sexta-feira, 23 de outubro de 2015

65) Fortaleza 66) Frutificação

65) FORTALEZA

ÍNDICE

1 - O Segredo da Nossa Força
2 - A Fortaleza
3 - "Tão-somente sê forte e mui corajoso." (Josué 1.7)
4 - Como Ser Forte no Senhor
5 - O Braço Forte
6 - O Forte Vencido por Um Mais Forte
7 - Fortalecidos com Poder
8 - Seja Forte no Senhor


1 - O Segredo da Nossa Força


"Posso todas as coisas naquele que me fortalece." (Fp 4.13)

A Bíblia descreve homens e mulheres como eles são realmente, e nos mostra a sua fraqueza bem como a sua força. Somente o Livro de Deus é quem nos dá o retrato de um homem perfeito o Homem Cristo Jesus, que nos faz heróis de Deus, homens de paixões como somos, caindo por vezes em tentações e pecados terríveis, porque negligenciam a vigilância e a oração. Assim, a mesma Bíblia que nos mostra um Noé como um gigante da fé, também o mostra como o primeiro bêbado; que  descreve Abraão como estando pronto para sacrificar seu filho pela vontade de Deus, descreve-o também com medo de perder a sua vida por causa de sua esposa na terra de Faraó, e que mentiu para sua proteção. Lemos sobre Moisés e sua vida esplêndida de obediência, fé e auto-sacrifício, mas lemos também que ele falou imprudentemente com seus lábios. Temos os retratos de Davi em sua virilidade imaculada, o guerreiro arrojado, o amigo fiel, e o homem segundo o coração do próprio Deus, mas nos mostra também o retrato de Davi manchado com o pecado e vergonha, pintado pelos crimes de adultério e assassinato. A Bíblia nos fala da sabedoria de Salomão, mas também de sua loucura. Nós vemos Elias, antes destemido diante de Acabe, mas o vemos novamente fugindo com temor de Jezebel. Vemos Pedro andando sobre a água para Jesus, e podemos vê-lo, também, negando o seu Senhor por três vezes. E todas estas coisas foram escritas para o nosso aprendizado, para o nosso exemplo. Estamos mostrando como o o mais puro, o mais nobre, o melhor dos homens pode cair em tentação súbita, estamos ensinando que não somos suficientes em nós mesmos, de pensar ou fazer qualquer coisa a partir de nós mesmos, e somos alertados pelos pecados, e encorajados pelos atos nobres, daqueles heróis de Deus descritos na Escritura Sagrada. Olhe para a história de Sansão, e veja lá o retrato de uma pessoa que era um gigante de força e conquista, e ainda que era fraco demais para conquistar a si mesmo. Tomo como minha primeira lição da vida de Sansão o solene dever dos pais em relação aos seus filhos. Um anjo de Deus disse aos pais de Sansão que eles teriam um filho, que deveria ser um Nazireu, isto é, ele seria dedicado ao serviço de Deus, para viver uma vida estritamente religiosa, separada do mundo, e obrigada a um voto de abstinência de todo tipo de bebida forte. Seu longo cabelo também seria um sinal externo e visível de seu voto. A mãe de Sansão, tanto antes como depois de seu nascimento, deveria também se abster de bebida forte e alimentos impuros. Manoá, pai de Sansão, buscou a orientação de Deus quanto à formação de seu filho, ele disse ao anjo: ""nos ensine o que devemos fazer ao menino que há de nascer.” Agora, meus irmãos, todo pai cristão deve aprender com isso a responsabilidade solene que repousa sobre ele. Seus filhos são todos  nazireus em certo sentido. Eles são dedicados em seu batismo ao serviço de Deus, porque eles devem viver no mundo, mas não para ser do mundo. Eles são um sacerdócio escolhido, o povo adquirido. Eles não devem fazer votos de abstinência total de bebida forte e alimentos impuros, como eram prescritos no Velho Testamento, ou com o sinal externo de não cortarem o cabelo;  mas eles estão compromissados  em votos de sobriedade, temperança, castidade, e eles têm uma marca, o sinal mesmo da cruz, que ao carregá-la, doravante, eles testemunham que não terão vergonha de confessar a fé no Cristo crucificado, e de lutar bravamente sob Sua bandeira contra o pecado, o mundo e o diabo, e permanecer como soldados fiéis de Cristo  e seus servos até o fim da vida. A mãe de Sansão deveria ser sóbria e disciplinada em sua vida. Os vícios dos pais revivem em seus filhos. Nós não somente herdamos a aparência do nosso pai e mãe, mas seu caráter, suas virtudes ou pecados. Todos os pais devem lembrar que seu filho é dedicado a Deus, e ele deve pedir ao Senhor em oração a respeito dele: "nos ensine o que devemos fazer ao menino.” Falo a vocês, pais e mães, não tentem transferir sua responsabilidade para outras pessoas. Muitos de vocês parecem pensar que se enviarem os seus filhos para a escola secular, e talvez para a Escola Dominical, que vocês têm feito tudo o que é exigido de vocês por Deus. Na consagração das crianças na Igreja é lembrado o compromisso dos pais na formação de seus filhos, mormente em lhes ensinar a serem pessoas devotadas a Deus, com vistas a terem uma vida realmente cristã e piedosa. Tudo isto é o dever de casa, e não da escola. A escola faz a sua parte, mas nunca pode tomar o lugar dos pais. Isto deve sr principalmente feito mais com a cabeça, do que com o coração. Vocês, como pais, estão empenhados em criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor, vocês são responsáveis perante Deus por eles, vocês terão que responder por sua negligência deles no Dia do Juízo. Nunca suponha que todos os seus deveres religiosos para com os seus filhos termina com o envio deles para a Escola Dominical. Se eles vierem à Igreja apenas por causa da escola dominical, eles ficam muito susceptíveis a olhar o culto como sendo parte da escola, e quando eles saírem dela eles abandonarão o outro. O dever dos pais é o de virem à Igreja eles próprios, e levarem seus filhos com eles. Queremos mais desta religião da família, esta adoração unida. Há tão pouca religião no mundo, porque há tão pouca religião no lar. Se a próxima geração de homens e mulheres  vier a liderar a vida religiosa cristã, eles devem ter o exemplo de pais tementes a Deus. Não há orações que sejam mais lembradas, do que aquelas que uma mãe piedosa nos ensinou. Não há partes da Bíblia que nos sejam tão preciosas como aquelas que lemos no joelho de um pai. Meus amigos, não tenham medo de ter religião em sua casa. Devemos ter Jesus em nossa casa, Emanuel, Deus conosco. Os nossos umbrais devem ser aspergidos com o sangue do Cordeiro de Deus. O cordão vermelho, sinal do Precioso Sangue de Cristo, deve estar na nossa janela, para que possamos encontrar a salvação, como fez Raabe, em Jericó. Alguns de vocês, irmãos, parecem ter medo de ter a religião em sua casa. Qual a razão disto? Você imagina que uma casa religiosa significa tristeza, e melancolia, e rostos sombrios e amargurados e conversação triste? Você imagina que isto se parece com uma casa da qual os risos, a felicidades e as músicas foram banidos? Nunca acredite nisto. A casa mais brilhante, mais feliz é aquela onde a religião brilha com o sol de Deus, onde cada membro da família está pronto para fazer o seu dever cotidiano, e sem medo de confiar em Deus para o amanhã, onde o amor fraternal permanece, e onde o pai, a mãe, a irmã e o irmão, oram uns pelos outros, e assim andam de mãos dadas ao longo do caminho estreito para o céu. Em seguida, eu aprendo com essa história de Sansão que todo cristão que tenta manter os votos de seu batismo pode descobrir o segredo da força de Sansão. Eu não quero dizer que ele será um gigante de força física, capaz de rasgar um leão, ou ferir os filisteus, ou levar consigo as portas de Gaza. Mas ele será um herói de Deus, um gigante da fé, fortalecido no Senhor e na força do seu poder. Encontramos esses heróis de ambos os sexos em enfermarias de hospitais, ou doentes em suas casas, mártires da cegueira, mártires do reumatismo, mártires de neuralgia, muitas vezes destinados a passarem dias e noites cansados e em solidão e dor, com pouco ou nenhum conforto. Eles são tão fracos que mal podem se virar na cama ou levantar a mão, e ainda assim eles são mais fortes do que Sansão. Eles são poderosos em "amor, alegria, paz, longanimidade, mansidão, bondade, fé, temperança. "E qual é o segredo de sua força? O Senhor é com eles, "Ele dá força ao cansado, e ao que não tem nenhum vigor ele lhe multiplica as forças." Havia alguns nos velhos tempos de Roma, que usavam um anel, com o nome do Imperador Augusto, que lhe haviam prometido nunca entrarem numa casa de má fama ou se misturarem em má companhia. Nós temos um nome mais nobre em nosso coração, um sinal mais santo em nossa testa. Nós, nazireus de Deus, estamos consagrados para lutar contra o pecado, para nos manter imaculados do mundo, para respeitar e reverenciar nossos corpos como o Templo do Espírito Santo. Enquanto nós nos esforçarmos para fazer isso, o mais fraco de nós é feito forte, o Espírito Santo vem sobre nós, e nos orienta, e assim podemos todas as coisas em Cristo que nos fortalece. Não diga que você é tão fraco, tão facilmente tentado, e que essa é a desculpa para os seus pecados. A Graça de Deus é suficiente para você, você pode ser forte se assim o desejar, se você pedir em oração, se procurar os meios da graça, onde eles podem ser encontrados. Como Sansão encontrou um leão no caminho, e venceu, por isso temos de encontrar Satanás, que virá sobre nós como um leão que ruge, buscando a quem possa tragar. Nós não podemos sempre escapar dele pela fuga, a nossa própria força não é suficiente para lhe resistir, não somos capazes, por nós mesmos para  qualquer coisa, mas o Espírito de Deus, que fez Sansão forte para matar o leão, vai nos fazer fortes para vencer as tentações do maligno. Há um leão mais forte em nós do que contra nós. E mais do que isso, como Sansão depois encontrou mel na carcaça do leão morto, por isso, os heróis de Deus, se vencerem a tentação, se derrubarem o leão do nosso pecado que nos assedia, devem encontrar doçura e paz depois da tentação ou da luta, nós seremos pessoas melhores por nossa luta porque bem-aventurado é o homem que suporta com paciência a tentação. Vamos conseguir tirar mel do leão. Eu olho Sansão matando os filisteus com a queixada de um jumento, e nós aprendemos que os heróis de Deus são feitos fortes para vencer os inimigos de sua alma por armas muito simples. Não foi o maxilar do jumento, que deu a vitória, mas o Espírito de Deus que usou a mão que o sustentou. Então, alguns de nós podem não ter a poderosa espada de aprendizagem, sem a lâmina afiada de dois gumes, podemos ser humildes, gente humilde, mas se tivermos a arma de uma fé simples, e a espada de dois gumes da oração fervorosa, isto deve triunfar sobre os filisteus dos  pecados que nos atacam. Nós podemos ser criaturas fracas em nós mesmos, mas o Deus Todo-Poderoso está conosco. Mais uma vez, eu aprendo com a história de Sansão que o mais forte pode se tornar fraco e indefeso por ceder à tentação. Sansão, que pôde rasgar um leão, não poderia conquistar as suas próprias concupiscências carnais. Sansão, que poderia matar mil filisteus com o maxilar de um jumento, foi vencido por uma mulher filisteia. Aquele que nunca cedeu à bebida forte, no entanto, se tornou escravo das paixões impuras. Saibam, meus irmãos, que uma virtude não desculpa um vício. Um homem pode ser sóbrio, mas não casto. Ele pode vencer o seu desejo de uma maneira, somente para perder para ele em uma outra forma. Um homem pode se orgulhar de ser um abstêmio total de bebida forte, mas ele pode não ser um abstêmio total de outros pecados das concupiscências carnais que combatem contra a alma. Lembre-se que, como Sansão caiu, como milhares caíram, também podemos cair. Podemos começar a jornada da vida estando fortes no Senhor, fortes em nossas graças, e tendo a nossa força pelo Espírito Santo, e se cairmos em má companhia, se buscamos a mulher estranha, e uma vida indolente de entretenimentos, cairemos. Nosso manto branco ficará sujo, a nossa força nos deixará, ficaremos cegos, e escravos indefesos. Qualquer pessoa que se entrega a alguma Dalila, algum pecado querido, vai perder sua força, seu bom nome, seu poder para fazer o bem. O homem que nada faz, que não exercita o dom recebido de Deus, que não valoriza o Espírito de Deus em seu coração, irá perceber um dia que Deus se afastou dele. "Ó Deus, purifique os nossos corações, e não afaste de nós o Teu Espírito Santo." Tradução e adaptação de um sermão em domínio publico de Harry John Wilmot - Buxton





