sexta-feira, 23 de outubro de 2015

85) Juízo e Ira 86) Justiça

85) JUÍZO E IRA

ÍNDICE

1 - O JUÍZO PERFEITO PRESERVA O AMOR
2 - Honra ou Vergonha e Horror Eternos
3 - Aqueles que Julgam os Outros São Julgados
4 - Julgamentos de Vida
5 - Depois da Morte Há o Juízo
6 - Cada Um Levará Seu Próprio Fardo
7 - Juízo
8 - Importa Julgar Além da Aparência
9 - Deus é Juiz mas Também Misericórdia
10 - As Consequências da Morte de Cristo
11 - Como Enfrentar a Ira
12 - Julga com Amor Segundo a Reta Justiça
13 - Ira
14 - Jesus é o Juiz de Toda a Terra
15 - Juízos Que Se Tornaram Exemplos para Nós
16 - Julgados Pela Lei da Liberdade
17 - Juízos Localizados por Misericórdia para nos Alertar que o Pecado Gera a Morte
18 - “do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.” (João 16.11)


1 - O JUÍZO PERFEITO PRESERVA O AMOR

A EXIGÊNCIA DA JUSTIÇA DE DEUS é que o homem deve ser perfeitamente santo como Ele é santo.
Afinal, criou o homem para este propósito.

A REIVINDICAÇÃO DO AMOR DE DEUS é que o homem deve amá-lo com o mesmo amor com que Ele nos ama.

A EXIGÊNCIA DO SEU JUÍZO é que o que nele crê seja salvo, e o que não crê condenado.

A EXIGÊNCIA DA SUA MISERICÓRDIA é que o homem seja perfeito em misericórdia tal como Ele é misericordioso.

Estas perfeições exigidas também se aplicam à bondade divina, longanimidade, alegria, e a elas devem ser acrescidas as relativas ao nosso dever de cultuá-lo, adorá-lo, servi-lo e também amar ao nosso próximo.

CONCLUSÃO: Sem o perdão e salvação de Cristo o homem está perdido.

É desta forma que se deve fazer uma correta apreciação da medida da relação do amor de Deus com os seus juízos.

Se for feita uma avaliação apressada e sem levar em conta todos os seus atributos, é bem possível que se chegue a uma conclusão errada, principalmente no que respeita a não se entender como Ele pode ser amor, e ao mesmo tempo condenar pessoas a um juízo de condenação eterna.

Por incrível que pareça, é justamente pelos juízos que executa com perfeição e reta justiça, que o amor é preservado e garantido.

Se o mal não fosse punido, e o bem fosse condenado, o amor seria totalmente arruinado.

Haveria a perversão do direito garantido pelo que existe no próprio ser divino.

As demandas da justiça o exige, e o próprio pecador clama por ser julgado, como também as suas causas, por um juiz que julgue com justiça exata.

As ofensas não perdoadas e continuadas, permanecem ferindo, magoando os ofendidos, e enchendo os corações dos ofensores de ódio, de ira, de violência e de taras. E porventura tudo isto, não é o oposto do amor?

Como poderia então Deus ser amor, fechando os olhos para tudo aquilo que se faz de errado?
E que contraria os próprios princípios da natureza implantados na consciência humana?

Os céus reclamam, e a terra também reclama, para que o Grande Juiz continue no seu trono, cuja base é justiça, paz e segurança, para o conforto e encorajamento dos que amam.

Todavia, devemos ir um pouco além de tudo isto, e para sermos justos em medida correta, deve ser dito que Deus provou o Seu amor dando-nos o Seu próprio Filho Jesus Cristo, que se fez maldito no nosso lugar, para que pudéssemos ser perdoados, e capacitados pela Sua vida e graça, pelo Espírito, a viver no amor e na justiça do modo que é por Deus exigido.

Embora ainda imperfeitos neste tempo, somos salvos na esperança, por um decreto divino, daquilo que ainda seremos, quando partirmos para estarmos para sempre com Ele, nas perfeições da Sua glória.






2 - Honra ou Vergonha e Horror Eternos

“Daniel 12:2 Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.
Daniel 12:3 Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente.”

