sexta-feira, 23 de outubro de 2015

1) Abnegação 2) Aborto 3) Aceitação e Filiação

1) ABNEGAÇÃO

ÍNDICE

1 - Aquele que Não Renunciar a Tudo o Que Tem Não Pode Ser Meu Discípulo
2 - Se Não Perder Não Ganhará
3 - Até que ponto Deus quer que eu cuide do meu corpo físico?
4 - “Tome a sua cruz, e siga-me." (Marcos 10.21)
5 - Cristo e o Ego
6 - O SENHOR Quer nos Matar em Cristo?
7 - Trazendo no Corpo a Mortificação de Jesus
8 - Esvaziar-nos de nós Mesmos Para Sermos Úteis
9 - A Negação do Eu
10 - Porque a Vida Eterna Demanda a Morte do Nosso Ego


1 - Aquele que Não Renunciar a Tudo o Que Tem Não Pode Ser Meu Discípulo

Nosso Senhor Jesus Cristo foi quem proferiu as palavras do nosso título.
Há muitos ensinamentos para nós quanto a isto, na chamada de Eliseu.
Gostaríamos de enfocar o que lemos no texto de I Reis 19.19-21:
“19 Partiu, pois, Elias dali e achou Eliseu, filho de Safate, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante dele, estando ele com a duodécima; chegando-se Elias a Eliseu, lançou a sua capa sobre ele.
20 Então, deixando este os bois, correu após Elias, e disse: Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe, e então te seguirei. Respondeu-lhe Elias: Vai, volta; pois, que te fiz eu?
21 Voltou, pois, de o seguir, tomou a junta de bois, e os matou, e com os aparelhos dos bois cozeu a carne, e a deu ao povo, e comeram. Então se levantou e seguiu a Elias, e o servia.” .
 Deus mesmo chamou Eliseu para ser profeta no lugar de Elias, conforme se vê no verso 16, quando lhe ordenou que ungisse a Jeú, rei de Israel, a Hazael, rei da Síria, e a Eliseu por profeta.
Não foi numa escola de profetas, nem num templo, que Eliseu foi chamado, mas no seu local de trabalho, quando arava o campo com doze juntas de bois, sendo que ele próprio arava com uma destas juntas.
E não tem sido assim o método comum com o qual muitos têm sido chamados pelo Senhor, para deixarem suas atividades seculares, para viverem do evangelho?
Eliseu não deixou pouco para se consagrar à sua chamada, pois se diz que arava com doze juntas de bois.
Ele ofereceu tudo o que tinha como um holocausto, nas mãos do Senhor, como símbolo da sua renúncia ao seu antigo modo de vida, quando matou os seus bois e fez uma fogueira para assar a carne com os instrumentos com os quais arava a terra.
Ele não seria mais agricultor dali por diante, porque se desfez dos meios que eram necessários para a realização do seu antigo sustento de vida.
Um dos motivos de Deus ter chamado Eliseu para ser sucessor de Elias, foi o fato de apesar dele ser um homem importante, que tinha servos, era simples e trabalhador, porque se diz que ele também estava trabalhando no arado, quando podia deixar todo o serviço pesado a cargo dos seus empregados.
Pessoas que buscam uma vida de mordomia neste mundo não serão chamadas por Deus para a Sua obra.
O pedido de Eliseu para se despedir de seus pais, não foi uma desculpa para demorar a atender à chamada do Senhor, como a citada em Lucas 9.61. Ele somente o fizera por uma questão de respeito e dever para com os seus pais.  
Elias não constrangeu Eliseu a segui-lo, mas lembrou-lhe somente que havia lançado o seu manto sobre ele, como uma indicação de que estava sendo chamado por Deus para ser preparado por ele, Elias, para o ministério, e isto estava representado no fato de que estaria debaixo das vestes de Elias, isto é, de sua proteção e cuidado.
Eliseu se colocou humildemente na posição de servo de Elias, e era o servo que lavava as mãos do profeta como se vê em II Reis 3.11.
Há renúncias impostas para o exercício do ministério
Muitos que são chamados pelo Senhor, especialmente para a obra de missões, vivendo pela fé, custam a entender em princípio, qual é o caráter da chamada deles.
Até o próprio Eliseu, aquele gigante espiritual, demonstrou estar ainda ligado a laços familiares de sangue, quando o Senhor o chamou para o ministério profético através de Elias (I Rs 19.19-21).
Muitos ficaram perplexos por grande tempo até entenderem que as perdas que sofreram em suas vidas, foram decorrentes desta chamada do Senhor para o exercício do ministério.
O Senhor impõe renúncias àqueles aos quais chama, tal como fizera com todos os apóstolos, que tudo tiveram que deixar para poder segui-lO.
A quantas coisas e pessoas estamos apegados, ainda que não estejamos devidamente conscientizados de tal realidade.
E dificilmente entendemos que muitas perdas que sofremos, e guinadas violentas que são produzidas por Deus em nossas vidas, têm o propósito de nos tornar desimpedidos para a realização da Sua obra.
Se não houver esta renúncia aprendida e recebida de modo voluntário, pela consagração de tudo o que somos e do que temos ao Senhor, não será possível trabalhar para Deus, porque o nosso coração estará apegado àquelas coisas e pessoas das quais, o Senhor sabe que devemos nos desprender primeiro (não deixar de lhes assistir, nem abandoná-las, mas não ser presa de laços sentimentais e emocionais, ou de dependência financeira, psicológica ou de qualquer outra ordem), para que possamos então fazer a Sua vontade, sem que sejam tais coisas e pessoas a principal ocupação de nossos pensamentos, afeições e desejos.
Quando Deus chamou Eliseu através do profeta Elias, este lançou a sua capa sobre Eliseu, indicando que a autoridade espiritual que estava sobre Elias, seria transferida por Deus, no tempo oportuno, para Eliseu.
Mas desde já, ele teria que abandonar tudo para poder seguir Elias, para ser preparado para ser o seu sucessor.
Quando Jesus lança sobre nós a sua capa concedendo-nos dons, capacitações, e Sua autoridade, é para a realização da Sua obra, e não da nossa. Para fazermos a Sua vontade e não a nossa.
Adeus amigos! Adeus prazeres carnais e mundanos! Adeus parentes! Adeus interesses particulares! Adeus sonhos seculares! É a atitude que devemos ter em nosso coração, tão logo identifiquemos que fomos chamados para a realização de uma obra específica para Deus.
Aqueles que não se auto negarem não poderão tomar diariamente a sua cruz.
E sem tomar a cruz é absolutamente impossível seguir a Jesus.
Porque a cruz nos imporá renúncias, empenhos, deslocamentos, que a nossa carne não sente nenhum prazer neles.
A cruz será um objeto de ofensa para aqueles que não se auto-negarem primeiro.
Eles se escandalizarão com os sofrimentos e aflições que a cruz lhes trará quando estiverem empenhados na realização da obra do Senhor.
Por isso, os apóstolos nos advertem quanto à necessidade de estarmos armados com o pensamento de que importa suportar todo tipo de tribulação e oposição, que nos possam sobrevir por causa da nossa consagração ao serviço de Deus.
Assim, aqueles que têm sido chamados por Deus, em vez de ficarem perplexos e gemendo por causa das coisas que estão sofrendo, devem aprender, tal como Paulo, a se gloriarem nas tribulações que estiverem sofrendo, e nas renúncias que o próprio Deus lhes está impondo, porque estas aflições são a prova mesma de que estão empenhados numa obra que procede verdadeiramente de Deus, e isto é um motivo não para tristeza, mas para alegria, é uma grande honra, e não uma condição humilhante; uma grande vantagem, recompensa e riqueza espiritual, e nenhuma tragédia ou miséria. Afinal, deixaram de confiar no cuidado dos homens, para viverem debaixo do cuidado do Deus Altíssimo e Onipotente.  
Gloriemo-nos portanto somente no Senhor, nas tribulações e na Sua cruz, porque, por meio de todas estas coisas, somos capacitados a sermos bem sucedidos na obra que realizamos para a glória do Seu nome, e por meio das quais cessarão todos os nossos fracassos e vazio de vida.
Eliseu que o diga! Tudo o que ele realizou para Deus se tornou um grande exemplo para nós, de que vale muito a pena tudo deixar para podermos seguir a Jesus.



2 - Se Não Perder Não Ganhará

“João 12:24 Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.
João 12:25 Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna.”

Se formos interpretar de modo literal a verdade proferida nas palavras de nosso Senhor Jesus Cristo - de que quem ama a vida a perde, e de que quem a odeia a preserva para a vida eterna – poderemos pensar que está sendo afirmado algum tipo de absurdo, e na verdade o seria caso o sentido destas palavras fosse interpretado segundo a razão natural e comum do mundo; todavia elas expressam de forma resumida o grande segredo de se alcançar a vida eterna não somente para este mundo quanto para o vindouro. Porque importa que sejam interpretadas em seu significado espiritual, com a ajuda da iluminação do Espírito Santo, que é o único que pode nos tornar capazes de discernir espiritualmente as realidades que são espirituais.
Primeiro, Jesus aplicou este ensino do céu ao seu próprio caso, pois não viveu para fazer a sua própria vontade, senão a de Deus Pai que o enviou para morrer no nosso lugar.
Ele se esvaziou completamente e tomou a forma humana e de servo, não sendo dirigido pelo seu próprio ego, mas pelo Espírito Santo que o guiava em tudo.
Jesus não é somente a vida eterna, a sua fonte, como também o caminho e a verdade que nos conduzem também à vida eterna, pelo mesmo caminho que ele seguiu.
O morrer para o eu, para se viver pela vontade e poder de Deus é o grande segredo disto, que Jesus veio revelar em si mesmo. Por isso ele venceu a morte, e não pôde a sua vida ser retida pelo sepulcro, e se encontra agora assentado em glória à destra do Pai no céu, intercedendo continuamente por nós, para que alcancemos a vida eterna e que a vivamos do modo digno pelo qual importa ser vivida.
Agora, em relação a nós, quão indispostos somos a fazer morrer o modo de viver pelo nosso ego,  quão apegados somos à nossa vontade e ao mundo, e então necessitamos - diferentemente do Senhor Jesus que não tinha qualquer pecado – de mortificar a nossa natureza terrena pecaminosa, para que tendo a nossa mente renovada, possamos conhecer de modo experimental a boa, perfeita e agradável vontade de Deus, pela qual somos santificados.
Perdas de entes queridos e coisas que amamos nos causam grande sofrimento, e por isso tememos abandonar esta coisa que é a primeira em ordem a amarmos mais do que tudo, a saber, o nosso modo de viver neste mundo, ao qual nosso Senhor se refere como algo que devemos aprender a odiar, porque está cheio de hábitos e desejos que são contrários à justiça e santidade de Deus.
Então, se não odiarmos esta vida pecaminosa mundana, a nossa condição espiritual permanece sendo de morte, que por fim virá a ser morte eterna, e não vida eterna, conforme é prometido àqueles que a odiarem, por amarem o modo de vida celestial, espiritual e divino.
Em muitos outros textos da Bíblia vemos esta verdade de João 12.24,25, sendo reafirmada, e para nossa apreciação, estamos destacando alguns deles a seguir:  

Mateus 16:25 Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.

Mateus 10:39 Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á.

Lucas 14:26 Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.

Lucas 17:33 Quem quiser preservar a sua vida perdê-la-á; e quem a perder de fato a salvará.

Pr Silvio Dutra



3 - Até que ponto Deus quer que eu cuide do meu corpo físico?