2 - A Fortaleza

“O Senhor é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam..” ((Naum 1.7)

Você já leu este capítulo? Ele é muito terrível - é como o barulho de um rio caudaloso, quando está se aproximando de uma cachoeira. Ele fervilha e flui com força esmagadora, carregando tudo diante de si, mas, bem no meio da inundação crescente, destaca-se, como uma ilha verde, este amável texto confortador e deleitável!
Ouça por um minuto as palavras de terror do profeta: "O Senhor é tardio em irar-se, e grande em poder, e não inocentará o culpado: o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés. Ele repreende o mar, e o faz secar, e esgota todos os rios. Basã definha, e o Carmelo, e a flor do Líbano definham. Os montes tremem perante Ele, e os outeiros se derretem, e a terra é devastada diante da Sua Presença, sim, o mundo, e tudo o que nele habita. Quem pode ficar de pé diante da Sua    indignação? E quem suportará o ardor da Sua ira? O Seu furor se derramou como um fogo, e as rochas foram por Ele derrubadas."
Então, assim como há, por vezes, uma pausa e um silêncio prazeroso mesmo no meio de um grande coro de música sacra, assim também, aqui o trovão faz uma pausa, o furacão está parado e nós ouvimos a música doce desta suave voz: "Jeová é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele" - na    qual podemos nos reunir já que há sempre um esconderijo para o Seu povo - Seus olhos de amor estão fixados sobre eles, mesmo quando são um pavio fumegante diante dos Seus adversários! Nada lhes fará dano algum, ainda que a terra seja removida e as montanhas sejam lançadas no meio do mar! Eles podem se alegrar na bondade do Senhor, no dia da Sua ardente ira.

I. Analisando o nosso texto, vamos então, primeiro, pensar sobre o próprio Deus - "o Senhor é bom." É bom para nós, sermos capazes de dizer isto quando o dia da angústia está realmente sobre nós. Uma coisa é sentar-se sob sua videira e figueira e cantar: "O Senhor é bom." Mas é outra coisa quando a videira e a figueira foram ambas cortadas e todo o seu conforto se foi, e ainda dizer: "O Senhor é bom." Você não acha que, se não formos capazes de dizê-lo no segundo caso citado, ele vai olhar como se, afinal de contas, fosse a videira e a figueira que eram boas, e não Deus? Ou, pelo menos, que a nossa visão da bondade de Deus era muito derivada do fato de estarmos em tanto conforto? Esta foi uma acusação que Satanás trouxe contra Jó, que ele amava a Deus pelo que Ele lhe dera - " Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra?" O diabo é muito apto para acusar o povo de Deus de ter um amor egoísta, mas é bom para nós, refutar a acusação, amando, louvando e adorando a Deus quando os confortos falharem, quando a proteção for removida e quando as coisas que recebemos com gratidão são, por fim, em sabedoria, tiradas. Oh, que grande repulsa teve Satanás quando Jó, em seu monturo raspando suas feridas e com seus filhos mortos e os seus bens perdidos, ainda disse: "O Senhor o deu e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor."
Deus é eterna e imutavelmente bom. Ele não pode ser melhor! Ele não pode ser pior, Ele é absolutamente perfeito. Não pode haver uma melhoria e não pode haver depreciação nEle.

