sexta-feira, 23 de outubro de 2015

59) Expiação 60) Falso Ensino 61) Família

59) EXPIAÇÃO

ÍNDICE

1 - Um Remédio Simples
2 - A Expiação Anual
3 - A Suprema Importância do Sacrifício de Jesus
4 - A Expiação Possibilita a Ação do Espírito Santo
5 - Uma Expiação Diária
6 - A Perfeição da Expiação  
7 - A Necessidade da Expiação
8 - A Morte de Cristo


1 - Um Remédio Simples

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

"Pelas suas pisaduras fomos sarados." (Isaías 53.5)

Desde a queda no pecado, a cura tem sido a principal necessidade da humanidade. Não havia nenhum médico no Paraíso, mas no próprio Éden, cresciam ervas que devem ter servido como medicamentos para o corpo do homem. Antes que o pecado entrasse no mundo, e a doença que é a consequência disto, Deus criou as plantas de eficácia potente para aliviar a dor e para curar as doenças. Bendito seja o Seu nome, enquanto que, consciente da necessidade de cura do corpo, Ele não tinha esquecido a mais horrenda doença - a da alma - porque Ele preparou para nós uma planta de renome, que produz um bálsamo muito mais eficaz do que o de Gileade! Isto Ele tinha feito antes que a praga do pecado tivesse nos infectado. Cristo Jesus, o verdadeiro Remédio dos filhos dos homens, foi ordenado de antemão para curar as doenças do Seu povo.
Em toda parte, da presente hora, nos encontramos com uma ou outra forma de doença. Nenhum lugar, embora saudável, está livre de doenças. Assim como a doença moral está em torno de nós e nós somos gratos porque o remédio está em toda parte ao nosso alcance. O Médico Amado preparou um medicamento de cura que pode ser alcançado por todas as classes, que está disponível em todos os climas, a cada hora, em qualquer circunstância e é eficaz em todos os casos onde ele é recebido. A cura do Evangelho é tão simples que o nosso texto assim o descreve, "Pelas Suas pisaduras fomos sarados."
Estas palavras contêm a medula do Evangelho. São palavras para as pessoas simples e nelas não há nenhuma afetação de mistério.
Doenças não são curadas pela eloquência! Foi um dia mau em que a retórica penetrou na Igreja de Deus e os homens tentaram fazer do Evangelho um assunto para a oratória. O Evangelho não precisa de eloquência humana para recomendá-lo!
"Pelas Suas pisaduras fomos sarados." Estas são palavras tristes. Elas fazem parte de uma música triste que pode ser chamada de "o Requiem do Messias." Ouça suas notas solenes:

“53.4   Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.
53.5   Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
53.6   Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.
53.7   Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.
53.8   Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido.
53.9   Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.
53.10   Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos.
53.11   Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si.” (Isaías 53.5-11)

Você não sente que esta música tão ternamente tem tocado o seu coração à piedade e umedeceu os seus olhos com lágrimas? "Pelas Suas pisaduras fomos sarados."
Esta não é a salmoura de aflição, mas ainda é sal com tristeza. O sol não é eclipsado, mas ele brilha através de uma nuvem. Ninguém lê o sentido interior dessas palavras sem sentir dor na alma. Isto é provocado pelo fato de as palavras implicarem a existência de doença e falarem de grande sofrimento ligado ao remédio. "Pelas Suas pisaduras fomos sarados. Este "nós", abrange em si todos os santos e, portanto, é claro que todos os santos precisavam de cura. Aqueles que estão hoje diante do Trono de Deus, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, uma vez foram tão imundos como os leprosos que foram expulsos do acampamento de Israel!
Enoque, Noé, Abraão, Jacó, Davi, Elias, Ezequias, Daniel, todos eram doentes da enfermidade maldita do pecado. Todo os excelentes da terra entre nós, agora que foram salvos pela graça soberana eram herdeiros da ira, como os demais, formados em iniquidade e concebidos em pecado, como o restante da humanidade! Há uma confissão aqui, por implicação, de todos os que são lavados no sangue de Jesus, de que eles precisavam se lavar - de todos os que são curados pelas suas pisaduras - aqueles eram extremamente doentes com o pecado.
Esta confissão é verdadeira. Todo filho de Deus irá juntar-se a ela e aquele que conhece melhor a si mesmo o fará com maior ênfase. Estávamos tão doentes que nada poderia ter-nos curado, senão o precioso sangue restaurador de nosso querido Senhor e Salvador Jesus Cristo.
"Pelas Suas pisaduras fomos sarados." Nosso Senhor foi, por assim dizer, reduzido a uma massa de hematomas e foi feito um grande hematoma. Pelo sofrimento que essa condição indica somos salvos.
Nosso texto faz alusão, em parte, aos sofrimentos do Seu corpo, mas muito mais às agonias da Sua alma. O corpo de nosso Senhor e Salvador estava machucado na cruz. A flagelação sob a lei judaica sempre foi moderada pois havia uma pausa feita em um ponto que a misericórdia havia designado. Trinta e nove chibatadas eram tudo o que poderia ser dado. Mas o nosso Senhor não foi flagelado de acordo com a lei judaica - ele foi açoitado por Pilatos e os açoites dos romanos eram particularmente brutais. O Salvador sofreu uma flagelação que se destinava a ser um substituto para a morte - "Eu vou açoitá-lo e soltá-lo", disse Pilatos, mas ao invés de ser um substituto para a morte tornou-se um prelúdio para ela.
Mas isso não era nada comparado com o fato de que Ele foi ferido por Deus! Oh, que palavra é essa! Se Deus fosse colocar o dedo sobre qualquer um de nós esta manhã, apenas o dedo, seríamos atingidos com doença, paralisia, sim, e morte! Então, pense em Deus ferindo! Deus deve atacar o pecado onde quer que Ele o veja, é justo que ele assim o faça porque é uma parte essencial da natureza de Deus que Ele deve esmagar o pecado.
 Então, quando ele viu o nosso pecado colocado sobre o Seu Filho, o feriu com tal intensidade que o Seu Filho gritou: "Meu Deus, Meu Deus, por que me desamparaste?" Ele estava levando, naquele momento, todos os golpes de esmagamento dessa grande espada da vingança divina sobre a qual lemos nos profetas, "Desperta, ó espada, contra o meu pastor, e contra o varão que é o meu companheiro, diz o Senhor."
"Pelas Suas pisaduras fomos sarados." São também palavras alegres, porque eles falam de cura. "Nós somos curados." Compreendam estas palavras, oh amados, de que a cura lhes foi dada no dia em que Jesus Cristo morreu na cruz. No momento em que Cristo expirou, todos os seus eleitos poderiam ter dito, "Nós estamos curados!" Pois, a partir desse momento os seus pecados foram extirpados - uma completa expiação foi feita para todos os escolhidos! Cristo havia dado Sua vida por suas ovelhas!
"Pelas Suas pisaduras fomos sarados", ou melhor, "fomos sarados", pois as palavras estão no passado, no original hebraico. Meu pecados - eles deixaram de ser há séculos! Minhas dívidas, meu Salvador as pagou antes de eu ter nascido e pregou a conta liquidada na Sua cruz, e eu posso vê-la lá! A letra de ordenanças que era contrária a nós, Ele tirou e pregou-a na cruz.
Eu posso vê-la, enquanto eu leio a longa lista de meus pecados, mas eu vejo no fundo: "O sangue de Jesus Cristo, seu Filho nos purifica de todo pecado.” Estou absolvido diante de Deus e assim cada crente em Jesus! "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?"
Jesus perdoa todas as nossas iniquidades, Ele cura todas as nossas doenças. Amado, se você foi curado de qualquer pecado, no entanto a infecção tem se espalhando, voe para as feridas de Jesus! Esta é a única maneira de se livrar da paralisia do medo, da alavanca da luxúria, das bolhas doloridas do remorso, ou da lepra da iniquidade! Suas chagas são o único remédio para a transgressão.






2 - A Expiação Anual

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

“porque nesse dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; de todos os vossos pecados sereis purificados perante o Senhor.” (Levítico 16.30)

Antes de Adão ter transgredido, vivia em comunhão com Deus, mas depois que ele quebrou o pacto e entristeceu o Espírito de Deus, ele não poderia ter mais comunhão íntima com Deus. Sob a dispensação Mosaica, na qual Deus se agradou, pela sua graça, em habitar no meio de Seu povo e caminhar com eles no deserto, isto ainda estava sob reserva - lá foi um Lugar Santo onde o símbolo da presença de Deus estava escondido ao olhar mortal. Nenhum homem pode aproximar-se, exceto de uma só maneira, e apenas uma vez no ano. "O Espírito Santo, com isso, indicava que o caminho para o Santo dos Santos ainda não havia se manifestado, enquanto que o primeiro Tabernáculo estivesse ainda de pé". Nosso assunto hoje ilustra o caminho apontado de acesso a Deus. Este capítulo mostra que o caminho de acesso a Deus é através da Expiação e por nenhum outro método. Nós não podemos nos aproximar do Altíssimo exceto pelo sangue derramado em forma de sacrifício. Nosso Senhor Jesus disse: "Ninguém vem ao Pai, senão por mim." E isso é verdade em muitos sentidos e, neste, entre eles, que o nosso caminho para Deus é somente através do sacrifício de Seu Filho.
A razão para isto é que o pecado reside na porta. Irmãos e irmãs, um puro e santo Deus não pode suportar o pecado. Ele não pode ter comunhão com ele, ou com aqueles que são feitos impuros por ele, pois seria incompatível com Sua natureza fazê-lo. Por outro lado, homens pecadores não podem ter comunhão com Deus – sua má natureza não pode suportar o fogo da Sua santidade! Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor? Quem dentre nós poderá habitar com as labaredas eternas? O que é o fogo devorador e quais são as chamas eternas, senão a Justiça e a Santidade de Deus? O Apóstolo diz: "O nosso Deus é um fogo consumidor." A alma culpada pereceria se fosse possível para ela se aproximar de Deus, sem o Mediador e Sua Expiação. O fogo da natureza de Deus deve consumir o restolho da nossa natureza, desde que há pecado em nós ou sobre nós.
Daí a dificuldade de acesso, uma dificuldade que apenas um método divino pode remover. Deus não pode comungar com pecadores, porque Ele é santo. Pecadores não podem comungar com um Deus santo, porque Ele deve destruí-los, assim como Ele destruiu Nadabe e Abiú quando se intrometeram em seu Lugar Santo. Esse terrível julgamento é mencionado nos primeiros versículos do capítulo diante de nós como a razão pela qual os preceitos aqui contidos foram determinados.
Como, então, os homens virão a Deus? Somente no próprio caminho de Deus! Ele próprio desenvolveu o caminho e Ele nos ensinou por uma parábola neste capítulo. Seria muito errado preferir qualquer uma passagem da Escritura além de uma outra, porque toda a Escritura é dada por inspiração. Mas, se podemos fazê-lo, devemos definir este capítulo em um lugar muito eminente e proeminente para a sua plenitude de instrução - e seu claro e profundo ensinamento doutrinário. Ele trata sobre um assunto que é da mais alta importância para todos nós. Somos aqui ensinados quanto ao caminho pelo qual o pecado que bloqueia a porta pode ser retirado, para que a alma que busca possa ser introduzida na presença de Deus e permanecer no seu Lugar Santo - e ainda viver! Aqui vamos aprender como podemos dizer, com o Profeta surpreso: "Eu vi Deus e a minha vida foi preservada!" Oh que pudéssemos, hoje, aprender a lição para que possamos entrar na plena comunhão com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo, nesse caminho de salvação, que é o único caminho, que Deus designou para nós! Oh que pelo poder e orientação do Espírito Santo, possamos conhecer e usar "o caminho novo e vivo!"
Antes de prosseguir para desenvolver este capítulo, quero perceber que, de fato, este era apenas um tipo. Este grande Dia da Expiação não viu uma expiação real sendo feita, nem o pecado realmente removido, mas era uma figura das coisas celestiais – era a sombra dos bens vindouros. A substância é de Cristo. Se esse Dia da Expiação tivesse sido real e satisfatório, como para tocar Deus e a consciência dos homens, nunca deveria ter havido outro – porque tendo os adoradores uma vez sido purificados, já não teriam mais consciência de pecado! Se eles tivessem vivido cinquenta ou cem anos, eles nunca precisaram de mais um Dia da Expiação, mas porque este era, em sua natureza, imperfeito e uma sombra, sendo apenas um tipo, portanto, a cada ano, no sétimo mês, no dia 10 do mês, um jejum era proclamado, o pecado era confessado, as vítimas eram mortas e expiação era novamente apresentada.
Deveras, uma lembrança do pecado era feita todos os anos, uma lembrança dolorosa para eles, embora adoçado por uma nova exposição do plano pelo qual o pecado é purificado. O Senhor disse: "Este será um estatuto perpétuo para vós." Durou enquanto a economia mosaica vigorou, mas o seu espírito e a substância mudaram para sempre. Eles tinham esse dia para lembrar que o seu pecado não foi removido de uma vez por todas e para sempre por todos os seus tipos e cerimônias e, portanto, eles mesmos tinham que se humilhar novamente e chegar diante de Deus com sacrifícios, que nunca poderiam verdadeiramente aniquilar o pecado!
Israel tinha que fazer isso constantemente, até que Jesus, o verdadeiro Sumo Sacerdote apareceu, e agora eles não têm sacerdote para sacrificar, nem altar, nem Santo dos Santos. Pela oferta de Si mesmo - de Jesus Cristo - o pecado foi posto de lado, de uma vez por todas, eficazmente e, assim os crentes são realmente limpos diante de Deus.
Agora, então, vamos voltar ao texto e note, em primeiro lugar, o que foi feito naquele dia em particular. O texto nos diz o que foi feito simbolicamente "Naquele dia o sacerdote fará expiação por vós, para purifica-los, para que possam ser purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor."
O povo, eles próprios, foram feitos para ser um povo limpo e eu insistirei muito sobre isso, porque a menos que você, você mesmo, seja purgado, tudo o que você fizer está contaminado aos olhos de Deus.
É necessário, em primeiro lugar, ser livrado da impureza e é precisamente o mesmo no seu caso e no meu! Eu tenho necessidade de clamar, "Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo! Lava-me e ficarei mais alvo do que a neve." Sua própria pessoa, por natureza, está contaminada e desagrada a justiça de Deus. No corpo, alma e espírito você é, por natureza, completamente como o imundo e todas as suas justiças como trapo de imundícia - você mesmo, necessita ser lavado e renovado. É uma coisa muito mais simples remover manchas externas do que limpar a própria substância e natureza do homem, mas isto é o que era feito, normalmente, no Dia da Expiação, e é isso que nosso Senhor redentor realmente faz para nós! Nós somos leprosos e pelas suas pisaduras fomos sarados assim como para sermos recebidos entre os limpos! Por natureza somos apenas aptos para sermos lançados naquele fogo que queima a corrupção e as coisas ofensivas, mas Seu Sacrifício nos torna tão preciosos aos olhos do Senhor, que todas as forças do Céu se levantam como sentinelas sobre nós! Uma vez negro como a noite, estamos tão purificados que havemos de andar com Ele de branco, pois somos dignos.
Diz-se que, "Arão porá ambas as mãos sobre a cabeça do bode vivo e sobre ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel." Todo pecado que foi confessado sobre o bode expiatório foi levado para uma terra não habitada. O pecado que é confessado é evidentemente verdadeiro pecado e não um mero sonho de uma consciência mórbida.
O Pecado confessado com lágrimas. Pecado que faz com que o coração sangre - matando o pecado, condenando o pecado, este é o tipo de pecado para o qual Jesus morreu!
A passagem é muito especial por mencionar "todos os pecados." "O bode levará sobre si todas as iniquidades." Isto inclui todas as formas de pecado de pensamento, de palavra, de ação, de orgulho, de mentira, de luxúria, de malícia, de blasfêmia. E isso não exclui pecados de inadvertência, ou descuido, ou de omissão. Não há o mesmo grau de virulência em todos os pecados, mas se ou não, a Expiação é para todas as transgressões. O Senhor Jesus Cristo não derramou o sangue do Seu coração para remover um conjunto de manchas e deixar o resto - Ele tira da alma que põe sua confiança nEle cada ponto e traço de pecado. "Lava-me", disse Davi, "e ficarei mais alvo do que a neve." Ele olhou para o extremo de limpeza e como o Salvador traz para a alma pela qual Ele fez uma expiação eficaz.
Eu desejo ser tão simples e abrangente que o principal dos pecadores possa reunir esperança com minhas palavras. Eu falo em linguagem muito simples, mas o tema é cheio de sublimidade, especialmente para você que sente sua necessidade. A Expiação remove todo o pecado. Devo dar-lhe a expressão exata. Ele diz: "todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados."
Confundiria todos os teólogos do mundo dizer que o pecado estava ausente na primeira ofensa de Adão. Eu poderia ter qualquer ponto que você escolha e mostrar que Adão pecou nessa direção. Todo pecado foi incluído nesse primeiro pecado. O pecado é um mal multitudinário, um agregado de todos os tipos de sujidade, uma cadeia com milhares de ligações mortais! Um pecador é como um homem possuído por um demônio que clama: "Meu nome é Legião, porque somos muitos!"
A Expiação é mais do que igual ao pecado - ela tira todas as nossas transgressões em todos os nossos pecados. É a purgação máxima que poderia ser imaginada. O Senhor Jesus não deixou sobre aqueles por quem Ele fez expiação uma única mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, tanto quanto a justificação deles está em causa. Ele não deixou uma só iniquidade pela qual eles podem ser condenados diante do julgamento. "Você está todo limpo", é o seu veredicto certo e ninguém pode contradizê-lo.







3 - A Suprema Importância do Sacrifício de Jesus

Ninguém se iluda pensando que é possível obter a salvação da alma através de conhecimento filosófico, teológico ou por qualquer outro meio que seja diferente de se estar pela fé debaixo da cobertura do sacrifício de Jesus.
Tão crucial, importante e necessário é este sacrifício de Cristo em nosso lugar, que foram exigidos por Deus, por vários séculos, antes que Ele se manifestasse ao mundo, em forma de figura, sacrifícios cruentos de animais que tinham que ser limpos segundo a lei cerimonial, e designados entre apenas um pequeníssimo número de espécies (cordeiros, novilhos e pombas), que ilustrassem a mansidão e pureza absolutas dAquele que viria no futuro para morrer na cruz no nosso lugar.
Assim, os mandamentos contidos no livro de Levítico foram também dados por Deus a Moisés quando os israelitas se encontravam acampados no monte Sinai, depois de terem sido libertados da escravidão no Egito  (Lev 27.34).
A norma dos reformadores de se estudar a lei sempre com um olho no Calvário, é muito importante em ser seguida porque, assim não se esquecerá da graça enquanto se medita especialmente nas penalidades da Lei de Moisés, que, por exemplo,  por terem sido revogadas pela entrada em vigor da Nova Aliança, nem mesmo para a nação de Israel tais penalidades continuam sendo de caráter obrigatório.
Pois desde que Jesus veio e inaugurou a Nova Aliança, Ele continua realizando, através da igreja, o Seu ministério de Salvador do mundo, e não de Juiz do mundo, pois como Ele mesmo definiu a Sua missão, disse que não veio julgar o mundo, mas salvar (Jo 12.47); isto se aplica ao período da dispensação da graça, e Ele somente julgará então o mundo quando vier como Juiz em Sua segunda vinda, porque o Pai constituiu o Filho Juiz de todas as coisas, como se lê em Jo 5.26-29.
Entretanto, a importância do princípio ensinado pela lei, que a fidelidade é aprovada por Deus, e o adultério sempre será uma abominação aos Seus olhos, não deve ser negligenciada.
De modo que ao termos os nossos olhos no Calvário, não venhamos a esquecer que a graça que temos alcançado através da morte de Jesus Cristo, não significa que estamos autorizados a viver de modo diferente daquilo que é exigido pela lei moral de Deus.
A Lei e a Graça não são realidades complementares, de modo que a Graça seja a soma da Lei mais alguma outra realidade espiritual.
No entanto não são realidades antagônicas, e a diferença básica entre ambas não reside na Sua procedência, pois ambas têm sua origem em Deus, mas esta diferença está basicamente em sua natureza, em sua função, pois se a lei é uma norma, a graça é um poder.
Assim, Jesus ao interferir com a graça, perdoando aquilo que a Lei não perdoa, antes condena, até mesmo sentenciando à morte, não está descumprindo a lei moral e nem mesmo incentivando o seu descumprimento, mas introduzindo outro  princípio relativo à aplicação das penas da lei, também inerente à própria natureza de Deus, princípio este que não ofende a Sua justiça e nem desconsidera a Sua santidade, pois pela própria Lei tem afirmado que usará de misericórdia com quem Lhe aprouver.
Por isso há prescrições, mesmo na Antiga Aliança, que são mandamentos relativos à ministração do perdão aos transgressores da Lei, por meio da apresentação de sacrifícios.
Isto é muito importante de ser observado no livro de Levítico, pois antes de serem apresentados os vários mandamentos morais com suas penas respectivas, são listados primeiro, desde o início do livro, as normas relativas à apresentação das ofertas que tinham em vista, principalmente, o perdão de pecados.
Não podemos esquecer que Deus inspirou a escrita da Bíblia para ser o manual da nossa redenção, e não da nossa condenação.
Então nós temos o sacrifício como o ponto central na própria Lei, pois a remissão de pecados é mediante o sacrifício de Jesus, do qual os demais eram apenas figura. Todavia, mesmo aqueles sacrifícios de animais revelavam a graça e a misericórdia perdoadora de Deus em plena dispensação da Lei, uma vez satisfeita a exigência da Sua justiça de que uma vítima inocente deveria morrer no lugar do pecador para que este possa ser perdoado.
Mas, como seriam apresentados inúmeros sacrifícios ao longo da história de Israel, durante o período de vigência da Antiga Aliança, Deus prescreveu a forma de apresentação destes sacrifícios, para que não fossem feitos de acordo com a imaginação dos homens, de modo a não desfigurar o Seu propósito na apresentação daquelas ofertas, nas quais havia um princípio didático relativo a realidades espirituais, não apenas para o ensino deles, como também da própria igreja na dispensação da graça.  
Uma consciência completamente convencida da sua culpa estaria disposta a vir diante de Deus com milhares de carneiros (Miq 5.6,7), e os ricos poderiam pensar que em ofertarem muito mais do que os pobres, estariam com isto obtendo maior favor da Sua parte.
Além do aspecto relativo à quantidade, haveria também a tentação em se pensar que não era exigido um espírito correto na apresentação das ofertas, isto é, sem arrependimento, quebrantamento e tristeza nas ofertas pelo pecado, e sem gratidão e alegria nas ofertas pacíficas e de consagração.
Eles poderiam fingir estar honrando a Deus, agindo somente para serem vistos em prol da própria honra e glória, e assim usarem e abusarem do sistema de ofertas, que sendo dado para tratar o pecado, seria corrompido pelos seus pecados.
Entretanto, antes de prosseguirmos, cabe destacar que apesar de tudo, quando se fala em termos de Lei como sendo a Antiga Aliança propriamente dita, e de Graça como sendo a Nova Aliança, aí então a diferença é marcante, porque aos aliançados do antigo pacto foi ordenado por Deus que não ultrapassassem sequer os limites demarcados ao redor do sopé do Sinai, com a intenção de subirem o monte e se aproximarem do seu cume, onde se manifestaria a Sua presença e glória, e mesmo no tabernáculo só podiam entrar os sacerdotes, e mesmo assim no Lugar Santo; e no Santo dos Santos, somente o sumo sacerdote, uma única vez por ano.
Já na Nova Aliança todos os aliançados são chamados a se aproximarem do Senhor, vindo à Sua presença no Santo dos Santos celestial.
Uma pessoa de fé no Velho Testamento tinha acesso à presença do Senhor no Santo dos Santos celestial, em espírito, não em razão de alguma ordenança contida na Antiga Aliança relativa a isto, mas em razão dos benefícios da Nova Aliança no sangue de Jesus, que também os alcançou no passado.    
O primeiro capítulo de Levítico descreve a lei do holocausto, isto é, dos sacrifícios cruentos que eram queimados sobre o altar; o segundo capítulo as ofertas de manjares; o terceiro os sacrifícios pacíficos; o quarto descreve o sacrifício pelos pecados por ignorância; o quinto o sacrifício pelos pecados ocultos; e o sexto e sétimo capítulos descrevem também prescrições para os diversos tipos de ofertas.
Estes capítulos não esgotam tudo o que há na lei de Moisés para regular a apresentação das ofertas, mas temos nestes sete capítulos iniciais de Levítico, as linhas gerais relativas às ofertas a serem oferecidas no tabernáculo, e no primeiro capítulo se descreve particularmente que os holocaustos deveriam ser de gado (novilho - 1.2), ou gado miúdo (carneiro ou cabrito – 1.10) ou aves (rolas ou pombos – 1.14). Os animais de gado deveriam ser machos sem  defeitos (1.3;10).
Em outras porções da Palavra será descrito que estas ofertas deveriam corresponder proporcionalmente às posses dos ofertantes, de forma que um rico não oferecesse rolas ou pombos, e alguém muito pobre um novilho.
Todos os tipos de sacrifícios deveriam ser apresentados à porta do tabernáculo, para que os ofertantes fossem aceitos por Deus (1.3) e deveriam ser imolados perante o Senhor (1.5, 11), e queimados, depois de serem partidos, no altar do holocausto, como oferta queimada de aroma agradável ao Senhor (1.9, 13, 17).
Note que a referência que se repete é que aqueles sacrifícios são apresentados diante de Deus e para Ele.
Por isso o altar do holocausto ficava à frente da porta do tabernáculo, de modo que todas as ofertas fossem apresentadas diante de Deus, cuja presença estava representada na arca da aliança, que se encontrava no interior do tabernáculo.
Os sacrifícios, o sangue dos sacrifícios, o aroma da queima da sua carne, não eram para serem vistos e sentidos pelos homens, mas por Deus.
O sacerdote era um mediador entre o ofertante e o Senhor, mas tanto a oferta quanto o ofertante estavam se apresentando não diante do homem, mas de Deus. Assim, o sacrifício de Jesus foi para satisfazer à justiça e à santidade do Pai, e não para ser visto pelos homens.
Ele se deu em oferta a Deus como propiciação pelos nossos pecados, mas o Seu sacrifício não foi propriamente para satisfazer o desejo dos pecadores, senão para o benefício deles.
Isto está ensinado claramente em figura no sistema sacrificial do Antigo Testamento.
É dito diretamente que o holocausto deveria ser apresentado perante o Senhor; e o ofertante deveria colocar a sua mão sobre a cabeça do sacrifício; para que fosse aceito em seu benefício, para a sua expiação.
Veja que seria a aceitação do sacrifício que beneficiaria o ofertante, de modo a expiar a sua culpa.
Se o sacrifício de Jesus não tivesse sido aceito pelo Pai, ninguém poderia ter a culpa de seus pecados expiada.
Este ato de expiação significa aos olhos de Deus o pagamento pela culpa de nossos pecados, conforme exigido pela lei, de modo que  pudéssemos ser absolvidos desta culpa.
Então, pelo ato de remissão, isto é, deste pagamento, de cumprimento da pena exigida pela lei, o que acontece com a condenação que era prescrita por esta mesma pena da Lei no Antigo Testamento?
Ela é simplesmente removida em Cristo, para aqueles que têm os seus pecados expiados, por estarem unidos a Ele, na semelhança de Sua morte e ressurreição.
Por isso se ordenava que o ofertante impusesse a mão sobre a cabeça do sacrifício, indicando-se assim esta identificação na sua morte, como sendo a sua própria morte, pois era com a mão sobre a sua cabeça que a vítima inocente era imolada.
A nossa aceitação por Deus dependeu então da aceitação do sacrifício de Jesus, como sendo a nossa própria morte para a condenação da Lei, e para o pecado.
A nossa redenção e justificação são feitas por meio do sangue que Ele derramou, e é por sermos redimidos e justificados, que somos aceitos, porque não temos um Salvador que simplesmente apaga a culpa dos nossos pecados, como também remove os nossos pecados, apresentando-nos lavados de nossas iniquidades diante de Deus.
É para sermos santificados que Ele se santificou a Si mesmo, separando-se como oferta, para morrer em nosso lugar.
O propósito eterno de Deus, que está revelado desde o livro de Gênesis, onde é citado que Adão foi criado perfeito e sem pecado, é cumprido, portanto, por meio do sacrifício de Jesus em nosso favor, de modo que aquela santidade original possa ser resgatada e aplicada às vidas dos que têm sido remidos pelo Seu sangue.  
A exigência de que a oferta fosse sem defeito é uma clara alusão a Jesus, pois somente Ele é perfeitamente santo e sem defeito. Assim, os sacrifícios cruentos apontam como figura para Ele.
Se o sacrifício fazia expiação a favor do ofertante (Lev 1.4), então teria que ser obrigatoriamente uma figura de Cristo, porque em nenhum animal ou mesmo pessoa, poderia ser possível se fazer expiação pelo pecado, ainda mais pelo que se depreende das condições que Deus determinou para que o animal fosse imolado, isto é, com a imposição das mãos sobre a cabeça do holocausto, imolando-o em seguida perante o Senhor.
Esta imposição de mãos, como já dissemos antes, tinha a ver com a identificação com a morte da vítima, reconhecendo como sendo a sua própria morte, e a confissão de pecados sobre ela, de modo que estaria transferindo-lhe a culpa do seu pecado.
Ora, sabemos que não seria justo fazer-se uma expiação de culpa trocando um animal por um homem.
Então, o que temos aqui é uma figura.
E, também não seria justo trocar um pecador por outro pecador, porque aquele que tem a sua própria culpa, não poderia morrer pela culpa de um outro, pois já teria sobre si a sentença de morte.
Então não há qualquer sombra de dúvida que a figura aponta para Cristo, e somente para Ele, porque nenhum outro poderia se encaixar na descrição que é feita na Palavra de Deus (Hebreus 8.1-8).
Por isso se diz que o aroma da queima da carne do holocausto seria agradável a Deus, porque agradou ao Pai que o Filho fosse consumido inteiramente no seu altar de sofrimento, em favor dos nossos pecados.
O aroma era agradável a Deus não pelo cheiro da carne, porque aqui temos uma antropopatia, pois Deus não se alimenta de carne, mas o fato de a carne estar queimando no altar significava que o pecado do ofertante seria perdoado por causa daquele grande sacrifício que seria feito no futuro, e do qual aquele que estava apresentando era figura.
Pois com o corpo do sacrifício queimado também se queimava em figura, o pecado.
Dava-se também o testemunho de uma alma se reconciliando com Deus, convertendo-se a Ele, dizendo não ao pecado, entrando em inimizade com o diabo e em amizade com Deus, buscando a santidade que havia sido perdida no Éden, e dando assim cumprimento ao propósito do Senhor na criação do homem.
Se tudo isto seria possível por causa de o pecador ter entendido que deveria confiar no sacrifício para ser aceito por Deus, conforme Ele determinou, então não seria de se esperar menos de que Ele ficasse de fato agradado com o aroma da oferta que queimava sobre o altar, indicando a eficácia de expiação do pecado através da relação entre a oferta, o ofertante e a aceitação de Deus de ambos.
Como já dissemos antes, o sacrifício de Jesus agradou inteiramente ao Pai, pois satisfez plenamente à Sua justiça, e é em decorrência disto que somos aceitos por Deus como seus filhos amados.
Outro fato que aponta para a verdade de que o sacrifício tipificava a Cristo e somente Ele, reside em que os novilhos, cordeiros, cabritos, rolas e pombos, representam animais inofensivos, inocentes e mansos, e portanto apontavam para as virtudes que estão em Cristo.
Não se fala na lei de ser aceitável sacrifício de animais considerados imundos pela lei, peçonhentos, selvagens e com características que não apontassem para a benignidade e mansidão de nosso Senhor.  
Assim, como vimos antes, é o sacrifício de Cristo que nos habilita a sermos agradáveis a Deus, de modo que uma vez sendo justificados do pecado, e sendo regenerados pelo Espírito, possamos ser reconciliados com Ele, para receber graça para amar a Deus de todo o coração, de todo o entendimento e de toda a força, e para amar o próximo como a nós mesmos, pois isto excede a todos os holocaustos e sacrifícios que poderíamos apresentar para Deus (Mc 12.33), tanto que Jesus apresentou-se a si mesmo como sumo sacerdote ao Pai por nós, e também como sacrifício, uma única vez e para sempre, não deixando para nós senão o único dever de amar, assim como Ele nos amou.






