sexta-feira, 23 de outubro de 2015

70) Graça 71) Gratidão

70) GRAÇA

ÍNDICE

1 - Boas Notícias Para Você
2 - TODO MÉRITO É DA GRAÇA
3 - O Recebimento é Gratuito Mas é Condicional
4 - A Soberania da Graça Divina
5 - “A minha graça te basta" (2 Cor 12.9)
6 - Graça Surpreendente
7 - O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da Lei
8 - Graça
9 - Justa Cooperação da Graça com a Vontade Consciente
10 - A Dispensação do Espírito Santo
11 - A Graça Opera Pela Obediência
12 - A Graça Supera a Aflição
13 - Cobre como as Águas do Dilúvio

14 - A Graça não Condena
15 - O Modo de Concessão da Graça
16 - A Graça Está Sujeita a Decadências
17 - A Graça Nunca Desconsidera o Viver Pecaminoso
18 - Deixar que a Graça nos Conduza
19 - A Graça se Manifesta na Nossa Fraqueza
20 - “Porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (2 Cor 12:9)
21 - A Graça Está Destinada a Vencer


1 - Boas Notícias Para Você

Por Charles Haddon Spurgeon

Antes  de apresentarmos o sermão de  Spurgeon intitulado”Boas notícias para você” gostaríamos  de fazer esta breve introdução para asseverar que este sermão é  uma boa ilustração da verdade citada em João 1.16,17, onde lemos: João 1:16 Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça.
João 1:17 Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.... porque se a Moisés foi dado uma aliança, ou seja, um  pacto, onde a bênção divina estava condicionada às obras, ou seja, ao que os homens pudessem cumprir da Lei que lhes fora dada por Deus por  meio de Moisés, na graça, ou seja,  na nova aliança que foi feita através de Jesus  Cristo, tudo é feito por pura misericórdia, e concedido  por graça, exclusivamente por meio da fé.
Deus então aprovaria o pecado, ou não se importa com o fato  de pecarmos?
Não. Não é isto que significa a graça imerecida, mas que enquanto Ele repudia sempre o pecado, e visita  com juízos condenatórios as iniqüidades de muitas pessoas, no  entanto, determina usar de misericórdia e  conceder Sua graça perdoadora, abençoadora e transformadora a outros, não por causa de alguma coisa boa neles mesmos, ou por algum bom ato praticado por eles.
Simplesmente o faz, porque decidiu amá-los de um modo distinto e eterno, e para poder estar comunhão com eles, deu-lhes o Seu filho Jesus Cristo como sacrifício substitutivo, ao  ter morrido em seu lugar, e como Salvador, Senhor, Profeta, Rei, Sacerdote, Amigo e Irmão.
Jesus fez tudo o que era necessário para que a dívida de seus pecados fosse paga e para que pudessem ser aceitos por Deus como  Seus filhos amados, numa aliança de graça que durará para sempre, independentemente de qualquer transgressão que eles possam vir a cometer.
Deus os corrigirá como um Pai corrige a seus filhos, mas jamais os lançara fora ou os abandonará.
Assim, apesar de Deus continuar detestando qualquer pecado que seja praticado, no  entanto, Ele usa deste imenso favor imerecido, chamado graça, que nos dá, por causa de Jesus Cristo, independentemente de sermos pecadores.        

Boas notícias para você

Por Charles Haddon Spurgeon

Em Lc 10.30-35 lemos:

Luc 10:30 Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto.
Luc 10:31 Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo.
Luc 10:32 Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo.
Luc 10:33 Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele.
Luc 10:34 E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.
Luc 10:35 No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar.. Lucas 10:30-35

O bom samaritano é um retrato magistral de verdadeira benevolência. O samaritano não tinha parentesco com o Judeu, ele era totalmente de origem estrangeira, mas ele se compadeceu de seu vizinho pobre. Sendo os Samaritanos intrusos nas terras judaicas, os Judeus os amaldiçoaram. Portanto, não havia como seu sentimento de compaixão ser ativado por alguma simpatia nacional, mas tudo ali propiciava para despertar seus preconceitos, daí a grandeza da sua benevolência.
Não é minha intenção,  indicar os encantadores pontos de excelência que Cristo traz à tona a fim de ilustrar a execução da verdadeira caridade. Eu só quero que você perceba esse fato, que a benevolência que o samaritano exibiu para este pobre homem ferido e semimorto, foi uma          benevolência válida. Ele não disse ao judeu: "Se você for a pé até Jericó, então eu vou curar as feridas, deitando-lhes o azeite e o vinho". Ou, "Se você viajar comigo até Jerusalém, então vou atender seus desejos".

Oh, não, ele foi para "onde o judeu estava", e percebendo que o homem não poderia fazer nada sozinho, o bom samaritano o ajudou ali logo em seguida, naquele local, não colocando condições impossíveis para ele, não propondo determinações que o homem não poderia realizar, mas fazendo tudo para o homem, no local onde ele estava e ajudando-o de acordo com sua condição.

Amados, todos nós estamos bem conscientes de que uma instituição de caridade que o homem não disponibiliza, não é caridade. Vá entre os operários de Lancashire e diga-lhes que não há necessidade para qualquer um deles morrer de fome, pois no topo do Monte São Bernardo, há monges hospitaleiros, que mantêm um refeitório, onde aliviarão  todos os transeuntes. Diga-lhes que  não precisam fazer nada, apenas ir até o topo dos Alpes e lá encontrarão comida suficiente. Pobres almas! Eles achariam que você estava zombando deles, pois a distância é muito grande.

Adentre numa das nossas ruas de trás, suba três lances de escadas para uma sala miserável, tão degradada que as        estrelas olham entre as telhas. Veja uma pobre garota morrendo da penúria da pobreza. Diga-lhe, se ousar, "Se você chegar ao litoral  e comer um grande bife, você vai, sem dúvida, se recuperar". Você zomba dela vergonhosamente - ela não pode fazer essas coisas. Estão além de seu alcance, ela não pode viajar para o litoral pois morreria antes de chegar a ele. Assim como o perverso, as suas misericórdias são cruéis.

Tenho notado essa caridade inútil em invernos rigorosos. Pessoas oferecem bilhetes de pão e sopa aos pobres e estes, por sua vez, devem dar mais 6 pences para assim receber a sopa e o pão. Muitas vezes alguns vieram a mim dizendo "Sr. Spurgeon, eu tenho um bilhete. Valeria muito para mim, se eu tivesse seis pences para levar junto com ele e então ir e me satisfazer. Mas eu não tenho um tostão, e eu não posso ver de modo algum o lado bom de ter este bilhete". Isto não é caridade.

Imagine que você está vendo Jeremias, no fundo do poço - se Ebede-Meleque e Baruque tivessem ficado sobre a parte superior do poço e gritado: "Jeremias, se você chegar a metade do caminho, vamos retirá-lo", quando não havia uma escada,  nem qualquer meio pelo qual ele pudesse chegar tão longe, quão cruel teria sido esta caridade. Mas, ao invés disso, eles tomaram trapos velhos do tesouro do rei, os desceram por meio de cordas, pediu-lhe que os colocasse debaixo dos braços e depois o puxaram para cima durante todo o caminho (Jeremias 38:1-13). Esta foi a caridade válida. A outra teria sido uma pretensão hipócrita.

Irmãos, se na descrição do bom samaritano, Cristo o descreve fazendo a este pobre e ferido homem uma caridade da qual ele pôde de fato oferecer; não parece ser altamente provável, ou melhor, completamente seguro afirmar que quando Cristo vem para lidar com os pecadores, Ele derrama sobre eles misericórdia válida? – Graça Divina é o que eles realmente recebem.

Portanto, permitam-me dizer que eu não acredito na forma com que algumas pessoas fingem  pregar o Evangelho. Eles não têm evangelho para os pecadores como pecadores, mas apenas para aqueles que estão acima do nível de pecaminosidade que provoca a morte, e que são tecnicamente denominados pecadores sensatos. Como o sacerdote nesta parábola. Eles vêem o pobre pecador, e dizem: "Ele não está consciente da sua necessidade, não podemos convidá-lo para Cristo". "Ele está morto", dizem, "é inútil pregar para as almas mortas". Então eles passam para o outro lado, mantendo-se perto dos eleitos e vivificados, mas sem ter nada para dizer aos mortos, a não ser que eles conhecessem a Cristo para serem cheios de graça e considerar Sua misericórdia para serem livres.

O Levita não estava com tanta pressa como o sacerdote. O sacerdote tinha que pregar, e poderia ficaria tarde demais para o serviço, portanto, ele não poderia parar para socorrer o homem. Além disso, ele poderia estragar a batina, ou se sujar. E então ele ficaria pouco apto para a delicada e respeitável congregação sobre a qual ele oficiava.

Quanto ao Levita, ele tinha que ler os hinos. Ele era um funcionário da igreja, e estava com um pouco de pressa, mas ainda assim ele conseguiria entrar após a oração de abertura, portanto o levita se deu ao luxo de seguir adiante. Assim como eu conheço ministros que dizem: "Bem, você sabe que devemos descrever o estado do pecador e avisá-lo, mas não podemos convidá-lo para Cristo". Sim, senhores, vocês devem passar para o outro lado, depois de ter olhado para ele, pela sua própria confissão,  você não tem uma boa nova para o pobre coitado.

Bendigo meu Senhor e Mestre, Ele me deu um Evangelho que eu posso levar aos pecadores mortos, um Evangelho que está disponível para o mais vil dos pecadores. Agradeço ao meu Mestre que Ele não diz ao pecador: "Vinde ao meio do caminho e me encontrará", mas que Ele vai "onde ele está”, e o encontrando arruinado, perdido, obstinado, Ele o atende em seu próprio terreno e lhe dá vida e paz, sem pedir ou esperar que ele se prepare para a Graça. Aqui está, penso eu, estabelecida no meu texto, a benevolência válida do Samaritano. E ela é minha nesta hora, para mostrar a Graça válida de Cristo.

I. O pecador é SEM QUALIFICAÇÃO MORAL PARA A SALVAÇÃO, mas Cristo vai onde ele está.

Eu quero, se eu puder, não falar sobre isso como uma questão que tem a ver com a multidão que está no exterior, mas conosco nesses bancos. Não falo deles e delas, mas de você e de mim. Eu quero dizer a todos os pecadores, "Você está em um estado no qual não há nada moralmente que possa qualificá-lo para ser salvo, mas Jesus Cristo se encontra com você onde você está agora”.

Lembre-se primeiro que quando o Evangelho foi enviado ao mundo, aqueles a quem ele foi enviado estavam claramente sem qualquer qualificação moral. Você já leu o primeiro capítulo da Epístola de Paulo aos Romanos? É uma daquelas        passagens terríveis na Escritura que não se destinam a serem lidas nas congregações, mas a serem lidas e estudadas no segredo do     próprio quarto. O Apóstolo dá um retrato dos hábitos e costumes do mundo pagão, tão terríveis, que se não fosse pelo fato dos nossos missionários terem nos informado de que é exatamente a fotografia da vida pagã atual, infiéis poderiam ter declarado que Paulo havia exagerado.

O paganismo na época de Paulo era tão perverso que seria totalmente impossível conceber um pecado para o qual os homens não tinham caído. E ainda, "Nós nos voltamos para os gentios" (Atos 13:46), disse o Apóstolo. E o próprio Senhor ordenou: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Marcos 16:15). O quê? Para sodomitas, cujo menor pecado é adultério e fornicação? Para os ladrões e assassinos, aos assassinos de pais e mães? Sim, ide e pregai o Evangelho a eles!

Claramente, o fato é que o mundo estava mergulhado até o pescoço na enorme sujeira da maldade abominável, e ainda o Evangelho foi enviado a ele. Isso prova que Cristo não procura qualquer      qualificação de moralidade, ou a justiça do homem, antes, o Evangelho está disponível para eles. Ele envia a Palavra para o bêbado, o blasfemador, a prostituta, o mais vil dos vis. É também a esses que o Evangelho de Cristo destina salvar.

Lembre-se novamente, as descrições bíblicas daqueles a quem Cristo se importou em salvar no mundo prova que Ele foi ao pecador onde ele estava. Como a Bíblia descreve aqueles que Cristo veio para salvar? Como homens? Não, meus irmãos, Cristo não veio para salvar os homens como homens, mas os homens como pecadores. Como pecadores sensatos?-Não, eu acho que não. Eles são descritos como "mortos em delitos e pecados" (Efésios 2:1). Mas para a Lei e para o Testemunho, deixe-me ler uma ou duas passagens. E, quando eu lê-las, espero que você possa ser capaz de dizer: "Há esperança para mim".

Em primeiro lugar, aqueles a quem Cristo veio para salvar são descritos em 1 Timóteo 1:15 e em muitos outros lugares, como "pecadores". "Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal".  “Pecadores”, sem qualquer adjetivo antes da palavra. Não é "pecadores acordados", nem “pecadores se arrependendo”, mas pecadores como pecadores. "Certamente", diz um, "eu não estou descartado". Outro relato é encontrado em Romanos 5:06, “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios”. Por quem? Aqueles que tinham algum desejo por Deus? Algum respeito ao Seu nome?

Não, "para os ímpios”. Um homem ímpio significa um homem sem Deus, que não se importa com o Senhor. “Deus não está em todos os seus pensamentos”, e, portanto ele não é o que os homens chamam de um "pecador sensato". Os ímpios são como “a palha que o vento leva embora" (Salmos 1:4). Mesmo assim essas são as pessoas que Cristo veio para salvar. No mesmo capítulo (Romanos 5), versículo 10, você os encontra mencionados como "inimigos". "Quando éramos ainda inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de Seu Filho".

O que você acha disso? Eles não são descritos como amigos. Em certo sentido, Cristo deu a Sua vida pelos Seus amigos  - "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8). Inimigos de Deus foram os objetos da Graça Divina, de modo que em inimizade Cristo vem e en-contra o homem onde ele está.

Em Efésios 2:1 lemos sobre eles como "mortos em seus delitos e pecados". E você lê “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados". Cristo, então, não pede ao peca-dor para estar vivo. O Evangelho não é apenas para ser pregado para aqueles que têm alguma boa noção, alguns bons desejos, algum tremor de vida celeste em seu interior, mas para os mortos como mortos. É para os mortos que Cristo vem, e os encontra no túmulo de seus pecados.

Novamente, Efésios 2:3 - eles são "filhos da ira". "E éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais". No entanto, o Evangelho veio para os tais. Você consegue ver algo de esperançoso em um filho da ira? Peço-lhe para olhá-lo dos pés à cabeça – se assemelha  a um “filho da Ira” - Você consegue ver um pouco de bondade tão grande quanto uma ponta de alfinete no homem? E Cristo ainda as-sim veio para salvá-lo.

Mais uma vez, eles são mencionados como "malditos". "Ah", diz um pecador, "eu muitas vezes  tenho me amaldiçoado diante de Deus, e lhe pedido para me amaldiçoar". Bem, Cristo morreu para o maldito, Gálatas 3:13, "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar”. Isto é, para nós, que estávamos sob a maldição. E, mais uma vez, eles são descritos pela terrível palavra  "perdido". Eles estão perdidos para a esperança, para toda a consideração por si mesmos. Até mesmo seus próprios amigos deram o seu caso como perdido.

"O Filho do Homem veio para buscar e salvar o perdido"(Lucas 19:10). Se eu entender as passagens que eu li na sua audiência, elas querem dizer apenas isto - que aqueles a quem Cristo veio salvar não têm nada de bom que coopere para a sua salvação. E Cristo não olha para eles a fim de encontrar alguma coisa que seja boa neles. Eu ouso dizer que o único requisito para a limpeza é a imundícia. O único requisito para ter um Salvador é estar perdido. E o único meio de chegarmos a Jesus é como pecadores   perdidos, mortos e malditos.

Em terceiro lugar, é quase certo a partir do trabalho da Graça Divina em si, que o Senhor não espera que o pecador faça alguma coisa ou seja alguma coisa para encontrá-Lo, mas que Ele vai a ele onde o pecador está. Olhe, pecador, Cristo morreu no Calvário, o peso do pecado está sobre seus ombros, e em seu coração. Nas mais terríveis agonias, Ele grita com a deserção do seu Deus.

Para quem Ele morreu? Para os inocentes? Por que para os inocentes? Que sacrifício que eles         precisam? Para quem tinha alguma coisa boa em si? Todas essas agonias para os tais? Certamente um preço menor poderia ser pago por eles se pudessem lançar para fora de si a culpa dos pecados. Mas porque Cristo morreu por causa do pecado, eu entendo isso -  que aqueles por quem Ele morreu devem ser vistos como pecadores, e apenas como tal. Na medida em que Ele pagou um preço terrível,         suponho que eles deveriam ser terrivelmente endividados, e que Ele morreu por aqueles que não tinham nada com o que pagar.

Mas Cristo ressuscitou, ressuscitou      para nossa justificação. Para justificação de quem? Para a justificação daqueles que já foram justificados em si próprios? Ora, isso realizaria um trabalho  desnecessário! Não, meus irmãos, para aqueles que não tinham justificação em si próprios, e nem uma sombra dela, que foram condenados, absolutamente condenados por conta de suas próprias obras. Além disso, eu O ouvi pelo ouvido da fé, implorando        diante do trono eterno. Por quem Ele pleiteava? Por aqueles que poderiam se defender por conta própria? – isso seria desnecessário.

Os homens dão seu dinheiro para os ricos? Será que eles compartilham a caridade com quem não precisa? Se os homens têm algo a pleitear para si, então por que Cristo intercederia por eles? Não, irmãos, ele implora por aqueles que nada têm, nada que possam usar como um argumento para que se cumpram suas orações. Mas Cristo subiu e recebeu presentes. Para quem? Para aqueles que mereciam recompensas? Não, na verdade, deixe-os recompensarem a si próprios. Mas ele recebeu dons para os homens; sim, para os rebeldes, para que o Senhor Deus pudesse habitar no meio deles.

