dominar o seu desejo de matar o seu irmão, mas ele não poderia ter a eliminação da sua ira e do próprio desejo, sem se sujeitar em obediência à vontade de Deus, de maneira que pudesse receber a graça do Espírito, quando se dispusesse a fazer aquilo que era certo (segundo a vontade de Deus) para ser aceito, tal como fora o seu irmão Abel.
Sem esta assistência do Espírito Santo o espírito humano poderá conter o desejo maligno mas não eliminá-lo, porque a carne (natureza terrena) não está naturalmente sujeita à vontade de Deus e nem mesmo pode estar; isto é, o poder natural nada poderá fazer no sentido de vencer as forças espirituais contrárias à perfeita santidade de Deus, e cooperar com o trabalho da graça para implantar tal santidade em nós.
É preciso pois estar efetivamente sujeito a Deus em espírito, permitindo assim que o Espírito Santo esteja de fato sob o controle e governo da nossa própria vontade, de maneira que não a nossa, mas a vontade de Deus revelada na Palavra, prevaleça no nosso viver, conforme sejamos capacitados pela instrução, direção e poder do Espírito Santo.    
   Sem domínio próprio o homem será o agente da sua própria destruição.
Seu corpo transformará em doenças as suas ansiedades e toda sorte de descontroles que são originados pelos desejos pecaminosos de sua alma.
E a própria alma enfermará em sua falta de paz e domínio pelo espírito, que a conduziria a fazer aquilo que é segundo a vontade de Deus, de maneira a se ter uma boa consciência, que não teria mais como agir como um juiz inflexível em acusações disparadas contra o seu mau procedimento em palavras, pensamentos e ações.




5 - COMO TER DOMÍNIO PRÓPRIO P 4

Somente quando o Espírito Santo governa o espírito humano e este por sua vez governa a alma, é que há paz na casa que é o corpo do homem.
E isto independe de circunstâncias, conforme bem o demonstra a experiência dos homens santos de Deus na Bíblia, que permaneceram com paz em suas mentes e corações nas prisões (Paulo), na fornalha ardente (Sadraque, Mesaque e Abdnego), na cova dos leões (Daniel), e em tantos outros exemplos que estão registrados na Palavra.
Eles mantinham comunhão contínua com o Senhor, e por isso tinham o fruto do Espírito Santo do domínio próprio, que era o segredo da paz e calma que eles revelaram na hora da tribulação.  
Quando o amor de Deus não prevalece nos nossos corações a tendência natural é a da auto destruição e também da destruição mútua na igreja.
Tal como estava ocorrendo na Igreja da Galácia, porque eles estavam seguindo o pendor da carne e não o do Espírito Santo, assim o que prevalecia entre eles eram as obras da carne e não o fruto do Espírito.
Daí a razão da exortação do apóstolo Paulo a eles de que não vivessem apenas no Espírito mas que caminhassem diariamente em comunhão com o Espírito para que pudessem ter o Seu fruto, que é o único meio pelo qual podemos viver de modo agradável a Deus e a nós mesmos, por não sermos dominados pelos nossos desejos pecaminosos, mas pela boa, perfeita e agradável vontade de Deus.
Sem este princípio da graça operando continuamente no coração nós não podemos fazer aquilo que deveríamos fazer e conforme nos é exigido por Deus na Sua Palavra.
Ao contrário, quem dominará serão sempre os desejos pecaminosos porque não terão um controle sobre eles exercido pelo Espírito Santo.
Vemos assim quão importante, vital e crucial é para o cristão não entristecer e apagar o Espírito Santo com a prática contínua e deliberada do pecado, porque este inimigo mortal ficará em plena liberdade de ação pela ausência do único poder que pode vencê-lo, a saber, a graça de Jesus que opera pelo Espírito.






6 - COMO TER DOMÍNIO PRÓPRIO P 5

Sabendo que a carne luta contra o Espírito porque sabe intuitiva e instintivamente que é Ele o único poder que pode dominá-la, cabe então ao cristão o dever de vigiar e orar constantemente para que a carne seja trazida em sujeição ao Espírito, para ser progressivamente mortificada, de maneira que a carne fique cada vez mais fraca, e a graça cada vez mais forte.
À medida que este trabalho de crescimento na graça e no conhecimento de Jesus vai progredindo, o cristão perceberá que se cumprirá também em sua vida a experiência do apóstolo Paulo de estar crucificado para o mundo e o mundo para ele, de maneira que não exercerá mais nenhum atrativo sobre a alma, em devaneios, ilusões, paixões, por coisas que são enganosas, aparentes, passageiras, e que não podem de modo algum ser em qualquer grau, o objetivo pelo qual vivamos, porque toda a vida que temos na carne é para ser vivida para Deus e não para a satisfação dos nossos desejos, que ainda que sendo lícitos, poderão colidir com a vontade de Deus e impedir-nos de fazê-la, seja em cumprimento do que está revelado na Palavra, ou que tenha sido determinado por Ele direta e pessoalmente a nós, especialmente nas coisas que se referem ao cumprimento do ministério que Ele nos tiver designado para cumprir.    
A Palavra de Deus nos ordena portanto o dever de vigiar, orar e lutar para que os desejos da carne sejam vencidos pelo exercício do nosso domínio próprio.
Não permitiremos que nada além do Espírito de Deus e da Palavra do Senhor, nos domine. Nem sequer a nossa própria vontade que está contaminada pelo pecado e sujeita ao seu domínio.
Nossos desejos naturais que se transformam em paixões, devem ser dominados. E isto não pode ser feito sem o fruto do domínio próprio do Espírito Santo.
Em Gál 5.23 a palavra para domínio próprio no original grego é egkrateia, que significa auto (eg) controle, domínio, governo (krateia).
Literalmente poderia ser traduzido como controle, domínio ou governo do ego.
A suma de tudo o que temos dito, pela própria Palavra, é que deve existir uma completa consagração ao Senhor, não meramente em pensamento, mas de fato e de verdade, numa vida de efetiva vigilância espiritual e oração contínuas, em aplicação da Palavra de Deus à vida pelo Espírito, porque sem isto, como vimos antes, quem terá sempre o domínio serão os desejos corrompidos da alma e não o nosso espírito, estando ele próprio, purificado pela presença e poder operativo e atuante do Espírito Santo de Deus.  
Estas paixões da alma devem ser submetidas à crucificação por causa do princípio do pecado que opera na carne – natureza terrena decaída, onde residem todos estes desejos pecaminosos.
Mortificar a carne é o dever de todo cristão porque foi crucificado juntamente com Cristo, e consequentemente morreu para o pecado para poder viver em novidade de vida para Deus.
“E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.” (Gál 5.24).
Ser cristão significa ser transformado progressivamente pelo poder da graça à imagem e semelhança de Jesus, e estar numa aliança com Deus para a santificação total de corpo, alma e espírito (I Tes 5.23).
Não cabe portanto qualquer dúvida quanto a ser um dever de todo cristão a mortificação da carne, para um progressivo e cada vez maior revestimento de Cristo (Rom 13.14).  
Assim, não é bastante que deixemos de praticar o mal, porque é também necessário aprender a fazer aquilo que é bom e agradável a Deus.
O cristianismo não somente nos obriga a mortificar o pecado mas também a viver em retidão; não somente a nos opormos às obras da carne, mas também produzir o fruto do Espírito.

“Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não pode conter o seu espírito.” (Pv 25.28)

“Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, e o que controla o seu espírito do que aquele que toma uma cidade.” (Pv 16.32)












44) DONS E FRUTO

ÍNDICE

1 - Porque Alguns Dons Espirituais Atraem Pessoas Inconstantes
2 - O Fruto e o Dom do Espírito
3 - Dom
4 - O Grande Dom de Deus
5 - Dons espirituais: Uma Implicação para a Oração não Respondida
6 - George Müller Não Tinha o Dom da Fé - Felizmente
7 - O Incessante Fruto do Espírito
8 - O Dom do Espírito, um Incentivo à Obediência
9  - Dons e o Fruto do Espírito



1 - Porque Alguns Dons Espirituais Atraem Pessoas Inconstantes

Por John Piper

A Bíblia é ciente das pessoas "inconstantes". Por exemplo, 2 Pedro 3:16 diz "Existem algumas coisas [nas palavras de Paulo] difíceis de entender, as quais os indoutos e inconstantes torcem para sua própria perdição, como fazem com outras Escrituras." 2 Pedro 2:14 fala dos homens maus que "engodam almas inconstantes." Tiago 1:8 fala de um "homem de coração dobre, inconstante em todos os seus caminhos."
Nenhum de nós é perfeitamente constante. O Rei Davi e o apóstolo Paulo sabiam como era estar no abismo do desânimo e nas nuvens do êxtase. Não é sempre fácil separar os doentes dos sãos. Nem devemos sempre tentar, já que a mesma terapia é prescrita para ambos: amor.
Mas deixe-me tentar descrever o que eu quero dizer por "pessoas inconstantes" - e não se incomode muito se uma ou duas dessas características servirem para você. Aqui está o que eu quero dizer por inconstante:
Pessoas inconstantes tendem a ter excessivas variações emocionais de ânimo sem boas razões. Elas podem estar excessivamente desanimadas ou excessivamente exaltadas quando não há razão suficiente para tal.
Isto nos leva à segunda característica: as emoções das pessoas inconstantes não estão adequadamente conectadas às suas faculdades de raciocínio e percepção. Em algum grau isso é verdade para todos nós. Mas em uma mente sã as emoções são guiadas por observações verdadeiras da realidade e pensamentos corretos sobre estas observações. Mas em uma pessoa inconstante as percepções são distorcidas e o leme da razão fica girando livremente embaixo do barco. O barco da vida está à deriva no mar da emoção sem um controle normal fornecido pelo leme. Mesmo com um bom leme você pode se perder seriamente. O barco inconstante da vida é levado de um lado para outro no mar das emoções.
Portanto, os inconstantes são excessivamente inseguros. Sem uma raiz profunda de conhecimento, confiança e satisfação emocional (!) na graça soberana de Deus, eles extraem uma quantidade excessiva de segurança das circunstâncias relativas. Novamente, todos nós somos assim em algum grau. "Eu creio, ajuda a minha incredulidade." Mas nos inconstantes o problema é maior e eles são, portanto, vulneráveis a qualquer coisa que pareça, mesmo que remotamente, como crítica, ou desaprovação, ou rejeição.
Uma manifestação desses problemas é que pessoas inconstantes estão freqüentemente fora de contato com as dinâmicas relacionais. Elas não percebem como estão em conflito. As limitações e requerimentos normais da simples interação social não estão na sua estrutura.
Por que este tipo de pessoa se sente atraída em um grau desproporcional aos extraordinários dons espirituais, como profecia, conhecimento e línguas, bem como a outros raros sinais e milagres?
Uma possível resposta é que estes dons são muito superiores aos processos comuns da observação objetiva e do raciocínio. Portanto, eles fornecem uma atmosfera que parece livre das restrições normais nas quais estas pessoas acham tão difícil de viver. Elas sentem que aqui pelo menos elas podem dizer o que vêm às suas mentes, sem as restrições da razão, e da cautelosa interpretação bíblica, e observação moderada, que normalmente governam o ir e vir da vida. Estes dons espirituais parecem se encaixar ao seu modo de vida: imprevisível, desconectado de processos de raciocínio, livre das demandas da observação objetiva.
Mas eu o incito a ler 1 Coríntios 14 e ver se achas que Paulo viu a atmosfera dos dons espirituais como uma atmosfera inconstante. A questão que enfrentamos é como professar a verdade dos dons sem criar um fórum para inconstância.
Desejando seriamente toda a plenitude de Deus,