II. Em segundo lugar, Deus é bom para conosco. O que é Ele para nós? "é fortaleza no dia da angústia." É bom saber que Deus está nas circunstâncias especiais. As circunstâncias especiais aqui mencionados são, "no dia da angústia." Lembre-se que é apenas um dia, não é uma semana, nem um mês, e Deus não vai permitir ao diabo que ele adicione uma hora extra àquele dia. É um "dia de angústia." Há um fim para todas as nossas aflições. Alguém disse bem:
"Quando Deus designa o número dez, nunca pode ser onze."
E quando Deus dosa o remédio amargo para o Seu povo, não pode ter mais uma gota de fel colocada no cálice.
Mas ele é realmente "o dia da angústia." Veja como a ênfase é colocada - "uma fortaleza no dia da angústia." É o dia mais problemático que um homem tem, naquele dia em que as nuvens retornam depois da chuva, naquele dia em que ele parece ter perdido cada conforto, e tristezas vêm uma após a outra, como os mensageiros de Jó, todos trazendo notícias sombrias - cada uma mais sombria do que as que vieram antes - "no dia da angústia." Não é como um dia que ocorre com as pessoas mais piedosas, mais cedo ou mais tarde, antes de chegarem ao Céu - "no dia da angústia." Isto parece ser o próprio dia do problema. O problema tem o dia reservado só para ele. Desde o início da manhã até a última hora da noite, é problema, problema, problema - "no dia da angústia." O que é Deus, então? Ele é um "refúgio". Esta é uma grande palavra, "uma fortaleza", isto é, um forte, um castelo, uma torre de defesa - "no dia da angústia."
De modo que, no tempo de angústia, Deus garante a segurança do Seu povo. Eles moram cercados por baluartes inexpugnáveis! "Como estão os montes ao redor de Jerusalém, assim o Senhor está ao redor do seu povo, desde agora e para sempre." Problemas são como inimigos que os sitiam, mas Deus é para eles como uma forte torre de defesa na qual estão perfeitamente seguros!
E ademais, eles estão muitas vezes perfeitamente em paz. O inimigo vem e os espia, e prepara suas máquinas de guerra. Mas assim diz o Senhor, como fez com Senaqueribe, "A virgem, a filha de Sião, te tem desprezado e escarnecido e rido de ti. A filha de Jerusalém tem meneado a cabeça contra ti." Muitas vezes, nos momentos de sua maior angústia, o povo de Deus é encontrado tão resignado, tão submisso à vontade do seu Senhor e, consequentemente, tão calmo, tão corajoso, que a paz não é no mínimo grau afetada.

III. Agora, finalmente, falaremos sobre Deus conosco, "Ele conhece os que confiam nele."
Claro que o Senhor sabe tudo, mas há um sentido enfático nesta palavra "conhecer", sempre que ela é aplicada ao povo de Deus. Aqui se refere à Sua íntima familiaridade com eles - suas pessoas, suas condições, suas necessidades, seus sofrimentos, seu passado, seu presente, seu futuro. Ele sabe tudo sobre eles. Nós dizemos, às vezes, a uma pessoa que nós não a conhecemos: "Eu não te conheço." Mas nunca dizemos isto à nossa querida filha, ou a um amigo com o qual nos preocupamos. Não, nós tentamos conhecer tudo sobre ele, nós queremos saber, a fim de que possamos aliviar e socorrer. Em um sentido muito maior, a Onisciência concentra toda a sua percepção sobre cada filho de Deus. Seu pai está olhando para você, Amado, com um olhar como se não houvesse mais ninguém no mundo, senão apenas você - sim, e nenhum mundo, qualquer um, mas apenas você. Ele tem prazer em saber tudo sobre você, porque Ele fez você e Ele te fez novo! Você é uma planta da sua lavoura. Ele tem cuidado de você e Ele disse: "Eu vou regá-la a cada momento, para que não sofra qualquer dano, eu vou guardá-la dia e noite." É com o mais íntimo e intenso conhecimento que o Senhor conhece os que confiam nEle.
Se você é um daqueles que nele confiam, é doce para você ser capaz de dizer: "Deus sabe tudo sobre mim e Ele cuida de mim". Note uma palavra no texto: "Ele conhece os que confiam nele", e não aqueles que são perfeitos, e não aqueles que estão fazendo algumas obras, mas: "Ele conhece os que confiam nele."
Aqueles que confiam no Senhor não são apenas objeto de Seu conhecimento e cuidado, eles também são objeto de Sua aprovação. Não há nada no mundo que Deus aprove mais do que a fé. Confiar em Deus é a maior de todas as obras." O que vamos fazer", disseram os judeus a nosso Senhor, "para que possamos realizar as obras de Deus?" Jesus respondeu: "Esta é a obra de Deus, que creiais nAquele que Ele enviou." Erguer uma série de asilos, ou construir uma catedral - não é isto um grande trabalho? Não, não comparado com a fé em Jesus Cristo, a quem Deus enviou. Este é o trabalho divino, a maior obra que podemos fazer! Nossa ação não pode agradar a Deus, por mais agradável que possa parecer para nós, mas onde quer que haja fé, Deus está satisfeito. E lembre-se, "sem fé é impossível agradar a Deus." Então, queridos amigos, se vocês quiserem agradar a Deus, confiem nEle, confiem nEle implicitamente! Confie nEle agora com seu pecado, com o seu sofrimento, com tudo! Quanto mais você confiar nEle, mais agradável você será para Deus. Veja    que é uma oportunidade que você tem de agradar a Deus em momentos de grande provação e dificuldade. Se uma pessoa tem um fardo para carregar o qual seja capaz de suportar, a auto-suficiência terá a sua vez. Mas quando tem uma carga sobre si, que não pode carregar, e ela diz: "Ó Deus, se Você me fortalecer, eu vou levá-lo" - então isto é agradável a Deus!
Mais uma vez, queridos amigos, esta palavra, "conhecer", aqui, significa comunhão amorosa. Nós conhecemos um ao outro por estar unidos, tendo os mesmos pensamentos e sentimentos de um em relação ao outro.
Deus conhece nossas orações e lágrimas, Ele conhece nossos desejos, Ele sabe que não somos o que desejamos ser, mas Ele sabe o que fazemos para ser o que desejamos. Ele conhece nossas aspirações, nossos suspiros, nossos gemidos, nossos aposentos secretos, a nossa própria correção do espírito quando falhamos.
E aqueles que confiam no Senhor terão mais uma coisa. Isto é, Deus irá reconhecê-los como Seus. No último grande dia, Cristo dirá a alguns, "Nunca vos conheci." Aqueles que não confiam em Cristo, Ele não reconhecerá. Naquela hora terrível quando aquilo que eles mais necessitam é de um Salvador, Ele dirá: "Nunca vos conheci." Mas se você confia nEle, Ele conhece você agora e vai reconhecê-lo então naquele dia! Jesus Cristo não pode dizer para mim no último dia "Nunca vos conheci." Ele deve me conhecer, pois Ele sabe como eu    tinha me    incomodado e me preocupado com Ele! Ele sabe como eu tinha o sangue de Seu coração para lavar meus pecados e as vestes de Sua justiça para me vestir.
Deus te abençoe, por amor de Cristo! Amém.

Tradução, adaptação e redução do sermão de nº 2555 de Charles Haddon Spurgeon, elaboradas pelo Pr Silvio Dutra.






3 - "Tão-somente sê forte e mui corajoso." (Josué 1.7)

O terno amor de nosso Deus para com os seus servos faz com que fique preocupado com o estado de seus sentimentos interiores. Ele deseja que eles sejam de bom ânimo. Alguns estimam ser uma coisa pequena para um crente estar atormentado por dúvidas e temores, mas Deus não pensa assim. Neste texto vemos que está claro que o nosso Mestre não quer ver-nos envolvidos com temores. Ele quer que estejamos sem cuidados, sem dúvidas, sem covardia. Nosso Mestre não pensa assim tão levemente de nossa incredulidade quanto nós.
Quando estamos desalentados ficamos sujeitos a uma enfermidade grave, com a qual não se deve brincar, mas que deve ser submetida imediatamente ao Médico amado. Nosso Senhor ama não ver o nosso semblante triste. Era uma lei do rei Assuero que ninguém deveria entrar na corte do rei vestido de luto: esta não é a lei do Rei dos reis, porque podemos vir enlutados como estivermos, mas ainda assim ele nos livraria do espírito pesado, e colocaria as vestes de louvor, porque há muito motivo para se alegrar.
O cristão deve ser de um espírito corajoso, a fim de que possa glorificar ao Senhor por suportar provações de forma heróica. Se ele for medroso e covarde, ele desonrará seu Deus . Além disso, que mau exemplo é isto . Esta doença da dúvida e do desânimo é uma epidemia que se espalha rapidamente entre o rebanho do Senhor.
Um crente abatido entristece vinte    almas. Ademais, a menos que sua coragem seja mantida, Satanás será demais para você. Deixe seu espírito se alegrar em Deus, seu Salvador, a alegria do Senhor será a sua força, e nenhum demônio do inferno avançará contra você, mas a covardia arria a bandeira. Além disso, o trabalho é    luz para um homem de espírito alegre. O homem que trabalha, se regozijando em seu Deus, crendo de todo o coração, tem sucesso garantido. Quem semeia na esperança colherá com alegria e, portanto, caro leitor, “Tão somente esforça-te e tenha muito bom ânimo.”