Mas Ele dá o Espírito Santo. Para quem Ele dá o Espírito Santo? Para aqueles que são fortes e bons, e podem fazer tudo sozinhos? Ó, meus irmãos, não! Ele dá o Espírito Santo àqueles que são                impotentes, fracos, mortos. Ele dá o Trabalhador Santo àqueles que são profanos e cheio de pecado. Ele coloca a Influência Onipotente para aqueles que eram escravos do espírito do mal. Irmãos, a obra de Cristo supõe um perdido, arruinado, pecador rebelde - e por isso digo - Cristo encontra o homem onde ele está.

Ainda mais, eu desejo esclarecer este ponto antes de o deixar, o caráter divino da Graça de Deus prova que Ele encontra o pecador onde ele está. Se Deus perdoa somente os pequenos pecadores então Ele é pequeno em Sua misericórdia. Se o Senhor não faz algo maior do que os homens podem pensar, então, temos feito muito barulho sobre o Evangelho, e exaltado a Cruz acima da medida. A menos que haja algo de extraordinário na Graça Divina, então eu não consigo entender passagens como esta: "Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos". (Isaías 55:9)

Atrevo-me a dizer, irmãos, que muitos de nós temos a idéia de perdoar os nossos inimigos. Isso por vezes tem sido parte do nosso prazer, fazer o bem aos que nos odeiam. Agora, se Deus deseja ser divino em Sua graça - e tenho certeza que Ele deseja - Ele deve fazer algo maior do que isso. Ele não deve apenas perdoar os seus inimigos, mas eles devem ser inimigos com um caráter tão atroz que nenhum homem os perdoaria.

"Quem é Deus perdoador como tu,

Ou quem tem graça tão rica e livre?"
 
Mas onde está o sentido de gloriar-me, se o Senhor apenas perdoa os pecadores que estão conscientes de seus pecados e os lamentam? A maravilha está nisso - que enquanto eles ainda são inimigos Ele os chama por Sua graça e os convida à mercê. Sim, ainda mais, ele apaga os pecados e os faz amigos, indo assim ao encontro do pecador, onde ele está.

O espírito e o gênio do Evangelho proíbe totalmente a suposição de que Deus exige alguma coisa de qualquer homem, a fim de salvá-lo.

Se a salvação é oferecida ao homem sob uma condição, aqueles que preenchem a condição têm o direito de cobrar a bênção. Este é o antigo Pacto de Obras. A substância da Aliança legal é "Faça isso e eu te recompensarei". Quando o homem faz, ele merece o que foi prometido. Sim, e se você fizer a condição sempre tão fácil, mas, note bem, contanto que seja uma condição, Deus está vinculado à sua própria palavra, a condição de serem cumpridas, para dar ao homem o que ele ganhou. Isso é trabalho e não a Graça Divina.

Trata-se de uma dívida e não de um livre favor. Mas, na medida em que o Evangelho é um livre favor do começo ao fim, tenho a certeza absoluta que Deus não exige nada - nem bons desejos, nem boas vontades, nem os bons sentimentos de um pecador - antes que ele possa vir a Cristo. Mas que ele saiba que tudo é de graça, o rebelde é ordenado a vir assim como ele é, não trazendo nada, mas, levando tudo para Deus, que é superabundante em misericórdia, e, portanto, encontra o pecador exatamente onde ele está.

Eu digo ao pecador, onde quer que esteja hoje, se você está sem nenhuma virtude e se você está cheio de todos os vícios. Se não há pontos positivos em seu caráter. Se há tudo o que é mau contra o homem e contra Deus em você. Se você tiver cometido todos os crimes no catálogo, se você tiver arruinado seu corpo e condenado a sua alma, ainda assim, Cristo disse que - "Aquele que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora" (João 6:37). E se for a Ele, Ele não poderá mais te lançar fora, como se você tivesse sido o mais virtuoso, o mais nobre, e os mais devoto de todos os homens vivos.

Só hoje acredite na misericórdia de Deus, em Cristo, e lance-se sobre Ele e você será salvo para o louvor e glória da Graça Divina que se encontra com você exatamente onde você está, e salva-o do pecado.

II. Em segundo lugar, há muitos da raça perdida de Adão que dizem que estão SEM QUALQUER QUALIFICAÇÃO MENTAL. Esta é a desculpa deles - "Mas, senhor, eu nunca fui um estudioso. Eu fui enviado ainda menino para ganhar meu próprio sustento, de modo que eu nunca tive nem uma semana de escolaridade. Eu sou tão ignorante que eu não posso ler nenhum livro e se alguém me pedisse para fazer uma oração, eu não poderia, eu não tenho bom senso suficiente. "
Agora, você sabe que o Senhor Jesus se encontra com você exatamente onde você está. E como ele faz isso? Porque, em primeiro lugar, o ato da salvação é aquele que não necessita de poder mental. A fé se apodera da vida eterna. Agora, uma criança cujas faculdades são tão pouco desenvolvidas pode acreditar no que é dito. A criança não pode raciocinar, não pode argumentar, não pode contestar, não pode discutir sobre diferenças muito pequenas ou detalhes sem importância, não pode ver um ponto complicado na teologia, mas pode acreditar no que é dito. A fé exige tão pouco de vigor mental e clareza intelectual, que tem havido muitos que eram idiotas em outras coisas e que foram feitos sábios para a salvação pelo ato de fé em Cristo.

Você se lembra das próprias palavras do nosso Senhor, "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos" (Mateus 11:25). Mas isso nunca poderia ter acontecido se o ato que nos levasse à comunhão com Cristo fosse o menor ato da faculdade humana - que é a simples confiança em Cristo – como resultado do que é atribuído a Ele ao ouvirmos bons testemunhos.

Mas então, novamente, para conhecer esse defeito do poder mental, lembre a simplicidade singular daquilo que é acreditado. Não existe nada mais simples no mundo do que a doutrina da Expiação. Nós merecemos a morte, Cristo morreu por nós. Estamos em dívida, Cristo paga para nós. Isso não é simples o suficiente para uma criança da escola Ragged[4]? É tão simples, que muitos dos nossos ilustres doutores da Divindade tentar tirá-la da Bíblia. Eles pensam: "Se esta é a essência de tudo isso, então qualquer idiota pode ser um teólogo". Então eles lutam contra ela.

O que é Unitarianismo além de um tropeço diante da simplicidade da Cruz. Havia unitaristas que estavam próximos à cruz quando Cristo morreu. Eles disseram, "Deixem-no descer da cruz e creremos nEle" (Mateus 27:42). Esse tem sido o caráter unitário, desde então. Eles irão receber a Jesus em qualquer lugar, mas na Sua Cruz, lá no alto, morrendo no lugar do homem, ele é tão banal, que estes grandes senhores correm atrás da filosofia e de vãs sutilezas antes de lançar mão daquilo que os mais comuns conseguem, assim como eles, entender completamente.

Ainda mais. Para procurar qualquer deficiência mental no homem, enquanto a Verdade de Deus em si é simples, é ensinada na Bíblia sob tais metáforas simples, que ninguém pode dizer que não pode compreendê-las. Quão simples é a metáfora da serpente de bronze na qual sucedia que picando a serpente a algum Israelita, eles eram ordenados a olhá-la e viver? (Números 21:8-9) Quem não entende que um olhar para Cristo, que morre no lugar dos homens, fará com que eles vivam? "Se alguém tem sede, venha a mim, e beba” (João 7:37). Quem não compreende a figura de uma fonte correndo pelas ruas, que cada transeunte sedento pode colocar seus lábios para baixo e beber?

"Eis o Cordeiro de Deus" (João 1:36). Quem não entende o sacrifício? Aqui está um cordeiro morto para o pecado de Israel, e assim também Cristo morreu para o pecado dos que crêem Nele. O ato de fé é simples, o objeto da fé é simples. As metáforas tornam isso claro, e não há desculpa para quem não entende o Evangelho de Cristo.

Para coroar tudo, a vocês, meus amados ouvintes, Cristo deu-lhes a abundância de professores. Senta-se no seu banco com você hoje um homem da sua própria dignidade e vocação, que irá explicar-lhe o Evangelho, se você não entender isso. Aqui estão muitos de nós, que  ficaremos muito felizes se pudemos rolar a pedra da porta do seu sepulcro. Aqui estão filhos de Deus, salvos pela Graça Soberana, e se você realmente não sabe o caminho, tão-somente toque o seu vizinho e diga-lhe: "Você pode me explicar mais claramente o que devo fazer para ser salvo?"

Agora, isso é conhecê-lo, deixe o seu cérebro ser o menor possível. Isso está descendo para você, apesar de você se sentar no degrau mais baixo do intelecto humano. Jesus Cristo se encontra com você exatamente onde você está.

III. Mas mais uma vez. Eu acho que ouvi outro dizer: "Eu estou desesperado, pois NÃO CONSIGO ENCONTRAR QUALQUER RAZÃO EM MIM MESMO, OU FORA DE MIM, PARA QUE DEUS DEVESSE PERDOAR UMA PESSOA COMO EU".

Então, você está em um estado de falta esperança - pelo menos, você não vê nenhuma esperança. O Senhor vai ao seu encontro onde você está, colocando o motivo de sua salvação inteiramente em Si mesmo. Devo lembrá-lo de um ou dois textos que irá satisfazê-lo? "Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões". Para quê? "por amor de Mim" (Isaías 43:25). Ele não pode perdoá-lo por sua causa, você vê claramente isso. E você sente que ele não pode perdoá-lo por causa de outras pessoas. Mas, por "amor de Mim", diz ele "para que Eu possa glorificar a Mim mesmo". Não está em você, mas em Seu próprio peito poderoso, Ele descobre o motivo que Ele pode fazer sua própria misericórdia ilustre. Para Seu próprio bem Ele vai fazê-lo.

Ou tome outro "Por amor do Meu nome retardarei a minha ira, e por amor do Meu louvor me refrearei para contigo, para que te não venha a cortar" (Isaías 48:9 ). Aqui está mais uma vez, por amor do Seu nome, como se ele soubesse que não poderia encontrar qualquer motivo, então Ele coloca tudo Nele mesmo. Ele perdoa, para que Ele possa honrar e glorificar Seu próprio nome. Pecador, você não pode dizer que isso não cumpre o seu caso, porque se você é o mais infernal inútil pecador que sempre amaldiçoou a terra de Deus e poluiu o ar que você respira, Ele ainda sim pode salvá-lo, pelo Seu próprio bem. Ainda há espaço para que você possa esperar. Quanto mais pecador você é, maior é a glória a Ele se Ele te salva. E se a salvação é dada por uma razão apenas em Si mesmo, não há, portanto, uma razão pela qual Ele possa salvar você, nem mesmo você.

Lembre-se que Ele coloca seu próprio projeto diante de seus olhos para mostrar que se você não tem nenhuma razão em si mesmo, isso não é impedimento para que Ele o salve. Qual é o desígnio de Deus em salvar os homens? Quando Ele os levar para o céu, qual será o resultado? Porque, para que possam amar e louvar o Seu nome para sempre e cantar: "Àquele que nos amou e nos lavou de nossos pecados no seu sangue, a Ele seja dada glória". Você é apenas o homem. Se você está salvo para sempre e levado para o céu, oh, você não louvaria Sua Graça?

"Sim", disse um velho que vivia há muito tempo no pecado, “se Ele me levar para o céu eternamente, Ele nunca irá ouvir o último louvor, pois eu o louvarei por toda a eternidade". Ora, você não vê que é aquele homem? Você é o próprio homem que irá responder ao desígnio de Deus, pois quem O ama tanto quanto aquele que teve muito perdoado? E quem deve louvar tão alto quanto aquele cujos muitos pecados foram superados pelo poderoso amor, bondade e Graça de Deus? Você não pode dizer que isso não o alcança, pois aqui está um motivo e uma razão - embora você não possa encontrar nenhuma em si mesmo.

Aqui está outra razão pela qual Deus deve salvar você – isso está na Sua própria Palavra, a Palavra d'Aquele que não pode mentir. Vou trazer novamente esse texto, talvez haja um coração aqui que será capaz de ancorar-se em - "Aquele que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora". Você diz: "Mas se eu for, eu não posso ver nenhuma razão pela qual ele deva salvar-me". Eu respondo: há uma razão em sua própria promessa. Deus não pode mentir. Você vem. Ele não vai expulsá-lo. Ele diz, "de maneira nenhuma o lançarei fora". "Mas", você diz: "Ele pode, por tal e tal motivo".

Agora, esta é uma flagrante contradição. Os dois não podem ficar. Se existe alguma coisa que é necessária para que uma alma vá, e você vai sem ela, ainda há a promessa - e como não limite nisso, invoque - e o Senhor não se recusará a honrar a Sua própria Palavra. Se Ele pode expulsá-lo porque você não tem alguma qualificação necessária, então, a Sua Palavra não é verdadeira. Quem quer que você seja, qualquer coisa que você não seja, qualquer coisa que você seja, se você acredita em Jesus Cristo, há uma razão em cada atributo de Deus pelo qual você deve ser salvo.

Sua Verdade grita: "Salve-o pois Você disse ‘eu irei". Seu poder diz: "Salve-o, para que o inimigo não negue Seu poder". A sabedoria de Deus nos pede: "Salve-o, para que não duvidem de seu julgamento". Seu amor diz: "Salve-o". E cada atributo Seu diz, "salve-o". E até mesmo a Justiça, com sua voz rouca, grita: "Salve-o, pois Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça, se confessarmos os nossos pecados” (1 João 1:9).

Estou tentando pescar em águas profundas, após alguns de vocês há muito tempo terem escapado da rede. Eu sei que quando eu dei convites livres e plenos, você disse: "Ah, isso não pode ter a ver comigo". Você está sem fé em Cristo, porque você acha que não está apto. Vou ser claro acerca do seu sangue esta manhã. Eu vou te mostrar que não há adequação desejada, que você está ordenado agora a crer no Senhor Jesus Cristo, como você está, pois o Evangelho de Jesus Cristo é um Evangelho disponível, e vai a você exatamente onde você está. Sem qualificação moral ou mental, e sem qualquer tipo de razão para ele salvá-lo, Ele conhece você assim como é, e cabe a você que confiar Nele.

IV. Seguimos para o nosso quarto ponto. "Oh", diz um, "mas estou SEM CORAGEM. Não   ouso crer em Cristo. Eu sou como uma alma tímida,  tremendo, que, quando ouço dizer que outros confiam em Cristo, eu acho que deve ser presunção. Eu gostaria de poder fazer o mesmo, mas eu não posso, estou mantido por tal sentimento de pecado, que não me atrevo. Ó Senhor, não me atrevo, seria como se eu voasse na cara da Justiça se eu me atrevesse a confiar em Cristo e, em seguida, alegrasse-me com o perdão do meu pecado".

Muito bem, Cristo vai ao seu encontro onde você está por convites bem suaves. "Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite" (Isaías 55:1). "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida” Apocalipse 22:17).

Como docemente Ele coloca isso para você. Eu não sei onde podemos encontrar palavras mais cortesas do que aquelas que o Salvador usa. Você não quer ir, quando Cristo chama, quando com o rosto amoroso cheio de lágrimas Ele convida você a ir a Ele? O quê? Um convite Dele é muito pouco para você? Ó pecador, ainda que você esteja tremendo, diga, em sua alma-

"Eu vou para a abordagem graciosa do Rei,

Cuja autoridade perdão dá;

Talvez ele possa comandar o meu toque,

E então a vida suplicante. "

Sabendo que você negligenciaria o convite, ele o colocou para você na luz de um mandamento. "E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo a quem Ele enviou" (1 João 3:23). “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (Atos 16:31). "Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Marcos 16:16). Ele pensou que você diria: "Ah, mas eu não sou digno de aceitar o convite”. “Bem” , diz Ele, "Vou mandar o homem para fazê-lo".

Como um pobre com fome de pão atrás dele, que diz: "Ah, seria presunção da minha parte comer", mas o rei diz: "Coma, senhor, ou eu vou puni-lo". Que mandamento generoso e liberal! Mesmo a ameaça em si não tem raiva nela. Como a mãe que, quando a criança está perto de morrer e nada irá salvá-la a não ser o remédio e a criança não vai beber, a ameaça, mas somente por amor a ela para que essa possa ser salva. Então, o Senhor faz ameaças adicionais aos mandamentos.

Por vezes uma palavra negra irá conduzir uma alma a Cristo enquanto uma palavra luminosa não. Medo do inferno, por vezes, fazem os homens fugirem para Jesus. A asas cansadas fizeram a pobre pomba voar para a arca - e os raios da justiça de Deus são apenas para fazer você voar para  Cristo, o Senhor.

Amados, mais uma vez, meu Mestre docemente conhece seu desejo de coragem ao trazer muitos outros, para que você possa seguir os seus exemplos. Como passarinheiros que, por vezes, têm seus chamarizes, assim meu Mestre tem chamarizes para atrair os outros para ele. Outros pecadores foram salvos, outros Ele limpou, que não fizeram nada, mas confiaram Nele. Houve muitos. Ah, muitos! Culpado de embriaguez e incesto, e ainda um santo de Deus. Davi, o adúltero e assassino de Urias, e ainda lavado "mais branco que a neve” (Salmos 51:7).

Manassés, o perseguidor sanguinário, que teria cortado Isaías em dois serrando-o em duas metades[5], ainda assim, tomando-o de entre os espinhos, Deus teve misericórdia dele. O que posso dizer de Saulo de Tarso, o perseguidor do povo de Deus? E o ladrão morrendo na cruz por seus crimes, e ainda sim salvo? Pecador, se estas não induzirem-lo a ir, o que pode superar a sua timidez pecadora? "Mas", diz alguém, "você ainda não bateu no meu caso ainda. Eu sou um pecador escandaloso!"

Bem, agora, eu vou insistir nisso. Em 1 Coríntios 6:9-11, ouça a Palavra do Senhor, "nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”.