Pastor John





2 - O Fruto e o Dom do Espírito

Um espírito de amor é um espírito amável.
É o espírito de Jesus Cristo.
É o espírito do céu.
Apesar do grande privilégio dos dons extraordinários do Espírito Santo, que são citados no décimo segundo capítulo de I Corintios, contudo a influência do Espírito Santo, enquanto trabalhando a graça do amor no coração, é um privilégio mais excelente que qualquer deles: uma maior bênção que o espírito de profecia, ou o dom de línguas, ou de milagres, até mesmo o de fé para remover montanhas; o amor é uma maior bênção que todos os dons milagrosos de que Moisés, Elias, Eliseu e os doze apóstolos estavam dotados.
Isto será visto, se nós considerarmos que esta bênção da graça salvadora de Deus é uma qualidade inerente da sua própria natureza, e não apenas uma capacitação extraordinária que é possível de ser recebida sem que se tenha uma participação nesta natureza divina, conforme o caso dos dons extraordinários do Espírito.
Este fruto do amor do Espírito de Deus, trabalha um caráter verdadeiramente cristão na alma, e produz no coração do homem uma natureza excelente, sim, a mesma excelência da natureza de Cristo.
O Espírito de Deus se comunica muito mais com os homens lhes dando graça transformadora aos seus corações, do que dando os dons extraordinários citados por Paulo em I Coríntios 12 e 14.
E agindo desta forma o Espírito se torna um princípio vital na alma.
Por isso se requer que andemos no Espírito para que possamos ter o Seu fruto, o qual se traduz na implantação as Suas virtudes na nossa nova natureza, que recebemos pela fé em Cristo.
Não se tem portanto o fruto do Espírito, pelo mero fato de se possuir algum dom espiritual extraordinário, dentre os citados por Paulo no  décimo segundo capitulo.
O fruto do Espírito decorre de se andar nEle, em obediência a Deus e à Sua Palavra, pela consagração da vida em se submeter com constância à Sua disciplina.
A graça ou santidade, que são o resultado da influência comum do Espírito de Deus nos corações, é em que a imagem espiritual de Deus consiste; e não nos dons extraordinários do Espírito.
A imagem espiritual de Deus não consiste em ter poder para operar milagres, e predizer eventos futuros, mas consiste em ser santo, como Deus é santo: tendo um princípio santo e divino no coração, nos influenciando a ter vidas santas e divinas.
Por conseguinte, o grande desígnio de Deus para nossas vidas não é meramente que profetizemos, falemos em línguas, ou que manifestemos qualquer outro dom espiritual, porque como Ele próprio nos ensina, estes dons não somente desaparecerão, como também não são propriamente eles que nos tornam à imagem e semelhança de Cristo, senão o fruto do Espírito, o qual é implantado progressiva e gradualmente em nossas naturezas, e cujo efeito está destinado a durar eternamente.
O amor é algo mais excelente do que todos os dons, porque o amor divino no coração é o que identifica os que são verdadeiramente discípulos de Cristo, conforme Ele próprio afirmou.
O objetivo do evangelho é conduzir os homens das trevas para a luz, e do poder do pecado e de Satanás para servir o Deus vivo, ou seja, fazer os homens santos.
O fim de todos os dons extraordinários do Espírito é a conversão de pecadores, e a edificação dos santos naquela santidade que é fruto das influências ordinárias do Espírito Santo.






3 - Dom

Um matuto estava sendo criticado duramente por um incrédulo enfatuado, por seu conhecimento secular, por causa da sua fé em Jesus. Enquanto isso, o matuto sequer proferia qualquer palavra e continuava chupando uma laranja. Quando a laranja acabou, ele perguntou serenamente ao incrédulo: “estava doce ou azeda?” – “como posso saber?” – respondeu asperamente, como se tivesse sido indagado de forma irracional. Então o matuto concluiu: “assim é a fé em Jesus, não dá para saber como é, se não for experimentada.”
Introduzimos esta parte de nosso presente estudo com esta estória, porque ela é muito pertinente ao nosso assunto.
O dom ao que se refere o Novo Testamento, com as palavras gregas “dorea” e “charisma”, abrange tudo o que temos que receber da parte de Deus para que possa ser conhecido.
Todavia, o dom espiritual e celestial não pode ser conhecido pelo mero exercício de nossos sentidos naturais – visão, audição, olfato e tato – como a laranja da nossa estória. Poderíamos dizer que necessitamos de que sejam concedidos e criados em nós, outros sentidos que sejam ajustados às realidades espirituais e divinas que necessitamos conhecer por experiência pessoal, para que sejam vinculadas às nossas vidas.
Não podemos desejar aquilo que não vemos, não sentimos, não conhecemos, e que sequer pode ser imaginado por nós. Sendo realidades pertencentes a outra dimensão (espiritual, celestial e divina) sequer podem ser desejadas, caso este desejo não seja despertado também com um dom concedido por Deus (a fé).
Então há muito mais a ser considerado neste assunto do que a simples palavra dom (presente, gratuito) possa sugerir, pois há realidades tremendas e sobrenaturais envolvidas nisto.
A própria pessoa de Jesus e a do Espírito Santo são dons de Deus para nós.
Também, a graça, a fé, os poderes, serviços e virtudes espirituais citados por Jesus nos Evangelhos, por Paulo em Romanos e I Coríntios, por Pedro e João em suas epístolas, e pelos profetas do Velho Testamento e pelos demais escritores do Novo Testamento.
A palavra dom extrapola, portanto em seu significado, conforme vemos nas várias passagens das Escrituras, os dons sobrenaturais extraordinários do Espírito Santo relacionados por Paulo em I Coríntios 12 e 14, os quais estão destinados a desaparecer quando não forem mais necessários para manifestar a glória de Cristo ao mundo através da Igreja.
Um aspecto relevante ao qual devemos dar a devida atenção é o de que todos os dons devem ser exercitados para que possam ser mantidos avivados, pois vemos Paulo exortando a Timóteo que reavivasse o dom que havia nele para o exercício do ministério de evangelista, que lhe fora concedido por Deus com a imposição de mãos dos presbíteros.
Isto nos ensina que os dons são recebidos para serem usados para a glória de Deus, pela realização da obra que nos tiver designado; e que estes dons que recebemos serão ajustados às necessidades especificas do nosso ministério, também recebido de Deus.
Tudo o que se refere ao reino espiritual e celestial deve ser recebido como um dom, porque não são realidades pertencentes ao mundo natural, ou seja, não se encontram à nossa disposição em nossa própria natureza – devem ser recebidas do Alto, descendo do Pai das luzes, e comunicadas a nós pelo Espírito Santo, através da nossa fé em Jesus Cristo.
Há dons que são eternos, como as virtudes do fruto do Espírito Santo, e dons que não são eternos, como os dons extraordinários do Espírito Santo, conforme citados por Paulo em I Coríntios 13 (profecias, línguas – e a isto inserimos dons de curar etc., pois não serão necessários quando tudo estiver consumado e for perfeito).
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras:
1 – dorea (grego) – dom, presente;
2 - charisma (grego) – dom, presente; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128429