4 - A Expiação Possibilita a Ação do Espírito Santo

O Espírito Santo nos purifica e limpa fortalecendo as nossas almas pela Sua graça, para não somente nos limpar dos nossos pecados atuais (transgressões diárias), como também para nos capacitar e inspirar à execução dos nossos hábitos de santidade.
Devemos sempre lembrar que é pelos pecados atuais que a nossa poluição natural se torna habitual e aumentada.
E será sempre pelo sangue de Cristo que esta poluição do pecado poderá ser destruída, pelo trabalho de purificação efetuado pelo Espírito Santo.
Sem a expiação feita por Cristo não poderia haver qualquer trabalho transformador do Espírito Santo em nós.
Não é propriamente o sangue de Cristo que o Espírito Santo aplica, mas ele opera em nós e somente pode operar em nós nos purificando, porque este sangue foi derramado em nosso favor, pois caso contrário, em vez de um trabalho de purificação a única coisa que poderíamos esperar seria a nossa condenação eterna no inferno.
É o sangue que faz expiação em virtude da vida (Levítico 17.11) e sem derramamento de sangue não há remissão de pecados (Hebreus 9.22) – estes textos se referem ao sangue de Jesus – o primeiro de Levítico refere-se profeticamente ao sangue que seria derramado e que faria expiação, e o segundo  é a afirmação da obra já realizada por Jesus na cruz.
Não se pode então fazer um estudo ou pregação sobre santificação que não leve em consideração esta obra expiatória do sangue de Cristo, pelo convencimento e gratidão do trabalho meritório que ele realizou por nós e sem o qual não poderíamos ser restaurados à imagem e semelhança com Deus de modo algum.
E é o Espírito Santo de Deus que conduz os cristãos em toda a verdade, e lhes capacita a orar de acordo com a mente e a vontade de Deus, e que lhes guia na experiência da fé, orando por aquelas coisas profundas e misteriosas que eles não podem compreender sem a referida revelação do Espírito Santo.
Somente Ele pode fazer este trabalho porque somente Ele conhece a condição real do coração, e que não raro é desconhecida ao próprio cristão. Mas Aquele que examina o coração e tudo conhece pode executar, pelo Seu poder, perfeitamente, o trabalho da nossa purificação.






5 - Uma Expiação Diária

Pela conversação de uma pessoa nós podemos avaliar o quanto ela tem estado com Deus ou não, no trabalho de purificação do seu coração, porque a boca falará do que estiver cheio o coração.
Desta forma podemos estar plenamente convictos que onde não houve expiação do pecado permanece a impureza e não há nem pode haver qualquer verdadeira santidade.
E não há qualquer expiação aparte do sangue de Jesus.
O modo de se beneficiar desta expiação é caminhar na direção da luz de Deus, porque assim fazendo o sangue de Jesus será a cobertura dos nossos pecados, para que possamos ser lavados deles (I João 1.7). 
Esta expiação nos abriu a porta à salvação, mas ela é um ato contínuo, que sempre está presente em toda verdadeira santificação, porque onde não há expiação do pecado, não pode haver nenhuma santidade.
Daí afirmar o apóstolo João que somos perdoados e purificados do pecado somente quando os confessamos. 
E esta verdade mostra o quão inútil é o pensamento de tentar se santificar ocupando-se somente em obter virtudes morais, negligenciando e desconhecendo a necessidade de expiação do pecado pelo sangue de Jesus.
Quem prega meramente virtude moral para santificação está enganando a própria alma e a de outros.
As virtudes dos homens sem a expiação do sangue são como trapos de imundície diante de Deus, porque falam do seu orgulho, da sua atitude de independência dEle, e do desprezo ao sacrifício expiatório de Jesus.
De modo que tudo é puro para os que foram purificados dos seus pecados pelo sangue de Jesus, mas nada é puro para os que não foram lavados neste sangue, porque o entendimento e a consciência deles estão contaminados (Tito 1.5).








6 - A Perfeição da Expiação  


Por  John Murray

Nas polêmicas protestantes, este aspecto da obra expiatória de Cristo tem sido orientado contra o conceito romanista, de que a obra de satisfação realizada por Cristo não livra os fiéis da necessidade de fazer satisfação pelos pecados que eles têm praticado. Segundo a teologia romanista, todos os pecados do passado, no que respeita ao seu castigo temporal e eterno, são apagados no batismo, bem assim o castigo eterno dos pecados futuros dos fiéis. Mas, a respeito do castigo temporal dos pecados, depois do batismo, o fiel tem de fazer satisfação, ou nesta vida ou no purgatório. Em oposição a toda e qualquer noção de satisfação humana, os protestantes combatem corretamente, afirmando que a satisfação de Cristo é a única oferecida pelo pecado, e que esta é tão perfeita e final, que não deixa nenhuma obrigação penal por qualquer pecado do crente. É verdade que nesta vida os crentes são castigados por seus pecados, e que tal castigo é corretivo e santificador – “produz fruto pacífico aos que têm sido por ela [=disciplina] exercitados, fruto de justiça” (Hb 12.11). E este castigo é doloroso. Contudo, assemelhar este castigo com a satisfação pelo pecado é impingir não só a perfeição da obra de Cristo, mas também a natureza da satisfação de Cristo. “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Não pode haver nenhum abrandamento na polêmica protestante contra esta perversão do evangelho de Cristo. Se permitirmos a entrada, mesmo que seja de uma noção mínima de satisfação humana, em nossa formulação de justificação ou santificação, então teremos poluído o rio cujas correntes alegram a cidade de Deus. E a mais grave perversão que ela impõe é que rouba do Redentor a glória da sua perfeita realização. Ele mesmo fez a purificação dos nossos pecados e assentou-se à direita da majestade nas alturas (Hb 1.3). Contudo, a situação na qual nos achamos com referência ao debate sobre o tema da expiação, requer de nós que consideremos outros meios pelos quais a doutrina da perfeição da expiação tem sido prejudicada, e é necessário que incluamos neste título outras características da obra consumada de Cristo.
1. A objetividade histórica. Na expiação, algo foi realizado uma vez por todas, sem qualquer participação ou contribuição de nossa parte. Uma obra foi aperfeiçoada, a qual antecede a todo e qualquer reconhecimento ou resposta por parte daqueles que são os seus beneficiários. Qualquer redução deste fato no interesse do que se supõe ser uma interpretação mais ética, ou no interesse de interpretar a expiação segundo os termos dos efeitos éticos que se calculam produzir em nós, é eviscerar a verdade da expiação. A expiação é objetiva para nós, realizada independentemente de nós, e os efeitos subjetivos que se acumulam dela pressupõem a sua realização. Os efeitos subjetivos exercidos sobre o nosso entendimento e vontade podem seguir somente na medida em que reconhecermos, pela fé, o significado do fato objetivo.
Há ainda outra implicação de sua objetividade histórica, que precisa ser enfatizada. E o caráter estritamente histórico daquilo que foi realizado. A expiação não é supra-histórica nem contemporânea. É verdade que a pessoa que expiou em relação ao pecado está acima da história quanto à sua divindade e filiação eternas. Como tal, ele é eterno e transcende a todas as condições e circunstâncias do tempo. Ele é, com o Pai e com o Espírito, o Deus da história. É também verdade que, como o Filho encarnado, exaltado à mão direita de Deus, ele é, num sentido verdadeiro, contemporâneo. Ele vive para sempre e, como o vivente que esteve morto, ele está vivo outra vez e é a sempre-presente e a sempre-ativa incorporação da eficácia, virtude e poder que emanam da expiação. Mas a expiação foi efetuada na natureza humana e numa ocasião específica no passado, foi consumada no calendário dos eventos. Poderia alguma coisa apontar mais claramente para a verdade e a significação dela, do que a palavra do apóstolo: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei”? (Gl 4.4,5). Independentemente da nossa interpretação de “a plenitude do tempo” como a medida plena do tempo designado por Deus, o período que tinha de seguir o curso antes que Deus enviasse o seu Filho ou como o tempo que consume o tempo e concede ao tempo a sua plena completação, devem os reconhecer a significação de tempo para a missão que é registrada em e designada pela encarnação do Filho de Deus. A encarnação ocorreu num ponto específico marcado pela chegada da plenitude do tempo; ela não ocorreu antes disso e, embora a encarnação seja um estado permanente, ela não ocorreu outra vez. A história, com os seus encontros determinados e períodos bem definidos, tem profundo significado no drama da realização divina. O condicionamento histórico e a localização dos eventos no tempo não podem ser erradicados nem a sua significação subestimada. E o que é verdadeiro quanto ao evento da encarnação é também verdadeiro quanto à redenção realizada. Ambas são localizadas historicamente e nenhuma das duas é supra-histórica ou contemporânea.
2. A fatalidade. Nas polêmicas históricas, esta característica da expiação tem sido realçada em oposição à doutrina romanista do sacrifício da missa. Esta polêmica contra a blasfêmia romanista é tão necessária em nossos dias como o foi no período da Reforma. A expiação é uma obra consumada, nunca mais repetida; ela é irrepetível. Em nosso contexto moderno, contudo, é necessário insistir neste princípio, não apenas em oposição a Roma, mas também em oposição a um conceito prevalecente dentro dos círculos protestantes. Este conceito diz que o ato divino em levar o pecado não pode limitar-se ao evento histórico do sacrifício de Jesus; antes, deve ser considerado como eterno, assim como a obra da expiação, encarnada na paixão de Jesus Cristo, é eterna nos céus, na própria vida de Deus, “uma obra eterna de expiação, supra-temporal à semelhança da vida de Deus... continuando enquanto os pecados continuam a ser cometidos e existem pecadores a ser reconciliados. [16]
De fato, é sumamente necessário reconhecer a atividade contínua do sumo sacerdócio de Cristo no céu. É necessário lembrar que ele incorpora eternamente em si mesmo a eficácia que emanou deste sacrifício realizado aqui na terra, e que pela virtude desta eficácia ele exerce o seu ministério celestial como o grande Sumo Sacerdote de nossa confissão. É sobre este princípio que ele intercede em favor de seu povo. E é em razão desta compaixão, derivada de suas tentações terrenas, que ele pode ser tocado de sentimento pelas nossas enfermidades. Esta afirmação significa que a unidade do ofício sacerdotal de Cristo e a sua atividade devem ser plenamente apreciadas. Mas o fato de não devermos interromper a unidade de suas funções sacerdotais não significa que temos a liberdade para confundir as fases e ações distintas de seu ofício sacerdotal. Devemos fazer distinção entre a oferta do sacrifício e a subseqüente atividade do sumo sacerdote. O que o Novo Testamento enfatiza é a unidade definitiva e histórica do sacrifício que expiou a culpa e fez reconciliação com Deus (veja-se Hb 1.3; 9.12, 25-28). Deixar de apreciar a finalidade desta definição leva à incompreensão do verdadeiro sentido da expiação. Na formulação bíblica, a expiação não pode ser concebida à parte das condições sob as quais ela foi realizada. Pelo menos duas condições são indispensáveis, a saber, humilhação e obediência, e estas são condicionadas mutuamente uma pela outra. Seria uma contradição ao teor de toda a Escritura, transferir a expiação para uma esfera onde nos seria impossível acreditarmos que estas condições existem.
Além do mais, se pensarmos na fórmula: “expiação eterna no coração de Deus”, devemos, mais uma vez, fazer distinções. É verdade que a expiação fluiu e foi a provisão do amor eterno do coração de Deus. Contudo, conceber a expiação como eterna é confundir o eterno com o temporal. O testemunho da Escritura é inconfundível a respeito da significação que Deus dá à realização temporal. Ela se refere à expiação e o faz de forma definida e decisiva. A nossa definição de expiação deve-se derivar da expiação revelada pela Escritura. E a expiação da qual a Escritura fala é a obediência vicária, expiação, propiciação, reconciliação e redenção efetuadas pelo Senhor da glória quando ele, uma vez por todas, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas.
3. A unicidade. Horace Bushnell nos forneceu o que é, provavelmente, a mais eloqüente exposição e defesa do conceito de que o sacrifício de Cristo é a ilustração suprema e a vindicação do princípio de auto-sacrifício, o qual opera no coração de cada ser que é santo e amoroso, quando este é confrontado com o mal e o pecado. “O amor é um princípio essencialmente vicário em sua própria natureza, identificando o sujeito com outros, a fim de sofrer as adversidades e as suas dores e tomar sobre si mesmo o peso de seus males” [17] “Há um Getsêmani oculto em todo amor” (ibid., pág. 47). “Quando sustentamos o conceito de sacrifício vicário, descobrirmos que ele pertence à natureza essencial de todas as virtudes santas. Somos também constrangidos a prosseguir e mostrar como ele pertence a todos os outros seres bons, tão verdadeiramente como o próprio Cristo na carne - corno o Pai eterno antes de Cristo, e a vinda posterior do Espírito Santo, e os anjos bons, tanto antes como depois, todos igualmente carregaram os problemas, lutaram nas dores de seus sentimentos vicários em favor dos homens; e então, finalmente, como a cristandade trouxe a lume, ao nascer dentro de nós o mesmo amor vicário que reina em todos os seres bons e glorificados do reino celestial; reunindo-nos de acordo com Cristo, o nosso Mestre, tendo aprendido a carregar a sua cruz e a estar com ele em sua paixão” (Ibid., pág. 53).
Distinguir a verdade do erro e elucidar as falsidades nestas citações nos levaria para muito além dos nossos limites. É verdade que o sacrifício de Cristo é a revelação suprema do amor de Deus. É verdade que a vida, sofrimento e morte de Cristo nos dão um exemplo supremo de virtude. É verdade que as aflições da Igreja preenchem o que resta das aflições de Cristo, e que através destas aflições dos crentes a obra expiatória de Cristo cumpre o seu propósito. Mas afirmar que temos parte naquilo que constituiu o sacrifício vicário de Cristo é algo completamente diferente. É indefensável e perverso impor sobre os termos vicário e sacrifício uma conotação diluída que reduza o sacrifício vicário de Cristo a uma denominação que o destitui do caráter único e distintivo que a ele é aplicado pela Escritura. De fato, Cristo nos deu um exemplo a fim de seguirmos os seus passos. Porém, nunca foi proposto que esta emulação de nossa parte fosse acrescentada à obra de expiação, propiciação, reconciliação e redenção, realizada por ele. Ao definirmos a expiação segundo os termos da Escritura, percebermos facilmente que ela foi feita exclusivamente por Cristo.
E não apenas isto. Por qual autoridade ou por qual raciocínio podemos inferir que o que é constitutivo de, ou é exemplificado no sacrifício vicário de Cristo é aquilo que se aplica a todo amor santo como ele contempla o mal e o pecado? É somente através de uma confusão fatal de categorias que tais inferências podem se tornar plausíveis. A representação bíblica é que o Filho encarnado de Deus, e somente ele, à exclusão do Pai e do Espírito na esfera do divino, à exclusão de anjos e homens na ordem criada, deu-se a si mesmo em sacrifício para redimir-nos para Deus por meio de seu sangue. Seja qual for o ângulo pelo qual contemplemos este sacrifício, descobrimos que a sua unicidade é tão inviolável como a unicidade de sua pessoa, de sua missão e de seu ofício. Quem é o Deus-homem senão unicamente ele? Quem derramou sangue tão vicário, senão unicamente ele? Quem é o grande sumo sacerdote para oferecer tal sacrifício, senão unicamente ele? Quem entrou uma vez por todas no Santo dos Santos, tendo obtido a redenção eterna, senão unicamente ele? Podemos citar com proveito as palavras de Hugh Martin. Elas são extraídas de sua magistral polêmica contra a posição teológica de F. W. Robertson de que o “ sacrifício vicário é a lei da vida”. Com referência a esta posição, Martin diz: “Um pronunciamento de um soberbo oráculo! Não é necessário dizer que refutamos com uma negação direta. O sacrifício vicário não somente não é a lei da vida, ele não é lei alguma. Ele é uma transação divina, incomparável e solitária - nunca se repetirá, jamais será equiparado e jamais será assemelhado. Foi o expediente da divina sabedoria, esplêndido e inesperado, que, em sua manifestação, as mentes dos anjos se inundaram do conhecimento de Deus! Foi o livre conselho do beneplácito da vontade de Deus. Foi a soberana determinação de sua graça e amor. Somos destituídos do soberano amor de Deus ante a noção de que o sacrifício vicário é a “lei da vida”. [18]
4. A eficácia intrínseca. Nas polêmicas da teologia histórica, este aspecto da expiação tem sido realçado a fim de combater a doutrina remonstrante que ensina que Cristo fez algo que Deus graciosamente aceita no lugar da plena satisfação da justiça. A declaração da Confissão de Fé de Westminster é admiravelmente formulada em distinção à posição remonstrante. “O Senhor Jesus, pela sua perfeita obediência e pelo sacrifício de si mesmo, sacrifício que, pelo Eterno Espírito, ele ofereceu a Deus uma só vez, satisfez plenamente à justiça do Pai, e; para todos aqueles que o Pai lhe deu, adquiriu não só a reconciliação, como também urna herança perdurável no reino dos céus” (VIII, V).


É preciso ter em mente e formular corretamente a relação entre a graça de Deus e a obra expiatória de Cristo. Foi pela graça de Deus que Cristo foi dado por nós. Foi por sua própria graça que ele deu-se a si mesmo. Seria inteiramente errôneo imaginar que a obra de Cristo pudesse induzir o Pai a sentir-se constrangido a ser bondoso e gracioso. “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo” (Ef 2.4,5; cf. 1 Jo 4.9). A expiação é a provisão do amor e graça do Pai. Há, todavia, igual necessidade de lembrar que a obra realizada por Cristo foi em si mesma intrinsecamente adequada para satisfazer todas as necessidades criadas pelos nossos pecados e todas as exigências da santidade e justiça de Deus. Cristo pagou a dívida do pecado. Ele levou os nossos pecados e os purificou. Ele não fez um pagamento simbólico que Deus aceitasse como se fosse tudo. As nossas dívidas não foram canceladas; elas foram liquida das . Cristo adquiriu a redenção, e, portanto, a garantiu. Ele tomou sobre si e absorveu a medida total do juízo e condenação divinos contra o pecado. Ele operou a justiça que é a única base da completa justificação e o título para a vida eterna. Assim, a graça reina através da justiça para a vida eterna por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Rm 5.19,21). Ele expiou a culpa e “com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.14). “E, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor (=a causa) da salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 5.9). Em uma palavra, Jesus cumpriu todas as exigências oriundas do nosso pecado e adquiriu todos os benefícios que conduzem à liberdade e são consumados na liberdade da glória dos filhos de Deus.









7 - A Necessidade da Expiação

Por Robert Murray MacCheyne

A realização da redenção preocupa-se com aquilo que é geralmente chamado expiação. Nenhum estudo da expiação pode ser devidamente desenvolvido sem reconhecer em primeiro lugar o livro e soberano amor de Deus. Esta perspectiva se encontra no texto mais conhecido da Bíblia: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Temos aqui uma revelação fundamental de Deus e, portanto, do pensamento humano. Além disso não podemos e nem devemos aventurar-nos ir.
Pelo fato de ser um fundamento do pensamento humano não exclui, contudo, outras caracterizações desse amor de Deus. A Escritura nos informa que esse amor de Deus, do qual a expiação emana, e da qual é a sua expressão, é um amor distinto. Ninguém gloriava-se nesse amor de Deus mais do que o apóstolo Paulo. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8). “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Romanos 8:31,32). Contudo, é o mesmo apóstolo que nos delineia o eterno conselho de Deus que fornece o contexto para tal afirmação e que nos define a órbita dentro da qual tais pronunciamentos têm sentido e validade. Ele escreve: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8:29). E em outro lugar, ele se torna talvez ainda mais explícito quando diz: “Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Efésios 1:4,5). O amor de Deus, do qual a expiação se origina, não é indiscriminado; é um amor que elege e predestina. Deus foi servido em colocar o seu amor invencível e eterno sobre uma multidão inumerável, e é o propósito determinante deste amor que assegura a expiação.
É necessário salientar este conceito de amor soberano. Verdadeiramente, Deus é amor. O amor não é algo à parte de Deus, não é algo que ele pode escolher ser ou não ser. Deus é necessariamente amor; o amor lhe é inerente e eterno. Da mesma forma em que Deus é espírito e luz, assim ele é amor. Porém, pertence à própria essência do amor eletivo o reconhecimento de que este amor necessariamente não deve culminar em redenção e adoção em favor de objetos que são totalmente indesejáveis e merecedores do inferno. Foi do livre e soberano beneplácito de sua vontade, um beneplácito que emana das profundezas da sua própria bondade, que ele elegeu um povo para ser herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo. A razão reside inteiramente nele mesmo e procede das determinações que são peculiarmente suas: “Eu sou o que Sou”. A expiação não persuade e nem compele o amor de Deus. Pelo contrário, o amor de Deus é que compele à expiação, como o meio para cumprir o propósito determinante deste mesmo amor.
Devemos compreender, portanto, que o amor de Deus é uma premissa estabelecida, ou seja, este amor é a causa ou a fonte da expiação. Todavia, isto não resolve o problema quanto à razão ou necessidade da expiação. Qual é a razão por que o amor de Deus deve tomar um caminho na realização de seu fim e no cumprimento de seu propósito? Somos compelidos a indagar: Por que o sacrifício do Filho de Deus? Por que o sangue do Senhor da glória? Anselmo de Canterbury perguntou: “Sabendo que Deus é onipotente, qual foi a necessidade e qual foi a razão para tomar sobre si a humilhação ”. Por que Deus não podia realizar os propósitos de seu amor para a humanidade pela palavra de seu poder ou pelo decreto de sua vontade? Se declaramos que ele não podia, estamos impugnando o seu poder? Se declaramos que ele podia, porém não quis, estamos impugnando a sua sabedoria? Tais indagações não são sutilezas escolásticas e nem vã curiosidade. Fugir delas é perder algo que é central na interpretação da obra redentora de Cristo e perder a visão de uma parte de sua glória essencial. Por que Deus se fez homem? E tendo-se tornado homem, por que morreu? E tendo morrido, por que morreu a morte maldita de cruz? Esta é a indagação sobre a necessidade da expiação.
Entre as respostas oferecidas para estas perguntas, duas são mais importantes. Elas são, antes de tudo, o conceito conhecido como necessidade hipotética, e, segundo, o conceito que podemos designar como o da necessidade conseqüente e absoluta. O primeiro foi defendido por homens eruditos, tais como Agostinho e Tomás de Aquino. O segundo pode ser considerado como a posição clássica do protestantismo.
O conceito conhecido como necessidade hipotética assevera que Deus podia perdoar o pecado e salvar os seus eleitos sem a expiação ou satisfação — outros meios estavam disponíveis a Deus, a quem todas as coisas são possíveis. Porém, a forma de sacrifício vicário do Filho de Deus foi simplesmente o meio que Deus, em sua graça e sabedoria soberanas, escolheu, porque este é o meio pelo qual a graça é mais maravilhosamente revelada. Assim, embora Deus pudesse salvar sem uma expiação, todavia, de acordo com o seu decreto soberano, ele de fato não o fez. Sem derramamento de sangue, realmente não há remissão nem salvação. Contudo, não há nada inerente à natureza de Deus ou à natureza da remissão do pecado que faz o derramamento de sangue indispensável.
Chamamos ao outro conceito de necessidade conseqüente e absoluta. A palavra “conseqüente”, nesta designação, se refere ao fato de que a vontade de Deus ou o decreto para salvar alguém é de livre e soberana graça. A salvação de homens perdidos não foi uma necessidade absoluta, e, sim, a expressão do beneplácito de Deus. Os termos “necessidade absoluta”, porém, indicam que Deus, tendo elegido alguns para a vida eterna, segundo o seu livre beneplácito, se sentiu na obrigação de cumprir este propósito através do sacrifício de seu próprio Filho, uma obrigação que emanou das perfeições da sua própria natureza. Em uma palavra, embora não fosse inerentemente necessário que Deus salvasse, todavia, desde que a salvação foi propositada, era necessário assegurar esta salvação através de uma satisfação que pudesse ser realizada somente através de um sacrifício substitutivo e uma redenção adquirida por meio de sangue.
Pode parecer algo inutilmente especulativo e presunçoso forçar tal indagação e procurar determinar o que é inerentemente necessário para Deus. Além disso, pode surgir um texto como: “sem derramamento de sangue não há remissão”, que a revelação se limita a dizer que de fato não há remissão sem derramamento de sangue, e que iríamos além da autoridade da Escritura afirmando o que é de fato indispensável para Deus.
Mas não é presunçoso quando dizemos que certas coisas são inerentemente necessárias ou impossíveis para Deus. Pertence à nossa fé em Deus confessar que ele não pode mentir e que não pode negar-se a si mesmo. Os não pode divinos são a sua glória, e para nós deixar de admitir tais impossíveis seria negar a glória e a perfeição de Deus.
A realidade da questão é: a Escritura nos fornece evidências ou considerações pelas quais podemos concluir que esta é uma das coisas impossíveis ou necessárias para Deus; impossível que ele salve pecadores sem sacrifício vicário e inerentemente necessário, portanto a salvação, livre e soberanamente determinada, seria realizada somente pelo derramamento do sangue do Senhor da glória. As seguintes considerações bíblicas nos induzem a dar uma resposta afirmativa. Quando aduzimos estas considerações, deve­ mos lembrar que elas têm de ser vistas em coordenação e em seu efeito cumulativo.
1. Existem passagens que criam uma forte conjectura em favor desta inferência. Por exemplo, em Hb 2.10,17 é afirmado que Deus, a fim de conduzir muitos filhos à glória, foi servido que o Comandante da salvação deles fosse aperfeiçoado pelos sofri mentos e que em todas as coisas se tornasse semelhante aos irmãos. A força de tais expressões é dificilmente satisfeita pela noção de que foi simplesmente consoante com a sabedoria e o amor de Deus realizar a salvação desta maneira. Os adeptos do conceito da necessidade hipotética não reconhecem estas dificuldades. Mas existe muito mais nesse texto. Ele ensina que as exigências do propósito da graça que os ditames divinos requeriam que a salvação fosse realizada somente através de um Líder supremo da salvação que seria aperfeiçoado através de sofrimentos, e foi necessário que este supremo Guia da salvação fosse feito em todas as coisas semelhante aos homens. Em outras palavras, somos conduzidos da idéia de consonância com o caráter divino à idéia dos direitos divinos que tornam in dispensável que muitos filhos sejam conduzidos à glória desta maneira específica. Se este for o caso, então somos levados a concluir que as exigências divinas são satisfeitas pelos sofrimentos do Chefe da salvação.
2. Há passagens, como Jo 3.14-16, que de forma clara sugerem que a alternativa de oferecer o Filho unigênito de Deus e de ser ele levantado no madeiro maldito é a perdição eterna dos perdidos. O perigo eterno a que os perdidos estão expostos é remediado pela doação do Filho. Porém, dificilmente podemos escapar da idéia adicional de que não existe outra alternativa.
3. Passagens tais como Hb 1.1-3; 2.9-18; 9.9-14,22-28 ensinam claramente que a eficácia da obra de Cristo é dependente da constituição única de sua pessoa. Este fato, por si mesmo, não estabelece o ponto em questão. Porém, considerações contextuais revelam outras implicações. A ênfase nestes textos tem por base a finalidade, a perfeição e a eficácia transcendentes do sacrifício de Cristo. Tal finalidade, perfeição e eficácia são necessárias por causa da gravidade do pecado, e o pecado tem de ser eficazmente removido para que a salvação seja realizada. Esta é a consideração que dá força à necessidade mencionada em Hb 9.23, ao efeito que, enquanto as figuras das coisas celestiais se purificassem com o sangue de cabritos e bezerros, as próprias coisas celestiais fossem purificadas com nenhum outro sangue senão o do Filho. Em outras palavras, existe uma necessidade que não pode ser expiada senão pelo sangue de Jesus. Mas o sangue de Jesus é o sangue que tem a indispensável virtude e eficácia somente naquele que é o Filho, a refulgência da glória do Pai e a expressa imagem da sua substância. Ele se tornou participante da carne e sangue, e assim ele foi qualificado por um único sacrifício a aperfeiçoar todos aqueles que são santificados. Certamente que não é uma inferência sem base concluir que a idéia aqui apresentada é que somente esta pessoa, oferecendo tal sacrifício, pôde resolver o problema do pecado, removendo-o e fazendo total purificação, garantiu que muitos filhos seriam trazidos à glória, tendo acesso à santíssima presença divina. É o mesmo que dizer que o derramamento do sangue de Jesus foi necessário para os fins propostos e assegurados.
Há também outras considerações que podem ser derivadas destas passagens, especialmente Hb 9.9-14, 22-28. São considerações que surgem do fato de que o próprio sacrifício de Cristo é o grande exemplo do qual os sacrifícios levíticos foram figuras. Às vezes pensamos nos sacrifícios levíticos como que fornecendo as figuras do sacrifício de Cristo. Esta forma de pensar não é incorreta - os sacrifícios levíticos nos fornecem os elementos em termos por meio dos quais podemos interpretar o sacrifício de Cristo, especialmente as categorias da expiação, propiciação e reconciliação. Porém esta linha de pensamento não é a característica de Hb 9. A idéia específica é que os sacrifícios levíticos foram figuras segundo o modelo celestial - foram “figuras das coisas que se acham nos céus” (Hb 9.23). Por isso, a necessidade de se oferecer sangue na economia levítica surgiu do fato de que o modelo, do qual elas eram figuras, foi uma oferenda de sangue, a oferenda do sangue transcendente pelo qual as coisas celestiais são purificadas. A necessidade de derramamento de sangue na ordenança levítica é simplesmente uma necessidade que surge da necessidade de derramamento de sangue na mais alta esfera celestial. Ora, a nossa pergunta é a seguinte: que espécie de necessidade é está que surgiu na esfera celestial? Foi meramente hipotética ou foi absoluta? As seguintes observações indicarão a resposta.
a) A ênfase do contexto é que a eficácia transcendente do sacrifício de Cristo é requerida pelas exigências oriundas do pecado. E estas exigências não são hipotéticas - são absolutas. A lógica desta ênfase sobre a gravidade intrínseca do pecado e a necessidade de sua remoção não concordam com a idéia de uma necessidade hipotética - a realidade e a gravidade do pecado fazem com que uma expiação efetiva seja indispensável e, portanto, absolutamente necessária.
b) A natureza exata da oferta sacerdotal de Cristo e a eficácia de seu sacrifício estão inseparavelmente ligadas com a constituição de sua pessoa. Se houvesse a necessidade de tal sacrifício a fim de remover o pecado, nenhum outro, senão Cristo, poderia oferecer tal sacrifício. E isso revela a necessidade que tal pessoa ofereça tal sacrifício.
c) Nesta passagem, as coisas celestiais em conexão com as quais o sangue de Cristo foi derramado são denominadas verdadeiras. O contraste subentendido não é verdadeiro em oposição ao falso ou real, mas em oposição ao fictício. O celestial é contrastado com o terreno, o eternal com o temporário, o completo com o parcial, o final com o provisório, o permanente com aquilo que é efêmero. Quando consideramos o sacrifício de Cristo como uma oferta em conexão com as coisas correspondentes àquela caracte­rização - celestial, eterno, completo, final, permanente - é impossível pensar que este sacrifício foi apenas hipoteticamente necessário na realização do desígnio de Deus em trazer muitos filhos à glória. Se o sacrifício de Cristo fosse apenas hipotética­ mente necessário, então as coisas celestiais em conexão com o que é relevante e significante, seriam também apenas hipoteticamente necessárias. E esta é sem dúvida uma hipótese demasiadamente difícil.
A síntese da questão é que uma necessidade (Hb 9.23) para o derramamento do sangue de Cristo para a remissão dos pecados (vv.14, 22, 26) é aqui proposta, e é urna necessidade sem reserva ou qualificação.
4. A salvação que a eleição da graça envolve em cada conceito da necessidade da expiação é a salvação do pecado para a santificação e comunhão com Deus. Mas se pensarmos na salvação assim concebida em termos que são compatíveis com a santidade e justiça de Deus, esta salvação deve incluir não apenas o perdão do pecado, mas também a justificação. E deve ser uma justificação que reconheça a nossa situação como culpados e condenados. Esta justificação implica a.necessidade de uma justiça que seja adequada à nossa situação. De fato a graça reina, mas uma graça reinante à parte da justiça não é apenas inverossímel, mas também inconcebível. Ora, que justiça é igual à justificação de pecadores? A única justiça concebível que satisfará as necessidades da nossa situação como pecadores e que satisfará as exigências de uma plena e irrevogável justificação é a justiça de Cristo. Esta afirmação implica a sua obediência e, portanto, a sua encarnação, morte e ressurreição. Em uma palavra, a necessidade da expiação é inerente. Uma salvação do pecado que é divorciada da justificação é uma impossibilidade, e a justificação de pecadores sem a justiça divina do Redentor é inconcebível. É difícil fugir da relevância da palavra de Paulo: “Porque se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei”. (Gl 3.21). O que Paulo enfatiza é que, se a justificação fosse possível por qualquer outro método e não pela fé em Cristo, então esse método teria sido utilizado.
5. A cruz de Cristo é a demonstração suprema do amor de Deus (Rm 5.8; 1 Jo 4.10). O caráter supremo da demonstração reside no extremo custo do sacrifício oferecido. É a respeito deste elevado custo que Paulo faz referência quando escreve: “Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou” (Rm 8.32). O custo do sacrifício nos persuade a respeito da grandeza do amor de Deus e garante a doação de todas as demais dádivas de forma gratuita.
Contudo, devemos perguntar: a cruz de Cristo seria a manifestação suprema do amor de Deus se não houvesse necessidade de tal custo? Não é verdade que a única inferência com base na qual a cruz de Cristo pode nos ser recomendada como a manifestação suprema do amor de Deus, e que as exigências em questão requereram nada menos que o sacrifício do Filho de Deus? Com base nesta pressuposição, podemos entender a palavra do apóstolo João: “Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou, e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 4.10). Sem isto somos despidos dos elementos necessários para compreendermos o significado do Calvário e a maravilha de seu supremo amor insuperável para com os homens.
6. Finalmente, há o argumento da justiça vindicatória de Deus. O pecado é o oposto de Deus; portanto, o Senhor tem de reagir contra ele com uma santa indignação. É o mesmo que dizer que o pecado tem de confrontar-se com o juízo divino (vejam-se Dt 27.26; Na 1.2; Hc 1.13; Rm 1.17; 3.21-26; Gl 3.10,13). É esta santidade inviolável da lei de Deus o ditame imutável da santidade e a exigência irrevogável da justiça que faz obrigatória a conclusão de que a salvação do pecado sem expiação e propiciação é inconcebível. Este é o princípio que explica o sacrifício do Senhor da glória, as agonias do Getsêmani e o seu abandono no madeiro maldito. É este o princípio que fundamenta a grande verdade de que Deus é justo e o justificados daquele que crê em Jesus. Na obra de Cristo, os ditames da santidade e as exigências da justiça foram plenamente vindicados. Deus o estabeleceu como a propiciação a fim de declarar a sua justiça.