Bem, irmãos, que descrições horríveis existem aqui! Há        algumas delas tão ruins que, quando lemos a descrição, queremos esquecer o pecado. E ainda – e ainda, a glória seja para o Sua Onipotente Graça, ó Deus! - tais Você salvou e tais Você continua salvando. Ó, Pecador tímido, você não pode confiar em Jesus depois disto?

Ouça a Palavra do Senhor novamente em Tito 3:3-5: “Pois antigamente nós mesmos não tínhamos juízo e éramos rebeldes e maus. Éramos escravos das paixões e dos prazeres de todo tipo e passávamos a nossa vida no meio da malícia e da inveja. Os outros tinham ódio de nós, e nós tínhamos ódio deles. Porém, quando Deus, o nosso Salvador, mostrou a sua bondade e o seu amor por todos, ele nos salvou porque teve compaixão de nós, e não porque nós tivéssemos feito alguma coisa boa. Ele nos salvou por meio do Espírito Santo, que nos lavou, fazendo com que nascêssemos de novo e dando-nos uma nova vida”.

Agora, vocês pecadores odiosos, e vocês que odeiam os outros. Vocês que estão cheios de malícia e inveja, aqui está a porta aberta - até mesmo para vocês - para a bondade e o amor de Deus para o homem demonstrada na Pessoa de Cristo. Ouça a outra, pois as palavras de Deus são melhores do que as minhas, e eu espero que elas atraiam alguns de vocês. Em Efésios 2:1-3: “Antigamente, por terem desobedecido a Deus e por terem cometido pecados, vocês estavam espiritualmente mortos. Naquele tempo vocês seguiam o mau caminho deste mundo e faziam a vontade daquele que governa os poderes espirituais do espaço, o espírito que agora controla os que desobedecem a Deus. De fato, todos nós éramos como eles e vivíamos de acordo com a nossa natureza humana, fazendo o que o nosso corpo e a nossa mente queriam. Assim, porque somos seres humanos como os outros, nós também estávamos destinados a sofrer o castigo de Deus”.

“Mas a misericórdia de Deus é muito grande, e o seu amor por nós é tanto, que, quando estávamos espiritualmente mortos por causa da nossa desobediência, ele nos trouxe para a vida que temos em união com Cristo. Pela graça de Deus vocês são salvos” (Efésios 2:4-5). Para quê? “Deus fez isso para mostrar em todos os tempos do futuro” – marque isso – “a imensa grandeza da sua graça, que é nossa por meio do amor que ele nos mostrou por meio de Cristo Jesus”.

Mais uma passagem e não vou cansar a sua atenção. Ó que esta última passagem possa confortar alguns de vocês! É Paulo quem fala em 1 Timóteo 1:13: “Ele fez isso apesar de eu ter dito blasfêmias contra ele no passado e de o ter perseguido e insultado. Mas Deus teve misericórdia de mim, pois eu não tinha fé e por isso não sabia o que estava fazendo”. Veja como ele coloca a partir de sua própria experiência, “e digna de toda aceitação”. E, portanto, digna de vocês, pobre pecador, “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior” (1 Timóteo 1:15).

"Ah", diz um "mas ele não poderia salvar mais". Deixe-me ir em frente -  "Mas foi por esse mesmo motivo que Deus teve misericórdia de mim, para que Cristo Jesus pudesse mostrar toda a sua paciência comigo. E isso ficará como exemplo para todos os que, no futuro, vão crer nele e receber a vida eterna” (1 Timóteo 1:16).

Por isso, se você confia como Paulo comfiou, você será salvo como Paulo foi, pois sua conversão e salvação são um padrão para todos aqueles que deveriam acreditar no Senhor Jesus Cristo até a vida eterna. Então Pecador, tímido como você é, aqui Jesus se encontra com você. Ó, eu desejaria poder dizer uma palavra que levaria você, pobre com lágrima nos olhos, a olhar para Jesus! Ó, não deixe o diabo tentar fazê-lo acreditar que é muito pecaminoso. "Ele é capaz de salvá-los pelo extremo que chegou a Deus por Ele –

“Não deixe a consciência te fazer descansar,
nem a de um conveniente sonho carinhoso”.

Aptidão não é necessária - mas sim ir até ele. Você está sujo no pecado, e você não sente a sua sujeira como deveria - que faz com que seja o mais sujo de todos. Venha, então, e seja limpo. Você é pecador, e este é o seu maior pecado, que você não se arrepende como deveria. Mas vá a Ele e peça que perdoe a sua impenitência. Vá como você está - se Ele rejeitar um de vocês, eu vou carregar a culpa para sempre. Se Ele lançar fora algum de vocês que confiam Nele, me chamem de falso profeta no dia da ressurreição. Mas eu penhoro minha vida nisso - eu coloco o interesse de minha própria alma sobre isso - que todo aquele que vai a Ele, Ele, de modo algum os lançará fora.

V. Eu ouço mais uma queixa. "Estou SEM FORÇAS", diz um, "Jesus virá exatamente onde eu estou?". Sim, Pecador, exatamente onde você está. Você, você diz, não posso acreditar, essa é a sua dificuldade. Deus conhece você, aí, na sua incapacidade. Em primeiro lugar, Ele conhece você com Suas promessas. Alma, você não pode acreditar. Mas quando Deus, que não pode mentir, promete, será que você não acredita, você não pode acreditar, então? Eu acho que as promessas de Deus - tão seguras, tão firmes - tem que superar essa incapacidade de vocês, "Aquele que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora". Você não pode acreditar agora? Ora, essa promessa deve ser verdade.

Mas seguindo, como se soubesse que isso não seria suficiente, Ele tem feito um juramento - e um juramento mais impressionante do que esse nunca foi jurado – “Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?”(Ezequiel 33:11). Você não pode acreditar agora? O quê? Você pode duvidar de Deus quando Ele jura? Não só faz de Deus um mentiroso - mas deixe-me estremecer quando eu digo que - você acha que Deus pode mentir a Si mesmo?

Deus livre você dessa blasfemia! Lembre-se de que aquele que não acredita faz de Deus um mentiroso, porque Ele não crê no Filho de Deus. Não faça isso! Com certeza você pode acreditar quando a promessa e o juramento constranger a sua fé. Mas ainda mais, como se Ele soubesse que mesmo isso não bastaria, Ele lhe deu do Seu Espírito. “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lucas 11:13). Certamente com isso, você pode acreditar.

"Mas", diz alguém, "eu vou tentar". Não, não, não tente. Não é isso que Deus ordena que você faça - não tentar é exigido. Creia em Cristo agora, Pecador. "Mas", diz um, "Eu vou pensar nisso". Não pense nisso. Faça isso agora, faça de uma vez pois isso é o Evangelho de Deus. Há alguns de vocês de pé nestes corredores e outros sentados nestes bancos, que eu sinto em minha alma que nunca terão outro convite. E se este for rejeitado hoje, sinto num movimento solene em minha alma - eu acho que é do Espírito Santo - que você nunca vai ouvir outro sermão fiel, mas ao contrário você deverá ir até o inferno impenitente, não salvo, a menos que você confie em Jesus AGORA.

Não falo como um homem, mas eu falo como embaixador de Deus para as vossas almas, e eu te ordeno, em nome de Deus, confie em Jesus, confie Nele agora. É perigoso rejeitar a voz que fala do Céu, pois "aquele que crê não será condenado". Como você escapará se negligenciar tão grande salvação? Quando isso se tornar um lar para você, quando entrar no seu caminho, oh, se você irá ignorá-lo, como poderá escapar? Com lágrimas eu gostaria de convidar você e, se eu pudesse, iria obrigar-lo a ir. Por que você não vai?

Ó Almas, se vocês serão condenadas, se vocês colocarem nas suas mentes que nenhuma misericórdia jamais irá enchê-los, e nenhum aviso jamais os moverá, então, Senhores, que cadeias de vingança que vocês devem sentir que derrespeitam esses laços de amor? Vocês têm merecido as maiores profundezas do inferno, por terem rejeitado as alegrias acima. Deus os salve. Ele os salvará  se vocês confiarem em Jesus. Deus os ajude a confiar nEle, mesmo agora, por causa de Jesus. Amém.







2 - TODO MÉRITO É DA GRAÇA

Temos de fato um viver abençoado quando obedecemos a Deus, dedicando-nos à prática das boas obras.
Mas, é preciso não confundir que a graça, que se manifesta num viver obediente, nunca é decorrente dos nossos méritos pessoais, mas sempre dos méritos de Jesus.
De fato, se não há disposição para obedecer à verdade, já não há qualquer graça para operar.
Quem busca acha. Ao que bate se lhe abre a porta. Ao que pede se lhe é dado.  
A nós cabe agradecer e dar não apenas o nosso esforço, mas a nossa própria vida para o serviço de Deus, para que Ele a use como for do Seu inteiro agrado.    
A consagração pessoal é necessária para que o Espírito Santo possa realizar a sua obra em nossas vidas, afinal Ele mesmo é uma das preciosas e grandes promessas da Nova Aliança, para todo o que crê (Gál 3.24).
Não podemos esquecer que a própria lei prescrevia a fé, o amor, a justiça e a misericórdia.
A lei não é contrária à graça e à fé. Mas, a lei de si mesma, nada pode fazer além de afirmar o amor, pois não pode gerá-lo; de afirmar a vida eterna com Deus, mas não pode também gerá-la; de apontar a necessidade da salvação para o pecador, mas, não pode produzi-la. Somente a graça pode operar tudo isto, pela fé, e tudo o mais que se relacione à vontade de Deus.
Apesar de ser santa, justa, boa e espiritual, a lei não pode, no entanto, nos salvar (Rom 7.12,14).

A graça não é, portanto, contrária à lei e nem a descumpre, antes é o potencial necessário para o cumprimento da lei.

“Anulamos, pois, a lei pela fé? De modo nenhum; antes estabelecemos a lei.” (Rom 3.31)
“16 Porquanto procede da fé o ser herdeiro, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a descendência, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós.” (Rom 4.16)

Ora, se o cumprimento da lei só é possível pela graça, quão improcedente é portanto a quase aversão que muitos sentem só de ouvir falar a palavra graça.
O problema é que esta não é uma forma correta de se abordar a questão.
A vida cristã não consiste nem em se defender a graça, nem em se defender os mandamentos, mas sim em viver a vida de Jesus pela graça, para que se possa cumprir seus mandamentos, os quais confirmam muito doa que existem na própria Lei.

“23 Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?
24 Assim pois, por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios, como está escrito.
25 Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se guardares a lei; mas se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão tem-se tornado em incircuncisão.
26 Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos da lei, porventura a incircuncisão não será reputada como circuncisão?
27 E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, julgará a ti, que com a letra e a circuncisão és transgressor da lei.
28 Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne.
29 Mas é judeu aquele que o é interiormente, e circuncisão é a do coração, no espírito, e não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus. (Rom 2.23-29)

Este gloriar dos judeus na Lei, referido por Paulo, não significa de modo algum a rejeição do apóstolo da Lei, mas a confiança deles de serem salvos pela Lei à custa da rejeição da graça de nosso Senhor Jesus Cristo.

Os dez mandamentos revelados por Deus ao povo de Israel nos dias de Moisés, confirmam a sua proveniência divina, e nos falam da perfeição em santidade do Senhor, uma vez que não se resumem a ordenanças morais, tal como se vê na lei dos homens.
 Antes de citar os deveres morais na segunda parte dos mandamentos, com o dever de se honrar os pais, e a proibição de mentir, furtar, matar, adulterar e cobiçar, Deus fixou antes, na primeira parte, a necessidade de se lhe prestar honra, reverência e culto, pois sem isto, não é possível que o homem cumpra perfeitamente as suas obrigações morais para com Deus e para com o  seu próximo.
Daí ser ordenado antes de tudo que se adore tão somente a Deus; que o Seu nome seja santificado e honrado e que se separe obrigatoriamente um dia semanal para a dedicação exclusiva à adoração e ao serviço do Senhor.
Temos assim, uma pista, já na perfeição da Lei dada a Moisés, quanto ao modo correto da santificação:
Primeiro amar a Deus, separar-se para Ele, cultuar-lhe em devoção sincera, e assim sendo feito bom o coração pela Sua graça divina, a vida moral reta será uma mera conseqüência de tal adoração em espírito e em verdade.    
E é exatamente tal ordem que encontramos no Novo Testamento, quanto ao modo da santificação, e do serviço a Deus e ao próximo.

“Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão vale coisa alguma; mas sim a fé que opera pelo amor.” (Gál 5.6)

“Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão é coisa alguma, mas sim o ser uma nova criatura.” (Gál 6.15)

Em outras palavras: nem o judeu, nem o gentio, nem o legalista, nem o adepto da graça, têm no que se gloriar, caso não sejam novas criaturas em Cristo, e não vivam no amor que é pela fé.
Quem amará com o mesmo amor de Deus, conforme a lei exige, caso não seja capacitado pela graça para tal?
E tudo o mais que a lei exige, a qual é espiritual e santa, dada e revelada pelo próprio Deus, por acaso, não só poderá ser cumprido se formos capacitados antes pela graça de Jesus?
Quem é suficiente para isto?
Por isso Paulo dizia que a sua suficiência vinha de Deus, e que tudo o que fazia segundo a Sua vontade era conforme capacitação da Sua graça, e que tudo podia, somente porque a graça de Jesus o fortalecia.







3 - O Recebimento é Gratuito Mas é Condicional

Deus está oferecendo gratuitamente a salvação em Jesus Cristo com tudo o mais que está nela incluído com suas grandes promessas de bênçãos eternas.
Todavia, existe a condição exigida do nosso arrependimento e fé.
Não um mero arrependimento de se lamentar a nossa condição de transgressores da vontade divina, conforme expressada em seus mandamentos, mas o arrependimento que significa a busca de uma vida transformada pelo poder do Espírito Santo, em um novo nascimento espiritual instantâneo (regeneração-conversão) e renovação progressiva do nosso caráter (santificação).
E quanto à fé, que é outra condição exigida para a recepção do dom gratuito de Deus em Jesus Cristo, não é mera crença ou assentimento intelectual em relação à Palavra de Deus, mas a total e exclusiva confiança em Cristo, como nosso Salvador e Senhor, e busca de uma efetiva comunhão diária com ele, através da oração e da prática dos seus mandamentos.
Portanto a noção que é tão comum de que a graça de Deus significa a sua disposição em conduzir à vida celestial pessoas em qualquer estado, e sem nada lhes exigir como condição para tal propósito, não é bíblica, porque não é ensinada em nenhum dos 66 livros que compõem a Bíblia.
Onde não houver o desejo, a intenção, a determinação de se viver segundo a vontade de Deus, e de ser transformado pelo seu poder, não se achará também qualquer graça da sua parte operando para a salvação.







