sexta-feira, 23 de outubro de 2015

47) Eleição e Predestinação 48) Emoção

47) ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO

ÍNDICE

1 - A Incapacidade Humana
2 - O que Cristo Comprou com o seu Sangue Para os Nossos Filhos?
3 - PREDESTINAÇÃO
4 - A Incapacidade de Vir A Cristo
5 - Eleição e Predestinação
6 - Por que Deus me Escolheu?
7 - A Porta Estreita
8 - Porque a Porta é Estreita
9 - É Possível Negar Biblicamente a Eleição e a Predestinação?
10 - A Causa da Eleição
11 - Eleição
12 - Como Entender a Eleição
13 - Aos que Predestinou, a Estes Também Chamou


1 - A Incapacidade Humana

Por Charles Haddon Spurgeon

"Ninguém pode a vir mim, se o Pai que me enviou não o trouxer." (João 6:44)

"Vir a Cristo" é uma frase muito comum nas Sagradas Escrituras. Ela é usada para expressar aquelas ações da alma em que, deixando imediatamente nossa justiça própria e nossos pecados, corremos para Nosso Senhor Jesus Cristo, e recebemos Sua justiça para ser nossa cobertura, e Seu sangue para ser nossa expiação.
Vir a Cristo, então, inclui arrependimento, auto negação, e fé no Senhor Jesus Cristo, e agrega dentro de si todas aquelas coisas que são o necessário acompanhamento destas grandes condições do coração, tais como a crença na verdade, diligência na oração a Deus, e submissão da alma aos preceitos do evangelho de Deus, e todas aquelas coisas que acompanham a aurora da salvação da alma.
Vir a Cristo é exatamente a única coisa essencial para a salvação do pecador. Aquele que não vir a Cristo, faça o que faça, ou pense o que pense, está ainda "em fel de amargura e laço de iniqüidade".
Vir a Cristo é o primeiro efeito da regeneração. Tão logo que a alma é vivificada, descobre sua condição perdida, e se horroriza ante seu estado, busca refúgio, e crendo encontrá-lo em Cristo, corre para Ele e repousa nEle.
Aonde não há esse vir a Cristo, certamente tampouco tem havido vivificação; e onde não há vivificação, a alma está morta em delitos e pecados, e estando morta não pode entrar no reino dos céus.
Temos diante de nós uma declaração muito surpreendente; alguns dizem muito ofensiva.
Vir a Cristo, apesar de ser descrita por muitas pessoas como sendo a coisa mais fácil em todo o mundo, é em nosso texto declarado como sendo uma coisa absolutamente e completamente impossível para qualquer homem, a menos que o Pai o traga para Cristo.
Será nossa ocupação, então, nos estendermos sobre esta declaração. Não duvidamos que sempre será ofensiva para a natureza carnal, porém, apesar disso, a ofensa à natureza humana é às vezes o primeiro passo para trazê-la humilhada diante de Deus.
E se este será o efeito de um doloroso processo, podemos esquecer a dor e nos regozijar nas gloriosas conseqüências. Me esforçarei nesta manhã para, em primeiro lugar, noticiar a incapacidade humana, e em que ela consiste.
Em segundo lugar, as atrações do Pai -  o que elas são, e como elas são exercidas sobre a alma.
E então concluirei considerando um doce consolo que pode ser derivado deste aparentemente árido e terrível texto.
I. Primeiramente, então, a INABILIDADE DO HOMEM. O texto diz, "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer."
Onde se situa esta incapacidade ? Primeiro, ela não reside em qualquer defeito físico. Se para vir a Cristo, mover o corpo ou andar com nossos pés fosse de qualquer auxílio, certamente o homem teria todo poder físico para vir a Cristo nesse sentido. Recordo haver ouvido um néscio declarar, que ele não cria que qualquer homem tivesse poder para ir à casa de Deus, a menos que o Pai o trouxesse.
Ora, ele foi simplesmente tolo, porque deveria ter entendido que enquanto o homem estiver vivo e tiver pernas, é tão fácil para ele ir à casa de Deus como para a casa de Satanás. Se o vir a Cristo compreende a articulação de uma oração, o homem não tem nenhum defeito físico nesse respeito; se ele não é mudo, pode dizer uma oração tão facilmente como pode expressar uma blasfêmia. É tão fácil para um homem cantar um dos hinos de Sião como cantar uma profana e lasciva canção. Não há falta de poder físico para vir a Cristo. Tudo quanto pode ser necessário em relação à força corpórea, o homem, certamente o tem; e se qualquer parte da salvação consiste nisto, estaria totalmente e completamente ao seu alcance sem qualquer assistência do Espírito de Deus. Nem tampouco, esta incapacidade reside em alguma deficiência mental. Eu posso crer que a Bíblia é a verdade tão facilmente como posso crer que qualquer outro livro o seja. Considerando o crer em Cristo como um mero ato da mente, estou apto para crer em Cristo como em qualquer outro. Admitindo que sua declaração seja verdade, é infundado que se me diga que não posso crer.
Posso crer nas declarações que Cristo fez, assim como nas declarações de quaisquer outras pessoas. Não há deficiência de faculdade na mente: o homem é capaz de apreciar como um mero ato intelectual a culpa do pecado tanto como a responsabilidade de um assassinato. Da mesma forma que é possível para mim exercitar a idEia mental de buscar a Deus, posso exercitar o pensamento de ambição. Tenho todo o poder e força mental que possa talvez ser necessário, se o poder mental fosse necessário na salvação de um modo absoluto. Pelo contrário, não há nenhum homem tão ignorante que possa alegar a falta de inteligência como uma escusa para rejeitar o evangelho. Logo, o defeito não reside no corpo, ou, no que chamamos, teologicamente falando, na mente. Não há qualquer deficiência ou insuficiência nela, embora que a depravação da mente, a corrupção ou ruína dela, é, depois de tudo, a própria essência da incapacidade humana.

Permita-me mostrar-lhes onde reside realmente esta incapacidade do homem. Ela reside no profundo de sua natureza. Através da queda, e pelo nosso próprio pecado, a natureza do homem tem se tornado tão rebaixada, depravada e corrompida, que é impossível para ele vir a Cristo sem a assistência de Deus Espírito Santo. Agora, na tentativa de demonstrar como a natureza do homem tem de tal modo lhe tornado incapaz de vir a Cristo, permitam-me neste momento tomar esta figura. Contemplem uma ovelha; quão voluntariamente ela se alimenta sob a pastagem! Vocês nunca conheceram uma ovelha suspirar por carniça; não poderia se alimentar do que come o leão. Agora trazei-me um lobo; e me perguntem se um lobo não pode comer grama, ou se ele não pode ser tão dócil e domesticado da mesma forma como uma ovelha. Respondo: NÃO !!; porque sua natureza é contrário a isso. Você diz: "Bem, ele tem orelhas e patas; não poderia ouvir a voz do pastor, e segui-lo onde quer que o levasse ?" Eu respondo: certamente; não há causa física pela qual não possa fazê-lo, porém sua natureza o impede, e portanto digo: ele não pode fazê-lo. Não poderia ser domado ? não poderia sua ferocidade ser removida ? Provavelmente poderia ser subjugado, e deste modo tornar-se aparentemente domesticado; mas sempre existirá uma marcada distinção entre ele e a ovelha, porque há uma distinção na natureza. Assim pois, a razão pela qual o homem não pode vir a Cristo, não é porque haja incapacidade em sua mente ou corpo, porém porque sua natureza está tão corrompida que não tem nem o querer nem o poder para vir a Cristo, a menos que seja trazido pelo Espírito Santo.
Porém, deixe-me dar-lhes uma ilustração melhor. Vocês vêem uma mulher com seu bebê em seus braços. Coloque uma faca em suas mãos, e lhe ordene que apunhale esse bebê no coração. Ela replica, e mui verdadeiramente: "Eu não posso". Agora, no que se refere ao seu poder corporal, ela possui, se quisesse; há uma faca, e há uma criança. A criança não pode resistir, e ela possui suficiente força em sua mão para imediatamente cravar a faca em seu coração. Porém, ela está completamente correta quando diz que não pode fazê-lo. Ela pode pensar em matar seu filho com um mero ato da mente, e ainda assim diz que lhe é impossível pensar semelhante coisa; e não fala falsamente quando assim diz, porque sua natureza de mãe não lhe permite fazer algo ante o qual toda a sua alma se revolta.
Simplesmente porque ela é mãe daquele menino, sente que não pode matá-lo. E assim ocorre com o pecador. O vir a Cristo é tão odioso para a natureza humana que, ainda que no que diz respeito às forças mentais e físicas (e estas não tem senão uma mui pequena ação na salvação), os homens poderiam vir se quisessem: é estritamente correto dizer que não podem nem querem, a menos que o Pai que enviou a Cristo lhes traga. Deixe-nos entrar um pouco mais profundamente na questão, e tentar mostrar no que consiste esta inabilidade do homem, em suas mais minuciosas particularidades.
1. Primeiramente, ela reside na obstinação da vontade humana. "Oh", diz o Arminiano, "os homens podem serem salvos se quiserem." Nós replicamos: "Meu querido senhor, todos nós cremos nisto; mas é precisamente no se eles quiserem onde está a dificuldade. Afirmamos que ninguém quer vir a Cristo, a menos que ele seja trazido; pelo contrário, nós não afirmamos isto, mas o próprio Cristo o declara: "Mas não quereis vir a mim para terdes vida"; e enquanto este "não quereis" permanecer registrado na Santa Escritura, não seremos inclinados a crer em qualquer doutrina da liberdade da vontade humana. É estranho como as pessoas, quando falam sobre o livre-arbítrio, discutem de coisas que eles não têm nenhum entendimento. "Ora", diz alguém, "eu creio que os homens podem ser salvos se eles quiserem." Meu querido senhor, de modo algum é esta a questão. A questão é: os homens alguma vez são encontrados naturalmente dispostos a se submeterem aos termos humilhantes do evangelho de Cristo ?
Declaramos, sob a autoridade das Escrituras, que o homem está tão desesperadamente em ruína, tão depravado, e tão inclinado a tudo o que é mal, e tão oposto a tudo o que é bom, que sem a poderosa, sobrenatural e irresistível influência do Espírito Santo, nenhum ser humano quererá jamais ser constrangido para Cristo.
Você replica, que os homens algumas vezes estão desejosos, sem a ajuda do Espírito Santo. Eu respondo: Você encontrou alguma vez alguma pessoa que estivesse?
De dezenas e centenas, pelo contrário, de milhares de Cristãos de diferentes opiniões com os quais tenho conversado, jovens e velhos, jamais tive a sorte de me encontrar com um que pudesse afirmar que veio a Cristo por si mesmo, sem ser trazido.
A confissão universal de todos verdadeiros crentes é esta: "Eu sei que se Jesus Cristo não me houvesse buscado quando eu era um errante peregrino do redil de Deus, agora estaria longe, muito longe dEle, e amando cada vez mais esta  distância." Em consentimento mútuo, todos crentes afirmam a verdade que, os homens não viriam a Cristo até que o Pai que O enviou lhes trouxesse.

2. Não somente é a vontade obstinada, mas o entendimento está entenebrecido. Disto temos abundante provas nas Escrituras. Não estou fazendo meras afirmações, mas declarando doutrinas autorizadamente ensinadas nas Sagradas Escrituras, e gravadas na consciência de cada Cristão " que o entendimento do homem está tão entenebrecido, que não pode por quaisquer meios entender as coisas de Deus até que seu entendimento seja aberto.
O homem é cego por natureza. A cruz de Cristo, tão carregada de glórias e de esplêndidos atrativos, nunca atrai o pecador, porque é cego e não pode ver suas belezas.
Fale-lhe das maravilhas da criação, mostre-lhe o arco multicolor que cruza os céus, deixe-lhe contemplar as glórias de uma paisagem, e ele será capaz de ver todas estas coisas; mas fale-lhe das maravilhas do concerto da graça, da segurança do crente em Cristo, das belezas da pessoa do Redentor, e será completamente surdo para todas suas descrições; na verdade, tu serias como um que tocara uma bela melodia; porém ele não prestaria atenção, ele é surdo, não pode compreender.
Ou, para retornar ao verso que tão especialmente marcamos em nossa leitura: "Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhes parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente"; e na medida em que ele é um homem natural, não está em seu poder o discernir as coisas de Deus.
"Bem", diz alguém, "eu acredito que tenho chegado a um discernimento bastante tolerável nos assuntos de teologia. Creio que entendo quase todos os pontos." Certo, podes haver chegado, porém somente na letra; porque no espírito dela, na verdadeira recepção para a alma, à uma compreensão real dela, é impossível que você tenha chegado, a menos que tenha sido trazido pelo Espírito.
Enquanto as Escrituras permanecerem verdadeiras, a mente carnal não poderá receber as coisas espirituais, será verdade que você não pode recebê-las, a menos que tenha sido regenerado e feito um homem espiritual em Cristo Jesus.
A vontade, então, e o entendimento são duas grandes portas, ambas bloqueadas e impedindo o nosso vir a Cristo, e até que elas sejam abertas pelas doces influências do Divino Espírito, elas deverão permanecer para sempre fechadas para qualquer coisa semelhante ao vir a Cristo.

3. Consideraremos agora esta incapacidade nas afeições, que constituem uma grande parte do indivíduo e que estão também depravadas.
O homem, tal como ele é antes de receber a graça de Deus, ama qualquer e todas coisas mais do que as coisas espirituais. Se querem evidências disto, olhem ao redor de vocês. Não é necessário nenhum monumento para a depravação das afeições humanas. Lancem os seus olhos em qualquer lugar " não há uma rua, nem uma casa, mais ainda, nenhum coração, que não possa demonstrar a triste evidência desta terrível verdade.
Por que os homens não são universalmente encontrados no Dia do Senhor reunidos na casa de Deus?
Por que não somos mais constantemente achados lendo nossas Bíblias?
Por que a oração é um dever quase universalmente negligenciado?
Por que Cristo Jesus é tão pouco amado?
Porque até seus seguidores professos são tão frios nas suas afeições para com Ele?
De onde se  originam estas coisas? Certamente, queridos irmãos, não podemos atribuí-las a nenhuma outra fonte que não seja esta: a corrupção e perversão das afeições. Amamos o que deveríamos odiar, e odiamos o que deveríamos amar.
É devido à natureza humana, a natureza humana caída, que os homens amam esta presente vida mais do que a vida vindoura.
Não é senão pelo efeito da queda, que o homem ama mais o pecado do que a justiça, e os caminhos deste mundo do que os caminhos de Deus.
E novamente repetimos, até que estas afeições sejam renovadas, e transformadas em um fresco canal pela misericórdia do Pai, não é possível para qualquer homem amar o Senhor Jesus Cristo.

4. A consciência, também tem sido subjugada pela queda. Eu creio que não há maior e mais rude erro feito pelos teólogos, do que quando ensinam às pessoas que a consciência é o representante de Deus na alma, e que é um daqueles poderes que conservam sua primitiva dignidade, os levantando no meio da queda de seus companheiros.
Meus irmãos, quando o homem caiu no jardim, caiu completa e inteiramente; não há um só pilar no templo da humanidade que permaneceu de pé. É verdade que a consciência não foi destruída. O pilar não foi estilhaçado; ele caiu, caiu inteiro, e ali permaneceu como o mais poderoso vestígio do que foi a obra perfeita de Deus no homem.
Porém que a consciência caiu, estou seguro. Contemplai os homens. Quem dentre eles é possuidor de uma "boa consciência para com Deus", senão o homem regenerado?
Imaginas que, se as consciências dos homens sempre falassem em alta voz e claramente para eles, poderiam viver em diária concessão de atos, que são tão opostas à justiça como as trevas à luz ?
Não, amados; a consciência pode me dizer que sou um pecador, porém a consciência não pode me fazer sentir que sou.
A consciência pode me dizer que tal e tal coisa é errada, porém quão errada ela é, a consciência por si só não pode saber.
Tem a consciência do homem, sem a iluminação do Espírito, alguma vez lhe advertido que seus pecados merecem a condenação ?
Ou se o tem feito, levou qualquer homem a sentir um aborrecimento do pecado como pecado ?
?De fato, tem a consciência jamais trazido um homem à renúncia de si mesmo, de forma que ele se auto-abominasse totalmente e a todas as suas obras, e vindo a Cristo ?
Não, a consciência, embora não morta, está arruinada, seu poder está debilitado, já não tem aquela pureza de olhos e aquela força de mão, nem aquele trovão de voz, que teve antes da queda; porém tem cessado em grande grau de exercer sua supremacia na cidade da Alma Humana. Assim pois, amados, se torna necessário por esta mesma razão - porque a consciência está depravada - que o Espírito Santo intervenha, para nos mostrar a nossa necessidade de um Salvador, e nos levar ao Senhor Jesus Cristo.
"Então", dirá alguém, "pelo que você tem dito até agora, me parece que você considera que a razão porque os homens não vem a Cristo é a de não querer em vez de a de não poder". Certo, mais do que certo. Eu creio que a grande razão da incapacidade humana é a obstinação de sua vontade. Uma vez superado isto, creio que está revolvida a grande pedra do sepulcro, e a parte mais difícil da batalha já está ganha. Porém, permitam-me que vá um pouco mais longe.
Meu texto não diz: "Ninguém quer vir", mas diz, "Ninguém pode vir". Agora bem, muitos intérpretes crêem que o pode aqui, é senão uma forte expressão transmitindo não mais do que o significado da palavra querer. Estou firmemente seguro que esta interpretação não é correta.
Há no homem, não somente indisposição para ser salvo, mas também uma impotência espiritual para vir a Cristo; e isto provarei ao menos para cada Cristão.
Amados, falo a vocês que já foram vivificados pela graça divina; não lhes ensina a sua experiência que há tempos que querem servir a Deus, e todavia não têm o poder para fazê-lo ? Não tem havido ocasiões nas quais vocês têm sido obrigados a dizer que quiseram crer, porém tiveram que orar: "Senhor, ajuda minha incredulidade?".
Porque, embora desejosos de receber testemunho de Deus, a sua natureza carnal foi forte demais para vocês, e sentiram a necessidade de ajuda sobrenatural.
Vocês são capazes de entrar em seu quarto a qualquer hora que quiserem, e cair sobre seus joelhos e dizer: "Agora, é a minha vontade que serei extremamente fervoroso na oração, e que me aproximarei de Deus?" Eu pergunto: encontrarão seu poder semelhante ao seu querer? Poderão dizer, até mesmo diante do tribunal de Deus, que são sinceros em sua boa vontade; que estão desejosos de serem envoltos na devoção, e é seu desejo que sua alma não se aparte de uma pura contemplação do Senhor Jesus Cristo, porém vejam que, até quando vocês estão dispostos, não poderão fazê-lo sem a ajuda do Espírito Santo.
Agora - bem, se os filhos vivificados de Deus encontram uma incapacidade espiritual, quão muito mais o pecador que está morto em delitos e pecados ?
Se até o Cristão maduro, depois de trinta ou quarenta anos, se encontra às vezes disposto e todavia sem poder " se tal é sua experiência " não parecerá mais do que lógico que o pobre pecador que ainda não creu, necessite do poder tanto como do querer da vontade ?
Porém ainda há outro argumento.
E falaremos  sobre ele na parte  seguinte a esta.

Se o pecador tem poder para vir a Cristo, gostaria de saber como vamos interpretar as contínuas descrições que se nos fazem na santa Palavra de Deus sobre a sua  situação?
Ora, o pecador é dito como estando morto em delitos e pecados. Afirmarei que a morte implica nada mais do que a ausência de vontade ?
Certamente um cadáver é totalmente incapaz como indisposto. Ou novamente, não vê todos os homens que há distinção entre querer e poder ?
Não poderia ser vivificado este cadáver o suficiente para ter um desejo, e apesar disso seguir tão impotente que não levantaria nem sequer um pé ou uma mão ?
Não temos visto casos nos quais pessoas têm sido o suficiente reanimadas para dar evidência de vida, e todavia têm estado tão perto da morte que não podem realizar o mais leve movimento ?
Não existe uma clara diferença entre a presença da vontade e a presença do poder ?
De qualquer forma, é totalmente certo que onde a vontade está presente, o poder seguirá.
Fazei a um homem desejoso, e ele será feito poderoso; porque quando Deus dá a vontade, não atormenta a pessoa fazendo com que deseje algo que não pode dar; no entanto Ele faz tal divisão entre a vontade e o poder, que será percebido que ambas as coisas são completamente dons distintos do Senhor Deus.
Portanto, tenho que fazer outra pergunta: se tudo quanto o homem necessita que lhe seja dado é o querer, não despreza de imediato o Espírito Santo ?
Não estamos habituados a dar toda a glória da salvação operada em nós ao Espírito de Deus ?
Porém agora, se tudo que Deus  Espírito Santo faz por mim é me dar o desejo para fazer todas estas coisas por mim mesmo, não estamos em uma grande medida participando com o Espírito Santo na glória ? e poderíamos ousadamente nos levantar e dizer: "É certo que o Espírito me deu a vontade para fazer estas coisas, porém apesar disso foi eu quem fiz por mim mesmo, e portanto posso me gloriar; e se tenho feito estas coisas por mim mesmo sem a ajuda do alto, não arremessarei minha coroa aos Seus pés; é a minha própria coroa, eu a consegui, e eu a guardarei."
Na medida em que o Espírito Santo é sempre na Sagrada Escritura apresentado como a Pessoa que opera em nós tanto o querer como o efetuar segundo a Sua boa vontade, sustentaremos com legítima inferência que Sua obra consiste em algo mais que nos outorgar o mero querer; e que portanto, há outra necessidade além do querer na vontade de um pecador " há absoluta e real necessidade de poder. Agora, antes de abordar esta consideração, permitam-me que me dirija a vocês um momento.
Freqüentemente me acusam de pregar doutrinas que podem fazer muito dano. Pois bem, não vou negar tal acusação, porque não me preocupa muito o respondê-la.
Aqui presentes, estão minhas testemunhas que provarão que, efetivamente, quando tenho pregado tenho feito grande dano, porém não à moralidade ou à igreja de Deus, porém a Satanás e sua causa.
Não há um ou dois, mas centenas, que esta manhã se regozijam que  têm sido trazidos para perto de Deus; eles haviam sido profanadores e quebrantadores do Dia do Senhor, bêbados ou pessoas mundanas, mas agora têm sido trazidos a conhecer e a amar ao Senhor Jesus Cristo; e se isto é fazer dano, queira Deus em sua infinita misericórdia nos maltratar desta maneira milhares e milhares de vezes mais.
Porém há mais ainda: Que verdade não ferirá ao que faça mal uso dela ? Os que pregam a redenção universal, gostam de proclamar a grande verdade da misericórdia de Deus até o último momento da vida. Porém, como ousais pregar isso? Muitas pessoas causam dano ao adiar o dia da graça, pensando que a última hora pode ser tão boa como a primeira.
Porque, se nunca pregamos qualquer coisa que o homem possa fazer mal uso, e abusar, deveríamos segurar nossas línguas para sempre. Também há quem diz: "Assim pois, se eu não posso me salvar por mim mesmo, se eu não posso ir a Cristo, não me preocuparei em absoluto, nem intentarei fazer nada."
Os que assim falam com pleno conhecimento, estão firmando sua sentença. Muitas vezes temos dito com toda claridade que há muitas coisas que vocês podem e devem fazer. O vir à casa de Deus está em sua mão; o estudar a Palavra com diligência está a seu alcance; o renunciar à sua carnalidade, e abandonar os vícios aos quais se entregam, o viver uma vida honrada, sóbria e virtuosa, está em seu poder. Para isso não necessitam de nenhuma ajuda do Espírito Santo, pois tudo isto o podem fazer por si mesmos; porém o vir a Cristo, certamente, não está em sua capacidade se antes não têm sido renovados pelo Espírito Santo.
E não esqueçam que sua falta de poder não lhes escusa, dado que não querem vir e que vivam em contínua e voluntária rebelião contra Deus.
Sua falta de poder radica principalmente na obstinação da natureza.
Suponha que um mentiroso diga que não está em seu poder falar a verdade, que ele tem sido um mentiroso por tanto tempo, que não pode deixar de o ser; isto é uma escusa para ele ?
Suponha que um homem, que tenha durante muito tempo se entregado à lascívia, lhes dissesse que se sente aprisionado por ela como por uma grande rede de ferro, e que não pode desfazer-se de seus desejos; aceitariam esta razão como uma escusa ?
Sinceramente não há justificativa alguma. Se um bêbado tem se tornado tão abominavelmente um beberrão, que lhe fosse impossível passar diante de uma taberna sem entrar nela, lhe desculparia isso, então ? Não, porque sua incapacidade para se reformar reside em sua natureza, que não sente o desejo de refrear ou superar.
O efeito e a causa, sendo ambos procedentes da raiz do pecado, são dois males que não podem se escusar um ao outro.
Qual é a causa de que o etíope não pode mudar sua pele, nem o leopardo suas manchas ?
É pelo fato de haver aprendido a fazer o mal, pelo que agora não podem fazer o bem; e portanto, em lugar de permitir que você se assente para escusar a si mesmo, permita-me colocar um raio debaixo do assento de sua indolência, para que você possa ser atemorizado por ele e despertado.
Recordem, que o permanecer sem fazer nada é estar condenado para toda a eternidade.
Oh ! que Deus o Espírito Santo possa fazer uso desta verdade em um sentido muito diferente !
Confio que antes de terminar, serei capacitado para lhes mostrar como esta verdade, que aparentemente condena aos homens e lhes fecham a porta, é, depois de tudo, a grande verdade que tem sido abençoada para a conversão dos homens.