Por estas razões somos levados a concluir que o tipo de necessidade que as considerações bíblicas propõem é aquele que pode ser compreendido como absoluto ou indispensável. Os proponentes da necessidade hipotética não reconhecem suficiente mente as exigências envolvidas na salvação do pecado para a vida eterna; eles não consideram convenientemente os aspectos teocêntricos da realização de Cristo. Se conservarmos em mente a gravidade do pecado e as exigências oriundas da santidade de Deus que devem ser encaradas na execução da salvação, então a doutrina da necessidade indispensável faz que o Calvário seja inteligível e que a maravilha incompreensível tanto do Calvário como do propósito soberano do amor de Deus que o Calvário cumpriu sejam exalta­ dos. Na medida em que enfatizarmos as exigências inflexíveis da justiça e santidade, o amor de Deus e todas as suas providências se tornarão ainda mais maravilhosos.









8 - A Morte de Cristo

Por Charles Haddon Spurgeon

“Contudo foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor faça da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolongará seus dias, e a vontade do Senhor prosperará em sua mão.”
Isaías 53:10

Que miríades de olhos estão lançando seus olhares para o sol! Que multidão de homens levantou seus olhos e observou as órbitas estelares do Céu! Elas são constantemente observadas por milhares – mas existe uma grande transação na história do mundo a qual merece todos os dias muito mais espectadores do que aquele sol que sai como um noivo, forte para iniciar sua corrida. Há um evento que atrai, todos os dias, muito mais admiração do que o sol, a lua e as estrelas conseguem, quando marcham em seus percursos. Esse evento é a morte do nosso Senhor Jesus Cristo – a isto os olhos de todos os santos que viveram antes da era Cristã sempre estiveram direcionados – e para trás, através dos milhares de anos de história, os olhos de todos os santos olham para ela! Os anjos no Céu olham constantemente para Cristo. “Coisas que até os anjos anseiam observar,” (1 Pedro 1.12) disse o Apóstolo. Em Cristo os inumeráveis olhares dos redimidos estão fixados. E milhares de peregrinos, por esse mundo de lágrimas, não têm objeto melhor para sua fé, nem desejo melhor para sua visão do que ver Cristo enquanto ele está no Céu e em comunhão para observar a Sua Pessoa! Amados, teremos muitos conosco enquanto, nesta manhã, voltarmos a nossa face para o monte do Calvário. Não seremos espectadores solitários da temerosa tragédia da morte do nosso Salvador. Nós devemos lançar nossos olhares para o lugar que é o foco da alegria e do prazer do Céu – a Cruz do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!

Tomando o nosso texto como guia, devemos visitar o Calvário, esperando ter a ajuda do Espírito Santo enquanto olhamos para Aquele que morreu na Cruz. Quero que vocês notem esta manhã, antes de tudo, a causa da morte de Cristo – “foi da vontade do Senhor esmagá-lo.” “Foi da vontade de Jeová esmagá-lo,” diz o original. “E fazê-lo sofrer.” Em segundo lugar, a razão da morte de Cristo – “O Senhor faça da vida dele uma oferta pela culpa.” Cristo morreu porque ele foi uma oferta pelo pecado. E depois, em terceiro lugar, os efeitos e as consequências da morte de Cristo. “Ele verá sua prole e prolongará seus dias, e a vontade do Senhor prosperará em sua mão.” Venha, Espírito Sagrado, enquanto nós atentamos a falar sobre estes temas incomparáveis!

I. PRIMEIRO, nós temos aqui A ORIGEM DA MORTE DE CRISTO. “Contudo foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer.” Aquele que lê a vida de Cristo como mera história, associa a morte de Cristo com a inimizade dos judeus e com o caráter inconstante do governador romano. Nisto ele age com justiça, pois a morte e o pecado da morte de Cristo devem bater à porta da humanidade. Essa nossa corrida torna-se um deicídio e matou o Senhor e pregou o seu Senhor em um madeiro! Mas aquele que lê a Bíblia com os olhos da fé – desejando descobrir os seus segredos – vê algo mais na morte do Salvador do que a crueldade romana ou a malícia judaica. Ele vê o decreto solene de Deus cumprido pelos homens, que foram os ignorantes, mas instrumentos culpados de sua realização! Ele olha para a lança e a haste romanas, para os insultos e zombarias dos judeus, para a Fonte Sagrada, da qual todas as coisas fluem e traçam a crucificação de Cristo ao peito da Deidade! Ele concorda com Pedro – “Este homem lhes foi entregue por propósito determinado e pré-conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz.” Não devemos imputar a Deus o pecado, mas ao mesmo tempo o fato, como todos os seus efeitos maravilhosos na redenção do mundo, de que nós devemos sempre traçar para a Fonte Sagrada do Amor Divino. Como faz o nosso Profeta. Ele disse, “foi da vontade de Jeová esmagá-lo.” Ele despreza tanto Pilatos quanto Herodes, e traça para o Pai celestial, a primeira pessoa na Divina Trindade - “Foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer.”

Agora, Amados, há muitos que pensam que o Deus Pai não é nada além de um espectador indiferente da salvação. Outros O difamam ainda mais. Olham para Ele como um Ser sem amor, severo, que não teve nenhum amor para com a humanidade e que só poderia se tornar amável através da morte e das agonias de nosso Salvador. Isso é uma difamação suja com a Graça justa e gloriosa do Deus Pai, a quem devemos sempre dar honra – pois Jesus Cristo não morreu para tornar Deus amável – Ele morreu porque Deus era amável! –

“Não foi para fazer o amor de Jeová,
Ao redor de Seu povo arder,
Que Jesus do Trono acima,
Um homem sofredor se tornou.
Não foi a morte que Ele suportou,
Nem todas as dores que Ele suportou,
Que o amor eterno de Deus procurou,
Pois Deus era amor antes.”

Cristo foi enviado ao mundo pelo Seu Pai com consequência da afeição do Pai pelo seu povo. Sim, Ele “amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16) O fato é que o Pai decretou tanto a salvação, como tanto a efetuou, e deleitou-se tanto nela quanto o fez o Deus Filho e o Deus Espírito Santo! E quando nós falamos do Salvador do mundo, devemos sempre incluir nessa palavra, se falarmos em sentido amplo, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo – pois todos esses Três, como um só Deus, nos salvam de nossos pecados! O texto tira todo o pensamento pesado sobre o Pai ao dizer que foi da vontade de Jeová esmagar Jesus Cristo. A morte de Cristo leva ao Deus Pai! Vamos tentar ver isso.

1) Primeiramente, ela leva a um decreto. Deus, o único Deus do Céu e da Terra, tem o Livro do Destino inteiramente em Seu poder. Neste livro não há nada escrito pelas mãos de um estranho. A caligrafia do solene Livro da Predestinação é, do começo ao fim, inteiramente Divina. –

“Acorrentado a Seu trono está um volume,
Com todos os destinos dos homens-
Com todas as formas e tamanhos de anjos
Feitos pela pena eterna”

Nenhuma mão inferior esboçou sequer a mínima parte da Providência. Ela foi toda, do seu Alpha, ao seu Ômega, do seu prefácio Divino, ao seu final solene, marcada, projetada, esboçada e planejada pela mente do Sábio, Onisciente Deus. Portanto, nem mesmo a morte de Cristo está isenta disso! Aquele que levanta um anjo e guia um pardal; Ele que impede que os nossos cabelos caiam de nossas cabeças prematuramente, quando Ele se preocupa com coisas tão pequenas, para omitir em Seus solenes decretos a maior maravilha dos milagres da terra – a morte de Cristo! Não, a página daquele Livro manchada de sangue, a página que faz tanto o passado quanto o futuro serem gloriosos com palavras de ouro – essa página manchada de sangue, eu digo - foi mais escrita por Jeová do que por qualquer outro! Ele determinou que Cristo deveria nascer da Virgem Maria, que Ele deveria sofrer sob Pôncio Pilatos, que Ele deveria descer ao Hades, que da morte Ele deveria ressuscitar, levando cativo o cativeiro e em seguida reinar para sempre à direita da Majestade, nas alturas! Não, eu não sei nada além de que terei a Escritura para a minha justificação quando eu digo que essa é a verdadeira véspera da Predestinação e que a morte de Cristo é o verdadeiro centro e a mola principal pela qual Deus formou todos os Seus outros decretos – fazendo disso a essência e a pedra fundamental sobre a qual a arquitetura sagrada deveria ser construída! Cristo foi posto à morte pelo decreto previsto e solene de Deus Pais, e neste sentido, “foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer.”

2) Mas um pouco mais adiante – a vinda de Cristo ao mundo para morrer foi o efeito da vontade e do prazer do Pai. Cristo não veio a este mundo por acaso. Ele se deitou no coração de Jeová diante de todos os mundos, eternamente deleitando-Se em Seu Pai e ser, Ele mesmo, a eterna alegria de Seu Pai. “Na plenitude dos tempos” (Efésios 1.10) Deus tirou o Seu filho de Seu seio, o Seu Filho unigênito, e livremente O enviou para nós. Este foi incomparável, inigualável amor, - que o Juiz permitiu que o Seu Filho sofresse as dores da morte para a redenção de um povo rebelde! Eu quero a imaginação de vocês para criar uma cena dos tempos antigos. Há um Patriarca barbudo que acorda de manhã cedo e acorda o seu filho, um jovem cheio de força, e ordena que ele levante e o siga. Eles saem de casa sem fazer nenhum barulho, antes que a mãe acorde. Eles partem numa jornada de três dias com os seus homens até chegarem ao monte sobre o qual o Senhor havia falado. Vocês conhecem o Patriarca. O nome de Abraão está sempre fresco em nossa memória. No caminho, esse Patriarca não troca uma só palavra com o seu filho. Seu coração está muito cheio para falar. Ele está sobrecarregado pela tristeza. Deus havia mandado que ele tomasse o seu filho, seu único filho, e mata-lo na montanha como um sacrifício. Eles vão juntos. E quem pode imaginar a imensurável angústia da alma desse pai, enquanto ele anda lado a lado com o seu filho amado, de quem ele será o executor? O terceiro dia chegou. Os servos são ordenados para ficar no sopé da montanha, enquanto eles vão subindo para adorar a Deus. Agora, pode alguma mente imaginar como o sofrimento desse pai supera todas as margens de sua alma, quando, enquanto ele subia, o seu filho disse, “As brasas e a lenha estão aqui, mas onde está o cordeiro para o holocausto?” Você pode imaginar como ele sufocou suas emoções e, com soluços, exclamou, “Deus mesmo há de prover o cordeiro para o holocausto, meu filho”? Vejam! O pai comunicou ao seu filho o fato de que Deus demandara a sua vida! Isaque, que poderia ter lutado e escapado de seu pai, declara que ele deseja morrer se Deu havia decretado isso. O pai toma o seu filho, prende suas mãos atrás de suas costas, ajunta as pedras, constrói um altar, deita a lenha e tem o seu fogo pronto. E agora onde está o artista que pode pintar a angústia da contenção do pai, quando a faca está desembainhada e ele a segura – pronto para matar o seu filho?

Mas aqui a cortina cai. Agora a cena escura desaparece com o som de uma Voz dos Céus! O carneiro preso nos arbustos serve como substituto e a obediência da fé não precisa ir mais longe. Ah, meus Irmãos e Irmãs. Eu quero tirar vocês dessa cena e levar a uma muito maior. O que a fé e a obediência fizeram o homem fazer, esse amor obrigou Deus, Ele mesmo, a fazer! Ele tinha apenas um Filho, aquele Filho que era o deleite de Seu próprio coração. Ele convencionou a levar o Seu filho para a nossa redenção, para que Ele não quebrasse a Sua promessa, pois quando a plenitude dos tempos chegou, Ele enviou o Seu Filho para nascer da Virgem Maria e sofrer pelos pecados dos homens! Oh, você pode imaginar a grandeza desse amor, que fez o Deus eterno não apenas colocar o Seu Filho sobre o altar, mas realmente cumprir o que estava escrito e trespassar a faca sacrifical no coração de Seu Filho? Você pode pensar em quão esmagador deve ter sido o amor de Deus para com a raça humana quando Ele completou em ato o que Abraão fez apenas em intenção? Olhe e veja o lugar onde o Seu único Filho morreu na Cruz – a Vítima sangrenta da Justiça desperta! Isso é amor de fato! E aqui nós vemos como foi da vontade do Pai esmagá-Lo.

3) Isso me permite pressionar meu texto mais um passo adiante. Amados, não é apenas verdade que Deus tenha projetado e permitido com complacência a morte de Cristo – é mais verdade ainda que as imensuráveis agonias que vestiram a morte do Salvador com terror sobre-humano foram o efeito do pugilismo do Pai de Cristo de fato! Há um mártir na prisão – as correntes estão em seus pulsos e ainda assim ele canta. Foi anunciado a ele que amanhã será o dia da sua sentença. Ele bate as suas mãos alegremente e sorri, enquanto diz, “Amanhã será o trabalho cortante. Irei me alimentar sobre as tribulações de fogo, mas depois eu cearei com Cristo! Amanhã é o dia do meu casamento, o dia pelo qual eu há muito esperava – quando eu assinarei o testamento da minha vida por uma morte gloriosa.” A hora chegou. O homem com as alabardas o precede pelas ruas. Note a serenidade no semblante do mártir! Ele vira para alguns que olham para ele e exclamam, “Eu valorizo estas correntes de ferro muito mais do que se fossem de ouro! É maravilhoso morrer por Cristo!” Existem alguns dos santos mais ousados recolhidos ao redor da estaca, e enquanto ele tira a suas vestes, antes de se colocar em frente ao fogo para receber a sua sentença, ele os diz que é algo tremendo ser um soldado de Cristo – poder dar o seu corpo para ser queimado. E ele acena com as mãos para eles e diz “Adeus,” com alegre satisfação! Alguém poderia pensar que ele estava indo para o seu casamento, e não indo ser queimado. Ele fica diante do fogo. A corrente é colocada em seu meio. E depois de uma breve palavra de oração, assim que o fogo começa a ascender, ele fala com as pessoas com audácia viril. Mas ouçam! Ele canta enquanto a madeira estala e a fumaça sobe. Ele canta e quando suas partes baixas estão queimadas, ele continua cantando docemente algum Salmo antigo. “Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade. Por isso não temeremos, embora a terra trema e os montes afundem no coração do mar.”

Imaginem outra cena. Lá está o Salvador indo para a Sua Cruz, totalmente fraco e abatido com o sofrimento. Sua alma está doente e triste com Ele. Não há Calma Divina ali. Seu coração está tão triste que Ele desmaia nas ruas. O Filho de Deus desmaia sob uma Cruz que muitos criminosos devem ter carregado. Eles O pregam na cruz. Não há nenhuma canção de louvor. Ele é erguido no ar e lá Ele permanece suspenso, preparando-se para a Sua morte. Você não ouve nenhum grito de exultação. Há uma compressão severa em Sua face, como se uma agonia indizível estivesse arrancando o Seu coração – como se mais uma vez o Getsêmani estivesse acontecendo na Cruz – como se a Sua alma ainda dissesse, “Meu Pai, se for possível, afasta de mim esta Cruz; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres” (Mateus 26.39) Ouçam! Ele fala. Ele não vai cantar as mais doces canções que já vieram dos lábios do mártir? Ah, não – é um terrível gemido de desgraça que jamais poderá ser imitado. “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?” (Marcos 15.34) Os mártires não disseram que – Deus estava com eles. Antigos confessos não choraram tanto quando viram a morrer. Eles gritaram enquanto queimavam e louvaram a Deus em seu suplício. Por que isto? Por que o Salvador sofreu tanto? Por que, Amados, porque foi da vontade do Pai esmagá-lo! Esse brilho da Face de Deus que havia alegrado muitos santos a morrer foi tirado de Cristo! A consciência da aceitação com Deus, a qual havia feito muitos homens santos receberem a Cruz com alegria – não foi concedida ao nosso Redentor e, portanto, Ele sofreu em densa escuridão de agonia mental. Leia o Salmo 22 e aprenda o quanto Jesus sofreu. Pausem nas solenes palavras do 1º, 2º, 6º e seguintes versículos. Sob a Igreja estão os braços eternos. Mas sob Cristo não havia braço algum! A mão de Seu Pai colocou-se pesadamente sobre Ele. As pedras superiores e inferiores da Ira Divina O pressionaram e O esmagaram. E nem uma gota de alegria ou consolação foi concedida a Ele. “Foi da vontade de Jeová esmagá-lo e fazê-lo sofrer.” Isto, meus Irmãos e Irmãs, foi o clímax da aflição do Salvador – que o Seu Pai virou-se Dele e O fez sofrer.

Assim eu expus a primeira parte do assunto – a origem do pior sofrimento de nosso Salvador, o prazer do Pai.

II. Nosso segundo tópico deve explicar o primeiro, caso contrário, seria um mistério insolúvel saber como Deus pôde fazer o Seu filho sofrer – o qual era perfeitamente Inocente – enquanto pobres falhos confessos e mártires não tiveram tal sofrimento vindo Dele no momento de suas tribulações. QUAL FOI A RAZÃO DO SOFRIMENTO DO SALVADOR? A nós é dito aqui, “o Senhor faça da vida dele uma oferta pela culpa.” Cristo foi assim perturbado porque a Sua alma foi uma oferta pelo pecado. Agora eu serei o mais simples que eu conseguir enquanto eu prego a preciosa Doutrina da Expiação de Cristo Jesus nosso Senhor. Cristo foi uma Oferta pelo pecado, no sentido de ser um Substituto. Deus queria salvar. Mas se tal palavra for permitida, a Justiça atou Suas mãos. “Eu devo ser Justo,” disse Deus. “Essa é uma necessidade da Minha Natureza. Firme como o destino e rápido como a Imutabilidade é Verdade que eu devo ser Justo. Mas o Meu coração deseja perdoar – para passar pelas transgressões dos homens e perdoá-los. Como isso pode ser feito?” A sabedoria chegou e disse, “Assim deverá ser feito.” E o Amor concordou com a Sabedoria. “Cristo Jesus, o Filho de Deus, deve ficar no lugar do homem e ser ofertado no Monte do Calvário no lugar do homem.” Agora, notem – quando vocês vêem Cristo sendo lançado na Cruz de madeira, você vê toda a companhia de Seus eleitos ali! E quando vocês vêem os pregos cravados em Suas benditas mãos e seus pés, é todo o corpo da Sua Igreja que está lá, no seu Substituto, cravado na madeira! E agora os soldados levantam a Cruz e a colocam no suporte preparado para isso. Seus ossos estão, cada um deles, deslocados e Seu corpo está tão despedaçado de agonias que não se pode nem descrever! Esse homem sofrendo ali! Ali está a Igreja sofrendo no Substituto! E quando Cristo morre, você deve olhar para a Sua morte não como a Sua própria morte, mas como a morte de todos aqueles por quem Ele foi o Bode expiatório e o Substituto! É verdade, Cristo realmente morreu. É igualmente verdade que Ele não morreu por Si mesmo, mas como o Substituto, no lugar de todos os crentes. Quando vocês morrerem, vão morrer por si próprios. Quando Cristo morreu, Ele morreu por vocês, se vocês são crentes Nele! Quando vocês passem pelos portões da sepultura, vocês vão solitários e sozinhos. Vocês não são representantes de um corpo de homens – vocês passam pelos portões da morte como indivíduos – mas, lembrem, quando Cristo passou pelos sofrimentos da morte, Ele foi a Cabeça representativa de todo o Seu povo!

Entendam, então, o significado no qual Cristo foi feito Sacrifício pelo pecado. E aqui está a glória dessa questão – foi como um Substituto pelo pecado que Ele realmente e literalmente sofreu a punição pelos pecados de todos os Seus eleitos! Quando eu digo isto, eu não estou usando uma figura de linguagem ou algo do tipo, mas eu realmente quero dizer isto. O homem, pelos seus pecados, foi condenado ao fogo eterno. Quando Deus tomou Cristo para ser o Substituto, é verdade, Ele não enviou Cristo ao fogo eterno, mas derramou dor sobre Ele – uma dor tão desesperadora que foi um pagamento válido até para uma eternidade em chamas! O homem foi condenado a viver para sempre no Inferno. Deus não enviou Cristo para ficar no Inferno para sempre. Mas Ele colocou em Cristo uma punição que foi equivalente a isso. Embora Ele não tenha dado a Cristo o verdadeiro Inferno dos crentes, deu a Ele uma retribuição igual – algo que foi equivalente a isso! Ele tomou a taça da agonia de Cristo e colocou nela – sofrimento, miséria e angústia – tais que só Deus pode imaginar ou sonhar a respeito, que foram o equivalente a todo o sofrimento, toda a aflição e todas as torturas eternas de todos que devem ir ao Céu, comprados pelo sangue de Cristo! E você pergunta, “Cristo bebeu tudo isso por sua escória? Ele sofreu tanto assim?” Sim, meus Irmãos e Irmãs, Ele tomou o cálice e –

“Em um triunfante gole de amor,
Ele bebeu toda a condenação.”