4 - A Soberania da Graça Divina

“Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração.” (I Sam 16.7)
“porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” (Is 55.9)
Vemos aqui um incentivo para os piores e os mais vis.
O Senhor a ninguém tem excluído, mas aqueles que se excluem.
"Eis que agora é o tempo aceitável, eis agora o dia da salvação!”, “Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.” (Is 55.7).
“Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos.  Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.” (Mt 11.25,26).
Que a doutrina no versículo precedente é de fato verdadeira, é suficientemente evidente a partir de simples observação. A maior parte das pessoas que o mundo considera sábias e prudentes, e tudo para um homem que pensa acerca de si mesmo deste modo, tem pouca consideração pelas verdades do evangelho. Porque elas estão ocultas aos seus olhos, e são reveladas ao pequeninos, àqueles que eles desprezam.
Vamos começar perguntando, quais podem ter sido os principais propósitos de Deus em enviar o seu Filho ao mundo, para que pudéssemos ter vida por meio dele? Destes, eu destaco principalmente dois:
1 . A redenção e salvação completa de todos os que creem. Todos os homens estão, por natureza no mesmo estado de pecado e miséria... mas, nos é dito pelo Senhor que no grande dia haverá uma diferença indizível entre alguns e outros. Muitos então ficarão tremendo em sua mão esquerda, a quem o Rei dirá: "Apartai-vos", mas os que estiverem à sua direita ouvirão aquelas alegres palavras: "Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.” Se você perguntar, ao que é principalmente devido essa diferença? A resposta é dada: "Jesus amou, e carregou os seus pecados em seu próprio sangue; ele redimiu pessoas de todas as nações,  e línguas, pois eles vieram de grande tribulação, e lavaram as suas vestes, e as branquearam no sangue do Cordeiro; e portanto estão diante do trono." Foi então por causa da justiça de Jesus que eles serão encontrados à sua mão direita, porque "Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que  estavam debaixo da lei, para que recebêssemos a adoção de filhos."
2 . Mas, além deste, Deus teve um outro propósito em razão da ignorância deles, ainda mais elevado na obra da redenção, a saber, a manifestação de sua própria glória.
Se pudéssemos dar qualquer outra razão para esta dispensação da graça do que aquela que é afirmada no nosso texto, isto seria o suficiente, de que deveria ser assim, para que não houvesse qualquer  orgulho em nossos corações. Certamente que o que parece bom aos olhos de Deus, deve ser santo e sábio, e bom em si mesmo. Como o vão e presunçoso homem é cego, quem se atreveria a replicar contra o seu Criador, para atacar a sua santidade com a injustiça, a sua sabedoria com erro, a sua bondade com a parcialidade! Todos os seus sofismas e sua vontade serão silenciados no grande dia, quando os segredos de todos os corações estarão abertos, e Deus será justificado quando ele os condenar.
No entanto, embora não ousemos ir muito longe nas profundezas dos desígnios divinos, mas, a partir da luz que ele tem nos oferecido na sua palavra, podemos, em nossa debilidade natural, afirmar e provar que seus caminhos são justos e equitativos, e, além do argumento de sua soberania, porque isso foi do seu agrado, ele tem se agradado em nos favorecer com algumas das razões pelas quais isto tem-lhe sido assim agradável. E este é o assunto que eu proponho para conduzir suas meditações a partir dessas palavras.
Foi pelo seu amor indescritível por nós que ele providenciou todos os meios necessários à nossa salvação, e não podemos nos surpreender, e muito menos devemos nos queixar, que em justiça de si mesmo, ele designou tais meios, e do modo pelo qual tudo redundasse para o seu louvor e sua glória. Para tanto, foi necessário que as seguintes coisas devessem ser manifestadas com a mais plena evidência.
1º, a grandeza da depravação, culpa e miséria do homem; que não era uma coisa pequena, mas um caso digno da interposição de um poder e graça infinitos.
2º, a insuficiência total do homem pára encontrar alívio por si mesmo; para que assim Deus pudesse ter toda a honra de sua recuperação, e nós pudéssemos ser, para sempre, devedores da sua livre e imerecida misericórdia.
3º, que, por haver uma grande variedade de caracteres na  humanidade, foi necessária a dispensação da sua graça que ao operar deve mostrar que nenhum caso foi muito difícil para o seu poder, ou muito baixo e miserável para a sua compaixão e condescendência.
Após a apresentação destes motivos, podemos ver algo de sua sabedoria nos métodos que ele tem designado, e nos assuntos de sua escolha; por isso aquilo que tem parecido bem aos seus olhos, tem sido ocultado aos sábios e entendidos, e sido revelado aos pequeninos, por razões como estas:
1. Para humilhar a soberba de toda a glória humana;
2. Para excluir toda pretensão em se gabar,
3. para que possa ser provido um motivo de esperança para os piores e mais vis, e,
4. que a salvação dos crentes possa ser segura, e não sujeita a ser perdida.
I. Em primeiro lugar, então, o Senhor dos Exércitos tem proposto isto, "para humilhar a soberba de toda a glória humana", Isaías 23.9.
Quanto os homens estão dispostos a admirarem a sua própria sabedoria, aprendizagem e realizações, é suficientemente óbvio. Mas agora o orgulho de toda esta glória está manchado, na medida em que é provado pela experiência que é totalmente inútil na maioria das preocupações importantes. Um homem tem talento para governar um reino, mas ele próprio é um escravo de desejos e paixões vis. Outro tem coragem para enfrentar a morte em um campo de batalha, ainda que, quanto à religião, é um mero covarde. Outro finge contar o número das estrelas, e chamá-las todas por seus nomes, mas não tem mais pensamentos sobre o Deus que criou os céus e a terra, do que os animais que perecem. Outro, que professa ser sábio nas Escrituras, as perverte e abusa de sua própria razão, para estabelecer os erros mais absurdos, ou para derrubar as verdades mais claras.
O tempo não seria suficiente para contar todas as conquistas destes sábios e homens prudentes. Mas eis que o orgulho deles está todo manchado! No meio de todas as sua aquisições e invenções, são estranhos para Deus, para si, e para a paz, pois eles estão sem Cristo, e sem esperança: as coisas que são de real importância estão escondidas de seus olhos. Aqui, está manifestada a desesperada depravação e sedução do coração, para a glória de Deus, e é claramente que, se ele não se interpuser para salvar, os homens são totalmente incapazes de salvarem a si mesmos.
II. Para excluir a jactância. "Onde está a vanglória, então? É de todo excluída." Como o apóstolo afirma. "Se Abraão foi justificado pelas obras, tem do que se gloriar.", Rom 4.2. Assim, se os homens fossem salvos, no todo ou em parte, por sua própria sabedoria e prudência, eles podem no mesmo grau escreverem a glória e louvor para si.
Eles podem dizer, o meu próprio poder e sabedoria deu-me isto, e  assim Deus seria roubado da honra devida ao seu nome. Mas agora isto é evitado. A palavra do Senhor é, "Não deixe o sábio se gloriar na sua sabedoria, não deixe que o homem poderoso se glorie na sua força; não deixe que se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender e me conhecer, que eu sou o Senhor," Jeremias 9.23,24.
Sejam quais forem as vantagens exteriores que alguns possam parecer possuir, eles estão no mesmo nível em que estão os piores. Estas coisas não podem ser compreendidas por qualquer sagacidade da nossa parte, mas devem ser reveladas pelo Pai das luzes. Veja o que o apóstolo diz no primeiro capítulo de Romanos. Muitos dos ateus foram eminentes em sabedoria e habilidades e fizeram grande avanço na ciência; mas em relação ao conhecimento de Deus, o resultado de todas as suas pesquisas deu em erro, superstição e idolatria; dizendo-se sábios se tornaram loucos, e as suas dissertações não tiveram nenhum outro efeito senão deixá-los sem escusa. Sua prática (como será sempre o caso) foi correspondente a seus princípios; e no meio de mil refinamentos em teorias, eles foram abandonados aos mais grosseiros e detestáveis vícios. Se podemos dizer, esses não tiveram a luz da revelação, podemos observar os mesmos ou  similares efeitos, onde o evangelho é conhecido. Com esta luz superior, os homens ainda são igualmente vãos em suas imaginações e, embora eles não tributem uma externa e formal adoração ao pau e à pedra, eles são idólatras grosseiros, pois eles servem, amam e confiam mais na criatura do que no Criador.
Quando há uma diferença, é devido à graça, e à graça que é reconhecida. Assim se dirá prontamente: "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome seja o louvor", Sl 115.1. Assim, toda a pretensão de glória é efetivamente excluída, e que aquele que pode se gloriar sobre um bom fundamento, deve somente se gloriar no Senhor. Se deve ser suposto que esta representação das coisas tende a desencorajar uma diligente e séria investigação da verdade, eu respondo que, quando corretamente entendida, ela terá apenas o efeito contrário. O que pode ser mais adequado para excitar a diligência, do que apontar o método que será seguramente coroado de sucesso? Você não pode ter êxito sem a luz e assistência do Espírito Santo, mas se consciente disso, e consciente de sua própria insuficiência, você vai buscar sua direção e orientação por humilde oração, isto será oferecido a você. Se você não sabe isso, você certamente ficará cansado no final por repetidas  decepções, mas se você  depender de seu ensinamento e de cooperação em usar os meios de graça que ele designou, seu conhecimento aumentará assim como o seu crescimento espiritual.

Tradução, redução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de John Newton, em domínio público.






5 - “A minha graça te basta" (2 Cor 12.9)

Se nenhum dos santos de Deus fosse pobre ou tentado, não deveríamos conhecer muito bem a metade das consolações da graça divina.
Quando encontramos o andarilho que não tem onde reclinar a cabeça, que ainda pode dizer: "todavia eu vou continuar confiando no Senhor", quando vemos o mendigo faminto de pão e sedento de água, que ainda dá glórias a Jesus, quando vemos a viúva enlutada e oprimida pela  aflição, mas mantendo a sua fé em Cristo, oh! que honra isto reflete no evangelho.
A graça de Deus é demonstrada e ampliada na pobreza e nas provações dos crentes.Os santos suportam até debaixo de todo tipo de  desânimo, crendo que todas as coisas cooperam para o bem deles, e que de males aparentes uma bênção real deve finalmente surgir – porque o seu Deus trabalhará a libertação deles rapidamente, ou lhes apoiará mais seguramente na tribulação, contanto que lhe agrade guardá-los na mesma. Esta paciência dos santos prova o poder da graça divina.
Há um farol em alto mar: é uma noite calma - eu não posso dizer se o edifício está firme, a tempestade deve bater furiosamente contra ele, e então eu vou saber se ele vai ficar de pé. Assim sucede, com a obra do Espírito: se não fosse em muitas ocasiões rodeada com águas tempestuosas, não poderíamos saber que ela é verdadeira e forte, se o vento não soprar sobre ela, não poderíamos saber quão firme ela é. As obras-primas de Deus são aqueles homens que se levantam no meio de dificuldades, firmes e constantes,
Aquele que quiser glorificar o seu Deus deve se manter firme quando se deparar com muitas provações. Nenhum homem pode ser notado pelo Senhor a menos que suas lutas sejam muitas. Se, então, o seu caminho é de muitas provações, regozije-se, porque você mostrará melhor a graça todo-suficiente de Deus.
Quanto à sua queda, nunca pense nisto  - odeie o pensamento. O Deus que tem sido suficiente até agora, deve ser crido até o fim.

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.






6 - Graça Surpreendente

Tradução, adaptação e redução do sermão de nº 1279 de Charles Haddon Spurgeon, elaboradas pelo Pr Silvio Dutra.

“Tenho visto os seus caminhos e o sararei; também o guiarei e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos que dele choram.” (Isaías 57.18)

Existem alguns objetos na Natureza, que nunca deixam de surpreender o espectador. Acho que  foi Humboldt que disse que nunca poderia olhar para as pradarias sem surpreender-se. E eu suponho que alguns de nós nunca serão capazes de contemplar o oceano, ou o nascer e o por do sol, sem a sensação de que temos diante de nós algo sempre fresco e novo. Agora, eu tenho tido, não somente amor a isto, mas por causa da minha vocação para pregá-lo, sendo um leitor constante das Sagradas Escrituras e ainda depois desses 25 anos ou mais eu frequentemente me deparo com passagens bem conhecidas que me surpreendem tanto quanto nunca antes. Como se eu nunca tivesse ouvido falar delas antes, elas vêm a mim, e não apenas com frescura, como também surpreendem a minha alma!
Isto está nessa parte da Escritura. Quando eu li o capítulo (Isaías 57) que descreve a maldade horrível de Israel - quando eu observo os termos fortes que a Inspiração utiliza para expor a maldade da nação – isto me deixa atônito! E então ver a misericórdia seguindo o  julgamento! Isto me constrange! "Tenho visto os seus caminhos, e" -  não é adicionado: " vou destruí-lo", ou "varrê-lo para longe", mas, "Eu vou curá-lo." Em verdade, a graça de Deus, como as grandes montanhas, não pode ser escalada! Assim como as profundezas do mar, ela nunca pode ser compreendida e, como o espaço, ela nunca pode ser medida!
A graça é como o próprio Deus, maravilhosa, incomparável, sem limites. "Oh, as profundezas! Oh, nas profundezas!" Vou tentar expor a graça surpreendente de Deus, tanto quanto o Seu Espírito me permita, ao mostrar, primeiro, que o pecador é contemplado por Deus: “Tenho visto os seus caminhos." E, no entanto, o pecador é, ainda, o objeto da Divina misericórdia - "Eu vou curá-lo: também o guiarei e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos que dele choram."
I. O texto declara que o pecador tem sido observado pelo Senhor.  Deus está ciente da indignidade daqueles com os quais Ele lida com a sua graça e é a glória da graça que Ele a derrame sobre pessoas totalmente indignas. Ele sabe exatamente o que os homens  são e ainda assim Ele é bondoso para com os maus e para com os ingratos. Ele dá a Sua graça para aqueles que, como Manassés, e Saulo de Tarso, e o ladrão morrendo na cruz, não têm nada, senão o pecado sobre eles e merecem a Sua ira ao invés de Seu amor misericordioso.
Observe, em primeiro lugar, que a onisciência de Deus tem observado o pecador. O homem, ao viver em rebelião contra Deus, fica muito mais sob os olhos de seu Criador como as abelhas num copo de vidro estão sob seus olhos quando você assiste todos os seus movimentos. Os olhos do Senhor nunca dormem. Eles nunca são retirados de uma única criatura que Ele fez. Ele não somente ouve as nossas palavras, como conhece também os nossos pensamentos! Deus não se limita a contemplar as nossas ações, mas pesa os seus motivos e sabe o que está no homem, bem como o que sai do homem. Alguém é muitas vezes levado a clamar, "Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim! É muito elevado e não  posso alcançá-lo." Que Deus sabe tudo, até mesmo todas as pequenas coisas sobre o pecado do homem é uma coisa terrível para as almas não perdoadas pensarem.
Deus se ocupa com os pardais. Apenas um pardal! Ninguém se preocupa com os pardais, mas nenhum deles é esquecido por seu Pai celestial - E assim, nenhum pensamento de perda de vocês, nenhuma imaginação, nenhuma mínima ideia de que tenham sido esquecidos completamente, anula a verdade de que nunca têm sido esquecidos ou escapado da observação de Seu Pai celestial. O texto é verdadeiro na máxima extensão possível. "Tenho visto os seus caminhos." Deus tem visto suas maneiras em casa, seus modos no exterior, os seus caminhos na loja, suas maneiras no quarto de dormir, seu modo de julgar, de desejar, de ter esperança, de cobiçar o mal, de murmurar, de se orgulhar. Ele tem visto todo o seu comportamento e pensamento de maneira perfeita e completa.
E a maravilha é que, depois de ver tudo, Ele não nos corta, mas em vez disso, proclamou esta palavra surpreendente de misericórdia: "Tenho visto os seus caminhos, e o sararei. Tenho visto tudo o que ele tem feito, e ainda assim não vou expulsá-lo da minha presença, mas vou colocar a minha misericórdia e a minha sabedoria para trabalharem com habilidade Divina para curar este pecador da maldade de sua alma."
Enquanto estávamos lendo este capítulo eu não podia deixar de sentir que era um capítulo demasiadamente forte para ser lido em público! Olhei para ele por completo, e disse: "Deveria ler isto?" Algumas de suas alusões são tão dolorosas que se pode pensar nelas, mas não gostaria de explicá-las.
A sabedoria Divina não conseguiria encontrar nada, senão os vícios que são  mencionados, para descrever a maldade do coração humano. E, no entanto, depois de descrever o personagem, o Senhor diz: "Tenho visto os seus caminhos, e o sararei. Tenho visto tudo de ruim em seus caminhos e nada tenho percebido de bom neles, todavia, eu conheço toda a sua conduta e vejo a imundície de tudo isso, mas ainda assim virei a ele e o sararei."
As pessoas às quais se refere o texto de Isaías 57 parecem ter sido bastante apaixonadas pelo pecado. Que colina havia na qual o povo de Israel não tivesse erigido seus altares? Que pedra polida pelo fluxo da corrente, não havia sido consagrada a um ídolo? Qual grande carvalho de Basã não havia sido usado para rituais místicos e diabólicos para os falsos deuses? A terra foi manchada com o sangue de seus filhos oferecidos a Maloque! Sim, ele fediam com seus pecados infames, pois a adoração de seus deuses falsos e suas orgias estavam cheias de lascívia e toda sorte de maldades indescritíveis.
No entanto, o para sempre Misericordioso diz: "Eu já vi isso. Tenho visto por trás da porta o que eles têm feito. Tenho visto nos altos montes o que eles têm feito. Tenho visto as suas abominações nos bosques e matas. Vi como eles estão ansiosos para praticarem o pecado, mas vou curá-los."
Oh Amado, este texto soa tão estranhamente bom, tão singularmente gracioso, tão primorosamente misericordioso que tem me encantado! Isto é surpreendente. Quando o juízo está pronto a irromper vem uma pausa inesperada, e o que o Puro de olhos diz: “eu ainda os amo! Apenas deixe-os se arrependerem dos seus caminhos e se achegarem ao meu seio  e os seus pecados horríveis serão perdoados!"
"Porque todos os tipos de pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens."
"O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado."
Não pense quanto a esses pecadores antigos, adoradores de ídolos, que o Senhor foi negligente quanto ao que eles fizeram. Não imagine que, quando eles zombavam dele, que era indiferente. Longe disso! Isto provocou Sua mente santa, pois Ele não pode olhar para a iniquidade, e nunca o mal habitará com Ele. Ele é como um fogo consumidor contra o mal e de maneira nenhuma o tolera. E, no entanto, e ainda por Aquele a quem os anjos chamam: "Santo, santo, santo, Senhor Deus dos Exércitos", o Deus zeloso, o Deus que se vinga do mal e fica irado contra o pecado, Ele mesmo tem dito: "Tenho visto os seus caminhos e irei sará-lo.”
Ah, se Ele fosse indiferente para com o pecado, eu poderia entender o Seu  perdão do pecado. Mas quando me lembro que o pecado, por assim dizer, toca a menina dos seus olhos, e entristece o Seu Espírito, então eu fico maravilhado que ao mesmo tempo em que Ele denuncia o pecado, Ele olha para o pecador e diz: com lágrimas de piedade, "Tenho visto os seus caminhos, e irei sará-lo. Ele é meu filho embora ele tenha agido como o filho pródigo. Odeio sua prostituição e a vida desregrada com que ele tem desperdiçado sua propriedade e a minha. Mas amo meu filhos mesmo assim! E quando ele voltar para mim, vou recebê-lo com um beijo, e eu vou dizer: “Trazei depressa a melhor roupa e coloque nele. Coloque um anel no seu dedo e sandálias nos seus pés e comamos e nos alegremos, porque esse meu filho estava morto e reviveu! Estava perdido e foi achado."
Se você ler o capítulo 57 de Isaías você vai ver que Deus diz que Ele tinha tentado recuperar Israel por castigos. Ele diz: "Por causa da iniqüidade da sua avareza me indignei e o feri. Eu estava irado, e ele continuou obstinadamente no caminho do seu coração." Você vê, então, que o Senhor provou o homem. Ele disse para si mesmo: "Talvez ele não sinta o mal do pecado. Vou despertá-lo para que veja o seu mal. Essas pessoas adoram deuses falsos. Vou enviar uma fome. Vou enviar a peste. Vou dar-lhes na mão de seus inimigos e depois, talvez, eles vão se arrepender."
E assim Deus fez isso para Israel e a nação foi levada muito abaixo. Mas qual foi o resultado? Será que eles se transformaram sob a vara da correção e confessaram o seu pecado? Será que eles se humilharam diante de Deus? Não! Ele diz que a nação "continuou obstinadamente no caminho do seu coração." Como muitas vezes acontece quando o Senhor começa uma obra da graça nos homens, Ele começa com um terrível julgamento, humilhando-os para que Ele possa levantá-los no tempo devido. Mas quantas vezes estas visitas terminam em decepção! O homem está doente, ele está sofrendo no limiar da eternidade. Ele faz promessas de reforma, mas o que acontece quando ele se recupera? Ora, ele se esquece de tudo isto e fica pior do que antes!
Pior e pior é o caminho dos ímpios, apesar de suas dores serem multiplicadas. Ah, meus amigos, todas as aflições do mundo, exceto a graça de Deus, só vão endurecer os homens, quando eles obstinadamente insistem em não se sujeitarem a Deus.
Quando o Senhor, em Sua misericórdia, envia Providências agudas para agitar os homens em seus ninhos e fazê-los sentir que o pecado é uma coisa má, o resultado geral disto – aparte da graça divina, é que o homem continua em seu pecado, da mesma forma como antes, ou somente foge de uma forma para outra. Ele está ferido pelo aguilhão, mas ele não cede, ele recalcitra contra os aguilhões. Ele acha que Deus o tratou muito duramente. Ele se dirige para mais longe de Deus e corre em desespero. Ele diz que não há esperança e, portanto, ele pode muito bem viver como ele gosta.
No entanto, observe a graça de nosso texto e fique novamente surpreendido! Esta pessoa tinha sido castigada em vão e ainda ficou endurecida por aflições, e Deus diz: "Eu vi os seus caminhos. Tenho visto como ele fica cada vez pior. Tenho visto como ele endurece a sua cerviz. Vi que tem uma testa de bronze e que se atreve a se levantar contra mim, mas, ainda assim, o meu propósito eterno se cumprirá  - Eu vou curá-lo, eu vou fazê-lo. Vou deixar o mundo inteiro ver que a graça é mais forte do que o pecado e que a eterna misericórdia não deve ser interrompida, até mesmo por transgressões infames ". Oh, as profundezas do amor divino!
Agora, antes de eu ir para a segunda parte do assunto, devo dizer isso. Eu não estou falando, agora, de casos que acontecem de vez em quando. Não, eu estou falando sobre um grande número de pessoas bem aqui diante de mim. Em grande medida, eu estou falando de mim eu sei que em mim, não havia nada que pudesse ter sido visto pelos olhos de Deus para merecer seu respeito. Eu sei que somente não cometi pecados mais grosseiros por causa da restrição da Sua Graça.
E é pela livre misericórdia soberana imerecida de Deus que sou, hoje, salvo, como o ladrão, que ao morrer na cruz, recebeu a promessa: "Hoje estarás comigo no Paraíso ". Em todo caso, se formos morais ou imorais, a salvação é totalmente uma questão de puro favor! E em todos os casos Deus tem dito praticamente de nós: "Tenho visto os seus caminhos. Eu não consigo ver nada de bom nele. Só vejo o que é abominável, mas, no entanto, vou curá-lo."