Por John Piper

P.: Ter uma vida nova em Cristo significa que eu deveria esperar ter, e me esforçar para ter, uma saúde física melhor? Até que ponto Deus quer que eu cuide do meu corpo físico?
Boa pergunta. Ele quer sim que você cuide do seu corpo físico. Alguns textos me vêm à mente.
Um deles é o que diz que nossos corpos são o templo do Espírito santo (1 Coríntios 6). E o contexto ali é o de não entregar seu corpo a uma prostituta. Mas a implicação é que nossos corpos são santos e reverentes.
Isso me impediu de fumar quando era adolescente! Realmente impediu! A instrução de minha mãe: "Filho, seu corpo é o templo do Espírito santo, e obter um câncer de pulmão por causa desse tipo de prazer não é tratar o Espírito Santo corretamente." Isso funcionou para mim! Ainda funciona.
"Isso me impediu de fumar quando era adolescente! Realmente impediu!"
Mas há outro texto que se aproxima ainda mais. Um pouco antes, naquele mesmo capítulo, ele não está lidando com prostitutas; ele está lidando com comida. O slogan em Corinto era (eu imagino que era um slogan em Corinto): "O estômago para a comida e comida para o estômago, e ambos serão destruídos no inferno". Isso está indicado pelo seu estilo docético de viver: "Coma tudo que você quiser. Não importa o que você come." E Paulo disse: "Afirmação verdadeira, mas eu não serei escravizado pelo que quer que seja!" E o contexto ali é comida.
A razão porque as pessoas não têm saúde é porque elas estão escravizadas. Elas estão escravizadas à preguiça e à comida. Assim elas comem demais e se exercitam muito pouco. E elas têm ataques do coração e contraem diabetes. E Deus considera que este é um problema espiritual.
Portanto, nós deveríamos nos esforçar espiritualmente. O que será que Paulo quis dizer quando disse: "eu não me deixarei dominar por nenhuma delas?" Ele quis dizer: "Cristo é meu mestre!"
E um terceiro texto que vem à mente é: "...o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e ..." O quê? "domínio próprio" - egkrateia (Gálatas 5:22-23).
"Portanto, devemos lutar contra qualquer coisa que prejudique nossa saúde. Se comer demais nos faz mal, lutemos contra isso por meio do Espírito."
E mais uma vez, predominantemente, o domínio próprio sexual está em vista; mas é a mesma coisa. A expressão "domínio próprio" não é, talvez, a melhor tradução, porque é , na verdade, um trabalho do Espírito santo.
Portanto, devemos lutar contra qualquer coisa que prejudique nossa saúde. Se comer demais nos faz mal, lutemos contra isso por meio do Espírito. Se a preguiça e a falta de exercício nos fazem mal, lutemos contra isso no poder do Espírito Santo. Ou seja, crendo nas promessas de Deus, orando ao Espírito Santo para que Ele venha, enchendo-se de força e coragem e negando a si mesmo.
Cristianismo é abnegação... por uma alegria mais elevada. E eu não desejo que o meu hedonismo cristão signifique que tudo é fácil. Não é. Praticamente nada que valha a pena fazer será fácil, até chegarmos ao céu. Então tudo será fácil.
Ele se preocupa com nossos corpos. Foi Ele que os deu para nós. Ele gostaria que eles fossem saudáveis e que durassem muito tempo, até que decida levá-los.



4 - “Tome a sua cruz, e siga-me." (Marcos 10.21)

Você não tem que fazer a sua própria cruz, embora a incredulidade seja um mestre carpinteiro fabricante de cruzes, nem ainda que você fosse autorizado a escolher a sua própria cruz, embora a vontade própria de bom grado seja senhor e mestre; porque sua cruz é preparada e designada para você pelo amor divino, e você fica alegre em aceitá-la; você toma a cruz como seu fardo e jugo escolhidos, e sem fazer objeções.
Hoje, Jesus lhe convida a submeter o seu ombro a este jugo suave. Não o chute com petulância, nem pise nele com vanglória, ou caia sob ele em desespero, ou fuja dele com medo, mas tome a cruz como um verdadeiro seguidor de Jesus.
Jesus foi um carregador de cruz; ele lidera o caminho na senda da tristeza. Certamente você não poderia desejar um melhor guia! E se ele carregou uma cruz, qual é o fardo mais nobre que você deseja? A Via Crucis é o caminho da segurança, não tenha medo de trilhar seus caminhos espinhosos.
Amados, a cruz não é feita de penas, ou forrada com veludo, é pesada e irritante para os ombros desobedientes; mas não é uma cruz de ferro, apesar do temores que desperta serem pintados com cores férreas, é uma cruz de madeira, e um homem pode levá-la, pois o Homem de dores suportou a carga.
Tome a sua cruz, e pelo poder do Espírito de Deus, logo você estará tão apaixonado por ela, que, assim como Moisés, você não trocaria o opróbrio de Cristo por todos os tesouros do Egito.
Lembre-se que Jesus a carregou, e isto desprendeu um doce cheiro; lembre-se que em breve ela será seguida pela coroa, e o pensamento do peso de glória irá aliviar grandemente o peso atual da tribulação.
O Senhor lhe ajude a curvar seu espírito em submissão à divina vontade antes que adormeça esta noite, para que acordando com o sol de amanhã, você possa sair para o dia da cruz com espírito santo e submisso, que lhe torna um seguidor do Crucificado.

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.



5 - Cristo e o Ego

   Citações de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

   "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." (Gálatas 2.20)

   O Apóstolo refere a si mesmo – à sua própria vida interior, e sua própria morte espiritual - ao amor de Cristo por ele, e ao grande sacrifício que Cristo fez por ele. "Que me amou e Se entregou a Si mesmo por mim."
   Isto é instrutivo, pois é um sinal distintivo da vida cristã que traz para fora a individualidade de um homem. Ela não nos faz egoístas; pelo contrário, nos cura desse mal, mas ainda assim ela faz manifestar em nós uma individualidade pela qual nos tornamos conscientes da nossa individualidade pessoal em um grau eminente.
   O Evangelho, como um telescópio, revela o homem a si mesmo. Faz com que ele se veja como uma existência individual e obriga-o a meditar sobre o seu próprio pecado, sua própria salvação, e sua própria desgraça pessoal, a menos que seja salvo pela Graça Divina.
   Tendo de ir contra a corrente geral dos tempos, o crente é    um indivíduo sobre o qual os olhos estão atentamente fixos. Ele é feito por Cristo um indivíduo distinto, tanto para ele como para os demais de sua espécie.
   Então, em consequência de uma fé pessoal individual o crente desfruta de uma paz pessoal. Ele acha que se a Terra fosse totalmente transtornada, ele ainda encontraria descanso em Cristo, independentemente de seus companheiros. Ele pode falar de sua paz aos outros, mas não pode comunicá-la. Outros não a podem dar a ele, nem podem tirá-la dele. Onde quer que a vida cristã esteja verdadeiramente no Filho, logo leva a uma consagração pessoal a Deus. O homem vem ao altar de Cristo e clama: "Aqui estou! Deixe que outros façam o que quiserem. Quanto a mim e à minha casa serviremos ao Senhor."
   O homem renovado sente que o trabalho dos outros não o isenta de servir a Cristo, e que a tibieza geral da Igreja Cristã não pode ser uma desculpa para sua própria indiferença.
   Não há doutrina na Escritura que ensine que um homem possa ser salvo pela santidade de outro. Devemos carregar os fardos uns dos outros, em relação à simpatia, mas não no sentido de substituição. Todo homem deve carregar o seu próprio fardo e dar contas de si mesmo diante de Deus.
   Quando um homem é sepultado com Cristo pelo ato público do Batismo, ele não pode ser morto por outro ou enterrado por outro.
   Todos nós nascemos sozinhos - nós chegamos a este mundo para trilhar um caminho que só os nossos próprios pés podem pisar. Em grande medida nós percorremos o mundo sozinhos, porque todos os nossos companheiros são senão navios velejando conosco lado a lado - navios distintos e tendo cada um a sua própria bandeira.
Nenhum homem pode mergulhar na profundidade de nossos corações. Há compartimentos na câmara da alma, que ninguém pode abrir, senão o próprio indivíduo. Devemos morrer sozinhos. Os amigos podem rodear a cama, mas o espírito deve partir sozinho.
Se eu for condenado no último dia, nenhum homem pode ser condenado por meu espírito. Nenhuma alma pode entrar nas câmaras de fogo em meu nome para aguentar por mim uma angústia indizível.
   E, bem-aventurada esperança, se eu for salvo, será ver o Rei    em Sua formosura! Meus olhos olharão para Ele e não outros em meu lugar.
    Em segundo lugar, o nosso texto muito claramente nos ensina sobre o entrelaçamento de nossa própria personalidade com Jesus Cristo.
    Leia o texto novamente:
    "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim."
      Eu acho que eu vejo diante de mim uma videira. Ali está um ramo, distinto e perfeito. Ele não deve ser confundido com qualquer outro - é um ramo, um ramo inteiro e perfeito - ainda que esteja perfeitamente juntado ao caule ele possui a sua individualidade. Assim é com o crente em Cristo.
   Observe os pontos de contato. Primeiro, Paulo diz, eu estou "crucificado com Cristo." O que ele quer dizer? Ele quer se referir a muitas coisas, mas quer dizer isso - ele acreditava na Representação de Cristo na cruz - ele declarou que quando Jesus Cristo foi pendurado no madeiro Ele não estava lá como uma pessoa privada,  mas como Representante de todo o Seu povo escolhido.
   Em seguida, por Sua morte justificou todos os Seus santos e fez uma expiação em relação à vingança divina por todos os seus pecados.
"Estou crucificado com Cristo. "O Apóstolo dos gentios se encantava em a pensar que como um dos muitos do povo escolhido de Cristo, ele morreu na cruz em Cristo. Ele fez mais do que crer nesta doutrina, no entanto - ele a aceitou confiantemente e fez repousar sua esperança sobre ela. Ele cria que, por força da morte de Jesus Cristo, ele mesmo tinha pago o que a Lei lhe exigia, para satisfazer a justiça divina, e possibilitar a reconciliação com Deus!
     Paulo sentia o poder da morte de Cristo em sua própria vida, pela crucificação de sua natureza corrompida pelo pecado.
   Assim que Paulo via a si mesmo como um criminoso em quem a sentença da Lei tinha sido cumprida. Quando ele viu os prazeres do pecado, ele disse: "Eu não posso apreciá-los. Estou morto para eles. Uma vez tive uma vida em que estes foram muito doces para mim, mas eu fui crucificado com Cristo. Por conseguinte, como um homem morto não posso mais ter prazer nas alegrias que uma vez foram deleitáveis para mim."
   Nem ele deu a sua força para seus propósitos, nem sua alma para seus costumes, nem o seu julgamento para seus veredictos, nem o seu coração para suas afeições, pois ele era um homem crucificado através de Jesus Cristo! O mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo. Isto é o que o apóstolo quis dizer.
   Observe em seguida, outro ponto de contato. Ele diz: "eu vivo." Mas então ele se corrige, dizendo:  "não mais eu, mas Cristo vive em mim." Ele explica o que é a sua vida - sua vida é produzida nele por virtude do ser de Cristo nele e seu ser em Cristo. Jesus é a   fonte da vida do cristão! A seiva na videira vive mesmo no menor dos ramos.
   Assim, em cada cristão - embora seja insignificante e possuidor de pouca Graça Divina, ainda assim, se ele é realmente um crente, Jesus vive nele! A vida que mantém a sua fé, a sua esperança, o seu amor na existência vem de Jesus Cristo, e por Ele sozinho.
Deveríamos deixar de ser santos vivos se não recebêssemos diariamente a Graça Divina de nossa Cabeça da Aliança. À medida que a força de nossa vida vem do Filho de Deus, assim Ele é o governante e o poder que se move dentro de nós.
   Esse é outro ponto de contato. Mais adiante, o apóstolo diz -  "A vida que eu agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus." Em todo momento a vida do cristão deve ser uma vida de fé. Nós erramos quando tentamos caminhar pelo sentimento ou pela vista.
   Creia que você está seguro em Cristo, mesmo quando parece estar no maior perigo – creia que você é glorificado quando se sentir como se tivesse sido expulso da presença de Deus - esta é a vida de fé.
   Além disso, Paulo observa outros pontos de união. "Que me amou." Bendito seja Deus, porque desde antes da fundação do mundo Cristo nos amou. Ele nos amou eternamente - o Filho todo-glorioso de Deus nos escolheu para ser a Sua noiva por toda a eternidade! Aqui está uma bendita verdade, de fato!
   Observe em seguida: "e se entregou por mim." Não somente deu tudo o que Ele tinha, mas deu a Si mesmo! Não apenas pôs de lado Sua glória e Seu esplendor, e Sua vida, mas entregou a Si próprio por nós.

   Você descobriu ser uma personalidade independente e   individual, mas uma personalidade que está relacionada com a Pessoa de Cristo Jesus, de modo que você está em Cristo, e Cristo está em você - por uma abençoada união indissolúvel estão unidos para sempre e sempre!