Cristo sofreu todos os horrores do Inferno – uma saraivada de ferro caiu sobre ele com granizos maiores do que qualquer capacidade. Ele permaneceu até que a nuvem negra esvaziasse completamente. Ali estava a nossa dívida, gigante e imensa. Ele pagou até o último centavo de qualquer coisa que o Seu povo devia! E agora não há mais nenhum centavo devido à Justiça de Deus no caminho da punição de qualquer cristão! E embora nós devamos gratidão a Deus, embora devamos muito ao Seu amor – nós não devemos nada a Sua Justiça, pois Cristo, naquela hora, tomou todos os nossos pecados – passado, presente e porvir e foi punido por todos eles – não devemos jamais ser punidos porque Ele sofreu no nosso lugar! Vocês conseguem ver, agora, como foi que o Deus Pai O esmagou? Se ele não tivesse feito isso, as agonias de Cristo não poderiam ser um equivalente aos nossos sofrimentos. O Inferno consiste na ocultação da face de Deus dos pecadores e se Deus não tivesse escondido a Sua face de Cristo, Cristo não poderia – eu não vejo como Ele poderia – ter suportado qualquer sofrimento que poderia ter sido aceito como equivalente às aflições e agonias de Seu povo!
Eu acho que ouvi alguém dizer, “Você quer que nós entendamos esta Expiação que você nos pregou agora como um fato literal?” Eu digo, mais que solenemente, que sim! Existem no mundo várias teorias sobre a expiação – mas eu não consigo ver em nenhuma delas alguma Expiação, a não ser nessa Doutrina da Substituição. Muitos teólogos dizem que Cristo fez algo quando morreu, que permitiu que Deus fosse justo e ainda Justificador dos ímpios. O que foi esse algo eles não dizem para nós. Eles acreditam numa expiação feita para todos. Mas, no fim, a expiação deles é apenas isto – eles acreditam que Judas foi tão reparado quando Pedro – eles acreditam que os condenados no Inferno foram um objeto da satisfação de Jesus Cristo tanto quanto os salvos no Céu! E embora eles não digam isso com todas as palavras, eles ainda querem dizer isto – pois isto é uma inferência justa, que, no caso das multidões, Cristo morreu em vão – pois Ele morreu por todos, eles dizem. E foi tão sem efeito a Sua morte por eles, que embora Ele tenha morrido por eles, eles serão todos condenados depois! Agora, tal expiação, eu desprezo – eu rejeito! Posso ser chamado de Contra a Lei, ou Calvinista por pregar uma Expiação Limitada, mas eu prefiro acreditar numa Expiação Limitada que é eficaz para todos a quem ela foi destinada, a acreditar numa expiação universal que não é eficaz para ninguém, a não ser que a vontade do homem esteja de acordo com ela! Porque, meus Irmãos e Irmãs, se nós fôssemos salvos apenas para que através da morte de Cristo qualquer um de nós pudesse se salvar depois, a Expiação de Cristo não valeria um centavo, pois não há nenhum dentre nós que possa se salvar – não, ninguém no Evangelho! Se eu serei salvo pela fé – se essa fé for o meu próprio ato, sem a assistência do Espírito Santo, - eu serei tão incapaz de me salvar pela fé quanto de me salvar pelas boas obras! E depois de tudo, embora os homens chamem isto de Expiação Limitada, isto é tão eficaz quanto as suas redenções falaciosas e apodrecidas pretendem ser! Mas vocês conhecem o limite dela? Cristo comprou uma “multidão que homem nenhum pode contar.” O seu limite é apenas esse – Ele morreu por pecadores. Qualquer um nesta congregação que se reconhece, interiormente e tristemente, como um pecador, Cristo morreu por ele! Qualquer um que deseja Cristo deve saber que Cristo morreu por ele! Nosso senso de necessidade de Cristo e nossa busca por Cristo são provas infalíveis de que Cristo morreu por nós! E notem, aqui está algo substancial – os Armínianos dizem que Cristo morreu por eles. E depois, pobres homens, eles não têm nada além de um pequeno consolo, pois eles dizem, “Ah, Cristo morreu por mim – isso não prova muita coisa. Isso apenas prova que eu serei salvo se me importar com o que serei depois. Eu posso, talvez, me esquecer de mim. Talvez eu corra para o pecado e pereça. Cristo fez um bom negócio por mim – mas não o bastante – a não ser que eu faça algo.”
Mas o homem que recebe a Bíblia como ela é, diz, “Cristo morreu por mim, então a minha vida eterna está garantida! Eu sei,” ele diz, “que Cristo não pode ser punido no lugar de um homem e o homem ser punido depois disso. Não,” ele diz, “eu creio em um Deus justo, e se Deus é Justo, Ele não vai punir Cristo primeiro, e depois punir os homens. Não – o meu Salvador morreu e agora eu estou livre de qualquer exigência da vingança de Deus e posso caminhar por esse mundo em segurança. Nenhum raio pode me atingir, e eu posso morrer absolutamente certo de que para mim não haverá fogo nenhum do Inferno, pois Cristo, meu Resgate, sofreu em meu lugar, e, portanto, eu estou liberto!” Oh, Doutrina Gloriosa! Eu gostaria de morrer pregando isso!
Que melhor testemunho podemos carregar com o amor e a fidelidade de Deus, do que o testemunho de um Substituto eminentemente satisfatório para todos os que creem em Cristo? Eu vou citar aqui o testemunho desse profundo teólogo, Dr. John Owen – “A Redenção é o livramento de um homem da miséria através da intervenção de um libertador. Agora, quando um libertador é pago para salvar um prisioneiro, a justiça não demanda que ele deve ter e aproveitar a liberdade comprada por ele com uma consideração valiosa? Se eu pudesse pagar mil libras pela liberdade de um homem da escravidão para aquele que o detém – quem tem o poder de libertá-lo e está contente com o preço que eu dei – não seria injusto para mim e para o pobre prisioneiro que a sua libertação não fosse concretizada? Pode, possivelmente, ser concebida a ideia de que existisse uma redenção aos homens, e os homens não fossem redimidos? Que um preço fosse pago e a compra não fosse consumada? Além disso tudo, ainda haveria verdadeiros e inumeráveis absurdos, se a redenção universal fosse aceita. Um preço é pago por todos, porém apenas alguns são libertos. A redenção de todos consumada, e ainda assim só alguns são redimidos? O juiz satisfeito, o carcereiro dominado, e os prisioneiros ainda na prisão? Sem dúvida, ‘redenção’ e ‘universal’, onde grande parte dos homens perece, são tão irreconciliáveis quanto ‘Romano’ e ‘Católico.’ Se há uma redenção universal, então todos os homens estão redimidos! Se eles estão redimidos, então eles estão livres de toda a miséria, virtual ou realmente, onde quer que tenham sido aprisionados, e isso pela intervenção de um libertador. Por que, então, não são todos salvos? Em uma palavra – a redenção feita por Cristo, sendo a libertação completa das pessoas de toda a miséria, em que foram enlaçadas, pelo preço do Seu sangue – não pode ser concebida como universal, a não ser que todos sejam salvos! Então a opinião dos Universalistas não serve para a redenção.”

Eu paro mais uma vez, pois eu ouço uma alma tímida dizer – “Mas, Senhor, eu tenho medo de não ser um eleito e, se assim for, Cristo não morreu por mim.” Pare, Senhor! Você é um pecador? Você sente isso? O Espírito Santo de Deus fez você se sentir um pecador perdido? Você precisa da salvação? Se você não precisa dela, não há dúvidas de que ela não foi prometida para você. Mas se você realmente sente que precisa dela, você é eleito de Deus! Se você tem o desejo de ser salvo, um desejo dado a você através do Espírito Santo, esse desejo é um sinal para o bem. Se você tem orado verdadeiramente pela salvação, você tem aí uma clara evidência de que você é salvo! Cristo foi punido por você. E se você sabe disso, você pode dizer –

“Nada em minhas mãos eu trago
Simplesmente à Tua Cruz eu me apego”

Você deve ter tanta certeza de que é eleito de Deus quanto tem de sua própria existência! Esta é a prova Infalível da Eleição – um senso de necessidade e uma sede de Cristo!

III. E agora eu tenho apenas que concluir considerando os BENDITOS EFEITOS da morte do Salvador. Nisto eu serei breve.

O primeiro efeito da morte do Salvador é, “ele verá sua descendência.” Os homens serão salvos por Cristo. Os homens têm uma descendência pela vida. Cristo tem uma descendência pela morte! Homens morrem e deixam seus filhos e não vêem a sua descendência. Cristo vive e todos os dias vê a sua descendência posta na unidade da fé! Um efeito da morte de Cristo é a salvação de multidões. Notem – não é uma salvação de chance. Quando Cristo morreu, o anjo não disse, como alguns o tem representado, “Agora pela Sua morte, muitos deverão ser salvos.” A palavra da profecia extinguiu todos os “mas” e “talvez”. “Pela Sua justiça, muitos serão justificados.” Não havia nem um átomo de chance na morte do Salvador! Cristo sabia o que estava comprando quando morreu – e o que Ele comprou, Ele terá – nada mais, nada menos! Não efeito na morte de Cristo propensa a um “talvez”. O “será” fez logo a Aliança! A morte sangrenta de Cristo irá efetuar o seu propósito solene. Cada herdeiro da Graça Divina irá encontrar no Trono –

“Irá bendizer as maravilhas de Sua Graça,
E tornar as Suas glórias conhecidas.”

O segundo efeito da morte de Cristo é, “Ele prolongará seus dias.” Sim, bendito seja o Seu nome, quando Ele morreu, Ele não acabou com a Sua vida! Ele não poderia ser como um prisioneiro no túmulo. O terceiro dia chegou e o Conquistador, levantando de Seu sono, desatou os grilhões da morte e saiu de Sua prisão, para não mais morrer.  Ele esperou os Seus 40 dias e depois com hinos sagrados, Ele “levou cativo o cativeiro e subiu ao alto.” “Pois, quanto a ter morrido, morreu de uma vez para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus,” (Romanos 6.10) para não mais morrer –

“Agora ao lado de Seu Pai Ele assenta,
E ali triunfante reina,”

O vencedor sobre a morte e o Inferno!

E, por fim, pela morte de Cristo o prazer do Pai foi efetuado e próspero. O prazer de Deus é que este mundo será um dia totalmente redimido do pecado. O prazer de Deus é que este pobre planeta, há tanto tempo mergulhado em escuridão, irá em breve brilhar como um sol nascente. A morte de Cristo fez isso! O ribeiro que fluiu ao Seu lado no Calvário limpará o mundo de toda a sua escuridão. Essa hora de escuridão no meio do dia foi o nascer de um novo sol de justiça que nunca cessará de brilhar sobre a Terra. Sim, está chegando a hora em que espadas e lanças serão coisas esquecidas – quando as armaduras da guerra e o esplendor da pompa serão todos deixados de lado para alimentar as minhocas ou para contemplação dos curiosos. É próxima a hora em que a antiga Roma tremerá sobre suas sete colinas! Quando o emblema de Maomé não mais será reduzido à cera – quando todos os deuses dos pagãos perderão os seus tronos e serão atirados às toupeiras e aos morcegos! E depois, do Equador aos Polos, Cristo será honrado, o Senhor supremo da Terra, de terra a terra, do rio até o fim do mundo! Um Rei irá reinar, um grito será levantado, “Aleluia, aleluia, o Senhor Deus Onipotente reina!” Então, meus Irmãos e Irmãs, será visto o que a morte de Cristo realizou, pois “a vontade do Senhor prosperará em sua mão.” Amém. Amém. Amém.














60) FALSO ENSINO

ÍNDICE

1 - Fugindo dos Traficantes de Promessas
2 - O que é uma "Raiz de Amargura"?
3 - O Perigo da Interpretação Fora de Contexto
4 - Como Não Ser Enganado
5 - Acautelai-vos dos Falsos Profetas
6 - “Vede Que Ninguém vos Engane” (Mateus 24.4)


1 - Fugindo dos Traficantes de Promessas

Não há nada mais arriscado e perigoso para a segurança eterna da alma humana, do que a sua busca de consolação barata baseada em promessas falsas ou em palavras de conforto que ocultem a verdade relativa à sua real condição.
Há muitos falsos aduladores que agem com engano, mas mesmo no caso de uma intenção sincera, podemos, no afã de levantar o caído, ajudá-lo a firmar uma convicção que o conduzirá a um abismo ainda mais profundo, por confirmá-lo no seu pecado, com palavras consoladoras e positivas de que afinal, tudo vai bem com a sua alma. Daí se dizer comumente que o inferno está cheio de gente bem intencionada.
Se pretendemos ser ajudadores de fato eficazes, devemos primeiro remover a trave que existe em nossos próprios olhos, para que tendo a visão limpa para o conhecimento da verdade do evangelho, e sobretudo do modo pelo qual ela cura a enfermidade mortal na qual toda alma se encontra, naturalmente, possamos expô-la com sabedoria e na unção do Espírito, para conduzir a alma enferma ao Único e Grande Médico que pode curá-la, nosso Senhor Jesus Cristo.  

Não há um caminho fácil para a salvação que conduz ao céu. Nosso Senhor afirma expressamente que Ele é apertado, e muitas renúncias nos são impostas para adentrá-lo, inclusive a relativa ao próprio ego e ao pecado.






2 - O que é uma "Raiz de Amargura"?

Por John Piper

"Amargura" é normalmente associada à raiva e ressentimentos. Mas é esse o significado em Hebreus 12:15? "Atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados"? Acho que não.

Vamos fazer algumas perguntas. Primeiramente, "raiz de amargura" significa que a raiz é amargura (como bloco de madeira)? Ou significa que a raiz cresce como planta e traz o fruto amargo? Segundo, "amargura" em Hebreus 12:15 significa "raiva infecciosa", ou significa "venenosa e horrível"? Terceiro, de onde vem esta imagem de uma "raiz de amargura"?

Vamos começar pela última pergunta. Resposta: Ela vem de Deuteronômio 29:18. "Para que, entre vós, não haja homem, nem mulher, nem família, nem tribo cujo coração, hoje, se desvie do SENHOR, nosso Deus, e vá servir aos deuses destas nações; para que não haja entre vós raiz que produza erva venenosa e amarga." Esse pano de fundo também nos ajuda a responder as duas primeiras perguntas: a raiz não é em si mesma a amargura, mas produz fruto de amargura. E a amargura que ela produz é algo venenoso. Esse fruto amargo pode ser uma raiva infecciosa, ou algo mais. A questão é que isso parece ser mortal.

A pergunta chave é: o que é esta raiz que faz brotar fruto amargo e mortal na igreja? O versículo seguinte em Deuteronômio 29 dá a resposta surpreendente, mas encaixa-se perfeitamente com o livro de Hebreus. Versículo 18 termina assim: "...para que não haja entre vós raiz que produza erva venenosa e amarga." E então o verso 19 começa definindo essa raiz: "...ninguém que, ouvindo as palavras desta maldição, se abençoe no seu íntimo, dizendo: Terei paz, ainda que ande na perversidade do meu coração, para acrescentar à sede a bebedice."

O que é então a raiz que produz o fruto amargo? É a pessoa que tem a visão errada da segurança eterna. Sente-se seguro quando não está seguro. Ele diz, "Terei paz [=segurança], ainda que ande na perversidade do meu coração." Ele não entende direito a aliança que Deus fez. Ele pensa que porque é parte do povo da aliança, ele está livre do julgamento de Deus.

Esse tipo de suposição é o que o livro de Hebreus trata repetitivamente - cristãos professos que achavam estar seguros por causa de alguma experiência espiritual passada ou alguma associação presente com o povo cristão. O objetivo de Hebreus é curar os cristãos da suposição, e cultivar fervorosa perseverança em fé e santidade. Pelo menos quatro vezes o livro nos alerta que não devemos rejeitar nossa grandiosa salvação, mas estar vigilantes para lutar a luta da fé todos os dias para não ficarmos endurecidos, e nos afastarmos, e provar que não tínhamos parte com Cristo (2:3; 3:12-14; 6:4-7; 10:23-29).

Esse também é o objetivo do contexto do termo "raiz de amargura" em Hebreus 12:15. "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados" (12:14-15). Esse é um alerta não para tratar a santidade brandamente ou para presumir mais graça.

Portanto, uma "raiz de amargura" é a pessoa ou doutrina na igreja que encoraja as pessoas a agirem presunçosamente e tratar salvação como coisa automática que não requer uma vida de vigilância na luta da fé e busca por santidade. Tal pessoa ou doutrina contamina muitas pessoas e pode levar à experiência de Esaú, que tratou levianamente sua herança e não pode arrepender-se no fim, e encontrar vida.

Sensatamente,

Pastor John







3 - O Perigo da Interpretação Fora de Contexto

“1Co 2:4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder,
1Co 2:5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.”

Lembro-me ainda hoje das palavras de um dos meus professores de teologia, Pr Israel Moreira, na década de 80, que sempre dizia que interpretação fora de contexto é para servir de pretexto.
Ele o dizia com muita propriedade porque é justamente o que sucede, seja por ignorância, seja para fins escusos.
Por exemplo: não raro as palavras do apóstolo Paulo em nosso texto, são usadas por muitos para justificarem a não necessidade de se aplicar ao estudo da Palavra de Deus, porque, segundo eles, somente é necessário agir como o apóstolo, que sempre fazia demonstrações do poder do Espírito Santo em todas as suas pregações.
Num outro texto, intitulado “Prescrevendo Apenas o Remédio”, expusemos a interpretação desta afirmação de Paulo no seu respectivo contexto imediato (I Coríntios 2.1-8).
Agora, gostaríamos apenas de enforcar que não podemos esquecer que na mesma epístola que dirigiu aos Coríntios, o apóstolo estava justamente combatendo o mau uso dos dons sobrenaturais do Espírito Santo, e enfatizou a necessidade absoluta de ordem e decência em tudo o que se fizesse na Igreja de Cristo, e apontou o caminho sobremodo excelente do amor, como sendo a prioridade número para a fé e prática de todos os cristãos.
Ele combateu os desvios de comportamento e afirmou a necessidade de santificação pela Palavra de Deus, em todos os deveres que são nela ordenados.
O poder do Espírito Santo acompanha sempre a prática da Palavra do Senhor.
Jesus disse aos saduceus que eles erravam por não conhecerem a ambos.
Não somos portanto desobrigados por Deus de um viver segundo a Sua Palavra, a pretexto de bastar-nos ter o poder do Espírito Santo.
Ninguém é menos cristão por não profetizar, por não falar em outras línguas, por não ter dons de curar, ou qualquer outro dom espiritual, que a par de muito importantes são adventícios, não estão ligados à nossa nova natureza, e haverão de desaparecer, enquanto o amor permanecerá para sempre.







4 - Como Não Ser Enganado

Quando o cristão aceita as falsificações de Satanás, em sua ignorância, ele pensa e crê que está obedecendo às condições divinas para subir a uma vida espiritual mais elevada; e considerando que na verdade ele está obedecendo condições satânicas na sua vida, em vez de subir, ele desce num abismo de engano e sofrimento.
Satanás usa ciladas contra os cristãos porque ele sabe que nunca obterá o consentimento voluntário de um cristão para a entrada e controle de espíritos malignos.
Então ele sabe que somente pode esperar ter este consentimento através de engano fingindo ser o próprio Deus ou um dos seus mensageiros.
Ele sabe também que um cristão está determinado a obedecer a Deus a todo custo e deseja o conhecimento de Deus acima de qualquer outro na terra.
Então não há nenhum outro modo de enganar senão o tentar obter a cooperação do cristão através de enganos.
É sumamente essencial um grande preparo nas Escrituras, especialmente dos líderes da Igreja, de maneira que firmados na Palavra possam resistir às tentações e enganos de Satanás tal como Jesus o venceu no deserto usando simplesmente a Palavra de Deus.
Nenhum cristão que esteja faltoso neste conhecimento da Palavra deveria se aventurar numa experiência sobrenatural profunda com as realidades espirituais para não ficar à mercê do engano do diabo.
Não admira portanto o quanto Jesus se esforçou para primeiro purificar os discípulos pela Palavra para que fossem somente depois, batizados com poder pelo Espírito Santo, de maneira a não ficarem expostos a uma falsificação do diabo.
O cristão não deve imaginar como deve ser o mundo sobrenatural e nem tentar “sentir” o que seja este mundo espiritual em conformidade com aquilo que tenha montado em sua mente por sua imaginação ou por influência de outros, mas deve crer no que está contido na Palavra de Deus em relação a tais realidades espirituais, de maneira que saiba discernir entre aquilo que procede verdadeiramente de Deus e aquilo que é falso, produzido pelo diabo, pela mente, pela alma ou espírito humanos.
As falsificações do diabo chegarão a um tal ponto que muitos afirmarão ser o próprio Cristo, e falsos profetas e mestres farão sinais e maravilhas por toda a parte em Seu nome.
Daí ser ordenado na Bíblia aos cristãos que sejam cheios do Espírito Santo e que façam a obra de Deus debaixo do poder do Espírito.
A ordenança bíblica é que nos sujeitemos a Deus e que resistamos pela fé ao diabo, e assim ele fugirá de nós.
Esta é a única forma de nos guardarmos das suas operações enganosas.
E não seria lícito ou aprovado por Deus que temêssemos nos aproximar em espírito do Santo dos Santos para adorá-Lo, para não ficarmos expostos a qualquer aproximação do Inimigo.
Ele sempre tentará fazer isto quando achar oportuno, tal como fez nos dias de Jó quando se aproximou do céu quando os filhos de Deus foram ter com Ele.
O diabo anda em derredor buscando a quem possa tragar.
Esta é a verdade bíblica do que temos que experimentar neste mundo.
Não adianta portanto tentar fugir desta realidade, senão enfrentá-la revestidos com toda a armadura de Deus, e depois de tudo vencermos, permanecermos firmes e inabaláveis.








5 - Acautelai-vos dos Falsos Profetas

Isto disse Jesus, especialmente para aqueles que como nós, estivessem vivendo nos últimos dias, quando haveria a apostasia da Igreja.

Definição de profeta: Aquele que fala da parte de Deus aos homens.

Em relação ao evangelho, profeta é portanto aquele que anuncia o evangelho de Jesus Cristo com a mesma precisão da verdade tal como se encontra registrada na Bíblia.
Mais precisamente... é aquele que conduz por sua mensagem, pessoas a terem um encontro pessoal com Jesus Cristo, e a andarem em conformidade com a Sua santa vontade.
Este é o profeta do Novo Testamento, desde que nosso Senhor Jesus Cristo se manifestou com a revelação final da verdade, nada deixando para que lhe fosse acrescentado; de modo que se alguém se levanta anunciando alguma mensagem que afirme ser uma nova revelação da vontade de Deus para a Igreja, que contrarie o que já foi revelado nas Escrituras, esta pessoa estará pregando algo falso.
Agora, através do dom de profecia, Deus pode usar a quem Ele quiser, para - dentro do contexto e tom das Escrituras - exortar, consolar ou edificar a Sua igreja.
Como a salvação e edificação de almas é feita através da fé na mensagem do genuíno evangelho de Cristo, é evidente que Satanás usará de todos os meios e artifícios para distorcer e adulterar a referida mensagem de forma que não produza o efeito esperado por Deus.
O meio mais comum de fazê-lo então será por levantar lideres no meio da própria Igreja que passem por dignos, confiáveis mensageiros do evangelho, quando na verdade são lobos em pele de cordeiro.
Para isto, não há necessidade que aquele que será usado pelo diabo para enganar a muitos, esteja consciente do que está fazendo, de maneira que há muitos que enganam que também estão sendo enganados pelo diabo, porque pensam que estão pregando e ensinando a verdade, e agindo de modo verdadeiramente cristão, quando na verdade não o estão fazendo.
Todavia, muitos destes que são enganados pelo diabo para ministrarem um evangelho adulterado, são despertados posteriormente pela graça de Deus e chegam ao conhecimento da verdade, à qual agora eles se apegam com toda a sua alma.
Assim, quando a Bíblia faz firmes e severas repreensões contra os falsos profetas, não é propriamente a estes irmãos que andaram confusos por algum tempo, mas àqueles que obstinadamente resistem a uma vida verdadeiramente santa, operada por uma submissão humilde e sincera aos mandamentos do Senhor, e cujo ego inchado é usado pelo diabo, criando neles convicções reativas ao evangelho e ao modo de se andar na igreja, que contrariam frontalmente os mandamentos de Jesus, de modo a manter os crentes afastados daquela verdadeira santificação que seria produzida em suas vidas caso lhes fosse ministrada a verdade.
É a este tipo de falsos profetas e mestres que o apóstolo Pedro se refere em sua segunda epístola.    
Pedro disse que estes falsos profetas e mestres introduziriam suas heresias destruidoras na Igreja de maneira encoberta, isto é, agindo como lobos em peles de ovelhas tal como Jesus havia alertado a Igreja para que se acautelasse deles, exatamente por causa desta dificuldade de serem logo identificados.
Eles negam o Senhor porque não pregam debaixo da obediência à Sua vontade somente aquilo que Ele nos ordenou para ser ensinado e guardado.
Eles pregam algumas coisas agradáveis do evangelho pela própria escolha deles para agradarem e seduzirem as pessoas.
Eles não pregarão o escândalo da cruz, e não atacarão firme o pecado, e não disciplinarão os crentes com toda a longanimidade e doutrina, antes pregarão uma graça irresponsável que não é a verdadeira graça - a qual exige diligência e santificação dos cristãos, ou então pregarão uma salvação por meio de obras, e não pela graça, mediante a fé, de modo a manterem as pessoas atemorizadas e debaixo do domínio deles, por temerem que não venham a cumprir as suas ordens e desejos - que impõem aos crentes como coisas necessárias para que não se desagrade a Deus.
Eles, servem a si mesmos e não ao Senhor e aos interesses do Seu reino.
Assim, o evangelho destes falsos profetas e mestres não tem porta estreita, nem caminho estreito para a salvação, segundo a santificação que leva à mortificação de todo tipo de pecado, e a um andar na justiça evangélica; senão uma porta ampla e um caminho largo para os crentes viverem desordenadamente, desde que atendam aos interesses de seus "líderes" que constituíram a si mesmos sobre eles - não da parte do Senhor e nem por uma chamada específica para o exercício do ministério.
Como pregariam a mensagem relativa à graça e a verdade do evangelho, quando eles mesmos não a conhecem?
Como pregariam a santificação evangélica, quando eles próprios não a vivem?
Eles falam de Jesus, mas o Jesus que eles pregam não é o da Bíblia, e por isso o apóstolo afirma que eles negam o Senhor que os resgatou, e com isso trazem sobre si mesmos repentina destruição (v. 1).
Nenhum cristão bem instruído pelo Espírito deveria permanecer debaixo da liderança destes falsos profetas e mestres, porque são muitos os que seguem as suas dissoluções, e por causa deles o caminho da verdade é blasfemado (v. 2), porque a santificação não será forjada na vida dos seus ouvintes, porque eles vivem na carne e não pregam a verdade, e sem a prática da Palavra não há santificação, assim como quem prega na carne nada mais pode gerar senão o que é carnal, e jamais o que seja verdadeiramente espiritual.
Uma outra característica destes falsos profetas e mestres é que eles ministram movidos pela ganância, porque o que eles visam verdadeiramente não é a glória de Deus, mas aquilo que é do próprio interesse egoísta deles, e para atingir os seus propósitos pessoais eles agem usando palavras fingidas, e usam os cristãos como fossem uma mercadoria deles, para  atingirem dos seus objetivos gananciosos (v. 3).
E isto não tem a ver somente com vantagem financeira, mas com fama, primazia, louvor do ego inchado deles.
No entanto a condenação deles já foi lavrada por Deus há muito tempo e a destruição deles é certa, porque o Senhor dar-lhes-á a devida paga a Seu tempo, conforme afirma o apóstolo Pedro.
Se nem mesmo aos anjos que pecaram,  ele poupou lançando-os no inferno, e tem mantido a muitos deles no abismo de trevas, onde se encontram aguardando o dia do juízo final sobre eles (v. 4), quanto mais não serão condenados pelo Senhor estes falsos ministros que estão a serviço do diabo.
Também com certeza não os poupará porque somente Noé e mais sete pessoas foram livradas do inferno quando Deus destruiu milhões de pessoas com as águas do dilúvio; e somente Ló foi livrado da destruição pelo fogo das cidades de Sodoma e Gomorra, as quais Deus colocou como exemplo do que sucederá a todos os que vivem impiamente (v. 5, 6).
Assim como o Senhor livrou Ló, de igual modo Ele sabe como livrar os piedosos da tentação, e reservar para o dia do juízo os injustos que ele começou a castigar ainda aqui neste mundo para revelar que haverá de fato um juízo final (v. 7 a 9).
Satanás e os seus ministros procuram se levantar principalmente contra a autoridade de Deus, e como não podem atingi-lo diretamente, eles atacam as autoridades que foram instituídas por Ele, rebelando-se contra elas com seu atrevimento, arrogância e não receiam blasfemar da dignidade delas, enquanto que os próprios anjos, embora sejam maiores em força e em poder, não pronunciam juízo blasfemo contra tais autoridades diante do Senhor (v. 10, 11).
Depois de nos colocar em alerta contra os sedutores, o apóstolo passou a descrevê-los mais detalhadamente a partir do verso 12; e neste verso eles são descritos como aqueles vasos de ira preparados para a destruição, porque seguem resolutamente a natureza terrena deles agindo como fossem criaturas irracionais, porque não fazem uso adequado da razão para levarem seus pensamentos cativos à obediência de Cristo, de maneira que, por natureza, permanecem na condição de existirem para serem aprisionados e mortos espiritualmente, e como blasfemam daquilo que não deveriam blasfemar, mas o fazem porque não podem entender a natureza das coisas contra as quais blasfemam, é certo que perecerão na sua corrupção.
Eles se riem daqueles que levam a vontade de Deus a sério, e que se santificam, porque isto é para eles algo exagerado, fanático, desnecessário, e assim, eles blasfemam contra as coisas santas de Deus.
Como eles vivem na carne, o seu prazer  está voltado para deleites, entretenimentos, festas, reuniões para o propósito de satisfazerem a carne com banquetes e outros deleites relativos às paixões e desejos de suas almas ímpias.
Como não podem caminhar na verdade se deleitam nas suas dissimulações, porque vivem do engano, e têm prazer nisto.
Eles são verdadeiras manchas para o nome de Cristo e da Sua Igreja.
São adúlteros espirituais, pois se aliançam com o mundo e com aqueles que servem a Satanás, a pretexto de ampliarem a obra de Deus (construção de templos suntuosos, obras sociais de fachada etc), e a fome deles para pecar não pode ser saciada, e assim toda alma que for inconstante será engodada por eles.
O coração deles se exercita continuamente na ganância, e são filhos de maldição porque seguem pelo mesmo caminho de Balaão, que profetizava por dinheiro.
Eles deixaram voluntariamente o caminho de Deus e se desviaram por amarem o prêmio da injustiça tal como fizera Balaão, o modelo deles do passado.
Alegam servir a Deus e seguir as Escrituras, mas não dão a devida consideração aos mandamentos de Cristo para pô-los em prática em suas vidas e nas dos crentes que dirigem (v. 13 a 16).
Eles se apresentam como fontes, mas não têm água para saciar a sede dos que têm sede da água viva do Espírito; são nuvens levadas pelo vento e que também não trazem chuva para regar a terra de corações, que necessitam serem amolecidos, e assim o que está reservado para eles é a negridão das trevas (v. 17).
Quão distante estão portanto estes falsos profetas e mestres do exemplo de humildade e mansidão que houve em Cristo e que deve ser achado também em todos os Seus ministros.
Quão longe eles estão daquela santidade de vida que deve existir em todos os verdadeiros ministros de Cristo.
Quão resistentes eles são à Palavra de Deus e ao trabalho do Espírito, sobretudo no que diz respeito à implantação de todas as graças que o apóstolo relacionou no primeiro capítulo da sua segunda epístola.
Por tudo isto eles comprovam que são pessoas que não possuem de fato a habitação do Espírito Santo, que lhes teria regenerado e santificado, tornando-lhes novas criaturas.
Estes falsos profetas e mestres se intrometeriam na liderança da Igreja, mas o apóstolo está alertando os cristãos para não reconhecerem a tais homens e não permitirem que eles permaneçam no exercício do ministério, porque debaixo da liderança deles o rebanho certamente será posto a se perder.
A sedução deles consiste em atrair os discípulos para uma vida carnal e sensual que não lhes exija, conforme é da vontade de Deus, a mortificação do pecado e a prática da justiça, por um andar no Espírito.
Então eles agradarão a muitos, porque não são poucos os que resistem a um viver e um andar no Espírito, e que consideram ser possível agradar a Deus vivendo na carne.
Eles sinalizam com liberdade total sob a alegação de que os cristãos estão na graça - a graça para eles é libertinagem e não a verdadeira graça de Deus que é o poder de Deus para vencer o pecado, o diabo e o mundo.
E então eles próprios permanecem ainda presos às suas cobiças e pecados, enquanto oferecem aos outros uma liberdade que eles próprios não possuem.
O que pode parecer para muitos ser uma vantagem para os falsos profetas e mestres, o fato deles terem algum conhecimento nocional da verdade das Escrituras em suas mentes, apesar de não tê-lo por experiência em seus corações, que isto servirá pelo menos de abrandamento da pena para eles no dia do Juízo.
No entanto, isto não será uma circunstância atenuante, senão agravante, porque o apóstolo afirma que o último estado deles será pior do que o primeiro, porque seria melhor que fossem totalmente ignorantes acerca dos caminhos de Deus, do que conhecendo o que se exige para andar neste caminho, tenham vivido num outro caminho diferente, e ainda conduzindo a outros a caminharem de maneira errada (v. 18 a 22).
Não haverá portanto nenhuma consideração da parte de Deus no dia do Juízo para aqueles que tenham vivido por um período, ainda que apenas de maneira externa, segundo os mandamentos da Palavra, e que logo depois vieram a apostatar entregando-se abertamente à prática das antigas corrupções que eles haviam abandonado temporariamente, eles serão considerados como o cão que voltou ao seu vômito e a porca lavada que voltou ao lamaçal.
Estas palavras são também reafirmadas em essência pelo apóstolo Judas, irmão do Senhor Jesus, na curta epístola do Novo Testamento, que escreveu e que leva o seu nome.
Somente a justiça de Cristo aplicada à alma, e a perseverança na santificação, que comprova e é a evidência de ter sido de fato justificado pela graça mediante a fé, pode livrar da condenação vindoura.
Este é o fruto que não será achado na vida dos falsos profetas. É por não terem este fruto verdadeiro de santidade e justiça que podemos conhecê-los, porque o "evangelho" que eles pregam e ensinam não pode gerar tal fruto nem na vida deles, nem na dos seus ouvintes.