II.  O pecador escolhido é o OBJETO DA DIVINA MISERICÓRDIA num grau extraordinário. Assim diz o Senhor: "Tenho visto os seus caminhos, e vou curá-lo”.
Ele não diz: "Eu vou, se alguém quiser fazer parte disso." Não, mas, "eu vou". Mas suponha que o homem não o quisesse? Que não desejasse ser curado. O Senhor sabe como, sem violar a vontade humana, (o que ele nunca faz), influenciar o coração humano, com pleno consentimento contra sua ex-vontade, e fazer com que este ceda à Sua vontade, apresentando-se voluntariamente no dia do Seu poder! Eu sempre gosto de pensar que, como eu estou pregando aqui: Agora, se há ou não alguém salvo pelo Evangelho que eu prego, isto não depende deles, a saber, virem aqui querendo ou não, pois o Senhor disse:" o meu povo estará disposto no dia do meu poder." Existe um poder maior do que a vontade humana.
Se Cristo não viesse em busca da ovelha perdida dependendo que ela exercesse a sua vontade para encontrá-lo, Ele iria esperar em vão para sempre!
Não. O Bom Pastor vai atrás da ovelha, a acompanha, e se apossa dela, e a coloca em seus ombros e a leva para casa com alegria.
O Senhor cura o pecado como uma doença. Ele não pode olhá-lo sob qualquer outra luz, sem destruir os homens. Ele diz: "Estas minhas criaturas não me amam. Eles devem estar doentes em suas mentes, eu vou curá-los. Eles não veem beleza em Meu Filho. Eles devem ser cegos, vou abrir os seus olhos.” Assim, misericordiosamente diagnosticado o nosso pecado quanto à sua causa, o Senhor manifesta Sua graça e cura as doenças de nossa natureza. E, bendito seja Deus, a doença que sofremos é uma doença da qual Ele conhece tudo, porque o texto diz: "Tenho visto os seus caminhos."
Oh Pecador, você não terá que dizer a Deus os sintomas da sua queixa - ele tem visto os seus caminhos! Ele viu através do seu coração e não há nenhum médico para poder lidar com um paciente como o homem, que conheça a constituição do paciente e os seus hábitos, e saiba toda a sua história secreta! Deus conhece tudo isso e, porque Ele o conhece, é uma coisa abençoada que Ele mesmo, com esse conhecimento infinito diga: "Eu vou curá-lo."
Em seguida, o texto continua a dizer, "também o guiarei." A pobre alma do homem, mesmo quando curado, não sabe para onde ir! Não há algo mais confuso neste mundo do que um pobre pecador quando pela primeira vez, é despertado. Quando a luz de Cristo vem para os pecadores, eles não sabem para onde ir! Eles veem um pouco, mas a própria luz confunde, como quem sai de um lugar escuro diretamente para uma lugar ensolarado. Mas, agora, o Senhor amoroso chega e diz: "Vou guiá-lo também."
Oh, quão docemente o Senhor guia os pecadores, primeiro a Seu Filho amado. Então, Ele leva o pecador ao Assento da Misericórdia e diz: "Pedi, e vos será dado, buscai e achareis." Então, Ele leva o pecador àquele grandioso e velho livro, a Bíblia, e diz: "Leia, e enquanto você ler isso eu vou abri-lo para você. Vou abrir os seus olhos para ver os seus tesouros e maravilhas ocultos, e guiar você em toda a minha verdade." "Venha", Ele diz: "Eu vou levá-lo mais longe. Vou guiá-lo em sua vida diária. Vou guiá-lo a respeito de como agir entre os ímpios. Sim, eu vou guiá-lo nas veredas da justiça por causa do Meu nome."
Agora, não é muito maravilhoso, que Deus guie os homens que anteriormente não eram guiados, homens que, durante anos, fizeram o seu próprio caminho e resistiram a tudo que  Seus juízos, e Providências poderiam fazer para transformá-los? "Sim", Ele diz: "Eu vou guiá-los." E é maravilhoso quão prontamente os homens serão guiados quando a graça de Deus renová-los! Eu vi o homem valente que costumava ultrajar a Cristo e Seu povo tornar-se um bebê na Graça.
Em seguida, vem a última parte do texto, “e lhe tornarei a dar consolação" pois Deus começa removendo nossas consolações. Ele tira o consolo que uma vez tivemos em nossa falsa paz e ele nos faz chorar por causa do pecado, porque o consolo é prometido àqueles que choram. Mas depois de um tempo ele restaura o consolo para nós.
Que tipo de consolo? O consolo do perdão perfeito, o consolo da aceitação completa. O Pai dá um beijo caloroso no rosto do filho e este é o conforto da Adoção. Considerando que eram herdeiros da ira, nos tornamos herdeiros do Céu e temos o consolo da esperança. Nós recebemos o consolo da comunhão diária, pois somos admitidos para falarmos com Deus e nos aproximarmos dele. O consolo de uma segurança perfeita, pois somos levados a sentir que se vivemos ou morremos, não importa, estamos seguros nos braços de Jesus! O consolo de uma perspectiva abençoada além túmulo, na terra do porvir; o consolo de saber que todas as coisas cooperam para o bem. O consolo de ter os anjos para nossos servidores e o Céu para a nossa casa!
Vá em frente e proclame isto nas esquinas das suas ruas. Vá e proclame nos esconderijos de ladrões! Anuncie isto na prisão, sim, mesmo na cela dos condenados! Vá aos portões do inferno e diga a cada alma que está deste lado do Vale de Tofet e ainda fora de seu eterno fogo que, se os ímpios abandonarem os seus caminhos, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converterem ao Senhor, Ele terá misericórdia deles porque o nosso Deus é rico em perdoar!
Proclame isto para si mesmo, pobre pecador, que treme enquanto eu lhe falo e  que de bom grado afunda no chão por causa de seu senso de pecado! Seu Pai vem para conhecê-lo agora! Se você não abraçá-lo, a culpa é sua, não dele. Sua voz fala e diz: "Vem, e seja bem vindo. Vem, e seja bem-vindo! Querido filho meu, venha a mim!"
Oh Graça de Deus, traga os grandes pecadores, por causa de Jesus. Amém.







7 - O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da Lei

Não encontramos nas Escrituras a expressão pacto de obras, ou aliança de obras.
Todavia ambas as formas, especialmente a primeira é muito empregada para definir a condição de Deus como o Grande Juiz e Legislador que exige perfeição absoluta para que possamos estar eternamente em Sua presença.
E a falta desta condição implica em morte espiritual e eterna.
Em sua infinita sabedoria, bondade e misericórdia, o Senhor tem conhecido pela sua onisciência, que nenhum descendente de Adão está habilitado para atender a tal demanda desta Lei Eterna que emana da própria natureza perfeitamente santa e justa de Deus.
Assim, entendemos que Ele não tem proposto a pecadores uma opção de salvação por este modo de se cumprir perfeitamente a Sua vontade e mandamentos.
Isto sempre será feito por pura graça, misericórdia, e simplesmente mediante a fé, como foi proposto ao próprio Adão quando o Senhor foi procurá-lo com a promessa da redenção quando ele se escondeu envergonhado da sua nudez atrás das árvores do jardim.
Não pode entretanto, ser removida esta lei que exige perfeição absoluta, e por isso Jesus não morreu apenas como nosso substituto para quitar a culpa do nosso pecado, como também para nos revestir dessa perfeição requerida pela justiça divina, que há de ser absoluta na glória, e mediante o trabalho da santificação da graça pelo Espírito Santo e aplicação da Palavra de Deus aos nossos corações, conforme o penhor do trabalho da nossa transformação e purificação já iniciado aqui na Terra a partir da nossa conversão.
O grande mandamento de Deus foi revelado por Jesus como sendo o amor de uns pelos outros com o mesmo amor com o qual ele nos amou.
Ou seja, o dever imposto é o de amar com o amor de Deus.
Então quando Tiago alude a isto, ele se reporta em sua epístola à questão da acepção de pessoas que estava ocorrendo na igreja em favor dos mais abastados e contra os pobres e necessitados do rebanho.
Isto era um pecado claro e contundente contrário ao que Ele chama de Lei Régia, ou seja a Lei do Rei, esta Lei que está amarrada à própria natureza e essência de Deus, que é amor.
“Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem;” (Tiago 2.8)
Não convinha que aqueles que foram resgatados da morte espiritual e eterna, inclusive e principalmente por se transgredir tal mandamento do amor, que é o principal de todos, continuassem transgredindo o mesmo.
“Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade.” (Tiago 2.12)
A esta lei da liberdade da condenação em Cristo, aludiu também o apóstolo Paulo em Rom 8.2:
“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.”
Então, se não fosse por Cristo, todo o nosso esforço em cumprir perfeitamente a Lei – ao qual devemos nos dedicar com sinceridade e amor – seria totalmente perdido caso viéssemos a transgredir um único ponto da lei que está indissoluvelmente ligada à natureza de Deus, porque é Legislador e Juiz conforme demanda a sua justiça que haja perfeita conformação à sua santidade e amor.
  “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.” (Tiago 2.10) – Este é o caráter da lei para aqueles que não estão debaixo da cobertura do sangue de Jesus. Daqui vemos quão ineficaz é a tentativa de se justificar por meio das obras da lei.
Assim, devemos clamar e dar graças a Deus por nos ter dado Jesus Cristo, juntamente com o apóstolo quanto à nossa condição natural de sermos achados mortos em delitos e pecados que pode ser somente revertida por estarmos no Senhor:
Rom 7:24 Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
Rom 7:25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado.






8 - Graça

Há um grande paradoxo no entendimento carnal relativo à graça divina, uma vez que se costuma considerar como sendo graça exatamente o oposto daquilo que a graça que nos foi dada em Cristo é na verdade; pois os dons naturais e comuns de Deus para toda a humanidade são buscados por pessoas religiosas como se fossem o grande propósito da vida cristã.
Geralmente visa-se tão somente ao que é externo, e não propriamente o que seja espiritual, celestial e divino, para ser aplicado à transformação do próprio caráter e vida, segundo o propósito de Deus na concessão da Sua graça que nos foi dada em Cristo.
Todavia, a Bíblia não nos deixa cegos quanto a este importantíssimo assunto, conquanto podemos observar na grande maioria das passagens bíblicas referentes à graça, qual é o propósito de Deus quanto à sua concessão.
Antes de tudo a graça não é dogma, mas o poder de Deus para o atingimento do objetivo da fé, a saber, a nossa salvação. E é no conhecimento da mesma graça que devemos crescer com vistas ao nosso aperfeiçoamento espiritual.
O maior dom que temos recebido da graça de Deus é a vida do próprio Cristo e a habitação do Espírito Santo em nós. As demais graças são consequência desta referida e gravitam em torno da mesma.
Quando estamos na graça, esta produz um bom estado na alma que pode ser discernido em espírito tanto por nós, quanto por aqueles que estiverem na mesma condição.
A graça divina é o maior poder operante neste mundo, pois somente ela é mais forte do que o poder do pecado.
O nosso acesso a esta graça, na qual estamos firmes, e sem correr o risco de sermos rejeitados por Deus, custou um alto preço a nosso Senhor Jesus Cristo – o preço do seu sofrimento e derramamento do seu sangue numa terrível morte de cruz.
É impróprio, por conseguinte, o pensamento associado à palavra graça, de ser algo fácil ou barato.
A salvação é de fato gratuita, mas custou o preço de morte para Cristo, carregando os nossos pecados, e para nós, ela exige o pagamento do preço da nossa consagração a Deus, uma vez tendo sido convertidos mediante a simples fé no Senhor.
Fomos comprados por preço para vivermos para Deus.
Com o advento de Jesus Cristo foi inaugurada uma nova dispensação para substituir a antiga que vigorou desde os dias de Moisés. Daí ser chamada de dispensação da graça, enquanto a antiga era chamada de dispensação da Lei.
Deus está sendo longânimo nesta dispensação em relação a todos os pecadores, concedendo-lhes assim a oportunidade de se arrependerem e crerem em Cristo, de modo a serem livrados da condenação eterna. Esta é uma das características essenciais da citada dispensação.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacada a palavra charis (no original grego) – graça; acessando o seguinte link:

http://www.recantodasletras.com.br/mensagensreligiosas/5390645







9 - Justa Cooperação da Graça com a Vontade Consciente

Uma das grandes provas indiretas de que há uma justa cooperação da graça divina com a vontade consciente humana está em que crentes consagrados e santificados podem ter imaginações, sonhos e comportamentos pecaminosos quando sob o efeito de algum bloqueador (drogas alucinógenas etc) dos mecanismos psicológicos de restrição e contenção dos pensamentos e comportamentos impróprios que atuam pelo temor de punição, de reprovação social, de perdas consequentes (especialmente das bênçãos de Deus), e de tudo o mais que possa se opor à consciência do que é considerado correto e aceitável.
Esta é a razão de se ordenar aos crentes que sempre sejam cheios do Espírito Santo, ou seja, que estejam sempre debaixo da Sua influência e poder de modo a que tenham graça suficiente para cumprirem o que se lhes ordena na Palavra de Deus em vidas santificadas.
A falta de tal provisão de graça em justa cooperação com o exercício de nossa vontade consciente em obtê-la pelos meios ordenados na Palavra (oração, meditação, comunhão, perdão etc) é o motivo de que até mesmo crentes confirmados possam ter sonhos e pesadelos em que se encontram em imaginações pecaminosas, uma vez que durante o sono não há um controle consciente sobre a mente, e esta divaga e age livremente sem o controle do sistema nervoso simpático, ficando totalmente à mercê do parassimpático – ou inconsciente.
 De tudo isto se depreende a nossa total dependência da graça de Deus para vivermos de modo que lhe seja agradável, e também, que vigiemos e nos esforcemos em plena diligência para moldarmos a nossa consciência em conformidade com os padrões morais e espirituais de Sua bendita Palavra.
Em suma, teremos tanto mais graças da parte de Deus quanto mais nos empenhemos em cultivá-las pelo exercício consciente constante da oração, da meditação na Palavra, do serviço cristão, da comunhão com nossos irmãos na fé e de tudo o mais que nos é ordenado por Deus para um viver abençoado.