6 - O SENHOR Quer nos Matar em Cristo?

Por Charles Haddon Spurgeon

“Se o SENHOR nos quisesse matar, não aceitaria da nossa mão o holocausto e a oferta de alimentos, nem nos mostraria tudo isto, nem nos deixaria ouvir tais coisas neste tempo.”  (Juízes 13:23)

Essa é um tipo de promessa deduzida pela lógica. É uma inferência extraída validamente de fatos comprováveis. Não era provável que o Senhor tivesse revelado a Manoá e a sua mulher que lhes nasceria um filho e, no entanto, que tivesse em Seu coração o propósito de os destruir. A mulher raciocinou bem, e faríamos vem se seguíssemos sua linha de argumentação.
O Pai aceitou o grandioso sacrifício do Calvário, e declarou que está muito comprazido com ele; e como poderia agora ter a intenção de nos matar? Por que existiria a necessidade de um Substituto se o pecador deve morrer? O sacrifício aceito de Jesus coloca um fim ao temor.
O Senhor nos mostrou nossa eleição, nossa adoção, nossa união com Cristo, nossas bodas no Amado: como poderia agora nos destruir? As promessas estão carregadas de bênçãos que exigem que sejamos preservados para vida eterna. Não é possível que o Senhor nos rejeite e, no entanto, que cumpra com Seu pacto. O passado nos assegura, e o futuro nos reassegura. Não morreremos, mas sim viveremos, pois temos visto a Jesus, e Nele temos visto ao Pai por meio da iluminação do Espírito Santo. Por causa desse olhar que gera vida, temos de viver para sempre.






7 - Trazendo no Corpo a Mortificação de Jesus

“Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.” (II Coríntios 4.5)

Para não pregarmos a nós mesmos, mas a Cristo é preciso trazer o morrer de Jesus em nosso corpo (II Cor 4.10), em nosso ego, e em tudo que se refira à nossa própria vontade e desejos, que devem ser levados à morte na cruz, para que a vida de Jesus possa se manifestar através de nós.
Aquele que não traz o seu ego mortificado pela cruz não está habilitado a pregar e a ensinar o evangelho da cruz.
Aquele que não renunciou a tudo quanto tem não pode pedir aos seus ouvintes que renunciem a si mesmos para confiarem suas almas ao Salvador.
É por isso que o nosso velho homem tem que ser despojado, para que a nova criatura se manifeste em poder nestes vasos de barro que são os nossos corpos mortais.
São vasos de barro porque têm a ver com o que herdamos da natureza terrena de Adão, que foi criada a partir do barro, dos elementos naturais deste mundo, que passa.
Todavia, a nova vida em Cristo é do céu, e o seu poder excelente pode se manifestar somente se a casca do velho homem com suas vontades e desejos for completamente quebrada através das tribulações, perplexidades, perseguições, e abatimentos, ao mesmo tempo que somos consolados e amparados pelo Senhor pela manifestação do Seu poder e amor, para que não sejamos angustiados, desanimados, desamparados e destruídos (II Cor 4.8,9).
Esta será a experiência de todos aqueles que consagrarem efetivamente suas vidas ao serviço de Deus.
Tal como Paulo, saberão, por experiência, o que significa trazer diariamente no corpo o morrer de Jesus para que a Sua vida possa se manifestar em nós.
Eles saberão por experiência que toda a mortificação que é operada neles, sobretudo no seu ego, tem o propósito de gerar a vida de Cristo nos seus ouvintes (II Cor 4.12).
Eles saberão que todo o seu dever é anunciar a fé em Cristo, e a Sua morte e ressurreição, de modo que ministrando por amor aos homens, possam abundar as ações de graças, para a glória de Deus, por causa da multiplicação da graça em muitos corações (v. 13 a 15).
Eles saberão que um cristão em seu posto de trabalho, operando fielmente no Espírito, não desfalecerá e suportará e sofrerá tudo por amor a Cristo, ainda que o homem exterior se corrompa, isto é, que enfraqueça, enferme, envelheça, porque o homem interior, a saber, o espírito é renovado gradual e diariamente por Deus, segundo o Seu próprio poder e glória (v. 16).
Assim reconhecerão também que toda tribulação traz em si mesma um propósito de nos tornar mais íntimos e participantes da glória de Deus, e que se tornam leves e momentâneas comparadas ao peso das consolações e operações poderosas do Senhor no nosso corpo, alma e espírito.
Um cristão experimentado, como Paulo, saberá discernir a vida espiritual que não se experimenta por vista, mas por fé, que se firma não nas coisas visíveis que são temporais, mas nas invisíveis que são eternas.






8 - Esvaziar-nos de nós Mesmos Para Sermos Úteis

"5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6 o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar,
7 mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens;
8 e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.
9 Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome;
10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai." (Filipenses 2.5-11)

Ninguém jamais poderá se humilhar tanto quanto Cristo se humilhou, pois não era um homem pecador; porém se fez homem, sendo Deus, exaltado à destra do Pai, coroado de honra e glória diante dos serafins, querubins, arcanjos e anjos no céu.
Foi desta altura infinita de glória que Ele desceu até nós humilhando-se a si mesmo, esvaziando-se e tomando a forma de servo, assumindo a natureza do homem, apesar de ser Deus.
Ele fez isto, porque era governado completamente por um sentimento de humildade e não de orgulho. É este mesmo sentimento de Cristo que todos os cristãos devem possuir.
Cristo não considerou uma desonra o fato de ter sido feito menor do que os anjos, ainda que por um determinado período, a saber, enquanto viveu em carne neste mundo esvaziado da Sua glória divina, como vemos em Hb 2.9, porque considerou maior coisa fazer a vontade do Pai, relativamente à salvação dos pecadores.
Os cristãos têm um serviço a fazer para Deus, que é a continuidade do mesmo serviço de Cristo, e para tanto necessitam ter o mesmo sentimento de humildade que houve em Cristo Jesus.
Nosso Senhor comprovou Sua humildade através da Sua obediência ao Pai, e é do mesmo modo que nossa humildade é comprovada diante de Deus, a saber, na nossa obediência a Ele.
Jesus se manifestou também, para o propósito de nos ensinar qual é o modo correto de se viver para Deus.
Este modo que nos revelou é em completa submissão e serviço, mediante a Sua Palavra, escolhendo fazer a vontade de Deus, em vez da nossa vontade, gastando-se inteiramente na Sua obra, porque afinal, nos deu vida para que trabalhássemos para Ele.
Fomos colocados neste mundo para este propósito. Bem-aventurados são todos aqueles que não somente descobrem isto, como também se aplicam a isto.    
A humilhação voluntária de Jesus se comprova também, no fato de que Ele tem o nome que é sobre todo o nome. Por isso, ao nome de Jesus se dobra e se dobrará todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confessa e confessará que Jesus é Senhor, porque Ele sempre foi e será o Senhor de tudo e de todos.
Este que é o Senhor foi achado em Seu ministério terreno na forma de servo e em completa humildade. Servo na verdadeira acepção da palavra, ou seja, servindo de fato tanto a Deus quanto aos homens criados à Sua imagem e semelhança.
Como devem ser e andar então, os cristãos, os quais não estavam na glória do céu antes de serem gerados, e que nunca tiveram e jamais terão a mesma intensidade de glória do seu Senhor?
Caberia, se deixarem dominar por qualquer forma de orgulho ou vanglória?
Jesus viveu suportando pacientemente a maldade dos homens, em grande pobreza, a ponto de não ter onde reclinar a cabeça; viveu de ofertas e sabia o que era a aflição; não viveu em pompa externa e não buscou nenhuma posição que O exaltasse sobre os demais homens, buscando fama e honrarias deste mundo.
Ele não deu somente Seu serviço aos homens, mas Sua própria vida; morrendo por eles na cruz.
Ninguém nunca desceu tanto ou poderá descer tanto em humilhação, quanto nosso Senhor, porque Ele estava na glória do céu quando veio assumir nossa humanidade, ao ser gerado com um corpo humano no ventre de Maria.
Ele passou a ter a natureza humana, além da natureza divina na qual Ele subsistia. E,  consentiu, apesar de sua perfeição gloriosa, em suportar conviver com pecadores falhos, impuros, imperfeitos e ignorantes como nós.
Se Ele não tivesse feito isto, jamais poderíamos receber a natureza divina para estar em nós, além da nossa natureza humana.
Para nós, receber a natureza divina é uma grande honra e glória. Mas para Cristo, assumir nossa natureza humana, sendo Deus, foi uma grande humilhação. A Palavra, porém nos afirma que Ele não se envergonhou disto, porque não se envergonha em nos chamar de irmãos, por ter-se feito semelhante a nós, como lemos em Hb 2.11 e 11.16.
Nós não somos, por natureza humildes, ao contrário, somos governados pela carne.
Por isso é preciso mortificar a carne para que possamos ser governados pelo Espírito Santo, e crescermos em humildade diante de Deus e dos homens, para que Ele possa nos transformar segundo a semelhança de Cristo.
A nossa vontade natural quer sempre fazer aquilo que seja do nosso próprio interesse egoísta, mas a vontade de Deus é santa, perfeita, boa, agradável. É esta vontade que o Espírito Santo quer implantar em nossa natureza.
O Espírito Santo não nos foi dado, portanto para fazermos o que seja da nossa própria vontade, mas aquilo que é da vontade de Deus, na transformação de nossas vidas.
Quando o Espírito luta contra a carne, não é para fazer nossa vontade, mas para aplicar em nossa vida a vontade de Deus, como vemos em Gál 5.17.
É a graça de Deus que inclina nossa vontade ao que é bom, e nos permite executar o bem.
Não há nenhuma força, mérito ou capacidade em nós mesmos, que nos habilite a fazer a obra de Deus.