6 - “Vede Que Ninguém vos Engane” (Mateus 24.4)

“Mat 24:3 No monte das Oliveiras, achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dele os discípulos, em particular, e lhe pediram: Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século.
Mat 24:4 E ele lhes respondeu: Vede que ninguém vos engane.
Mat 24:5 Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos.”

“Mat 24:23 Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis;
Mat 24:24 porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.
Mat 24:25 Vede que vo-lo tenho predito.”

Ao ser indagado por seus discípulos quanto aos sinais da proximidade da sua segunda vinda para estabelecer o seu reino sobre a Terra, nosso Senhor Jesus Cristo enfatizou especialmente que não se deixassem enganar pelos falsos cristos que se apresentariam como messias e salvadores do mundo.
Ora, para não sermos enganados é necessário conhecer Aquele que é o verdadeiro para poder discernir o que é falso.
O reino terreno de Jesus será inaugurado de forma abrupta e instantânea pela Sua segunda vinda em poder e grande glória, descendo do céu acompanhado dos seus santos, e todo olho o verá nos quatro cantos da Terra.
O Cristo verdadeiro virá do céu para o qual subiu depois que havia ressuscitado, e não da própria Terra, conforme têm sido levantados todos os falsos cristos, pela eficácia de Satanás.
Não necessitará portanto de que seja estabelecido um programa misterioso (2 Tes 2.7) e que se use de quaisquer meios que justifiquem o fim, conforme o que tem sido usado para trazer o Anticristo ao governo mundial.
Este programa iníquo tem em vista enganar até mesmo os eleitos, todavia não é possível afastá-los definitivamente do Seu Senhor.
Mas Jesus predisse tudo o que haveria de acontecer para que nos acautelássemos e não fôssemos enganados por aqueles que dizem estar lutando para trazer à luz um mundo melhor, e que no final das contas, seus propósitos ocultos são muito diferentes disso. Eles querem um mundo melhor para si próprios, para se perpetuarem no poder pelo controle das massas, como foi o caso de Alexandre Magno, Napoleão, Hitler e muitos outros que estão trabalhando intensamente para isto em nossos próprios dias.
Tem sido objeto de propaganda contínua da chamada Nova Ordem Mundial, o oferecimento de uma liberdade que não passa de escravidão à vontade do diabo, uma vez que é contrária aos valores morais da Bíblia.
Coisas que são abomináveis para Deus são o produto constante que tem sido apresentado por todas as formas de mídia.
Enfim, a paz, segurança e liberdade que os falsos cristos, profetas e mestres da engenhosa máquina que conduzirá o Anticristo ao poder, são falsas, mentirosas, enganosas, tanto quanto eles o são.
Portanto: ““Vede Que Ninguém vos Engane”.













61) FAMÍLIA

ÍNDICE

1 - DEVERES EM FAMÍLIA
2 - Mate a Ira Antes que Ela Mate Você ou Seu Casamento
3 - A RAZÃO DE CUIDARMOS DA RELAÇÃO COM NOSSOS FILHOS.
4 - A Criação da Família Tendo Esperança Mesmo nos Piores Tempos
5 - A Família mais problemática do mundo
6 - Casamento é Coisa Muito Séria
7 - Casamento: Perdoando e Tolerando
8 - Continuar Casado Não Depende de Continuar Apaixonado - Parte 1
9 - Continuar Casado Não se Baseia em Continuar Apaixonado - Parte 2
10 - Doze Maneiras de Amar os Seus Filhos Desobedientes
11 - Criando Crianças que Confiam em Deus
12 - Como Ser um Refúgio para Seus Filhos
13 - Relacionamento dos Cônjuges (I Pedro 3.1-7)


1 - DEVERES EM FAMÍLIA

Se o despojamento do velho homem consiste na mortificação das obras da carne pelo Espírito Santo; o revestimento da nova criatura pelo mesmo Espírito consiste na prática da justiça evangélica e das graças e virtudes do Espírito, que chamamos de fruto do Espírito.
Por isso Paulo exortou os colossenses a se revestirem, na condição de eleitos de Deus, sendo santos e amados, de um coração misericordioso, de benignidade, de humildade, mansidão e longanimidade, suportando-se e perdoando-se mutuamente, tendo por modelo o próprio Senhor que nos perdoou.
 E além de tudo isto, e acima de tudo, eles deveriam se revestir do amor, porque não há aperfeiçoamento espiritual sem o amor que procede de Deus e que é fruto do Espírito Santo.
Além de todas estas coisas que devem ser achadas na vida dos cristãos, e neles aumentando progressivamente, eles deveriam se empenhar para serem achados com a paz de Cristo dominando os seus corações, porque foram chamados para fazerem parte de um corpo, a saber a Igreja do Senhor; assim, em vez de viverem em contendas, eles deveriam ser agradecidos a Deus pelos seus irmãos em Cristo, por formarem um só corpo com eles, e praticarem o perdão quando tivessem motivos de queixa contra alguém.
Mas estas graças não poderiam ser achadas operando em suas vidas caso a Palavra de Cristo não estivesse habitando ricamente neles, e em verdadeira sabedoria, pelo ensino e admoestação mútuos, através desta mesma Palavra, através de salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão em seus corações, de maneira que tudo quanto fizessem fosse por palavras ou por obras, fosse feito no nome do Senhor Jesus, dando ações de graças por Ele a Deus Pai, conforme se ordena em Colossenses 3.16.
Então todos os cristãos verdadeiros estarão dispostos a serem ensinados e admoestados por seus irmãos em Cristo para que possam ser transformados em pessoas cada vez mais santas, e aperfeiçoadas na justiça e na verdade, conforme é da vontade de Deus.
Deus quer ser louvado por Seu grande amor e bondade para conosco, e pela Sua Grandeza e Majestade.
Especialmente quando Ele nos livra dos nossos fardos, canseiras, opressões, e coloca alegria e paz nos nossos corações, nós devemos expressar a nossa gratidão a Ele com cânticos de louvor ao Seu santo nome.
O estado de vida de paz com Deus, consigo mesmo e com os outros, somente pode se tornar uma realidade, quando somos submissos de coração ao Senhor, comprovando-o pela obediência às ordenanças que Ele nos fez quanto à submissão que deveríamos ter em diversas áreas de relacionamentos, e o modo de nos conduzirmos no cuidado, especialmente pela vivência em paz em família, no relacionamento de esposos, filhos e pais.
Há portanto, da parte de Deus para nós, condições, para agirmos como esposos, como pais e como filhos. E quando tais ordenanças são descumpridas, não podemos contar que Deus nos dará a paz de Cristo para reinar em nossos corações.
A vida do alto que recebemos da parte de Deus, será portanto, manifestada, somente quando nos submetermos à Sua vontade, quanto ao cumprimento destas ordenanças práticas relativas ao nosso modo de viver em nossos relacionamentos, especialmente na unidade básica de relacionamento que é a família, enquanto os filhos se encontram debaixo do governo de seus pais, e não se tornam independentes, pela constituição de suas próprias famílias através do casamento.
Isto é algo tão sério, que a verdadeira conversão de uma mulher casada é comprovada pelo amor e cuidado real que tenha por seu marido e filhos.
Assim, uma mulher que seja casada ou tenha filhos, comprovará para si mesma se é de fato convertida, pelo cuidado prático que demonstrar para a edificação do seu lar, no amor prático devotado a seu esposo e filhos.
Isto que temos afirmado pode ser visto particularmente no texto de I Tim 2.15.
Por isso, lemos o seguinte nos versos 18 e 19 deste terceiro capitulo de Colossenses:
 “18 Vós, mulheres, sede submissas a vossos maridos, como convém no Senhor. 19 Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não as trateis asperamente.” (v. 18, 19).
Especialmente uma esposa cristã deve ser submissa ao seu marido, porque como diz Paulo, isto convém no Senhor. É conveniente por ela pertencer ao Senhor e porque a esposa está para o seu marido, assim como a Igreja está para Cristo. Ela representa portanto alegoricamente a Igreja, a qual deve  estar submissa a Cristo, que é cabeça da Igreja.
O modo desta submissão não é de subserviência ou sujeição passiva, mas de cooperação ativa com a liderança dada por Deus ao seu marido, para que juntos, em amor e respeito, consideração e admiração mútuos cumpram a missão que têm que levar a efeito na edificação do seu lar.
E assim como Cristo ama a Igreja e não a trata asperamente em Seu relacionamento com ela, de igual modo os maridos, não devem exercer a função de cabeça de seus lares tratando suas esposas com aspereza, antes devem amá-las tal como Cristo ama a Igreja, dando a sua vida por ela.
Depois o apóstolo falou em Col 3.20 sobre o dever dos filhos em relação a seus pais.
“Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais; porque isto é agradável ao Senhor.” (v. 20).
Os filhos devem obedecer a seus pais em todas as coisas porque isto é do agrado de Deus; uma vez que constituiu os pais com o direito natural sobre os seus filhos, para educá-los nos Seus caminhos.
Mas é ordenado aos pais que não irritem os seus filhos, de maneira que os tornem desanimados para obedecê-los conforme convém, no Senhor.
O mau temperamento dos pais pode se tornar uma pedra de tropeço para a obediência de seus filhos, porque ficarão desestimulados por pouco verem da ternura e da longanimidade e paciência de Cristo nos mesmos.
Finalmente, o apóstolo se referiu aos que estão debaixo de servidão, dizendo que devem obedecer em tudo a seus senhores segundo a carne, não fazendo o seu dever somente quando eles estiverem presentes, ou como para agradar a homens, mas fazendo-o com sinceridade de coração por temor ao Senhor, sabendo que esta é a vontade de Deus para eles.
E de um modo geral, tudo que seja do dever dos cristãos deve ser feito de todo o coração, como para o Senhor mesmo, e não para o mero agrado dos homens, porque os que assim procedem receberão a justa recompensa, porque estão servindo a Cristo, reconhecendo que Ele é o Senhor, que tem ordenado todas estas coisas, e sabendo que todo aquele que vive na prática da injustiça receberá o devido castigo pela injustiça que fez, e nisto, o Senhor não faz acepção de pessoas.
Tudo o que fazemos por meio do corpo neste mundo será passado em revista pelo Senhor no tribunal de Cristo.
Então é pelo dever de consciência para com Ele que devemos medir todos os nossos pensamentos, ações e deveres, porque será a Ele que teremos que prestar contas da submissão, obediência, amor e serviço que devíamos àqueles aos quais Ele tem determinado em Sua Palavra.
Em suma, é pelo temor dEle e não pelo temor de homens que devemos nos empenhar em sermos achados obedientes à Sua vontade, e especialmente pelo grande amor que devemos devotar a Deus que deve ser acima de tudo e de todos.
Amor este que será comprovado pela nossa real submissão à sua vontade, nos submetendo a todas estas ordenanças que nos foram dadas não somente neste terceiro capítulo de Colossenses, bem com em tudo o que nos tem ordenado na Bíblia.
Amar a Deus equivale a obedecê-lo. E obedecer a Deus equivale a obedecer a Sua Palavra.







2 - Mate a Ira Antes que Ela Mate Você ou Seu Casamento

Por John Piper

No casamento, a ira e a luxúria competem como assassinos. Minha opinião é que a ira é um inimigo pior que a luxúria. A ira também destrói outros tipos de relacionamento. Algumas pessoas têm mais raiva do que imaginam, porque ela tem disfarces. Quando a força de vontade impede a raiva, a ira fica ardendo no íntimo, e os dentes da alma rangem com frustração. Ela pode manifestar-se em lágrimas que parecem mais com mágoa. Mas o coração aprendeu que esse pode ser o único jeito de magoar de volta. Pode manifestar-se como silêncio porque resolvemos não brigar. Pode aparecer em críticas exigentes e correções severas. Pode atingir pessoas que não têm nada a ver com a origem da raiva. Ela frequentemente se sentirá justificada pela causa ser um erro. Afinal de contas, Jesus sentiu raiva (Marcos 3:5), e Paulo disse: "Irai-vos e não pequeis" (Efésios 4:26).

No entanto, "raiva boa" entre pessoas caídas é rara. Foi por isso que Tiago disse: "Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus." (Tiago 1:19-20). E Paulo disse: "Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade." (1 Timóteo 2:8); "Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia." (Efésios 4:31).

Portanto, uma das maiores batalhas da vida é aquela para manter a ira "longe de nós", não apenas controlar suas manifestações. Para te ajudar a lutar nessa batalha, aqui estão nove armas bíblicas:

1. Considere o direito que Cristo tinha de se irar, mas como Ele suportou a cruz, como um exemplo de longanimidade.

"Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos" (1 Pedro 2:21)

2. Considere o quanto você foi perdoado, e quanta misericórdia lhe tem sido demonstrada.

"Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou." (Efésios 4:32)

3. Considere sua própria pecaminosidade e tire a trave de seu próprio olho.

"Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão." (Mateus 7:3-5)

4. Pense no quanto você não quer dar lugar ao diabo, porque a ira guardada é algo que a Bíblia diz explicitamente que abre a porta e o convida a entrar.

"Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo." (Efésios 4:26-27)

5. Considere a insensatez do sofrimento que você está causando a si mesmo, isto é, os vários efeitos prejudiciais da raiva para aquele que está irado - alguns espirituais, alguns mentais, alguns físicos e alguns relacionais.

"Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal; será isto saúde para o teu corpo e refrigério, para os teus ossos." (Provérbios 3:7-8)

6. Confesse seu pecado de ira a um amigo de confiança e também se possível ao seu ofensor. Isso é um ótimo ato de cura.

"Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados." (Tiago 5:16)

7. Deixe que a sua raiva seja a chave para destrancar as masmorras do orgulho e da auto-piedade no seu coração e substituí-los por amor.

"O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1 Coríntios 13:4-7)

8. Lembre-se que Deus agirá em todas as coisas para o seu bem conforme você confia em Sua futura graça. Seu ofensor está até te fazendo bem se você reagir com amor.

"Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." (Romanos 8:28)

"Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes." (Tiago 1:2-4)

9. Lembre-se de que Deus irá justificar a sua causa e resolver todas as coisas de uma forma melhor do que você poderia. Ou o seu ofensor vai pagar no inferno, ou Cristo já pagou por ele. Então sua vingança seria um castigo duplo ou uma ofensa à cruz.

"Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor." (Romanos 12:19)

"O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente" (1 Pedro 2:23)

Lutando por alegria e amor com você,

Pastor John







3 - A RAZÃO DE CUIDARMOS DA RELAÇÃO COM NOSSOS FILHOS


a) Sua sujeição e obediência.
b) Sua conversão.
I Tim. 3.4-5 e 12 – “O Bispo...governe bem sua própria casa,tendo seus filhos em sujeição...” e “diáconos...governem bem a seus filhos e suas próprias casas”
I Sam. 2. 12, 22-25 e 27-29 – "...e (Elí) ouvia tudo que seus filhos faziam...e disse-lhes:...fazeis transgredir o povo do Senhor" "...porque honras mais a teus filhos do que a Mim”.
Sob que tipo de sujeição o Senhor exige que os tenhamos? Não se fala claramente no dever de ter os filhos convertidos, mas sim “em sujeição”. A conversão deles não está propriamente em nossas mãos. Elí não foi reprovado porque seus filhos eram ímpios (filhos de Belial, como é o termo empregado com relação a eles), mas sim porque permitiu que eles continuassem ministrando naquelas condições de pecado explícito. Certamente, nosso ideal é tê-los convertidos, mas isto não nos pertence. Temos, tão somente, que cumprir fielmente o nosso papel de criá-los “na doutrina e admoestação do Senhor” a fim de alcançarmos essa dádiva. Grande mal se tem feito nas igrejas ao induzir filhos de crentes e, principalmente de pastores a se batizarem, sem uma Fé pessoal e genuína. É como se fosse uma obrigação eles seguirem a mesma Fé e, se possível, serem também pastores/diáconos como seus pais.
O cuidado com os filhos retrata o cuidado que temos com a igreja de Deus. Não é por força que eles devem nos seguir, mas com entendimento (filhos e ovelhas).
O triste caso de Eli nos mostra o quanto devemos nos preocupar com essa questão. O que os nossos erros na administração do lar podem causar em nossa vida e ministério? Eli e sua descendência foram destituídos da linhagem sacerdotal. Da mesma maneira, nosso ministério pode ser desonrado, desmoralizado e, finalmente, aniquilado.
O amor e carinho para com nossos filhos é importante e sumamente necessário. Afinal, desde cedo, ensinamos os princípios Divinos a eles (e isto não pode ser diferente). “Deus é Amor”! (I João 4.16). Porém, não podemos esquecer que o pai que ama, corrige (Hebreus 12.6...). Corrige (em amor); Isso quer dizer que ele “usa a vara, quando preciso, mas não espanca (uma vez que também não podemos ser espancadores – I Tim. 3.3).
Alguém pode argumentar, então, a respeito de Eli: - Ele não corrigiu seus filhos? – A resposta é: Não! Ele apenas os repreendeu. Porém, cometeu o grave erro de “os poupar” da punição justa e correta, de forma que foi acusado de “honrar mais a eles que a Deus”. Como podemos lidar com uma situação destas? O que você faria em lugar de Eli?
A razão de nos preocuparmos com a saúde da família dos obreiros e lideres, mas principalmente de diáconos e pastores, é porque desta forma estamos zelando pela saúde espiritual das igrejas. Temos que começar por suas famílias.
Precisamos do apoio de nossas ajudadoras, ainda que elas continuem não tendo nome. O trabalho discreto dessas irmãs será sempre precioso diante do Senhor.
Precisamos “criar nossos filhos na doutrina e admoestação do Senhor” para que, quer sejam salvos, sejam servos valorosos; quer sejam filhos de Belial, não venham a ser a causa da desmoralização de nosso ministério. Conheço o caso de um filho de um saudoso e fiel pastor. Quando jovem, ele foi membro da igreja onde seu pai pastoreava. Porém, em certa ocasião, um irmão o viu fumando na rua e levou o caso ao conhecimento do pastor. Apesar de o rapaz negar a acusação, seu próprio pai, consciente da situação, levou o caso à igreja para que ele fosse disciplinado. Ele acabou por manifestar publicamente seu vicio (que dura até hoje) e nunca mais voltou à igreja. Definitivamente, ele não quer nada com Deus.
Ainda assim, mesmo em sua impiedade, ele afirma que o único crente que ele realmente respeitava era seu pai, a despeito, mesmo, de sua disciplina. Sei que foi muito doloroso para aquele pai e pastor, fazer o que fez. Ele tinha outros filhos fiéis na igreja, mas não ousou desafiar a Deus e fazer vistas grossas para o caso daquele seu filho. Ele chegou a ser acusado por alguns de ser culpado por seu filho estar fora da igreja. Porém, ele agiu conforme o dever de um pai e pastor zeloso. Queira Deus que não tenhamos nós de passar por tal provação. Sinto compaixão por meus irmãos que se vêm nesse tipo de situação. Porém, que nos miremos no exemplo de temor a Deus para que não sejamos como Eli, tendo nossa responsabilidade paternal e ministerial negligente a ponto de sermos alvo da repreensão divina.

Fonte: Webservos
Por: Ev. Robério Oliveira
Igreja Batista Betel - Rio Real – BA
Extraído do artigo intitulado A FAMÍLIA DO MINISTRO CRISTÃO (2ª PARTE)






4 - A Criação da Família Tendo Esperança Mesmo nos Piores Tempos

Por John Piper

Baseado em Miqueias 7

Concluímos estas séries sobre a criação espiritual hoje. O título que escolhi para esta última mensagem é “Ter esperança na família mesmo nos piores tempos”. Não há tempos fáceis para gerar e criar filhos. A ideia de Gênesis 3 é que, tão logo o pecado entrou no mundo, o parto se tornou muito difícil. O Senhor disse a Eva: “Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos” (Gênesis 3,16). E, depois disso, ela e Adão geraram dois garotos, um deles matou o outro.

O único modo de ser livre
O conceito fundamental dessa história é que o pecado agora está no mundo — em cada pai e em cada criança. E esse é o tipo de coisa que o pecado faz. Destrói as pessoas e arruína famílias. O principal problema no mundo é o poder do pecado intrínseco. E ele é um poder. É uma força, um defeito, uma depravação, uma corrupção da alma humana. Ele não é uma sucessão de livre escolha. O pecado é uma escravidão poderosa que destrói a liberdade humana.
A única forma de um ser humano ser livre — para um pai ou uma criança serem livres — é nascer de novo através do Espírito de Deus; aceite Jesus como Salvador; seja perdoado de seu pecado pelo Criador do universo e receba o Espírito Santo como o único poder contrário ao poder do pecado. Essa é a única esperança para o mundo e para os pais e crianças. É verdade em cada era.
Não há tempos fáceis para a criação de filhos
Não há tempos fáceis para gerar e educar filhos a fim de que se tornem adultos humildes, justos, criativos, produtivos e exaltem a Cristo. Não há tempos fáceis. Mas alguns tempos são mais difíceis que outros. E se eles são mais difíceis ou não, dependem de suas circunstâncias pessoais ou sociais.
Hoje, meu desejo é ajudar você, pai, a ter esperança mesmo nas piores circunstâncias. E quero dizer ambos: o pior no lar e o pior na cultura. E para aqueles que não são pais, tudo o que digo se aplica a vocês, porquanto como ter esperança em meio aos piores tempos é o mesmo para todos. Precisamos disso por diferentes razões.
O profeta Miqueias
O profeta judeu Miqueias pregou durante os reinos de Joatão, Acaz e Ezequias, reis de Judá (Miqueias 1,1), aproximadamente em 750 a 687 a.C. A declaração mais explícita sobre como ele surgiu nessa cena é expressa em Miqueias 3.8:
Eu, porém, estou cheio do poder do
Espírito do SENHOR,
cheio de juízo e força,
para declarar a Jacó sua transgressão
e, a Israel, seu pecado
A proclamação do julgamento e da misericórdia
Deus enviou profetas para revelar às pessoas seus pecados. E com o pecado delas, os profetas proclamaram julgamento e proclamaram misericórdia. É o padrão que ocorre por toda a Bíblia: julgamento e misericórdia. Julgamento e misericórdia. Deus é santo e justo e envia julgamento sobre os pecadores. E Deus é misericordioso e paciente, compassivo e salva o povo pecador de seu julgamento. Miqueias torna isso claro no capítulo 4 e versículo10:
Sofre dores e esforça-te, ó filha de Sião,
como a mulher que está para dar à luz,
porque, agora, sairás da cidade,
e habitarás no campo,
e virás até à Babilônia;
ali, porém, serás libertada;
ali, te remirá o SENHOR
das mãos dos teus inimigos.
O Senhor os enviará à Babilônia como julgamento. E ele os trará de volta para a terra por sua misericórdia.
A punição está vindo
No capítulo 7, Miqueias se refere à criação de filhos nos piores tempos — piores no lar e piores na cultura. O versículo 1: “Ai de mim! Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que a minha alma deseja”. Ele, talvez, esteja falando sobre como está desprovido de alimentação. Mas suspeito que Miqueias esteja se referindo à metáfora de estar desprovido de amigos e companheiros piedosos. Porque ele prossegue dizendo nos versículos 2 e 3: “Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os homens um que seja reto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com a rede. As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem a trama”. Os líderes são corruptos. Eles conspiram (“urdem”) para fazer o mal o quanto podem e o fazem bem.
O versículo 4: “O melhor deles é como um espinheiro; o mais reto é pior do que uma sebe de espinhos”. Se Miqueias tenta se aproximar deles, eles o espetam. “É chegado o dia anunciado por tuas sentinelas, o dia do teu castigo; aí está a confusão deles”. Assim, a sentinela designada para ver o inimigo se aproximando vê que o dia dele chegará em breve. A punição está vindo.
Até esposa e crianças
Agora, Miqueias traz esse contexto de corrupção da cultura para a vizinhança e família. O versículo 5: “Não creiais no amigo, nem confieis no companheiro. Guarda a porta de tua boca àquela que reclina sobre o teu peito”. Em outras palavras, pecado, corrupção e engano são tão difusos que você precisa vigiar para que até sua esposa não o traia — “àquela que reclina sobre o teu peito”.
Agora, para os filhos. O versículo 6: “Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do homem são os da sua própria casa”. Há cinco pessoas nesse quadro. Um pai e uma mãe. Um filho e uma filha. E uma nora. Portanto, o filho é casado. Miqueias já disse que as coisas são duvidosas entre o marido e a mulher (“Guarda a porta de tua boca àquela que reclina sobre o teu peito”). E, agora, ele diz que o filho despreza o pai. E a filha se levanta contra a mãe e a nora toma partido com a filha contra a mãe. Miqueias até os chama de inimigos do homem. E no final do versículo 6: “os inimigos do homem são os da sua própria casa”. Ele se refere especificamente aos filhos. Parece que as filhas focam suas animosidades na esposa do filho. Mas ele sente isso.
Agora, isso é doloroso. Alguns de vocês vivem exatamente tal situação. É o pior dos tempos. A cultura é corrupta e o casamento e a família estão em crise. Esse é o quadro em Miqueias 7. Para alguns de vocês, é o quadro hoje. E para outros, será o quadro de amanhã.
Jesus causa esse tipo de conflito familiar?
Antes que eu aponte para a esperança de Miqueias nessa situação, quero que você compreenda o que Jesus fez com o retrato dessa família no versículo 6. Volte-se para Mateus 10,34-36. Jesus descreve o efeito de sua vinda: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. [Então, ele usa Miqueias 7,6] Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa”.
Aqui estão as mesmas cinco pessoas, a mesma referência aos inimigos de sua própria casa, mas há uma diferença formidável. Jesus diz que ele causou isso. O versículo 35: “Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai...”. Ele não diz, é óbvio, que ama dividir famílias. Ele pretende dizer que seu chamado radical ao discipulado rompe relacionamentos. Um crê e o outro não. Um pai segue a Jesus, um filho não. Um filho segue a Jesus, o pai não. Uma filha segue a Jesus, a mãe não.
Por que Jesus está aqui?
A ideia de trazer Jesus para o quadro aqui primeiramente é mostrar que o colapso na família na época de Miqueias não é necessariamente atribuído apenas à corrupção na família. Isso, talvez, deva-se à justiça na família. Tudo pode transcorrer normalmente até que alguém se torna sério com respeito a Deus e a respeito de seu pacto e sua palavra. Então, as acusações começam a ser atiradas. “Você pensa que é muito melhor, agora que aderiu à religião! As coisas eram ótimas, e agora você pensa que o restante de nós deveria ser convertido”.
E a outra razão para mencionar o uso que Jesus faz desse texto é demonstrar que não havia nada de especial na época de Miqueias. Era verdadeiro no oitavo século a.C. Era verdadeiro no primeiro século do Anno Domini. E é verdadeiro no século 21. Para alguém, é sempre o pior dos tempos, mesmo se não fosse para você.
O que, então, Miqueias tem que dizer para a família ter esperança mesmo nos piores tempos?
O que Miqueias precisa dizer? Dizer audácia com o coração partido
Ele se descreve — eu suspeito, como pai representante do povo de Israel — e a postura que ele assume é a da audácia com o coração partido. É a essência do que desejo lhe dizer a respeito de família nos piores tempos. Tenha essa postura de audácia com o coração partido. E, para ter certeza de que você sabe o que pretende expressar por “coração partido” e por “audácia”, precisamos perguntar: o que o levou a estar com o coração partido? E sob qual base ele pode ser tão audacioso? Vamos examinar os versículos 7-9 para obter a resposta para essas duas questões. O que o faz estar com o coração partido? E como ele pode ser tão audacioso?
Não com farisaísmo
Justamente após falar no versículo 6: “Os inimigos do homem são os da sua própria casa”, ele diz no versículo 7: “Eu, porém, olharei para o Senhor e esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá”. Portanto, no pior dos tempos, olhamos para o Senhor. Podemos tentar olhar em qualquer outra parte. Nada funciona. Tudo se rompe. Pensávamos que podíamos fazer a família viver em harmonia. Talvez, esses filhos estivessem sob o nosso controle a fim de moldá-los da forma que decidíssemos. Provavelmente, se tivéssemos o casamento instituído em cartório, conforme as leis do país, a confiança profundamente mútua, o respeito, a admiração e a afeição estariam em nosso controle. E agora. Agora, olhamos para o Senhor.
Mas tome cuidado. Miqueias olha para o Senhor com farisaísmo? Tal coisa é possível. Ele diz: “Fiz tudo certo — tudo o que um pai deveria fazer. Se essa família não vive em harmonia, meu coração está partido, mas não sou o problema. Eles são o problema”. Essa é a postura deste homem? Não, não é. E espero que não seja a sua também.
Pecar, mas estar consciente de nosso próprio pecado
Ouça que Miqueias diz nos versículos 8 e 9. Atente para a audácia e o coração partido. Por que ele está com o coração partido?
“Ó, inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz. Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa e execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça.”
Não deixe de compreender o princípio do versículo 9: “Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele”. A razão pela qual é tão importante para os cônjuges e pais compreenderem é porque ele diz isso no contexto de haver realmente pecado (nesse caso, ele fala em nome da nação de Israel e descreve o caos familiar dentro da nação) contra o Senhor. No versículo 8, diz à sua inimiga (talvez sua esposa): “Ó, inimiga minha, não te alegres a meu respeito”. Não se regozije com a minha ruína. E, na metade do versículo 9, afirma que o Senhor julgará sua causa e executará seu direito. “Ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça”.
Em outras palavras, ele sabe que pecou contra o Senhor. Sabe que algumas de suas acusações são injustas. Sabe que Deus está em seu favor e não contra ele. Deus o buscará das trevas para a luz; fará justiça a ele. Miqueias é audacioso em sua confiança e nessa alegação. Surpreendentemente audaciosa. No entanto, para o que ele atrai a atenção a fim de explicar a indignação do Senhor e sua própria escuridão é seu próprio pecado. “Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele”.
Por que o coração está tão partido?
Assim, aqui há a minha resposta para esta questão: por que Miquéias está com o coração partido? (representando a nação de Israel, que foi quem pecou contra Deus). Não, principalmente, devido ao fato de que há pecado na família, mas é ele quem peca. A postura da família de ter esperança mesmo nos piores tempos é a postura da audácia com o coração partido. E o coração partido se deve primeiramente ao seu próprio pecado e somente então por haver pecado contra a família. Essa é a grande batalha que enfrentamos. Encontraremos, pela graça de Deus, o tipo de humildade que nos capacita a compreender nossas famílias e a nós mesmos dessa forma?
Como ele pode ser tão audacioso?
Segunda questão: como ele pode ser tão audacioso, se ele pecou? Como pode falar do modo como o faz quando seu próprio pecado é tão nítido em sua mente? De onde procede esse tipo de audácia? “Ó, inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei [...] até que julgue a minha causa e execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça”.
A resposta é dada no fim do capítulo. E o fato de ela aparecer como a última coisa em todo o livro e com tamanha ênfase, mostra como isso é absolutamente crucial no livro — de fato, em toda a Bíblia. Os versículos 18 e 19:
Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.
A razão pela qual Miqueias é tão audacioso em seu coração partido é porque ele conhece a Deus. Ele conhece o que é maravilhoso e especial a respeito de Deus. “Quem, ó Deus, é semelhante a ti?” Significa: não há Deus como o Senhor. Seus caminhos são mais altos que os nossos caminhos. Seus caminhos são mais altos que qualquer deidade no mundo. E o que é excepcional no Senhor? O Senhor perdoa a iniquidade e ignora a transgressão de seu povo. Portanto, essa é a excepcionalidade peculiar com respeito a Deus — e não há outro Deus.
A descida até as profundezas do perdão de Deus
Como você conduz sua família tendo esperança mesmo nos piores tempos? Como você a conduz tendo esperança quando sua própria família talvez esteja dividida; três contra dois e dois contra três? Você olha para o Senhor. Você clama ao Senhor (v. 7). E você o clama com duas convicções profundas. Uma é que você é um pecador e não merece qualquer coisa de Deus. Não somos pais perfeitos. Pecamos. E não somos tolos ou ingênuos. Sabemos que pecamos. Entretanto, tudo em nossa carne deseja pensar sobre isso. Somente o Espírito Santo pode nos fazer ver nosso próprio pecado. Somente o Espírito Santo pode nos fazer sentir nossa própria culpa. É uma convicção profunda.
A outra convicção é que não há Deus semelhante ao nosso Deus, que perdoa a iniquidade e esquece nossas transgressões; e não retém sua ira, e tem prazer na sua misericórdia. Estamos profundamente convencidos disso que pecamos contra nossos cônjuges, contra nossos filhos e, com tudo isso, pecamos contra Deus. Você percebe o quanto ambas são cruciais — como elas são eficazes juntas; cada uma delas tornando a outra profunda? Se você não sente seu pecado e sua culpa, não descerá até as profundezas do perdão de Deus. Todavia, essa descida atua de outra forma e é crucial nas famílias: se você não conhece as profundezas do perdão de Deus, não conhecerá a profundeza de seu próprio pecado.
Essas duas convicções profundas produzem a postura da audácia com o coração partido. E é a postura para a família ter esperança mesmo nos piores tempos. Ter o coração partido no furacão de haver pecado e audacioso porque “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade?”
A audácia com o coração partido intensificada em Jesus
E para os cristãos, as duas partes dessa postura são fundamentadas e intensificadas por se conhecer a Jesus Cristo e o que ele fez por nós na cruz. Para Miqueias, Jesus era a única esperança, no capítulo 5: “E tu, Belém [...], de ti sairá o que há de reinar em Israel [...] Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do Senhor” (Miqueias 5,2-4). Esse bom pastor entregou sua vida pelas ovelhas (João 10,11). E quando ele o fez, vimos com a maior clareza que jamais vimos a imensidão de nosso pecado (que exigiu essa extensão de sofrimento) e a magnitude da resolução de Deus para perdoar o nosso pecado. E, desse modo, o coração partido e a audácia são intensificados.
Se você estiver conduzindo sua família nos piores tempos ou deseja se preparar para conduzi-la nos piores tempos, ou simplesmente quer ter esperança mesmo em meio aos piores tempos, olhe para Miqueias, olhe para Jesus e assuma esta postura: ter o coração partido pelo seu pecado e audácia devido a Cristo. Então, no poder do Espírito Santo, prepare seu coração para ser o melhor pai imperfeito que puder — por Jesus.