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.








4 - Como Ser Forte no Senhor

Por John Piper

1. “A alegria do Senhor é a vossa força” (Neemias 8:10).
Não é bom pertencer a um Deus que faz da alegria o caminho para o poder? Satanás é um deus muito triste. Mas Jesus disse, “Regozijai-vos nesse dia e exultai, porque eis que é grande o vosso galardão no céu” (Lucas 6:23). Satanás não pode permanecer em meio às canções dos santos. Sabendo disso ele fabrica “músicas” substitutas que não são canções do coração de pessoas felizes, mas os grunhidos e suspiros e gritos de pessoas sem paz. Eu tenho visto Satanás ser expulso por canções de cristãos cheios de esperança. E eu sei que, na minha vida, achar o passo para terminar a corrida significa recuperar a alegria do Senhor de novo e de novo. Alegria é um grande poder.
2. “Gloriemo-nos na esperança da glória de Deus” (Romanos 5:2)
Algumas alegrias vêm do que nós temos agora - perdão de pecados, comunhão com Deus, vidas cheias de propósito, louvor, comunhão com outros, nascer e pôr do sol, amigos preciosos e família. Mas o fato simples e doloroso é que “nosso homem exterior se esteja consumindo” (2 Coríntios 4:16); nós somos “atribulados... angustiados... perseguidos... abatidos” (2 Coríntios 4:8-9); e nós que temos o Espírito “gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Romanos 8:23). Então se nós tivermos uma alegria constante nessa vida, deverá ser “em esperança”. “Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos” - e com alegria (Romanos 8:24 e 25). Então “Alegrai-vos na esperança!” (Romanos 12:12).
3. ”Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas... A cidade não necessita nem do sol, nem da lua, para que nela resplandeçam, porém a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é a sua lâmpada.” (Apocalipse 21:4,23).
Essa é a nossa esperança. A glória de Deus um dia virá sobre uma nova criação e limpará todo mal e toda dor e todo luto e todo medo e toda culpa. Toda obediência e fidelidade serão vindicadas e recompensadas. Toda abnegação e sofrimento na fé serão recompensados cem vezes mais. “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?” (Romanos 8:32). Tudo o que Deus possui será a herança dos seus filhos para gozo eterno deles.
4. “lembrando-me de vós nas minhas orações... para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele; sendo iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos” (Efésios 1:16-18).
O grande desafio para nós agora é conhecer a glória da nossa esperança. Para vê-la com os olhos do coração e não somente pensar sobre ela com a mente. Essa é a grande batalha espiritual. E ela é lutada com a televisão desligada, nos nossos joelhos na Palavra. Deus nos livre que “vendo não vejam e ouvindo não entendam”. Oremos com todo o nosso coração para que o Deus que disse, “Haja luz”, brilhe em nosso coração “para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (2 Coríntios 4:6).

Resumo
Ore por conhecimento > conheça a glória de Deus > espere nessa glória > se alegre nessa glória > seja forte na alegria.
Na busca por Deus com você,
Pastor John







5 - O Braço Forte

   Citações de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

   "Tu tens um braço poderoso; forte é a tua mão, e alta está a tua destra." (Salmo 89.13)

   Nós estamos implorando a Deus, humilde e fervorosamente para que venham sobre nós épocas de avivamento. É bom para nós lembrarmos da fonte de onde toda a força procede. Um genuíno avivamento jamais pode surgir a partir da carne. "O que é nascido da carne é carne". A emoção humana no seu maior zelo não pode produzir a verdadeira conversão das almas. Aqui somos ensinados quanto à lição, "não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito." Um verdadeiro avivamento sempre está apoiado na Graça divina e não na emoção humana. "O nosso socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra."
É bom estar constantemente convencido disso. Temos de ter o braço de Deus lançado para o trabalho ou então nada será feito que possa suportar as provas solenes do último grande dia.
   Madeira, feno e palha podemos construir sozinhos, mas ouro, prata e pedras preciosas são da tesouraria do Rei. "Sem mim nada podeis fazer", foi a palavra do Salvador a Seus Apóstolos escolhidos! Quanto mais isto se aplica a nós que somos "menos do que o mínimo de todos os santos".
    Será em vão suas santas assembleias! Em vão os seus desejos sinceros! Em vão seus clamores apaixonados! Em vão seus esforços de mil e uma formas! A menos que o próprio Deus esteja um passo à frente do esconderijo de Seu poder e opere a Sua própria obra gloriosa, nada de bom pode advir de tudo o mais.
   "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam."
   Tendo lembrado a nós mesmos, queridos amigos, que os nossos grandes feitos repousam na força do Deus de Jacó, é muito reconfortante percebermos quão grande é essa força. Existe apenas um braço para nós para descansarmos, mas é uma abençoada segurança – está escrito: "Tu tens um braço poderoso."
   O poder de Deus é como Ele mesmo – autoexistente e autosustentado. O poder na criatura é como a água na cisterna. O poder no Criador é como água na fonte. A criatura é a lua que brilha com luz refletida - o Criador é o Sol, cuja luz é derivada de uma fonte dentro de si mesmo.
   Ele próprio é a grande fonte central e originador de todo o poder. Nós devemos vir, então, ao escabelo de Seus pés, sentindo que tudo deve vir Dele.
   Nada temos que trazer, senão a nossa fraqueza, e o senso de necessidade, e vir a Ele clamando: "Ó Deus, tu és todo-suficiente. Não necessitas de nós, nem podemos contribuir com nada para contigo. Agora deixe Sua capacidade fluir em nós e cinja a cada um de nós, pobres fracos que somos, com Seu poder!"
   No próximo lugar, o poder de Deus é abrangente, incluindo todo o poder que reside em todas as criaturas no Universo. "Deus falou uma vez. Duas vezes tenho ouvido isto, que o poder pertence a Deus." Quando as rodas de uma máquina giram há energia em cada roda dentada. Mas todo esse poder estava originalmente no motor. Assim que no Senhor, “vivemos, nos movemos, e existimos."
   Seja qual for o poder que possa haver na mais poderosa das criaturas de Deus é ainda inerente ao próprio Deus.
Assim, meus irmãos, o Senhor terá o prazer de ensinar alguns de vocês como orar e outros como exortar.
   O poder de Deus, em terceiro lugar, é imutável.
   O que quer que Ele tenha feito no passado Ele é capaz de repetir agora. Seu braço nunca aumenta em força – senão como poderia ser Todo-Poderoso? Ele nunca diminui – senão como poderíamos concebê-lo como sendo de Deus Todo-Suficiente?
   Falamos de mudança das épocas, mas não devemos pensar em um Deus mudando!
   Nosso Deus não é o Deus somente do passado, mas do presente.
   Deixe isto então encorajar-nos em nossas fervorosas súplicas para que Ele faça para nós as maravilhas que Ele operou para a Igreja Primitiva.
   Cabe-nos lembrar, também, que o poder de Deus está na plenitude de ser perfeitamente irresistível. Admitimos que quando Deus coloca para fora, senão um pouco da Sua força, ninguém pode deter a Sua Onipotência.
   Corações orgulhosos são humilhados, corações duros são quebrados, o ferro e a rocha são derretidos quando o Senhor está operando.
   Deus fará Sua boa vontade e, em resposta às suas orações, ele vai enviar a bênção! Seu poder é irresistível! Lance mão dele e prevaleça.
   Este poder, não posso me esquecer de dizer, é infinito. O poder na criatura deve ter um limite porque a criatura em si é finita. Mas o poder no Criador não tem nem medida nem limite. Estou certo, amados, que nós tratamos nosso Deus muitas vezes como se Ele fosse como nós mesmos. Sentamo-nos depois de alguma derrota ou decepção, e dizemos que nunca vamos tentar novamente – porque supomos que o trabalho será impossível. Mas há alguma coisa difícil para o Senhor? Por que então limitar o Santo de Israel? Deus não é homem para falhar, nem o filho do homem para que sofra uma derrota.
   Cristão, o poder que habita em Jeová pertence a você!
   "Ao que crê todas as coisas são possíveis."
   Olhe para trás com solene reverência sobre as obras de Deus na derrubada do pecado. Veja toda a terra inundada com inundações destrutivas. "Tu tens um braço poderoso, ó Deus."
   Mais uma vez, o poder de Deus é manifesto, queridos amigos, para nossa alegria em obras de sustentação, bem como de criação. O poder de Deus foi visto, tenho certeza, não somente em sustentar o mundo, mas em preservar Sua Igreja no mundo todos estes anos.
   O poderoso braço de Deus foi notável em apoiar a Sua Igreja em anos passados; como o Senhor tem feito nestes dias presentes. Tenhamos, então, bom ânimo. Por que Deus não deveria abençoar e socorrer Sua amada Igreja agora? Por que Ele não o faria nestes dias um belo palácio para Si mesmo para morar? Porque para a edificação da sua Igreja novos convertidos são necessários.
   Mas, amados, a manifestação mais marcante do poder divino é encontrada nas obras de redenção. Típico disto foi a grande obra redentora no Mar Vermelho, e, portanto, a música de Moisés é juntada ao cântico do Cordeiro. Pensem, queridos amigos, do poderoso braço de Deus em trabalhar os meios de nossa salvação. Isso não foi um trabalho fácil que Jesus empreendeu.
   Cristo vai limpá-lo. Ele está lhe livrando! Ele vai lhe limpar por meio da Sua morte! Ele tomou as coisas vis e as desprezadas para transformá-las por meio do Seu poder! E então nós dizemos, "tu tens um braço poderoso" para fazer tais maravilhas por coisas insignificantes.