II. Nosso segundo ponto é AS ATRAÇÕES DO PAI. "Ninguém pode vir mim, se o Pai que me enviou não o trouxer." Como, pois, traz o Pai os homens ? Os teólogos arminianos geralmente dizem que Deus traz os homens por meio da pregação do evangelho. Mui certo; a pregação do evangelho é o instrumento para trazer os homens, porém deve haver algo mais do que isto.
Deixe-me perguntar: a quem Cristo dirigiu essas palavras ? Ao povo de Cafarnaum, onde Ele havia pregado com freqüência, onde havia anunciado com tristeza e dor as maldições da Lei e os convites do evangelho.
Naquela cidade havia feito muitos grandes sinais e obrado muitos milagres.
De fato, por causa de tais ensinamentos e semelhantes milagres atestados a eles, que Ele declarou que Tiro e Sidon teriam se arrependido a muito tempo atrás em panos de saco e cinzas, se eles tivessem sido abençoados com tais privilégios. Assim pois, se a pregação do próprio Cristo não bastou para trazer aqueles homens a Ele, é impossível crer que o Pai intentará lhes trazer simples e totalmente por meio da pregação.
Não, irmãos; devem notar que Ele não disse que ninguém pode vir se o ministro não lhe trouxer, porém se o Pai não lhe trouxer. Desde logo, existe tal coisa como ser trazido pelo Evangelho e ser trazido pelo ministro, sem haver sido trazido por Deus.
Porém, certamente é uma atração divina a que se quer indicar com isto; ser trazido pelo Altíssimo Deus " a Primeira Pessoa da Santíssima Trindade enviando a Terceira, o Espírito Santo, para induzir os homens a vir a Cristo. Há outros que mudam de postura e dizem com desprezo: "Então, crês tu que Cristo arrasta aos homens para Ele apesar de que não queiram ?" Recordo ter me encontrado uma vez com um que me disse: "Senhor, você prega que Cristo pega as pessoas pelos cabelos da cabeça e as traz para Ele". Eu perguntei-lhe se ele poderia referir a data do sermão onde preguei tão extraordinária doutrina, porque se ele pudesse, eu ficaria muito agradecido. Contudo, ele não pode. Porém eu lhe disse: Cristo não traz as pessoas para Si pelos cabelos de suas cabeças, eu creio que Ele as traz totalmente pelo coração tão poderosamente como sua caricatura sugeriu.
Notai que no trazer do Pai não há compulsão alguma; Cristo nunca compeliu qualquer homem a vir para Ele contra sua vontade.
Se um homem estiver indisposto para ser salvo, Cristo não o salva contra sua vontade.
Como, então, o Espírito Santo lhe traz ?
Fazendo-lhe disposto.
É verdade que Ele não usa a "persuasão moral"; Ele conhece um método íntimo de alcançar o coração. Ele vai na secreta origem do coração, e Ele sabe como, por algumas misteriosas operações, volver a vontade em uma direção contrária, de maneira que, como Ralph Erskine paradoxalmente colocou isto, o homem seja salvo "com pleno consentimento contra sua vontade"; isto é, seja salvo contra sua velha vontade.
Mas ele é salvo com pleno consentimento, porque ele tem sido feito desejoso no dia do poder de Deus.
Não imaginem que qualquer homem vá ao céu chutando e se esforçando durante todo o caminho contra a mão que o leva.
Não concebam a idéia de que qualquer homem será mergulhado em banho no sangue do Salvador, enquanto ele esteja aspirando se afastar do Salvador.
Oh, não.
É completamente certo que, no princípio, todo homem se recusa a ser salvo. Quando o Espírito Santo coloca sua influência no coração, se  cumpre a Escritura: "Leva-me tu; correremos após ti" (Cantares de Salomão 1:4). Seguimo-LO enquanto Ele nos leva, contentes de obedecer a voz que uma vez desprezamos.
Porém, a essência da questão repousa na mudança da vontade.
Como ocorre isto nenhuma carne o sabe; é um daqueles mistérios que são claramente percebidos como um fato, mas cuja causa nenhuma língua pode contar, e nenhum coração adivinhar.
De qualquer forma, a forma aparente na qual o Espírito Santo opera, podemos lhes contar.
A primeira coisa que o Espírito Santo faz quando entra no coração do homem é esta: Ele o encontra com uma muito boa opinião de si mesmo: e não há nada que impeça tanto ao homem vir a Cristo como o ter uma boa opinião de si mesmo.
Porque, diz:  "Eu não quero ir a Cristo. Tenho uma justiça tão boa como qualquer um poderia desejar. Sinto que posso entrar no céu por meus próprios méritos".
O Espírito Santo desnuda o seu coração, lhe permite ver o repugnante câncer que está corroendo sua vida, lhe descobre toda a negridão e corrupção daquela fonte do inferno " o coração humano - e então o homem permanece perplexo.
"Jamais pensei que eu fosse assim. Oh ! aqueles pecados que considerava como pequenos, têm crescido em imensa estatura. O que eu tinha por um montículo de terra, tem se tornado uma montanha; o que era antes o hissopo na parede, tem agora se tornado o cedro do Líbano".
"Oh", diz o homem dentro de si, "tentarei me reformar; farei tantas boas obras que lavarei aquelas negras ações. Então vem o Espírito Santo e lhe mostra que não pode fazer isto; tira todo seu fantasioso poder e força de tal forma que o homem cai sobre seus joelhos em agonia, e clama:

"Oh ! uma vez pensei que poderia salvar a mim mesmo por minhas boas obras, porém agora percebo que: "Poderia minha lágrimas eternamente derramar, Poderia meu zelo não conhecer descanso, Tudo isto meu pecado não poderia expiar, Tu, deves me salvar, e somente Tu."

Então o coração se desfaz e o homem se encontra pronto ao desespero. E diz: "Eu nunca poderei ser salvo. Nada pode me salvar." Então, vem o Espírito Santo e mostra ao pecador a cruz de Cristo, e ungindo seus olhos com colírio celestial Lhe diz: "Olhai para aquela cruz; aquele Homem morreu para salvar pecadores; você sente que é um pecador; Ele morreu para te salvar." E Ele capacita o coração a crer, e para vir a Cristo. E quando ele vem para Cristo, por esta doce atração do Espírito, encontra "uma paz com Deus, que excede todo o entendimento, o qual guardará seu coração e pensamentos em Cristo nosso Senhor."
Agora, vocês podem claramente  perceber que tudo isto pode ocorrer sem qualquer compulsão. O homem é trazido tão voluntariamente que parece que não foi trazido; e ele vem para Cristo com pleno consentimento, com tão pleno consentimento como se nenhuma influência secreta jamais houvesse sido exercida em seu coração.
Porém, esta influência deve ser exercida, ou se não, nunca teria existido nem jamais existiria qualquer homem que pudesse ou tampouco quisesse vir ao Senhor Jesus Cristo.

III. E agora, quando estamos próximos de terminar, concluiremos nosso sermão fazendo uma aplicação prática da doutrina, e confiamos que sirva para consolo. "Bem", dirá alguém, "se o que este homem prega é verdade, que farei com minha religião ? porque você sabe que tenho me esforçado durante muito anos, e não gosto de lhe ouvir dizer que um homem não pode salvar a si mesmo. Eu creio que ele pode, e intento persistir; mas se eu crer no que você diz, devo abandonar tudo e começar de novo".
Meus queridos amigos, seria algo muito maravilhoso se assim o fizessem. Não pensem que me alarmaria se assim fizessem. Lembrem-se que o que estão fazendo é construir sua casa sobre a areia, e isto é apenas um ato de caridade se posso sacudi-la um pouco para vocês.
Permitam-me lhes assegurar, em nome de Deus, que se sua religião não tem bases mais firmes que sua própria força, não resistirão ao juízo de Deus.
Nada permanecerá por toda a eternidade, exceto Aquele que procede da eternidade.
A menos que o eterno Deus tenha feito uma boa obra em seus corações, tudo o que vocês tenham feito deverá ser desfeito no último dia de acerto.
 É em vão que sejam assíduos visitantes de igrejas ou capelas, guardadores do Dia do Senhor, observadores de suas orações; será em vão que passem por pessoas honestas ante seus vizinhos e respeitáveis em suas conversações; é em vão que confiem nestas coisas, se são toda sua esperança de salvação.
Continuem; sejam tão honestos como quiserem, guardem perpetuamente o Dia do Senhor, vivam tão santamente quanto possam.
Eu não lhes dissuadirei dessas coisas. Deus não o permita; cresçam nelas, mas Oh, não confiem nelas, porque se vocês contarem com essas coisas, descobrirão que quando mais necessitarem delas, não lhes servirão para nada. E se há algo mais para o que se achem capazes de fazer sem o auxílio da graça divina, quanto antes vos desembaracem da esperança que tem sido engendrada por isto, tanto melhor para vocês, porque o Senhor tem afirmado: Sem Mim nada podeis fazer”; e assim é vã ilusão o confiar nas obras da carne.
Um céu espiritual deve ser habitado por homens espirituais, e a preparação para entrar nele deve ser operada pelo Espírito de Deus.
"Porém", diz algum outro, "eu tenho seguido as doutrinas de uma religião na qual, por boca de seus ministros, se me tem ensinado que poderia me arrepender e crer quando quisesse; e eis aqui que eu tenho demorado dia após dia.
Cri que poderia fazê-lo em qualquer momento e que só teria que dizer: Senhor, tem misericórdia de mim, e crer, e assim seria salvo. Você me tem despojado de toda minha esperança, e sinto o horror e o espanto se apoderar de mim." A ti te digo também, meu querido amigo: Me alegro disso; Este era o efeito que eu esperava alcançar. E oro para que este sentimento te seja multiplicado. Quando desesperas de salvar-te a ti mesmo, confio em que Deus tem começado já a fazê-lo. Me regozijarei quando te ouvir dizer: "não posso ir a Cristo. Senhor, leva-me, ajuda-me"; porque se alguém sente o desejo, ainda que não tenha o poder, é sinal de que a graça tem começado a obrar em seu coração, e Deus não o deixará até que sua obra seja consumada. Porém não esqueça, descuidado pecador, que tua salvação depende da mão de Deus. Oh! recorda que estás completamente em Suas mãos. Tu tens pecado contra Ele e, se quiser te condenar, condenado tu estás. Não podes resistir à Sua vontade nem frustrar Seu propósito. Tens merecido Sua ira, e se Ele quiser derramar sobre tua cabeça toda a abundância de Sua cólera, tu não podes fazer nada para evitá-lo. Porém se por outra parte decide salvar-te, Ele é poderoso para fazê-lo até o fim. Tu és em Suas mãos o que uma indefesa traça de verão seria entre teus dedos. Ele é o Deus a quem tu tens ofendido todos os dias. Não te faz estremecer o pensamento de que teu destino eterno está nas mãos dAquele a quem tens enojado e irado ? não tremem teus joelhos e teu sangue não coagula ? Se assim é me regozijo nisto, porque isto pode ser o primeiro efeito da ação do Espírito em tua alma. Oh! trema ao pensar que o Deus a quem tu tens encolerizado é o Deus de quem depende completamente tua salvação ou condenação. Trema e "beijai o Filho, para que se não ire e pereçais no caminho, quando em breve se inflamar sua ira". E eis aqui o pensamento que servirá de consolo: muitos de vocês são sois conscientes de estarem se acercando de Cristo esta manhã.
Não têm começado a derramar lágrimas de arrependimento ?
Não se trancam a sós em suas casas antes de vir, orando em devota preparação para ouvir a Palavra de Deus ? E durante o culto desta manhã, não tem clamado seu coração desde o mais profundo: "Senhor, salva-me ou pereço, porque eu não posso salvar-me a mim mesmo" ? E não podem agora levantar de vossos assentos e cantar:
"Oh, soberana graça meu coração dominou; Serei conduzido em triunfo, também, Um desejoso cativo de meu Senhor A cantar o triunfo de Sua Palavra"?
Não tenho ouvido eu mesmo que haveis dito em vosso coração: "Jesus, Jesus, toda minha confiança está em ti. Eu sei que nenhuma de minhas justiças e virtudes podem me salvar; somente Tu, Oh Cristo, podes fazê-lo; passe o que passar me entrego completamente a ti" ?
Oh, irmão!; estás sendo trazido pelo Pai, porque não poderias vir se Ele não te trouxesse.
Doce pensamento ! E se tens sido trazido, sabes qual é a maravilhosa conclusão? Deixem-me dizer-lhes com palavras da Escritura, e quem dera te sirvam de consolo: "o Senhor me apareceu, dizendo: Pois que com amor eterno te amei, também com amorável benignidade te atraí". Sim irmão meu que choras, posto que vens a Cristo, Deus te tem trazido; e posto que Ele te tem trazido, isso é a prova de que te amou desde antes da fundação do mundo. És um dos seus, deixa que teu coração salte dentro de ti. Teu nome foi escrito nas mãos do Salvador quando foram cravadas no maldito madeiro. Teu nome brilha hoje no peitoral do Sumo Sacerdote; sim, ali estava antes que a estrela da alva conhecesse seu lugar, ou os planetas iniciassem seu ciclo. Regojiza-te no Senhor, tu que tens vindo a Cristo, e dêem saltos de alegria todos os que têm sido trazidos pelo Pai. Porque esta é sus prova, seu solene testemunho, de que têm sido escolhidos dentre todos os homens em eterna eleição, e que serão guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para alcançar a salvação que está preparada para ser manifesta.






2 - O que Cristo Comprou com o seu Sangue Para os Nossos Filhos?

A bênção e os limites de ancestrais cristãos
Por John Piper

Felizmente, o sangue de Cristo divide e une famílias. “Supondes que vim para dar paz à terra? Não, eu vo-lo afirmo; antes, divisão... Estarão divididos: pai contra filho, filho contra pai; mãe contra filha, filha contra mãe” (Lucas 12.51, 53). “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mateus 10.37). Isto é boas-novas. Significa que nascer em uma família incrédula não é uma maldição garantida. Uma família pode ser graciosamente quebrantada pela crença de um filho.
Quando Paulo disse aos gentios convertidos: “Fostes comprados por preço” (1 Coríntios 6.20; 7.23), ele sabia que o sangue de Cristo havia quebrado uma ascendência familiar de incredulidade. Se você é descendente de pessoas incrédulas, ouvir estas palavras de Paulo lhe será boas-novas: “Estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa” (Romanos 9.8).
A biologia não sela qualquer maldição, nem garante qualquer bênção. Isto é um aviso contra o desespero de ser nascido em uma família pagã e contra a presunção de possuir pais crentes.
Mas, o sangue de Cristo não comprou nenhum privilégio para os filhos dos crentes? O sangue de Cristo não uniu as famílias através das gerações? O que você diz sobre Atos 2.39: “Para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar”? E o que acha de Salmos 103.17-18: “Mas a misericórdia do senhor é de eternidade a eternidade, sobre os que o temem, e a sua justiça, sobre os filhos dos filhos, para com os que guardam a sua aliança e para com os que se lembram dos seus preceitos e os cumprem”? E o que você diz sobre Êxodo 20.5-6: “Eu sou o senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos”.
Sim, Cristo adquiriu privilégios para os filhos dos crentes. Mas não garantiu a salvação deles. Estas três passagens bíblicas deixam claro que as bênçãos que virão às futuras gerações de crentes alcançarão apenas aqueles que são chamados por Deus (Atos 2.39), que guardam a sua aliança (Salmos 103.18) e que O amam (Êxodo 20.6). Todos os filhos dos crentes amam a Deus e guardam a aliança com Ele, pela fé em Cristo? Não. Na Bíblia, há muitos exemplos de crentes cujos filhos não creram, e esses exemplos nos mostram que a fé dos pais não garante a dos filhos.
O objetivo de Romanos 9.7-13 é mostrar que Isaque e não Ismael, Jacó e não Esaú, recebeu a bênção completa proveniente de ser nascido de pais crentes. O sangue de Jesus divide não somente quando os pais são incrédulos, mas também quando os filhos são incrédulos. Isso era o que Jesus tinha em mente, quando disse: “Os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mateus 10.36, 37). Um pai crente pode encarar esta escolha: lealdade a Cristo ou ao filho?
Mas digo outra vez: Cristo comprou realmente privilégios para os filhos dos crentes. Pareceria sem lógica dizer: “Para vós outros é a promessa, para vossos filhos” (Atos 2.39), bem como: “A sua justiça, sobre os filhos dos filhos” (Salmos 103.17), se isso não tivesse mais significado para uma descendência cristã do que para uma descendência pagã. Há um bem para os filhos dos crentes.
Deus afirma em Jeremias 32.39: “Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos”. Este bem não é a garantia da fé, e sim o dom da Palavra de Deus (Deuteronômio 6.6-7), a restrição sob a disciplina orientada por Deus (Efésios 6.4), a demonstração do amor de Deus (Colossenses 3.21) e o poder da oração (Jó 1.5). Deus resolveu agir, regular e normalmente, por intermédio desses instrumentos para a salvação dos filhos dos crentes.
Foi por isso que Cristo morreu. Os pais crentes honram o sangue de Cristo quando, por amor aos seus filhos, seguem esses meios determinados por Deus.







3 - PREDESTINAÇÃO

“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” (Romanos 8.29,30)

(Nota do tradutor: O Pr Charles Simeon era da denominação Batista, mas tinha uma visão interdenominacional. Ele apresenta a doutrina da predestinação de modo bíblico, equilibrado, sábio e sem os erros, invenções ou omissões que é comum se encontrar nos escritos de muitos que discorrem sobre a citada doutrina.)

O assunto da predestinação é reconhecidamente muito profundo e misterioso; não deve ser introduzido sem cuidado extremo, tanto quanto ao modo de afirmá-la, quanto às pessoas diante das quais se afirma.
É muito lamentável, que haja na mente de muitos um forte preconceito contra ela, de sorte que a simples menção da mesma é considerado por eles como se fosse uma heresia ou blasfêmia.
Mas isso certamente não é uma maneira pela qual qualquer parte da vontade revelada de Deus deve ser tratada.
Por isso não devemos descartar esta doutrina, com medo de ofender qualquer um que possa ser hostil a ela, embora, por outro lado, não deveríamos insistir nisto com tanta frequência ou com tanta força, de modo que venhamos desnecessariamente a feri-los e magoá-los.
Julgamos indigno de um servo fiel de Cristo omitir completamente esta doutrina.
O Apóstolo tendo designado aqueles que amam a Deus, como pessoas que foram chamadas de acordo com o propósito de Deus, passa a mostrar, do início ao fim, Deus como o autor de sua salvação; ele os conheceu e os predestinou desde a eternidade para os privilégios de que gozam, e infalivelmente completar seu propósito em relação a eles, em sua eficaz chamada, justificação livre de todos os seus pecados, e sua glorificação final à sua mão direita para sempre.

Na afirmação do apóstolo podemos ver,

I. Os principais fins da predestinação.

Deus age em todas as coisas de acordo com sua própria soberania e vontade; ainda que estas sejam reguladas pelos conselhos de sua sabedoria eterna e infalível. E em tudo isto o grande fim é o de promover a Sua glória.
Os fins que Ele tem proposto na predestinação dos homens para a vida eterna, possuem duas vertentes: o fim imediato relativo a nós; e o fim último que se relaciona ao seu Filho amado, pelo qual todos os seus propósitos devem ser cumpridos.

1. O fim imediato relativo a nós

Ele decretou que todos os objetos de sua escolha devem ser conformes à imagem de seu Filho. Mas como eles deveriam ser conformados a ele? Nós respondemos: em santidade, em sofrimento, e em glória.
Estamos sendo conformados a Cristo em santidade. Nosso bendito Senhor era completamente sem defeito ou mancha, um exemplo perfeito da santidade universal; os seus piores inimigos não puderam encontrar qualquer imperfeição nele, e João testemunha que "Nele não havia pecado”, I Jo 3.5. Assim, de acordo com o medida do dom de Cristo", devemos ser também. Como ele, devemos viver, não para nós mesmos, mas para o nosso Deus somente, fazendo disto a nossa comida e a nossa bebida: fazer sua santa vontade. Embora no mundo, não devemos ser do mundo, assim como ele não foi, Jo 17.14,16, devemos ser superiores a tudo o que concerne ao mundo, devemos resistir às suas tentações, mortificar todas as suas concupiscências, e andar em todas as coisas como Cristo andou. A mesma mente que estava nele, deve estar em nós também. E, para isso, somos predestinados.
Nós não somos escolhidos porque éramos santos, ou porque Deus previu que nós deveríamos ser santos, (por algo que existisse previamente em nós e que nos desse isto como merecimento – nota do tradutor), mas para que pudéssemos ser santos; somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus desde antes ordenou  para que andássemos nelas, Ef 2.10.
Nós somos conformados a Cristo nos sofrimentos. Por toda a sua vida nosso Salvador foi um homem de dores, e familiarizado com o sofrimento. Ainda que fosse Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu; e ele foi aperfeiçoado por meio de sofrimentos. Da mesma forma, também devemos ser um povo pobre e aflito. Devemos "tomar nossa cruz diariamente e segui-lo; devemos ser odiados de todos os homens por causa dele. Se eles chamaram o dono da casa de Belzebu, muito mais o farão com os da sua família. O servo não pode esperar estar acima de seu Mestre. Nós devemos segui-lo fora do arraial, levando o seu opróbrio. Para isso também fomos predestinados. Então Paulo expressamente afirmou se referindo a isto: “Todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus padecerão perseguição", II Tim 3.12.
Somos também conformados a Cristo na glória. Ele está agora sentado à direita da Majestade no céu, e nós também, no devido tempo, estaremos sentados. Sim, se sofrermos com ele, também reinaremos com ele, e  seremos glorificados. Devemos ser como ele na glória; o nosso corpo abatido será tornado semelhante ao seu corpo glorioso; a nossa alma também será transformada à sua imagem perfeita, e nossa bem-aventurança será completamente como a sua. E tudo isto também a nossa predestinação abrange. Ela não é somente o meio de graça pelo qual somos escolhidos, mas a designação da própria salvação e da obtenção da glória de nosso Senhor Jesus Cristo.