“1 Ai de mim! Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que minha alma deseja. 2 Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os homens um que seja reto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com a rede. 3 Suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem a trama. 4 O melhor deles é como um espinheiro; o mais reto é pior do que uma sebe de espinhos. É chegado o dia anunciado por tuas sentinelas, o dia do teu castigo; aí está a confusão deles. 5 Não creiais no amigo, nem confieis no companheiro. Guarda a porta de tua boca àquela que reclina sobre o teu peito. 6 Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do homem são os da sua própria casa. 7 Eu, porém, olharei para o Senhor e esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá. 8 Ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz. 9 Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa e execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça. 10 A minha inimiga verá isso, e a ela cobrirá a vergonha, a ela que me diz: “Onde está o Senhor, teu Deus?” Os meus olhos a contemplarão; agora, será pisada aos pés como a lama das ruas. 11 No dia da reedificação dos teus muros, nesse dia, serão os teus limites removidos para mais longe. 12 Nesse dia, virão a ti, desde a Assíria até às cidades do Egito, e do Egito até ao rio Eufrates, e do mar até ao mar, e da montanha. 13 Todavia, a terra será posta em desolação, por causa dos seus moradores, por causa do fruto das suas obras. 14 Apascenta o teu povo com o teu bordão, o rebanho da tua herança, que mora a sós no bosque, no meio da terra fértil, apascentem-se em Basã e Gileade, como nos dias de outrora. 15 Eu lhe mostrarei maravilhas, como nos dias da tua saída da terra do Egito. 16 As nações verão isso e se envergonharão de todo o seu poder; porão a mão sobre a boca, e os seus ouvidos ficarão surdos. 17 Lamberão o pó como serpentes; como répteis da terra, tremendo, sairão dos seus esconderijos e, tremendo, virão ao Senhor, nosso Deus; e terão medo de ti. 18 Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. 19 Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés de nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar. 20 Mostrarás a Jacó a fidelidade e, a Abraão, a misericórdia, as quais jurastes a nossos pais, desde os dias antigos.” (Miqueias 7)







5 - A Família mais problemática do mundo

Por Charles H. Spurgeon

É possível eu estar aqui nesta manhã, quando penso nos pecados que cometi e nos crimes que cruzaram meus maus pensamentos?
Sim, estou aqui, não consumido, porque o Senhor não muda. Se Ele tivesse mudado, seríamos consumidos por uma dúzia de formas diferentes; se o Senhor tivesse mudado, vocês e eu deveríamos ter sido consumidos por nós mesmos; pois, afinal de contas, o "senhor eu" é o pior inimigo que um cristão pode ter. Teríamos sido assassinos de nossa própria alma; teríamos preparado o copo de veneno para o nosso próprio espírito, se o Senhor não tivesse sido um Deus imutável, e tirado o copo das nossas mãos quando estávamos a ponto de bebê-lo.
Então, o próprio Deus deveria ter nos consumido, se não tivesse sido um Deus imutável. Chamamos Deus de "Pai"; mas não há um pai neste mundo que não teria matado todos os seus filhos há muito tempo, caso fosse provocado por eles, ou se tivesse tido metade dos problemas que Deus teve com Seu povo. Ele tem a família mais problemática de todo o mundo; incrédula, ingrata, desobediente, esquecida, rebelde, desviada, murmurante e endurecida. Bem, é por que Ele é paciente; senão já teria não só usado a vara, como também a espada contra vários de nós há muito tempo, devido não haver nenhuma razão para que merecêssemos amor, muito menos existe razão agora.
John Newton contava uma história engraçada e ria disso também; de uma boa senhora que disse a respeito da doutrina da eleição: "Ah Senhor, o Senhor deve ter me amado antes que eu nascesse, ou então não teria visto nada em mim para amar depois".
Estou certo que isso é verdade em meu caso, e também com respeito à maioria dos filhos de Deus, pois existe muito pouco para amar depois do nascimento, e assim, se o Senhor não nos tivesse amado antes disso, Ele não teria visto razão nenhuma para nos escolher depois... Ele nos amou segundo Sua graça soberana e ainda nos amará. Todavia deveríamos ter sido consumidos pelo diabo e por nossos inimigos - consumidos pelo mundo, por nossos pecados, por nossas tentações e por outras centenas de modos diferentes, se Deus alguma vez tivesse mudado.
Bem, agora o tempo nos é insuficiente e não posso dizer muito mais. Eu abordei este texto apenas superficialmente. Entrego-o agora a vocês. Que o Senhor possa ajudá-los, "os filhos de Jacó", a levarem para casa esta porção de alimento; digiram-na bem e alimentem-se dela.
Que o Espírito Santo aplique docemente essas coisas gloriosas que estão escritas aqui! E que vocês possam ter "um banquete de coisas saborosas e de vinhos bem refinados"!
Lembrem-se que Deus é o mesmo, não importa o que aconteça. Seus amigos podem ser infiéis, seus pastores podem ser levados embora, tudo pode mudar, mas com Deus isso não acontece.
Seus irmãos podem mudar e lançar seu nome na lama, porém Deus ainda amará vocês. O quinhão de vocês na vida pode mudar e suas propriedades podem ser perdidas; suas vidas podem ser abaladas e vocês podem ficar fracos e doentes; tudo pode desvanecer, porém existe um lugar onde as mudanças não podem colocar suas mãos; existe um nome no qual a mutabilidade não estará presente; existe um coração que nunca mudará; é o coração de Deus - esse nome é Amor.
"Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos." - Malaquias 3:6







6 - Casamento é Coisa Muito Séria

O principal momento do chamado casamento religioso é quando os nubentes fazem o voto de fidelidade sobretudo perante Deus, que é o instituidor, protetor e condutor do matrimônio.
Como tudo o mais em nossa vida, o casamento é também para a exclusiva honra e glória de Deus.
Daí ser, primeiro e principalmente com o próprio Deus, o compromisso que temos como cônjuges quanto à perseverança em permanecermos juntos até que a morte nos separe, esforçando-nos para o cumprimento adequado de todos os nossos deveres conjugais, especialmente dos que se encontram na Bíblia.
Ser fiel na doença, na pobreza, nas dificuldades de toda ordem, servindo, amando e cuidando um do outro, preservando o vínculo do matrimônio, na unidade requerida pelo Senhor, para a honra do Seu nome, e para o próprio bem dos cônjuges, dos filhos, e da sociedade.
Deus odeia o divórcio, porque ele é, antes de tudo, uma quebra do voto de fidelidade que fizemos para com Ele, de fazermos do casamento um sinal da união indissolúvel que há entre Cristo e a Igreja.
Não importam os motivos alegados para a separação (exceto no caso de relações sexuais ilícitas por parte de um dos cônjuges, que pode quebrar o vínculo matrimonial)... o que deve prevalecer é manter a união por amor a Deus, ao cônjuge, aos filhos.
Assim, o casamento é muito mais do que assumir responsabilidade civil na sociedade perante os homens, porque, é antes de tudo uma grande responsabilidade que temos para com Deus, a quem teremos que prestar contas um dia, de todos os nossos pensamentos, ações e omissões, no Tribunal de Cristo.                  





7 - Casamento: Perdoando e Tolerando

Por John Piper

Colossenses 3:12-19:
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. 13 Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; 14 acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. 15 Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos. 16 Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. 17 E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai. 18 Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor. 19 Maridos, amai vossa esposa e não a trateis com amargura.”

Você talvez se lembre que minha esposa, Noël, disse, "Nunca é demais repetir que o casamento é um modelo de Cristo e da igreja" (veja Efésios 5:31-32). Eu disse que concordava com ela por três razões. Vou mencionar duas. A primeira é porque afirmar isso tira o casamento da cena de um seriado de comédia e o eleva para o céu claro e radiante da glória de Deus onde deveria estar. E em segundo lugar, dizer que o casamento é um modelo de Cristo e da igreja coloca-o firmemente na base da graça, já que é desta maneira que Cristo tomou a igreja para ser sua noiva, somente pela graça. E é assim que ele mantém seu relacionamento com a igreja — somente pela graça.
Casamento: A Obra e a Vitrine de Deus

As primeiras duas mensagens foram feitas para apoiar essa primeira razão. Tentei mostrar que o casamento é a obra de Deus e a vitrine de Deus. Isso significa que sua glória é dele, por ele e para ele. O propósito do casamento humano é temporário. Mas ele aponta para algo eterno, isto é, Cristo e a igreja. E quando esta era se acabar, ele vai se dissolver na realidade superior para a qual ele aponta.
Jesus disse em Mateus 22:30: "Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu." É por isso que meu pai, Bill Piper, não vai ser um bígamo na ressurreição. Tanto minha mãe quanto minha madrasta morreram. Meu pai esteve casado durante trinta e seis anos com minha mãe e, após sua morte, esteve casado vinte e cinco anos com minha madrasta. Porém, na ressurreição, a sombra dá lugar à realidade. O casamento aponta para a glória de Cristo e da igreja. Mas na ressurreição, essa indicação some junto à perfeição dessa glória.
Casamento: Firmemente Baseado na Graça

Então o assunto semana passada foi que o casamento é baseado na graça, a experiência vertical de graça vinda de Cristo através de sua morte na cruz, e então essa mesma graça inclinada horizontalmente, do marido para a esposa e da esposa para o marido. Nós simplesmente ressaltamos essa estrutura comum do casamento cristão (e do casamento onde somente um dos parceiros é cristão) de Colossenses 2:13-14 e 3:13. Colossenses 2:13b-14 nos fala como Deus proveu uma base para o perdão de nossos pecados: "...perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz". A escrita de dívida que se acumula contra nós por causa de nosso pecado, Deus anulou quando a pregou na cruz — e claro que não são pregos e madeira que removem o pecado, mas sim as mãos e os pés perfurados do Filho de Deus que removem o pecado (veja Isaías 53:5-6).
Graça Inclinada para Fora

Então, aos nos mostrar a base do perdão de Deus na cruz, Paulo diz em Colossenses 3:13b: "Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós". Em outras palavras, tome a graça, o perdão e a justificação que você recebeu verticalmente através da morte de Cristo e incline-a horizontalmente para os outros. Especificamente, maridos para esposas e esposas para maridos. Eu fiz a seguinte pergunta perto do final: Porque a ênfase em perdoar e suportar ao invés, digamos, da ênfase no romance e no desfrutar de um ao outro? Eu dei três respostas:
1.         Porque haverá conflito baseado no pecado, precisamos perdoar o que é pecado e tolerar o que é estranho, sendo que às vezes vocês nem irão concordar em qual é qual;
2.         Porque o trabalho duro e custoso de perdoar e tolerar é o que torna possível o florescer dos afetos quando eles parecem ter morrido;
3.         Porque Deus é glorificado quando duas pessoas muito diferentes e muito imperfeitas moldam uma vida de fidelidade na fornalha da aflição ao confiarem em Cristo.
Separação Redentora e Além

Então hoje, quero tratar mais a fundo a tolerância e o perdão. Já de início, digamos que eu estou ciente, terrivelmente ciente, de que existem pecados que cônjuges cometem uns contra os outros que levam perdoar e tolerar ao limite de quase ajudar no pecado, e que podem necessitar de uma separação redentora — eu escolho as palavras com cuidado: uma separação redentora. Eu penso em coisas como agressão, adultério, abuso infantil, violência pelo alcoolismo, vício em apostas ou roubo ou mentiras que trazem a família à ruína. Meu alvo hoje não é falar a respeito dessas coisas, isso vai chegar mais tarde quando eu entrar no tópico de separação e divórcio e novo casamento. Hoje eu estou tentando mostrar para vocês um padrão bíblico de tolerância e perdão que pode evitar que você chegue ao ponto da separação, quem sabe até mesmo resgatar alguns de vocês do limite da separação — talvez até mesmo restaurar alguns casamentos que o mundo chama de "divorciados". E eu oro para que isso também plante a semente nas crianças e nos solteiros que um dia poderão se casar, para que vocês possam construir seus casamentos nessa rocha de graça.
O Fundamento: A Pessoa e a Obra de Cristo

Quando Paulo chega a Colossenses 3:12, ele já estabeleceu um fundamento sólido na pessoa e na obra de Cristo na cruz. Isso é o fundamento do casamento e de toda a vida. As principais batalhas na vida e no casamento são batalhas para acreditar nesta pessoa e nesta obra. Isso é, realmente acreditar nisso: confiar, abraçar, estimar, valorizar, depositar confiança, respirar e moldar sua vida nisso. Então, quando Paulo chega a Colossenses 3:12, ele nos exorta com palavras que transbordam de uma realidade que desperta emoções e que é construída em Cristo e na sua obra salvadora.
Eleitos

Primeiramente, existem três descrições de você, o crente, que ele usa para nos ajudar a receber essa exortação. "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados...." Ele está nos dizendo que tipo de coração e de atitude nós devemos ter — vestindo-os como roupa. Mas antes, ele nos chama de eleitos, santos, amados. Nós somos os eleitos de Deus. Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu em Cristo. Você pode ouvir o quão precioso isso é para Paulo pelas suas palavras em Romanos 8:33: "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?" A resposta é que absolutamente ninguém pode fazer uma acusação duradoura contra o eleito de Deus. Paulo quer que sintamos a maravilha de sermos eleitos ao sermos invencivelmente amados. Se você resiste à verdade da eleição, você resiste a ser amado.
Santos

Então ele nos chama de santos, isto é, separados por Deus. Ele nos escolhe para um propósito — para sermos seu povo santo. Para sairmos do mundo e não sermos mais "comuns" ou impuros. Efésios 1:4, "...assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos...". 1ª Pedro 2:9, "Vós, porém, sois raça eleita,... nação santa...". Isso é primeiramente uma posição e um destino antes de ser um padrão ou um comportamento. É por isso que ele está nos dizendo que tipo de comportamento devemos "vestir". Ele sabe que não estamos praticamente lá ainda. Ele está dizendo para nos tornarmos santos na vida porque nós somos santos em Cristo. Se vista de acordo com quem você é. Vista a santidade.
Amados

Então ele nos chama de amados. "Eleitos de Deus, santos e amados." Deus, o criador do universo, escolheu você, separou você para ele e ama você. Ele é contigo e não contra ti. "Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores." (Romanos 5:8). Isso é o começo de como maridos e esposas perdoam e toleram. Eles ficam admirados com esse fato. Maridos, se entreguem a ver e a saborear isso. Esposas, se entreguem a ver e a saborear isso. Vivam disso. Alegrem-se nisso. Obtenham sua esperança disso, que vocês são eleitos, separados e amados por Deus. Implorem ao Senhor para que isso se torne o seu respirar em suas vidas e em seus casamentos.
Condições Internas que Levam a Comportamentos Externos

Nessa base, agora, na base desta profunda e nova identidade centrada em Deus, é dito a vocês como se "revestir". Como um filho de Deus eleito, amado e santo se veste? Isso é, é dito a vocês que tipo de atitude e comportamento combinam e fluem de ser eleito, separado e amado por Deus através de Cristo.
Eu penso que existem três condições internas descritas que levam, por sua vez a três comportamentos externos. "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem."
De Profunda Compaixão a Bondade

Vamos separar em pares. Versículo 12: "Ternos afetos de misericórdia, de bondade." Literalmente: "entranhas de misericórdia e bondade." "Entranhas de misericórdia" é a condição interna, e "bondade" é o comportamento externo. Seja piedoso no seu mais íntimo ser, e então, desse bom solo brotará o fruto da bondade. Então maridos, criem suas raízes pela fé em Cristo através do evangelho até que você se torne uma pessoa mais piedosa. Esposas, criem suas raízes pela fé em Cristo através do evangelho até que você se torne uma pessoa mais piedosa. E então, a partir dessa suave misericórdia, tratem um ao outro com bondade. A batalha é contra a nossa própria pessoa interior que é impiedosa. Lute a batalha pela fé, através do evangelho, em oração. Seja surpreendido, quebrantado, edificado, contente e piedoso porque você é eleito, santo e amado.
De Humildade a Mansidão

O próximo par é "humildade, mansidão." Versículo 12: "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão . . . ." Literalmente: "modéstia, mansidão." Novamente, "modéstia" é a condição interna e "mansidão" é o comportamento externo. Pessoas com corações humildes, ao contrário de orgulhosos, vão agir mais mansamente em relação aos outros. A mansidão toma os outros acima de nós mesmos e nos leva a servi-los. Isso acontece quando o coração é modesto, ou humilde.
Então maridos, criem suas raízes pela fé em Cristo através do evangelho, até que vocês se tornem uma pessoa mais humilde e modesta. Esposas, criem suas raízes pela fé em Cristo através do evangelho, até que vocês se tornem uma pessoa mais humilde e modesta. E então, tratem um ao outro com mansidão que flui dessa humildade. A batalha é contra a nossa própria pessoa interior orgulhosa e egocêntrica. Lute a batalha pela fé, através do evangelho, em oração. Seja surpreendido, quebrantado, edificado e feito contente e piedoso porque você é eleito, santo e amado.
De Longanimidade a Paciência e Perdão

O próximo par não é um par. É uma condição interna seguida de tolerância e perdão. Versículo 12: "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade (paciência). Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem." Estou chamando então a "paciência" de condição interna, e a tolerância e perdão, de conduta ou comportamento externo.
A tradução literal de paciência é "longanimidade" (do grego makrothumian). Ou seja, se tornar o tipo de pessoa que não tem um pavio curto, mas um comprido. Um pavio bem comprido. Ser uma pessoa paciente, demorada a se irar, pronta a escutar, demorada para falar (Tiago 1:19) . Essas três condições internas que mencionei se conectam e se afetam mutuamente. "Entranhas de misericórdia" (um coração de compaixão) e "modéstia" (humildade) levam a ser "longânimo" (paciente). Se você é pronto a se irar ao invés de ser longânimo, sua raiz provavelmente tem falta de misericórdia e de modéstia. Em outras palavras, ser eleito, santo e amado não quebrantou seu coração e não o abalou em seu egocentrismo e orgulho.'
Então maridos, criem suas raízes pela fé em Cristo até que vocês se tornem mais piedosos e mais humildes e, dessa maneira, mais pacientes. Esposas, criem suas raízes pela fé em Cristo até que vocês se tornem mais piedosas e mais humildes e, dessa maneira, mais pacientes. E então, tratem-se mutuamente com . . . o quê? Os outros dois foram pares: corações compassivos levando à conduta de bondade; humildade levando à conduta de mansidão; e agora, paciência (ou longanimidade) levando a quê?
Duas coisas: Tolerar e Perdoar

Duas coisas, não uma coisa: Primeiro, "suportando-vos uns aos outros" e então, segundo, "perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro." Suportando e perdoando. O que isso significa e como isso aparece no casamento? Primeiramente, um comentário sobre as duas palavras. "Suportar" ou tolerar: A palavra é literalmente "aguentar", aguentando um ao outro. Jesus usou em Lucas 9:41: "Gente má e sem fé! . . . Até quando terei de aguentá-los?" Paulo usa novamente em 1ª Coríntios 4:12: "Quando somos perseguidos, aguentamos. Então, tornem-se uma pessoa longânima e aguentem um ao outro. Suportar. "(O amor) tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba." (1ª Coríntios 13:7-8).
A outra palavra é perdoar. Existem ao menos duas palavras para perdoar no Novo Testamento. A que foi usada aqui (do grego charizomenoi) significa doar livremente ou graciosamente. A ideia não é de um pagamento exigente. Mas tratar aos outros melhor do que merecem. Então nesse sentido, você perdoa quando erram com você, e, portanto, eles ficam em dívida com você, sendo que a justica absoluta diz que que você tem o direito de exigir algum sofrimento deles em pagamento ao que eles causaram a você, e você não somente não exige o pagamento, mas você "distribui livremente" o bem pelo mal. Esse é o significado dessa palavra (charizomai). Seu proceder é perdoar — você não devolve o mal com o mal, mas você abençoa (1 Coríntios 4:12; 1 Tessalonicenses 5:15; Mateus 5:44; Lucas 6:27).
Nossa Esperança Está no Evangelho

Agora, o que eu acho muito útil é que Paulo reconhece que tanto o perdoar quanto o suportar são cruciais para a vida em conjunto, tanto em igreja quanto no casamento. O perdão diz: eu não vou tratar você mal por causa de seus pecados contra mim ou seus hábitos irritantes. E tolerância reconhece (normalmente para si mesmo), esses pecados contra mim e esses hábitos irritantes realmente me incomodam! Se não houvesse nada na outra pessoa que realmente nos incomodasse, não haveria necessidade para dizer "suportando uns aos outros."
Quando você se casa com alguém você não sabe como ele será daqui a trinta anos. Nossos antepassados não escreveram seus votos de casamento com suas cabeças na areia. Seus olhos estavam bem abertos para a realidade, "para ter e manter desse dia em diante, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, para amar, honrar e cuidar, até que a morte nos separe, e em tudo isso eu prometo ser fiel." Você não sabe como essa pessoa vai ser no futuro: pode ser melhor do que você já sonhou, ou pior. Nossa esperança está baseada nisso: Nós somos eleitos, santos e amados. Deus é por nós, e todas as coisas irão cooperar para o bem daqueles que o amam.
A Pilha de Compostagem

E a respeito da pilha de compostagem? Imagine o seu casamento como um campo gramado. Você começa a andar por ele cheio de esperança e alegria. Você olha para o futuro e vê lindas flores e árvores e colinas onduladas. E essa beleza é o que vocês vêem um no outro. O seu relacionamento é o campo, as flores e as colinas. Mas em pouco tempo, você começa a pisar em estercos de vaca. Em algumas épocas do seu casamento eles parecem estar em todo lugar. Eles são especialmente predominantes ao cair a noite. São os pecados, defeitos, idiossincrasias, fraquezas e hábitos irritantes em você e em seu cônjuge. Você tenta perdoá-los e tolerá-los pela graça.
Mas eles têm uma maneira de dominar a relação. Pode até não ser verdade, mas parece que isso é tudo que é, esterco de vaca. Eu acho que a combinação de paciência e perdão leva à criação de uma pilha de compostagem. E aí você começa tirar o esterco com a pá. Vocês dois se olham e simplesmente admitem que há um monte de esterco. Mas você diz para o outro: Você sabe, há mais neste relacionamento do que só esterco. E estamos perdendo isso de vista porque continuamos dando atenção a esse esterco. Vamos jogá-lo todo na pilha de compostagem. Quando precisarmos, vamos lá cheirá-lo, nos sentir mal e lidar com isso da melhor maneira possível. E então, vamos nos afastar dessa pilha e botar nossos olhos no resto do campo. Vamos escolher alguns caminhos e colinas preferidas que sabemos que não estão cheias de esterco. E vamos ser gratos pela parte do campo que é doce.

Nossas mãos podem estar sujas. E nossas costas doem de fazer toda essa limpeza. Mas uma coisa nós sabemos: Não vamos montar nossa barraca na pilha de compostagem. Nós só vamos lá quando precisarmos. Este é o dom da graça que vamos dar um ao outro de novo e de novo e de novo, porque somos eleitos, santos e amados.