9 - A Negação do Eu

“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” (Mateus 16.24)
Em que sentido um cristão não deve negar a si mesmo?
1. Ele não deve negar sua promessa. A promessa de um homem deve ser sagrada. Ele deve guardá-la, embora seja para a sua perda - Salmo 15:1,4. Aquele que não faz conta de sua promessa - Deus não faz conta de sua profissão.
2. Um cristão não deve negar sua graça. Ele não deve negar qualquer boa obra realizada por ele, mas não deveria dizer que  uma árvore seca  - pois tem o orvalho do céu sobre os seus ramos. Assim isto é um pecado porque um homem deve fazer-se melhor do que ele é - e isso, o torna pior. Dizer que ele tem graça quando ele não a tem, é presunção. Dizer que ele não tem a graça quando ele a possui - é ingratidão. É falso testemunho contra o Espírito de Deus.
Em que sentido deve um cristão negar a si mesmo?
Em geral, ele deve negar aquela parte carnal, que é mais achegada  a ele do que a menina dos seus olhos. Mas, mais particularmente:
1. Um cristão deve negar sua razão. Não digo renunciar a ela, mas negá-la. Alguns clamam à deusa Diana da razão, tornando-a a regra e norma de fé. Na verdade, que há um Deus e que esse Deus deve ser adorado, é uma lei escrita no coração do homem e está em consonância com a razão. Mas quem Deus é, e o modo correto da adoração, é um assunto tão sublime, que a razão não poderia decifrá-lo mais do que os filisteus puderam em relação ao enigma de Sansão.
"Porventura, desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até à perfeição do Todo-Poderoso?" (Jó 11.7).
A razão deve ser negada para aceitar DOUTRINAS propostas para serem cridas:
A doutrina da Trindade . O poço é fundo, e quem pode compreendê-lo com o fio de prumo da razão! As três pessoas da Trindade são distintas, mas não divididas. São três subsistências, mas uma essência. A Trindade é puramente um objeto de fé. Existem algumas verdades na religião verdadeira que são demonstradas pela razão, como a de que devemos fugir do vício e fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem a nós. Mas a Trindade de pessoas, na unidade da essência, é da revelação divina, e deve ser consentida pela fé.
A doutrina da Encarnação. Esta doutrina ensina: que a eternidade – deveria nascer, para que Aquele que governa as estrelas - devesse sugar os seios, de uma virgem - que deveria conceber, que o ramos deveriam suportar a raiz - que em Cristo deveria haver duas naturezas, ainda que uma só pessoa, que a sua natureza divina não deveria ser transformada na natureza humana, mas a natureza humana deveria ser assumida pela pessoa do Filho de Deus - a natureza humana não é Deus, mas uma com Deus. Aqui, a frágil razão humana deve ser negada.
A doutrina da Ressurreição. Que o corpo sepultado, ou melhor, se desintegrando em mil pedaços - e as cinzas espalhadas sobre a terra - deve ressuscitar, está acima da frágil razão humana poder entendê-lo. Os epicuristas e estóicos ridicularizaram Paulo, quando lhes pregou sobre a ressurreição, Atos 17:22. Aqui a razão deve ser negada, João 5:28. "Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão!" - 1 Coríntios 15:42-43.
As doutrinas da fé não se opõem à razão, mas a transcendem!
A razão deve ser negada em DEVERES que devem ser praticados. Há muitos deveres na piedade, contra os quais a razão  carnal luta.
Deus diz: "É a glória de um homem suportar ofensas" - Provérbios 19:11.
"Não!" diz a razão carnal", isto é covardia!" Os pagãos pensam em bravura de espírito, para se vingarem de ofensas.
Deus diz que os caminhos da santidade são um mar de rosas. Provérbios 3:17 - "Os seus caminhos são caminhos de delícias".
"Não!" diz razão carnal", eles são severos e cínicos. Devo crucificar o meu prazer e minha alegria deve ser afogada em lágrimas!"
Deus diz que a piedade é recompensada. 1 Timóteo 6:8, "a piedade é grande fonte de lucro." Ela traz contentamento em decorrência do favor de Deus. Ela traz riquezas temporais. Provérbios 03:16: "Em sua mão há riquezas e honra." A maneira de ser próspero é ser piedoso.
"Não!" diz a razão carnal, “se eu seguir o comércio da piedade irei à falência!" Neste caso, a razão carnal deve ser negada e combatida.
2. Um cristão deve negar a sua VONTADE. Brugensis disse: "A vontade é a grande roda na alma que move todos os afetos." A vontade, no estado de inocência era regular. Ela ecoava a vontade de Deus. Mas, desde a queda, no entanto, mantém a sua liberdade em ações morais – ainda que espiritualmente esteja corrompida. "Se a vontade pudesse deixar de pecar", diz Bernard, "não haveria inferno." A maior ferida repousa sobre a vontade. A bússola dos marinheiros, sendo acometida pelo trovão, faz com que a ponta da agulha aponte para a direção errada. A natureza do homem estando corrompida, faz com que a vontade aponte de modo errado; ela aponta para o mal. Há na vontade, não só  a impotência, mas a  obstinação. Atos 7:51: "Vocês sempre resistiram ao Espírito Santo."
Aqui devemos negar a nossa vontade, e submetê-la à vontade de Deus. Se uma vara torta é colocada em cima de um solo nivelado, nós não tentamos amoldar o chão à vara, mas fazemos com que a vara se amolde a ele. Assim, a vontade de Deus não é para ser ajustada à nossa, mas a nossa vontade torta deve ser amoldada à vontade de Deus. Nós oramos, "Seja feita a Tua vontade". A maneira de conduzir a nossa vontade, é negá-la.
3. Um cristão deve negar sua JUSTIÇA PRÓPRIA, suas moralidades, deveres, e boas obras. Filipenses 3:9: "Para que eu possa ser encontrado nele não tendo justiça própria." A aranha tece uma teia de seu próprio corpo. Um hipócrita iria tecer uma teia de salvação de sua própria justiça. Mas Paulo, como a abelha, sugou a salvação a partir da flor da justiça de Cristo. Isaías 64:6: "Toda a nossa justiça é como trapo da imundícia". Nossos melhores deveres estão cheios de pecado. Coloque o ouro no fogo e sai a escória. Nossos serviços mais dourados estão misturados com incredulidade. O anjo derramando fragrâncias doces para as orações dos santos - Apocalipse 8:03, mostra que elas são em si desagradáveis e precisam das doces fragrâncias de Cristo para perfumá-las.
Nunca devemos confiar em nosso deveres, mas apenas na justiça de Cristo para a salvação. A pomba de Noé usou suas asas para voar - mas confiou na arca para a sua segurança.
E, se devemos negar nossas coisas santas no ponto de justificação, então muito mais nossas civilidades e moralidades. Um caule pode ser finamente pintado - mas não ter raiz. Um homem pode ser pintado com a moral e ainda não ter a raiz da graça. Uma pessoa moral é apenas externamente lavada, não mudada internamente. A vida pode ser civilizada para os homens enquanto o coração é mau contra Deus; assim como o mar que pode estar calmo – mas sua água é salgada. O fariseu poderia dizer que ele não era adúltero - Lucas 18:11, mas ele não podia dizer que ele não tinha orgulho.
A pessoa moralista pode ter uma antipatia secreta contra a piedade. Ela pode odiar a graça, tanto quanto o vício. A moralidade é apenas um título rasgado para o céu. Um pedaço de latão pode brilhar, mas, sem a imagem do rei, não vai passar como moeda. Um homem pode brilhar com virtudes morais, mas sem a imagem de Deus que consiste na santidade, ele não vai passar como moeda no dia do julgamento. A moral é boa, mas Deus dirá: "ainda lhe falta uma coisa!" - Lucas 18:22. A moralidade é uma boa companhia para Jacó andar com os homens, mas é uma má escada para Jacó subir para o céu!
4. Um cristão deve negar toda AUTOCONFIANÇA. Quão confiante estava Pendleton em si mesmo: "Esta minha gordura se derreterá no fogo, para Cristo!" Mas em vez disso foi sua coragem que foi derretida.
A mesma palavra hebraica significa tanto confiança e insensatez.
A autoconfiança revela insensatez. Pedro presumiu demais de sua própria força: “Disse-lhe Pedro: Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim." - Mateus 26:33. Mas quanto tempo ficou a sua confiança abalada e derrubada com uma ameaça de uma jovem! Mateus 26:71-72: "Ele negou com juramento, dizendo: Não conheço esse homem!". Pedro negando a Cristo, foi o resultado de não negar a sua autoconfiança.
Romanos 11:20: "Não te ensoberbeças, mas teme." A cana rachada frequentemente permanece quando o cedro confiante cai. Quem conhece a ferocidade de uma provação, ou a falsidade de seu coração – e que não temerá? Como é que alguns mestres brilharam como estrelas na igreja, e mesmo assim foram estrelas cadentes? Porfírio, Julian, Cardinal Pool, Gardener, Judas. Os apóstolos têm sido chamados por alguns dos antigos, por termos como "os olhos do mundo", "pés de Cristo", "seios da igreja." Judas era um destes, mas um traidor.
Não, alguns dos santos, pela retirada das influências do Espírito de Deus, caíram por um tempo, como Cranmer e Orígenes, cujo coração desmaiou sob perseguição, e ele ofereceu incenso ao ídolo.
Negue a autoconfiança. 1 Coríntios 10:12: "Aquele que pensa estar em pé, tome cuidado para que não caia." É justo para Deus, que aquele que confia em si mesmo, deva ser deixado a si mesmo! A videira sendo fraca, agarra-se ao carvalho para apoiá-la. Um bom cristão, estando consciente de sua própria fraqueza, agarra-se pela fé a Cristo. Filipenses 4:13, "Eu posso todas as coisas em Cristo que me fortalece." A força de Sansão estava em seu cabelo. A nossa está na nossa cabeça, Cristo.
5. Um cristão deve negar o orgulho e a presunção. Jó 11:12, "o homem estúpido se tornará sábio." No hebraico é "o homem vazio!" O homem é um pedaço orgulhoso de carne! Ele é capaz de ter uma opinião elevada de si mesmo. Atos 8:9: "Simão tinha sido um feiticeiro por muitos anos, afirmando ser alguém grande." Sapor chamava a si mesmo "Irmão do Sol e da Lua". Commodus o Imperador chamou a si mesmo de "O Hércules de Ouro." Os reis persas obrigavam as pessoas a adorarem as suas imagens. Os tais se viam no espelho lisonjeiro do amor-próprio, pareciam maiores a seus próprios olhos do que  de fato eram. Eles pensavam que a sua centelha era um sol! Eles pensavam que o seu filete de água era um oceano! Eles estavam altamente vaidosos da sua perspicácia, sua inteligência e habilidades, e estavam prontos para desprezar os outros.
Negue o autoconceito. Romanos 12:3, "Eu digo a todo homem que está entre vós, não pense de si mesmo além do que  convém". Provérbios 23:4 - "Deixe a sua própria sabedoria." Ele não diz para cessar de ser sábio, mas de pensar de si mesmo como sábio, Provérbios 3:7 e Filipenses 2:3.
Para que você possa negar todos os pensamentos elevados, arrogantes de si mesmo, considere:
A presunção é um grande pecado. Crisóstomo a chama de "a mãe do inferno." É uma espécie de idolatria, uma auto-adoração.
Por mais nobres que sejam os seus dotes, eles são emprestados. Como disse o homem do machado que caiu na água, 2 Reis 6:5: "Oh, meu mestre - era emprestado!" E o homem sábio estaria orgulhoso de uma joia que foi emprestada a ele? "O que te faz melhor do que os demais? O que você tem que Deus não lhe tenha dado? E se tudo que você tem é de Deus, por que se vangloria como se você tivesse feito alguma coisa de si mesmo?" - 1 Coríntios 4:7. A lua não tem motivos para se orgulhar de sua luz para a qual ela está em dívida com o sol.
Seja qual for a agudeza de engenho, ou sagacidade de juízo que você tenha – pense a quão pouco você chegou. Quão longe você está do conhecimento que Adão tinha na inocência? Ele era o oráculo da sabedoria. Ele poderia desbloquear o armário escuro da natureza e descobrir os segredos que nos desorientam. Adão teve uma completa compreensão sobre a causa das coisas. Ele era uma espécie de anjo terrestre.
Quão longe você está do conhecimento daqueles que estão aperfeiçoados em glória? Alguém que seja maior do que um anão pode ser menor do que um gigante. Por mais que sejam excelentes em habilidades naturais - são de uma estatura menor do que os santos glorificados. 1 Coríntios 13:12, "Nós vemos por espelho em enigma". Mas os santos em êxtase têm uma visão completa de Deus. Sua luz que queimava aqui como um fogo sufocado - agora queima numa chama pura. Um jovem cristão glorificado, sabe mais do que os teólogos mais profundos na terra.
A graça nunca pode prosperar onde o orgulho e a presunção crescem. Como um corpo com câncer não pode prosperar, assim também a alma que está cancerosa com orgulho e presunção não prospera. A cabeça orgulhosa – torna estéril o coração!
A presunção (autoconceito) arrogante é odiosa, e muito diminui qualquer valor em uma pessoa. É como uma grande falha em um diamante. Quanto mais se valoriza a si mesmo, menos Deus e os anjos o valorizam. Deixe uma pessoa ser eminente – e ainda, se ela é autoconvencida, ela não é amada por ninguém. Ela é como um médico que tem uma praga contagiosa. Embora ele possa ser admirado por suas  habilidades ninguém deseja chegar perto dele.
O Senhor frequentemente permite que pessoas vaidosas caiam, não só abominavelmente, mas finalmente. "As pombas", diz Plínio, "se orgulham de suas penas, e ao voarem, elas sobem tão alto que por fim se tornam presas para o falcão!" Então, quando os homens voam alto no autoconceito, tornam-se presas do príncipe da potestade do ar!
Que tudo isso, nos faça negar o nosso orgulho; que mate o verme da vaidade. Se nós estamos orgulhosos do nosso conhecimento - o diabo não se importa o quanto saibamos. Que Paulo seja o nosso padrão. Embora ele fosse o principal dos apóstolos, ele diz, "Eu sou o menor de todos os santos" - Efésios 3:8. "Eu nada sou." - 2 Coríntios 12:11. Este ilustre apóstolo, uma estrela de primeira grandeza, considerava-se como nada aos seus próprios olhos. É excelente ser como Moisés, cujo rosto tinha um brilho sobre ele, mas "ele não estava ciente de que seu rosto estava brilhando." - Êxodo 34:29.