Você pode ler toda a Bíblia com a interpretação de capítulo por capítulo acessando o seguinte link:

http://interpretabiblia.blogspot.com.br/

Este blog contém todos os livros do Velho e do Novo Testamento e está sendo ativado em Outubro de 2015.

Sermões e mensagens :

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4 - O Grande Dom de Deus

"Mas vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós." (João 14.17)

Pode parecer uma grande incoerência e paradoxo, aos sentidos naturais, que o homem tenha sido criado para viver eternamente no que é invisível e não no que é visível.
Afinal nascemos e vivemos num mundo natural, e nos é dado apenas discernir as coisas que compreendemos pelos nossos sentidos naturais.
A possibilidade de termos vida eterna com Deus permanecerá um ministério para nós caso Ele não tome a iniciativa de revelar, de desvendar para nós esta vida invisível e eterna para a qual fomos criados por Ele.
A vida natural aqui embaixo é passageira e não pode alcançar o que é divino e celestial.
A única garantia que temos de poder acessar tal vida sobrenatural é pela recepção do Espírito Santo como um dom de Deus - dado a nós por meio da fé em Jesus Cristo.
O Espírito Santo, apesar de ser o mais ativo e mais potente trabalhador real no mundo, não é discernido pela massa da humanidade. A grande maioria dos homens é afetada somente por aquilo que vê, ou ouve, ou sente. Sua vida está confinada à estreita faixa de seus sentidos. "O que vamos comer? "Ou:" Que havemos de beber? "Ou:" Com o que devemos ser vestidos?"- estas são as principais perguntas que absorvem a atenção e esforço do homem natural. Se eles podem ver uma coisa, eles acreditam nela! Se eles podem ouvir o som dela, eles reconhecem isso. E se eles podem discernir sua forma, eles a têm como real. Eles não sabem que as coisas que se veem são temporais, e, portanto, passageiras – e    que as coisas que se não veem são as únicas coisas substanciais, porque são eternas.
É muito difícil, diríamos, até impossível, para o homem natural discernir as coisas que são celestiais e eternas, porque elas podem ser somente discernidas espiritualmente através da iluminação do Espírito Santo.
Porque o Espírito Santo não é nem visto pelo olho, nem ouvido com os ouvidos, por isso o mundo não pode recebê-Lo, porque não o vê, nem o conhece. Existem alguns espíritos nobres no mundo cujas almas estão acima da mera matéria morta, que se elevam ao espírito do mundo, em um certo sentido. Eles reconhecem a existência da alma e acreditam em sua imortalidade e grandeza, mas ainda assim, não podem crer no Espírito de Deus - seu olho está cego para o primeiro e principal dos seres espirituais.
A distinção vital entre o homem espiritual e o homem natural é esta: o homem espiritual conhece o Espírito Santo, pois Ele está com ele e habita nele. Mas o homem natural não conhece o Espírito Santo. Ele pode saber o seu nome, mas ele não está pessoalmente familiarizado com ele.
Se alguém conhece o Espírito Santo é uma nova criatura em Cristo Jesus! Já passou da morte para a vida! Nunca deve entrar em condenação. Se não conhece o Espírito, continua sendo apenas homem natural e morto em pecado.
“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum.
Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; a outro a operação de milagres; a outro a profecia; a outro o dom de discernir espíritos; a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação de línguas.
Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer.” (I Corintios 12.4-11)
É do Espírito Santo que procedem todos os dons da Igreja. Ele é portanto a riqueza da Igreja. O mundo pode ter palácios, ouro, prata, mas não possui a verdadeira riqueza que é permanente e eterna – a que é concedida pelo Espírito Santo.
O poder da Igreja é o Espírito Santo.
A palavra para espirito no grego é pneuma, que significa ar, vento. E o Espírito Santo é invisível como vento, mas é uma pessoa divina – não o vemos como vento, mas com ele podemos sentir os seus efeitos. O ar que é vital para nós também é invisível, assim como o Espírito Santo é vital para a verdadeira vida espiritual.
Toda a vida espiritual somente existe em Jesus Cristo porque agradou a Deus Pai que habitasse nele toda a plenitude, de modo que tudo foi criado por meio dele e para ele, e é nele que tudo é sustentado, especialmente esta vida espiritual eterna.
Assim, importa que Cristo seja formado em nós. É obra do Espírito fazer Cristo conhecido a nós.
É ele que mortifica o nosso pecado e que nos reveste da justiça e das virtudes de Cristo.
É ele que produz a vida celestial em nós.
É ele quem santifica e purifica o nosso coração e nos faz amar com o amor de Cristo.