8 - Continuar Casado Não Depende de Continuar Apaixonado - Parte 1

Por John Piper

Gênesis 2:18–25:
“Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. 19 Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles. 20 Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea. 21 Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. 22 E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. 23 E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. 24 Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. 25 Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.”
Entre a nossa série de sermões mais substanciais, estou começando um estudo de algumas matérias que me parecem urgentes. Casamento é sempre urgente. Nunca houve uma geração cuja visão de casamento foi alta o suficiente. O hiato entre a visão bíblica do casamento e a visão humana é, e tem sempre sido, colossal. Algumas culturas na história respeitam a importância e a permanência do casamento mais do que outras. Algumas, como a nossa, têm atitudes tão baixais e casuais, do tipo "pegar ou largar", em relação ao casamento que fazem a visão bíblica parecer ridícula para a maioria das pessoas.
A Visão de Jesus sobre o Casamento

Este também era o caso nos dias de Jesus, e nos nossos é imensamente pior. Quando Jesus deu um vislumbre da visão magnífica de casamento que Deus quis para o seu povo, os discípulos disseram a ele: "Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar." (Mateus 19:10). Em outras palavras, a visão de Cristo do significado do casamento foi tão enormemente diferente da visão dos discípulos, que eles nem conseguiram imaginá-la como boa. Que tal visão pudesse ser boas novas estava simplesmente fora de cogitação.
Se este foi o caso do sóbrio mundo judaico em que eles viviam, quão mais ininteligível parecerá a grandeza do casamento na mente de Deus para o mundo em que vivemos, onde o principal ídolo é o ego e a principal doutrina é a autonomia, e o ato central de adoração é o entretenimento, e os santuários são a televisão e o cinema, e a mais sagrada reverência é o desinibido ato da relação sexual. Essa cultura pensará a glória do casamento na mente de Jesus praticamente ininteligível. Jesus muito provavelmente nos diria hoje, depois de já ter revelado o mistério para nós, a mesma coisa que disse naquele dia: "Nem todos são aptos para receber este conceito, mas apenas aqueles a quem é dado. ... Quem é apto para o admitir admita." (Mateus 19:11-12)
A Visão Bíblica do Casamento

Então eu começo com o pressuposto de que nosso pecado, egoísmo e prisão cultural fazem com que seja quase impossível perceber a maravilha dos propósitos de Deus para o casamento entre um homem e uma mulher. O fato de que nós vivemos em uma sociedade que pode até conceber— quanto mais defender — dois homens ou duas mulheres entrando num relacionamento e com inconceptibilidade selvagem chamam isso de casamento nos mostra que o colapso de nossa cultura na devassidão, barbarismo e anarquia está, provavelmente, não muito distante.
Menciono tudo isso na esperança de que te despertes para considerar uma visão do casamento mais elevada, mais profunda e forte, e mais gloriosa do que qualquer coisa que essa cultura — ou talvez você mesmo — já imaginou. A grandeza e a glória do casamento estão além da nossa habilidade de pensar ou sentir sem a revelação divina e sem a obra iluminadora e despertadora do Espírito Santo. O mundo não consegue saber o que é o casamento sem aprender isso de Deus. O homem natural não tem capacidade de ver ou receber ou sentir a maravilha do que Deus projetou o casamento para ser. Eu oro para que essa mensagem seja usada por Deus para te ajudar a se libertar das visões de casamento que são pequenas, mundanas, contaminadas, centradas no homem, que ignoram Cristo, que negligenciam Deus, que são intoxicadas de romance e não tem base bíblica.
Casamento É a Vitrine de Deus

A afirmação mais fundamental da Bíblia sobre o casamento é que ele é obra de Deus. E a afirmação mais derradeira da Bíblia sobre casamento é que ele é para a glória de Deus. Esses são os dois pontos que tenho para abordar. Mais fundamentalmente, casamento é o agir de Deus. Mais derradeiramente, casamento é a vitrine de Deus. Vamos permitir que a Bíblia imprima essas ideias em nós uma de cada vez.
1. Casamento É Obra De Deus

Primeiro, mais fundamentalmente, casamento é obra de Deus. No mínimo quatro formas de ver isto explicita ou implicitamente estão aqui no nosso texto.
a) O casamento Foi Projetado por Deus

Casamento é obra de Deus porque foi o projeto dele na criação do ser humano como homem e mulher. Com certeza, isso ficou claro antes em Gênesis 1:27-28: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. "
Mas isso também está claro no fluxo de pensamento em Gênesis 2:18-25. No verso 18, é Deus, e não o homem, quem decreta que a solidão do homem não é boa, e é Deus mesmo quem se dispõe a completar um dos projetos centrais da criação, a saber, homem e mulher no casamento. "Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só;far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea." Não esqueça aquela afirmação central e totalmente importante: Deus mesmo vai fazer um ser perfeitamente idôneo para o homem - uma esposa.
Então, Deus exibe os animais diante dele de tal modo que ele veja que não há outra criatura que se qualifique. Essa criatura deve ser feita unicamente do homem de maneira que ela será de sua essência assim como o homem criado à imagem de Deus como Gênesis 1:27 diz. Assim, lemos nos versos 21-22: "Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe." Deus a criou.
Este texto termina nos versos 24-25 com as palavras: "Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam." Em outras palavras, está tudo se movendo no sentido do casamento. Então, a primeira coisa a dizer sobre o casamento ser obra de Deus é que casamento foi um projeto dele em criar o ser humano homem e mulher.
b) Deus Deu a Primeira Noiva Em Casamento

Casamento é obra de Deus porque ele pessoalmente teve a honra de ser o primeiro Pai a dar a noiva em casamento. Gênesis 2:22: "E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe." Ele não a escondeu para deixar Adão procurar. Ele a criou; e então a trouxe. Num profundo sentido, ele a havia gerado. E agora, embora ela fosse sua em virtude da criação, ele a dá para o homem neste absolutamente novo tipo de relacionamento chamado casamento, diferente de qualquer outro relacionamento no mundo.
c) Deus Com sua Palavra Trouxe À Existência o Projeto do Casamento

Casamento é obra de Deus porque Deus não apenas criou a mulher com este propósito e a levou ao homem assim como um Pai a sua filha ao seu marido, mas também porque Deus com sua palavra trouxe à existência o projeto do casamento. Ele fez isso no verso 24: "Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne." Quem está falando no verso 24? O escritor de Gênesis está falando. E o que Jesus acreditou a respeito do escritor de Gênesis? Ele acreditou que era Moisés (Lucas 24:44) e que Moisés foi inspirado por Deus a ponto de que o que Moisés disse, Deus disse. Ouça cuidadosamente Mateus 19:4-5: "Então, respondeu ele [Jesus]: Não tendes lido que o Criador [Deus], desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse [Nota: Deus disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne?" Jesus disse que Gênesis 2:24 é a palavra de Deus. Portanto, casamento é obra de Deus porque ele chamou à existência o desenho original desse projeto — "Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne."
d) Deus Realiza A União De Uma Só Carne

O que nos leva a quarta forma do casamento ser obra de Deus. Tornar-se uma só carne, que está no coração do que o casamento é, é uma união que Deus realiza.
O verso 24 são as palavras divinas da instituição do casamento. Mas assim como foi Deus que tomou a mulher da carne do homem (Gênesis 2:21), é Deus quem em cada casamento ordena e realiza uma união chamada uma só carne, que não está ao alcance do homem destruir. Isso está implícito em Gênesis 2:24, mas Jesus deixa isso explícito em Marcos 10:8-9. Ele cita Gênesis 2:24, e então adiciona um comentário que explode como trovão com a glória do casamento. "...serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem. "
Quando um casal fala seus votos e consuma seus votos com união sexual, não é o homem ou a mulher ou o pastor ou os pais que são os atores principais. Deus é. Deus junta um marido e uma esposa em uma união de uma só carne. Deus faz isso. Deus faz isso! O mundo não sabe disso. Essa é uma das razões principais pelas quais o casamento é tratado tão casualmente. E cristãos, muitas vezes, agem como se não soubessem disso, o que é uma das razões para o casamento na igreja não ser visto como a maravilha que é. Casamento é o obra de Deus porque é uma união de uma só carne que Deus mesmo realiza.
Então, resumidamente, a coisa mais fundamental que nós podemos dizer sobre casamento é que ele é obra de Deus. Foi Sua obra:
1.         porque foi projeto dele na criação;
2.         porque ele pessoalmente deu a primeira noiva em casamento;
3.         porque ele trouxe à existência o projeto de casamento: deixe seus pais, apegue-se a sua mulher, torne-se uma só carne;
4.         e porque esta união de uma só carne é estabelecida por Deus mesmo em cada casamento.
Um vislumbre no esplendor do casamento vem de observar na palavra de Deus que Deus mesmo é o grande executor. Casamento é obra dele. É dele e por meio dele. Essa é a coisa mais fundamental que podemos dizer sobre casamento. E agora vamos ver que é para ele.
2. Casamento É Para a Glória de Deus

A derradeira afirmação da Bíblia sobre o casamento é que ele existe para a glória de Deus. Mais fundamentalmente, casamento é obra de Deus. Mais derradeiramente, casamento é avitrine de Deus. É projetado por Deus para expor sua glória de um modo que nenhum outro evento ou instituição é.
O jeito mais claro de ver isto é conectando Gênesis 2:24 com o seu uso em Efésios 5:31-32. Em Gênesis, Deus disse: "Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne." Que tipo de relacionamento é esse? Como duas pessoas são mantidas juntas? Elas podem deixar este relacionamento? Elas podem ir de cônjuge em cônjuge ? É esse relacionamento baseado no romance? Desejo sexual? Necessidade de companhia? Conveniência cultural? O que é isso? O que o mantém?
O Mistério Do Casamento Revelado

As palavras "se une à sua mulher" e as palavras "tornando-se uma só carne" apontam para algo muito mais profundo e permanente do que casamentos em série e adultério ocasional. O que essas palavras apontam é para o casamento como uma aliança sagrada baseada nos compromissos de aliança que resistem cada tormenta "até que a morte os separe". Mas só está implícito aqui. Isso se torna explícito quando o mistério do casamento é mais plenamente revelado em Efésios 5:31-32.
Paulo cita Gênesis 2:24 no verso 31: "Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne." E então ele dá a isso sua extremamente importante interpretação no verso 32: "Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja.". Em outras palavras, casamento segue o padrão de compromisso de aliança de Cristo para com sua igreja. Cristo se imaginou como noivo vindo para sua esposa. (Mateus 9:15; 25:1; João 3:29). Paulo sabia que seu ministério era reunir a Noiva — o verdadeiro povo de Deus que confiaria em Cristo — e nos entregar em casamento a Ele. Ele diz em 2 Coríntios 11:2: "Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo."
Cristo sabia que ele teria que pagar o dote do seu próprio sangue por sua noiva redimida. Ele chamou este relacionamento de nova aliança — "Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós." (Lucas 22:20). Isso é o que Paulo está se referindo quando ele diz que casamento é um grande mistério: "eu me refiro a Cristo e à igreja". Cristo obteve a igreja pelo seu sangue e formou uma nova aliança com ela, um inquebrável "casamento".
A afirmação mais derradeira sobre casamento que podemos fazer é que ele existe para a glória de Deus. Isto é, ele existe para expor Deus. Agora podemos ver como: o casamento segue o padrão do relacionamento de compromisso de Cristo com a igreja. Portanto, o significado mais elevado e o propósito mais final do casamento é colocar o relacionamento de compromisso de Cristo e sua igreja em exposição. É por isso que casamento existe. Se você está casado, esse é o motivo de você estar casado.
Cristo Nunca Vai Abandonar Sua Esposa

Continuar casado, portanto, não se baseia em continuar apaixonado. Tem a ver com manter uma aliança. "Até que a morte nos separe" ou "enquanto vivermos" é promessa de aliança sagrada — o mesmo tipo que Jesus fez com sua Noiva quando morreu por ela. Portanto, o que faz divórcio e novo casamento tão abominável aos olhos de Deus não é apenas que isso envolve quebra de aliança com o cônjuge, mas isso envolve representar mal a Cristo e sua aliança. Cristo nunca vai abandonar sua esposa. Nunca. Pode haver tempos de distância dolorosa da nossa parte. Mas Cristo mantém sua aliança para sempre. Casamento é mostrar isso! É o que podemos dizer de mais derradeiro sobre o casamento.
Tenho muito mais a dizer nessa hora. Então, decidi manter-me neste tópico semana que vem. Isto é o que abordaremos, se Deus quiser. Gênesis 2:25 diz: "Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam." Por que a história bíblica da fundação do casamento termina naquela nota logo antes da queda? A resposta vai nos levar, penso eu, a alguns conselhos práticos que eu oro para que nos ajudem em nossos casamentos a cumprir os grandes propósitos que Deus tem para nós.

Por hora, você oraria comigo para que Deus troque na igreja e em nossa terra compromissos que exaltam o ego, destruidores de casamentos e sem base bíblica, a fim de suprir nossos desejos emocionais com compromissos que exaltam a Cristo, honram o casamento e têm base bíblica para manter nossas alianças?



9 - Continuar Casado Não se Baseia em Continuar Apaixonado - Parte 2

Por John Piper

Gênesis 2:18–25:
“Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. 19 Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles. 20 Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea. 21 Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. 22 E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. 23 E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. 24 Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. 25 Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.”
Casamento e o Evangelho

O casamento é mais maravilhoso do que todo mundo pensa. E as razões pelas quais ele é maravilhoso só podem ser aprendidas por revelação especial de Deus e só podem ser apreciadas pela obra do Espírito Santo em nos possibilitar ver e abraçar esta maravilha. O motivo de precisarmos da ajuda do Espírito é que a maravilha do casamento é entretecida no evangelho da cruz de Cristo, e a mensagem da cruz é tolice para o homem natural, e, então, o sentido do casamento é tolice para o homem natural (1 Coríntios 2:14). Por exemplo, o ateísta Richard Dawkins disse no último outono,
Eu dou... argumentos convincentes contra um designer inteligente sobrenatural. Mas isso me parece um ideia digna. Refutável — mas grande e formidável o suficiente para ser digna de respeito. Eu não vejo deuses olímpicos ou Jesus descendo e morrendo na cruz como dignos dessa grandeza. Eles me dão a impressão de ser provincianos.
Essas são as palavras trágicas do "homem natural". Aqueles que consideram Cristo e sua encarnação, morte, ressurreição e senhorio sobre todo o universo mantendo-o com a palavra de seu poder (Hebreus 1:3; Colossenses 1:16-17), como provinciano não verão a maravilha do casamento composta no evangelho. Mas, pela graça você talvez veja. Eu oro para que veja. Eu acredito que Deus vai revelar isso para ti se você olhar fielmente para a revelação disso na palavra de Deus e buscar ajuda do Espírito Santo para te possibilitar ver e saborear a glória de Deus e sua aliança comprada no sangue com a igreja, a qual é refletida no casamento.
Casamento É Obra De Deus Para A Glória de Deus
Semana passada, vimos que a afirmação mais fundamental que podemos fazer sobre o casamento é que ele é obra de Deus. E a afirmação mais derradeira que podemos fazer sobre o casamento é que ele é a vitrine de Deus. A razão de ser a vitrine de Deus é que, em Cristo, Deus fez uma nova aliança com seu povo. Nela, ele promete perdoar, justificar e glorificar todos que se arrependerem do pecado e receberem Cristo como Salvador, Senhor e supremo Tesouro de suas vidas. O casamento entre um homem e uma mulher foi projetado desde o começo para ser o reflexo e exposição desse relacionamento de aliança.
Esse é o motivo de Paulo citar Gênesis 2:24 — "Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" — e então dizer:"Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja." (Efésios 5:31-32). Deixar os pais e unir-se a uma esposa, formando uma nova união de uma só carne, foi designado desde o início para expor essa nova aliança — Cristo deixando seu Pai e levando a igreja como noiva, ao custo de sua própria vida, e unindo-se a ela em uma união de um só Espírito para sempre (1 Coríntios 6:17).
Então, eu concluí que continuar casado não se baseia em continuar apaixonado. Tem a ver com manter uma aliança. Se um cônjuge se apaixona por outra pessoa, uma resposta profundamente legítima do cônjuge afligido e da igreja é: "E daí? Mantenha a sua aliança." Agora é hora de investigar mais profundamente o que a manutenção da aliança é e o que ela significa.
Nus e Não se Envergonhavam

Para nos ajudar, e assentar uma fundação mais ampla, vamos ao verso no nosso texto que não comentamos semana passada. Gênesis 2:25: "Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam." Qual é o foco nesse verso? Considere estas duas razões possíveis pelas quais eles não estavam envergonhados. Primeiro, é a razão de que ambos tinham corpos perfeitos. Então, uma vez que a aparência era perfeita, eles não tinham medo algum de que o seu cônjuge iria desaprová-la. Em outras palavras, sua liberdade da vergonha era porque eles não tinham absolutamente nada para se envergonhar. Era esse o ponto principal?
Certamente é uma observação verdadeira. Quando Deus criou o homem, ele disse que sua criação era "muito boa" (Gênesis 1:31). Então, o homem e a mulher eram perfeitamente bonitos e elegantes. Não tinham falha nem mácula. Mas é esse o ponto principal de Gênesis 2:25? Eu duvido. Por três razões.
Não Por Causa de Corpos Perfeitos

Primeiro, não importa quão bonito e elegante seu cônjuge é, se você é mal-humorado, egoísta ou cruel, você pode fazer comentários de um jeito que envergonhe a outra pessoa. Não estar envergonhado em um casamento requer mais do que ser fisicamente perfeito; quem está olhando para você tem que ser moralmente correto e gracioso.
Segundo, Gênesis 2:24-25 tem a intenção de dar sabedoria fundamental para o casamento muito depois da queda do homem no pecado. Podemos ver isso pelo jeito que Jesus usa o verso 24. Então, não me parece que o ponto principal apenas se relacionaria a situação antes da queda, a saber, a perfeição dos corpos.
Terceiro, verso 24 cria o relacionamento onde o verso 25 pode acontecer. E a ênfase está no compromisso de aliança. Esses dois estão se unindo em uma união de uma só carne que não é um experimento. É uma nova união de compromisso. Isso é o que cria o contexto para um casamento livre de vergonha — não sua beleza perfeita.
Por Causa do Amor de Aliança

Então, considere uma segunda possibilidade pela qual eles estão nus e não se envergonham. Minha sugestão é que a ênfase não está na liberdade da imperfeição física, mas na plenitude do amor de aliança. Em outras palavras, eu posso estar livre da vergonha por duas razões. Uma é que eu sou perfeito e não tenho do que me envergonhar, e a outra é que eu sou imperfeito, mas eu não tenho medo de ser desaprovado pelo meu cônjuge. O primeiro jeito de ser livre de vergonha é ser perfeito; o segundo jeito de ser livre da vergonha é baseado na natureza graciosa do amor de aliança. No primeiro caso, não há vergonha porque somos infalíveis. No segundo caso, não há vergonha porque o amor de aliança cobre uma multidão de falhas. (1 Pedro 4:8; 1 Coríntios 13:5).
Eu sei que em Gênesis 2:25 a queda no pecado ainda não aconteceu. Então, não existem falhas a serem cobertas. Mas, meu ponto é que o verso 25 flui do verso 24 porque o relacionamento de aliança estabelecido pelo casamento é projetado desde o início para ser a fundação principal da liberdade da vergonha. De comum acordo, até que o pecado viesse no mundo, e todos os tipos de falhas vieram junto, Adão e Eva não tinham exercitado seu amor de aliança para cobrir algum pecado e falhas um do outro. Mas aquele era o projeto de Deus. O casamento foi projetado desde o início para mostrar Cristo e a igreja, e a essência da nova aliança é que Cristo perdoa os pecados da sua noiva. Sua noiva é livre da vergonha não porque ela é perfeita, mas porque ela não tem medo de que o noivo irá condená-la ou envergonhá-la por causa de algum pecado dela. Esse é o motivo de a doutrina da justificação estar bem no coração do que faz o casamento funcionar. Isso cria paz com Deus verticalmente, apesar do nosso pecado. E quando experimentado horizontalmente, cria paz livre de vergonha entre um homem imperfeito e uma mulher imperfeita. Eu espero abordar mais disso semana que vem.
Declarando Independência

Mas primeiro nós precisamos terminar de olhar o que esse texto tem a dizer sobre nudez e vergonha. Em Gênesis 2:17, Deus disse a Adão: "mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás." Eu considero o "conhecimento do bem e do mal" como referência a um status de independência de Deus em que Adão e Eva decidiriam por si mesmos, à parte de Deus, sobre o que era bom e o que era mau. Assim, comer daquela árvore significava uma declaração de independência de Deus.
Em Gênesis 3:5-6, isto é o que acontece:
[O tentador diz:] " Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal." Então, quando a mulher viu que aquela árvore era boa para comer, agradável aos olhos e que era para desejável para tornar alguém sábio, pegou do fruto e comeu, e ela também deu uma parte para seu marido, que estava com ela, e ele comeu.
O primeiro efeito desta rebelião contra Deus e esta declaração de independência é lembrada no verso 7: "Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si." O que isso significa?
De repente, eles estão conscientes a respeito de seus corpos. Antes da rebelião contra Deus não havia vergonha. Agora, evidentemente, existe vergonha. Por quê? Não há razão de pensar que era porque de repente eles se tornaram feios. Não é o foco do texto. Sua beleza não foi o foco em Gênesis 2:25, e sua feiura não é o foco aqui em 3:7. Por que, então, a vergonha? Porque a fundação do amor que mantém a aliança entrou em colapso. E com isso, a doce e totalmente confiante segurança do casamento desapareceu para sempre.
A Fundação do Amor que Mantém a Aliança

A fundação do amor que mantém a aliança entre um homem e uma mulher é a aliança não quebrada entre eles e Deus — Deus os governando para seu bem e eles apreciando-O nessa segurança e confiando nele. Quando eles comeram da árvore do conhecimento do bem e do mal, a aliança foi quebrada e a fundação da manutenção de sua aliança entrou em colapso.
Eles experimentaram isso imediatamente na corrupção de seu amor de aliança um pelo outro. Isso aconteceu de duas formas. E nós experimentamos isso hoje nessas mesmas duas formas. E ambas estão relacionadas à experiência da vergonha. No primeiro caso, quem está vendo a minha nudez não é mais digno de confiança; então estou com medo de que serei envergonhado. No segundo caso, eu mesmo não estou mais em paz com Deus, mas eu me sinto culpado, sujo e indigno — eu mereço ser envergonhado. Pense sobre isto por um tempo.
Vulnerabilidade À Vergonha

No primeiro caso, estou consciente de meu corpo e sinto-me vulnerável à vergonha porque sei que Eva tem escolhido ser independente de Deus. Ela tem feito de si mesma central no lugar de Deus. Ela é essencialmente uma pessoa egoísta. Desse dia em diante, ela vai se colocar em primeiro e os outros por último. Não é mais uma serva. Então, ela não é confiável. E eu sinto-me vulnerável ao redor dela, porque ela é do tipo que me coloca para baixo se isto a colocar para cima. Então, de repente, minha nudez é precária. Eu não confio nela mais para me amar com o amor puro que mantém a aliança. Isto é uma fonte de vergonha e auto-consciência.
A Aliança Quebrada com Deus

A outra fonte é que Adão mesmo, não apenas sua esposa, quebrou a aliança com Deus. Se ela é rebelde, egoísta e, portanto, insegura, eu também. Mas o modo que experimento isso em mim é que eu me sinto sujo, culpado e indigno. Isso está de fato o que eu sou. Antes da queda, o que é e o que deveria ser eram a mesma coisa. Mas, agora o que é e o que deveria ser não são a mesma coisa. Eu deveria ser humilde e alegremente obediente a Deus. Mas não sou. A diferença entre o que eu sou e o que eu deveria ser colore tudo a respeito de mim — incluindo como me sinto sobre meu corpo. Então minha esposa pode ser a pessoa mais confiável do mundo, mas agora meu próprio senso de culpa e indignidade me faz sentir vulnerável. A nudez simples e aberta da inocência agora parece inconsistente com a pessoa culpada que eu sou. Sinto-me envergonhado.
Então, a vergonha da nudez se levanta de duas fontes e ambas se devem ao colapso da fundação do amor de aliança no nosso relacionamento com Deus. Uma é que Eva não é mais confiável para me apreciar; ela se tornou egoísta e eu me sinto vulnerável de que ela vá me colocar para baixo por causa de seu próprio egoísmo. A outra é que eu já sei que sou culpado e a nudez da inocência contradiz minha indignidade — eu me sinto envergonhado disso.
Eles Mesmos se Vestiram

Gênesis 3:7 diz que eles tentaram enfrentar essa situação se vestindo: "Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si." Então em Gênesis 3:21, Deus fez roupas melhores para eles da pele de animais: "Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu." O que podemos aprender?
O esforço de Adão e Eva de se vestirem por si mesmos era um esforço egoísta de esconder o que tinha realmente acontecido. Eles foram e tentaram se esconder de Deus (Gênesis 3:8). Eles não eram mais inocentes, porém eram rebeldes contra Deus. Sua nudez era muito reveladora e muito vulnerável. Eles tentaram fechar a lacuna entre o que eles eram e o que eles deveriam ser cobrindo o que eram e apresentando-se de um novo modo. Do ponto de vista deles, isso era a origem da hipocrisia. E foi a primeira tentativa — totalmente sem sucesso — de tapar o sol com a peneira.
Então Deus Os Vestiu

Então, o que significa que Deus os vestiu com peles de animais? Estava ele confirmando a hipocrisia? Estava ele ajudando-os a fazer algo ilícito? Se eles estavam nus e livres de vergonha antes da queda, e se colocaram roupas para minimizar a vergonha depois da queda, então o que Deus está fazendo ao vesti-los até melhor do que eles mesmos poderiam? Eu penso que a resposta é que ele estava fazendo algo com uma mensagem negativa e algo com uma mensagem positiva.
Negativamente, ele está dizendo: Vocês não são mais quem vocês eram nem o que deveriam ser. O hiato entre o que vocês são e o que deveriam ser é enorme. Cobrir-se com roupas é uma resposta certa — não para esconder isso, mas sim para confessar isto. Daqui em diante, vocês vestirão roupas, não para esconder o que deveriam ser, mas para confessar que vocês não são o que deveriam ser. Uma implicação prática disso é que nudez pública hoje não é um retorno a inocência, mas rebelião contra a realidade moral. Deus ordena roupas para testemunhar a glória que perdemos, e é rebelião adicional jogá-las fora.
E para aqueles que se rebelam em outra direção e fazem das suas roupas um meio de poder, prestígio e de chamar atenção, a resposta de Deus não é um retorno a nudez, mas um retorno a simplicidade (1 Timóteo 2:9-10; 1 Pedro 3:4-5). Roupas não foram feitas para as pessoas pensarem sobre o que está debaixo delas. Roupas foram feitas para dirigir atenção para o que não está debaixo delas. Braços e mãos que servem outros em nome de Cristo, pés "formosos" que levam o evangelho onde é necessário e o brilho de uma face que tem contemplado a glória de Jesus.
O Significado de Vestir

Agora nós já passamos pelo significado mais positivo de vestir que Deus tinha em mente quando ele vestiu Adão e Eva com peles de animais. Isso não era apenas um testemunho da glória que foi perdida e uma confissão que não somos o que deveríamos ser, porém isso também é um testemunho de que Deus mesmo faria de nós, um dia, o que deveríamos ser. Deus rejeitou o vestir-se próprio deles. Então, ele mesmo o fez. Ele mostrou misericórdia com roupas melhores. Junto com outros sinais esperançosos no contexto (como a derrota da serpente em 3:15), a misericórdia de Deus aponta para o dia em que ele vai resolver o problema da vergonha deles decisiva e permanentemente. Ele o fará com o sangue do seu próprio filho (como aparentemente foi derramado sangue pela morte dos animais das peles). E ele vai fazer isso com roupas de justiça e o esplendor de sua glória (Gálatas 3:27; Filipenses 3:21).
Isso significa que nossas roupas são um testemunho tanto para a nossa falha do passada e presente, quanto para a nossa glória futura. Elas testificam o hiato entre o que somos e o que deveríamos ser. E elas testificam da intenção misericordiosa de Deus de fazer uma ponte para esse hiato por meio de Jesus Cristo e sua morte pelos nossos pecados. Ele vai resolver o problema do medo, orgulho, egoísmo e vergonha entre homem e mulher com sua aliança comprada pelo sangue.
Casamento É Uma Vitrine Do Evangelho

O casamento foi feito para ser uma exposição dessa aliança e do evangelho. Portanto, o que vamos ver na próxima vez, se Deus quiser, é como o marido e a esposa incorporam o evangelho da nova aliança da justificação pela fé e então criam um novo seguro e sagrado lugar onde pode ser dito novamente: o homem e sua mulher estavam nus e não se envergonhavam.