Felizes são todos aqueles que dão a devida consideração a esta palavra profética revelada a Daniel, por serem sábios e buscarem a justiça que está sendo oferecida gratuitamente a todos os pecadores em Cristo.
Judas é o representante de uma categoria numerosa de pessoas que permanecem debaixo das misericórdias de Deus e partilham do conhecimento das coisas celestiais, mas tudo o que fazem é devolver grande ingratidão e traição ao Senhor.
Eles não podem desprezar e abandonar os benefícios da Sua infinita bondade, relativa à provisão natural e manutenção de suas vidas físicas, bondade esta que ele derrama abundantemente sobre todos, mas a própria pessoa e vontade de Deus configuram um grande aborrecimento para eles, porque nada desejam senão apenas viver segundo os seus próprios desejos e critérios.
Para eles, tudo... mas para Deus, sequer migalhas do seu tempo. Para os seus próprios interesses, todo o empenho... para o reino de Deus e Sua obra, nada.
Todavia, caminham neste mundo, ao lado daqueles que assim como eles também se dizem cristãos, sejam autênticos seguidores de Cristo ou não.
Podem chegar a usar até mesmo suas mentes e mãos em afazeres religiosos, mas nunca será achado nestes empenhos, o seu coração.
Não podem estar afeiçoados ao Senhor porque nada possuem de fato em seus espíritos para lhe consagrar. Como podem dar o que não receberam. Uma vez tendo se endurecido à recepção da Sua graça para a transformação do coração, permanecerão na mesma condição de endurecimento que lhes impossibilita de amar com o mesmo amor com o qual Cristo nos ama.
E pensar que o Senhor tem feito chover constantemente a sua graça sobre eles, mas como um solo impermeável não permitem ser penetrados por ela, por saberem que isto lhes custará a negação do ego e o abandono de tantos pecados e costumes que Deus abomina, e que no entanto, lhes são tão queridos.
Então, consideram melhor não dar ouvido à consciência quando debaixo da convicção do Espírito Santo e da Palavra de Cristo, e preferem criar uma forma de engano próprio com aparência de verdadeira devoção e piedade externa, que pode até mesmo enganar a muitos quanto à sinceridade da sua profissão de fé, por a considerarem verdadeira. Mas o Deus que não pode jamais ser enganado e que tudo sabe e conhece a respeito do nosso coração, pensamentos e intenções, não concederá o perdão eterno a quem não reconhece o mal de seus pecados, e que não pretende confessá-los para o fim de purificação.
E pensar que em tudo isto está selado um destino eterno, seja para a honra ou para a vergonha e o horror eternos.







3 - Aqueles que Julgam os Outros São Julgados

“Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus? Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento? Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus,” (Rom 2.3-5)