2. O fim último que se relaciona ao seu Filho amado, pelo qual todos os seus propósitos devem ser cumpridos.

Os primogênitos tinham direito a muitos privilégios: a eles pertencia o governo, o sacerdócio, e uma porção dupla da herança. Em relação a todo o resto da criação, não se excetuando até os anjos, nós podemos  ser considerados primogênitos. Toda a família de crentes são "reis e sacerdotes para Deus", e têm o direito de herdar o reino de nosso Pai celestial, Mt 25.21. Mas em relação a nós, Cristo é o Primogênito, pois  Ele em todas as coisas deve ter a preeminência. Ele é a cabeça de toda a sua Igreja e a esta ele está predestinado, sim, a fim de que estes também sejam predestinados para a realização da sua glória. Foi decretado no eterno conselhos de seu pai, que se quisesse fazer da sua alma uma oferta pelo pecado, ele deveria ter uma semente para servi-lo, e deveria seguramente ficar satisfeito com o trabalho penoso de sua alma. Se isto não fosse absolutamente decretado, poderia ter acontecido, que nunca poderíamos ser salvos, e que, portanto, Cristo poderia ter seu sangue derramado em vão. Pois, se cada coisa tivesse ficado totalmente dependente do livre arbítrio do homem, todos poderiam ter usado seu livre arbítrio exatamente da mesma maneira, e cada filho do homem poderia ter rejeitado a Cristo, exatamente como a grande massa da humanidade está realmente fazendo. Mas podemos conceber que Deus teria dado o seu Filho para carregar as iniquidades de um mundo em ruínas, e teria deixado ao mero acaso, se qualquer indivíduo devesse alcançar misericórdia através dele, ou se tornar uma jóia em sua coroa?
Não podemos conceber isto, na verdade, sabemos que não foi deixado assim ao acaso, pois temos a certeza, de que existe um povo escolhido, que foi desde a eternidade dado a Cristo, para ser resgatado pelo seu sangue, e ser salvo pela sua graça, e daqueles que foram dados assim a ele, ele não perdeu, nem nunca perderá nem um sequer. Quantos eles são, somente Deus sabe; mas temos a certeza de que são muitos, até mesmo uma multidão, que ninguém pode contar, de toda tribo,  língua, povo e nação.
Provavelmente vai ser objetado que, se houver alguém que está assim predestinado para a vida, o restante tem necessidade de ser ordenado para a morte. Mas isso, de nenhuma forma deve ser admitido. Nós concordamos que é uma dificuldade que não somos capazes de explicar; e estamos contentes de sermos ignorantes das coisas que agradou a Deus não nos revelar; e, se os homens afirmam ou negam a doutrina em questão, eles vão se encontrar igualmente em uma perda para tornar cada coisa inteligível para as nossas capacidades finitas.
É a Escritura, e somente a Escritura, que deve determinar o que é a verdade, e, contanto que Deus declara com juramento que ele não tem prazer na morte do pecador, mas sim que ele se converta da sua impiedade e viva, podemos ter a certeza que, não obstante ele predestinou muitos para a vida, ele não tem predestinado uma única alma para a morte, nem é a doutrina da reprovação absoluta consequência justa e necessária da predestinação. Para traçar a linha, mais uma vez reconhecemos estar além do poder de qualquer capacidade finita; nem estamos muito preocupados para defini-lo, como alguns podem  imaginar, porque, se admitimos, ou rejeitamos a doutrina da  predestinação, o mesmo número será salvo no fim.
O homem que nega esta doutrina, admitirá que todos os que se arrependem e creem em Cristo, serão salvos, e que todos os impenitentes e incrédulos perecerão, e o mesmo é admitido por aqueles que mantêm a doutrina da predestinação, de modo que um número igual é salvo em qualquer plano. A única diferença reside nisto: Aqueles que sustentam esta doutrina atribuindo toda a glória da salvação do homem somente a Deus, como o Autor e Consumador dela, do  início ao fim; enquanto aqueles que negam a doutrina, dão uma grande medida da glória à criatura, pois, como sempre, podem reconhecer que a salvação através de Cristo é um dom para a humanidade em geral, eles fazem de cada indivíduo a primeira causa de sua própria salvação, e eles atribuem a salvação ou ao mérito humano, ou à ação humana, como sendo independente da graça de Deus, na medida em que eles dão ao homem um motivo de glória diante de Deus. Seja como for eles podem dizer que é o homem que faz em si mesmo a diferença e que a sua salvação deve finalmente ser atribuída a ele como se isto fosse verdadeiro e apropriado. É sobre este ponto de vista que estamos ansiosos para apresentar a doutrina da predestinação de forma a ser corretamente compreendida. Como nela está envolvida a honra de Deus, não podemos deixar de considerá-la como merecendo a nossa mais séria atenção. Não obstante, se alguém não pode recebê-lo, não estamos dispostos a lutar com ele, mas estamos contentes em poder levar à sua consideração tais questões que são de fundamental importância.

II. A maneira pela qual esses fins são alcançados

A ordem e o método das dispensações Deus, de eternidade a eternidade, são aqui claramente marcados, no texto de Rom 8.29,30.

1. Ele conhece de antemão as pessoas como objeto de seu amor.

Tanto quanto se relaciona com a mera presciência , todas as coisas estão igualmente expostas à vista do Deus onipresente, e os que devem finalmente perecer, são tão conhecidos por ele, quanto que devem ser salvos. Muitos, nesse sentido, são conhecido de antemão por ele, que não são predestinados, ou chamados, ou justificados, nem nunca serão glorificados. Mas a palavra aqui usada implica mais do que a mera presciência, e inclui uma relação pessoal afetuosa e conhecida de antemão. Neste sentido, ela é usado em outros lugares; e, assim deve ser entendida na passagem diante nós. Isto é equivalente à expressão do profeta Jeremias, "Ele nos amou com um amor eterno", Jer 31.3. E se inquirimos a razão desse amor, não podemos atribuir nenhuma outra senão a que nosso bendito Senhor atribuiu, "Sim, ó Pai, por que isso foi do teu agrado.”, Mat 11.26.

2. Ele, então, os predestinou para a vida.

Nós falamos disto, como se tivesse ocorrido num dado ponto do tempo, mas com Deus, não há intervalo entre a sua presciência e a pré-ordenação. A afeição interior, e o decreto consequente da mesma,  são perfeitamente co-existentes.
Mas na predestinação de Deus, ela se refere tanto ao fim quanto aos meios, ou melhor, para o fim dos meios. Ele não ordena os homens para a vida eterna por um caminho de pecado, mas, como temos já mostrado, por um caminho de santidade. Isto é fortemente afirmado por  Paulo, numa passagem antes citada, "porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade,” II Tes 2.13.  E  Pedro para o mesmo efeito, diz que nós somos "eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo,”, I Pe 1.2.

3. No devido tempo, ele os chama pela sua Palavra e Espírito.

A chamada falada aqui, não é a mera chamada externa do Evangelho, porque muitos são chamados, que, rejeitando a chamada, nunca são justificados ou glorificados. Esta chamada é interna, em que eles são "apresentados voluntariamente no dia do poder de Deus." A palavra lhes vem em demonstração de Espírito e de poder, e são transportados das trevas para a luz, e do poder de Satanás a Deus, At 26.18. Este é o apelo que eles experimentam, e que é o resultado combinado do propósito eterno de Deus e a sua efetiva graça, II Tim 1.9.

4. Estes, que assim creem, ele justifica.

Quaisquer que tenham sido os pecados que um homem possa ter cometido, todos eles são riscados do livro de recordação de Deus, no mesmo instante que ele obedece ao chamado do Evangelho: "Todo aquele que crê”, diz o apóstolo, "é justificado de todas as coisas.", Atos 13.39. Nenhum dos seus pecados e iniquidades será jamais lembrado contra ele em juízo.

5. A estes, no devido tempo, ele glorifica.

Sim, bendito seja Deus, a corrente dos propósitos Deus alcança de eternidade a eternidade, e nem um elo será quebrado.
A glorificação dos santos é, em parte realizada, mesmo nesta vida, na medida em que o Espírito da glória e de Deus repousa sobre eles, e eles são transformados à imagem de Cristo, de glória em glória, pelo Espírito do Senhor, II Cor 3.18.
Mas, no céu a sua felicidade será perfeita. Lá, tudo o que era em parte  será aniquilado: eles conhecerão como são conhecidos, e serão como o seu Deus, para todo o sempre.
Aqui, no texto de Rom 8.29,30, pode ser observado, que não é feito menção à santificação, e isso pode ser suposto por algum contendor que imagina que a santificação é desnecessária para nossa salvação final. Mas a santificação não é omitida aqui; pelo contrário, ela está entrelaçada com toda a instrução.
Para quem são todas essas coisas faladas? Para aqueles que amam a Deus.  Agora, o amor a Deus é a raiz e o cume de toda a santidade, e, portanto, é claro, que as pessoas mencionadas como tendo sido chamadas, e justificadas, e glorificadas, devem ser santas. Além disso, aquilo a que estão predestinados é, "para serem conformes à imagem de Cristo." Mas como pode ser isto se eles não forem santos? Mais uma vez, a santificação está ainda mais implícita em sua justificação, a qual necessita de uma fonte, como um efeito de uma causa, como também na sua glorificação, para a qual é necessário um meio para este fim, pois  sem uma idoneidade para sua herança, esta não poderia ser desfrutada. Vemos, portanto, que a omissão no texto é apenas em aparência, e não na realidade, e que não há qualquer motivo oferecido para a  licenciosidade antinomiana (viver contrário à lei de Deus).
Muitos não desaprovam esta doutrina divina e bíblica em seus corações, mas pensam nela apenas como um assunto para mera especulação, e como sendo de pouca importância prática.
Mas, na verdade , é uma doutrina de grande importância prática, pois coloca o machado à raiz:

1. De Toda Auto-glorificação

Se alguém estiver disposto a se vangloriar, ele deve, em sua própria opinião, pelo menos, ou ter merecido a salvação em alguma medida de sua própria bondade, ou tê-la realizado pelo seu próprio poder.
Aqueles que negam a doutrina da predestinação dão inevitavelmente alguma ocasião para os homens se gabarem; porque seja pelo que for, fazem a predestinação de Deus ser influenciada por alguma obra, ou algo previsto, e ainda é a inerente e independente bondade do homem que é feita o fundamento da determinação da escolha de Deus, e a causa original da salvação do homem. Mas a doutrina da predestinação arranca todos esses conceitos pela raiz; ela faz a escolha soberana de Deus ser a fonte primária de felicidade do homem, e o imutável propósito de Deus é o meio de sua consumação final. Se for perguntado, por que Deus o amou? Isto deve ser respondido: "Porque ele me amou primeiro." Se isto  for  ainda perguntado: Quem "tem feito todas as suas obras nele?", isto deve ser respondido: Deus, 2 Cor 5.5. Foi Deus quem colocou o fundamento, e que suporta o edifício espiritual, para o mesmo fim, e quando a pedra de esquina é trazida, cada pecador no universo deve clamar: "Graça, graça a ela", Zac 4.7.

2. De toda presunção.

A doutrina da predestinação é contestada por muitos, sob a ideia de que autoriza e incentiva as pessoas a dizerem: "Eu sou eleito, e, portanto, não tenho motivo para temer ou até mesmo para tomar cuidado com os meus caminhos. Mas, se alguém fosse assim abusar da doutrina, teríamos imediatamente que fazer-lhe esta pergunta: Você está conformado à imagem de Cristo? Porque foi para isto que somos predestinados. Aqui está um teste para por à prova as nossas  pretensões, e ele irá imediatamente descobrir o valor que eles têm à vista de Deus. Se um homem tem uma prova em sua própria alma, que uma obra de graça foi começada dentro dele, e que ele tem sido habilitado num considerável grau, para "jogar fora o velho e colocar o novo", então, na proporção em que a mudança se manifesta, ele pode inferir que esta eleição é de Deus, mas, se essa mudança não aparecer em sua vida e conversação, então ele pode saber infalivelmente, que, falar de si mesmo como alguém a quem Deus predestinou para a vida, engana a sua própria alma, e dá vantagem ao seu grande adversário para destruí-lo. Deixe isto então, ser bem conhecido, que devemos provar a nós mesmos se estamos na fé; e devemos determinar o assunto, não por quaisquer presunções infundadas de nossa própria imaginação, mas pela nossa proficiência em verdadeira justiça e santidade, em conformidade com o testemunho das Escrituras.

3. De todo desânimo.

A doutrina da predestinação, se abusada, pode gerar tanto presunção quanto desespero. Mas isso não milita contra a doutrina em si, porque do mesmo modo, podemos desacreditar todas as outras doutrinas do cristianismo. Que assim seja: o homem não tem no momento nenhuma evidência de que ele é um dos eleitos de Deus; deve então concluir que está entregue a um estado de reprovação? Certamente que não, pois, se ele olhar para as Escrituras, ele vai descobrir que até mesmo os próprios apóstolos estiveram uma vez num carnal estado de não convertidos, sim, eram filhos da ira, como os demais. Mas, como os apóstolos foram no próprio tempo de Deus livrados desse estado, assim também nós podemos ser, não obstante estejamos neste momento num estado que seja mais promissor. Deus não escolheu os apóstolos por causa de qualquer bem que estivesse neles, ou que ele tivesse previsto que estaria neles, e portanto, ele pode engrandecer a sua graça para nós, como ele mesmo fez em relação a eles.

Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de Charles Simeon, em domínio público.






4 - A Incapacidade de Vir A Cristo

Por Robert Murray MacCheyne

“Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou,não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. “ (João 6.44)

Obs: A palavra depravação é usada neste texto no sentido de desvio da natureza humana do propósito original de Deus.
Quão surpreendente é a depravação do homem natural! As Escrituras nos ensinam isso abundantemente. Todo pastor fiel levanta a sua voz como uma trombeta, para mostrar isto às pessoas. E a primeira obra do Espírito Santo, no coração, é convencer do pecado. Na Palavra de Deus, não existe uma descoberta mais terrível sobre a depravação do homem natural do que estas palavras do evangelho de João. Davi afirmou: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). Deus falou por meio do profeta Isaías (48.8): “Eu sabia que procederias mui perfidamente e eras chamado de transgressor desde o ventre materno”. E Paulo disse: “Éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.3). Mas nesta passagem de João somos informados de que a incapacidade do homem natural e sua aversão por Cristo são tão grandes, que não podem ser vencidas por qualquer outro poder, exceto o poder de Deus. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44). Nunca houve um mestre como Cristo. “Jamais alguém falou como este homem” (Jo 7.46). Ele falava com muita autoridade, não como os escribas, mas com dignidade e poder celestial. Ele falava com grande sabedoria. Falava a verdade sem qualquer imperfeição. Seus ensinos eram a própria luz proveniente da Fonte de Luz. Ele falava com bastante amor, com o amor dAquele que estava prestes a dar a sua vida em favor de seus seguidores. Falava com mansidão, suportando a ofensa contra Ele mesmo vinda dos pecadores, não ultrajando quando era ultrajado. Jesus fa lava com santidade, porque era Deus “manifestado na carne”. Mas tudo isso não atraía os seus ouvintes. Nunca houve um dom mais precioso oferecido aos homens. “O verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá... Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6.32, 35). O Salvador de que as pessoas condenadas necessitavam estava diante delas. Sua mão lhes foi estendida. Ele estava ao alcance delas. O Salvador ofereceu-lhes a Si mesmo. Oh! que cegueira, dureza de coração, morte espiritual e impiedade desesperadora existem na pessoa não-convertida! Nada pode mudá-la, exceto a graça do Todo-Poderoso. Oh! homem destituído da graça de Deus, seus amigos o advertem, os pastores clamam em voz alta, a Bíblia toda o exorta. Cristo, com todos os seus benefícios, é colocado diante de você. Todavia, a menos que o Espírito Santo seja derramado em seu coração, você permanecerá um inimigo da cruz de Cristo e destruidor de sua própria alma. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer.”
Quão invencível é a graça de Jeová! Nenhuma criatura tem o poder de atrair o homem a Cristo. Exibições, evidências miraculosas, ameaças, inovações são usadas em vão. Somente Jeová pode trazer a alma a Cristo. Ele derrama seu Espírito com a Palavra, e a alma sente-se alegre e poderosamente inclinada a vir a Jesus. “Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder” (Sl 110.3). “Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil?” (Gn 18.14.) “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina” (Pv 21.1). Considere um exemplo: um judeu estava assentado na coletoria, próxima à porta de Cafarnaum. Sua testa estava enrugada com as marcas da cobiça, e seus olhos invejosos exibiam a astúcia de um publicano. Provavelmente, ele ouvira falar de Jesus; talvez O ouvira pregando nas praias do mar da Galileia. Mas seu coração mundano ainda permanecia inalterado, visto que ele continuava em seu negócio ímpio, assentado na coletoria. O Salvador passou por ali e, quando olhou para o atarefado Levi, disse-lhe: “Segue-me!” Jesus não disse mais nada. Não usou qualquer argumento, nenhuma ameaça, nenhuma promessa. Mas o Deus de toda graça soprou no coração do publicano, e este se tornou disposto. “Ele se levantou e o seguiu” (Mt 9.9). Agradou a Deus, que opera todas as coisas de acordo com o conselho da sua vontade, dar a Mateus um vislumbre salvador da excelência de Jesus; a graça caiu do céu no coração de Mateus e o transformou. Ele sentiu o aroma da Rosa de Sarom. O que significava o mundo agora para ele? Mateus não se importava mais com os lucros, os prazeres e os louvores do mundo. Em Cristo, ele viu aquilo que é mais agradável e melhor do que todas essas coisas do mundo. Mateus se levantou e seguiu a Jesus.
Aprendamos que uma simples palavra pode ser abençoadora à salvação de almas preciosas. Frequentemente, somos tentados a pensar que tem de haver algum argumento profundo e lógico, para trazer as pessoas a Cristo. Na maioria das vezes, colocamos nossa confiança em palavras altissonantes. No entanto, a simples exposição de Cristo aplicada ao coração pelo Espírito Santo vivifica, ilumina e salva. “Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos” (Zc 4.6). Se o Espírito age nas pessoas, estas simples palavras: “Segue a Jesus”, faladas em amor, podem ser abençoadas e salvar todos os ouvintes.
Aprendamos a tributar todo o louvor e glória de nossa salvação à graça soberana, eficaz e gratuita de Jeová. Um falecido teólogo disse: “Deus ficou tão irado por Herodes não lhe haver dado glória, que o anjo do Senhor feriu imediatamente a Herodes, que teve uma morte horrível. Ele foi comido por vermes e expirou. Ora, se é pecaminoso um homem tomar para si mesmo a glória de uma graça tal como a eloquência, quão mais pecaminoso é um homem tomar para si a glória da graça divina, a própria imagem de Deus, que é o dom mais glorioso, excelente e precioso de Deus?” Quantas vezes o apóstolo Paulo insiste, em Efésios 1, que somos salvos pela graça imerecida e gratuita? E como João atribui toda a glória da salvação à graça gratuita do Senhor Jesus — “Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados... a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (Ap 1.5, 6). Quão solenes foram as palavras de Jonathan Edwards, em sua obra Personal Narrative (Narrativa Pessoal)! “A absoluta soberania e graça gratuita de Deus, em demonstrar misericórdia àquele para quem Ele quer expressar misericórdia, e a absoluta dependência do homem quanto às operações do Espírito Santo têm sido para mim, frequentemente, doutrinas gloriosas e agradáveis. Estas doutrinas têm sido o meu grande deleite. A soberania de Deus parece-me uma enorme parte de sua glória. Tenho sentido deleite constante em aproximar-me de Deus e adorá-Lo como um Deus soberano, rogando-Lhe misericórdia soberana.”





47) ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO

5 - Eleição e Predestinação

Que a eleição é pela graça está fora de qualquer dúvida, pois este é o ensino claro e direto das Escrituras.
Os eleitos foram conhecidos de Deus, como afirma a Bíblia, antes mesmo que houvesse mundo, e isto indica conhecimento pessoal prévio, daqueles que viriam a fazer parte da Sua própria vida divina, participando da Sua natureza e formando um só espírito com Ele.
Deus disse ao profeta Jeremias: "Antes que te formasse no  ventre te conheci".
Jacó foi conhecido por Deus antes que fosse formado no ventre de sua mãe, e foi escolhido porque o Senhor sabia  que ele  amaria  fazer  a Sua vontade, e ensinaria o povo que seria formado a partir dele, a amar os Seus mandamentos.
 Seu irmão Esaú, ao contrário, foi rejeitado porque também foi conhecido de antemão pelo Senhor, como quem não  viveria como um crente e não amaria a Sua vontade.
A Bíblia está repleta de exemplos em relação a isto, conforme afirmado pelo próprio Deus.  Veja o caso de Sansão, dos reis Josias e Ciro, do profeta Jeremias,  de  João Batista,  do próprio apóstolo Paulo, cujos nascimentos foram  preanunciados com grande antecedência, ou sobre os quais foi  afirmado diretamente por Deus, que os havia conhecido antes que os formasse no ventre.
Deus não somente anunciou o nascimento dos reis Josias e Ciro, como citou-os por nome cerca de dois séculos antes do nascimento de ambos, e não somente isto, disse também o que eles fariam, um para a purificação da religião em Israel, e o outro para trazer os judeus de volta do cativeiro babilônico.
João Batista, a voz que clama no deserto, teve seu nascimento predito e que seria o precursor do Messias, cerca de 600 anos antes, através do profeta Isaías.
Então, Deus conhece ou não com completa antecedência a todos que chegarão à existência neste mundo? Há alguma base para se duvidar da sua presciência?
Deste modo, conforme a Bíblia ensina, somente Deus é glorificado na eleição, e toda a jactância do homem é excluída (Rom 3.27), exatamente para que ninguém se glorie em si mesmo (I Cor 1.26-29; Ef 2.9), por ter tido qualquer mérito ou iniciativa na sua salvação.
Somente Deus é glorificado, e é somente em Cristo portanto, que devemos nos gloriar quanto à nossa salvação, porque houve uma eleição pela graça, antes da nossa conversão, e mesmo antes que houvesse mundo (Mt 25.34; Ef 1.4; Apo 17.8).
Há uma chamada geral do evangelho a todos os homens de modo que Cristo seja aroma de vida para a vida nos que se salvam, e cheiro de morte para a morte nos que se perdem.
A rejeição do evangelho confirmará a condenação daqueles que não são conhecidos por Deus, por amarem as trevas e o pecado, e por não virem jamais a amar a Deus, por mais misericórdia e favor que Ele possa lhes demonstrar.
Por isso, muitos são chamados com esta chamada geral do evangelho, mas poucos são os escolhidos, isto é, os eleitos de Deus, que além de atenderem à chamada geral da pregação do evangelho, são também chamados por um modo distinto e especial, pelo Espírito, de modo que se convertam ao Senhor, vindo a formar um só espírito com ele.
“Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com ele.” (I Cor 6.17).
Negar a eleição corresponde a negar a veracidade das Escrituras porque é nelas que são afirmadas verdades relativas à eleição, como as seguintes:
“Se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém se salvaria mas ele, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias.” (Mc 13.20).
“E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu.” (Mc 13.27).
“Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.” (Rm 16.13).
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade,” (Cl 3.12).
“Por isso, tudo suporto por amor dos eleitos, para que também eles alcancem a salvação que há em Cristo Jesus com glória eterna.” (II Tim 2.10).
“Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus, e o pleno conhecimento da verdade que é segundo a piedade,” (Tt 1.1).
“eleitos segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.” (I Pe 1.2).
“Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os que estão com ele, os chamados, e eleitos, e fiéis.” (Apo 17.14).
“Todavia o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os seus, e: Aparte-se da injustiça todo aquele que profere o nome do Senhor.” (II Tim 2.19).
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado; em quem temos a redenção pelo seu sangue, a redenção dos nossos delitos, segundo as riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência, fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que nele propôs para a dispensação da plenitude dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra, nele, digo, no qual também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade, com o fim de sermos para o louvor da sua glória, nós, os que antes havíamos esperado em Cristo; no qual também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa,  o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para o louvor da sua glória.” (Ef 1.1-14).
“Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me tens dado, porque são teus;  todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e neles sou glorificado. Eu não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda-os no teu nome, o qual me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Enquanto eu estava com eles, eu os guardava no teu nome que me deste; e os conservei, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. Mas agora vou para ti; e isto falo no mundo, para que eles tenham a minha alegria completa em si mesmos. Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. (Jo 17.9-16).  Não são do mundo porque são eleitos de Deus.
Esta é a eleição de Deus: eleição para santificação e para fé. Deus escolhe a seu povo para ser santo e crente. Ninguém tem o menor direito de considerar-se eleito, a não ser em sua santidade.
Devemos reconhecer estas duas coisas: é necessário que haja soberania divina e responsabilidade humana. É necessário que haja eleição, porém também é necessário que abramos nossos corações, dando acolhida à verdade.
 A eleição para a vida eterna foi determinada por Deus, através da sua onisciência e presciência, antes mesmo que houvesse mundo, conforme ensinam as Escrituras.
O ensino escriturístico sobre a eleição não leva em conta a quantidade e qualidade dos bons ou maus atos dos homens, para a justificação.
Tanto que a eleição foi estabelecida antes da criação do mundo, sem levar em conta os bons e maus atos que cada eleito praticaria até ser chamado pelo Espírito, para ser justificado, regenerado e santificado.
Jesus pode salvar perfeitamente o pior dos ímpios, justificando-lhe pelo Seu sangue e Justiça.
Assim, não é salvo em razão da preexistência de algo bom em sua natureza (Rom 7.18, Ef 2.3), mas pela sua resposta favorável ao convite da graça.
É neste sentido  que deve ser considerado como sendo pela verdade, e não por ser alguém que a amava e não estava consciente disso.          
O homem pode escolher muitas coisas, mas, quando esta escolha se refere à salvação da sua alma, o que poderá fazer com a sua decisão de desejar ser salvo se a providência divina não colocar em execução todos os meios de graça necessários para produzir nele o verdadeiro arrependimento e para conduzi-lo à conversão?
Quem poderá chegar ao céu pela simples manifestação do seu desejo? Quem conhece o caminho? Quem está habilitado, atendendo todas as condições impostas pelo Justo e Santo Deus para poder chegar até a Sua presença?
Por isso Paulo diz que no que tange à eleição do pecador, o fator preponderante é o de que Deus tem misericórdia de quem Lhe apraz  ter misericórdia (Rom 9.14-16; Êx 33.19).
Não depende de quem quer ir para o céu. De quem afirma que deseja ir para lá. A propósito, a maioria das pessoas recusa a simples ideia de ir para o inferno. Querem ir para o céu depois da morte. Mas, desejar ir para o céu significa desejar viver em santidade sob o senhorio de Deus. Se é isto que o homem deseja de fato quando a graça lhe é manifestada, então ele é um eleito, e certamente irá para o céu, mas se não é isto o que deseja, então tem apenas o desejo de não ir para o inferno, mas não desejaria de fato ir para o céu, onde tudo e todos são santos.
Jesus veio de fato salvar pecadores e não  justos. Veio buscar aqueles aos quais Deus, pela Sua exclusiva graça, aprouve, eleger para a salvação.
Deste modo, como Paulo ensina em Romanos, a eleição não foi estabelecida com base em quem quer ou para quem corre mas em Deus usar de misericórdia.
O homem nada tem ou pode fazer de bom, de modo que seja considerado digno de obter a justificação que é pela graça, mediante a fé, e por causa da eleição.
A salvação em Cristo está disponível a todos os homens, mas nem todos os homens virão a Cristo. Mas aqueles que se permitirem serem atraídos a Ele pelo Pai, pela chamada do Espírito Santo, não serão rejeitados e não serão lançados fora de modo algum.
Os que atendem a esta chamada e realmente se convertem, por receberem o dom da verdadeira fé para crer em Cristo, são os eleitos de Deus. São estes que Ele escolheu para si desde antes da fundação do mundo.  Seus nomes são escritos no livro da vida para nunca mais serem apagados.
A eleição é a consequência da predestinação que é feita por Deus com base na sua presciência, ou seja, por saber quais serão aqueles que atenderão ao convite da graça do evangelho para a salvação. A estes concederá graça para que sejam livrados do endurecimento produzido pelo pecado, e os demais permanecerão endurecidos por rejeitarem a graça que lhes está sendo oferecida pela pregação do evangelho.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras
1 – ekloge (grego) – eleição;
2 – eklektos (grego) – eleito;
3 – proorizo (grego) – predestinar;
4 – prognosis (grego) – presciência;
5 – prognosko (grego) – conhecer de antemão; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:
http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128377







6 - Por que Deus me Escolheu?

Explorando o mistério da eleição

Texto de John Piper, traduzido pelo Pr Silvio Dutra.

Se alguém me pedisse para explicar a eleição, gostaria de começar por pedir a esta pessoa para me descrever como ela foi salva. Diga-me como você se converteu. Para fazer a minha pergunta mais clara, em vez de usar a passiva "foi salvo", eu perguntaria: "Como Deus te salvou?" O que Deus fez na história para salvá-lo, e existencialmente, o que ele fez há dez anos, ou quando tinha seis anos, ou dezesseis anos, ou trinta? Descreva-me como Deus trouxe-o a Si mesmo.
Estou à procura de como uma pessoa descreve sua perdição e da ação de Deus para remover a sua cegueira, para remover a sua vida amortecida, para livrá-lo da insensibilidade às coisas espirituais para ser excitado pelas coisas espirituais. Eu chego à questão da eleição por estudar os seus efeitos na vida. Muito poucas pessoas às quais eu tenho feito essas perguntas querem levar o crédito decisivo para a sua própria conversão.

Como você foi salvo?

Agora, com seus corações se inclinando nessa direção, eu os levarei aos textos que ensinam o que realmente aconteceu com eles, só para afirmar que seu impulso é, de fato, encontrado na Bíblia. "Deus, que disse: Deixe brilhar a luz das trevas, brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus” (2 Coríntios 4.6).
Uma vez, nós não tínhamos luz e Deus no-la deu exatamente como no primeiro dia da criação. Eu leria: "Mesmo quando estávamos mortos em nossos delitos, Deus nos deu a vida" (Efésios 2.1,5). Você estava morto, e Deus fez você ficar vivo. Isso é como você foi salvo. "O servo do Senhor deve ser paciente e corrigir com mansidão. Deus talvez possa conceder-lhes o arrependimento, levando ao conhecimento da verdade” (2 Timóteo 2.24,25). Como você chegou ao arrependimento? Deus lhe concedeu arrependimento.
Deus dá a visão, Deus dá a luz, Deus dá o arrependimento, e "ninguém pode vir a mim, a menos que seja concedido a ele pelo Pai" (João 6.44,65). Neste ponto, eu pergunto se eles veem que Deus foi a causa determinante de verem a Cristo como verdadeiro, e desejável, e a fonte de sua vida espiritual, e seu arrependimento, e até mesmo de sua vinda a Cristo.

Por que você foi salvo?

Se eles voltam para trás e negam esse ensino - se eles insistem que eles têm autodeterminação final e que eles próprios são decisivamente responsáveis pela sua própria conversão - eu iria parar lá e não iria passar à eleição, porque eles já têm rejeitado o fundamento. Se eles têm que ter autodeterminação como a causa última de sua conversão, então a eleição já está prejudicada e a Bíblia não irá torná-la clara para eles. As passagens que acabo de dar sobre como eles foram convertidos são as mais simples.
Mas se eles concordam: "Sim, Deus me salvou. Deus foi a causa decisiva", então eu gostaria de perguntar-lhes: "Quando Deus decidiu fazer isso?" E para obter a resposta bíblica eu provavelmente olharia primeiro para Atos 13.48: "todos quantos foram nomeados para a vida eterna creram.” Como muitos foram destinados para a vida eterna? Houve uma decisão prévia - um compromisso, uma eleição - e então a fé se seguiu. Deus decidiu primeiro antes de levá-lo a crer, para abrir os olhos e dar-lhe o arrependimento.
E então eu iria voltar para Efésios 1.4: "Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo,” Deus decidiu salvar antes que ele realmente fizesse isso. Ele não é lunático. Ele não foi pego de surpresa. Ele não tem um plano B. Ele salvou soberanamente porque ele decidiu. Isso é como eu explicaria a eleição para alguém.
Gostaria de escrever mais alguns textos sobre eleição para esta pessoa para levar para casa e estudar por conta própria: Romanos 8.30; 9.11; 11.5 e I Coríntios 1.23,24.
Meu objetivo para explicar o mistério da eleição seria o de despertar em nós tanto um senso maior da maravilha de sermos salvos, e que devemos tudo a Deus - que, além dele nada podemos fazer e, portanto, todo a nossa vida deve ser vivida na maravilha constante de que somos salvos e que Jesus morreu por nós. Meu objetivo é a humildade em nós e toda a glória a Deus.






7 - A Porta Estreita

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

"Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois muitos, eu vos digo, procurarão entrar e não poderão." (Lucas 13.24)

Os preceitos de nosso Senhor Jesus Cristo são ditados pela sabedoria mais sólida. Ele nos deu prescrições divinas e os seus mandamentos para a saúde de nossas almas - embora revestido de autoridade soberana, são pronunciados com tanta bondade infinita que podemos considerá-los como o conselho de um amigo verdadeiro e fiel.
Temos a exortação do Evangelho: "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita." Ela própria é o portão, através do qual podemos encontrar admissão ao céu – e a maneira de entrar na intimidade de Jesus Cristo não é por obras, mas por crer! Então, quanto à luta que somos convidados a travar, é um esforço sincero para vencermos todas as rochas, vales e areias movediças de falácias populares e tradições enganosas, e para navegarmos nas águas profundas com sua Aliança e com Sua Palavra para serem a nossa bússola, em simples obediência a seus estatutos, confiando-nos a Ele como nosso piloto, cuja voz sempre ouvimos, embora não possamos ver a Sua face.
"Muitos procurarão entrar e não poderão." Ouça esse aviso, para que você não esteja entre estes "muitos", senão entre os poucos que escapam.
Pelo Deus vivo, peço-vos que temam e tremam, para não serem achados fora do portão na vinda de Cristo para Juízo. Não descanse, não seja paciente, muito menos alegre, até que você esteja salvo! Estar em perigo do fogo do inferno é um perigo que nenhum coração pode imaginar de forma adequada!
Há uma multidão de pessoas que procurarão entrar e não poderão. Quem são estes? Se você olhar atentamente para a multidão que no dia de hoje procura passar, eu acho que você vai ver uma diferença considerável entre busca e esforço. Você não é apenas aconselhado a procurar. Esforçar-se é um exercício mais veemente do que procurar.
Muitos virão até o portão de misericórdia e procurarão entrar, mas não se esforçarão. E quando eles olham para o portão, eles se opõem à verga, porque é muito baixa, nem eles vão se dignar a se inclinar para passar. Não há como crer em Jesus com um coração orgulhoso! Aquele que confia em Cristo deve sentir-se como culpado, e reconhecer isto. Ele nunca vai ser salvo até que tenha sido completamente convencido do pecado.
Muitos dizem, "Eu nunca vou me rebaixar a isso. A menos que eu tenha alguma coisa para fazer no trabalho, e compartilhar um pouco do mérito, não posso entrar." Não, senhores, alguns de vocês são totalmente incapazes de crer em Cristo, porque creem em si mesmos! Enquanto um homem se julga um bom sujeito, como ele pode pensar bem de Jesus? Você eclipsa o sol! Você é bom demais para ir para o céu, ou, pelo menos, muito bom em sua própria apreensão.
Alguns são incapazes de entrar porque a soberba da vida não vai deixá-los. Eles vêm para este portão em sua carruagem e riquezas e tentam obter a admissão. Mas eles não podem obtê-la. Não há outra forma de salvação para o maior príncipe que já viveu se não confiar em Jesus como faz o camponês pobre.
O Senhor Jesus, no dia da Sua vinda, vai acabar com todas essas distinções que existem na terra.
Oh, homem rico, a glória não está em ser mais rico! Toda a sua riqueza, se você pudesse levá-la com você, não iria comprar uma única pedra de pavimentação das ruas do Céu! Não confie neste material pobre! Oh, coloque-a de lado, como uma coroa de glória, e passe humildemente pelo portão com Lázaro!
Alguns são incapazes de entrar porque eles carregam mercadorias contrabandeadas com eles. Então, no portão de misericórdia que é Cristo, nenhum homem pode ser salvo se ele deseja manter seus pecados. Ele deve desistir de todo caminho de falsidade.
"Bem", exclama outro, "Eu gosto de estar no domingo, com o povo de Deus, mas você não pode me negar as diversões do mundo, durante a semana, eu não posso abandoná-las." Bem, então você não pode entrar, porque Jesus Cristo não nos salva em nossos pecados, Ele nos salva dos nossos pecados.
"Doutor", diz o tolo, "cura-me, mas eu gostaria de manter a minha febre." "Não", diz o médico, "como você pode estar bem, enquanto você mantém a febre?" Como pode um homem ser salvo dos seus pecados, enquanto ele se apega a seus pecados? O que é a salvação, senão ser liberto do pecado? Os amantes do pecado podem procurar serem salvos, mas não serão capazes - enquanto eles abraçam seus pecados, eles não podem ter Cristo!
Outros, e estes estão na pior situação de todos, acham que eles entraram. Eles confundem o lado de fora do portão com a parte de dentro! Um erro estranho para se cair, mas muitos assim se iludem. Eles esfregam as costas contra as mensagens e, em seguida, nos dizem que estão tão perto do céu, como qualquer outra pessoa. Eles nunca passaram pelo portão, eles nunca encontraram abrigo em Cristo, embora eles possam ter se sentido maravilhosamente animados em um encontro de avivamento, e cantado tão alto e vigorosamente como qualquer um dos crentes da congregação,
eles não são novas criaturas, mas ainda assim, eles são mais comportados do que eram antes! Cuidado para não confundir uma obra da natureza da operação da Graça de Deus. Não se deixe levar por falácias do diabo.
Assim é que há uma multidão - uma incontável multidão de pessoas que procurarão entrar, mas por razões múltiplas não serão capazes de fazê-lo. E ainda há um aspecto mais terrível para o mesmo fato. "Muitos, eu vos digo, procurarão entrar e não poderão."
Vemos nas Escrituras que, mesmo após a morte, haverá alguns que procurarão entrar e não poderão. Muitos alegarão que haviam trabalhado em nome de Cristo na terra, como se eles tivessem alguma esperança reluzente que a sentença sobre eles possa ser revertida.
E eu li em outro lugar daqueles que virão e baterão à porta e dirão: "Senhor, Senhor, abre-nos." Mas o dono da casa, que já levantou e fechou a porta, responderá: "Em verdade, vos digo, eu não vos conheço."
Existe, então, uma coisa como oração no inferno? Talvez sim. O homem rico não orou pedindo a Abraão que enviasse Lázaro aos seus irmãos? Mas é natural esperar que, uma vez que duvidavam das promessas de Deus na terra, eles pudessem duvidar das ameaças de Deus no inferno.
Não conseguirão escapar do tormento, porque a porta do céu não admite pecador que não tenha sido lavado no sangue do Redentor!
Oh, entre então! Entre agora, enquanto ainda o portão da misericórdia está aberto para você! Apressa-te a entrar enquanto ainda o anjo da misericórdia está com os braços abertos e clamando: "Quem quiser, venha e tome de graça da água da vida."
Aqui está o Evangelho em poucas palavras, Jesus sofreu a ira e o tormento que justamente merecíamos. Ele, sem dúvida, suportou a pena de nossas transgressões se penitentemente crermos no Seu Sacrifício.
Quando você confia no Seu perdão, você é, portanto, um homem perdoado! Uma mulher perdoada! Você está salvo, e salvo para sempre! E você o louvará com alegria de coração, sabendo que você já entrou pela porta estreita!








8 - Porque a Porta é Estreita

A porta que conduz à vida eterna e pela qual devemos entrar para que sejamos salvos é assim, porque indica que há eleição e que nem todos estão qualificados para entrar por ela.
Adiante dela há um caminho estreito e apertado, de modo que por ali não poderão passar; como já não puderam passar pela porta estreita aqueles que estão inchados de soberba, de justiça própria, e se recusam em seu íntimo a atender aos critérios do reino de Deus.
De acostumados que estamos em pensar, que eleição é apenas escolher alguns dentre muitos, esquecemos que quando esta palavra é utilizada na Bíblia, ela tem muito mais o significado de indicar qual é o critério da escolha, e o apóstolo Pedro o afirma diretamente com as seguintes palavras: “em santificação do Espírito Santo”, ou seja, que são eleitos os que buscam por esta santificação que é descrita na Bíblia, e cujos termos se afirmam principalmente na mortificação do pecado, e no revestimento das virtudes de Cristo, mediante transformação e renovação do nosso caráter.
Eis aí a porta estreita e o caminho apertado, que impedem que muitos alcancem a salvação, pois não apresentam os requisitos necessários para serem escolhidos por Deus.
E, quando falamos em qualificações ou requisitos, isto não significa que os possuímos em nós mesmos, e ainda quando ultrapassamos a porta estreita, necessitamos continuar a recebê-los da parte de Deus, pela fé em Jesus Cristo.
Nosso esforço para entrar pela porta estreita e andar no caminho apertado deve ter em conta a busca destas qualificações, e atendimento dos requisitos estabelecidos por Deus em Sua Palavra, notadamente no que diz respeito a nos arrependermos e crermos no Evangelho.
Pois é assim, conforme afirma Pedro em sua segunda epístola, que confirmamos cada vez mais a nossa eleição, e entrada no reino de Deus.

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 Pr Silvio Dutra








9 - É Possível Negar Biblicamente a Eleição e a Predestinação?

Leia os poucos textos que destacamos abaixo e conclua, por si mesmo, sobre qual seja a resposta correta.

Rom 8:28  Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
Rom 8:29 Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
Rom 8:30 E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.

Ef 1:4 assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor
Ef 1:5 nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade,

Ef 1:11 nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade,

1Pe 1:2 eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas.

João 15:16 Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.

João 15:19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia.


João 17:6  Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra.

João 17:9 É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus;

João 17:24 Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo.

2Tm 2:19 Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais: Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor.

Apo 13:8 e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.

João 10:26 Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas.
João 10:27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.
João 10:28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.

Tito 1:1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade,
Tito 1:2 na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos

“pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama, foi-lhe dito: O maior servirá o menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e aborreci a Esaú. Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum. Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de  misericórdia.Pois diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a terra. Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece.” (Rm 9.11-18).

“E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu.” (Mc 13.27).

“Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.” (Rm 16.13).

“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade,” (Cl 3.12).
“Por isso, tudo suporto por amor dos eleitos, para que também eles alcancem a salvação que há em Cristo Jesus com glória eterna.” (II Tim 2.10).

“Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os que estão com ele, os chamados, e eleitos, e fiéis.” (Apo 17.14).

“E peço também a ti, meu verdadeiro companheiro, que as ajudes, porque trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros meus cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.” (Fp 4.3).

“Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações.” (Jer 1.5).

“Nós somos de Deus; quem conhece a Deus nos ouve; quem não é de Deus não nos ouve. Assim é que conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.” (I Jo 4.6).

“Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;” (Mt 13.11).

“Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (Lc 10.22).

“conhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição;” (I Tes 1.4).

“Os gentios, ouvindo isto, alegravam-se e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos haviam sido destinados para a vida eterna.” (At 13.48).