6. Um cristão deve negar o seu APETITE. O apetite voraz grita: "Dá, dá!" - Provérbios 30:15. Paulo esmurrava seu corpo - 1 Coríntios 9:27. Mais são os prejudicados por excesso de coisas lícitas - do que pelo envolvimentos com coisas pecaminosas. Mais são os mortos por vinho - do que por veneno. Muitos fazem do seu ventre o seu deus - Filipenses 3:19. E para esse deus, eles derramam suas libações! Clemente de Alexandria escreve de um peixe cujo coração está em sua barriga. Este é um emblema dos epicuristas, cujo coração está em seu ventre; eles são dedicados a seu apetite! Excesso de comida ou de bebidas embotam a mente, bloqueiam as santas afeições, e provocam a luxúria. As ervas daninhas mais vis crescem no solo mais fértil. A intemperança encurta a vida – assim como muito óleo apaga o pavio da lamparina. Muitos cavam seus túmulos, com seus dentes! Cristo advertiu Seus Apóstolos, Lucas 21:34: "Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as consequências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo,". Sêneca poderia dizer que ele nasceu para as coisas mais elevadas, do que ser um escravo de seu corpo. Que vergonha é - que a alma, que é a parte principal, que é a balança e o cetro da razão, e que é semelhante aos anjos, deva ser escravizada à parte bruta! Negue os desejos pecaminosos da carne. O que Deus tem dado para a consciência, senão que seja um freio de ouro para checar o apetite desordenado!
7. Um cristão deve negar o seu CONFORTO. Provérbios 1:32 - "aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva à perdição." A carne é propensa à preguiça e ao conforto. É relutante em se esforçar para o céu. Provérbios 19:24: "O preguiçoso esconde a sua mão no seu seio." Ele é relutante em retirá-la – ainda que seja para segurar uma coroa! Ervas daninhas e vermes crescem na terra não cultivada, e todos os vícios crescem num coração ocioso. Como eles podem esperar  colher uma colheita de glória se nunca semearam qualquer semente? Satanás é tão ocupado em sua diocese, 1 Pedro 5:8, e são os cristãos ociosos? Eles são como os lírios - que não tecem e nem fiam? Oh neguem suas facilidades! Sêneca dedicou-se ao trabalho e passava parte da noite em estudo. Haníbal forçou seu caminho ao longo dos Alpes e rochas escarpadas. Precisamos forçar o nosso caminho para o paraíso. Vamos sacudir a preguiça - como Paulo fez com a víbora!
Nunca pensem em ser levados ao céu como os passageiros em um navio que se dirigem a seus portos - enquanto dormem! 1 Crônicas 22:16 - "Dispõe-te, pois, e faze a obra".
8. Um cristão deve negar a POLÍTICA carnal. Essa é a sabedoria da carne, 2 Coríntios 1:12. Política carnal é ofício. O político não consulta o que é melhor para o país, mas qual é a política mais segura para si mesmo. O político é feito de salgueiro; ele pode ficar do lado de todas as partes; sua religião é cortada de acordo com a moda da época; ele pode curvar tanto para o leste quanto para o oeste. O zelo pela verdade é apagado do credo do político. Sir Thomas More disse que ele não iria seguir a verdade muito perto do calcanhar – a menos que ela não fugisse do seu cérebro. Ele é julgado por alguns uma parte da política sábia, por não se declarar contra o erro por medo de perder uma parte.
O político é um latitudinariano. Ele pode ir para todos os sentidos. As asas da avestruz a ajudam a superar as outras criaturas. A política pecaminosa faz os homens correrem mais do que eles podem, das consciências mais puras. Em suma, o político é como um camaleão, que pode transformar-se em todas as cores - e ser da mesma mente como são seus companheiros. Ele pode ser grave ou suave.
Admito que prudência cristã é recomendável, mas a serpente (sagacidade) não deve devorar a pomba inofensiva.
Essa política é injustificável, a que ensina as pessoas a evitarem o dever. Negar a política carnal; se atrever a ser honesto. A melhor política é a de agarrar-se à honestidade e à integridade.
9. Um cristão deve negar sua ira desmedida. Tiago 1:26: "Se alguém dentre vós parece ser religioso, e não refreia a sua língua, a religião desse é vã." Cada membro do corpo está infectado com o pecado, como todos os ramos do absinto são amargos; mas a língua é cheia de veneno mortal, Tiago 3:8. Agostinho compara a língua a uma fornalha, e muitas vezes faíscas de raiva saem dela! O Espírito Santo desceu uma vez em forma de línguas de fogo, Atos 2:3. Mas o apóstolo Tiago fala de uma língua que está no fogo do inferno, Tiago 3:6. Alguns não conseguem dominar o seu próprio espírito, mas são levados por suas paixões como uma carruagem com cavalos selvagens. "Muitos", disse Jerônimo, "que não se embriagam com vinho, serão tragados com a erupção da raiva." Eclesiastes 7:9 - "A ira repousa no seio dos tolos!" A raiva pode estar em um homem sábio, mas ela repousa em um tolo. Há, eu sei, uma ira santa contra o pecado, mas a fúria da raiva é a escória que ferve de um coração destemperado! A ira perturba a razão, e torna uma pessoa imprópria para os deveres sagrados.
Oh cristãos, neguem-se! Orem para que Deus estabeleça um vigia diante de seus lábios, Salmo 141:4. Trabalhem para apagar o fogo da ira, com uma enxurrada de lágrimas! Isto é recordado do Sr. John Bruen, no condado de Chester, que, sendo naturalmente de um espírito precipitado - ainda assim conseguia vencer as suas paixões, e ficava tão manso e calmo que a sua própria natureza parecia ter sido muito alterada. A graça faz às paixões o que Cristo fez ao mar quando estava tempestuoso. Ele disse: "Paz, aquieta-te." E houve uma grande bonança. A graça transforma a ferocidade do leão na mansidão da pomba!
10. Um cristão deve negar as MODAS pecaminosas. Romanos 12:2 - "E não vos conformeis a este mundo." Ou seja, não vos conformeis com as modas. Se os antigos cristãos saíssem das suas sepulturas - nossas novas modas poderiam assustá-los para voltarem de novo aos seus túmulos!
Oh neguem-se! 1 Timóteo 2:9: "Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso,". Deixe o homem interior do coração, ser embelezado e adornado com graça.
11. Um cristão deve negar seus próprios OBETIVOS. Ele não deve olhar com um olho de piedade e visar a si mesmo com o outro olho. Ele não deve visar ao auto-enriquecimento e auto-aplauso.
Ele não deve visar ao auto-enriquecimento . Alguns defendem o evangelho apenas para fins de ganho próprio. Eles cortejam essa rainha, não por sua beleza, mas por suas joias! Não é o fogo do altar que eles consideram - mas o ouro do altar! 1 Timóteo 6:5: "Eles pensam que a piedade é fonte de lucro." Camero, uma francesa de Bordeaux, relata a história de um Santangel, um advogado, que se tornou protestante apenas com interesses mundanos, para que ele pudesse ficar rico.
Judas pregava e fazia milagres, mas sua atenção estava principalmente sobre a bolsa de dinheiro. Como muitos ministros amontoam benefício sobre benefício, cuidando do velo mais do que do rebanho! Cães mudos (isto é, aqueles que têm medo de falar a verdade por medo de que eles possam ofender os ricos) são cães gulosos. "Os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; sonhadores preguiçosos, gostam de dormir. Tais cães são gulosos, nunca se fartam; são pastores que nada compreendem, e todos se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, todos sem exceção." - Isaías 56:10-11. Estes fazem uso da função ministerial, apenas como uma rede para apanhar a torpe ganância. Isto é, para profanar as coisas sagradas. É sórdido e indigno para um cristão, fazer da piedade um alvo de interesse secular.

Um cristão não deve visar ao  auto-aplauso. "Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste." - Mateus 6:1. Eles oravam e davam esmolas – para que pudessem ser vistos pelos homens. O óleo da vanglória alimentou a sua lâmpada! Versículo 5: "Em verdade eles já tiveram a sua recompensa." Eles podem escrever: "recebido em pagamento integral." É uma frase de Spanhemius, que há em cada homem, por natureza, uma medida de farisaísmo, uma busca da glória e aplausos do mundo. "Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e alongam as suas franjas. Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens." - Mateus 23:5-7.
Lutero confessou que, embora ele nunca fosse tentado com a cobiça - ele era, por vezes, com vanglória!
Um bom objetivo não vai tornar uma má ação em boa, mas um objetivo ruim vai tornar uma boa ação ruim.
Alguns navios que escaparam das rochas, foram destruídos nas areias. Muitos dos que escaparam das rochas de escândalos grosseiros foram destruídos nas areias da auto-glorificação.
Ser estimado na igreja de Deus é uma bênção. Hebreus 11:2 - "Pela fé, os antigos alcançaram bom testemunho." Grande parte da honra da piedade depende do crédito daqueles que a professam. Mas o pecado acontece quando a auto-aplauso é a única coisa buscada afinal. O aplauso popular é a flecha de ouro que reluz ao olho, mas que fere o coração. Quantos foram soprados para o inferno com o sopro do aplauso popular.
Oh neguemo-nos, sim, abominemos esse temperamento de vanglória. Temos um exemplo santo em João Batista, que procurou exaltar a Cristo e rebaixava a si mesmo. João 1:15, "Aquele que está vindo é muito maior do que eu." É como se ele tivesse dito "eu sou, senão o arauto, a voz do que clama Cristo, que vem depois de mim, é o Príncipe. Eu sou apenas a estrela da manhã, Ele é o sol. Eu batizo apenas com água, Ele, com o Espírito Santo. Assim, ele coloca a coroa de honra sobre a cabeça de Cristo.
Que este seja o nosso principal objetivo - que possamos crescer mais no amor a Deus e nos tornarmos mais semelhantes a Ele, ter mais comunhão com Ele, e trazer mais honras renovadas para Ele. 1 Pedro 4:11 - "para que em todas as coisas, Deus seja glorificado." Devemos fazer tudo para a exclusiva glória de Deus. Como todos os rios correm para o mar, todas as nossas ações devem correr para Deus, o Oceano infinito!
12. Um cristão deve negar toda IMPIEADE. Tito 2:11-12: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente,". Os turcos dizem no seu Corão - que Deus não deu aos homens desejos lascivos para serem frustrados. A escritura não dá licença para pecar. Ela nos convida a negar as concupiscências ímpias. Um cristão deve negar sua malícia, vingança, a cobiça, a impureza, a superstição, e heterodoxia. Um homem pode muito bem ir para o inferno por uma opinião – assim como por uma vida cheia de vícios. E deixe-me especialmente citar dois pecados que o cristão deve negar:
Um cristão deve negar o pecado de censura ácida. Tiago 4:11, "Não fale mal uns contra os outros." Alguns fazem uma parte de sua religião criticar os outros. Você vai ouvi-los dizer: "Tal pessoa é orgulhosa, facciosa, e hipócrita". Tiago 4:12 - "Quem é você para julgar o outro?" Agostinho não podia suportar que alguém detratasse o bom nome dos outros.
A raiz da censura é o orgulho. A pessoa pensa que, ao tomar algo  da reputação de outros, ele deve acrescentar algo para si mesmo. Mas deixe aquele que se eleva sobre a ruína de outros a sua fama, ser avisado. Você acha que não é pecado matar um homem em seu nome? Você que é tão crítico, é para ser temido que você espie todas as falhas, menos as suas!
Oh cristão, olhe para o seu interior. Se você visse mais seus próprios pontos no espelho da Palavra, você não estaria tão pronto para jogar a pedra da censura em outros.
Um cristão deve negar seu pecado predileto. Salmo 12:23: "Eu guardei-me da minha iniquidade." Como há uma abelha rainha na colmeia, há naturalmente, um pecado mestre no coração. Isso deve ser negado. O diabo pode prender um homem rapidamente por um pecado. Um carcereiro pode prender rapidamente um prisioneiro por um grilhão. Um pecado é suficiente para parar a corrente de misericórdia. Um pecado pode condenar, tanto quanto uma pedra de moinho é o suficiente para afundar um homem no mar. Se houver algum desejo que não possamos negar, isto será uma raiz de amargura ou de escândalo ou apostasia.
13. Um cristão deve negar seus RELACIONAMENTOS. Lucas 14:26 - "Se alguém vem após mim e não aborrece a seu pai e mãe e esposa e filhos, ele não pode ser meu discípulo." O significado é, quando as relações carnais estão em competição com Cristo, ou ficam em oposição a Cristo, devemos aborrecê-las. Quando os nossos amigos se tornam armadilhas, e impedimentos para o nosso dever, devemos evitá-los! Aqui está a fé em Deus. "Se a minha mulher", disse Jerônimo, "se pendurasse sobre o meu pescoço, e me convencesse a negar a Cristo, eu deveria romper com ela e fugir para a cruz!" Quando Pedro agiu como um tentador, Cristo disse: "Para trás de mim, Satanás".
14. Um cristão deve negar sua condição para Cristo. Um coração carnal irá elogiar e professar a Cristo, mas não terá qualquer participação nEle. O jovem rico citado no evangelho de Cristo era ouvinte , mas não Seu seguidor . Como alguém disse: "Ele tinha desejos celestiais - mas um apetite terreno". Quando Cristo lhe disse: "Vende tudo o que tens e dá aos pobres", retirou-se triste - Mateus 19:22. Quando as riquezas estão unidas com um coração ruim, elas fazem muito mal. O mundo estava mais perto do coração do jovem do que Cristo.
15. Um cristão deve negar a sua vida por Cristo. Isto está, no texto, "Tome a sua cruz." Sofrer por Cristo deve ser voluntário e espontâneo. Aquele que sofre contra sua vontade - suporta a cruz; aquele que sofre voluntariamente - toma a cruz.
"Todos os que viverem uma vida piedosa em Cristo Jesus serão perseguidos." - 2 Timóteo 3:12. O diabo não tem ficado mais gentil. "Seu inimigo, o diabo, anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém para devorar!" - 1 Pedro 5:8.
Alguns pensam em reinar com Cristo, mas não em sofrer com Cristo.
A carne clama: a cruz é dolorosa! Há cravos na cruz que me rasgam!
Mas a nossa própria vida deve ser negada, sim, odiada por amor a Cristo. Lucas 14:26 - "Se alguém vem a mim e não odeia pai e mãe e sua própria vida, não pode ser meu discípulo." O amor por Cristo deve superar a vida. Apocalipse 12:11 - "Eles não amaram as suas vidas até a morte." Paulo levou a imagem de Cristo em seu coração como um santo, e a mensagem de Cristo em seu corpo como um mártir - Gálatas 6:17. Os valorosos cristãos primitivos tiveram tantos tormentos quanto tantas coroas, e se contentavam em derramar o seu sangue por Cristo, sabendo que iriam trocar suas vestes sangrentas - por brancas. O profeta Isaías foi serrado ao meio. Jeremias foi morto por apedrejamento. Amós foi morto com uma barra de ferro. Lucas foi enforcado em uma oliveira.
Eu li que Irineu foi levado para um lugar onde a cruz foi fixada de um lado e um ídolo no outro. Foi-lhe dada uma escolha: quer se curvar ao ídolo ou sofrer na cruz. Ele escolheu a segunda opção.
Basílio fala de uma virgem rica condenada ao fogo. Foi-lhe oferecido a sua vida se ela se curvasse a uma imagem. Ela respondeu: "Deixe a vida e o dinheiro irem; escolho a Cristo!"
Apesar de tudo o cristão não é realmente um mártir - ele ainda tem uma preparação de espírito, e está pronto para sofrer, se Deus o chamar. Lutero disse que preferia ser um mártir do que um monarca. Vamos, então, tomar a cruz.
Podem homens ímpios se contentarem em sofrer por seus desejos carnais, e não devemos sofrer por Cristo? Estamos olhando para os nossos sofrimentos como um distintivo de honra. Se recebermos honra quando somos censurados por causa de Cristo, tanto mais havemos de recebê-la quando morrermos por ele. 1 Pedro 4:14: "Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus." Nossos sofrimentos por Cristo propagam piedade. Paulo ao ser preso fez o evangelho se espalhar mais - Filipenses 1:12. Justino Mártir foi convertido à fé por contemplar a paciência heróica e coragem dos cristãos em seus sofrimentos.
A cruz leva à coroa . 2 Timóteo 2:12 - "Se sofrermos com Ele, também com Ele reinaremos". Quem não estaria disposto a se aventurar no mar, apesar de áspero e tempestuoso, se estivesse certo de ser coroado assim que desembarcasse? Perseguidores podem tirar de nós os nossos bens, mas não o nosso Deus. Eles podem tirar a nossa liberdade, mas não a nossa liberdade de consciência. Eles podem tirar a nossa cabeça, mas não a nossa coroa! Apocalipse 2:10.
Aquele que não pode negar a sua vida por Cristo, nega a Cristo. E aquele que se envergonha de Cristo, Cristo se envergonhará dele. Marcos 8:38: "Aquele que se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai, com os Seus santos anjos."