A natureza humana é a mesma em todas as épocas e em todos os lugares; as circunstâncias externas podem fazer uma diferença externa;  mas internamente, cada homem é igualmente alienado de Deus, e precisa da salvação revelada no Evangelho. Provar isso, é o propósito dos três primeiros capítulos desta epístola aos Romanos.
No capítulo anterior, isto é provado, em referência aos os gentios, e neste, em referência aos judeus.
Havia entre os gentios alguns que em seus discursos públicos inculcavam uma pura moralidade mais do que era geralmente praticada, mas em sua própria vida e conversação eram culpados dos mesmos crimes que condenavam, e isso pode  ocorrer até o dia de hoje entre aqueles que se professam cristãos.
Por inveja ou falta de caridade, há uma disposição em todos para verem os outros sob uma luz desfavorável, ao mesmo tempo em que eles próprios são faltosos, quer da mesma forma, ou em outras diferentes daquelas que condenam.
Com efeito, tão extrema é a cegueira da natureza humana, que, quanto mais alguém está sob o domínio de orgulho ou vaidade, ou cobiça, tanto mais ele odeia aqueles nos quais estes mesmos males predominam. O homem orgulhoso não pode suportar o orgulho, e assim com os demais.
Mas, se esta disposição se manifesta entre iguais, muito mais ocorre entre aqueles que estão colocados a uma certa distância um do outro, seja esta diferença em idade, grau, ou relação, ou em hábitos e  disposições gerais. O velho condena as loucuras da juventude, e os jovens a seriedade dos velhos. O ricos não toleram a ociosidade ou desonestidade dos pobres; e os pobres, são contra o egoísmo e a opressão dos ricos. Os pais se queixam de seus filhos, e os filhos, de seus pais. Os mestres, de seus servos, e os servos, de seus senhores. E da mesma forma, o fanático e o pensador livre, o filho pródigo e o mesquinho, o eremita e o farrista, todos olhando suas próprias falhas, e condenando sem reservas os defeitos característicos dos outros.
No mundo, para aqueles que professam ser religiosos é, como geralmente ocorre, o maior de todos os defeitos; não há outro tão pouco tolerado, tão universalmente condenado. Nomes infamantes são universalmente colocados no piedoso, e o título atual, seja ele qual for, é suficiente para fazer um homem desprezado, evitado e temido, como um incômodo público para todo o mundo. Suponhamos por um momento que pessoas religiosas fossem imprudentes em colocar um tão grande estresse sobre a religião, que não haveria mal em negligenciar nosso Deus e as almas imortais? Mas o mundo ignoraria tudo com a sua impiedade peculiar, como se não houvesse nenhum mal nisso, e não estabeleceria limites para as suas investidas contra aqueles que servem e honram a Deus.
Pode-se pensar que o entusiasta selvagem é o único objeto de sua aversão; mas foram os apóstolos entusiastas selvagens? Foi nosso bendito Senhor falto em sabedoria e prudência? No entanto, eles foram todos considerados "como o lixo do mundo, e a escória de todas as coisas", e os próprios homens inescrupulosos subornaram falsas testemunhas, e encharcaram suas mãos com o sangue de um homem inocente, porque não conseguiram encontrar qualquer mal neles próprios, senão apenas naqueles que eram os objetos de sua aversão implacável.
Se surgir uma ocasião em que um líder de religião atue de modo indigno de sua profissão, isto é uma causa de triunfo para um mundo ímpio! Com que júbilo são seus defeitos imputados a todo o corpo de pessoas religiosas, e todos eles são condenados como sendo igualmente hipócritas! Os pecados dos ímpios e profanos são reputados por eles como nada em comparação com a sua falta; e toda a Igreja de Deus é difamada, e o próprio Deus também é blasfemado, por aprovar e justificar, segundo eles, a iniquidade que foi cometida.
Seria bom se essa parcialidade no julgamento fosse confinada ao ímpio, mas há uma grande tendência para isto naqueles que professam a religião. Sem dúvida, à medida que a verdadeira humildade é formada no coração, esta má disposição será mortificada, mas na proporção em que o orgulho e a vaidade não são subjugados, o mal de falta de caridade irá traí-lo. Temos um exemplo mais notável disto em Davi, quando teve uma recaída num estado grave de separação de Deus. Quando Natã lhe disse de um homem que tinha tomado o cordeiro do pobre, eis que nada seria suficiente para expiar o crime, senão o que deveria ser esperado era a pena de morte para o rei, tão atroz foi a sua ofensa.