10 - A Causa da Eleição

Deus é espírito onisciente, onipotente, onipresente e completamente santo e puro.
Nós, evidentemente, não o somos.
É por isso que, sem que Ele manifeste a nós a sua graça, não podemos conhecê-lo de modo pessoal e íntimo.
Deve ser também considerado, que para este conhecimento pessoal, é necessário antes que seja operado em nós, por Ele, o trabalho da nossa justificação (perdão pleno); regeneração (novo nascimento) e santificação.
Ponderemos agora sobre quais seriam os principais motivos porque que nem todos sejam participantes dessa graça salvadora referida.
Caso fosse suposto que tal sucedesse em razão de um processo eletivo divino, no qual escolhesse ao léu quem seria agraciado, ao modo de um lançamento de sortes, equivaleria atribuir caráter do Deus que afirma não ter prazer na morte de ninguém, e que deseja que todos fossem salvos, alguma forma de vontade caprichosa.
O bom senso recomenda portanto, que tal hipótese seja excluída.
Podemos então, ter como segura causa da eleição, a assertiva bíblica de que somos:
“eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito,”  (I Pedro 1.2a).
Ou seja: como o fim da eleição é o de que sejamos santificados pelo Espírito Santo, Deus conhece, por seu atributo de presciência, quais são as pessoas que aceitarão o convite da graça do evangelho para ser operada nelas a referida santificação, do mesmo modo que também conhece aqueles que resistiriam ao citado convite.
Como a condição natural de toda e qualquer pessoa é de endurecimento ao conhecimento de Deus e da sua vontade, então é de se supor, que Ele mantenha em endurecimento, por não conceder a sua graça, a estes que sabe, adredemente, que a rejeitariam caso lhes fosse fornecida, para operar neles o trabalho de remoção do referido endurecimento.
Daí afirmar o Senhor nas Escrituras que endureceu a faraó, nos dias de Moisés, ou seja, ele não lhe concederia graça para que se arrependesse e fosse transformado, porque conhecia, em sua presciência, que ele lhe resistiria, não permitindo ser convertido.
Não foi o Senhor que o agente causador do endurecimento de faraó, mas o próprio mau uso deste, do livre arbítrio que lhe fora dado (Romanos 9.17,18).
Deus a ninguém tenta, e em ninguém produz o mal moral. É Deus de vida e não de morte. É Deus de santidade e não de pecado.
O que distingue os pecadores é que alguns chegam a lamentar o fato de serem pecadores e buscam serem transformados por Deus, enquanto outros jamais se arrependerão dessa condição de possuírem a natureza pecaminosa que é comum a todas as pessoas.
Assim, não seria de se supor que Deus desperdice os seus dons, ou faça empenhos para nenhum propósito.
Como poderíamos admitir que tentasse salvar quem ele conheceu antes mesmo de formar no ventre, como sendo alguém que lhe resistiria de forma obstinada e para sempre, assim como fazem Satanás e seus demônios?
Por isso citou o exemplo de Esaú e Jacó para o nosso conhecimento desta verdade (Romanos 9.13).
Assim, as Escrituras declaram que bem-aventurados são os humildes de espírito, porque estes comprovam por sua humildade diante do Criador, que serão o objeto da revelação da sua graça salvadora.    
Não há portanto qualquer mérito para a eleição, porque afinal, todos somos pecadores, mas é conhecido por Deus, de antemão, quem obterá o benefício da sua misericórdia para salvação, por desejar ser santificado, e, quem não receberá o citado benefício, por não se sujeitar a Ele, nem à sua vontade.     
Daí usar de misericórdia com quem quer usar de misericórdia (os eleitos, os que se arrependem), e de não usá-la com que não quer usá-la (os não eleitos, por saber que seria por eles rejeitada, e assim permanecem endurecidos em seus pecados não perdoados).

“terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem eu me compadecer.” (Êxodo 33.19b; Romanos 9.15)











11 - Eleição

Por Charles Haddon Spurgeon – reduzido e adaptado

Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo" (2 Tessalonicenses 2:13-14).
Se não houvesse outro texto na sagrada Palavra, à exceção deste, penso que todos deveríamos ser prontos para receber e reconhecer a fidelidade da grande e gloriosa doutrina da pré-eleição da família de Deus.
A grande verdade sempre é a Bíblia, e somente a Bíblia. E a doutrina da eleição está na Bíblia.
Meus ouvintes, vocês não acreditam em qualquer outro livro mais do que na Bíblia, acreditam?
Apenas deixem-me percorrer uma seleção de passagens onde o povo de Deus é chamado de eleito.
Ora, se as pessoas são chamadas de eleitas, então deve haver eleição. Se Jesus Cristo e seus apóstolos são acostumados a chamar os crentes pelo título de eleitos, certamente acreditamos que eles o sejam, a menos que o termo nada signifique.
Jesus Cristo disse: "Não tivesse o Senhor abreviado aqueles dias, e ninguém se salvaria; mas, por causa dos eleitos que ele escolheu, abreviou tais dias."
 "Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos."
"E ele enviará os anjos e reunirá os seus escolhidos dos quatro ventos, da extremidade da terra até à extremidade do céu." (Marcos 13:20, 22, 27)
"Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?" (Lucas 18:7)
Em conjunto com mais outras  passagens que poderiam ser selecionadas, onde tanto o termo "eleito", ou "escolhido", ou "preordenado", ou "apontado" é mencionado; ou a frase "minhas ovelhas" ou alguma designação similar, mostrando que o povo de Cristo é distinto do resto da humanidade.
Mas vocês têm concordâncias, e eu não vou lhes dar mais problemas com textos. Através das epístolas, os santos são constantemente denominados "os eleitos".
Em Colossenses encontramos Paulo dizendo: "... pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia".
Quando ele escreve a Tito, ele mesmo se chama, "Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus".
Pedro diz: "eleitos, segundo a presciência de Deus Pai". E se você vai para João, descobrirá que ele é afeiçoado ao termo. Ele diz: "O presbítero à senhora eleita"; e ele fala da nossa "irmã, a eleita". E sabemos onde isso está escrito: "Aquela que se encontra em Babilônia, também eleita". Eles não se envergonhariam desse termo hoje em dia; não tinham medo de falar disso.
Atualmente esse termo tem sido revestido de uma diversidade de sentidos, e as pessoas têm mutilado e estragado a doutrina, e assim transformado-a numa verdadeira doutrina de demônios, tenho que admitir; e muitos do que se chamam crentes, têm que se intitular antinomistas.
Não obstante esse fato, por que eu me envergonharia disso, se o homem o corrompe?
Amamos a verdade divina tanto na tormenta quanto na bonança.
Se há um mártir pelo qual temos amor antes de ele ser torturado, deveríamos amá-lo mais ainda quando ele está livre.
Se você vir a ler algumas das epístolas dos Pais da Igreja, você os descobrirá sempre se referindo ao povo de Deus como "eleito".
Realmente, nas conversas do dia a dia, o termo usado entre as igrejas dos cristãos primitivos para uma outra era "eleito".
Eles freqüentemente usavam o termo para os demais, demonstrando que era geralmente aceito que todo o povo de Deus era manifestamente "eleito".
Nós  vamos agora citar os versículos que provam a doutrina de modo afirmativo. Abram suas Bíblias em João 15:16, e vejam que Jesus Cristo escolheu seu povo, pelo que diz: "Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda."
E no versículo 19: "Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia."
E no capítulo 17, versículos 8 e 9: "porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste. É por eles que eu  rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus".
Vá para Atos 13:48: "Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna."
Eles poderiam ter omitido essa passagem, se quisessem, mas ela diz: "destinados para a vida eterna" no original tão patente quanto possível; e não nos importamos sobre os diferentes comentários existentes por aí. Vocês por pouco não precisam ser lembrados de Romanos 8, porque eu acredito que todos já estão bem familiarizados com esse capítulo e atualmente o entendem.
Nos versículos 29 e seguintes ele diz: "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.”
“Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?"
Seria desnecessário repetir o contexto do nono capítulo de Romanos.
Permitam-nos ainda ler versos como esses: "E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço."
Então leia no versículo 22:
"Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão"
Então vá para Romanos 11:7: "Que diremos, pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos"
No quinto versículo do mesmo capítulo, lemos: "Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça". Vocês, sem dúvida, vão se lembrar da passagem de I Coríntios 1:26-29: "Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus."
Novamente, lembrem-se da passagem de I Tessalonicenses 5:9: "porque  Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo".
Então vocês têm meu texto, que creio ser o bastante; mas, se precisam de mais passagens, poderão encontrá-las com mais vagar, se já tiverem removido sua desconfiança de que essa doutrina da eleição seja verdadeira.
Parece-me, amigos, que esse preponderante conjunto de testemunhos das Escrituras devem fazer vacilar aqueles que ousam rir dessa doutrina.
O que dizer daqueles que freqüentemente desprezaram-na, e lhe negaram sua divindade; que sempre criticaram sua justiça, e ousaram afrontar a Deus e chamá-lo de um tirano Todo-Poderoso, quando têm ouvido dele o eleger alguns para a vida eterna? Podeis fazê-lo, ó repudiadores! arrancá-la da Bíblia?
Podeis vós pegar um canivete e cortá-la da Palavra de Deus?
Seríeis vós como a mulher aos pés de Salomão, e ter sua criança fendida ao meio, do que vossa mui provavelmente pela sua metade?
Não está assim na Escritura? E não seria vossa obrigação curvar-se ante ela, e docilmente reconhecer o que vós não a compreendeis " para recebê-la como a verdade, mesmo que não podeis compreender seu significado?
Não cuidarei em provar a justiça de Deus em assim ter eleito a uns e deixado outros.
Não está em mim o arrazoar com meu Mestre.
 Ele falará por si mesmo, e assim o faz: "Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?" Quem é ele para talvez dizer para seu pai: "Por que me geraste?" ou à sua mãe: "Por que me deste à luz?" "Eu sou o Senhor " Eu formo a luz e crio a escuridão; Eu, o Senhor, faço todas essas coisas."
Assim, quem sois vós para replicar a Deus? Trema e beije seu bordão; curve-se e submeta-se ao seu cetro; não se manifeste contra sua justiça, e não acuse publicamente seus atos antes de seu juízo, homem!
Mas há os que dizem: "É difícil para aceitar que Deus escolha uns e rejeite os outros".
Agora, eu lhes farei uma pergunta. Há algum de vocês aqui nessa manhã que deseja ser santo, que deseja ser regenerado, deixar seus pecados e andar em santidade?
"Sim, há", alguém diz, "Eu quero".
Então Deus te elegeu. Mas outro diz: "Não, eu não quero ser santo; não quero desistir da minha luxúria e dos meus vícios."
Por que você reclamaria, então, que Deus não te elegeu para isso?
Por isso, se você fosse eleito, não gostaria disso, de acordo com sua própria confissão.
Se Deus, neste dia, te escolheu para a santidade, pode dizer que não se  importaria com isso.
Você não reconhece que prefere a embriaguez à sobriedade, a desonestidade à honestidade? Você ama esses prazeres mundanos mais do que a religião; então por que resmungaria se Deus não te escolheu para a religião?
Se você ama a religião, Ele te escolheu para isso. Se você deseja, ele te escolheu para isso. Se você não deseja, que direito tem de dizer que Deus deveria te dar o que não quer?
Supondo que eu tivesse em minha mão algo a que você não dá valor, e eu dissesse que eu daria a tais e tais pessoas, você não teria direito de reclamar que eu não te dei isso. Você não pode ser tão tolo para reclamar que o outro tem o que não se importou em ter.
De acordo com sua própria confissão, alguns de vocês não querem a religião, não querem um novo coração e um espírito reto, não querem o perdão dos pecados, não querem santificação; vocês não querem ser eleitos para essas coisas: então por que reclamariam?
Vocês têm essas coisas como palha, então por que deveriam queixar-se de Deus que deu-as a quem ele escolheu?
Se você crê nelas por serem boas e as desejam, elas lá estão para vocês.
Deus deu liberalmente a todos que as desejam; e, em primeiro lugar, ele fê-los desejar, pois de outro modo  nunca o fariam.
Se você ama essas coisas, ele te elegeu para elas, pode obtê-las; mas se não as quer, quem é você para encontrar alguma falha em Deus, quando isso é a sua própria vontade desesperada que faz você odiá-las?
Suponha que um homem na rua dissesse: "que vergonha é eu não ter um banco para me assentar na igreja, para ouvir o que esse homem tem para dizer".
E suponha que ele diga: "Eu odeio o pregador; não posso agüentar sua doutrina; mas ainda assim é uma vergonha eu não ter um banco para me assentar".
Você esperaria um homem falar assim? Não, você talvez diria: "Esse homem não se importa com isso. Por que ele se incomodaria pelo que outras pessoas têm o que dão valor e ele despreza?"
Você não gosta da santidade, você não gosta da retidão; se Deus me elegeu para essas coisas, ele te machucaria por elas?

II. Assim eu tentei dizer alguma coisa com respeito à veracidade da doutrina da eleição.
Agora, resumidamente, deixem-me afirmar que a eleição é ABSOLUTA: isso quer dizer que não depende de quem nós somos. O texto diz: "Deus nos escolheu de antemão para a salvação", mas nossos opositores dizem que Deus escolheu as pessoas por elas serem boas, que as escolheu levando em conta suas diversas obras executadas.
Agora, podemos perguntar, em contestação: que trabalhos são esses levados em conta pelos quais Deus escolheu seu povo? São eles os que comumente chamamos "obras da lei", obras de obediência que a criatura pode prestar?
Se assim o é, podemos lhes responder " se homens não podem ser justificados pelas obras da lei, isso nos parece muito claramente que eles não podem ser eleitos pelas obras da lei: se não podem ser justificados por  suas boas obras, eles  não podem ser salvos por elas.
O decreto da eleição, então, não pôde ser construído a partir das boas obras.
"Mas", outros alegam, "Deus os elegeu na previsão de que creriam".
Agora Deus dá a fé, portanto ele não poderia lhes ter eleito levando em conta sua fé, que Ele previu.
Poderia haver vinte mendigos na rua, e se eu decidisse dar a eles uns trocados; mas se alguém dissesse que eu decidi dar a algum deles uns trocados, porque eu previ que ele o teria? Isso seria falar algo sem sentido.
Da mesma maneira dizer que Deus elegeu homens porque previu que estes teriam fé, que é a salvação em princípio, seria um grande absurdo para nós ouvir no momento tal coisa.
A fé é um dom de Deus.
Toda virtude vem dele.
Nada pode ter influído nele, portanto, para eleger homens, porque isso é seu dom.
Estamos seguros de que a eleição é absoluta, totalmente separada das virtudes que os santos terão mais tarde.
Ainda que um santo possa ser tão são e devoto como Paulo, ainda que ele possa ser tão audacioso quanto Pedro, ou amável quanto João, ainda assim ele não poderia exigir nada do seu Criador.
Não conheci ainda nenhum santo, de qualquer denominação, que pensasse que Deus o salvou porque previu que teria essas virtudes e méritos.
Agora, meus irmãos na fé: as melhores jóias que o santo sempre usa, se são jóias de sua própria criação, não são as celestiais. Há algo de terreno misturado com elas. A maior graça que podemos possuir terá algo de mundano. Sentimos isso quando somos os mais refinados, quando somos os mais santificados, e nossa linguagem é sempre assim: "Eu sou o principal dos pecadores; Jesus morreu por mim."
Nossa única esperança, nossa única argumentação, ainda se sustenta na graça, tal como evidenciada na pessoa de Jesus Cristo.
E estou seguro de que devemos rejeitar completamente e desconsiderar toda idéia de que nossas graças, que são dons de Deus, que foram plantadas com sua destra, possam ter sido a causa de seu amor.
Sempre devemos cantar: "O que houve em nós que a estima pudesse merecer ou o deleite do Criador dar?
Foi justamente do Pai, devemos sempre cantar Porque, ao seu olhar, bom fez parecer"
"Ele terá misericórdia de quem ele quiser ter misericórdia":
Ele salva porque ele salvará.
E se vocês me perguntarem por que ele me salvou, posso dizer apenas: porque ele assim o fez.
Havia algo em mim que pudesse me recomendar a Deus? Não: eu deixei todas as coisas de lado, não tenho nada que me recomende.
Quando Deus me salvou, eu era o mais vil, perdido e arruinado da raça humana.
Verdadeiramente, eu não tinha poder para me ajudar.
Oh! Quão miserável eu me senti e como me compreendi!
Se você tem algo a se recomendar a Deus, eu nunca tive.
Estarei contente ao ser salvo pela graça, sem mistura, pura graça.
Não posso me jactar de mérito algum.
Se você pode, eu não.

III. Em terceiro lugar, a eleição é ETERNA. "Deus vos escolheu desde o princípio para a vida eterna".
Algum homem pode me dizer quando foi o princípio?  Antes das eras eternas, como afirma Paulo em Tito 1.1,2:
Tit 1:1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade,
Tit 1:2 na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos.

Mas Deus, desde o princípio, escolheu seu povo; quando o etéreo não navegado ainda não tinha sido revolvido pela asa de um anjo sequer, quando o espaço era sem limites, ou ainda não nascido quando a quietude universal reinava, e nenhuma voz ou suspiro quebrava a solenidade do silêncio; quando não havia nem começo, nem gesto, nem tempo, nada, apenas Deus, só em sua eternidade; quando a canção de um anjo, sem a assistência de um querubim sequer, muito antes das criaturas vivas nascerem, ou das rodas da carruagem de Jeová tivessem sido moldadas, mesmo assim, "no princípio havia o Verbo", e no princípio o povo de Deus era um com o Verbo, e "no princípio ele os escolheu para a vida eterna".
Nossa eleição, então é eterna.
Não cessarei de prová-la, vou apenas passar por esses pensamentos para o bem dos novos convertidos, para que entendam a que nos referimos ao dizer da eleição eterna e absoluta.

 IV. Em seqüência, a eleição é PESSOAL.
Aqui novamente nossos oponentes tentam atacar a eleição nos alegando que se trata de uma eleição de nações, não de pessoas.
Mas aqui o Apóstolo diz, "Deus escolheu você desde o princípio".
Mas que são as nações senão homens?
A eleição, então, é pessoal: deve ser assim. Todo aquele que ler esse texto, e outros da mesma maneira, verão que a Escritura continuamente fala de um e outro do povo de Deus, e fala deles como tendo sido sujeitos especiais da eleição.
"Filhos somos de Deus através da Sua eleição, Aquele que em Jesus Cristo confia; Pela eterna destinação Soberana graça aqui recebemos, hoje em dia."
Sabemos que isto é eleição pessoal.

V. O outro pensamento é " porque meu tempo voa rápido para me capacitar a me deter na extensão desses pontos" que a eleição produz BONS RESULTADOS.
"Ele vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade."
Como alguns homens se enganam-se completamente quanto à doutrina da eleição! Quantos dizem de si mesmos, "Sou eleito", e se assentaram na preguiça, e pior do que isso, têm dito: "sou eleito de Deus", e com as duas mãos têm feito perversidade. Eles rapidamente correm para as coisas impuras, porque dizem, "sou filho escolhido de Deus,  independentemente das minhas obras, e por isso posso viver como determinei, e faço aquilo que gosto."
Oh, amado! Deixe-me solenemente advertir-lhe para não ir tão longe com a verdade; ou melhor, de não transformar a verdade em erro, e por isso não carregá-la tão longe.
Digo a vocês que tem havido milhares de homens que se arruinaram por não entenderem a eleição; que têm dito: "Deus me escolheu para o céu, e para a vida eterna"; mas se esqueceram de que Deus os escolheu "pela santificação do Espírito e fé na verdade".
Essa é a eleição divina " eleição para a santificação e para a fé.
Deus escolheu as pessoas para serem santas, e para serem crentes. Quantos de vocês aqui, então, são crentes?
Quantos de minha congregação podem pôr suas mãos sobre seus corações e dizer, "eu creio no Deus que me santificou"?
Há aqueles entre vocês que dizem "sou eleito"? " Eu lembro que vocês juraram semana passada. Um de vocês disse: "acredito que sou eleito" " mas eu sacudo a tua memória em respeito a alguns atos viciosos que você cometeu nos últimos seis dias.
Outro de vocês diz, "sou eleito"  mas eu olharia na tua face e diria, "Eleito?! És o mais maldito dos hipócritas! É tudo o que és".
Outros diriam, "sou eleito" " mas eu lhes lembraria que têm negligenciado a misericórdia".
Oh, amado! Nunca pense que você é um eleito a menos que seja santo.
Você pode vir a Cristo como um pecador, mas não pode vir a Cristo até ver a sua santidade.
Não interprete mal o que digo " não diga "sou eleito" e ainda pense que pode viver em pecado.
Isso é impossível.
Os eleitos de Deus são santos.
Eles não são puros, não são perfeitos, não são imaculados; mas, pegando as vidas deles como um todo, eles são santos.
São marcados, e distintos dos outros: e nenhum homem tem o direito de concluir que é santo exceto por sua santidade.
Ele pode ser eleito, e ainda estar na escuridão, mas não tem o direito de acreditar nisso; ninguém pode ver isto, não há evidência disso. O homem pode um dia viver, mas hoje estar morto. Se você anda no temor do Senhor, tentando servi-lo, e obedece aos seus mandamentos, não tenha dúvida de que seu nome está escrito no livro da vida do Cordeiro, antes da fundação do mundo.
E, com receio de que isso seja demais para você, note a outra face da eleição, que é a fé, "fé na verdade".
Aquele que acredita na verdade de Deus, e acredita em Jesus Cristo, é eleito.
Freqüentemente encontro com pobres almas, que se depreciam e se preocupam com esse pensamento:  "Mas como eu não seria eleito?" "Oh, senhor", eles diriam, "Pus minha confiança em Jesus; sei que creio em seu nome e acredito em seu sangue; como eu não seria eleito?"
Pobre criatura! Você não sabe muito sobre o evangelho, ou nunca falou sobre isso, porque o que crê é eleito.
Aqueles que são eleitos, assim o são para a santificação e fé; e se tem fé na verdade e ama, você é um dos eleitos de Deus; você pode saber isso e deveria saber disso, com certeza absoluta.
Se você, como um pecador, olhar para Jesus Cristo nessa manhã, e dizer:  "Nada trago em minhas mãos, Simplesmente à tua cruz eu me apego", você é um eleito.
Não tenho receio de a eleição amedrontar pobres santos ou pecadores.
Há muitos teólogos que dizem ao questionador, "a eleição não tem nada a ver contigo". Isso é muito mal, porque a pobre alma não deve ser silenciada assim.
Se você pudesse lhe silenciar, seria bom, mas se ele pensar desse modo, não ajudará em nada.
Diga a ele, então, que se você crê no Senhor Jesus Cristo, você é eleito.
Digo a você " o principal dos pecadores " nessa manhã, digo a você no nome de Jesus, se você vier a Deus sem qualquer obra sua, e se entregar ao sangue e à justiça de Jesus Cristo; se você vier agora e nele crer, você é eleito. Você é amado por Deus desde antes da fundação do mundo, e nada poderia fazer a menos que Deus lhe tivesse concedido poder, e te escolhido para  fazer isso.
Mas não pense que qualquer homem será salvo sem fé e santidade.
Não concebam, meus ouvintes, que algum decreto, passado nas brumas da eternidade, salvará suas almas, a menos que vocês creiam em Cristo.
Não se assente e fantasie que você pode ser salvo sem fé e santidade.
Isto é uma das  heresias mais abomináveis e malditas, e tem arruinado milhares.
Não faça da eleição um travesseiro para você nele dormir, ou então você será arruinado.
Não fantasie que a eleição perdoa o pecado "não sonhe com isso". Não se firme na idéia da sua irresponsabilidade.
Você é responsável.
Precisamos de ambas as coisas. Precisamos ter a soberania divina, e precisamos ter a responsabilidade humana.
Precisamos ter a eleição, mas precisamos ser diligentes.










12 - Como Entender a Eleição

Por Charles Haddon Spurgeon – reduzido e adaptado

 “Mas Jesus respondeu: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Ela, porém, veio e o adorou, dizendo: Senhor, socorre-me!”Mateus 15: 24,25
 
Vocês que conhecem o coração amoroso do nosso Senhor Jesus estão bem certos de que Ele jamais desencorajaria uma alma a se aproximar Dele.
Porém, neste caso, “Ele não lhe respondeu palavra” (Mateus 15. 23).
Jesus é mudo quando a miséria roga uma palavra a Ele?
O Amigo do Homem é geralmente todo atenção, todo encorajamento,  – e ainda assim a impaciente mulher chora em vão para Ele, pela sua filha endemoninhada!
Nós não estamos inquietos sobre isso.
Nós conhecemos muito bem o nosso Senhor para suspeitar que Ele tenha falta de amor.
Ele não está brincando com o pássaro ferido.
Ele não está em nenhuma forma de amargura.
Ele não iria sequer aparentar desencorajar qualquer coração que bate em um peito humano a não ser que haja uma grande necessidade para isso, algum fim gracioso a ser atendido.
     