6 - O Forte Vencido por Um Mais Forte

Citações de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

   "Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem; Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em que confiava, e reparte os seus despojos.
Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí. E, chegando, acha-a varrida e adornada.
Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro." (Lucas 11.21-26)

   O Senhor Jesus está sempre em antagonismo direto e aberto a Satanás. "Eu porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a sua descendência" foi mais enfaticamente cumprido. Cristo nunca tolerou qualquer trégua ou negociação com o Maligno e nunca o fará. Sempre que Cristo dá um golpe em Satanás, é um golpe real. Ele nunca usa as armas que são carnais, senão as que são poderosas, para demolição de fortalezas. E Ele as usa sempre com essa intenção. "Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo."
   Há um implacável, infinito, eterno ódio mortal entre Cristo e o pecado do qual Satanás é o representante. Cristo nunca se desvia de Seu propósito de esmagar a Satanás debaixo dos Seus pés e lançá-lo para dentro do lago de fogo. Portanto nada havia mais difamatório do   que a afirmação de certos fariseus no tempo de Cristo, que Ele expulsava demônios por Belzebu, o príncipe dos demônios!
   Não, Cristo nunca entra em aliança com Satanás para fazer avançar o reino de Deus. Ele vem de encontro a ele como um homem forte armado, determinado a lutar até que Ele vença com uma vitória decisiva. Devemos observar isso mais claramente quando lemos a passagem agora diante de nós. O nosso texto apresenta-nos uma   imagem do homem em seu estado pecaminoso. Em seguida, ele nos dá uma representação do homem por um tempo reformado, mas, eventualmente, submetido às piores formas do mal. E também nos mostra um retrato gráfico do homem, inteiramente conquistado pelo poder do grande Redentor.
"Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem". Observe que, embora o coração do homem estivesse destinado a ser o trono de Deus, ele se tornou agora o palácio de Satanás - enquanto Adão era o servo obediente do Altíssimo, seu corpo era um templo para o amor de Deus, mas agora, através da Queda, nós nos tornamos escravos do pecado e nossos corpos tornaram-se as oficinas de Satanás.
   "O espírito que agora opera nos filhos da desobediência." Este espírito é chamado de um homem forte e verdadeiramente ele é - quem pode resistir-lhe?
    Sansão, que era um poderoso herói, embora pudesse rasgar um leão, não foi páreo para o leão do abismo que o venceu com vergonha e dor. Salomão, o mais sábio dos homens, foi enganado por Satanás.
   Ele é forte, não simplesmente como possuindo força, mas no sentido de astúcia. Ele sabe como adaptar suas tentações aos nossos pecados que nos assediam.
   Ele é um homem forte com sede de vingança! Oh, cristão ainda bem para você que há um mais forte do que ele - o poder de Satanás iria esmagá-lo para a sua ruína se Cristo que tem todo o poder não viesse para resgatá-lo!
   Diz-se deste homem forte, além disso, que ele está armado. Verdadeiramente o príncipe do poder do ar nunca está sem armas. Sua principal arma é a mentira. A espada do Espírito de Deus é a Verdade, mas a espada do espírito do mal é a mentira.
   Ele alimenta nossas esperanças com sonhos arejados. Ou mata com medo servil. E nos mantém ainda em larga presunção, ou desespero.
   Ele tem uma maneira de fazer a pior aparecer a melhor razão. Ele pode colocar o amargo por doce e o doce, por amargo - fazer os homens acreditarem que é para a própria vantagem deles o que está causando sua ruína eterna.
   O homem forte está armado com os desejos da carne. Ele dá riquezas para o avarento e a trombeta da fama e toda a fumaça de aplausos para outros.
   Observe, também, que este homem forte - além de estar armado e revestido com uma armadura - é muito vigilante. Diz-se que, "ele guarda seu palácio." Ele vigia como os guardas fiéis que incessantemente vigiam sem dormir os muros do castelo. Ele não veste uma armadura para dormir com ela. Você pode encontrar santos dorminhocos, mas nunca demônios dormindo. A incansável atividade de anjos caídos é algo terrível para se contemplar - "eles não descansam de dia nem de noite" - mas como vorazes leões vão em busca de suas presas.
Quando Satanás entra no coração de um homem, ele vigia para que ele não tenha a menor chance de recepcionar a Verdade de Deus. Ele monta uma guarda dupla sobre a pessoa quando ela está sob o som da Palavra. Ele vai deixar você ir àqueles lugares onde o ministro nunca mais ataca a consciência e nunca clama em voz alta contra o pecado - pois ele sente que seu reino não é assaltado. Mas onde quer que o verdadeiro Evangelho seja pregado, e com poder divino, exércitos de demônios se reúnem.
   Cuidado, ó santos, quando o Senhor, o Espírito Santo, está trabalhando, porque é certo que o inimigo estará duplamente ativo em tais ocasiões! Ele guarda os seus bens. Como eu gostaria de pegá-lo de surpresa, mas este leviatã não pode ser apanhado com um anzol, nem sua mandíbula ser perfurada com um espinho.
   Agora vamos notar a reforma parcial descrita no texto:
   “Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí. E, chegando, acha-a varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro."
   Observe-se, então, que, no caso diante de nós o espírito imundo sai de sua própria vontade - não há conflito – pois a casa continua sendo sua propriedade porque está escrito: "Tornarei para minha casa, de onde sai." Ele se afasta do seu palácio por sua própria vontade, pretendendo retornar posteriormente. Há algumas pessoas que parecem estar convertidas - que pensam que estão de fato, e, portanto, fazem uma profissão e são alegremente recebidas na Igreja cristã, porque no seu exterior a vida lhe dá a evidência de uma grande e notável mudança.
   Agora eu poderia imaginar alguns que, para meu grande pesar, que estiveram uma vez conosco, mas que chegaram a um estado no fim que era "pior do que o primeiro." Quando o espírito imundo sai de um homem ele se torna bastante diferente do que ele costumava ser. O espírito imundo tem saído do homem e ele é   outro homem - embora não seja uma nova criatura em Cristo Jesus.
   Agora, depois de um tempo, o espírito maligno retorna. Não há oposição à sua entrada, a porta não está bloqueada - ou se está ele tem a chave. Ele vem e não há nenhum inquilino, nenhum homem na posse - nenhum outro titular. Ele olha em volta e diz: "Aqui está a minha casa. Deixei-a quando eu dei minhas caminhadas no exterior, para cumprir meus propósitos infernais, e eu vim de volta e aqui está pronta para mim." No devido tempo, o diabo volta àquelas pessoas que estão reformadas, mas não renovadas - que estão mudadas, mas que não foram feitas novas criaturas em Cristo Jesus.
   Mas o que o diabo vê? Primeiro de tudo ele vê que o lugar está vazio. Se tivesse sido preenchido ele não poderia ter entrado novamente. Se Jesus Cristo estivesse à porta teria havido uma terrível luta por um pouco de tempo, mas ela teria terminaria com Satanás sendo expulso em desgraça.
Dirijo-me agora a descrever um direito muito mais agradável, que é o da verdadeira conversão. "Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em que confiava, e reparte os seus despojos.” Agora, observe que aqui está um que é "mais forte do que ele." Este não é o próprio homem, porque o homem não é tão forte como o diabo - quem é este? Este é Jesus Cristo, que vem pelo Seu Espírito no coração do homem! O Espírito de Deus é imensamente superior ao poder satânico, tanto quanto o próprio Criador infinito sempre deve ser superior à criatura finita.
   Ele, que criou Satanás, sabe como subjugá-lo.
   Pecador, clame ao mais forte do que você para vir ajudá-lo. Vocês que gemem sob sua escravidão - sejam gratos por isso! Clamem ao Grande Libertador! Ele virá!
   Olhe para Jesus - olhe para Jesus e a batalha está ganha!