5 - Dons espirituais: Uma Implicação para a Oração não Respondida

Por John Piper

Em primeiro lugar, vamos nos lembrar de algumas verdades sobre os dons espirituais de 1 Coríntios 12. Então, vamos notar uma implicação simples para a oração não respondida.
1. Deus quer que nós saibamos sobre os dons espirituais.
“Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1 Coríntios 12:1).
2. Verdades objetivas sobre Jesus dominam experiências espirituais pessoais.
“Ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: "Jesus seja amaldiçoado"; e ninguém pode dizer: "Jesus é Senhor", a não ser pelo Espírito Santo.” (1 Coríntios 12:3).
3. Diferentes Cristãos possuem diferentes poderes espirituais dados a eles pelo Espírito Santo.
“Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo.” (1 Coríntios 12:4).
4. Por exemplo, estes diferentes poderes espirituais incluem os seguintes:
"Sabedoria . . . conhecimento . . . fé . . . cura . . . milagres . . . profecia . . . dom de discernir os espíritos . . . línguas . . . interpretação de línguas" (1 Coríntios 12:8-10).
5. O Espírito de Deus é soberano sobre quando e para quem Ele dá tais poderes.
“Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, conforme quer.” (1 Coríntios 12:11).
6. O objetivo de todos os dons é o bem comum da igreja.
“A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum.” (1 Coríntios 12:7).
7. A variedade de dons é como a variedade das partes do nosso corpo, tais como meus olhos e ouvidos, mãos e pés.
“O corpo não é composto de um só membro, mas de muitos.” (1 Coríntios 12:14).
8. Portanto, se um poder espiritual não é usado, é como o corpo humano que não ouve.
“Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição?" (1 Coríntios 12:17).
9. Portanto, devemos nos beneficiar dos poderes espirituais que Deus nos dá por meio de outros.
“O olho não pode dizer à mão: 'Não preciso de você'" (1 Coríntios 12:21).
Agora, considere as implicações disso para a oração não respondida. Há mais do que uma razão pela qual nós podemos orar pelas coisas e ainda não recebê-las. As razões podem incluir 1) Porque nós não confiamos em Deus (Tiago 1:6); 2) Porque a resposta não iria glorificar a Cristo e nos santificar, na mesma medida que outra coisa iria (2 Coríntios 12:8-10); 3) Porque a resposta está vindo mais tarde do que pensamos (José esperou 13 anos antes de ver uma razão para as suas aflições, Gênesis 37-50).
Mas, aqui há uma razão pela qual não refletimos com frequência. Deus pode ter a intenção de nos dar a bênção que almejamos não diretamente em resposta à oração, mas indiretamente em resposta à oração — através do dom espiritual de outro crente. E a razão pela qual nós não recebemos a bênção é porque não nos beneficiamos do poder que Deus pretende canalizar através dos dons de Seu povo.
Por exemplo, os dons que Paulo menciona incluem sabedoria e curas e milagres. Isso implica que Deus quer que, algumas vezes, sabedoria, cura e outros tipos de milagres entrem em nossas vidas através de outros crentes ministrando para nós. Se isso não fosse verdade, não haveria razão em ter dons espirituais. Eles são uma maneira de Deus promover o "bem comum" da igreja.
Se orarmos e orarmos por alguma mudança que queremos ver, mas nunca considerarmos buscar o ministério de um irmão, nós somos como o olho que diz à mão, "Não preciso de você!" (1 Coríntios 12:21).
Portanto, em seus pequenos grupos (o qual é o lugar mais natural para tal ministério acontecer), busque a plenitude do "bem" de Deus (1 Coríntios 12:7), e ministre uns aos outros — e busque ser ministrado — nesta maneira.
Buscando toda a plenitude Dele com vocês,
Pastor John






6 - George Müller Não Tinha o Dom da Fé - Felizmente

Artigo de Por John Piper, traduzido pelo Pr Silvio Dutra.

George Müller (1805-1898) proveu milhares de órfãos por meio do "princípio da fé" - o que significava que ele iria olhar para Deus e nunca pedir dinheiro diretamente a qualquer pessoa. Nem ele jamais pediu dinheiro emprestado - para qualquer coisa. Ele era conhecido por sua serena confiança na provisão de Deus, mesmo quando o prazo se aproximava e a comida era pouca.
Neste princípio da fé, ele levantou £ 110.000 para construir cinco orfanatos que acomodaram 2.050 órfãos. Em sua vida ele cuidou de 10.024 órfãos. Pelo seu exemplo, ele inspirou outros a abraçar a assistência a órfãos, incluindo Charles Spurgeon, que disse: "O Deus que assiste aos orfanatos, deixem-no ser o Senhor!"

Não tinha o dom da fé

No entanto, Müller foi inflexível quanto a que ele não tinha o dom da fé. O que ele quis dizer, e por que devemos ser gratos?
Ele disse: Não penses, caro leitor, que eu tenho o dom da fé, isto é, aquele dom de que lemos em 1 Coríntios. 12.9, e que é mencionado junto com "os dons de cura", "a operação de milagres", "a profecia".
É verdade que a fé, que estou habilitado a exercer, é totalmente o próprio dom de Deus; é verdade que só Ele provê, e que somente Ele pode aumentá-la; é verdade que, momento a momento, eu dependo Dele para isto, e que, se eu fosse deixado apenas por um momento deixado a mim mesmo, minha fé seria extremamente falha; mas não é verdade que minha fé é aquele dom da fé que está citado em 1 Coríntios 12.9. (Narrative, vol. 1, 302)
Ele enfatizou esse ponto, porque ele queria que o mundo visse que Deus cumpre as promessas das Escrituras para aqueles que confiam nele. Se ele tivesse um dom especial de fé que Deus não espera que todos tenham, então, um dos grandes objetivos de Müller teria sido frustrado. Ele acreditava que ele estava dando um exemplo bíblico para todos nós.
Todos os crentes são chamados, na simples confiança da fé, para lançar todos os seus fardos sobre Ele, a confiar nele para tudo, e não apenas para fazer de cada coisa um assunto de oração, mas a esperar respostas às petições que eles têm feito segundo a Sua vontade, e em nome do Senhor Jesus.