10 - Graça sobre Graça

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

"Agora nós não temos recebido o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que possamos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus." (I Coríntios 2.12)

O curso de nossa raça caída tem sido uma sucessão de fracassos. Sempre que houve um crescimento aparente, foi seguido por uma queda real. Cada vez mais na escuridão a mente humana parece decidida a mergulhar em suas lutas buscando uma falsa luz. Quando os homens se tornam tolos, eles têm dançado em um delírio de pecado. Quando eles têm sido sóbrios, eles se entregam a uma sabedoria de sua própria imaginação, que tem revelado sua loucura mais do que nunca. É uma triste história, a história da humanidade! Leia-a à luz da Palavra de Deus e isto trará lágrimas ao seu coração.
A única esperança para o homem era a de que Deus se interpusesse. E Ele tem se interposto, assim Ele tem começado uma nova criação, ou trabalhado uma ressurreição a partir do reino da morte. Deus veio à história humana e aqui as luzes começam a brilhar. Onde Deus está trabalhando com a Graça Divina, o pecado abundante é vencido, a esperança começa e o bem torna-se perceptível. Este estado melhor é sempre marcadamente o efeito de uma ruptura no curso natural das coisas, um produto sobrenatural que nunca teria sido visto neste pobre mundo caso não tivesse se manifestado em Cristo.
Eis que Deus em Cristo Jesus lança-se no caminho. Ele então se interpõe entre as rochas que descem em avalanche esmagadora sobre nós. Ele para a avalanche em seu caminho terrível. Ele arremessa para trás a massa enorme e muda todo o aspecto da história. Na interposição da Graça Onipotente notamos que o Senhor trabalha de modo a preservar a sua própria glória. Ele cuida para que nenhuma carne se glorie perante ele.
Ele poderia ter usado o poder dos grandes, mas ele não o tem feito. Ele poderia ter instruído o homem pela própria sabedoria do homem, mas ele não o faz. Ele poderia ter declarado o seu Evangelho com a excelência da fala humana, mas Ele jamais o fez ou fará. Ele tomou para suas ferramentas não a armadura de um rei, mas a canção de um pastor. E Ele não colocou o Seu tesouro de verdade no vaso de ouro de talento, mas nos vasos de barro de mentes humildes. Ele não fez com que os homens falassem por Ele sob o feitiço de um gênio, mas movidos pelo Espírito Santo. O Senhor dos Exércitos irá salvar os homens, mas Ele não vai dar aos homens um centímetro de espaço para vanglória. Ele lhes concederá a salvação que deve humilhá-los na poeira e levá-los a saber que Ele é Deus e além dele não há outro.
O Senhor nosso Deus tem trabalhado de forma paralela com a sua interposição central, que é vista na cruz onde Jesus revelou a maneira de Jeová manifestar o Seu poder na fraqueza. É por isso que o apóstolo Paulo diz: "Eu determinei nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado." Ele sabia que não havia mais nada a saber. O plano da Cruz é vencer a morte pela morte, para remover o pecado. A forca com a qual Cristo morreu era o abismo de opróbrio, e no auge do sofrimento. Mas também foi o foco da Graça da interposição de Deus. Ele não foi glorificado com honra e poder, mas com vergonha e morte.
O grande auto-sacrifício de Deus é a grande vitória da Graça Divina. Amados, é mais doce pensar que todos os caminhos de Deus para os homens estão em harmonia com esta forma de Cruz e que a Cruz é o padrão do método constante do Senhor de realizar Seus desígnios da Graça, em fraqueza em vez de força, pelo sofrimento do que pelo esplendor da Sua majestade.
Permitam-me acrescentar também que esta maneira que Deus tem usado, pela qual Ele salva os homens e glorifica a Si mesmo, é inteiramente adequada para a condição daqueles a quem Ele salva. Se a salvação fosse pela excelência humana eu nunca poderia ter sido salvo.
Tal Evangelho não teria sido qualquer Evangelho para nós, por isso estaria muito fora do nosso alcance. Os planos de Deus são planos viáveis, apropriados para a fraqueza de nossa raça caída. Em Cristo, Ele vem para o homem ferido onde ele está e não lhe pergunta, em sua condição caída, para vir ao caminho correto por si mesmo. A Graça não começa no meio do alfabeto do caminho, mas é o Alfa da nossa esperança.
Meu texto fala dos dons de Deus que nos são dados gratuitamente e o propósito para o qual nos são dados.
Todas as coisas de Deus são dadas gratuitamente. Todas as bênçãos da salvação são um presente. Toda a herança da Aliança é um dom. Tudo o que vem por nosso Senhor Jesus Cristo para salvar e santificar os homens é um dom. Um presente não é algo para ser comprado. Não nos é pedido, em qualquer sentido, para trazer um preço para Deus, a fim de comprar o perdão, a justificação, ou a vida eterna. Onde a noção de compra é por um instante insinuada, é apenas para mostrar mais claramente o quão livre é a bênção, "Vinde, comprai vinho e leite sem dinheiro e sem preço." Deus livremente dá a Sua graça, sem esperar nada em troca, mas que nós a recebamos tão livremente como Ele livremente a concede a nós.
Isto é um dom, um presente, e não um prêmio. Há prêmios (galardões) celestes a serem distribuídos, pelos quais devemos lutar e obter com a ajuda Divina. Há uma retribuição que buscamos e uma coroa pela qual devemos lutar, mas a Graça Divina que perdoa o pecado e opera por fé não é prêmio para o esforço, mas sim um presente para aqueles que não têm força. "Não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia." Jeová terá misericórdia de quem Ele tiver misericórdia, e Ele terá compaixão de quem Ele tiver compaixão, segundo o beneplácito de sua própria vontade. A salvação não é concedida aos homens, como resultado de tudo o que são, ou fazem - é dom imerecido dos Céus. Se fosse de obras, não seria de graça divina. Mas é por fé para que seja somente pela Graça Divina.
Oh crente, se o seu pecado é apagado, ele nunca pode ser escrito de novo! Deus declarou que Ele perdoou as nossas transgressões. E então Ele acrescenta: "dos seus pecados e de suas iniquidades não me lembrarei mais."
O poder de compreender a Cristo não está na nossa natureza em sua própria força e bondade. Nosso estado é o da morte, e a morte não pode compreender a vida. Deus, o Espírito Santo deve dar vida a nós antes que possamos subir da sepultura de nossa depravação natural e apegar-nos a Cristo, que é a nossa vida. Não é da natureza humana não regenerada ver o reino de Deus, e muito menos entrar nele. "O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus." O poder de receber as coisas de Deus não está em nossas realizações. De fato, grande talento e grande aprendizado muitas vezes perdem o caminho onde a humildade viaja com facilidade. Não se sente e diga: "Eu sou um pobre ignorante e não posso ser ensinado por Deus. Eu não posso saber essas coisas preciosas". Não é assim. Leia as palavras de Paulo no primeiro capítulo desta epístola, "Vejam a sua vocação, irmãos, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados." O poder de receber as bênçãos de Deus não está no talento, mas ele está no Espírito de Deus.
"Bem", diz alguém, "mas certamente devemos passar por um período de grande angústia e aflição para que possamos receber as coisas de Deus." Muito frequentemente os homens sofrem com um sentimento de culpa e medo de punição antes de lançar mão de Cristo. Mas eles não lançam mão de Cristo por esta experiência. O homem ferido não é restaurado por suas dores, o homem faminto não é alimentado por sua fome. O poder de prendê-lo a Cristo é um poder espiritual, que deve ser dado de cima. Ele não está escondido no nosso interior, mas é implantado pelo Senhor de fora para dentro.
O poder receptivo não é concedido pela emoção humana, nem pelo poder de oratória do pregador, a quem o homem ouve. Você vai crer em Jesus Cristo, quando o Espírito Santo levá-lo a vê-lo como seu Salvador e digno de sua confiança. Você nunca vai crer nele, se você estiver olhando para si mesmo para ter o poder de acreditar, senão pela própria Verdade e pelo Espírito Santo que pode tornar a Verdade clara para você e operar em você para querer e fazer segundo a boa vontade de Deus.
Venham, então, queridos corações, que se sentem tão frios e mortos e tão sem força que vocês não podem fazer nada – lembrem confiantemente que o Espírito Santo pode capacitá-los para receberem todos os dons de Deus.
Você está procurando a salvação? Mantenha-se afastado do espírito do mundo, tanto quanto possível. Lembre-se que o mundo religioso é mais perigoso, de longe, que o mundo sensual. Ele veste a pele de cordeiro, mas tem toda a ferocidade do lobo. Você não pode esperar que o Espírito de Deus possa abençoá-lo se rendendo ao espírito do mundo. Não se meta com o que é duvidoso. Há obras de ficção hoje em dia em abundância, cuja tendência está poluindo - o mundo está encharcado com elas. Evite-as como se fosse um banho de ácido.
Se você quiser encontrar a vida eterna, vá para onde o Espírito de Deus opera - examine as Escrituras e ouça a Verdade de Deus através da qual o Espírito de Deus opera normalmente. E associe-se com aqueles em quem o Espírito de Deus habita. Ouça a pregação que vem de Deus, porque somente ela vai levá-lo a Ele.
Se você ainda deseja saber mais sobre a preciosidade infinita dos dons de Deus, isto é uma ambição sábia. E vai ser plena e livremente satisfeita pelo Espírito Santo. Recorra a Ele, pois é o grande Mestre. Não há professor como Ele. Seu conhecimento supera todos os outros, pois conhece a mente de Deus. Nenhum homem pode comunicar-lhe o que ele não sabe e ninguém conhece a mente de Deus, senão o Espírito de Deus. O Espírito Santo conhece o infinito e o insondável. E, portanto, Ele é capaz de ensinar o que você não pode aprender em outro lugar. A mente e o significado de Deus em todo o dom da graça, o Espírito pode revelar a você. O Espírito Santo fala à alma e escreve as linhas de verdade nas tábuas de carne do coração, de modo que elas nunca podem ser apagadas.






10 - A Dispensação do Espírito Santo

Esta nova dispensação do Espírito (da  graça)  é imutável.
Ele tem sido designado como um  Consolador eterno  que estará para sempre com os cristãos.
O próprio Senhor Jesus  declarou isto expressamente na primeira promessa que Ele fez de enviar o Consolador:

"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre;" (João 14.16).

É  nesta promessa que consiste a permanência do Espírito para sempre com a Igreja.
E Jesus fez esta promessa para afiançar a fé e a consolação da Igreja em todas as épocas, nas oposições  que  os  cristãos terão que enfrentar na sua luta contra a carne, Satanás e o  mundo.
Como Jesus havia sido o Consolador visível dos discípulos durante o tempo do Seu ministério terreno, e estaria partindo agora para o céu para a restauração de todas as coisas,  eles  poderiam temer que este outro Consolador que foi prometido  poderia também permanecer somente um período com eles, de maneira que ficariam sujeitos a uma nova perda e tristeza.
Então  nosso  Senhor Jesus Cristo lhes garantiu que este outro Consolador  continuaria para sempre com eles até o fim das suas vidas, trabalho e ministério, como também estaria atuando com a igreja até a  consumação dos séculos.
E isto porque Ele estava sendo prometido agora numa aliança eterna e inalterável. E Ele não deixará jamais  a  Igreja de modo que a aliança eterna de Deus não possa ser abolida.

"Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o  Senhor:  o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca nem da boca da tua descendência, nem da boca da descendência da tua  descendência,  diz  o Senhor, desde agora e para todo o sempre." (Isa 59.21).

Entretanto, a par desta grande verdade, sempre há um número  considerável de cristãos que vivem a maior parte das  suas  vidas  em dificuldades e desconsolação, não tendo qualquer  experiência  da presença do Espírito Santo como um Consolador.
Mas  esta  objeção não tem força para enfraquecer a nossa  fé  quanto  à  realização desta promessa por maiores que sejam as desconsolações que possam suceder à Igreja de todas as épocas, porque nada  pode  anular  a promessa do derramamento do Consolador.
O cumprimento da promessa de Cristo não depende da nossa experiência, porque  a  consolação do Espírito não é para incrédulos.
A menos que nós  entendamos  a natureza das consolações espirituais corretamente, e as avaliemos de modo satisfatório, nós não poderemos  desfrutá-las,  ou  então não estaremos delas conscientes, ainda que estejam operando em nosso favor.
Muitos quando se encontram debaixo das suas dificuldades  supõem que não haja qualquer conforto a não ser o que seja decorrente da remoção destas dificuldades.
Eles não conhecem o conforto e  alivio das tristezas sem que seja removida a sua causa.
Tais  pessoas nunca podem receber a consolação do Espírito Santo ou  qualquer experiência espiritual de refrigério.
É sendo fervorosos na oração pela presença do Espírito conosco, e buscando todos os nossos confortos dEle, considerando estas  consolações acima de quaisquer prazeres terrenos, aguardando pela manifestação da Sua graça, que se recebe a consolação do Espírito.
Todo cristão pode se exercitar nisto, em busca da consolação  do Espírito porque Ele foi prometido por Cristo para  também  operar este ofício em favor dos cristãos, e somente deles,  porque  Jesus também afirmou quando fez a promessa do Consolador  que  o mundo não poderia tê-lo como um Consolador, senão somente aqueles que O amam e guardam a Sua Palavra (João 14.16,17, 26; 15.26; 17.7,8).
O mundo pode ser o alvo de outras operações do  Espírito  para  a convicção de pecados e conversão, e é disto que decorrerá posteriormente as consolações do Espírito.







11 - A Graça Opera Pela Obediência

Por natureza não temos nenhum poder em nós mesmos para viver a vida do céu, fazendo o que é espiritualmente bom, ou qualquer outro dever relativo à santidade evangélica.
É em Cristo que somos tornados fortes, mas esta força não é propriamente nossa, mas dEle.
Nós recebemos esta força divina na nossa conversão, a qual é a essência da santidade que há na nova natureza, recebida do céu e do Espírito Santo.
Mas esta força não pode se manifestar se o velho homem (nossa natureza terrena pecaminosa) estiver fortalecido, por deixarmos que opere livremente em nós a força do pecado.
Jesus obteve uma perfeita liberdade do pecado para os que n’Ele creem.
Contudo, se não forem constantes em todos os deveres de obediência, nenhum deles será fácil de ser cumprido porque a graça requer diligência para que possamos ser fortalecidos por Deus.
E é pela repetição sistemática em obediências sucessivas que seremos conduzidos à formação deste hábito que é essencial à santificação da vida.  
Porque onde não houver a busca de obediência voluntária e por amor, à vontade de Deus, expressada na Sua Palavra revelada na Bíblia, não haverá também qualquer graça operando, tanto para nos conduzir e capacitar à obediência requerida, quanto para transformar as nossas vidas, e nos dar um viver abençoado e vitorioso.  







12 - A Graça Supera a Aflição

“Agora, por um pouco de tempo, sendo necessário, sois afligidos através de várias tentações”. (1Pedro 1.6)

Especialmente para os cristãos sinceros, este um tempo de aflições como nenhum outro, porque nunca se viu, em toda a história da humanidade, iniquidades tão multiplicadas como as presentes, tanto em intensidade quanto em variedade de formas.
Todavia, os cristão de agora não são menos assistidos pela graça de Jesus, do que os dos dias do apóstolo Pedro, aos quais, mesmo sendo afligidos por várias provações, receberam do apóstolo o seguinte testemunho:
 “Vós que sois guardados pelo poder de Deus através da fé para a salvação”. (I Pe 1.5)
 “a prova de sua fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece”. (I Pe 1.7)
Assim,  ao mesmo tempo, que estavam “em aflição”, estavam de posse de uma fé viva.
A aflição não lhes destruiu a fé, e nem a paz.
Eles se “regozijavam na esperança da glória de Deus”, porque estavam cheios de alegria no Espírito Santo.
No meio de sua aflição, ainda igualmente desfrutavam do ardor do amor de Deus, que fora derramado em seus corações.
Embora fossem afligidos, ainda eram santos; conservavam o mesmo poder sobre o pecado.
Eram ainda “guardados” do pecado “pelo poder de Deus”; eram “filhos obedientes, não conformados com seus primitivos desejos”, mas, “como Aquele que os chamou é santo”, assim eles eram “santos em todo o seu procedimento”.
Assim é que, em conjunto, sua aflição é bem consistente com a fé, com a esperança, com o amor de Deus e do homem, com a paz de Deus, com a alegria no Espírito Santo, com a santidade interior e exterior.
A aflição de modo nenhum enfraquece e muito menos destrói qualquer parte da obra de Deus no coração.
Ela de modo nenhum entra em conflito com a “santificação do Espírito”, que é a raiz de toda a verdadeira obediência, nem com a felicidade, que deve necessariamente resultar da graça e da paz que reinam no coração.
Então, ainda que sejam multiplicadas as iniquidades e aflições, a graça é muito mais multiplicada por Deus no coração do cristão, para superá-las no amor de Jesus.







13 - Cobre como as Águas do Dilúvio

Lemos em Judas 24: “Ora, aquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória,”.
 Deus é poderoso para guardar o cristão de tropeços e conduzi-lo em segurança à Sua glória eterna.
É isto que o texto de Judas afirma.
O fato de a graça ter superabundado onde abundou o pecado é a verdade por meio da qual somos salvos.
Porque mesmo depois de convertidos, ainda estamos sujeitos ao pecado, e se não houvesse uma graça superabundante para cobrir os nossos pecados, nenhum de nós poderia ser salvo.
Isto é como as águas do dilúvio nos dias de Noé que cobriram todos os montes.
A graça cobre nossas montanhas de pecados, que pode não ser aos nossos olhos, mas aos olhos de Deus são verdadeiras montanhas, porque Ele considera pecado o que fazemos e o que deixamos de fazer, seja grande ou pequeno, e mais do que isso leva em conta a intenção do nosso coração, nossos pensamentos, imaginação etc.
O  cristão, por mais consagrado que seja, aos olhos de Deus está cheio de pecados.
Mas, de onde lhe vem a santidade em que vive, a paz que sente no seu coração, a alegria em sua alma, senão da graça de Jesus, que o purifica de tudo o que desagrada a Deus.