   Venha para o Seu precioso sangue e seja realmente limpo.







7 - Fortalecidos com Poder

Há na e pela graça da regeneração e da santificação, um poder que nos capacita a viver para Deus, e realizar todos os deveres de obediência que são requeridos por Ele e a seus mandamentos.
O primeiro ato deste hábito espiritual de santidade, que é decorrente e  inseparável dele, é chamado de "força" ou "poder" em Isaías 40.31: “ os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.”, isto é, para a obediência ou andar com Deus, sem cansaço; porque a força que eles têm, e na sua caminhada com Deus é renovada ou aumentada. É pela mesma graça que somos “fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria,” – Colossenses 1.11, ou “fortalecidos com poder, pelo seu Espírito no homem interior” – Efésios 3.16; e daí ser dito “tudo posso naquele que me fortalece.” (Fp 4.13).
Na nossa chamada ou conversão a Deus, todas as coisas que dizem respeito à vida e piedade, ou seja à vida de santidade, nos são dadas pelo poder de Deus (I Pe 1.3), ou seja, cada coisa que é necessária para nos habilitar a uma vida santa.
O hábito e princípio da graça que é forjado nos crentes, dá-lhes um novo poder e força espiritual para todos os deveres de obediência. Era pela falta deste novo princípio de poder de santidade que recebemos na conversão que Paulo afirma que éramos fracos antes de conhecermos a Cristo (Rom 5.6).
Há uma suficiência na graça que Deus concedeu aos crentes, para capacitá-los para a obediência que lhes é exigida. Então Deus disse ao apóstolo Paulo, quando ele estava pronto para desmaiar sob suas tentações, que "a sua graça era suficiente para ele” - 2 Coríntios 12.9. Há assim um poder em todos os que são santificados, que lhes capacita a produzir uma obediência santa e completa a Deus. Eles estão vivos para Deus, vivos para a justiça e santidade. Eles têm um princípio de vida espiritual; e onde há vida, há o poder inerente a ela para atingir o seu fim.
Este poder na mente consiste em uma luz espiritual e capacidade de discernir as coisas espirituais de uma maneira espiritual, das quais os homens no estado da natureza estão totalmente desprovidos - 1 Coríntios 2.13,14.
O Espírito Santo, na primeira comunicação do princípio da vida espiritual e santidade, brilha em nossos corações, para nos dar “o conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” - 2 Coríntios 4.6. Sim, este reforço da mente, por uma iluminação salvífica, é o ato mais eminente da nossa santificação. Sem isso há um véu, com medo e escravidão sobre nós, de modo que não podemos ver as coisas espirituais.
Mas onde está o Espírito de Deus, onde ele vem com sua graça santificante, há liberdade; e, assim, todos nós “com o rosto desvendado, contemplamos, como por espelho, a glória do Senhor, sendo transformados na mesma imagem de glória em glória” – 2 Coríntios 3.18. (Veja também Ef. I.17, 18).

Texto extraído do tratado de John Owen, intitulado A Obra Positiva do Espírito na Santificação dos Crentes, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.








8 - Seja Forte no Senhor

A força do cristão está no Senhor, não nele mesmo.
A força do comandante de um exército terreno está em suas tropas, mas a do cristão, a de todos os exércitos dos santos, está no Senhor Jesus.
As armas do cristão são a Palavra de Deus e a oração numa vida verdadeiramente santa, mas quem deve manejá-las em nós e por nós é o Espírito Santo.
Sem isto nada podemos fazer contra as forças do mal, porque toda a nossa capacidade vem de Deus.
É a graça derramada por Deus que nos põe em ação, fortalecendo-nos para resistir ao diabo e obrigá-lo a fugir de nós.
Quão grande alegria enche o nosso coração ao ver o Inimigo sendo subjugado pelo poder de Deus, e sendo trazidas à plena liberdade e paz as almas que ele mantinha cativas.
Seja pois a nossa oração: “Dá-nos mais graça Senhor!”.
Pois é somente da Sua graça que necessitamos para vencer as forças do mal.
Somente a graça pode fortalecer o coração abatido e oprimido pelos ataques constantes dos espíritos das trevas – ataques que são enganosos, sutis, disfarçados, como pequenas doses de veneno diárias  e imperceptíveis que vão minando as nossas forças paulatinamente e que por fim podem nos matar.
Mas graças a Deus que revela aos Seus filhos, em tempo oportuno, estes ardis do Inimigo, e lhes supre com a força necessária para se livrarem destes laços de morte e angústias do inferno.
A nossa guerra contra as força do mal possui muitas batalhas que cessam somente na nossa partida para a glória celestial.
Importa portanto estarmos vigilantes e revestidos de toda a armadura de Deus em todo o tempo, e não sermos descuidados sequer nos  momentos de vitória; quando poderíamos ser vencidos por causa de uma exultação desmedida em nossa comemoração e alegria, que facilmente podem nos levar a ser presunçosos como que houvesse alguma razão para nos gloriarmos em nós mesmos, e não somente no Senhor, a quem de fato pertence todo o mérito da vitória.
Somos fracos em nossa própria natureza, e lutamos com inimigos muito mais fortes do que nós, que usam de todo expediente sujo e ilícito para nos intimidar e vencer. Dependemos portanto de um poder sobrenatural e celestial que venha em nosso auxílio.
Nossos melhores argumentos e habilidades não são apropriados para vencer as artimanhas de Satanás. Os instrumentos que são usados por ele contra a verdade do testemunho do evangelho que sustentamos não se deixarão persuadir por tais argumentos persuasivos, ainda que sejam verdadeiros e apresentados com espírito de mansidão e amor.
Ai de nós, se Deus não agir suprindo-nos das armais espirituais que são as únicas que podem desfazer com autoridade suprema todos os ardis e armadilhas do Inimigo.
Graças a Deus pelo Seu dom inefável que nos permite caminhar em triunfo enquanto assediados constantemente por todas as formas de investidas de Satanás.
Toda a glória e todo o louvor pertencem ao Senhor Jesus Cristo porque até mesmo a nossa capacidade para vigiar nos vem dEle. De nós mesmos somos insuficientes para qualquer bom propósito espiritual, especialmente no que se refere a sairmos vitoriosos neste combate contra Satanás e os seus demônios.
É a graça do Senhor que nos conduz ao arrependimento e a termos um espírito manso e quebrantado.
É a graça que nos faz caminhar humildemente com o nosso Deus.
Conhecimento, sabedoria, domínio próprio e tudo quanto necessitamos para permanecer inabaláveis e em paz, ainda que em meio às aflições, tentações  e tribulações que nos sobrevêm em nossa caminhada cristã, também são o fruto da graça de Deus nos nossos corações.
É a alegria do Senhor operando em nossos corações, quando perseveramos num caminhar em fidelidade perante Ele, que é a fonte da nossa força espiritual. Isto não se encontra naturalmente em nós.
Para sermos fortalecidos pelo Senhor, necessitamos então estar permanentemente ligados à fonte da qual esta força procede, a saber, dEle mesmo. E esta constância e permanência em fidelidade deve ser achada em nós em todas e qualquer circunstância.
Este era o segredo da força do apóstolo Paulo na sua fraqueza.
Podemos ser fortes no Senhor nas horas de aflição ou de alegria, porque a Sua graça nos assiste na hora da tristeza e da fraqueza até que nos seja provido o livramento da tribulação, segundo o tempo determinado pela vontade de Deus.