A diferença entre graça e dom

Qual é a diferença entre esta fé incrível (que Müller chamou de "graça da fé") e do "dom da fé" em 1 Coríntios 12.7-9, que diz: "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.
Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;”
         Aqui está a resposta de Müller:
A diferença entre o dom e a graça da fé parece-me isso. De acordo com o dom da fé eu sou capaz de fazer uma coisa, ou acreditar que uma coisa vai acontecer, ou não crer naquilo que seria pecado; e de acordo com a graça da fé eu sou capaz de fazer uma coisa, ou acreditar que uma coisa vai acontecer, a respeito da qual eu tenho a palavra de Deus como o fundamento para descansar, e, portanto, a não fazer, ou não crer no que seria pecado.
Por exemplo, o dom da fé seria necessário, para crer que uma pessoa doente deve ser restaurada novamente, embora não haja nenhuma probabilidade humana, porque não há nenhuma promessa para a sua efetivação; e a graça da fé é necessária para crer que o Senhor vai suprir as minhas necessidades, se eu procurar primeiro o reino de Deus e a sua justiça, porque há uma promessa para esse efeito. (Mateus 6.33 - Narrative, vol. 1, 65)
Esta resposta é extremamente importante. Isso significa que é esperado de cada cristão que confie em Deus para cumprir todas as promessas explícitas feitas para a igreja na Bíblia. Seria pecado não acreditar nelas. Mas é não pecar não crer que Deus vai fazer uma coisa que não é explicitamente prometida na Bíblia - como curar sua esposa, Mary?

Orou pela sua cura, pregando em seu funeral

Então, como ele confiou em Deus quando orou pela cura de sua esposa quando ouviu que ela tinha febre reumática? Será que ele tinha o "dom da fé" para ela? Não, ele não tinha. Mas ele tinha fé como ele orou - grande fé. Ele pegou uma promessa na Bíblia e ele acreditou. Aqui está como ele descreveu aquela fé:
A última parte da Escritura que eu li para minha preciosa esposa foi esta: "O Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dará graça e glória. Nenhuma coisa boa ele negará aos que andam na retidão.“  (Salmo 84.11). Eu disse a mim mesmo, no que diz respeito à última parte, "nenhuma coisa boa ele negará aos que andam na retidão" - Eu sou em mim mesmo um pobre pecador sem valor, mas eu fui salvo pelo sangue de Cristo; e eu não vivo em pecado, eu ando em retidão perante Deus. Portanto, se ele é realmente bom para mim, minha esposa querida será levantada novamente; doente como ela está. Deus vai restaurá-la novamente. Mas se ela não for restaurada novamente, então isto não seria algo bom para mim. E assim o meu coração estaria descansado. Ficaria satisfeito com Deus. E tudo isso brota, como eu já disse muitas vezes antes, de tomar Deus em Sua Palavra, acreditando no que ele diz. (Narrative, vol. 2, 745)
Ela morreu em 06 de fevereiro de 1870. Müller tinha 64 anos. Ele nunca vacilou na sua fé. Ele pregou no funeral de sua esposa o Salmo 119.68: "Tu és bom e fazes o bem". Ele contou como ele pregou para si mesmo quando ela estava morrendo: "Se Deus quiser tomar minha querida esposa, isto vai ser bom, como Ele mesmo é bom. O que eu tenho que fazer, como Seu filho, é estar satisfeito com o que meu Pai faz, para que eu possa glorificá-Lo." (Narrative, vol. 2, 399).
Esta resposta significa que a fé de Müller para os órfãos era o mesmo tipo de fé que ele tinha para sua esposa. Se é bom que os órfãos tenham ovos no café da manhã, a oração de Müller para ovos será respondida. Mas se não, Müller irá assumir que a sua oração foi respondida de uma maneira que é melhor do que ovos. Os ovos podem falhar. Deus nunca falha. Porque os ovos não foram prometidos.
O que foi prometido na Bíblia é "as necessidades da vida." "Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas [comida, bebida, roupas] serão acrescentadas" (Mateus 6.33). Deus sabe quanta comida, bebida e roupas são "necessárias" para nós - assim como ele sabia o que era "bom" para Mary e para o próprio Müller. Ela morreu.

Mas, perguntamos, Deus não promete na Bíblia que tudo que nós pedirmos a Deus crendo, nos será dado? E não quer isto significar que, no entendimento de Müller, a graça da fé, que seria pecado se nós falhássemos em confiar em Deus para nos dar tudo o que pedimos? Isto é, de fato, a "palavra da fé" - nome com que os curandeiros compreendem a Escritura). Müller não via dessa forma.
Mas porque não? Em Marcos 11.24 Jesus diz: "Tudo o que pedirdes em oração, crede que recebestes, e será assim convosco." Então, sim, é verdade que não há nenhuma promessa específica na Bíblia que sua esposa Mary seria curada. Mas há uma promessa de que "tudo o que pedirdes" seria concedido, se você acreditar. Não está a cura de Mary incluída no "tudo o que"?
Müller diria que não. Ele sempre disse que a oração que podemos crer em Deus deve ser "de acordo com a vontade de Deus" - o que significa a vontade soberana de Deus - o que, na verdade, Ele quer fazer. Como se diz em I João 5.14,15: "E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos.”
Note que João diz: "tudo o que pedimos" (as mesmas palavras que Jesus usa em Marcos 11.24), pelas quais já tinha limitado a pedir coisas que estejam de acordo com a vontade de Deus. Assim, a palavra "qualquer" não é absoluta. Ela é limitado pelo contexto. Da mesma forma, o contexto de Marcos 11.24 limita a palavra "qualquer" como Jesus a usou.
O versículo seguinte (Marcos 11.25) afirma que “tudo o que pedirdes” tem limites. Jesus diz: "E quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas." O que implica claramente que você não receberá respostas ao seu pedido de perdão se você for uma pessoa implacável (veja também Mateus 6.14,15). "O que quer que" não inclui as coisas boas que Deus tem a intenção de reter - como o perdão do implacável.
Como Müller definiria o "qualquer" de Marcos 11.24? Eu acho que ele diria: "Isso significa crer em Deus implicitamente e sem duvidar de tudo o que ele prometeu em sua Palavra." Essa perspectiva só é tão radical como que para torná-lo totalmente diferente do mundo. Você não vai estar ansioso. Você não vai ficar amargurado com decepções. Você saberá que nenhuma coisa boa será negada aos que andam na retidão (Salmo 84.11). Ele sempre fará o que é bom para aqueles que o amam (Romanos 8.28). Ele sempre proverá todas as suas necessidades (Filipenses 4.19). Müller realmente acreditava nessas promessas. Deus estava contente e respondia.
Ele fez sua vida ser um exemplo para nós. E ela foi. Senhor, concede que esta graça da fé seja sempre a nossa maior porção.