Ninguém vai ter a imprudência de acusar o nosso Senhor Divino de dureza injustificada para com uma alma que procura a Sua ajuda.
O mundo pode suspeitar de que alguns de Seus ministros foram duros e frios, como os púlpitos de mármore que, nestes tempos de frio, têm sido exaltados entre as pessoas.
Mas você não pode supor nada a respeito disso do Senhor Jesus Cristo – Ele é tão evidentemente amável, gracioso e cordial, que você não poderia ter um coração para suspeitar Dele!
Se Jesus já recebeu você, você teve, neste caso, uma prova inquestionável de Sua ternura, e você é, e será, doravante, confiante em Sua compaixão.
Você tem certeza de que Ele “não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega,” (Mateus 12.20), pois Ele não esmagou nem apagou  você.
No entanto, ele desencorajou esta mulher.
Não somente os discípulos o fizeram, como também o Mestre o fizera.
Portanto, eu digo que deveria haver uma necessidade secreta para tal feito – deve ter havido um motivo para o bem dela que moveu o brando Senhor a lhe responder com palavras tão duras – e com um discurso tão desanimador.
     
Eu creio que nós, queridos amigos, humildes imitadores do Senhor Jesus Cristo, somos compelidos a encorajar todos em quem há alguma esperança.
Sempre que vemos uma alma errante voltando seu rosto para casa, devemos estar prontos para dar uma mão para dirigir os seus passos cambaleantes.
Ainda, se imitamos o nosso Senhor, nós seremos guiados a dizer coisas dolorosas as quais, como as sinceras feridas de um amigo, são tão afiadas quanto são salutares.
Os lábios de amor nem sempre derramam mel!
A bajulação encanta com os seus períodos doces, mas uma sábia afeição muitas vezes usa tons mais duros e cortantes.
Há uma tendência em certas pessoas boazinhas demais para confortar demais e deixar para trás algumas Verdades importantes de Deus, pois têm medo que elas sejam mal entendidas.
Doutrinas gloriosas que deixaram nossos pais fortes são deixadas às sombras por medo de que elas se tornem pedras no caminho das mentes perturbadas!
Se fosse sempre sábio confortar e encorajar, o Mestre seguiria esta linha das coisas.
Mas, desde que Ele não o fez, eu suponho – e acho que ninguém se atreverá a me contradizer – que os homens requerem algo mais além de encorajamento.
?Nós não lemos que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”? (2 Timóteo 3.16, 17)
Existem verdades que não podem ser deixadas para trás porque elas podem não encorajar, pois o uso delas é para repreender e corrigir.
Existem verdades que, em certas ocasiões, devem ser ditas, ainda que o efeito temporário possa diminuir o ardor ou entorpecer a esperança do pecador que está vindo a Cristo.
 Como o nosso Mestre, nós devemos sempre ansiar pela salvação dos pecadores e, como Ele, devemos fazer isso com sabedoria.
Nós devemos exibir grande ternura fraternal com os pecadores, e ser muito gentis, assim como um pastor é com os cordeiros – mas esse muito amor, essa muita ternura, vai levar o bem instruído professor a dizer várias coisas que o discípulo preferiria não ouvir!
     
Nosso pastoreio lida não apenas com as pastagens verdes, mas também com o lugar de lavar as ovelhas e de tosar.
Não temos apenas de consolar, mas também de corrigir – nossa função é a edificação que tem frequentemente que colocar abaixo pedaços dilapidados de parede a fim de proteger toda a construção – e, portanto, nós ocasionalmente parecemos ser destruidores onde somos verdadeiros construtores, juntamente com Cristo!
Nosso Senhor sabia que a linguagem clara de uma certa Verdade iria escandalizar Seus discípulos.
 E Ele, portanto, preservou um silêncio discreto?
Não!
No tempo devido, Ele abriu a Sua alma e nós lemos que, “à vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.” (João 6. 66)
     
Vamos agora considerar por que o Salvador falou desse jeito com essa mulher.
Por que Ele anunciou a ela um fato que não podia nem ajudar, nem fortalecer a sua fé?
Vamos aprender a resposta enquanto prosseguirmos.

Nosso Senhor Jesus praticamente desencorajou a mulher cananéia com a Doutrina da Eleição.
Eu garanto a vocês que existe uma diferença entre a eleição da nação de Israel e a eleição dos indivíduos – mas não veremos isso agora.
A questão é esta – foi a Doutrina da Eleição que o Senhor colocou no caminho desta pobre mulher.
Ele disse a ela, “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.”
Isso foi o suficiente certamente  para amortecer o espírito dela, e o Salvador ainda o colocou diante dela.
     
Por quê?
Bem, eu acho que Ele fez isto, primeiramente, naquela hora, que é melhor isso vir Dele do que dos discípulos.
Se você sente que é necessário que alguém deva ser fortemente repreendido, você conclui que é melhor você mesmo fazer isto.
Você diz a si mesmo, “se eu enviar essa mensagem pelo melhor amigo que eu tenho, ele vai estragar tudo; ele vai torná-la mais cortante do que eu pretenderia que fosse e vai errar o alvo.
Ele vai causar mais dor do que eu pretenderia.
Portanto, eu vou comunicar a declaração inaceitável por conta própria.”

O Salvador sabia que, em tempo oportuno, essa mulher ouviria que a missão de Cristo era apenas para Israel – e ela provavelmente ouviria isso de uma forma que iria abater muito mais o seu espírito do que se Ele, pessoalmente, falasse para ela por conta própria.
Então Ele mesmo disse para ela, “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.”
Isso quer dizer que, a missão de Cristo enquanto Profeta, enquanto Ele estava aqui em carne, era para Israel – e por Israel.
Eu acho que há grande sabedoria em comunicar a Verdade para as pessoas na hora adequada.
O Senhor não disse, Ele mesmo, “tenho ainda muito que voz dizer, mas vós não o podeis suportar agora” (João 16.12)?
Justamente naquele momento os Seus discípulos estavam inaptos para ouvir todas aquelas Verdades e, portanto, o oráculo do amor foi silenciado por um tempo.
Em outro momento o Salvador derramou sobre eles, assim como Ele faz conosco, toda sabedoria e prudência – e então Ele tornou conhecido a eles o mistério de Sua vontade depois de uma completa providência.
     
O Senhor não nos ensina toda a Verdade de uma vez, mas de grau em grau Ele nos admite dentro das câmaras de Seu tesouro secreto.
Você sabe como um cirurgião, depois de operar um olho cego, diz ao seu paciente, “Sua visão está completamente restaurada, mas durante os próximos dias, eu lhe peço   que fique num cômodo escuro.
Peço a você que receba luz aos poucos.
Infinita é a sabedoria do Espírito Santo em iluminar gradualmente as almas!
O Senhor não deixa, de uma só vez, o pecador conhecer toda a extensão de seu pecado, nem dá a ele uma completa idéia da punição relativa a esse pecado.
E nem dá, penso eu, no começo, todo o conhecimento que ele terá do completo perdão de seu pecado e das inumeráveis alegrias que vêm para os pecadores perdoados através de Jesus Cristo, o Salvador.
Aos poucos, assim como alimentamos recém-nascidos, não com carne, mas com leite – aos poucos, assim como você ensina aos jovens alunos na escola.
Preceito após preceito, linha após linha – um pouco aqui e um pouco ali.
A missão Dele para com a casa de Israel foi uma das Verdades que o Salvador viu que essa pobre mulher cananéia teria que aprender e, portanto, Ele comunicou a ela quando ela tinha fé suficiente para combater todo o desencorajamento e obter a bênção pela qual o seu coração ansiava.
     
Agora eu vou lidar com almas que estão de certa forma no caso desta mulher.
Eu devo considerar a palavra desencorajadora que veio a elas, a qual é de alguma forma similar àquela que veio à mulher cananéia.
E depois eu pedirei a elas que imitem o ato louvável dessa mulher em conexão com o seu desencorajamento, pois embora ela parecesse estar sendo repelida, ela veio a Cristo e O louvou.
Antes de concluir, eu gostaria de mencionar algumas considerações úteis a qualquer um que possa estar confuso com esta grande doutrina que eu mencionei agora mesmo.
Venha, Santo Espírito Consolador, e encha nossos corações com a alegria celeste nesta alegre hora!
     
I. Vejamos primeiro, A PALAVRA DESENCORAJADORA QUE VEIO A ESTA MULHER.

Ela foi, como eu disse, uma certa forma de apresentação da Doutrina da Eleição – a Verdade inquestionável que Deus desenvolveu para abençoar as ovelhas de Israel pelos trabalhos e depoimentos pessoais de Seu Filho Jesus Cristo – e que essas bênçãos não foram, naquela hora, enviadas para o povo de Tiro e Sidom.
     
A Doutrina da Eleição foi transformada num grande pesadelo pelos seus oponentes inescrupulosos e seus amigos imprudentes.
       
Deve ser pesarosamente admitido que a Doutrina da Eleição desencorajou muitos que desejavam o Salvador, mas a verdade é que ela não deve fazer isso.
Vista corretamente, é um arauto real vestido de seda e ouro, anunciando livremente aos indignos que o Rei recebe pecadores, de acordo com o bom prazer de Sua vontade!
Como isto encorajou alguns de nós!
Que tutano e gordura é para nós, agora que encontramos o Senhor!
Nos alimentamos disto como uma porção Divina que sustenta, satisfaz e sacia a alma!
Quando eu me encontrei com Cristo pela primeira vez, eu estava perfeitamente satisfeito em ser como um dos cachorros debaixo da mesa – mas eu não estaria satisfeito em o ser agora, desde que o Senhor me chamou a um lugar melhor!
Agora que eu me tornei um de Seus filhos, sou como Lázaro foi, de quem nós lemos, “sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa.” (João 12.2)
A bendita Doutrina da Eleição é, para a minha alma, como vinhos puros, bem refinados!
É um fato do Amor Divino bem mais profundo e mais glorioso do que eu jamais esperei conhecer!
“Água pediu ele, leite lhe deu ela; em taça de príncipes lhe ofereceu nata.” (Juízes 5.25)
Nós pedimos por perdão, mas Ele nos deu justificação!
Nós pedimos por um pouco de perdão, mas o Senhor nos deu abundante Graça, sim, Graça sobre Graça, dizendo – “Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.” (Jeremias 31.3)
Se um pecador realmente conhece a doutrina da escolha pela Graça, ele não fugiria dela, mas sim estaria inclinado a correr aos seus braços!
No entanto, para muitos, isso parece ser como o lado negro da nuvem que o Senhor colocou sobre os egípcios e, portanto, eu vou considerar o desencorajamento que Cristo colocou para esta mulher cananéia.
Ele lhe disse: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.”
“Eu fui enviado”, ele pareceu dizer, “aos judeus.
Eu fui enviado à casa de Israel, e não a você.”
Essa grande Verdade de Deus, ela com certeza iria descobrir cedo ou tarde, e se ela tivesse descoberto mais tarde, ela provavelmente temeria que a cura de sua filha seria tirada dela porque seria recebida em contrariedade com a missão do Messias, e ficaria desanimada em vir a Ele procurando o Seu auxílio.
Jesus a deixa saber dessa Verdade de uma vez, para que não venha a preocupá-la depois.
Quando ela obtivesse  a cura de sua filha, ela a teria sabendo que a cura foi dada de forma aberta e honesta – e não por um erro da misericórdia, ou um descuido de caridade.
     
Agora, não há nada como a escolha de Deus.
O Senhor tem um povo que é redimido dentre os homens.
O Senhor Jesus tem um povo do qual ele falou, “Eram teus, tu mos confiaste.” (João 17.6)
Alguns são ordenados à vida eterna e, portanto, acreditam no Senhor Jesus Cristo. Esse fato desencoraja você?
Eu não vejo porque deveria.
Por que você não deveria estar nesse número?
“Mas e se eu não for?”, alguém pergunta.
Por que você não pensa que está?
Você não sabe nada sobre isso – portanto, porque fazer suposições?
Deixar de fazer suposições seria algo muito mais sensato do que se fermentar com uma poção mortífera de desespero tirada das inúteis cascas da mera suposição!
Eu já tenho o suficiente para suportar fatos, sem me sobrecarregar com conjecturas.
O que Deus não revelou, nós não estamos aptos a saber.
De fato, pareceria bem melhor que estivéssemos em ignorância onde Deus não garante nenhuma informação.
O Senhor escolheu um povo para ser salvo e eu fico feliz em pensar que Ele o fez, para que ninguém pudesse provar que eu não faço parte desse número!    
Se há alguns que Deus vai salvar, então eu sei, também, quem eles são, pois Ele me diz que eles são tão arrependidos do pecado, o confessam, o abandonam e acreditam no Senhor Jesus Cristo para a vida eterna!
Essas mesmas coisas minha alma desejaria fazer – e quando eu o faço, eu sei que faço parte do número dos escolhidos e serei salvo!
O que há nisso que possa desencorajar uma alma?
No entanto, isso desencoraja  alguns.
Quando as pessoas estão nas trevas, elas têm medo de qualquer coisa: de tudo e de nada!
“Tomam-se de grande pavor, onde não há a quem temer.” (Salmos 53.5)
Uma vez que a pessoa entra em um baixo e agitado estado, a queda de uma folha sugere uma avalanche!
A menor sombra de uma nuvem significa a total extinção do dia
 “Expressão estranha”, você diz.
No entanto, ela não é tão singular e ultrajante quanto tantas das inferências feitas por um desânimo resoluto.
Ai desses problemáticos – eles sentem que não podem ser salvos porque há um Israel que Deus escolheu para ser salvo!

Nosso Deus colocou diante dessa mulher algo pior que o fato positivo da escolha de Israel.
Ele declarou o lado negativo da escolha sagrada.
Ele disse “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.”
É muito pouco o que você e eu, que somos ministros do Evangelho, temos que fazer pregando sobre o que Cristo não foi enviado para fazer.
Agora na dispensação da graça, pregamos, como é verdadeiro, que Cristo tem sido enviado a todos os povos e nações. Ministra agora a salvação a qualquer um em qualquer canto da Terra.
Pobres Corações penitentes, não há nada no decreto Divino da eleição que tire de vocês a esperança!
 “Não falei em segredo, nem em lugar algum de trevas da terra; não disse a descendência de Jacó: Buscai-me em vão.” (Isaías 45.19)
     
Mas nos dias da mulher Cananéia, quando Cristo havia sido dado a ministrar apenas à nação de Israel,  foi que ela sabia que essa eleição, como Cristo havia afirmado, a excluía, pois Ele lhe disse que não foi enviado senão à casa de Israel e ela bem sabia que não pertencia a essa casa.
Ela era uma mulher cananéia, nativa de Tiro e Sidom e, portanto, distintamente excluída – e o próprio Jesus disse isso a ela.
Isso deve ter feito a frase cair como uma sentença de morte em seus ouvidos!
Se os servos dizem algo assim para nós, nós podemos esquecer, mas se o Mestre diz, “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel,” então a questão termina em puro desespero.
A pobre mulher cananéia poderia muito logicamente terminar as suas súplicas, dizendo, “O que mais pode ser feito?
Eu não posso ir contra a palavra que vem dos lábios do próprio Cristo.”
No entanto, ela não o fez, mas, como uma verdadeira heroína, ela pressionou o seu pedido até o alegre fim.    
Vocês podem ver que a causa dela para o desencorajamento foi bem pior do que a de vocês jamais poderia ser, pois vocês não sabem que estão excluídos – não há nada na sua raça ou cidade que exclui você.
Além do mais, Cristo nunca disse a vocês que  estão excluídos.
Eu não acho que algum pastor tenha dito isso a vocês, mas se você  já  se congregou a algum ministério sob o Céu no qual não há esperança para você, você não tem o direito de chegar a tal conclusão!
No intento da minha alma, eu nunca desejei o desencorajamento de uma alma sequer entre todos vocês.
Prefiro morrer para que vocês vivam!
Mas se vocês copiaram palavras amargas e chegaram a conclusões miseráveis, então eu devo instar vocês a serem tão sensitivos e bravos quanto aquela mulher foi, que, quando ela recebeu isso não de sacerdotes, mas recebeu do próprio Cristo, que Ele não foi enviado a pessoas como ela, ainda assim ela perseverou, pressionou e foi até Ele e O adorou, dizendo, “Senhor, socorre-me.”
   
Alguns podem me dizer hoje – “Por que falar sobre essa dificuldade toda?”
Eu falo sobre isso porque ela existe.
Ela assusta e preocupa muitas mentes.
Muitos estão perturbados e os servos de Deus devem lidar com os seus problemas.
Muito alegremente eu deixaria esses medos em paz se eles deixassem o meu povo em paz!
O duro fato da predestinação encontra muitos homens em um lugar ou outro – até dos caminhos da filosofia ele não escapa!
Se fôssemos melhor instruídos, provavelmente não acharíamos nenhum mistério onde tudo é mistério agora!
Os homens esqueceram que a ordenação de Deus lida com tudo – não só com o mundo espiritual, mas também com o mundo natural.
Ainda assim eles nunca permitem que ela se interfira em seu trabalho pelo pão, sua luta pela riqueza, ou sua corrida pela fama!
     
Por que eles deveriam dissociar a questão da salvação das dez mil outras questões que estão englobadas no mesmo anel?
Por que os homens agem, em outros assuntos, de acordo com o senso comum, mas sobre esse assunto, transformam montículos em montanhas?
Eles imaginam que a vontade de Deus seleciona uma ou duas questões e deixa todas as outras de lado!
Eles pensam que a eleição tira a livre atividade e responsabilidade – e transforma homens em máquinas.
Eles não conseguem entender que o plano Divino nada tem a ver com a  vontade do homem, mas seguramente com a vontade de Deus – nem podem ver como tudo sucede pela livre ação das criaturas como se não existisse Deus – e ainda assim Deus comanda tudo.
Eu espero que este assunto não tenha aborrecido os homens, mas é inútil desejá-lo.
Ele aborreceu desde o início e irá aborrecer até o fim.
Como não podemos alterar os fatos, temos que lidar com eles.

Queridas almas perturbadas, Jesus quer que vocês venham a Ele sem medo!
 Ele convida vocês a confiar Nele, sim, mais – Ele comanda vocês a acreditarem no Seu nome!
Nada que Ele pensou, ou ordenou, ou propôs, ou predestinou, tem alguma tendência de dirigi-los contra Ele.
O que quer que a predestinação seja, ou não seja, algo é certo – “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores.”
Tudo gira em torno Dele e de Sua Cruz. Venha, e não deixe nada te impedir, nem por uma hora!
     
II. Agora, observem O ATO LOUVÁVEL DESSA MULHER. Considerando o que ela fez, nós vamos chegar à parte prática do tema.
E eu percebo que ela não tentou, em momento algum, negar o que Jesus havia dito.
Ele disse, “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel,” e ela não respondeu, “Senhor, isso não é verdade.”
Ela não questionou nada do que Jesus afirmou – isso seria grossa presunção da parte dela.
Ela não deu evasivas, ou objetou, ou levantou oposição.
Ela aceitou o que Jesus disse sem nenhum argumento.
Ela não tentou dizer que era injusto que Cristo viesse apenas para a casa de Israel.
Ela não afirmou, como alguns vergonhosamente fizeram, que Deus deveria lidar com um caso tanto quanto com outro, porque, caso contrário, Ele estaria fazendo acepção de pessoas.
Todo esse tipo de coisas, que temos ouvido tão frequentemente, estava longe da mente dela!
     
Ela foi silenciosa e submissa à fala do Salvador.
Ela sequer argumentou que certamente, em sua instância solitária, poderia quebrar as regras.
Ela não argumentou contra nada.
Ela aceitou a Verdade de Deus, que para ela foi escura, em acordo com Aquele cujo nome é luz.
Ela vê a densa nuvem escura, mas a atravessa, sentindo que não pode ser nada além de uma nuvem – e então ela vem aos pés do Salvador e chora, “Senhor, socorre-me!
Eu não entendo isto.
Eu estou totalmente em uma névoa e em confusão. Senhor, ajude-me! Senhor, eu não peço para entender, mas eu clamo por ajuda. Permita-me  acreditar e receber a bênção, deixe a escura Verdade dizer o que eu posso.”

Muitas pessoas são tão fracas no julgamento que se elas tivessem que batalhar contra uma dificuldade antes de poderem ser salvas, elas iriam perecer na tentativa.
Oh, pobre Coração, não batalhe contra nenhuma dificuldade!
Deixe-a em paz!
Se é uma grande Verdade para homens e você é ainda um bebê, não se engasgue com a carne para homens.
Se um grande mistério se intromete com você, então voe para Jesus Cristo para que ele o liberte disto – com esta oração em sua boca – “Senhor, ajude-me.
Eu estou em  dificuldade.
Ajude o meu entendimento. Eu estou desanimado – ajude o meu coração. Mas, especialmente, eu estou cheio de iniquidade – ajude o meu pobre e lamentável caso e faz por mim o que eu não posso fazer por conta própria. Salva a minha alma e me liberta.”
     
Agora, então, nós vimos o que ela não fez, e nisto ela é admirável.
Agora vejamos o que a mulher realmente fez.
Ela veio a Jesus. Leia as palavras, “Ela, porém, veio e o adorou.”
Primeiramente, ela veio a Jesus e não foi a ninguém mais.
Ela não foi a Pedro, ou Tiago, ou a João – ela veio a Jesus.
Ela não ficou parada e chorando, como ela fez antes, à distância, mas clamou a  Ele, ela veio a Jesus, o chamou, ela o agarrou.
Eu não duvido de que ela se jogou aos Seus pés, embora ela pudesse abraçá-Lo.
Ela foi a Jesus.
Agora, de tudo que está abaixo dos céus, pobre Alma, voe para o vivo, pessoal Cristo!
Não há ninguém vivo como Cristo, o Salvador dos pecadores, cujo deleite é lidar com as doenças e enfermidades dos homens.
Não parem, eu lhes rogo, em doutrinas, ou em preceitos, ou em pastores, ou em serviços – mas vão diretamente para Cristo – o vivo, pessoal Salvador, ungido do Senhor. Sua esperança está Nele!
     
“Que caminho devo tomar?” Você pergunta. Fosse uma questão de ida física, eu sei que se a estrada fosse longa e sombria, vocês começariam nela, hoje à noite, sem demora.
Mas é uma ida mental. Vocês devem ir a Jesus, não com os pés e as pernas, mas com a mente e o coração.
Lembre-se de que há tal Pessoa.
Considerem-No. Pensem Nele.
Acreditem Nele. Reverenciem-No, pois Ele é o Filho do Altíssimo.
Confie Nele, pois Ele é “poderoso para salvar” (Isaías 63.1).
Isso é ir até Ele.
Desde que Ele é um Salvador, deixe-o completar o Seu serviço em você.
Você precisa grandemente de salvação – dê a Ele a oportunidade de mostrar o que Ele pode fazer.
Diga com a sua alma, “Eu sou o chefe dos pecadores – perdido, arruinado e atado.
Eis que venho a Ele! Se eu perecer, vou perecer confiando Nele.”
Uma alma não pode morrer confiando no Senhor – antes o Céu e a Terra acabarão do que Jesus falhar em salvar a alma que confia Nele!
     