10 - Doze Maneiras de Amar os Seus Filhos Desobedientes

Por John Piper

Muitos pais ficam com o coração partido e completamente perplexos por causa da filha ou do filho que não são crentes. Não fazem a mínima idéia por que é que a criança que criaram toma decisões tão horríveis e destrutivas. Nunca fui um desses pais, mas fui um desses filhos. Refletindo sobre essa experiência, sugiro estas soluções para lhes ajudar a alcançar os seus filhos desobedientes.
1. Direcionem-nos para Cristo.
O verdadeiro problema dos seus filhos rebeldes não é drogas, sexo, tabaco, pornografia, preguiça, criminalidade, maledicência, desmazelo, homossexualidade, ou fazer parte de uma banda de rock punk. O verdadeiro problema é que eles não veem Jesus com clareza. O melhor que podem fazer pelos seus filhos — e a única razão para fazer qualquer uma das sugestões que se seguem — é mostrar-lhes Cristo. Não é um processo simples ou imediato, mas os pecados nas vidas deles, que lhes inquietam e que os destroem, só começarão a desaparecer quando eles virem Jesus da forma como Ele realmente é.
2. Orem.
Só Deus pode salvar o seu filho ou filha. Por isso, continuem a pedir-Lhe que Se mostre a eles, de forma que eles não possam resistir a adorá-lO.
3. Assumam que algo está errado.
Se a sua filha rejeita Jesus, não finjam que está tudo bem.
Para cada filho que não é crente, os detalhes são diferentes. Será preciso que os pais abordem cada detalhe de forma única. Contudo, não é aceitável o fato de não os abordarem de todo. Se o seu filho não é crente, não ignorem esse fato. As férias podem ser mais fáceis, mas a eternidade não o será.
4. Não esperem que eles sejam como Cristo.
Se o seu filho não é cristão, ele não vai agir como tal.
Vocês sabem que ele abandonou a fé, portanto não esperem que ele viva pelas normas segundo as quais o criaram. Por exemplo, vocês podem se sentir tentados a dizer: «Sabemos que é difícil para você acreditar em Jesus, mas você não consegue pelo menos admitir que se embebedar todos os dias é pecado?»
Se ele está com dificuldade em acreditar em Jesus, então há muito pouco significado em admitir que a embriaguez está errada. Querem protegê-lo, pois. Mas a falta de crença dele é o problema mais perigoso — e não o fato de andar sempre em baladas. Por mais que o comportamento de falta de crença do seu filho se mostre, façam sempre questão de se concentrarem mais na doença do coração do que nos sintomas da doença.
5. Recebam-nos de braços abertos em casa.
Já que a preocupação maior não são as atitudes do seu filho, mas sim o coração dele, não criem muitas exigências para que ele volte para casa. Se ele sentir qualquer desejo de estar com vocês, isso é Deus lhe concedendo uma oportunidade de o amar de volta para Jesus. Obviamente há algumas instâncias em que devem dar ultimatos: «Não entre nesta casa se você estiver...». Porém, instâncias como essas acontecem raramente. Não reduzam as probabilidades de estar com o seu filho ao impor demasiadas regras.
Se a sua filha cheirar a erva ou a tabaco, borrifem o casaco dela com 'Febreze' [um aromatizante do ar] e mudem os lençóis quando ela sai, mas deixem-na vir para casa. Se descobrirem que ela está grávida, comprem-lhe ácido fólico, levem-na à ecografia na 20.ª semana de gravidez, protejam-na do Planejamento Familiar [que pode querer convencê-la a fazer um aborto] e, custe o que custar, deixem-na vir para casa. Se o seu filho entrar em falência porque gastou o dinheiro todo que lhe emprestaram com mulheres da vida e bebidas caras, então perdoem-lhe a dívida como também vocês foram perdoados; não lhe deem mais nenhum dinheiro e deixem-no vir para casa. Se ele não aparece há uma semana e meia porque tem ficado em casa da namorada peçam-lhe para não ir mais lá e, deixem-no vir para casa.
6. Incentivem-nos mais vezes do que as que os repreendem.
Sejam gentis com o desapontamento.
O que mais lhes preocupa é o fato do seu filho se estar destruindo a si próprio, e não o fato de ele estar quebrando as regras. Tratem-no de forma que ele perceba isso. Ele provavelmente sabe — principalmente se foi criado como cristão — que o que anda fazendo está errado. E, definitivamente, ele sabe o que vocês pensam sobre isso. Portanto, o seu filho não precisa que vocês lho digam. Ele precisa saber como vocês vão reagir ao mal dele. A sua indulgência bondosa e esperança dolorosa mostrarão que vocês confiam realmente em Jesus.
A consciência dele, por si só, pode condená-lo. Os pais devem permanecer compreensivos e firmes, vivendo sempre na esperança de que o filho volte.
7. Façam com que os seus filhos tenham contato com crentes que têm mais acesso a eles.
Há dois tipos de acesso ao seu filho que vocês podem não conseguir ter: geográfico e relacional. Se o seu filho desobediente vive longe, tentem encontrar um crente convicto na zona onde ele vive e peçam-lhe para entrar em contato com o seu filho. Isto pode parecer intrometido, sem sentido, ou embaraçoso para ele, mas vale a pena — especialmente se o crente que encontrarem consegue se relacionar também emocionalmente com o seu filho de uma forma que vocês não podem.
A distância nas relações pode também ser um efeito secundário do abandono da fé por parte do seu filho, portanto a sua relação será tênue e deve ser protegida, na medida do possível. Mas uma repreensão dura é necessária também.
É aqui que outro crente com acesso emocional ao seu filho pode ser muito útil. Se há um crente em quem o seu filho confia e, talvez até com quem goste de estar, então esse crente tem a plataforma para dizer ao seu filho — de uma forma que ele preste atenção — que ele está agindo como um idiota. Isto pode soar severo, mas precisamos muitas vezes de uma chamada de atenção, e as pessoas em quem confiamos são normalmente as únicas que conseguem nos dar uma repreensão dolorosa de forma a ser um presente para nós.
Muitos jovens rebeldes fariam bem em ouvir que estão sendo tolos — e é muito raro que os pais lhes digam isto de forma a ajudá-los — portanto, tentem manter outros cristãos nas vidas dos seus filhos.
8. Respeitem os amigos dos seus filhos.
Honrem o seu filho desobediente da mesma forma que honrariam qualquer outro descrente. Eles podem andar com grupos com os quais vocês nem pensariam em falar ou até mesmo olhar, mas não deixam de ser os amigos do seu filho. Respeitem isso — mesmo que o relacionamento se baseie no pecado. Eles são más influências para o seu filho, sim. Mas ele também é má influência para eles. Nada se resolverá pelo fato de tornarem evidente que não gostam de quem anda com quem.
Quando o seu filho aparecer com outra namorada para uma festa de aniversário familiar — uma pessoa que nunca viram e que provavelmente nunca mais verão —sejam hospitaleiros. Ela também é a filha desobediente de alguém, e ela também precisa de Jesus.
9. Enviem-lhes e-mails.
Agradeçam a Deus pela tecnologia que lhes permite estar tão facilmente presentes nas vidas dos seus filhos!
Quando lerem algo na Bíblia que os incentive e os ajude a amar mais Jesus, escrevam-no e enviem-no ao seu filho. A melhor exortação para eles são os exemplos positivos da alegria de Cristo na sua própria vida.
Não fique estressado quando estiver elaborando uma mensagem, como se cada uma delas precisasse de ser unicamente poderosa. Apenas tirem uma após a outra, e deixem que o efeito cumulativo da sua satisfação em Deus se reúna na caixa de correio eletrônico do seu filho. A palavra de Deus nunca é proclamada em vão.
10. Levem-nos a almoçar fora.
Se possível, não deixem que a única interação com o seu filho seja eletrônica. Passem tempo juntos, cara a cara, se puderem. Podem pensar que isto é desconfortável e estressante, mas acreditem que é pior estar no lugar do seu filho — ele está vivendo esse mesmo desconforto, mas com culpa. Portanto, se ele quer se encontrar com vocês para almoçar, agradeçam a Deus, e façam uso dessa oportunidade.
É quase hipócrita falar sobre a rotina dele, porque aquilo que lhes importa realmente é a vida eterna dele; mas tentem mesmo assim. Ele precisa saber que se importam com tudo o que lhe diz respeito. Então, antes de acabar de almoçar, orem para que o Senhor lhes dê a coragem de perguntar sobre a alma dele. Não sabem como ele vai responder. Será que ele vai revirar os olhos como se vocês fossem idiotas? Será que vai se zangar e ir embora? Ou será que Deus tem trabalhado nele desde a última vez em que você falou com ele? Se não perguntar, nunca vai saber.
(Eis aqui uma nota para os pais de crianças pequenas: estipulem saídas regulares para comerem fora com os seus filhos. Não só será uma experiência valiosa para ambos, como também, se alguma vez os seu filhos entrarem na crise da insubordinação, a tradição de se encontrarem com eles já existirá e não será estranho convidá-los para comer fora. Se o filho estiver habituado, desde pequenino, a ir comer fora com o pai aos sábados, será muito mais difícil ele recusar um convite do pai — mesmo para um confiante rapaz de 19 anos.)
11. Interessem-se por aquilo que eles querem conseguir.
É provável que se a sua filha está rejeitando a Cristo de propósito, então a forma como ela passa o tempo irá decepcioná-los. Contudo, encontrem valor nos interesses dela, se possível, e incentivem-na. Vocês foram assistir às peças da escola dela e aos jogos de futebol quando ela tinha 10 anos; o que poderão fazer agora que ela tem 20 para mostrar que realmente ainda se interessam pelos interesses dela?
Jesus passou tempo com cobradores de impostos e prostitutas, e nem sequer era familiar deles. Imitem a Cristo sendo o tipo de pais que colocam os tampões de ouvidos no bolso e vão para o centro da cidade, à pequena discoteca fria e úmida, onde será o espetáculo de lançamento do CD da sua filha. Incentivem-na e nunca parem de orar para que ela comece a usar os dons dela para a glória de Jesus, em vez de para a sua própria glória.
12. Apontem-lhes Cristo.
O mais importante é que isto não seja demasiado estressante. Nenhuma estratégia para alcançar o seu filho, ou filha, surtirá qualquer efeito duradouro se o objetivo subjacente não for ajudá-los a conhecer Jesus.
Jesus.
Não ore para que eles voltem a ser bons filhos; para que cortem o cabelo e comecem a tomar banho; para que venham a gostar de música clássica em vez de deathcore; para que deixem de se sentir envergonhados no estudo semanal da Bíblia; para que votem no partido conservador nas próximas eleições; nem para que vocês possam dormir à noite ao saber que os seus filhos não vão para o inferno.
A razão mais importante para orar por eles, recebê-los de braços abertos, pleitear com eles, enviar-lhes e-mails, comer com eles ou se interessar por aquilo que é de interesse para eles, é para que os olhos dos seus filhos se abram para Cristo.
E Cristo não é apenas o único objetivo — Ele é também a única esperança. Quando eles virem a maravilha que é Jesus, a satisfação será redefinida. Ele substituirá a patética vaidade do dinheiro, o louvor ao homem, ou o enlevo emocional, ou o orgasmo em que estão a delimitar as suas vidas eternas neste momento. Só a Sua graça pode retirá-los dessas buscas arriscadas e prendê-los com segurança a Ele — cativos, mas satisfeitos.
Isto Ele fará por muitos. Tenham fé e não desistam.







11 - Criando Crianças que Confiam em Deus

Por John Piper

Salmo 78:1-8:
{Um Masquil de Asafe}Escutai a minha lei, povo meu; inclinai os vossos ouvidos às palavras da minha boca. Abrirei a minha boca numa parábola; falarei enigmas da antiguidade. Os quais temos ouvido e sabido, e nossos pais no-los têm contado. Não os encobriremos aos seus filhos, mostrando à geração futura os louvores do SENHOR, assim como a sua força e as maravilhas que fez. Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pós uma lei em Israel, a qual deu aos nossos pais para que a fizessem conhecer a seus filhos; para que a geração vindoura a soubesse, os filhos que nascessem, os quais se levantassem e a contassem a seus filhos; para que pusessem em Deus a sua esperança, e se não esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos. E não fossem como seus pais, geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espírito não foi fiel a Deus.

Ai de nós, se algum dia nos tornarmos tão fixados no bem-estar dos nossos filhos que perdemos nossa paixão por resgatar nossos vizinhos perdidos e alcançar as nações perdidas. É surpreendente, porém verdade o que Jesus disse em Mateus 19:29: “E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.” Nós temos que aceitar o fato que deixar filhos por causa de Jesus pode não ser pecado.
Nossos filhos não são o que temos de mais valioso
Nossos filhos não são o nosso maior valor. Cristo é o que temos de mais valioso. E o chamado de Cristo relativiza duas grandes ordenanças da criação. Uma é o casamento e a outra é a paternidade/maternidade. Na criação Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só… deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gênesis 2:18,24). Mas o apóstolo Paulo disse aos coríntios que ele desejava que todos fossem como ele – a saber, solteiro – para poder devotar-se completamente a Deus (1 Coríntios 7:7, 35). Então, é bom estar casado. Sim, mas por causa das quebras dentro do reino de Deus nestes últimos dias, pode ser até melhor estar solteiro. Ele concorda que cada um tem o seu dom (1 Coríntios 7:7). Assim, é bom ser casado. Sim, mas por causa da perseguição ao reino de Deus nesses últimos dias, pode ser ainda melhor ser solteiro.
O mesmo acontece com criação de filhos. Salmos 127:3 diz que os filhos são uma “herança” preciosa e uma “recompensa.” Gênesis 1:28 diz o que devemos fazer: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a.” Sim, mas isso também não é absoluto. Se casamento não é fundamental, a criação de filhos não pode ser também. Se a perseguição ao reino de Deus relativiza o ideal do casamento e torna o ser solteiro uma estratégia crucial e que exalta a Cristo, o mesmo se dá com a criação de filhos. Haverão estratégias ordenadas por Deus, que exaltam a Cristo e que avançam o Reino, para pais que não estão fissurados em ideais de conforto, segurança oportunidades e excelência pedagógica para os filhos. Haverá dias, Jesus diz (em Mateus 19:29), quando “por minha causa” vocês deixarão filhos. E sem dúvida ao deixar, você sentirá que a situação de lar ideal está sendo perdida. E está! Mas Deus é capaz de fazer mais do que sonhamos com as dolorosas circunstâncias criadas por seguir este chamado radical. “Vezes cem” é a palavra que ele usa. “Vezes cem” (hekatontaplasiona)!
Menciono isso só para dizer novamente: Ai de nós, se algum dia nos tornarmos tão fixados no bem-estar dos nossos filhos que perdemos nossa paixão por resgatar nossos vizinhos perdidos e alcançar as nações perdidas.
Mas tendo dito isso, ouçamos o que o nosso Deus nos ordena concernente aos nossos filhos na comunidade do Novo Pacto chamada a Igreja.
Crianças e a Comunidade do Novo Pacto
Há aqueles que acreditam que as crianças que nascem em famílias de crentes são membros da comunidade do pacto. Esse é o motivo dos presbiterianos e outros na comunidade Reformada (com os quais temos muito em comum) batizarem seus bebês. Cremos, todavia, que isso é um malentendido da natureza da comunidade do Novo Pacto.3 Acreditamos que a comunidade do Novo Pacto é criada pelo segundo nascimento, e não pelo primeiro. Portanto, o sinal do pacto, o batismo, é dado àqueles que nascem do Espírito numa família espiritual, não àqueles que nascem da carne dentro numa família física.
João o Batista ordenou àqueles que já tinham sido circuncidados na comunidade do Antigo Pacto que fossem batizados como um sinal de entrada numa nova comunidade espiritual de pessoas arrependidas. Cremos que isso é o que Jesus continuou e ordenou. Essa foi a razão de Pedro levantar-se em Pentecostes e dizer aos 3.000 judeus circuncidados: “Arrependei-vos e sejam batizados.” A comunidade do Novo Pacto (a igreja) não é algo para a qual você possa nascer segundo a carne. Você deve nascer pelo Espírito. A evidência desse novo nascimento é a fé e o arrependimento, e o sinal colocado sobre ele pela igreja, em nome de Deus, é o batismo.
Assim, como os nossos filhos se encaixam dentro da comunidade do Novo Pacto chamada igreja, se eles não são membros em virtude do nascimento físico? A forma como eu colocaria é algo assim: os filhos dos cristãos são queridos protegidos da comunidade do Novo Pacto. Eles são guardados por uma tutela espiritual, aguardando o dia em que eles despertarão para a fé em Cristo. A ligação deles com uma família cristã, no nível natural, exige uma comunidade-orfanato no nível espiritual. Muitas obrigações especiais, claras e bíblicas nos liga aos nossos filhos, não porque sejam membros do pacto antes de terem fé, mas porque Deus nos deu um mandato especial para conduzi-los à fé.
Nascer numa família do Novo Pacto não faz da criança um membro da comunidade do Novo Pacto; faz da comunidade do Novo Pacto o tutor espiritual da criança.
Qual é o nosso chamado como pais e Igreja?
O que prepara o palco agora para o mandato dessa tutela. O que Deus requer de nós? Qual é o nosso chamado como pais e como comunidade de cristãos para com os nossos filhos? A razão pela qual podemos ir agora ao livro dos Salmos para a resposta é que há coincidência suficiente entre o Antigo e o Novo Pacto, que as mesmas coisas cruciais são requeridas em ambos. Assim, deixe-nos sumarizar o propósito de Deus para os pais e para a igreja a partir de Salmos 78:4-7. Há seis estágios em nosso chamado que vejo nesses versículos.
1. A Preeminência e Centralidade de Deus
Ele começa primeiro com Deus.
Versículo 4b: “Contaremos as gerações vindouras os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que tem feito.”
Toda criação de filhos e educação cristã começa com Deus. Há uma realidade última e imutável, a saber, Deus. Tudo o mais em criação e educação de filhos procede dele. Tudo o mais é para ele. Ele é o princípio, o fim e o centro da criação e educação. Ele é a coisa principal em como você educa, ensina e disciplina as crianças. Tudo começa com Deus e é erigido sobre Deus, e tudo deve ser moldado por ele. Se há uma memória que nossos filhos devem ter das nossas famílias e nossa igreja é esta: devem lembrar-se de Deus. Deus era o primeiro. Deus era o centro. Havia uma paixão pela supremacia de Deus em todas as coisas.
2. Um Depósito Fixo da Verdade de Deus
O segundo estágio em nosso chamado como pais e como uma comunidade do pacto é que há um depósito fixo da verdade de Deus no mundo.
Versículo 5: “Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel.”
Deus tem testificado e ensinado. A palavra hebraica traduzida como “lei” (Torah) significa “ensino.” Deus tem testificado e ensinado. E nós temos esse testemunho e ensino num livro, a Bíblia. A Bíblia é a forma que Deus, a realidade última e importantíssima, revela-se a nós com clareza e autoridade hoje. Se Deus é mais importante que qualquer outra coisa, então a Bíblia é mais importante que tudo além de Deus. As implicações disso para a criação de filhos e tutela do Novo Pacto são espantosas.
1. Significa que a Bíblia será o sol no sistema solar de tudo o que ensinamos aos nossos filhos. Não será um entre muitos livros. Será o livro central, que a tudo permeia. Os outros livros são planetas escuros; a Bíblia é o sol que emana luz. Todos os outros livros serão lidos à luz deste livro. Todos os livros serão julgados por este livro. Todos os livros encontrarão sentido na cosmovisão construída por este livro. O que significa que este livro deve ser conhecido primeiro e conhecido melhor que todos os outros livros.
2. A segunda coisa que significa para nós o fato de Deus ter testificado e ensinado num livro é que há um depósito fixo da verdade a ser passado a cada geração. Paulo diz a Timóteo para “guardar o bom depósito que tinha sido confiado” a ele (2 Timóteo 1:14). Esta é a tarefa dos pais, bem como da comunidade pactual como um todo: guardar o depósito sagrado. Preservá-lo e transmiti-lo a cada geração.
3. Ensinando
O terceiro estágio no nosso chamado como pais e comunidade é o ensino.
Versículo 5: “Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, as quais coisas ordenou aos nossos pais que as ensinassem a seus filhos.”
Somos ordenados a ensinar o testemunho de Deus aos nossos filhos. Não é suficiente preservar o depósito da verdade num livro, e falar para eles que está lá. Somos ordenados a ensinar. Efésios 6:4 diz: “E vós, pais, não provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na disciplina e instrução do Senhor!” Instrução! Devemos instruí-los no testemunho e ensino de Deus.
Aqui está uma enorme implicação educacional: visto que o testemunho e a instrução de Deus estão num livro, isso significa que iremos trabalhar para ensinar nossos filhos a ler. De fato, entre “leitura, dissertação e aritmética”, a leitura será de suprema importância. E a leitura não é algo simples: inclui reconhecimento de idéias que são conectadas a símbolos. Inclui compreensão de como tais idéias se encaixam na mente de um autor para criar uma mensagem. Inclui pensamento sobre se aquela mensagem é verdadeira ou não. Nunca cessamos de aprender a como ler. Há sempre oportunidade para melhoramento na forma como lemos. E o incentivo principal para crescer e melhorar nossa leitura é que o infinitamente glorioso Deus, que fez todas as coisas e que nos ama e planeja o nosso futuro, testificou e ensinou num livro.
4. Crianças Aprendem e Entendem
O quarto estágio em nosso chamado como pais e igreja é que nossos filhos devem conhecer o testemunho e o ensino de Deus — conheça-o suficientemente bem para passar à próxima geração. Do nosso ensino vem o conhecimento deles.
Versículo 6: [Nós ensinamos] “para que a geração vindoura a soubesse, os filhos que nascessem, os quais se levantassem e a contassem a seus filhos.” Você poderia pensar que esse ponto é quase o mesmo que o anterior. Mas não é. Ensino não é o mesmo que aprendizado e conhecimento. E a distinção é importante por pelo menos duas razões.
Uma é que não podemos forçar os nossos filhos a aprender. Podemos ensinar. Mas não podemos fazer que eles entendam. Entendimento é uma coisa preciosa. O tipo de conhecimento que Deus tem em mente aqui é mais que mera memória ou conscientização mental crua. Entendimento é examinar a beleza real da verdade e abraçá-la pelo tesouro que é. Pais e igreja não podem fazer com que isso aconteça. Podemos fazer o nosso melhor colocando Deus no centro e amando, orando e ensinando. Mas no fim, há um abismo entre ensino e entendimento que só Deus pode fazer com que nossos filhos atravessem.
A outra razão para enfatizar a diferença entre nossa tarefa de ensinar e a responsabilidade deles de entender é que o restante do propósito de Deus para os nossos filhos origina-se a partir desse entendimento. Os dois estágios finais do nosso chamado são fruto desse estágio de entendimento.
5. Filhos Colocam a Confiança Deles em Deus
Então, o quinto estágio em nosso chamado é que nossos filhos coloquem sua confiança em Deus.
Versículo 7: “Para que pusessem em Deus a sua esperança.”
Deus testificou e ensinou que haveria um depósito de verdade confiável, o qual poderíamos ensinar aos nossos filhos para que eles conheçam e abracem — por quê? Para que possam colocar a sua confiança em Deus.
O objetivo de toda educação verdadeira é aprofundar e alargar a confiança em Deus. Isso é o que impede que o aprendizado leve ao orgulho — ou deveria impedir. Todo aprendizado e conhecimento verdadeiro revelam que somos dependentes de Deus e devemos depender dele ou perecer. Conhecimento que conduz à auto-suficiência ao invés de dependência em Deus, não é conhecimento verdadeiro, mas conhecimento defeituoso. É como um arqueólogo que encontra um belo quadro antigo, mas esconde-o numa caixa trancada e viaja por toda parte fazendo conferências em quão brilhante ele foi ao descobri-lo; mas nunca o tirando para que todos o admirem, para que a beleza do tesouro original não diminua o seu empreendimento próprio em encontrá-lo.
O objetivo de todo conhecimento é ter confidência em Deus. Esperança em Deus. Confiança em Deus. Deus é o princípio e o fim de toda educação. Mas há um estágio final em nosso chamado como pais e igreja para com os nossos filhos.
6. Uma Vida de Obediência
Nossa confiança em Deus, firmada no conhecimento do testemunho e ensino de Deus, deve conduzir a uma vida de obediência.
Versículo 7: “Para que pusessem em Deus a sua esperança, e se não esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos.”
Quando nossos filhos colocam a confiança em Deus, eles seguirão os mandamentos de Deus. A obediência externa não será conformidade legalista às pressões e expectativas externas. Será o fruto de confiança interna — não confiança própria, mas em Deus.
A razão da obediência externa a Deus ser o objetivo final da criação de filhos é porque ela externaliza a glória de Deus — e esta é a razão pela qual o universo foi criado. Estado interno de mente, não importa quão bom, não manifesta, revela ou exterioriza a dignidade de Deus. Mas quando nós e nossos filhos somos tão confiantes em Deus que prazerosamente obedecemos às demandas de Deus por amor e justiça, então a beleza, dignidade, sabedoria, amor e justiça de Deus resplandecem no mundo. E esta é a razão pela qual o mundo foi criado — para que o conhecimento da glória de Deus encha a terra assim como as águas cobrem o mar (Habacuque 2:14).
Conclusão
Concluo com uma sugestão para a nossa igreja. Creio que uma implicação desse chamado sêxtuplo é um novo tipo de parceria entre igreja e pais. Pais são os agentes primários de Deus nesse chamado. Mas nenhum pai pode fazer tudo isso sem a ajuda de outros. Por isso escolas existem e todos os outros esforços educacionais existem na igreja.
• Pais precisam de ajuda para manter viva uma visão teocêntrica da criação de filhos.
• Pais precisam de uma profunda confiança em Deus.
• Pais precisam de motivação para perseverar ano após ano.
• Pais precisam de encorajamento quando tudo parece dar errado.
• Pais precisam de um descanso de vez em quando do desgaste de criar filhos.
• Pais precisam de ajuda para reduzir o Livro de Deus em porções essenciais, transferíveis e de acordo com a idade das crianças.
• Pais precisam de ajuda no ensino de assuntos e habilidades onde eles carecem de experiência e tempo.
• Pais precisam de reforço comunitário da verdade e de padrões morais.
• Pais precisam de soluções para problemas difíceis trazidos pelos filhos.
• Pais precisam de camaradagem para compartilhar a sabedoria acumulada.
• Pais precisam de correção quando outros podem ver que algo está errado, mas eles não.
• Pais precisam de oração porque no final Deus é o Grande Professor.
Criação de filhos é a coisa principal para filhos sob Deus; mas Deus quer que essa criação aconteça numa comunidade do pacto que ajude a suprir o que os pais necessitam. E ele quer, por outro lado, que os pais — e pessoas solteiras — sustentem e moldem o ministério da comunidade do pacto para com as crianças.
• Pais e solteiros que ensinem,
• Pais e solteiros que supervisionem,
• Pais e solteiros que cantem,
• Pais e solteiros que planejem e coloquem em prática atividades para as crianças,
• Pais e solteiros que abram a porta de suas casas,
• Pais e solteiros que sejam exemplo em tudo o que estamos almejando na missão educacional.
Convido você a orar comigo sobre essa nova parceira em nossa igreja — que a próxima geração possa colocar a sua confiança em Deus.







12 - Como Ser um Refúgio para Seus Filhos

Por John PIper

“Aquele que teme o SENHOR possui uma Fortaleza segura, refúgio para seus filhos.”  (Provérbios 14:26)
Se o Pai está com medo, para onde a criancinha recorre? Pais devem ser seguros. Eles devem saber o que fazer e como solucionar problemas e ajustar as coisas, e acima de tudo, eles devem proteger os filhos do perigo. Mas o que acontece se uma criança vê nos olhos de seu pai o medo? E se o Pai está com tanto medo quanto a criança, e não sabe o que fazer? Aí a criança está totalmente descontrolada e em pânico. Ela sente que o lugar estável, bom e seguro não é mais seguro.
Mas se o Pai é seguro de si, então os filhos têm um refúgio. Se o Pai não entrar em pânico, mas sim, calmo e estável, todas as paredes podem cair, e todas as ondas podem quebrar, e todas as cobras podem emitir silvo e os leões podem rugir e o vendo soprar, a criança sempre terá um lugar seguro nos braços do Pai. O Pai é o refúgio, desde que o Pai seja seguro de si.
Por isso o Provérbio 14:26 diz que "seus filhos terão um refúgio," se o pai for “seguro de si”. A confiança do Pai é o refúgio de suas crianças. Os Pais, a batalha para sermos confiantes não é apenas relacionada conosco, está relacionada com a segurança de nossos filhos. Está relacionada com o senso de segurança e de felicidade deles. Está relacionado com o fato de eles crescerem irritados ou firmes na fé. Até mesmo os filhos podem conhecer a Deus de forma pessoal, nós somos a imagem e semelhança de Deus em suas vidas. Se formos confiantes, confiáveis e seguros para eles, eles terão a tendência de se apegarem a Deus como seu refúgio quando a tempestade aparecer perante eles.
Então como devemos ter "uma confiança forte”? Pois acima de tudo, nós também somos pequeninos, igual a vasos de cerâmica, frágeis e quebráveis, que lutam com  ansiedades e dúvidas. A melhor solução é dar o melhor de nós mesmos e esconder o nosso verdadeiro EU? Isso nos levará a úlceras no melhor dos casos, e no pior dos casos a duplicidade do adolescente que desonra e repele a Deus. Essa não é a resposta.
Provérbio 14:26 dá outra resposta: "Aquele que teme ao Senhor possui uma Fortaleza." Isso é muito estranho. Aqui diz que a solução para o medo é o próprio medo. A solução para a timidez é o medo. A solução para a incerteza é o medo. A solução para a dúvida é o medo.
Como isso pode ser?
Parte dessa resposta é que o “temor ao Senhor” significa ter medo de desonrar a Deus. Significada ter medo de não confiar em Deus. Significa ter medo de ter medo de qualquer coisa que Deus prometeu que você iria vencer. Em outras palavras o temor a Deus é o maior destruidor de medos.
Se o Senhor diz, "Não tema, Eu estou com você, não fique consternado, Eu te ajudarei," (Isaias 41:10), então é uma coisa insensata se preocupar com o problema, porque ele diz que lhe ajudará.
Temer o problema quando ele diz, "Não tema, Eu lhe ajudarei”, é um voto de não confiança na palavra do Senhor, e isso é uma grande desonra a Ele. E o temor ao Senhor esmorece no caso de tal desonra.
Se o senhor diz, "Eu nunca falharei e nunca lhe abandonarei," então você pode dizer confiantemente, "O Senhor é meu ajudador, não temerei; o que me pode fazer o homem?" (Hebreus 13:5-6) – se o Senhor lhe diz isso, não estar confiante na presença prometida do Senhor, e em sua ajuda, é um tipo de orgulho.
Isso coloca o nosso reconhecimento do problema acima do reconhecimento de Deus. É por isso que lemos as palavras do Senhor em Isaias 51:12, "Eu, eu mesmo, sou quem te conforta. Quem é você para que tema homens mortais e o filho do homem que é apenas relva?” Quem é você para temer o homem, quando Deus prometeu ajudá-lo? Então é orgulho temer o homem. E orgulho é exatamente o oposto de temer a Deus.
Então, sim, o provérbio é verdadeiro e uma grande ajuda para nós.
Temam a Deus, pais. Temam a Deus.
Temam Lhe honrando. Temam crendo nele. Temam não colocando a sua avaliação de seu problema acima dele. Ele diz que pode ajudá-lo. Ele é mais inteligente. Ele é mais forte. Ele é mais generoso. Confie nele. Tema portanto não crer nele.
Por quê? Ele trabalha para aqueles que esperam por ele (Isaias 64:4). Ele solucionará o problema. Ele resgatará a família. Ele cuidará dos pequeninos. Ele suprirá as suas necessidades. Tema não crer nisto. Então seus filhos terão um refúgio. Eles terão um Pai que “tem uma grande confiança” – não nele mesmo, mas nas promessas de Deus, e que estremece em não confiar.
Devo aprender a temer o Senhor para o bem de meus filhos,

Pastor John







13 - Relacionamento dos Cônjuges (I Pedro 3.1-7)

Por Matthew Henry

A esposa deve cumprir o dever que tem para com o seu esposo, ainda que este não obedeça a Palavra. Diariamente vemos quão de perto os homens maus observam os caminhos e a vida dos que professam o Evangelho. Não se proíbe vestir-se bem, mas a vaidade e os atavios caros. As pessoas religiosas devem procurar fazer com que toda a sua conduta responda a sua profissão de fé; quão poucos sabem que a medida correta e as necessidades da vida são comida e vestido! A menos que a pobreza seja o nosso aguilhão e não nos permita, raramente haverá alguém que não deseje algo além daquilo que é bom para nós. Muitos são mais contemplados na baixeza de sua situação do que na humildade de sua mente; e muitos não estão assim por serem limitados, mas por desperdiçarem seu tempo e dinheiro em coisas triviais.
O apóstolo manda as mulheres cristãs se ataviarem com algo que não seja corruptível, algo que embeleze a alma: as virtudes do Espírito Santo de Deus. A principal preocupação da mulher cristã verdadeira está em ordenar retamente o seu próprio espírito. Isto contribuirá mais para estabilizar os afetos e estimular o amor do marido do que os adornos rebuscados ou a roupa de moda, acompanhada por um temperamento agressivo e perverso. As mulheres cristãs devem cumprir os seus deveres com uma mente disposta, e por obediência ao mandamento de Deus. As esposas devem submeter-se a seus maridos, não por medo nem terror, mas pelo desejo de portar-se bem e agradar a Deus.
O dever do marido para com a sua mulher implica respeitá-la devidamente, manter sua autoridade, protegê-la e depositar sua confiança nela. Elas são co-herdeiras de todas as bênçãos desta vida e da vindoura, e devem viver pacificamente com eles. A oração adoça a sua conduta. Não basta que orem com a família; marido e mulher devem orar juntos, a sós, e também com seus filhos. Os que estão familiarizados com a oração encontram uma indescritível doçura nela, de modo que não serão prejudicados. vivamos de maneira santa para que oremos muito; e oremos muito para que vivamos de maneira santa.



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