7 - O Incessante Fruto do Espírito

Por Jonathan Edwards

Nós podemos considerar a igreja de Cristo com relação aos seus membros em particular, dos quais ela consiste. Aqui ficará manifesto que o amor, o amor cristão, é um incessante fruto do Espírito. Cada um dos verdadeiros membros da igreja invisível de Cristo possui deste fruto no coração. O divino amor, o amor cristão, é implantado, habita, e reina ali, como um eterno fruto do Espírito, e como um fruto que nunca cessa. Ele nunca cessa neste mundo, mas permanece através de todas as provações e oposições, pois o apóstolo nos diz que nada "poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 8.38,39). E ele não cessa quando os santos vierem a morrer. Quando os apóstolos e outros dos seus dias morreram e foram para o céu, eles deixaram atrás de si todos os seus dons miraculosos, com seus corpos. Contudo, eles não deixaram para trás o amor que estava nos seus corações, mas o carregaram consigo para o céu, onde ele foi gloriosamente aperfeiçoado. Quando os homens ímpios morrem, homens que tiveram as influências comuns do Espírito, seus dons cessarão eternamente, mas a morte nunca destrói o amor cristão, aquele grande fruto do Espírito, em qualquer um que o tenha. Aqueles que o tem podem deixar e deixarão após si muitos outros frutos do Espírito que tiveram em comum com os homens ímpios. E ainda que eles deixarão tudo que era comum à sua fé, e esperança, e tudo aquilo que não é pertinente a este divino e santo amor, mesmo assim este amor eles não deixarão para trás, mas irá com eles para a eternidade e será aperfeiçoado lá, e viverá e reinará com glorioso e perfeito domínio nas suas almas para todo o sempre. E assim, outra vez,
Nós podemos considerar a igreja de Cristo coletivamente, ou como um corpo. E aqui, novamente, ficará manifesto que o amor, o amor cristão, nunca cessará. Embora outros frutos do Espírito cessem na igreja, este nunca cessará. No passado, quando houve interrupções dos dons miraculosos do Espírito na igreja, e quando houve épocas nos quais nenhum profeta ou pessoa inspirada apareceu que possuía tais dons, ainda ali nunca houve qualquer interrupção total deste excelente fruto ou influência do Espírito. Dons miraculosos foram interrompidos por longo tempo que se estendeu de Malaquias até próximo ao nascimento de Cristo; mas em todo este tempo a influência do Espírito, em manter o divino amor na igreja, nunca foi suspensa. Como Deus sempre teve uma igreja de santos no mundo, desde a primeira criação da igreja após a queda, assim esta influência e o fruto do Espírito nunca cessou nela. E quando, depois da conclusão do cânon das Escrituras, os dons miraculosos do Espírito parecem finalmente ter cessado e desaparecido na igreja, esta influência do Espírito em produzir o divino amor nos corações dos santos não cessou, mas tem sido mantida por todas as épocas desde aquele tempo até hoje, e assim será até o fim do mundo. E no fim do mundo, quando a igreja de Cristo for colocada no seu estado final, mais completo e eterno, e todos os dons comuns, tal como convicção e iluminação, e todos os dons miraculosos, estarão eternamente findados, ainda então o divino amor não cessará, mas será trazido à sua mais gloriosa perfeição em cada membro individual da igreja resgatada no céu. Então, em cada coração, aquele amor que agora aparece apenas como uma faísca, será aceso num brilhante e incandescente fulgor, e cada alma resgatada será como se estivesse numa fogueira de divino e santo amor, e permanecerá e crescerá nesta gloriosa perfeição e bem-aventurança por toda a eternidade!
Eu darei apenas uma singular razão em favor da verdade da doutrina que tem sido deste modo apresentada. E a grande razão porque assim é, que os outros frutos do Espírito cessam, e o grande fruto do amor permanece, é que, o amor é o grande fim de todos os outros frutos e dons do Espírito. O princípio e o exercício do divino amor no coração, e os frutos dele na conduta, e a felicidade em que ele consiste e que jorra dele — estas coisas são o grande fim de todos os frutos do Espírito que cessam. O amor, o divino amor, é o fim para o qual toda a inspiração, e todos os dons miraculosos que já existiram no mundo, são apenas os meios. Eles foram somente meios de graça, mas o amor, o divino amor, é a graça mesmo; e não só isto, mas a soma de toda graça. Revelação e milagres nunca foram dados para qualquer outro fim senão apenas para promover santidade e edificar o reino de Cristo no coração dos homens, mas o amor cristão é a soma de toda santidade, e seu crescimento é apenas o crescimento do reino de Cristo na alma. Os frutos extraordinários do Espírito foram dados para revelar e confirmar a palavra e a vontade de Deus, para que os homens crendo possam ser conformados àquela vontade; e eles eram valiosos e úteis somente na medida em que tendiam para este fim. E daí, quando este fim foi obtido, e quando o cânon das Escrituras, o grande e poderoso meio da graça foi completado, e as ordenanças do Novo Testamento e da última dispensação foram completamente estabelecidas, os dons extraordinários cessaram, e chegaram ao fim, não sendo mais úteis. Dons miraculosos sendo um meio para um fim posterior são bons só enquanto se dirigem para aquele fim. Mas o divino amor é aquele fim mesmo, e portanto permanece quando os meios para ele cessam. O fim não é somente um bem, mas a mais elevada qualidade de bem em si mesmo, e portanto permanece para sempre. E assim é com relação aos dons comuns do Espírito, que foram dados em todas as épocas, tais como iluminação, convicção, etc. Eles não tiveram nenhum bem em si mesmos, e somente são úteis enquanto tendem a promover aquela graça e santidade que sumaria e radicalmente consiste em divino amor, e, portanto, quando este fim é completamente satisfeito, haverá um término para sempre destes dons comuns, enquanto o divino amor, que é o fim de todos eles, permanecerá eternamente.