A mulher foi a Jesus imediatamente depois que Ele proferiu Suas palavras de desencorajamento.
Nós lemos no texto, “Ela, porém, veio”. “Ela, porém, veio e o adorou.”
Porém – quando Ele pareceu se afastar dela – porém?
Porque, Ele tinha acabado de falar para ela que Ele não fora enviado para ela.
“Ela, porém, veio.”
Ele tinha acabado de proferir a mais misteriosa e desencorajadora Verdade de Deus, mas, “Ela, porém, veio.”
Esse tipo de fé que vem a Cristo somente em dias de verão, entre os lírios do campo, não é de muito uso! Flores e borboletas e todas as coisas que vêm com a calmaria e o brilho logo se vão – nós precisamos de uma esperança que possa sobreviver à geada!
Esse é o tipo de fé que vem a Jesus no meio do inverno, quando o frio devora e o assopro feroz atinge os montes de neve.
Essa é a fé que salva a alma – a fé que se aventura ao Salvador apesar de qualquer condição meteorológica.
       
A fé salvadora aprende a acreditar em contradições, a rir de impossibilidades e dizer, “Isso não pode ser, mas mesmo assim, será.”
Nossa pobre amiga que foi golpeada pelas palavras do nosso Senhor foi secretamente acolhida pela visão de Sua Pessoa.
O que uma palavra pode ser comparada a uma pessoa – comparada com uma pessoa como a de Jesus, o Amigo dos Pecadores?
Ela crê Nele mais do que em Sua forma de falar!
Ele diz que não foi enviado, mas ali está Ele!
Ele diz que Ele não foi enviado senão às ovelhas perdidas da casa Israel – e ainda assim ali está Ele!
Ele veio aqui onde não há ninguém da casa de Israel!
Ela parece dizer a si mesma, “Se Ele foi enviado ou não, aqui está Ele.
Ele veio por entre os de Tiro e Sidom – e eu vim a Ele!
Portanto Ele não está escondido de mim pela sua missão.
Eu não entendo a Sua linguagem, mas eu entendo o olhar de Seu rosto.
Eu entendo as Suas maneiras. Eu entendo o encantamento de Sua Pessoa bendita.
Eu posso ver que a compaixão habita no Filho de Davi.
Eu tenho certeza de que Ele tem todo o poder dado a Ele para curar a minha filha – e aqui está Ele.
Eu não conheço Sua missão, mas eu conheço Ele e eu ainda vou pleitear com Ele.” Então ela foi a Jesus, e por que você não o faria?
     
Agora, Alma, essa é a noite mais escura de todas para você?
Venha para Jesus agora! Você tem certeza de que o seu caso é sem esperança?
Certeza de que a sua condenação está selada?
Você escreveu o seu próprio atestado de morte?
Você fez uma aliança com a morte e uma aliança com o Inferno?
Você tem certeza de que será condenado antes do amanhecer?
 Então venha para Jesus Cristo agora!
“Ela, porém, veio”.
Essa é a questão – vir para Cristo quando Ele tem uma espada desembainhada na Sua mão, como Bunyan diz – vir para Cristo quando Ele franze as sobrancelhas – vir para Cristo quando tudo diz, “volte”.
“Ela, porém, veio.”
Mulher brava! Pela Graça do Senhor eu irei fazer o mesmo.

Vejamos agora, como a mulher veio a nosso Senhor:
“Ela, porém, veio e o adorou.”
Meu coração se regozija grandemente!
Eu queria poder imaginar esta cena.
Ela não parou para resolver a questão difícil que Ele colocou para ela – ela olhou para Ele e foi até Ele e quando ela ficou perto Dele, ela fez a melhor coisa que podia – ela O adorou!
Ela inclinou sua face diante Dele! E quando ela olhou para cima, foi com um olhar de temor reverente e confiança infantil!
Bendito seja o Seu nome – se não podemos entendê-Lo, podemos adorá-Lo!
     
Agora, você tem pensado sobre si mesmo, e quanto mais você faz isso, mais você vai sentir desalento e desespero.
Nenhum conforto virá a você por essa estrada.
Se eu fosse você, eu desistiria dessa tarefa e começaria a pensar sobre Jesus, o Filho de Deus, o Salvador dos homens.
“Oh, mas eu sou um pecador!”
Sim, e Ele é um grande Salvador!
“Senhor, eu estou tão sujo de maldade!”
Mas Ele é capaz de nos tornar mais alvos do que a neve!
“Ai de mim, eu mereço grandemente esta maldição!”
Sim, mas Ele se feze “maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.” (Gálatas 3.13)
Pela morte o Senhor tirou essa maldição.
Veja Ele, na Cruz, tirando o pecado humano, e veja se você não consegue imitar o exemplo da mulher – “Ela, porém, veio e o adorou.”
Agora, tentem, pobres espíritos temerosos – tentem e adorem!
Esta é uma reverência que um coração humilde pode fazer em estilo aceitável.
     
Um coração convencido fará qualquer coisa antes de adorar.
O orgulho, o ego e a rebelião não podem adorar – mas corações humildes são felizes nesse ato!
Oh, que você possa se curvar comigo diante do Cordeiro de Deus!
O adore agora!
“Bendito Filho de Deus! Bendito Filho de Deus! Tu te tornaste Homem para os homens e morreste no lugar dos pecadores! Oh, o Teu amor! Teu maravilhoso amor! E Tu foste para a Glória agora. Tu te assentas à destra de Deus e ali eu Te adoro como o meu Senhor e meu Deus! Se eu não Te chamo de meu Salvador, ainda assim, Tu serás o meu Deus! Se eu não me regozijar em Ti, pelo menos irei Te adorar.”
Isso é uma fala santa!
Tem um perfume que o Senhor adora!
Dessa forma a fé virá até você. Dessa forma vida, paz e todo o resto virão até você.
Essa vacilante cananéia “veio e o adorou” – siga ela e compartilhe da sua bem-aventurança!
     
Então, notem a prece dela.
Alguém já observou que se você estivesse em um pedaço de gelo quebrado e não pudesse chegar à margem do rio, ou achasse que não poderia, um dos melhores caminhos seria ficar de quatro e tentar se arrastar o mais cautelosamente que você pudesse – e tentar sair do gelo e de alguma forma chegar à margem.
Essa mulher assim procedeu.
Ela pareceu cair nitidamente sobre aquela terrível Verdade de Deus a qual ela não podia entender!
Ela adora, venera e reverencia Aquele que falou isso – e assim ela espalha a sua fraqueza em todos os possíveis lugares de descanso – e vem seguramente para a praia.
“Senhor,” ela diz, “socorre-me. Oh, não me deixe para trás, mas socorre-me! Senhor, não me deixe, mas socorre-me! O que quer que o Senhor tenha a me dizer, diga, e eu irei adorá-Lo enquanto o Senhor o disser –

“Ainda que Tu me destruas, eu confiarei,
Louvar-te-ei até mesmo da poeira,”

Mas, Senhor, socorre-me!”
     
Meu querido ouvinte, faça isso, e faça agora! Nenhuma doutrina irá perturbá-lo mais – eu tenho certeza de que não irá.
Caso contrário, você vai inquirir por que você já se deixou perturbar.
Você já deixou a predestinação perturbá-lo nas suas questões diárias?
Amanhã você espera ganhar algum dinheiro em seu trabalho diário, mas pode ser que você não ganhe – talvez você perca. Por que você não diz a si mesmo, “Pode ser que a Providência de Deus decidiu que eu não ganhe nada amanhã; portanto, eu devo ficar em casa e não fazer nada”?
Ora, você não é tolo assim!
Você vai abrir as portas de sua loja, mostrar seus produtos e fazer o seu melhor – ou você vai sair para o seu serviço e buscar o seu salário de costume.
Deixe a Providência de Deus fazer o que ela tem de fazer, sua tarefa é fazer o que você pode!
Assim é com uma pobre alma sedenta – o trabalho dessa alma é deixar o Senhor fazer o que Ele quer, mas enquanto isso, clamar: “Senhor, socorre-me!”
Totalmente submisso, mas adorando de coração, deite-se aos pés de Jesus e creia que esse Salvador Divino irá salvar toda alma que se apoiar Nele.
Esse é o caminho da sabedoria; siga por ele! Deus te ajude a fazer isso, e fazer de uma vez.
     
Eu não acho que preciso dizer mais alguma coisa para confortar vocês, pois isso já deve ser suficiente, se o Senhor inclinar o seu coração a buscar a Sua face.
Lembre-se disso, que nunca houve uma alma que foi até Cristo e Ele a abandonou!
Lembre-se, novamente, que nunca poderá haver tal alma, pois Ele disse, “Aquele que vem até mim, de maneira nenhuma lançarei fora.”
Lembre-se, de novo, que toda alma que já veio até Cristo, foi porque o Pai a chamou – e que toda alma que chegou, descobriu, depois, que havia uma eleição de Graça que a englobava – e que Ele estava nela!
Até essa pobre mulher chegou a ser uma que Cristo foi enviado para abençoar!
Embora, como uma questão geral de fato, na Sua vida, Ele veio para a descendência de Israel, assim como os Profetas vieram para Israel, mesmo assim sempre apareceu uma exceção a respeito dos Profetas e, portanto, não há nenhum espanto que pudesse haver exceções no caso do seu Senhor.
     
Muitas viúvas estavam em Israel nos dias de Elias, mas para nenhuma delas foi enviado o Profeta, salvo uma mulher de Sarepta, que pertencia à cidade de onde essa mulher veio!
Muitos leprosos estavam em Israel nos dias de Eliseu, mas nenhum deles foi salvo, a não ser Naamã, o Sírio. Naamã não pertencia à raça favorecida, era um estrangeiro de muito longe – e ainda assim ele recebeu a benção da cura do Senhor Deus de Israel!
A eleição de Deus parecia excluir tudo menos os filhos de Israel – mas apenas parecia – sempre havia alguns estrangeiros na linha dos escolhidos.
E essa forma particular de eleição que consistiu no ministério pessoal do nosso Senhor, sendo apenas para os Judeus, não causou a exclusão dessa pobre mulher.
Para ela, Jesus Cristo havia manifestamente vindo à linha dos escolhidos, pois ali estava Ele! Ele estava fora de Sua própria fronteira! Mas Ele veio até ela!
     
Agora, neste momento, qualquer coisa que você pense sobre esta ou aquela doutrina, Jesus Cristo veio até você.
Eu tenho pregado a vocês a Sua Verdade e vocês a têm ouvido!
Sim, e vocês têm sentido algo de seu poder.
Entreguem-se a ele, eu peço a vocês.
Se vocês se entregarem a ele, e forem até Ele e confiarem Nele, então regozijem-se, pois as cordas do amor eletivo te atraíram e enlaçaram!
Você é Dele!
Você não poderia, nem iria chegar a Ele em oração e simples fé se assim não tivesse de ser!
Sua vinda a Ele prova que o Seu amor eterno chegou a você!
Vá para casa, oh, mulher de espírito triste, e não fique mais triste! Que o Senhor abençoe todos vocês, em nome de Jesus.
Amém.










13 - Aos que Predestinou, a Estes Também Chamou

Por John Piper

 “28 Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. 29 Porque aos que conheceu de antemão, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 30 E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou”.  Romanos 8:28-30

 Quando nós, filhos de Deus, somos libertos da compulsão de auto-exaltação, auto-justificação e auto-preservação, então vivemos pelo eterno bem de outras pessoas, nos tornamos a luz do mundo e o sal da terra, e as pessoas percebem em nós a existência de Deus e dão glórias a Ele (Mateus 5.14-16).
Assim, se o propósito de Deus para nós é cumprido no mundo – fazer conhecida a sua glória através de vidas de amor – então devemos encontrar uma arma para vencer o orgulho e a insegurança que alimentam nossa necessidade de exaltarmos, justificarmos e preservarmos a nós mesmos com posturas, poses, performances e prosperidade.
A arma que Deus pôs nas mãos de seu povo é a promessa de Romanos 8.28. “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.
A confiança em nosso coração de que o Deus Todo-Poderoso causa tudo o que me acontece para meu bem é a espada que corta pela raiz a auto-exaltação, a auto-justificação e a auto-preservação. Como o verso 31 diz: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”.
Se, pela graça completa de Sua soberana vontade, Deus tem estado ao seu lado e trabalha toda dor e prazer juntos para seu bem, então nenhum oponente pode realmente prevalecer contra você. Então, porque exaltar a si mesmo? Porque justificar a si mesmo?
Porque a dificuldade sobre preservar a si mesmo?
Se o Senhor do Universo prometeu trabalhar por você, por que estar ansioso sobre o que os outros pensam? Por que você está sempre em busca de conforto e segurança?
Seu Pai sabe de que você precisa e Ele trabalha todas as coisas para o seu bem. Deixe sua exaltação, justificação e preservação nas mãos supremas e viva em liberdade pelos outros.
Quando o povo escolhido de Deus realmente crê em Romanos 8.28 - da infância até o túmulo - eles são o povo mais forte, generoso e livre no mundo. Se Romanos 8.28 tem este poder na vida diária, então seu fundamento é completamente prático. Romanos 8.29-30 é este fundamento. Quanto melhor nós entendermos o texto e mais crermos nele, mais certeza teremos em Romanos 8.28. E isto nos fará um povo poderosíssimo e amabilíssimo para a glória de Deus!
Romanos 8.28 diz que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que “são chamados segundo seu propósito”. O que significa ser chamado? Significa que Deus dominou a rebeldia de nossos corações, nos direcionou a Cristo e criou amor e fé onde antes havia um coração de pedra. O chamado é eficaz. Cria o que ordena.
Não é como: “Aqui, Rex! Aqui!”. É como: “Lázaro, vem para fora!” ou: “Haja luz!”. O chamado acontece na pregação da Palavra de Deus, pelo poder do Espírito do Senhor e sobrepuja toda resistência produzindo a fé que justifica.
Uma evidência chave para esta verdade é a sentença no versículo 30: “aos que chamou a estes também justificou”. Somente as pessoas com fé são justificadas. Paulo diz que os chamados são justificados; então, o chamado deve de alguma forma, garantir a fé. Claro! O chamado é a criação da fé, portanto todos os que são chamados são certamente justificados.
Este chamado não é uma resposta a algo que tenhamos feito. O versículo 28 diz que nós somos chamados “segundo seu propósito”. O propósito e o plano de Deus são a base do nosso chamado, não nossos planos e propósitos.
Este propósito é descrito no verso 29. Note que o começo do versículo 30 é baseado em nossa predestinação: “aos que predestinou, a estes também chamou”; então o termo “chamados segundo o propósito de Deus”, no versículo 28, é virtualmente o mesmo que chamados com base na predestinação de Deus, no versículo 30. Sua predestinação e Seu propósito são o mesmo.
O significado disto é dado no versículo 29: “Porque aos que conheceu de antemão, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. O propósito pelo qual nós somos predestinados é participar da glória do supremo Filho de Deus. Este propósito ou predestinação é baseado finalmente em um ato de conhecimento: “Os que conheceu de antemão, a estes também predestinou...”
Isto não quer dizer que Deus baseia sua predestinação em nossa fé auto-determinada, que Ele conheceu no princípio dos tempos. Esta interpretação intenta preservar o auto-determinismo da vontade humana. Mas, a fé é produzida pelo chamado de Deus e não por um ato humano de auto-determinação.
Há muitos outros textos mostrando que, quando Deus conhece alguém, a este Ele concede seu favor, ou o possui, ou o escolhe. Então, o significado do versículo 29 é que “aqueles que Deus livremente escolhe ou aqueles que Deus livremente concede seu favor, a estes Ele também predestinou para serem como seu Filho, e aos que predestinou, Ele chamou”. Então o chamado de Deus é baseado no ato divino da predestinação, que por sua vez é baseado na eleição ou escolha que Deus fez sem algum ato ou mérito de nossa parte.
A conclusão é esta: se Deus escolheu você antes da fundação do mundo sem levar em conta algum mérito ou atitude em você e se o destinou para ser um glorioso espelho de Cristo e revelou este propósito, chamou você criando fé e amor por Cristo e, ainda, o qualificou para a promessa de Romanos 8:28.
Então, sua confiança nesta promessa não será bem maior do que se simplesmente ela descansasse em algo tão enganoso e incerto como sua vontade e sua decisão?
“Chamados segundo seu propósito” é a grande base da confiança de que Romanos 8.28 é realmente verdadeiro para nós.

Devemos nos confortar na verdade de que nosso chamado é baseado na predestinação de Deus. Versículo 30: “Aos que predestinou, a estes também chamou”. Nosso chamado, nossa conversão, nossa regeneração, o dom da fé, são baseados na eterna eleição e predestinação de Deus, não em nosso livre-arbítrio.
Devemos observar outros textos do Novo Testamento que dizem a mesma coisa, de forma que nós veremos que o grande fundamento de nossa confiança em Romanos 8.28 realmente está na Palavra de Deus.
Paulo relembra como Elias uma vez achou que era o único crente verdadeiro, assim como na época do Apóstolo, alguns achavam que Deus havia rejeitado Seu povo.
Romanos 11.4-8: “Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil varões que não dobraram os joelhos diante de Baal. Assim, pois, também no tempo presente ficou um remanescente segundo a eleição da graça. Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Pois quê? O que Israel busca, isso não o alcançou; mas os eleitos alcançaram; e os outros foram endurecidos, como está escrito: Deus lhes deu um espírito entorpecido, olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem, até o dia de hoje”.
Note-se que apenas Deus trabalhou para guardar para si um grupo de verdadeiros crentes na época de Elias, assim como ele fez na época de Paulo.
E Paulo os chama de um remanescente “segundo a eleição da graça”.
O fato é que há um grupo de pessoas que crêem, são nascidos novamente, convertidos e chamados segundo um ato da graciosa eleição.
Eleição é a base do remanescente fiel, não o contrário.
O texto não diz que Deus elegeu segundo quem creu, como o pensamento da eleição baseada na fé prevista propõe. Não. O versículo 5 diz: “Assim, pois, também no tempo presente ficou um remanescente segundo a eleição da graça”.
 A observação sobre a existência de um remanescente de verdadeiros crentes concorda com o propósito divino da eleição. “Aos que predestinou, a estes também chamou”.
2 Timóteo 1.8-9: “ Portanto não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa comigo dos sofrimentos do evangelho segundo o poder de Deus,  que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos”.
Novamente Paulo diz que o chamado não repousa em nossas obras. Ele é segundo o propósito de Deus. Versículo 9: “que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça”.
Nosso chamado repousa em Seu propósito e não nos nossos.
A graça deste propósito foi “dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos”.
Nosso chamado é baseado na eleição eterna de Deus. “Aos que predestinou, a estes também chamou”.
2 Tessalonicenses 2.13: “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do SENHOR, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade”.
O texto não diz que Deus os escolheu com base em sua fé prevista.
Diz o oposto: Deus os escolheu tendo em vista salvá-los pela obra de santificação do Espírito e pela fé da verdade.
A fé auto-determinista do homem não o leva à eleição de Deus.
Pelo contrário, a eleição o leva à fé. “Aos que predestinou, a estes também chamou”.
Efésios 2.4-6: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus”.
Você pode perguntar: “Onde você vê eleição e predestinação nesse texto?”.
A resposta é: vejo-as na palavra “amor”. Mas você pergunta: “Deus não ama a todos?”.
A resposta é que Ele não ama todas as pessoas do mesmo modo.
O amor mencionado aqui não é o amor universal, que leva Deus a dar vida, fôlego, sol e chuva.
Não! É mais precioso que isso.
Paulo diz que por ESTE muito amor, Deus nos vivificou quando ainda estávamos mortos.
Agora, se Deus amou a todos com este amor, todos seriam vivificados em Cristo e todos seriam salvos.
Quando Paulo glorificou o amor de Deus por ele em Jesus Cristo, ele não glorificou meramente a OFERTA de salvação a todos que vierem a Cristo. Ele glorificou a profunda e maravilhosa verdade com que Deus o levou a Cristo.
Antes, ele estava morto no pecado; agora ele vive.
A origem deste milagre é o amor de Deus.
E, desde que Deus não realiza este milagre em todos, isto é um amor eletivo.
Assim, a eleição é clara nesta passagem e é a base da nossa conversão, da nossa regeneração e da nossa fé.
“Aos que predestinou, a estes também chamou”.
1 Coríntios 1.26-31: “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados.
Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor ”.
Considere seu chamado. Isto é, olhe ao redor de você em Corinto e veja que tipos de pessoas se tornaram cristãos.
Considere quem tem sido chamado de forma eficaz pela fé.
O que você vê?
Não muitos sábios, ou poderosos, ou nobres.
Por que não?
Porque Deus é o único que escolhe quem será salvo em Corinto, e Deus intenta escolher de uma forma que eliminará o caminho da auto-exaltação.
Três vezes Paulo diz “Deus escolheu”.
Deus não permite a idéia da salvação pela determinação do homem porque, senão, nós determinaríamos a construção da igreja e teríamos algo para nos gloriarmos.
O versículo 30 diz literalmente “vós sois dele, em Jesus Cristo”.
Nós não colocamos a nós mesmos em Cristo Jesus.
Deus trabalhou em nós de forma que nós estivéssemos unidos a Cristo em fé.
Por quê?
Para que ninguém se glorie perante Deus.
Portanto, deixemos que aquele que se gloria, glorie-se no Senhor!
Deus fez as escolhas em Corinto.
E com base nestas escolhas, Ele chamou, isto é, uniu pessoas em Cristo.
“Aos que predestinou, a estes também chamou”.