10 - Porque a Vida Eterna Demanda a Morte do Nosso Ego

Paulo poderia ter começado o 4º capítulo de 2 Coríntios com as palavras do verso 5:
“Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.”.
Porque para não pregarmos a nós mesmos, mas a Cristo é preciso trazer o morrer de Jesus em nosso corpo, em nosso ego, e em tudo que se refira à nossa própria vontade e desejos, que devem ser levados à morte na cruz, para que a vida de Jesus possa se manifestar através de nós (v. 10).
Esta mortificação progressiva de todas as áreas de nossas vidas há de ocorrer se tivermos uma chamada para o ministério, tal como Paulo a tivera, porque o ministério consiste em manifestar não a nós mesmos, mas o que é relativo à vida de Cristo.
E para isto o velho homem tem que ser despojado, para que a nova criatura se manifeste em poder nestes vasos de barro que são os nossos corpos mortais.
São vasos de barro porque têm a ver com o que herdamos da natureza terrena de Adão, que foi criada a partir do barro, dos elementos naturais deste mundo, que passa.
Todavia, a nova vida em Cristo é do céu, e o seu poder excelente pode se manifestar somente se a casca do velho homem com suas vontades e desejos for completamente quebrada através das tribulações, perplexidades, perseguições, e abatimentos, ao mesmo tempo que somos consolados e amparados pelo Senhor pela manifestação do Seu poder e amor, para que não sejamos angustiados, desanimados, desamparados e destruídos (v. 8, 9).
Esta será a experiência de todos aqueles que consagrarem efetivamente suas vidas ao serviço do Senhor.
Tal como Paulo, saberão, por experiência, o que significa trazer diariamente no corpo o morrer de Jesus para que a Sua vida possa se manifestar em nós.
Eles saberão por experiência que toda a mortificação que é operada neles, sobretudo no seu ego, tem o propósito de gerar a vida de Cristo nos seus ouvintes (v. 12).
Eles saberão que todo o seu dever é anunciar a fé em Cristo, e a Sua morte e ressurreição, para a nossa própria ressurreição, de modo que ministrando por amor aos homens, possam todos abundar em ações de graças, para a glória de Deus, por causa da multiplicação da graça em muitos corações (v. 13 a 15).
Eles saberão que um cristão em seu posto de trabalho, operando fielmente no Espírito, não desfalece e suportará e sofrerá tudo por amor a Cristo, ainda que o homem exterior se corrompa, isto é, que enfraqueça, enferme, envelheça, porque o homem interior, a saber, o Espírito é renovado gradual e diariamente por Deus, segundo o Seu próprio poder e glória (v. 16).
Assim saberá também que toda tribulação traz em si mesma um propósito de nos tornar mais íntimos e participantes da glória de Deus, e que se tornam leves e momentâneas comparadas ao peso das consolações e operações poderosas do Senhor no nosso corpo, alma e espírito.
Um cristão experimentado, como Paulo, saberá discernir a vida espiritual que não se experimenta por vista, mas por fé, que se firma não nas coisas visíveis que são temporais, mas nas invisíveis que são eternas.
Portanto, à luz de todas estas afirmações que o apóstolo faz nos últimos versos deste 4º capítulo, nós podemos entender melhor o que ele pretendia dizer nos seus quatro primeiros versículos.
Os que são de Cristo podem entender as palavras de Paulo, a saber, o evangelho da cruz de Cristo, mas não os incrédulos, porque seus entendimentos foram cegados pelo Inimigo, de modo que não podem enxergar a glória que há no evangelho, que produz a sua vida ressurrecta à medida que nosso velho homem vai sendo despojado, progressivamente, pela mortificação operada pela cruz.
Para o mundo isto não é glória, quando muito, masoquismo, porque não pode experimentar o poder da vida do Espírito que se manifesta naqueles que permitem a mortificação dos feitos do corpo pelo poder de Deus.  
Eles não podem entender que a cruz não é carregada para nos aniquilar, mas para gerar a vida eterna de Cristo, porque Ele veio a este mundo não para nos matar, mas para que tivéssemos vida, e vida em abundância.
Mas esta vida não pode ser experimentada, a não ser na nova criatura, gerada em nós pelo Espírito, e isto demanda a morte e despojamento progressivo dos atos pecaminosos do velho homem, trabalho este que é feito pela cruz que carregamos diariamente, para que o Espírito não somente mortifique o nosso pecado, como também manifeste a vida poderosa de Cristo em nós.

Enquanto o que prevalece é o eu, eu, eu ... posso, não posso; quero, não quero, jamais conheceremos o significado de ser conduzido pela vontade de Deus, e ser por ela capacitado a fazer voluntariamente e com amor o que seja necessário e contrário ao nosso querer, ao nosso sentir, e até mesmo tudo que não haja em nós habilidade e poder para fazer.
















2) ABORTO


ÍNDICE

1 - Dez Razões Porque é Errado Tirar a Vida de Crianças que Ainda Não Nasceram
2 - Salvando Bebês e Salvando Pecadores