8 - O Dom do Espírito, um Incentivo à Obediência

“Se me amais, guardareis os meus mandamentos.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco,
o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.” (João 14.15-17)

Aprouve a Deus unir a felicidade do homem com seu dever, e ordenar, que os caminhos da justiça por si só fossem caminhos de deleite e de paz.
Daí nosso Senhor, em seu último discurso, no qual ele se esforçou muito mais para consolar seus discípulos; ter apresentado a obediência aos seus mandamentos, como a melhor prova de seu amor a ele, e o melhor meio de garantir bênçãos do alto: sim, quando ele estava lhes informando como ricamente a perda de sua presença seria contrabalançada pela habitação do Espírito Santo em seus corações, ele lhes lembra em primeiro lugar que esse benefício foi inseparavelmente ligado com a santidade de coração e de vida.
Ao discorrer sobre suas palavras, vamos considerar,

I. A promessa feita por Cristo à seus obedientes discípulos

Nosso Senhor requer que todos os seus seguidores "guardem os seus mandamentos"

Do crente é dito estar "morto para a lei", mas embora morto para a lei como um pacto, ele está mais vivo do que nunca para ela como uma regra de vida.
O casamento que havia entre o crente e a lei é dissolvido, mas é somente dissolvido, "para que ele possa se ​​casar com outro, a saber, o Senhor Jesus Cristo, e para que através dele, na qualidade de seu Esposo, possa ser ativado para "dar frutos para Deus". A obediência aos mandamentos de Cristo é a única prova suficiente que ele pode dar do seu amor a Cristo. De fato, até a sua última hora ele deve ser provado por este teste. Todas as profissões religiosas do mundo serão vistas como hipocrisia, se destituídas desta evidência. A obediência e o amor são inseparáveis um do outro. Amor sem obediência não é melhor do que dissimulação, como obediência sem amor é mera ação servil. O comando aqui, portanto, dado aos discípulos, deve ser considerado como dado a todos os seguidores de Cristo em todas as épocas.

Para aqueles que seguem esta regra ele dá a mais encorajadora de todas as promessas:

Seus discípulos estavam prestes a perder a sua presença em razão de sua partida para as regiões superiores. Mas ele  prometeu que, "se eles obedecessem os seus mandamentos, ele iria rogar ao Pai por eles, para que o Pai lhes enviasse outro Consolador para ficar com eles para sempre." E aqui, deixe-me observar, que o Espírito Santo é representado por ele, não como uma qualidade ou operação, mas como uma Pessoa distinta; não como um conforto, mas um Confortador; que viria do Pai, em resposta às intercessões do Filho, e permaneceria no seio das pessoas obedientes a Deus. Sim, como nos dias antigos, Deus, pela nuvem brilhante, seu Shequiná, o símbolo de sua presença e glória, esteve em primeiro lugar no tabernáculo e depois no templo, e assim também o Espírito de Deus agora desceria e habitaria nos corações dos seguidores obedientes de Cristo, exibindo diante deles a sua glória, e dando a eles as suas bênçãos para o pleno atendimento de todas as suas diversas necessidades. Eles, assim como os apóstolos, seriam submetidos a provações, e chamados tanto a agir e a sofrer pelo seu Senhor, mas o Espírito Santo lhes daria todo o socorro e apoio necessário, e lhes faria mais do que vencedores sobre todos os seus opressores. Nunca por um momento ele irá deixá-los, até que ele tenha completado neles tudo o que Deus em seu amor e misericórdia sem limites, tem ordenado para eles.

Ampliando essa promessa, nosso Senhor revelou aos seus discípulos,

II. Qual é a bênção distinta que eles são privilegiados em desfrutar.

Esse Consolador divino não é conhecido por ninguém, senão pelo seguidores obedientes de Cristo.

"O mundo não o conhece, nem pode, de fato, recebê-lo". Como o “Espírito da verdade", ele falou por meio de todos os profetas, mas o mundo ímpio lançou atrás das costas a sua palavra. Nos dias de nosso Senhor fizeram o mesmo. O mesmo também fizeram quando falou pelos Apóstolos. E o mesmo têm feito nestes dias. Por falta de um discernimento espiritual, eles não enxergam, por falta de um entendimento esclarecido, eles não o  conhecem; e por falta de disposições santas, eles não podem recebê-lo. Seus corações estão fechados para ele; e estão tão cheios de afetos corrompidos pelo pecado, que o Espírito não pode suportar fazer a sua morada com eles. Se por um momento ele age como um espírito de convicção, ele não pode ficar ali como um Espírito de consolação. Mas, para os seguidores obedientes de Cristo, ele vem com todas as suas manifestações gloriosas e encarecedoras. Ele derrama em seus corações o amor de Deus. Para eles, ele testemunha sua adoção na família de Deus e é neles o penhor da sua herança eterna.

Parte inicial de um sermão de Charles Simeon, em domínio público, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.







9  - Dons e o Fruto do Espírito

Os dons do Espírito Santo estimulam as graças santificadoras que produzem em nós o Seu fruto, e ter o fruto do Espírito, dá equilíbrio e sustenta os dons.
É isto o que se aprende das palavras do apóstolo Paulo em I Tes 1.5:
“porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós.”
Neste texto se revela o modo que convém ministrar o evangelho: tanto em palavra quanto em poder, e sobretudo em poder no Espírito Santo.
Quando congregações enfatizam apenas as virtudes cristãs pela palavra, e isto não é acompanhado pelo poder do Espírito, especialmente pelo exercício dos dons nas vidas dos fiéis, não será de se estranhar que os cristãos permaneçam carnais, a par de todo o conhecimento deles da vontade de Deus revelada em Sua Palavra.
Por outro lado, quando se enfatiza apenas os dons do Espírito Santo, e as manifestações de sinais e prodígios do Espírito, sem o acompanhamento da aplicação das virtudes de Cristo à vida, o que se vê geralmente é até mesmo, um poder espúrio, que não passa de barulho e agitação carnal.
Ambos devem seguir juntos: Prática da Palavra para o crescimento espiritual em santificação, e o poder do Espírito, para estimular uma prática real desta vida cristã, sobretudo pelo exercício dos dons espirituais relacionados em I Coríntios 12 e 14, e em outras passagens bíblicas.




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