66) FRUTIFICAÇÃO

ÍNDICE

1 - Dando frutos
2 - De Mim Procede O Teu Fruto
3 - O Segredo da Frutificação
4 - Pelos Frutos Conhecereis


1 - Dando frutos

Encontramos esta linda linguagem em Isaías 51.3: "Porque o Senhor tem piedade de Sião; terá piedade de todos os lugares assolados dela, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão, como o jardim do Senhor; regozijo e alegria se acharão nela, ações de graças e som de música." Sião é uma metáfora que significa a igreja de Deus. É, portanto, à igreja que o Senhor conforta e cujo deserto será feito um Jardim do Éden. Mas o que é a igreja de Deus? Esta é uma questão muito importante; aquilo que todas as pessoas devem entender completamente, e o que é muito fácil de responder. Você aprenderá lendo Ef 1.22,23 e Col 1.18,24, que a igreja é o corpo de Cristo, e em 1 Coríntios 12.27 somos claramente informados que os cristãos são o corpo de Cristo, pois eles são, portanto, a igreja de Deus. Caro leitor, se você é um cristão, se você tem nascido do Espírito, você já passou da morte para a vida, você tem sido trazido do reino das trevas para o reino da luz, você foi criado de novo, você é, portanto, um membro do corpo de Cristo, e todos esses membros compõem a igreja de Deus.
Os filhos de Israel eram a igreja de Deus na antiga dispensação, e ele habitava num tabernáculo ou templo, construído para ele. Nesta dispensação mais gloriosa do evangelho aqueles que têm nascido do Espírito e feitos puros de coração são a Igreja de Deus. Nesta dispensação do Espírito Santo não construímos templos para o Senhor habitar, pois "não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" 1 Coríntios 3.16. "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual tendes da parte de Deus, e vós não sois de vós mesmos?" 1 Coríntios 6.19. Nestes dias abençoados do evangelho os cristãos são a "morada de Deus em Espírito". Se você é um cristão, Deus habita em seu coração, o seu corpo é o seu templo glorioso. Este é um pensamento mais estupendo, mas é verdade. Em sua alma está o doce maná celestial, a vara que floresceu, e a arca da aliança encimada pelos querubins da glória.
Quando Deus criou o homem, Ele o colocou em um jardim que Ele havia plantado ao leste do Éden. Neste jardim Deus fez crescer cada árvore que era agradável à vista e boa para alimento, também, a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal estavam no jardim, e um rio para regá-lo. Diz-se que Deus "andava no jardim pela viração do dia." Isso foi no dia de coisas literais. Estamos agora no dia das coisas espirituais, quando nossos corpos tornaram-se o templo de Deus, através do Espírito, e os nossos corações o seu lindo jardim. É neste jardim que ele habita, é lá que ele caminha. Veja 2 Coríntios 6.16.
Quando o vento sul sopra e a fragrância emana Ele entra em seu jardim para comer seus frutos excelentes, Ele reúne a mirra e as especiarias, Ele come mel e bebe vinho e leite. Veja Cantares 4.16 e 5.1. Esta é uma linguagem doce, e é expressiva da pureza do coração cristão, onde Deus habita, e onde ele anda na mansidão de seu Espírito, deleitando-se nas graças cristãs que estão brotando e florescendo ao longo das avenidas pacíficas da alma. Assim como o vento sul sopra suavemente  sobre as flores do jardim e espalha o perfume, assim o Espírito de Deus ventila as graças celestiais implantadas no coração, e uma fragrância sai da vida cristã, despertando admiração nas mentes de todos os que entram em sua presença.
As árvores que eram agradáveis ​​à vista e boas para comida no jardim do Éden literalmente simbolizam as graças do coração regenerado, que é lindo de se ver, que alimentam as almas daqueles que olham para a sua caminhada cristã nobre, e que se tornam um "árvore da vida" para os corações desérticos dos homens. No jardim do Senhor floresce a rosa de Saron e o lírio do vale. Estes são belos emblemas da vida de Cristo na alma cristã. O rio que corria pelo jardim do Éden literalmente representa o profundo, largo rio de paz que brota no coração que provou do amor redentor.
Um coração jovem cheio do manso e humilde espírito de Cristo, e de uma vida jovem carregada com rica profusão de palavras amáveis, atos generosos e gentis e modestas maneiras, é o mais belo objeto que já enfeitou este esfera mundana.
Anjos olham para baixo e se maravilham, e ao longo de todo o céu são entoadas canções de alegria e louvor. É o privilégio de ser enchido com Jesus agora, para ser vestido de branco e andar em pureza. Isto é também o seu privilégio enquanto você viaja no caminho da vida para crescer mais amável; para ser mais e mais parecido com Jesus; pois as graças doces do céu florescem mais belas em seu coração e vida. Se você observar todos os deveres cristãos e viver em oração e devoção a Deus, sua alma se tornará cada vez mais carregada com as riquezas do céu, e, olhando para fora através da janela, a sua alma irá saudar com alegria o comboio que chegará para levá-la para o seu lar  de descanso eterno.
O Salvador, ao falar de si mesmo disse: "Eu sou a videira", e ao falar dos cristãos, disse: "Vós sois os ramos", e ao falar de Deus, ele disse: "Meu Pai é o agricultor." Isto ilustra de forma muito clara e contundente o dever de um cristão, e a posição que ele ocupa. Os cristãos sustentam a mesma relação com Cristo que os ramos têm com a videira. Como o ramo recebe vida através da videira e produz frutos, de igual modo o cristão recebe vida através de Cristo e produz frutos. O objeto da produção de fruto é a glória de Deus. Você deve estar desejoso de dar a maior abundância de frutos possível, e fazer tudo o que puder para aumentar sua fertilidade, uma vez que "Deus é glorificado, em que deis muito fruto."
O apóstolo Paulo, ao falar dos cristãos disse: "Vós sois lavoura de Deus", 1 Coríntios 3.9. Se você examinar o texto grego, você vai achar que uma tradução mais apropriada seria: "Vós sois o campo de Deus." Isto corresponde à palavra hebraica sadeh, o que significa um campo semeado e cultivado. Com isso você estará habilitado para entender melhor a verdadeira posição que ocupa em Deus. Você é o seu campo fértil, onde ele tem cultivado os preciosos frutos do reino dos céus. O lavrador tem arrancado toda planta que ele não plantou, e  tem semeado as sementes da justiça.
Não são apenas os seus corações o "jardim do Senhor", onde floresce a "Rosa de Saron" e o "lírio do vale" em toda a doçura de sua fragrância e beleza, mas eles também são o campo fértil do Senhor, onde as amáveis graças cristãs irão brotar, florescer e frutificar. Seu dever como cristão é dar fruto para Deus, para que ele seja glorificado. Portanto, todo ramo que produz fruto, ele limpa, para que produza mais fruto ainda. O fazendeiro bem sucedido remove cuidadosamente todo o crescimento estranho no seu campo e cultiva suas plantas, para que possa colher a maior safra possível.
Frutos deliciosos são trazidos do clima tropical para outras partes da Terra, e eles despertam em nossos corações uma admiração por esses países deleitosos. Ansiamos viajar por essas terras ensolaradas. Vocês são os campos férteis de Deus. Em sua vida têm sido colocados os belos frutos da terra celestial. Como este mundo olha para a sua vida e contempla estes frutos, a admiração será despertada em seus corações para os campos férteis do céu. Eles vão ser influenciados por sua vida para buscar o reino de Deus e as suas riquezas, para que possam provar de seus frutos agora e para sempre. Se você caminhar com Deus e viver dedicado a ele, esses preciosos frutos do Espírito se tornarão mais abundantes e belos em sua vida enquanto viaja pelo caminho, e ele fará de você uma grande bênção para os corações de outros. É para esta finalidade que você deve viver.