14 - A Graça não Condena

Deus não está  condenando a qualquer pessoa na presente dispensação da graça, conforme afirmação de Jesus de que não veio condenar, mas salvar.
A natureza de Deus é longânima, perdoadora, misericordiosa, amorosa, e por isso uma das  características do amor destacada em I Cor 13.5 é que ele não é facilmente provocado, ou seja, ele não se exaspera.
Deus se ira contra o pecado, mas não tem qualquer prazer na morte dos ímpios, ou seja, de todos aqueles que não Lhe amam e aos Seus mandamentos.
A ira pode ser definida  como uma oposição séria e violenta de espírito contra qualquer mal, real ou suposto, ou devido a qualquer falta ou ofensa, porque isto está contra a natureza do amor.
Nós somos chamados por Cristo a desejar o bem e a orar para o bem de todos, até mesmo de nossos inimigos, e até daqueles que zombam de nós e  nos perseguem (Mat 5:44); e a regra dada pelo apóstolo é: “Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.” (Rom 12.14), quer dizer, nós devemos desejar o bem e orar para o bem de todos, e em nenhum caso desejar o mal.
Porque como imitadores de Deus, na busca da sua imagem e semelhança, é justamente o que devemos fazer, porque isto é parte da essência divina.
Dizemos que é um dever porque o evangelho veio trazer a restauração em nós, da imagem e semelhança, não com Adão, antes da queda no pecado, mas a do próprio Cristo, conforme se afirma amplamente na Bíblia.
E o que temos em Cristo, quanto ao trato com as imperfeições que há na humanidade? Graça, amor, bondade, misericórdia, perdão, reconciliação, e justiça (a sua justiça que nos justifica).
Os próprios juízos divinos na presente dispensação, têm em vista contribuir para a continuidade da referida restauração, e são corretivos e decorrentes da rejeição obstinada da graça que nos está sendo oferecida.
As obras más ou boas de todas as pessoas serão somente passadas em revista no grande dia do Juízo Final.
Por isso toda vingança é proibida por Deus, já que Ele afirma que toda a vingança lhe pertence.
A regra é: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo: Eu sou o Senhor.” (Lev 19.18); e o apóstolo diz: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor.” (Rom 12.19),  de forma que toda a ira que contém um desejo de vingança, é contrária ao cristianismo e proibida por Deus.
Disto Cristo falou em Mat 5.22: “Eu, porém vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento;”.
Se uma pessoa se permitir ficar muito tempo irada com uma outra, logo esta ira se transformará em ódio.
E assim nós achamos que na verdade acontece com aqueles que retêm um rancor nos seus corações contra outros, durante semana depois de semana, e mês depois de mês, e ano depois de ano.
Eles virão no fim, a odiar verdadeiramente as pessoas contra as quais se deixaram irar assim deste modo.
E este é um pecado mais terrível à vista de Deus.
Então, não é de se admirar que esta seja a principal estratégia do diabo para nos afastar de Deus, e para nos manter sob julgamentos em nossas almas, e ainda a ficarmos à mercê de sermos oprimidos por ele.
Assim, toda vigilância e sabedoria é ainda pouco para ter um coração manso, sofredor, paciente, perdoador.
E mais do que isto, necessitamos do derramar abundante do amor de Deus nos nossos corações que é operado sobrenaturalmente pelo Espírito Santo.







15 - O Modo de Concessão da Graça

Nenhum crente pode de si mesmo exercer o princípio, ou poder, de uma vida espiritual, em qualquer instância, interna ou externa, em relação a Deus ou aos homens, de modo que isto deve ser um ato de santidade procedente do Espírito Santo.
O crente não pode fazê-lo de si mesmo, em virtude de qualquer poder habitualmente inerente a ele. Não é comunicada a nós neste mundo qualquer capacidade espiritual que seja independente da ação direta do Espírito Santo; porque é ele o gerador de todos os atos santos de nossas mentes, vontades e afetos, na execução dos deveres espirituais.
Acrescente-se que necessitamos de graças renovadas pelo Espírito, todos os dias, ou seja, não recebemos uma provisão de poder para ser estocada. A graça é concedida pelo Espírito à medida que se faz necessária e no tempo apropriado da sua necessidade.
É aplicado em nossa vida espiritual, quanto à concessão da graça, o mesmo princípio que regula a providência divina em nossas necessidades naturais.
Como ramos da Videira Verdadeira necessitamos receber a seiva (graça) vivificadora diretamente da raiz, que é Cristo. Assim, recebemos a graça, e não somos nós, de maneira alguma, quem a produz e distribui.
Daí dizer o apóstolo:
“E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus,” (2 Cor 3.4,5).
De si mesmo, o crente nada pode realizar porque toda santidade ou qualquer coisa espiritualmente boa é sempre efeito da graça e é operado em nós pelo Espírito Santo que é o autor de todas as operações divinas.









16 - A Graça Está Sujeita a Decadências

“Apo 2:25 - tão-somente conservai o que tendes, até que eu venha.”

“Apo 3:11 - Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.”

“Gál 5:4 - De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes.”

Estas passagens bíblicas, entre outras de igual teor, apontam para o fato de que a graça está sujeita a decadências.
Se não nos exercitarmos espiritualmente todos os dias, e se nos tornamos negligentes no uso dos meios destinados a fortalecer a graça (oração, vigilância, meditação e prática da Palavra, comunhão dos santos etc), podemos ter como certo de que seremos achados enfraquecidos na fé, sofremos perdas em nossa santificação e comunhão com Deus.
Daí a advertência apostólica:

 “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” (I Cor 10.12)

Ele diz: o “que pensa”, porque é possível pensarmos que estamos fortificados na graça do Senhor, quando na verdade podemos estar enfraquecidos.
Todavia, caso estejamos fortificados nesta graça em que estamos firmes por causa da obra de Jesus em nosso favor, é importante prestarmos a devida consideração à referida advertência, porque é possível a qualquer santo que venha a ficar enfraquecido na graça, por falta de diligência espiritual, e cair da comunhão com o Senhor, ainda que não para uma queda final, que signifique a perda da sua salvação.
A coroa que podemos perder citada por nosso Senhor em Apo 3.11 refere-se ao galardão futuro, e para que tal não suceda devemos guardá-la por não permitir que o fascínio do mundo, as tentações de Satanás, um viver segundo a carne, a furtem de nós.

Decadências na graça são comuns na vida da maioria dos crentes, em uns são mais graves e constantes do que em outros, todavia, importa que sempre nos levantemos no caminho estreito em que nos encontramos pela fé, toda vez que nele cairmos, de modo que retomemos a nossa caminhada e nos fortifiquemos na graça que está em Jesus Cristo, de modo a permanecermos e perseverarmos na nossa jornada neste caminho estreito que nos conduz a uma mais íntima comunhão e conhecimento do Senhor, e por fim ao céu.








17 - A Graça Nunca Desconsidera o Viver Pecaminoso

A profecia de Isaías é considerada evangélica porque fala do Messias se manifestaria ao mundo para salvar os pecadores.
O evangelho é portanto uma boa nova relativa à salvação, mas não encobre o pecado do homem, e não deixa de apontar para o juízo eterno de Deus sobre o pecado, e a necessidade de fé e arrependimento para o perdão dos pecados e a consequente reconciliação com Deus.
Não é sem razão que o livro de Isaías seja muito citado no Novo Testamento, porque, como dissemos, o seu caráter é totalmente evangélico, porque foi para esta missão de falar do evangelho que Isaías foi chamado por Deus.
Então o enfoque na profecia de Isaías está na obra operada pela graça e pelo poder de Deus, e não pelo mero esforço pessoal do homem.
A graça evangélica que seria manifestada está sempre associada à fé e ao arrependimento, e a um caminhar condigno com a santidade de Deus.
Os fariseus não podiam entender esta mensagem, porque estavam endurecidos, mas os apóstolos a entenderam perfeitamente porque a viram encarnada na pessoa de Cristo.      
Então é por isso que não vemos nenhuma das epistolas escritas pelos apóstolos desobrigando os crentes de um viver santo e piedoso, sob a alegação de não estarem mais debaixo da Lei e sim da graça do evangelho; porque sabiam que a graça é do remanescente fiel, é dos eleitos, é daqueles que amam a vontade de Deus, é daqueles que detestam o pecado e que amam a santidade.
Foi pra salvar estes que viriam a se arrepender o pecado que Cristo se manifestou. Ele morreu por todos os pecadores, mas apenas aqueles que creem e se arrependem podem ser beneficiados pela Sua morte e desfrutar das bênçãos prometidas por Deus para o Seu povo.
No capítulo 29 de Isaías, Jerusalém é chamada pelo codinome de Ariel. E o capítulo é introduzido pela expressão interjetiva “Ah!” como um suspiro, porque é relativa à cidade onde Davi acampou, isto é, onde ele estabeleceu a sua casa, porque Jerusalém era chamada de a cidade de Davi.
Mas eles não andaram nos caminhos de Davi. Não imitaram a sua devoção e piedade.
Então é proferido o que o Senhor lhe faria:

“Então porei Ariel em aperto, e haverá pranto e lamentação; e ela será para mim como Ariel.” (v. 2).

São proferidas as assolações que lhes sobreviriam da parte de Babilônia, que a sitiaria e a abateria (v.3,4), e eles se sentiriam como mortos que descem ao pó.
Muitos inimigos prevaleceriam contra Judá, porque os babilônios viriam coligados a outros povos contra Judá, como por exemplo os moabitas e amonitas (v. 5).
E como todos os juízos do Senhor, isto viria repentinamente, como o ladrão, tal como nos dias de Noé, em Sodoma e Gomorra, e como também será no tempo do fim, conforme Jesus afirmou.
Deus está esperando bons frutos de árvores más.
Antes, é dito na profecia que estas árvores más serão cortadas.
Deus deixa entregues a si mesmos aqueles que amam as trevas e não a luz. Aqueles que amam a mentira e não dão ouvidos à verdade. Ele deixa os que resistem continuamente à Sua vontade, entregues ao próprio endurecimento deles. Ele não lhes concede graça para que achem arrependimento. E nem toca a trombeta de alerta para eles para que despertem do sono de morte em que se encontram, como vemos afirmado nos versos 10 a 12 de Isaías 29:

“10 Porque o Senhor derramou sobre vós um espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, os profetas; e vendou as vossas cabeças, os videntes.
11 Pelo que toda visão vos é como as palavras dum livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não posso, porque está selado.
12 Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não sei ler.”

Eles eram religiosos só de aparência. Eram falsos piedosos em suas obras externas, mas não tinham o poder da piedade operando pela graça em seus corações. Então a devoção deles não era em espírito e em verdade, mas uma adoração falsa. Como se costuma dizer: da boca para fora, mas não de fato e de verdade. Então se afirma o que lemos no verso 13:

“Por isso o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas tem afastado para longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens, aprendidos de cor;”.

Com isso o Senhor prometeu que faria, portanto, uma obra maravilhosa com aquele povo hipócrita, com aqueles judeus que eram apenas no nome, mas não no coração, que consistiria em maravilhas e sinais externos, mas em fazer com que a sabedoria dos seus sábios perecesse diante da glória sobre-excelente do evangelho.
O entendimento dos entendidos a seus próprios olhos nos assuntos da religião ficaria obscurecido pela grande luz do evangelho, porque pelo Espírito Santo derramado no coração dos crentes, eles discerniriam que a doutrina dos líderes de Israel não passava de fumaça e de mandamentos de homens (v. 14).
Deus é onisciente e tudo sabe e conhece, inclusive as intenções dos corações. Mas os que não têm o Seu temor não conseguem ver esta verdade, e vivem enganando e sendo enganados, pensando que o Senhor não leva tal procedimento em consideração (v. 15). Não sabem que há um “Ai!” proferido contra eles, porque serão afligidos no dia do juízo.  
Eles não conseguem enxergar que Deus é o oleiro e não o barro. Ao contrário, agem como se fossem oleiros, pensando que podem manipular o Senhor em suas obras e ações, e por isso rejeitam o Seu governo e disciplina em suas vidas (v. 16).
Assim, enquanto os sábios e entendidos, que pensavam enxergar e conhecer completamente a Deus e a Sua vontade, permaneceriam cegos e endurecidos pelo Senhor, Ele daria vista espiritual aos que se reconheciam cegos, isto é, ignorantes da Sua pessoa e vontade, e daria que aqueles que nunca ouviram ou não podiam entender a Sua Palavra, pudessem ouvi-la e compreendê-la (v. 17, 18).
Deus não se revelaria portanto aos sábios e entendidos a seus próprios olhos, mas aos pequeninos, a saber, aos mansos (submissos), aos pobres de espírito, e por isso se afirma que são estes os que são bem-aventurados porque são aqueles a quem Deus se dará a conhecer, como também a Sua vontade.
Deste modo, estes pequeninos que se converteriam ao evangelho não se alegrariam e não gloriariam em si mesmos e no seu conhecimento, mas unicamente no Senhor (v. 19).
Enquanto isto, os opressores, os arrogantes, seriam reduzidos a nada, e todos os escarnecedores da verdade e todos os que se dão à iniquidade, seriam desarraigados, porque não serão eles que herdarão a terra, senão somente aqueles que se deixam instruir por Deus, porque são mansos e pobres de espírito (v. 20).
Estes que são desarraigados têm alguns dos seus pecados descritos no verso 21:

“os que fazem por culpado o homem numa causa, os que armam laços ao que repreende na porta, e os que por um nada desviam o justo.”

Os versos 22 a 24 descrevem de modo muito claro a grande verdade evangélica que somente quem é espiritual pode discernir as coisas espirituais, e tudo discernir sem ser por ninguém discernido.
Então Deus fala pelo profeta nestes versículos que esta mensagem ficará selada para o entendimento dos israelitas, e assim eles não poderiam ficar envergonhados da glória vazia da devoção deles, pensando que fosse algo muito elevado, quando na verdade era uma adoração de lábios de corações afastados do Senhor. Mas isto, como se diz no verso 23 só poderia ser discernido quando o Senhor fizesse a obra das Suas mãos no meio de Israel através de Jesus Cristo, então santificariam o Santo de Jacó e temeriam ao Deus de Israel, porque veriam que o Seu reino não consiste em palavras, mas em demonstração do Espírito Santo e de poder, o que seria manifestado pelo evangelho.
E tão abundante seria o derramar da graça, que os errados de espírito viriam a ter entendimento, e os murmuradores deixariam a murmuração para aprenderem a instrução do Senhor (v. 24).








18 - Deixar que a Graça nos Conduza

“Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito,” (Hebreus 6.1)

Este “deixemo-nos levar para o que é perfeito” se refere à vocação de Deus para todos os cristãos de crescerem na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, até a estatura de varão perfeito.
Não que eles chegarão ao estado de perfeição moral absoluta sem qualquer pecado enquanto estiverem neste mundo, mas que devem chegar à perfeição espiritual, à plenitude do desenvolvimento das suas faculdades, para poderem discernir tanto o bem quanto o mal, o que é possível somente para aqueles que chegarem à plenitude do seu amadurecimento espiritual, de maneira a estarem aptos a darem um correto e adequado testemunho da verdade, no poder do Espírito (Pv 4.18; I Cor 2.6; II Cor 13.11; Ef 4.13; Fp 3.15; Col 1.28; 2.6; 4.12; II Tim 3.16,17; Hb 5.12-14; Tg 1.4).
Esta perfeição é atingida se aperfeiçoando a santidade no crescimento da graça e do conhecimento de Jesus Cristo (II Cor 7.1; Ef 4.12; Hb 13.21; I Pe 5.10).
Do mesmo modo que há uma perfeição a ser esperada no porvir que é total e absoluta, sem qualquer pecado, há também uma perfeição que é para ser buscada e atingida enquanto ainda estamos neste mundo e que se refere ao nosso amadurecimento espiritual pelo crescimento progressivo em santificação até atingir tal medida de perfeição que foi proposta por Deus aos cristãos, e conforme foi exigida ao próprio Abraão: “Anda na minha presença e sê perfeito.” (Gên 17.1).
O cristão deve ser confirmado por Deus, depois de ter sido aperfeiçoado na fé, no amor e na esperança, pela renovação de sua mente e caráter, através do processo da santificação. Somente assim, poderá se achar fortificado e fundamentado (I Pe 5.10).
Assim, o “deixemo-nos levar” do texto significa permitir e cooperar voluntariamente com trabalho da graça na nossa vida, especialmente pela paciência nas tribulações e aflições.
Sabendo que tudo coopera juntamente para o seu bem o cristão perseverante na fé e na santificação há de experimentar graus cada vez maiores desta perfeição relativa ao seu amadurecimento espiritual, conforme lhes serão concedidos por Deus.









19 - A Graça se Manifesta na Nossa Fraqueza

“12 Irmãos, rogo-vos que sejais como eu, porque também eu sou como vós; nenhum mal me fizestes.
13 E vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da carne;
14 E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne, antes me recebestes como um anjo de Deus, como Jesus Cristo mesmo.
15 Qual é, logo, a vossa bem-aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora, arrancaríeis os vossos olhos, e mos daríeis.
16 Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?” (Gál 4.12-16).