Atos 13.47-48: Paulo está pregando na sinagoga em Antioquia da Pisídia. Quando o sermão termina, Lucas faz um comentário que nos mostra sua profunda harmonia teológica com os escritos Paulinos.
Paulo termina sua pregação com estas palavras: “Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, A fim de que sejas para salvação até os confins da terra. E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna ”.
Isto é idêntico ao que Paulo diz em Romanos 8.30. “Aos que predestinou, a estes também chamou” quer dizer o mesmo que “ e creram todos quantos estavam [pré]ordenados para a vida eterna”.
A doutrina da predestinação de Paulo não o deteve de seu trabalho missionário mundial.
Pelo contrário, estimulou-o saber que Deus tinha muitas pessoas entre as nações que seriam chamadas de forma eficaz pela pregação do evangelho (Atos 18.10).
Aos que Deus predestinou, Ele, com certeza absoluta, chamará.
 Nisto reside a esperança e a confiança do todo o investimento missionário.
João 8.46,47; 10.25-27: Jesus repetidamente apresenta a questão no evangelho de João do porquê de algumas pessoas crerem e outras não.
Ele nunca dá a popular resposta de que depende do poder humano de auto-determinação.
Jesus remete repetidamente a algo bem mais profundo.
“Quem dentre vós me convence de pecado?
E se vos digo a verdade, por que não credes?
Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus ”. (8.46-47)
O que leva uma pessoa a desejar e crer nas palavras de Deus repousa em algo bem mais profundo.
A pessoa é DE DEUS ou não é DE DEUS?
Isto é, a pessoa é escolhida de Deus?
Nascida de Deus?
 Filha de Deus?
Não importam quais sejam os “de Deus”, ela desejará ouvir.
Todos quantos estão ordenados para a vida eterna creram.
“Aos que predestinou, a estes também chamou”.
“As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim. Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem ”. (10.25b-27)
“Vós não credes porque não sois das minhas ovelhas ”.
 Note que não diz “vocês não são das minhas ovelhas porque não acreditam”.
Pertencer a Jesus não é baseado em minha fé.
Eu devo crer para evidenciar que sou das ovelhas de Jesus.
E se eu persistir na incredulidade, então mais evidentemente eu não sou das ovelhas de Jesus.
Deus me fez uma ovelha de acordo com a eleição da graça que me foi dada em Cristo Jesus há muito tempo.
E quando as ovelhas ouvem o evangelho, elas acreditam.
Aos que ele predestinou a serem ovelhas, Ele também chamou à fé de modo eficaz!
A conclusão que eu tiro então é que há uma gigantesca fundamentação no Novo Testamento para a verdade de Romanos 8.30, que o chamado de Deus é baseado em Sua predestinação, e que a predestinação não é baseada em nada em nós.
Não é em nossa dignidade como pessoas (assim todos se qualificariam) nem em nossa fé (que é um dom de Deus). Nossa eleição é incondicional.
Aos que ele conheceu de antemão, a estes também predestinou e aos que predestinou, a estes também chamou.

Implicações:
1. Nós somos confrontados com a escolha entre uma popular especulação filosófica de um lado e a persuasiva doutrina bíblica do outro.
A filosofia popular diz que nós devemos ter o poder de auto-determinação definitivo para que possamos responder por nossas escolhas.
A Bíblia, por outro lado, deixa claro, em uma centena de passagens, que não há poder de auto-determinação e a salvação nada tem a ver com a responsabilidade por nossas escolhas.
Você seguirá a filosofia humana ou a Bíblia?
A Bíblia já ganhou sua confiança o bastante para que você submeta seus conceitos aos julgamentos dela?
Ou continuará a submetê-la aos seus?
Uma das críticas que algumas vezes são feitas contra aqueles que abraçam as doutrinas da eleição incondicional e soberania da graça é que somos escravizados pela lógica e dirigidos por um racionalismo inexorável, que nos força a dizer coisas sobre Deus que não são ensinadas nas Escrituras.
Eu suspeito que seja verdade para algumas pessoas.
Mas, minha experiência me diz que o oposto também é o caso.
Recentemente, perguntei para um amigo como ele interpretava as palavras de Atos 13.48: “ creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna”.
Ele disse “oh, eu interpreto isso à luz de todos os outros textos bíblicos que ensinam que o homem tem o poder final de escolha”.
Então eu perguntei “Como assim?
Você poderia me dar um exemplo de um texto desses?”.
Ele disse “Bem, não, mas está implícito em todos os lugares”.
O que se tornou claro depois de uma pequena discussão foi que ele ASSUME, ele PRESSUPÕE que você não pode ter explicação sem a auto-determinação do homem, tanto que em todo lugar que vê explicação na Bíblia, ele vê o poder final da auto-determinação do homem.
Nós somos apresentados a uma escolha crucial: iremos deixar a Bíblia nos ensinar coisas que são estranhas ao nosso modo de pensar?
Ou iremos jogar nossas idéias pré-concebidas no texto e dizer “Assim não pode ser.
Isso não se encaixa com minhas suposições”.
2. As doutrinas da eleição incondicional, predestinação e chamado eficaz tendem a eliminar todo orgulho, soberba e auto-confiança.
Eu já discuti muitas vezes com outros teólogos que dizem: “você não precisa lançar fora a auto-determinação final para tirar o orgulho.
Tudo o que você precisa fazer é insistir na FÉ para salvação ao contrário de obras meritórias”.
Eles argumentam, a partir de Romanos 3.27, que a fé exclui o orgulho.
Então você não precisa dizer que a fé é um dom, a fim de eliminar o orgulho, a soberba e a auto-confiança.
Minha resposta tem duas partes.
Primeiro, eu não me sinto dirigido pela lógica para chamar a fé de dom com o objetivo de cortar meu orgulho; eu me sinto dirigido pela exegese.
O Novo Testamento ensina que nós estamos mortos em nossos pecados e devemos ser chamados de forma eficaz.
A fé ordenada também deve ser criada se alguém tem de ser salvo.
Eu não insisto nesta idéia por achar que é um bom meio de destruir o orgulho. A Bíblia ENSINA isto. E isto ajuda a sobrepujar o orgulho.
Em segundo lugar, eu acho que a razão pela qual uma genuína fé neotestamentária elimina nossa vaidade é que é uma confiança em Deus; não apenas pela provisão da salvação na cruz, mas também por aplicar a salvação em meu coração.
Em outras palavras, minha fé não diz apenas “Eu escolho crer em Cristo”.
Ela também diz “Eu escolho crer que Deus Pai me levou a Cristo e me deu o desejo de crer em Cristo” (João 6.44,65).
Ou, falando de outra maneira, a fé repousa em toda a verdade bíblica, não apenas em uma parte dela.
A fé elimina todo o orgulho, a soberba e a auto-confiança, precisamente a ponto de que é uma fé em que Deus fez por nós o que não poderíamos fazer por nós mesmos – o que inclui a vontade de crer.
A fé crê num Deus que fez tudo na salvação, não apenas uma parte da salvação.
E a salvação inclui nosso chamado eficaz que criou nossa fé.
E isto nos leva a descansar com mais convicção quando chegamos a conhecer que Deus é soberano e que tem tudo sob o governo de suas mãos, e que me amou antes mesmo que houvesse mundo.
Você estava se afogando e o Filho de Deus jogou um tubo de respiração ao seu lado.
Você nadou vigorosamente até ele, e pôde chegar à margem, então você deveria agradecê-lO.
Você não ganha crédito algum pelo tubo de respiração.
Mas, suponha que você tem sido um inimigo de longa data dEle, e você estava morto no fundo de um lago.
Ele o encontrou, o trouxe à superfície e se esforçou tanto para trazê-lo à vida, que terminou exausto ao seu lado e morreu.
Então, suponha que, quando você se ajoelhou sobre o corpo, com lágrimas de amor descendo por sua face, você ouve uma voz vinda do céu dizendo: “Este é meu Filho amado, em quem me comprazo. Levante-se, meu Filho!”.
Ele se levanta e aproxima-se, e o olha com a mais profunda afeição que você já viu.
Toma sua mão e lhe puxa firme e gentilmente para seu lado e diz: “Siga-me, e eu farei todas as coisas cooperarem para seu bem pelo resto de sua vida”.
Qual é a sua idéia de como você foi salvo?
Pode ser que muitos dos problemas de sua vida se devem ao fato de que você nunca entendeu como foi salvo – ou, talvez, você nunca foi salvo?
3. As doutrinas da soberania de Deus  nos foram dadas por Ele, para produzir humildade, submissão e paciência entre todos que as abraçam.
Efésios 4.1-2 diz “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor”.
Uma das razões pelas quais um chamado altíssimo produz uma caminhada submissa é que a decisão de Deus de nos chamar ao Seu Reino não se deve a absolutamente nada em nós mesmos.
Uma vez que está gravada em seu coração a certeza de que Deus o escolheu para a salvação antes que você cresse ou tivesse feito alguma coisa para isso, sua tendência a se orgulhar ante as outras pessoas será cortada pela raiz.
Até porque nada tínhamos em nós que fosse diferente dos demais. Tínhamos como eles uma natureza decaída no pecado que nos sujeitava à ira de Deus.
“Que tens tu que não tenhas recebido?”, Paulo pergunta.
“E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?” (1 Coríntios 4.7).
Uma criança que ganhou dois carrinhos de Natal pode rebaixar seu irmão que ganhou apenas um carrinho, se seus pais se baseassem nos merecimentos dos filhos ou nas decisões das próprias crianças.
Mas se as escolhas foram feitas sem levar em conta qualquer merecimento das crianças, se as escolhas deles foram feitas por sabedoria e bons propósitos que estão além da capacidade das crianças em entender, então humilhar o irmão é proibido.
O meio mais humilhante de ser tratado em todo o mundo é ser tratado com absoluta misericórdia.
4. Se a doutrina da soberania de Deus é verdadeira, então Ele realmente pode cumprir sua aliança de escrever Sua lei em nossos corações (Jeremias 31.33), nos fazer caminhar nos Seus estatutos (Ezequiel 36.27) e nos conformar à imagem de Seu Filho (Romanos 8.29).
Se Deus desse o poder final à nossa auto-determinação, Ele talvez não fosse capaz de cumprir Suas promessas de que um dia haveria pessoas que realmente Lhe obedeceriam.
Se todas as pessoas no mundo realmente tivessem o poder de determinação final e decidissem usá-lo para se rebelar contra Deus, Ele nada poderia fazer sobre isso.
O único meio que a promessa de Deus de um povo com novos corações de obediência pode ser garantida é dizer que Deus sobrepujará a auto-determinação pecaminosa das pessoas, dará a elas novos corações e as fará caminhar em Seus caminhos.
Assim, a doutrina do chamado eficaz de Deus, baseada em sua eleição incondicional é o grande fundamento da nossa confiança de que Ele cumprirá para nós as promessas da nova aliança, como está escrito:
 “E lhes darei um mesmo coração, e um só caminho, para que me temam todos os dias” (Jeremias 32.39).
5. Também a promessa missionária de que um dia haverá crentes de toda tribo, língua, povo e nação adorando a Deus no Reino não teria garantia se a salvação repousasse definitivamente nas mãos da auto-determinação dos seres humanos.
O fato de Deus ter o direito e o poder de chamar eficazmente quem Ele desejar, de todo grupo étnico da Terra, é o sólido fundamento de nossa confiança de que a Grande Comissão não será frustrada pela dureza do coração humano.
As doutrinas da graça são a dinamite de Deus nos lugares difíceis da evangelização mundial.
6. A soberania de Deus na salvação fortifica a verdadeira segurança do crente.
Se você crê que Deus o escolheu pessoalmente desde toda eternidade, que Ele o predestinou para partilhar a glória de seu Filho e que Ele então trabalhou miraculosamente para chamá-lo da morte para a vida, fazendo você crer em Cristo, então sua confiança de que Ele é por você e completará a obra de Sua salvação, que foi planejada eras atrás, é simplesmente tremenda.
Mas, se você apenas acredita que Deus definiu um caminho geral de salvação, sem quaisquer indivíduos particulares em vista e que, assim, você poderia ser parte desta salvação ou não, então sua segurança descansará num fundamento fraquíssimo.
Eu tenho como algo muito precioso saber através de Deus que minha vida eterna é baseada em Sua decisão pessoal eterna de me dar uma porção na glória de Seu Filho e que minha fé é parte de Seu esforço onipotente para cumprir este propósito para mim.
Que segurança maior pode existir?
7. O trabalho do pregador é indispensável e invencível.
Paulo diz em 2 Timóteo 2.10: “Portanto, tudo sofro por amor dos eleitos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna”.
Os escolhidos definitivamente OBTERÃO salvação: aos que conheceu de antemão, a estes também predestinou; aos que predestinou, a estes também chamou; aos que chamou, a estes também justificou e aos que justificou, a estes também glorificou. Ninguém pode enganar os eleitos (Mateus 24.24).
Portanto, a pregação é invencível.
Entretanto, Deus ordenou que a forma pela qual os eleitos serão preservados do erro e da incredulidade e também obterão salvação é através da pregação da palavra e por oração.
Assim, Paulo diz que ele tudo sofre por amor dos escolhidos, para que eles alcancem a salvação.
A pregação de Paulo é o meio escolhido por Deus para preservar a fé dos eleitos pela edificação da palavra.
A pregação aos eleitos é indispensável – esta é a forma ordenada por Deus para sustentá-los até o fim; e a pregação é invencível – a ovelha sempre ouve a voz do verdadeiro pastor e responde.
9. A não ser que você aceite a doutrina da eleição incondicional, da predestinação e do chamado eficaz, você nunca compreenderá plenamente o significado da graça e nunca dará a Deus a glória da qual Ele é digno.
Nós a chamamos de “graça soberana” porque graça não é meramente uma oferta de salvação; é também um poder que salva.
Paulo deixa isto muito claro em Efésios 2.5,6.
“Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (PELA GRAÇA SOIS SALVOS), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus”.
A razão de Paulo enfatizar este “Pela graça sois salvos” foi para nos ensinar que a graça é um poder que ressuscita os mortos e, portanto, é TOTALMENTE imerecida.
Nós nunca sentiremos a maravilha completa da graça até que desistamos da nossa idéia de que damos a palavra final em nossa salvação.
Nunca seremos sinceros em relação à soberania de Deus em nossas vidas e nunca daremos a Ele toda a glória por nossa salvação até que reconheçamos que somos tão inúteis que Ele teve que fazer tudo.
Lucas nos conta uma história sobre Herodes no livro de Atos.
Um dia, ele vestiu seus trajes reais, tomou seu lugar no trono e fez um discurso aos visitantes de Sidom e Tiro.
O povo, querendo agradar Herodes, começou a gritar “voz de Deus, não de homem”.
Lucas diz que imediatamente um anjo do Senhor o feriu, porque ele não deu glória a Deus; ele foi comido por vermes e morreu (Atos 12.23).
Diante disso, eu pergunto: se a ira de Deus se voltou contra um homem que não deu glórias a Ele por algo tão pequeno como o dom da oratória, quão maior é o perigo sobre as cabeças daqueles que se recusam a glorificar o Senhor pelo muito maior dom da fé?

(Sermão pregado por John Piper em 20 de outubro de 1985 - traduzido e adaptado).



















48) EMOÇÃO

ÍNDICE

1 - Inteligência Emocional Natural e Espiritual
2 - Isto é Enfermidade Minha como Disse o Salmista
3 - Deus e Nossas Emoções
4 - Muito Mais do que Emoção e Sentimento


1 - Inteligência Emocional Natural e Espiritual

Não pretendemos nos prender à exploração completa deste conceito, conforme muitos o fizeram, especialmente Salovey e Mayer, e Goleman, dos quais estamos destacando apenas a definição das habilidades apresentadas por este último como sendo as principais categorias do que se chama de Inteligência Emocional:

1.   Auto-Conhecimento Emocional - reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem;
2.   Controle Emocional - lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida;
3.   Auto-Motivação - dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal;
4.   Reconhecimento de emoções em outras pessoas - reconhecer emoções no outro e empatia de sentimentos; e
5.   Habilidade em relacionamentos inter-pessoais - interação com outros indivíduos utilizando competências sociais.

 Quando falta ou quando se é pequena a chamada Inteligência Emocional, assim considerada pelos termos destacados anteriormente, haverá prejuízos especialmente nas chamadas relações inter-pessoais, pela falta de um controle adequado sobre as emoções, e que se traduzirá geralmente em explosões de ira, irritações e alterações de humor, muitas vezes injustificadas.
Isto depõe contra a possibilidade de um viver harmônico em interações sociais, e especialmente na comunhão espiritual quando isto se refere à Inteligência Emocional Espiritual.
Como o fruto do Espírito Santo é paz, alegria, bondade, benignidade, longanimidade, amor e domínio próprio, ainda que a Inteligência Emocional Natural, por maior que seja, não responda a este fruto citado, que é eminentemente sobrenatural e celestial, ou seja, que nos vem do Alto, todavia, aqueles que não a possuem naturalmente ou de modo deficiente terão maiores dificuldades em serem ajustados ao padrão de comportamento que Deus espera forjar em todos os seus filhos amados, sem que isto caracterize, no entanto, uma impossibilidade, para o Deus ao qual são possíveis todas as coisas.
Assim, quando aqueles que se encontravam com maiores dificuldades para o seu aperfeiçoamento espiritual, chegam a alcançá-lo por lutarem para o buscarem em Deus, muito maior é a glória de Deus nestes casos, pela plena evidência do seu poder transformador de vidas.
Parece-nos portanto, que ele permitiu estas deficiências naturais, que entraram na criação por causa do pecado original, para que ele tivesse uma glória ainda maior, pela demonstração do seu poder de cura, amor e cuidado misericordioso demonstrados para todos aqueles que recorrem a ele para serem socorridos, por meio da fé em Jesus Cristo, por meio de quem nos são concedidas todas as coisas.
Antes de concluir esta parte, cabe ressaltar que os que são de temperamento calmo e brando, não estão também excluídos da necessidade do cuidado de Deus, porque podem ficar tímidos por conta de suas disposições naturais e não virem a investir e a fazer progresso com ousadia no reino de Deus, por um firme testemunho de fé, especialmente nas circunstâncias adversas.
E, além disso, são mais facilmente tentados a confundir a santificação que procede do Espírito Santo com o seu fruto de mansidão, longanimidade, etc, com o temperamento natural que eles possuem, e que como afirmamos anteriormente, não consiste no fruto de santificação que nos leva a servir e a adorar a Deus com um coração puro e uma boa consciência.
Enfim, ser calmo não significa que se esteja vivendo na fé e na direção do Espírito Santo.






2 - Isto é Enfermidade Minha como Disse o Salmista

Se em Jesus Cristo há perfeição de domínio próprio, de sobriedade, moderação, paz, mansidão, justiça, verdade,  santidade, gentileza, amor, entre tantas outras virtudes, em nada poderá ser glorificado e honrado com o meu descontrole emocional, ainda quando sinceramente me empenho em ministrar em seu nome.
Por conseguinte, não se deve pensar que nosso Senhor tenha algo a ver com nossa instabilidade emocional, que é resultante de nossa natureza decaída no pecado (carne, velho homem), da qual devemos nos despojar e nos revestir do novo homem.
Todavia, por mais que nos empenhemos no trabalho desta mortificação operada pelo Espírito Santo em nós, sempre carregaremos algo desta instabilidade, até que dela sejamos perfeitamente curados quando estivermos na perfeição da glória celestial.







3 - Deus e Nossas Emoções

Por Jonathan Edwards

As Escrituras, em toda parte, colocam a verdadeira religião principalmente em nossas emoções - no medo, esperança, amor, ódio, desejo, alegria, tristeza, gratidão, compaixão e zelo. Consideremo-las por um momento.

Medo - As Escrituras fazem do temor a Deus a parte mais importante da verdadeira religião. Uma designação muitas vezes dada aos crentes pelas Escrituras é "tementes a Deus", ou aqueles "que temem ao Senhor." É por isso que a verdadeira piedade é comumente chamada "o temor a Deus".

Esperança - Esperança em Deus e em Suas promessas é, de acordo com as Escrituras, uma parte importante da verdadeira religião. O apóstolo Paulo menciona esperança como uma das três grandes coisas que formam a verdadeira religião (I Cor 13:13). Esperança é o capacete do soldado cristão. "E tomando como capacete, a esperança da salvação" (I Tes 5:8). É âncora da alma: "da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme" (Heb 6:19). Às vezes o temor a Deus e a esperança são unidos como indicadores do caráter do verdadeiro crente: "Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia" (Sal. 33:18).

Amor -As Escrituras colocam a verdadeira religião exatamente na emoção do amor: amor por Deus, por Jesus Cristo, pelo povo de Deus, e pela humanidade. Os versículos que nos ensinam isto são inúmeros, e vou tratar do assunto no próximo capítulo. Deveríamos observar, entretanto, que as Escrituras falam da emoção contrária, o ódio - o ódio pelo pecado - como uma parte importante da verdadeira religião. "O temor do Senhor consiste em aborrecer o mal" (Prov 8:13). Conseqüentemente, as Escrituras chamam os crentes a provarem sua sinceridade do seguinte modo: "Vós, que amais ao Senhor, detestai o mal!" (Sl 97:10).

Desejo - As Escrituras mencionam muitas vezes o desejo santo, expresso em anseio, fome e sede de Deus e de santidade, como uma parte importante da verdadeira religião. "No teu nome e na tua memória está o desejo da nossa alma" (Is 26:8). "A minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, numa terra árida, exausta, sem água" (Sl 63:1). "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos" (Mt 5:6).

Alegria - As Escrituras falam da alegria como uma grande parte da verdadeira religião. "Alegrai-vos no Senhor, ó justos" (Sl 97:12). "Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos" (Fil 4:4). "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria," etc. (Gal 5:22).

Pesar - Pesar espiritual, contrição e coração quebrantado são uma grande parte da verdadeira religião, de acordo com as Escrituras. "Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados" (Mt 5:4). "Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito não o desprezarás, ó Deus" (Sl 51:17). "Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e vivificar o coração dos contritos". (Is 57:15).

Gratidão - Outra emoção espiritual sempre mencionada nas Escrituras é gratidão, especialmente como expressa no louvor a Deus. Aparece tantas vezes, principalmente nos Salmos, que não preciso mencionar textos particulares.

Misericórdia - As Escrituras freqüentemente falam da compaixão ou misericórdia como essencial na verdadeira religião. Jesus ensinou que a misericórdia é uma das exigências mais importantes da lei de Deus: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia" (Mt. 5:7). "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei, a justiça, a misericórdia e a fé" (Mt 23:23). Paulo enfatiza esta virtude tanto quanto Jesus o fez: "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia" (Col 3:12).

Zelo - As Escrituras dizem que o zelo espiritual é uma parte essencial da verdadeira religião. Cristo tinha a realização dessa qualidade em mente quando morreu por nós: "O qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade, e purificar para si mesmo um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras" (Tito 2:14).

Mencionei somente alguns textos, de um número enorme, que colocam a verdadeira religião exatamente em nossas emoções. Se alguém quiser contestar isto, deve jogar fora a Bíblia e encontrar outro padrão pelo qual julgue a natureza da verdadeira religião.








4 - Muito Mais do que Emoção e Sentimento

Se observarmos cuidadosamente o texto das Escrituras,  veremos que não há nelas narrativas que tenham o propósito de despertar em nós reações meramente sentimentais e emocionais.
O texto, mesmo quando se refere ao exercício da misericórdia, como por exemplo, na narrativa da Parábola do Bom Samaritano e na do Filho Pródigo, ainda que contenha elementos que podem despertar sentimentos e emoções, todavia não foi com este intento em vista que nosso Senhor as proferiu.
E qual a razão disto?
Simplesmente porque o foco central das Escrituras é ensinar sobre o arrependimento, a fé, a salvação, que são seguidos pela prática do amor em obras de justiça, e ainda que nisto sejam despertados sentimentos e emoções, todavia não é este o alvo supremo da mensagem bíblica.

Por conseguinte, quando nos esforçamos para ajudarmos as pessoas a se converterem a Cristo, fazendo aplicações e apelos sentimentais e emocionais, é bem provável que muitos sejam atraídos pela mensagem ou canções, sem que tenham uma real experiência de conversão, porque não é por este canal que a fé trafega, senão pela exposição da verdade do evangelho no poder do Espírito.   












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