Texto e autoria de James Orr, traduzido pelo Pr Silvio Dutra







2 - De Mim Procede O Teu Fruto

Por Charles H. Spurgeon

"Ó Efraim, que tenho eu com os ídolos? Eu te ouvirei e cuidarei de ti; sou como o cipreste verde; de mim procede o teu fruto." Oséias 14.8

Nosso fruto procede de nossa união com Deus. O fruto do galho tem sua origem diretamente vinculada à raiz. Quando cortamos a ligação do galho, este morre e não produz nenhum fruto. Pela virtude de nossa união com Cristo, produzimos fruto. Todo cacho de uvas esteve primeiramente na raiz. Passou pelo tronco, seguiu pelos vasos de seiva, moldando-se exteriormente em um fruto. De modo semelhante, toda boa obra do cristão estava primeiramente em Cristo e, posteriormente, foi produzida em nós.
Servo de Deus, valorize esta preciosa união com Cristo, visto que ela tem de ser a fonte de toda fertilidade que você espera conhecer.
Nosso fruto vem das providências espirituais de Deus. Quando as gotas de orvalho caem do céu; quando lá de cima as nuvens olham para baixo e estão quase destilando seu tesouro líquido, quando o sol brilhante faz crescer os frutos do cacho, cada bênção celeste pode sussurrar para a árvore: “De mim procede o teu fruto”... Oh! quanto devemos à providência e à graça de Deus!
Constantemente, Ele nos dá ânimo, ensino, consolação, fortalecimento e tudo o que necessitamos. Disso resulta toda a nossa utilidade e eficácia.







3 - O Segredo da Frutificação

Está determinado aos cristãos que frutifiquem como um ramo da Videira Verdadeira, que é Jesus Cristo.
Mas o ramo não pode produzir fruto por si mesmo.
Ele deve receber primeiro a seiva da vida que procede da raiz.
Assim se dá com a vida espiritual em relação a Cristo.
Embora este princípio da santidade seja da mesma natureza em todos os cristãos, contudo, há graus distintos disto.
Porque em alguns é mais forte, vivo, vigoroso, e florescente; e em outros: mais fraco, inativo e indolente.
Este princípio operante de santidade nos vem pelo poder do Espírito Santo, mas é preservado, aumentado e fortalecido pelo cumprimento do dever em obediência, a Deus e à Sua Palavra, porque Ele determinou que deveríamos viver por nos exercitarmos nisto; e assim, é pela multiplicação destes atos e deveres que este hábito de santidade é mantido vivo.
O princípio vivo referido é mantido em operação, não pelo grau da nossa santificação, mas pelo nosso empenho em nos santificarmos, porque, como dissemos antes, há graus diferentes disto em todos os cristãos, e especialmente em razão da capacidade espiritual concedida a Deus a cada um.
O que buscar achará.
O que se esforçar entrará.
O que pedir receberá.
Tudo vem do Senhor Jesus, quando se fala em santificação, mas nada obteremos caso não sejamos diligentes na oração, na meditação e prática da Palavra, e em todos os deveres que nos são ordenados por Deus.







4 - Pelos Frutos Conhecereis

Por Jonathan Edwards

A prática cristã é o principal sinal pelo qual podemos julgar a sinceridade de cristãos professos. As Escrituras são muito claras sobre isso. "Pelo seus frutos os conhecereis" (Mat 7:16), "Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom, ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore" (Mat 12:33). Em nenhum lugar Cristo diz: "Conhecereis a árvore por suas folhas e flores. Conhecereis os homens pelo que dizem, pelas histórias que contam de suas experiências, por suas lágrimas e expressões emocionais". Não! "Pelos seus frutos os conhecereis. Pelo fruto se conhece a árvore."

Cristo nos aconselha que procuremos pelos frutos da prática cristã nos outros. Também nos exorta que devemos mostrar esse fruto aos outros em nossas próprias vidas. "Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" (Mat 5:16). Cristo não diz: "Assim brilhe também a vossa luz, exprimindo aos outros seus sentimentos e experiências." É quando os outros vêem nossas boas obras que glorificarão nosso Pai que está nos céus.

O restante do Novo Testamento diz o mesmo. Por exemplo, em Hebreus lemos sobre aqueles que foram iluminados, provaram o dom celestial e assim por diante, e caíram (Heb 6:4-8). Então, no versículo 9 diz: "Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação." Por que o escritor de Hebreus estava tão confiante que a fé deles era verdadeira e que eles não cairiam? Por causa de sua prática cristã. Vejam o versículo 10: "Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos."

Encontramos o mesmo ensinamento em Tiago. "Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras?" (Tg 2:14). Tiago está nos dizendo que não adianta dizer que temos fé, se não mostrarmos nossa fé pelas boas obras. Tudo o que dizemos será inútil, se não for confirmado pelo que fazemos. Testemunhos pessoais, histórias sobre nossos sentimentos e experiências - tudo inútil sem boas obras e prática cristã.

De fato, isto é bom senso. Todos sabemos que "ações falam mais alto que palavras." Isso se aplica tanto ao domínio espiritual quanto ao natural. Imagine duas pessoas, uma parece andar humildemente perante Deus e os homens, viver uma vida que fala de um coração penitente e contrito; é submissa a Deus na aflição, mansa e gentil para com os outros homens. A outra fala sobre quão humilde é, como se sente condenada pelo pecado, como se prostra no pó perante Deus, etc; não obstante, se comporta como se fosse o cabeça de todos os cristãos da cidade! É mandona, importante perante ela mesma e não suporta crítica. Qual dessas duas dá a melhor demonstração de ser uma verdadeira cristã? Não é falando às pessoas sobre nós mesmos que demonstramos nosso cristianismo. Palavras custam pouco. É pela dispendiosa e desinteressada prática cristã que mostramos a autenticidade de nossa fé.

Estou supondo, é claro, que essa prática cristã existe numa pessoa que diz acreditar na fé cristã, pois o que estamos testando é a sinceridade daqueles que se dizem cristãos. Uma pessoa não pode proclamar-se cristã sem reivindicar certas coisas. Não iríamos - e não deveríamos - aceitar como cristão alguém que negue as doutrinas cristãs essenciais, não importa quão bom e santo ele pareça. Junto com a prática cristã, deve haver uma aceitação das verdades básicas do evangelho. Essas incluem crer que Jesus é o Messias, que morreu para satisfazer a justiça de Deus contra nossos pecados, e outras doutrinas dessa ordem. A prática cristã é a melhor prova da sinceridade e salvação daqueles que dizem acreditar nessas verdades, mas não prova coisa alguma sobre a salvação daqueles que as negam!

Eu só acrescentaria o que já disse antes (Parte dois, capítulo 12), que nenhuma aparência exterior é sinal infalível de conversão. A prática cristã é a melhor evidência que temos de que um cristão professo é um cristão verdadeiro. Leva-nos a acreditar em sua sinceridade e aceitá-lo como irmão em Cristo. Mesmo assim, não é prova cem por cento infalível. Para começar, não podemos ver todo o comportamento manifestado de uma pessoa; muito dele está escondido do mundo. Não podemos ver dentro do coração da pessoa para ver seus motivos. Não podemos estar certos até que ponto pode ir uma pessoa não convertida na aparência exterior de cristianismo. Contudo, se pudéssemos ver toda a prática que a consciência da própria pessoa conhece, poderia então ser um sinal infalível de sua condição de pessoa salva.








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