1 - Dez Razões Porque é Errado Tirar a Vida de Crianças que Ainda Não Nasceram

Por John Piper

Isto não é uma defesa à humanidade da criança não-nascida. É um argumento de que, se a criança não-nascida é humana, não deve ser abortada. Existem alguns abortistas que acreditam que a criança não-nascida é um ser humano. Mas estes médicos fazem abortos regularmente de qualquer forma, pois acreditam que tirar uma vida inocente, mesmo sendo algo trágico, é justificável devido às circunstâncias que enfrentam mãe e filho. Alguns destes médicos querem ser cristãos e bíblicos, e não vêem que sua prática é errada. Escrevi este pequeno texto para que estes médicos reconsiderem.
1. O Senhor ordenou, “Não matarás” (Êxodo 20:13).
Eu tenho consciência de que alguns assassinatos são endossados na Bíblia. A palavra “matar” em Êxodo 20:13 é, em hebreu, “rahaz”. É usada 43 vezes no Antigo Testamento hebreu. Sempre significa violência, matança que na verdade é assassinato. Nunca é usada com o sentido de matar na guerra ou (com uma exceção, Números 35:27) em execuções judiciais. Existe uma diferença clara entre a morte legal (sentença de morte) e o assassinato ilegal. Por exemplo, em Números 35:19, “O vingador do sangue matará o homicida.” A palavra “matará” vem de “rahaz” que é proibida nos Dez Mandamentos. A expressão “sentença de morte” é uma expressão geral para descrever as execuções legais.
Quando a Bíblia fala de algum assassinato que seja justificado, está se referindo a Deus partilhar alguns de seus direitos com as autoridades civis. Quando o estado age como preservador da justiça e da paz enviado por Deus, tem o direito de “fazer debalde a espada” como é citado em Romanos 13:1-7. Este direito do estado sempre é exercido para punir o mal, nunca para atacar o inocente (Romanos 13:4).
Portanto, “não matarás,” é uma denúncia clara e retumbante da matança de inocentes crianças ainda não-nascidas.
2. A destruição da vida humana concebida — seja ela embrionária, fetal ou viável — é uma violação da obra única de formar as pessoas que só Deus faz.
Podemos citar alguma coisa das Escrituras relacionada ao que está acontecendo quando uma vida que está no ventre é abortada? Salmos 139:13 diz: “Pois possuíste os meus rins; cobriste-me no ventre de minha mãe.”
O mínimo que podemos extrair deste texto é que a formação da vida de uma pessoa no ventre é uma obra de Deus. Deus é quem “possui” e quem “cobre”, nesta passagem. Além do mais podemos dizer que a formação de vida no ventre não é um mero processo mecânico, é algo semelhante à tecelagem ou até mesmo ao tricô: “cobriste-me no ventre de minha mãe.” A vida da criança ainda não nascida é a tecelagem de Deus, e o que ele está tecendo é um ser humano a sua semelhança, diferente de qualquer outra criatura no universo.
A outra passagem, menos conhecida, está no livro de Jó. Ele atesta nunca ter rejeitado os pedidos de seus serviçais, mesmo que naquela cultura as pessoas considerassem os serviçais meros objetos. O que merece atenção aqui é como Jó argumenta.
Jó 31:13-15 diz: “13)Se desprezei o direito do meu servo ou da minha serva, quando eles contendiam comigo; 14)Então que faria eu quando Deus se levantasse? E, inquirindo a causa, que lhe responderia? 15) Aquele que me formou no ventre não o fez também a ele?Ou na nos formou do mesmo modo na madre?”
O versículo 15 nos dá a razão pela qual Jó seria culpado se ele tratasse um de seus serviçais de maneira desigual. A questão não é realmente o fato de que um nasceu livre e o outro nasceu na escravidão. A questão é anterior ao nascimento. Quando Jó e seus serviçais estavam sendo formados no ventre, o encarregado por este trabalho era Deus. Esta é a premissa das palavras de Jó.
Então ambos, Salmo 139 e Jó 31, dão ênfase ao fato de ser Deus o principal trabalhador — cuidador, formador, tecelão, criador — no processo de gestação. Por que isso é importante? É importante porque Deus é o único capaz de criar uma pessoa. As mães e os pais podem contribuir com um óvulo impessoal e com esperma impessoal, mas apenas Deus cria uma pessoa independente. Então, quando as Escrituras dão ênfase ao fato de que Deus é o cuidador e formador no ventre, deve-se destacar que tudo que acontece no ventre é obra de Deus, que é a formação de uma pessoa. Do ponto de vista bíblico, a gestação é a obra de Deus para formar uma pessoa.
Podemos ter uma discussão sem fim sobre o que é uma pessoa completa. Mas podemos dizer com muita confiança: o que está acontecendo no ventre é a obra de Deus para formar uma pessoa, e somente Deus sabe quão profunda e misteriosa é a criação de uma pessoa. Portanto, é arbitrário e injustificado presumir que com relação a qualquer parte tecida desta pessoa, sua destruição não será uma agressão às prerrogativas de Deus o Criador.
Em outras palavras: a destruição de uma vida humana — seja ela embrionária, fetal ou viável — é uma agressão ao trabalho único de formar pessoas, feito por Deus. O aborto é uma agressão a Deus, não só ao homem. Deus faz seu trabalho único no ventre desde o momento da concepção. Este é o testemunho claro do Salmo 139:13 e de Jó 31:15.
3. O aborto está relacionado com o que a Bíblia condena repetidamente: “derramar o sangue dos inocentes.”
A expressão “sangue inocente” aparece cerca de 20 vezes na Bíblia. O contexto é sempre o mesmo: condena aqueles derramam o sangue ou adverte as pessoas para que não o façam. O sangue inocente inclui o sangue das crianças (Salmos 106:38). Jeremias coloca este assunto no contexto de estrangeiros, viúvas e órfãos: “Assim diz o Senhor: Exercei o juízo e a justiça, e livrai o espoliado da mão do opressor, e não oprimais ao estrangeiro nem ao órfão, nem à viúva; não façais violência, nem derrameis sangue inocentes neste lugar.” Com certeza o sangue da criança ainda não nascida é inocente.
4. A Bíblia freqüentemente expressa a alta prioridade que Deus coloca na proteção, abastecimento e defesa dos mais fracos e mais oprimidos membros da comunidade.
Por muitas e muitas vezes lemos sobre o estrangeiro, a viúva e o órfão. Esta é principal preocupação de Deus e deveria ser a principal preocupação de seu povo.
“O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás; pois estrangeiros fostes na terra do Egito. E nenhuma viúva ou órfão afligireis. Se de algum modo os afligires, e eles clamarem a mim, eu certamente ouvirei o seu clamor. E a minha ira se acenderá, e vos matarei à espada; e vossas mulheres ficarão viúvas, e vossos filhos órfãos” (Êxodo 22:21-24).
“Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no seu lugar santo” (Salmo 68:5).
“Fazei justiça ao pobre e ao órfão; justificai o aflito e o necessitado. Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios” (Salmos 82:3-4).
“Matam a viúva e o estrangeiro, e ao órfão tiram a vida.” “E trará sobre eles a sua própria iniqüidade; e os destruirá na sua própria malícia; o Senhor nosso Deus os destruirá” (Salmos 94: 6, 23).
5. Ao julgar uma vida humana difícil e trágica como mais maligna do que tirar uma vida, abortistas contradizem os ensinamentos bíblicos de que Deus ama mostrar seu poder de Graça através do sofrimento, não apenas ajudando as pessoas a evitarem o sofrimento.
Isso não quer dizer que devemos procurar o sofrimento para nós mesmos ou para os outros. Quer dizer que o sofrimento é retratado na Bíblia como necessário e ordenado por Deus, apesar de não agradar a Deus a difícil situação deste mundo arruinado (Romanos 8:20-25, Ezequiel 18:32), e especialmente aqueles que irão entrar no paraíso (Atos 14:22; Tessalonicenses 3:3-4) e vivem vidas de deuses (2 Timóteo 3:12). Este sofrimento nunca é visto como mera tragédia. Também é visto como meio para crescimento em Deus e meio para tornar-se forte nesta vida (Romanos 5:3-5; Tiago 1:3-4; Hebreus 12:3-11; 2 Coríntios 1:9; 4:7-12; 12:7-10), para tornar-se glorioso na vida que estará por vir (2 Coríntios 4:17; Romanos 8:18).
Quando abortistas argumentam que tirar uma vida é menos maldoso do que deixar sofrer, estão querendo ser mais sábios do que Deus, que nos ensinou que sua Graça é capaz de atos maravilhosos de amor através do sofrimento daqueles que vivem.
6. É um pecado justificar o aborto no fato de que todas estas crianças irão para o céu ou terão uma vida completa na sua ressurreição.
Esta é uma boa esperança quando o coração está partido por causa das penitências e está à procura de perdão. Mas é maldade justificar o ato de matar com a felicidade da eternidade daquele que irá morrer. A mesma justificativa poderia ser usada para matar crianças de 1 ano de idade, ou qualquer outra pessoa que acreditasse no paraíso. A Bíblia apresenta a seguinte questão: “Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?” (Romanos 6:1). E também: “Façamos males para que venham bens?” (Romanos 3:8). Em ambos os casos ressoa um NÃO. É presunçoso tomar o lugar de Deus e querer controlar o céu ou o inferno. Nosso dever é obedecer a Deus, não querer ser Deus.
7. A Bíblia nos ordena a resgatar nosso vizinho da morte.
“Resgata aqueles que estão sendo levados pela morte; segure aqueles que se deparam com a matança. Se você disser, Não sabemos disso, será que Ele que conhece o coração das pessoas não irá perceber? Será que Ele, que vigia a sua alma, não saberá, e será que Ele não irá retribui o homem de acordo com o seu trabalho?”
Não existe razão cientifica, médica, social, moral ou religiosa para colocar a criança em uma classe tal que este texto não se aplique a ela. É uma desobediência a este texto abortar uma criança ainda não-nascida.
8. Abortar uma criança ainda não-nascida vai contra a repreensão de Jesus àqueles que desprezam as crianças como sendo não-dignas da atenção do Salvador.
“E traziam-lhe também meninos, para que ele lhes tocasse; e os discípulos, vendo isto repreendiam-nos. Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais porque dos tais é o reino de Deus” (Lucas 18:15-16). A palavra meninos também é usada para denominar a criança não-nascida no ventre de Isabel em Lucas 1:41,44.
“E lançando mão de um menino, pô-lo no meio deles e, tomando-o nos seus braços, disse-lhes: Qualquer que receber um destes meninos em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber, recebe, não a mim, mas ao que me enviou. (Marcos 9:36-37).
9. Cabe somente a Deus, o Criador, dar ou tirar uma vida humana. Não é nosso direito pessoal fazer esta escolha.
Quando Jó ficou sabendo que todos os seus filhos tinham sido mortos, ele ajoelhou-se para adorar ao Senhor, e disse: “Nu sai do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor” (Jó, 1:21).
Quando Jó falou sobre vir do ventre de sua mãe, disse, “o Senhor deu.” E quando Jó falou em morrer, disse, “o Senhor o tomou.” Vida e morte são as prerrogativas de Deus. Ele é que dá e quem tira nesta vida. Não temos o direito de fazer escolhas pessoais sobre este assunto. Nosso dever é cuidar do que nos dá e usar isto em Sua glória.
10. Por fim, ter fé em Jesus Cristo traz o perdão e a consciência limpa e nos ajuda através da vida e para a eternidade. Cercados por um amor tão onipotente, cada seguidor de Jesus está livre da ganância e do medo que podem seduzir uma pessoa a procurar por estas verdades para obter riqueza e evitar a repreensão.




2 - Salvando Bebês e Salvando Pecadores

Por John Piper

Eu me sinto frustrado por ter somente uma vida a viver para Cristo. Esta manhã (segunda-feira) após o café da manhã eu estava novamente angustiado, muito aflito, ao pensar nas milhares de crianças que não vem a nascer, e são legalmente esmagadas até a morte por instrumentos médicos esterilizados. Eu deitei na cama e fiquei olhando para o teto. A imensidão de horror das perninhas e bracinhos e cabecinhas sangrentos, desmembrados e empilhados em um lençol ambulatório que vai e volta várias vezes.

Por três anos Noël e eu vivemos a poucos quilômetros de Dachau, o campo de concentração perto de Munique, na Alemanha. Está aberto ao público. Há fotos. É só por causa das imagens que acreditamos que isso aconteceu. Sem imagens não haveria crença. Nós andamos através das câmaras de gás. Andamos pelas salas de forno. Nós andamos entre os beliches empilhados. Mas isso não é real. Eles são como adereços. Tudo não aconteceu exatamente aqui neste mesmo lugar. Não é verdade.

Mas depois vieram as fotos. As imagens não mentem. Tudo pode mentir, exceto as imagens. Podemos escapar tudo, exceto as fotos. As fotos causaram indignação por todo o mundo. Sem as imagens isto é inimaginável, não pode ter sido assim. Ou: sim, pode ter sido assim, mas eu não posso chegar perto de sentir o que eu deveria sentir - não posso sem as imagens.

Assim também é com o aborto. São as imagens que me chocam esta manhã - as cenas incríveis de Eclipse of Reason, (Eclipse da Razão), e as fotografias de cadáveres legalmente mutilados. O que devo fazer? Teriam petições e orações sido realmente suficientes na Alemanha Nazista?

Mas, então, eu penso na imensidão e horror do pecado da não crer em Deus. Eu penso na realidade do inferno e nas palavras-imagens contidas na Bíblia ("A fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite..." Apocalipse 14:11).

E fica claro para mim que é uma inconsistência absoluta, como cristão, sentir-se indignado com o holocausto do aborto, mas não com o holocausto dos pecadores que perecem na incredulidade. Matar bebês é um mal terrível e sua destruição é infernal. Mas não confiar em Deus é um mal ainda mais horrendo e a destruição de pessoas incrédulas não é infernal, mas o inferno.

Portanto, eu estou frustrado que eu tenho apenas uma vida para viver para a glória de Cristo. Uma vida deve certamente ser dedicada a parar a carnificina (devemos falar graficamente ou mentimos) do aborto. E outra vida deve certamente ser dedicada a salvar as pessoas do inferno.

O que devo fazer? Qual é a solução para a minha frustração? A solução é a diversidade dos membros da Igreja de Jesus Cristo. Eu não posso ir a todos os povos não alcançados do mundo com as boas novas do perdão. Não posso passar todo o tempo que gostaria escrevendo e falando e viajando e agitando pela a causa das crianças ameaçadas. A única solução que eu conheço é você!

Que terror no mundo de hoje te causa mais dor? Aonde você vai derramar-se nos poucos anos que temos antes de darmos conta ao justo Juiz de toda a terra?