Paulo roga humildemente aos crentes da Galácia como um pai que insta com seu filho perdido a voltar ao mesmo bom caminho em que andava antes da sua perdição.  
Ele havia desabafado no verso 11 dizendo que estava perplexo com o que eles haviam feito, e receava então que estivesse trabalhando em vão em relação a eles.
Mas como que lembrando imediatamente da condição deles de terem sido feitos filhos de Deus, tal como ele havia sido feito também, ele desce ao nível deles, não no que se refere ao pecado, mas da miséria deles, e por um momento também se sente miserável com eles, ante a impotência de poder fazer por si mesmo algo em relação a eles, de modo que todo o seu trabalho e cuidado não se tornasse infrutífero.
E assim lhes fez recordar quão grande era o afeto que eles tinham por ele quando lhes pregou o evangelho pela primeira vez, e como lhe haviam tratado tão bem, mesmo diante da sua fraqueza na ocasião, provavelmente em razão de alguma possível enfermidade, pois lhes disse que estavam dispostos até mesmo, se possível fora, a arrancarem os seus próprios olhos para lhos darem.
Ou isto foi o resultado de ferimentos produzidos pelo apedrejamento que ele havia sofrido dos judaizantes naquela região. O livro de Atos conta detalhes do que ocorreu ao apóstolo quando pregava o evangelho nas cidades da Galácia (Perge, Derbe, Listra, Antioquia da Psídia e Icônio).
Aquela fraqueza quanto à sua incapacidade e impotência pessoais, serviram aos propósitos de Deus, porque o poder de Cristo, e a Sua graça, se aperfeiçoam na nossa fraqueza. De modo que quando somos fracos então é que somos fortes, porque trocamos a nossa incapacidade pelo poder do Espírito Santo, que nos assiste nas nossas fraquezas.
Deste modo, Paulo introduz esta seção da epístola chamando a todos os crentes gálatas de irmãos.
Ele quer demonstrar que apesar de apóstolo de Cristo ele não se envergonha de chamá-los de irmãos, desde o maior até o menor deles, assim como o nosso Salvador também não se envergonha de nos chamar de irmãos, apesar de ser o nosso Senhor.  
No amor cristão as diferenças se dissolvem.
Assim como Cristo se rebaixou deixando a glória dos céus, por amor, também devemos nos humilhar para que possamos ser úteis àqueles que se encontram em necessidade espiritual, que é comum a todos nós.
Não devemos lhes falar do alto da nossa autoridade e importância (que na verdade nem é nossa, caso a tenhamos, mas de Cristo), porque esmagaríamos a cana quebrada e apagaríamos o pavio fumegante, e certamente não é este o ministério do Senhor Jesus neste mundo, porque tem se compadecido das nossas misérias espirituais.
E quando o próprio Paulo havia pregado o evangelho em fraqueza, os gálatas superaram por causa do seu amor a ele, a tentação que foi para eles vê-lo naquela fraqueza.
Eles não o desconsideraram e nem o desprezaram como possivelmente estavam fazendo agora, por causa dos argumentos dos judaizantes, porque procuravam por todos os meios desqualificar e rebaixar o apóstolo diante dos seus olhos, afirmando que se fosse verdadeiro ministro de Cristo não estaria sujeito a tantas tribulações, fraquezas e perseguições.
Os falsos apóstolos se gloriavam das suas honrarias, das suas posses e conquistas terrenas, alegando que eram bênçãos de Deus por observarem a Lei de Moisés.
E agora os gálatas não haviam conseguido vencer a tentação de considerar Paulo alguém que não era bem sucedido segundo os padrões do mundo.
Ele rogou que eles voltassem a ser como foram no princípio. Que não julgassem segundo a aparência, e que não interpretassem as tribulações como prova de um possível desfavor de Deus.
A grande preocupação do apóstolo não era com a questão de receber a honra que lhe era devida, mas com a própria condição espiritual dos crentes gálatas que estavam se desviando da simplicidade que é devida a Cristo, e sem a qual não é possível termos comunhão uns com os outros.
Paulo fecha esta seção da epístola afirmando que o que estava dizendo quanto à reprovação do que eles estavam fazendo agora, que ela não era movida por nenhum ressentimento pessoal, ou por inimizade, ao contrário, eram palavras de um autêntico amigo, porque eram a pura expressão da verdade. O amor folga com a verdade.
O amor não recorre à mentira. Que então os gálatas aprendessem a julgar segundo a reta justiça conforme convém a todo filho de Deus.
Um verdadeiro amigo prevenirá o seu irmão que estiver errando, e se o irmão errado tiver algum senso ele agradecerá ao seu amigo.
O apóstolo queria que os gálatas soubessem por que ele lhes tinha falado a verdade, para o próprio bem deles, e que não pensassem que ele os repugnava. Ele lhes falou a verdade porque os amava.







20 - “Porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (2 Cor 12:9)

      Por Charles HaddonSpurgeon

Servir a Deus com um razoável nível de sucesso e realizar bem a Sua obra  exige que tenhamos como pré-requisito básico a constatação de nossa própria fraqueza. Quando um guerreiro do Senhor marcha para a batalha contando com sua própria força, quando ele se vangloria dizendo “Eu sei que vencerei, meu próprio braço direito e minha espada conquistadora me levarão à vitória,” podemos contar que a derrota não está distante. Deus não acompanhará aquele homem que marcha confiante em sua própria força. Aquele que acreditou na vitória creu na coisa errada, pois “Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.”

Aqueles que vão adiante na batalha, vangloriando-se de suas proezas, retornarão com suas bandeiras coloridas arrastando na poeira e seu exército manchado pela desgraça. Aqueles que servem à Deus devem segui-lo à Sua própria maneira e devem apoiar-se totalmente em Sua força, ou Ele nunca aceitará o serviço. Deus não pode ser o Senhor do homem que age sem o auxílio da força divina.

Os meros frutos da terra serão lançados fora; ele apenas colherá aquele milho cuja semente foi semeada do céu, regada pela graça e amadurecida pelo sol do amor divino. Deus os esvaziará completamente antes de derramar-Se sobre vocês; Ele primeiro limpará seus celeiros antes de preenchê-los com o Seu melhor trigo. O rio de Deus é cheio de água, mas nenhuma gota desse rio verte de nascentes terrenas.

Deus não utiliza nenhuma força em Suas batalhas senão aquelas que partem Dele próprio.
Vocês estão enlutados por sua fraqueza?
Tenham coragem, pois é necessário que tenham consciência da própria fraqueza antes que o Senhor lhes dê a vitória. O vazio que sentem neste momento não é outra coisa que a preparação para que vocês sejam preenchidos, e sua humilhação não é senão a preparação para a sua elevação.

“Quando estou fraco é que sou forte,
A Graça é o meu escudo e Cristo é minha canção.”

Traduzido por Maria Cristina Urdiales Moreira






21 - A Graça Está Destinada a Vencer

Satanás arremete contra nós, procurando nos destruir, quando estamos enfraquecidos e doloridos.
Tal como Simeão e Levi deram sobre os siquemitas, quando estavam abatidos em dores, pela circuncisão (Gên 34.25).
Todavia, Cristo nos fortalece na nossa fraqueza, e habita com o quebrantado de coração (Is 61.1).
Não desprezemos portanto, o trabalho de humilhação de nossas almas, pelo qual o Senhor administra a nós a Sua graça em maior medida.
Sempre é deixado algo para que os cristãos lutem, de modo que entendamos que necessitamos de Cristo, para que possamos exalar o Seu bom perfume.
Mas ainda que possa parecer um paradoxo, são estes corações quebrados como canas, e estes pavios fumegantes que fazem as orações mais preciosas diante de Deus, por causa da dependência dos gemidos inexprimíveis do Espírito, através deles.
Quão preciosas são para o Senhor as orações que fazemos com um coração quebrantado!
Assim, ao falarmos de pavio fumegante devemos ter em conta que isto tem o propósito de nos lembrar que a menor fagulha da graça é preciosa.
Há uma bênção especial nesta pequena faísca.
Jesus não veio salvar justos e sãos, mas pecadores e enfermos.
Deus se agrada de que nos alegremos com os humildes começos.
Ele se agrada em usar grãos de mostarda e formar grandes arbustos a partir destas pequenas sementes.
Ele preferiu a pequena cidade de Belém Efrata, e não Jerusalém, para nos trazer o Salvador.
Ele não começou a Igreja com pessoas notáveis, poderosas, nobres, importantes e nem mesmo com um grande número de seguidores.
O Seu método é primeiro provar fidelidade no pouco, para depois conduzir ao muito.
O Seu ministério é restaurador e nos deu um exemplo disto na reconstrução dos muros e portas de Jerusalém com Neemias.
E muito mais do que muros e portas, Ele está interessado em restaurar vidas. E fará isto principalmente com paciência e amor.
Os pastores devem então, ser pessoas simples e humildes, seguindo o exemplo do Senhor deles, e exporem a verdade de maneira clara, e nunca de forma obscura.
A verdade não teme algo tanto quanto o encobrimento, e não deseja algo tanto que seja exposta clara e abertamente à visão de todos.
Daí Jesus ter dito que tudo o que ensinou reservadamente aos discípulos deveria ser proclamado de cima dos telhados.
 Paulo era profundo, no entanto se tornou como ama acariciando seus filhos (I Tes 2.7), e se fez fraco com os fracos (I Cor 9.22).
Cristo desceu do céu e se esvaziou de Sua majestade, para se oferecer a nós, como oferta suave de amor. E não desceremos de nossas elevadas vaidades para fazermos o bem a qualquer alma necessitada de salvação?
Devemos portanto, nos guardar daquele espírito que em vez de exibir paciência, longanimidade, mansidão e misericórdia aos homens, demonstra fúria, exaltação e ira obstinada, ainda que em nome de fazer prevalecer a verdade.
Devemos lembrar que não podemos fazer prevalecer a verdade agindo contra a verdade.
E devemos nos lembrar sempre que o fruto  da justiça é semeado em meio à paz, sobretudo, a paz interior dos  nossos  corações, enquanto ministramos.
 No exercício da disciplina na Igreja devemos nos acautelar para não tentar matar uma mosca na testa de alguém com um martelo. O poder que é dado à Igreja é para edificação e não para destruição.
 O amor cobre uma multidão de transgressões. Não foi exatamente isto que Deus fez conosco ao perdoar todos os nossos pecados, quando nos salvou em Cristo?
O Espírito Santo está contente em habitar em almas fumegantes e ofensivas. Que nós pudéssemos reter algo desta mesma disposição misericordiosa!
A graça não reside em almas perfeitas neste mundo. Lembremos sempre disto.
Como nenhum cristão se encontra em estado de perfeição absoluta deste outro lado do céu, então nós temos que nos exercitar sempre em espírito de misericórdia, de perdão e mansidão.
Por isso, nunca devemos nos julgar, de acordo com os nossos sentimentos presentes, porque nas tentações nós veremos muita fumaça desprendendo de pensamentos incorretos.
Nós devemos nos precaver do falso raciocínio, porque nosso fogo não é como o dos demais, ou então por parecer que não há qualquer fogo em nós.
As portas de Jerusalém estavam queimadas, mas Deus providenciou para que fossem restauradas através de Neemias, de forma que erraram todos aqueles que pensavam que Jerusalém permaneceria sem portas para sempre.
 Devemos lembrar que estamos na Aliança da Graça, em que nem toda medida é como fogo pleno, pois há muita faísca, que deve ser também vista como chama.
Todos os cristãos têm a mesma fé preciosa (II Pe 1.1) por meio da qual obtiveram a perfeita justiça de Cristo.
Uma mão fraca pode pegar uma jóia preciosa.
Algumas uvas mostrarão que a planta é uma videira e não um espinheiro.
Uma coisa é ser deficiente na graça e outra coisa não ter qualquer graça.
Deus sabe que nós não temos nada de nós mesmos, então na aliança da graça Ele não requer nada além do que Ele dá, e que sempre nos dá o que Ele requer.
Se não pudermos trazer um cordeiro, então permitirá que tragamos duas pombas e uma rola (Lev 12.8).
O evangelho é uma moderação misericordiosa, em que a obediência de Cristo é estimada como sendo a nossa (Rom 5.19).












71) GRATIDÃO


ÍNDICE

1 - “Nem te esqueças de nenhum só de todos os seus benefícios." (Salmo 103.2)
2 - Gratidão e Ação de Graças
3 - Gratidão a Deus

1 - “Nem te esqueças de nenhum só de todos os seus benefícios." (Salmo 103.2)

É uma ocupação agradável e útil  observar a mão de Deus na vida dos santos antigos, e observar a sua bondade em livrá-los, a sua misericórdia em perdoar-lhes, e a sua fidelidade em manter a aliança com eles. Mas não seria ainda mais interessante e útil para nós observarmos a mão de Deus em nossas vidas? Não devemos olhar para a nossa própria história como sendo, pelo menos, tão cheia de Deus, tão cheia de sua bondade e de sua verdade, como uma prova maior de sua fidelidade e veracidade, do que a vida de qualquer um dos santos que viveram antes de nós?
Nós fazemos a nosso Senhor uma injustiça quando supomos que ele operou todos os seus atos poderosos, e se mostrou forte para com aqueles dos tempos antigos, mas que não faz mais milagres com os santos que vivem agora sobre a Terra. Vamos rever nossas próprias vidas. Certamente, nelas poderemos descobrir alguns fatos felizes, como sendo um refrigério para nós mesmos e um motivo para glorificarmos ao nosso Deus.
Você nunca teve livramentos? Você nunca atravessou algum rio, apoiado pela presença divina? Você nunca atravessou algum fogo ileso? Você não teve manifestações da Sua presença? Você nunca teve favores? O Deus que deu a Salomão o desejo do seu coração, nunca tem escutado e respondido seus pedidos? Este Deus de bondade pródiga de quem Davi cantou: "Quem satisfaz a tua boca com coisas boas", nunca tem saciado você com Suas provisões? Você nunca foi conduzidos para se deitar em verdes pastos? Você nunca foi levado para junto das águas tranquilas? Certamente que a bondade de Deus tem sido a mesma para conosco como para os santos do passado. Vamos, então, louvar suas misericórdias numa canção. Tomemos o ouro puro da gratidão, e as joias do louvor e os transformemos em outra coroa para a cabeça de Jesus. Que nossas almas entoem músicas tão doces e tão afetuosas como as que saíam da harpa de Davi, enquanto louvamos ao Senhor, cuja misericórdia dura para sempre.

Texto de Charles Haddon Spurgeon, em domínio público, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.






2 - Gratidão e Ação de Graças

Ser grato a Deus é o dever de todo homem, em razão dos grandes benefícios que a todos concede, e dentre estes o maior de todos, que é o dom da vida.
Os crentes têm o dever de serem gratos pelo dom da vida natural recebido do Criador, como também pelo dom da nova vida espiritual, celestial e divina, recebido por meio da fé em Jesus Cristo.
Na verdade, o próprio Deus se dá a nós, fazendo habitar em nós o Espírito Santo. A estes são concedidas graças sobre graças, com toda a sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo Jesus.
Ainda que estas bênçãos devam ser recebidas aqui, em conformidade com a nossa obediência ao Senhor, todavia sempre estão disponíveis para serem buscadas pela fé. Quanto mais conscientes destes benefícios, maior deve ser a nossa gratidão, a qual deve ser expressa não somente em louvor, mas, sobretudo em amor, obediência e serviço.
Nada temos de nós mesmos para retribuir a Deus os favores que temos recebido; então nada nos resta como reconhecimento e retribuição, senão apenas o dever de sermos gratos.
Um espírito grato a Deus é um espírito verdadeiro, porque testifica do amor, do cuidado, da bondade, da misericórdia e todos os atributos de Deus voltados para o nosso bem.
As ações de graças se multiplicam e enchem toda a Terra, sobretudo na Igreja de Cristo, de modo que o nome de Deus é muito glorificado com isto, testificando tanto a anjos quanto a homens que Ele é de fato, amoroso e benigno, porque é evidente que ninguém pode ser grato a quem lhe faz mal.
Se temos recebido amor devemos expressar nossa gratidão também em amor; pois esta é a evidência, a marca da verdadeira gratidão. O reconhecimento do bem recebido, ainda que sob a forma de repreensão e disciplina (Apo 3.19), leva-nos a responder também com a prática do bem.
De modo que não há qualquer gratidão verdadeira quando o fazemos por motivo interesseiro, ou pelo desejo de fazer mal ao próximo. Entre malfeitores não há comunhão amorosa, senão conluio maligno.
Tão grande é a certeza daquele que confia em Cristo, que receberá respostas às suas petições, mesmo nos momentos mais angustiantes, que pode dar graças no Espírito enquanto ora fazendo suas petições a Deus (Fp 4.6).
Como todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, devemos então, ser gratos a Deus por tudo, ou seja, em toda e qualquer circunstância devemos manter nossa gratidão ao Senhor, por saber que em tudo Ele sempre estará operando o que for bom para nós, especialmente para o nosso amadurecimento espiritual na fé.

Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras
1 – eucharistos (grego) – grato, agradecido;
2 – eucaristia (grego) – gratidão, ação de graças;
3 – eucharisteo – dar graças;
4 – todah (hebraico) – ação de graças, louvor; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.recantodasletras.com.br/mensagensreligiosas/5393100

Você pode ler toda a Bíblia (Velho e Novo Testamento) com a interpretação de capítulo por capítulo acessando o seguinte link:

http://interpretabiblia.blogspot.com.br/

E sermões, mensagens e estudos bíblicos, relacionados por ordem de assuntos em:

http://evangmenseserm.blogspot.com.br/







3 - Gratidão a Deus

As palavras do 22º capítulo de 2 Samuel encerram as palavras do Salmo 18, com algumas variações. A introdução do capítulo (v. 1) é a mesma do titulo do referido Salmo.
São palavras de gratidão e louvor a Deus pelos livramentos recebidos por Davi, tanto de Saul quanto de todos os seus inimigos.
Este cântico de louvor e gratidão, que foi composto por Davi, fecha de modo maravilhoso toda a história que é relatada acerca da sua vida pessoal e ministerial nos dois livros de Samuel.
Toda a honra e glória dos seus bons serviços prestados a Israel são tributados por ele ao Senhor, porque fora Ele quem realmente tudo operara, nos livramentos que lhe dera, por amor do Seu povo.
O Senhor foi tanto a fortaleza em que Davi se refugiava e se encontrava seguro, como a força dele para vencer as batalhas que tinha que empreender, tanto para vencer seus inimigos, quanto para suportar as aflições, que lhe sobrevieram ao longo de toda a sua vida (v. 2 a 19, 32 a 43, 51).
E ele se esforçou sobremaneira para obedecer ao Senhor e fazer o que era justo diante dos Seus olhos e aprovado por Ele, e foi este o motivo de ter sido abençoado de tal maneira pelo Senhor, porque apesar de ter sido objeto da eleição e graça de Deus, que o ungiu para ser rei, ele poderia ter frustrado o plano de Deus para a sua vida, por um andar desobediente (v. 20 a 31).
Como prova do Seu agrado em relação à fidelidade de Davi, Deus fez com que ele subjugasse nações e governasse povos estrangeiros, e o livrou das contendas internas do próprio Israel (v. 44 a 49).
E nós aprendemos das palavras de Davi que os livramentos que Deus lhe deu foram respostas às suas orações. Ele clamava ao Senhor em suas angústias para receber socorro e alívio (v. 7).



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