Buscando a face de Deus,

Pastor John

















3) ACEITAÇÃO E FILIAÇÃO


ÍNDICE

1 - Aceitos no Amado (devocional)
2 - Aceitos no Amado (sermão)
3 - Aceitos por Causa da Justificação


1 - “Aceitos no Amado." (Efésios 1.6)

Que condição privilegiada!
Isto inclui a nossa justificação diante de Deus, mas o termo "aceitação" no grego significa mais do que isso. Significa que nós somos objeto da divina complacência, ou melhor, até mesmo do prazer divino .
Quão maravilhoso é que nós, vermes, mortais, pecadores, sejamos objeto do amor divino! Mas isto é somente  "no Amado".
A alguns cristãos parece que são aceitos em sua própria experiência, pelo menos, essa é a sua apreensão. Quando seus espíritos estão animados, e suas esperanças acesas, eles acham que Deus os aceita, porque se sentem tão elevados, tão celestialmente em espírito, tão elevados acima da terra!
Mas quando suas almas se apegam ao pó, eles são as vítimas do medo de que não sejam mais aceitos. Se eles pudessem ver que todas as suas altas alegrias não lhes exaltam, e todos os seus desânimos realmente não lhes rebaixam aos olhos de seu Pai, mas que são aceitos nAquele que nunca muda, nAquele que é sempre o amado de Deus, sempre perfeito, sempre sem mancha nem ruga, nem coisa semelhante, quão mais felizes seriam, e quanto mais iriam honrar o Salvador!
Alegrai-vos, então, cristãos, nisto: tu és aceito “no amado". Tu olhas para o teu interior, e dizes: "Não há nada aceitável aqui !" Mas olhe para Cristo, e  veja se não é tudo aceitável nEle.
Os teus pecados te perturbam; mas Deus lançou os teus pecados para trás, e tu és aceito no Justo. Tu tens que lutar com a corrupção do pecado, e  lutar contra a tentação, mas tu já és aceito nEle que venceu os poderes do mal.
O diabo te tenta: tem bom ânimo, ele não pode destruir-te, pois tu és aceito nAquele que tem esmagado a cabeça de Satanás. Conheça por completa garantia o teu glorioso levantar. Mesmo as almas glorificadas não são mais aceitas do que tu és. Eles somente são aceitos no céu "no Amado", e tu és agora mesmo aceito em Cristo da mesma maneira.

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.



2 - Aceitos no Amado

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

"Aceitos no Amado." (Efésios 1.6).

Não vou tentar fazer mais do que simplesmente trazer a verdade de Deus e deixá-la com você. Belas palavras e frases espalhafatosas, com um texto como este, seria uma vã tentativa de "pintar o lírio e dourar o ouro refinado. Há uma profundidade de doçura neste texto que faz o ouvido e o coração santificado ficarem alegres em plenitude. "Aceitos no Amado."
"O Bem-Amado." Nós todos sabemos a quem se refere. Nosso Senhor é o Amado de Deus. Deus é Amor, e Cristo é de Deus. Ele é um com o Pai Eterno e nunca seria possível para nós entendermos qual é a profundidade que existe entre o amor do Pai e do Filho - em sua Divindade essencial. Jesus é o Amado de anjos que cantam louvores a "Aquele que era, que é e que há de vir." Ele é o Amado de todos os que estão vestidos de branco que lavaram as vestes no Seu sangue e que cantam, "Àquele que nos amou, e nos lavou de nossos pecados no seu sangue, a Ele seja a glória." Ele é o Amado de seus santos, que ainda estão lutando  aqui em baixo.
O Bem-Amado. Não somente Amado, mas, "o Amado". Este é um nome para todos os santos, "amados", porque que João escreve muitas vezes em suas epístolas: "Amados, agora somos filhos de Deus." Toda a família é composta de amados, mas Cristo, o irmão mais velho, é "o Amado". Ele é especialmente amado, o mais escolhido, o principal, que nisto tem a preeminência. Quantas vezes Deus testemunhou a respeito de que ele era "o Amado", quando Ele disse: "Este é o meu Filho amado".
Para nós, os santos, Ele é o nosso Esposo Amado. Nós cantamos para Ele, como no livro de Cantares de Salomão", "meu amado é meu, e eu sou dele." Eu tenho uma mansão em Seu coração, nem a morte, nem o inferno podem nos separar.
A primeira coisa que eu vejo no texto é que "o Amado" é aceito por Deus. A segunda coisa que eu vejo é que os santos são aceitos "no Amado".
Jesus é aceitável a Deus Pai em Seu caráter. Deus é perfeitamente puro. Ele não pode suportar o menor vestígio de pecado e Jesus é "santo, inocente, sem mácula, separado dos pecadores." Deus não pode contemplar o pecado, pois é abominável à Sua natureza, mas Ele pode olhar para Cristo, pois "Nele não havia pecado." "O príncipe deste mundo vem", diz Ele, "mas não tem nada em mim." "Deus é Amor", e para ser aceitável a Deus no caráter, é preciso estar cheio de amor. Agora Jesus é quem responde perfeitamente às demandas de tal amor! Já houve alguém que teve compaixão daqueles que são pecadores e ignorantes? Já houve um coração terno como aquele que brilhou no peito do Mestre e olhos como os Seus que brilhavam de amor? Ele era uma massa de amor! Ele era o amor realizador e amor sofredor. O amor O fez viver como Ele viveu. O amor o fez morrer como Ele morreu! E o amor ainda permeia a Sua natureza, agora que Ele vive nas alturas celestiais – Ele ainda ama os filhos dos homens. Uma vez que Deus é amor, e Cristo é cheio de amor, então Seu caráter é adequado a Deus. Você não deve encontrar qualquer coisa em Cristo Jesus, que não se conforme com a divindade. Veja-o onde quiser, Ele é humilde, manso e humilde, mas ele ainda é augusto e sublime. Mesmo quando Ele coloca o traje do camponês sem costura , que veste e encobre a Divindade isto lhe convém melhor do que o manto de púrpura convém a César no trono! Se Ele distribui esmolas, ou diz: "Tenho sede". Se Ele é sacudido pela tempestade no mar da Galiléia, se Ele repreende as ondas, se ele se sente disposto a morrer em sofrimento e a fraqueza do homem é mais aparente, ainda assim é mais consistente com o caráter de Deus, porque o centurião que estava olhando para a cruz, disse: "Certamente este era o Filho de Deus."
Então, meus irmãos e irmãs, Deus ama o que é incorruptível. Agora, nosso Salvador foi tentado muitas vezes, mas ele nunca foi corrompido! Ele foi tentado e subornado com a oferta de um reino e, mais de uma vez, foi ameaçado com toda a ira dos homens, mas Ele nunca deixou por um só momento de ser íntegro!
O motivo de Jesus Cristo, que veio aqui em baixo, era totalmente altruísta. "Embora fosse rico", e não tinha nada a ganhar, "mas por amor de nós se fez pobre, para que nós" (e não ele mesmo) "pela Sua pobreza pudéssemos ser feitos ricos." (ricos, principalmente da Sua própria santidade e vida – nota do tradutor). Dele pode realmente ser dito que: "Ele salvou os outros, mas não pôde salvar a Si mesmo." "Sendo achado na forma de homem, humilhou-se e tornou-se obediente até a morte." Ele esvaziou-se para nós, e tudo por puro amor por aqueles que não tinham amor a Ele, com afeto desinteressado àqueles cujo melhor retorno é apenas um débil obrigado.
Jesus veio para que a Justiça de Deus pudesse ser cumprida. Ele está reivindicando a Justiça Eterna e a severidade de Deus pelas Suas obras, pelos Seus sofrimentos e pelo sacrifício de Si mesmo até a morte! Ele deve, então, movido por um motivo tão elevado como este, ter sido infinitamente aceitável para o Céu!
Ele era, então, aceitável em Sua Pessoa, aceitável em seu caráter e aceitável em Sua motivação interior, e também era aceitável em toda a obra que Ele fez na Terra.
Ele nunca pensou em voltar atrás por um só momento do desejo de pagar o preço excelente do resgate que seria a libertação do Seu povo da escravidão eterna! Não pode haver qualquer dúvida em suas mentes, senão que o bendito Advogado e Fiador de nossas almas deve ser aceito diante do Senhor, na altura, e na profundidade, e no comprimento, e na largura de uma aceitação que dificilmente podemos entender.
Os crentes são aceitos "no Amado", ou seja, em Cristo. Como estão os crentes em Cristo? Eles estão em Cristo como Seu representante. Assim como toda a raça humana estava nos lombos de Adão, por isso todo o povo eleito estava nos lombos de Cristo. Ele é o grão de trigo, que foi lançado no chão para morrer, para que agora dê muito fruto. Estamos em Cristo como o ramo está na vinha, como a pedra está no prédio. Estamos em Cristo como os membros estão na cabeça.
Então, agora, ainda mais, bendito seja o Seu nome, estamos nele por uma união vital. Há uma unidade viva entre Cristo e Seu povo, como entre marido e mulher, entre o ramo e o caule. Nós somos um com Ele pela união vital. Você já percebeu isso? E nós somos um com Ele por um decreto fixado por Deus que nunca será quebrado. "Quem nos separará do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor?" Quem deve arrancar um membro do corpo sagrado de Jesus? Quem deve cortar um ramo realmente vivo da vinha celestial? Ele preserva aqueles que estão nele! Ele nos cobre com as suas penas e debaixo das suas asas estamos seguros - Sua verdade é o nosso escudo e broquel!
Caro amigo, nunca se esqueça que Deus não trata contigo como um indivíduo - Ele trata contigo, como estando em Cristo. Se você fosse tratado como um indivíduo, você iria perecer, pois você teria a certeza de cair. Você é tão fraco e frágil e apto para o pecado, que, com as melhores resoluções e intenções, você certamente se desviaria, e, portanto, o bendito Sumo Sacerdote (Cristo) o colocou em um lugar seguro - Deus colocou você em Cristo! E agora os seus interesses são os interesses de Cristo.
Os santos são "aceitos no Amado." Suas pessoas são aceitas. Parece incrível que nós, que não temos qualquer recomendação pessoal, senão muito que pode nos tornar desagradáveis a Deus, somos, contudo, aceitáveis em nossas pessoas, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor!
Deus não olha de acordo com a aparência, mas Ele olha para o coração. E sempre que ele vê uma simples confiança em Jesus, a nossa pessoa é aceitável a Ele, porque não olha para nós como nós somos, mas olha para nós através de Cristo! Ele olha através das chagas de Jesus sobre nós, pobres pecadores.
O amor com que Ele ama Seu Filho, esse é o Seu amor por nós! ""
Agora, porque a pessoa foi aceita, o próximo passo é que as nossas orações e louvores são "aceitos no Amado."
E, irmãos e irmãs, assim também ocorre com todo o trabalho que fazemos para Cristo e todos os dons que manifestamos.




3 - Aceitos por Causa da Justificação

A Bíblia ensina claramente que a carne é inimizade contra Deus.
Que aquele que ama o mundo é inimigo de Deus.
Éramos seus inimigos porque não éramos justos aos seus olhos de perfeita justiça e santidade.
E mesmo nos cristãos, que vivem na carne, há guerras, lutas, divisões, contendas, porque a falta de santificação impede um relacionamento pacífico, harmonioso, em unidade em amor.
Mas, mesmo nestes, por causa de Jesus Cristo, a guerra relativa à sua inteira aceitação por Deus acabou, porque são completamente justos aos seus olhos pela salvação que obtiveram em Cristo e que lhes deu acesso à glória da perfeição que terão no céu.
Podem portanto viver e agir como inimigos de Deus, amando o mundo e dispondo suas energias para a carne, e certamente serão por Ele disciplinados, mas são agora filhos amados, por causa da justificação gratuita que receberam pela misericórdia de Deus em Cristo Jesus.
Foi por conhecer isto e por viver isto, que Paulo se dirigia aos cristãos carnais coríntios, chamando-os de filhos amados, mesmo quando muitos deles estavam sendo disciplinados com enfermidades e até a morte física, que procedia de Deus, em razão da sua carnalidade ostensiva, e que renitentemente, muitos deles se recusavam a abandonar.
O nosso coração está corrompido e é ele a fonte do pecado. Pecadinhos ou pecadões cheiram mal nas narinas perfeitamente santas de Deus. Todos somos condenáveis sob a Sua perfeita e inflexível justiça. Somos livrados desta condição somente por causa de Jesus Cristo.

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