Nós concordamos que este era um caso muito extremo; e que nada parecido é comumente imputado aos que professam a religião; mas não há, entre muitos líderes um total desprezo do ímpio? Será que eles não falam frequentemente da irreligiosidade de seus vizinhos com aspereza e desprezo, como sendo miseráveis, cegos, criaturas carnais? Os judeus consideravam os gentios como cães, e como amaldiçoados; enquanto eles se imaginavam o povo escolhido de Deus; e não há uma grande parte do mesmo espírito para ser vista entre o que se chama de mundo religioso? A ignorância e impiedade dos homens deste mundo são apenas consideradas como um motivo justo de sua condenação eterna, enquanto que o orgulho e falta de caridade, e dez mil outros males que são encontrados, com muita freqüência entre estes líderes desdenhosos, são classificados como veniais, e não capitais, ou talvez como não existindo em seus corações. Quão diferente foi a lição ensinada a nós por nosso Senhor, que, quando o jovem rico veio lhe perguntar sobre o caminho para o céu, ele "o amou", apesar dele saber que o seu amor pelas coisas terrenas acabaria por vencer todos os melhores desejos que ocupavam sua mente! Nosso divino Mestre o amou pelo bem que estava nele, embora ele previu que iria provar-se ineficaz para o bem-estar final de sua alma; enquanto que a grande massa de líderes religiosos teriam perdido de vista tudo de bom que havia nele, e tê-lo-iam tratado com desprezo absoluto. Mas entre aqueles que com grande confiança "clamam: Senhor, Senhor", há muitos que serão encontrados em uma condição tão ruim como ele, e o discípulo que traiu nosso Senhor com um beijo, será encontrado em nenhuma situação mais feliz do que aqueles que o haviam prendido com espadas e varapaus.
Por estranho que possa parecer, nas diferentes seitas religiosas as pessoas estão tão prontas para anatematizar outros, como para condenar aqueles que não têm religião. É um princípio declarado da Igreja de Roma, que aqueles que não são de sua comunhão não podem ser salvos. E há um pouco do mesmo fanatismo entre os diferentes líderes da fé protestante. Porque ser da sua denominação é quase de si mesmo, uma qualificação para o céu, e ser dissidente da mesma é como uma preparação para o inferno. Bendito seja Deus! Este espírito  intolerante tem diminuído grandemente nos últimos anos; mas ainda permanece num grau terrível, e dá, senão apenas ocasião para o triunfo dos céticos e infiéis. Mas mesmo entre as pessoas de uma mesma comunidade religiosa, esta propensão para julgar e condenar o outro prevalece muito. O fraco julgará o forte, e o forte desprezará os fracos. Pessoas, cujas situações as desqualificam totalmente para estimar corretamente a conduta de outras pessoas, ainda assim vão determinar para elas qual é a linha de conduta que deve ser seguida, e passarão uma sentença de condenação naqueles que não andarem no caminho que parece bom para eles. Na verdade, não são poucos os que não precisam desta repreensão: " Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé  ou cai” (Rom 14.4)
Todas as pessoas mencionadas imaginam, que elas não têm nada em si para temer, mas todas elas estão num estado que desagrada a Deus, cujo julgamento é segundo a verdade contra os que praticam tais coisas.  Pode alguém supor que uma mera profissão de religião vai passar por Deus pela experiência real do estado do coração? Ou que um grande desejo para condenar os outros será um substituto para o desempenho dos nossos próprios deveres? Deus formará o seu juízo sobre  os fundamentos parciais que usamos para formar os nossos? Ele admitirá como justa a estimativa que fizemos com base no nosso próprio caráter, ou se contentará em nos provar pelo padrão que usamos para provar a nós mesmos? Não. Sua lei é perfeita e; e pela mesma ele provará todos aqueles aos quais essa lei foi revelada.
Ele pesará a todos nós na balança do santuário; ele "provará os corações “ e “pesará os espíritos" dos filhos dos homens. Ele "não julga segundo a aparência, mas julga retamente." Apelamos então a todos: devem esses hipócritas impiedosos escapar? Ó tu, que tens assim se enganado até aqui, o que achas agora? Pensas que, como sabes mais do que outros, ou fazes uma profissão mais religiosa do que os outros, que hás de escapar? Saiba, que tal esperança é vã. Temos certeza de que se você não se humilhar como um pecador arruinado, e não fugir em busca de refúgio no Senhor Jesus Cristo, a vingança de Deus lhe alcançará.
Deus tem bondosamente exercido muita paciência e longanimidade para ti, e tu tomas ocasião disto para concluir bem em relação a teu estado, e para julgar os outros como parecendo menos favorecidos do que tu. Mas é este fim que Deus tem dado a ti, e exibido para ti todas as riquezas da sua bondade?
Não foi sua intenção revelar a sua bondade a todos?
Tu homem mundano que julgas o religioso, e tu homem religioso, que julgas o mundo, quando voltarão seus pensamentos para o seu próprio interior, para julgarem a si mesmos?
Saiba que, até que sejas levado a um espírito mais justo, no que diz  respeito a um espírito mais caridoso, em relação ao teu próximo, tu és um desprezador de Deus, um usurpador de sua prerrogativa de "juiz da sua própria lei", por quem tu mesmo deves ser julgado.
Há  um dia no qual Deus julgará o mundo em justiça. O homem tem o seu dia, e Deus tem o seu. O dia presente é um dia de graça, mas o que está por vir é um dia de ira. Como é chamado em outro lugar "o dia da perdição dos homens ímpios”.
"E cada um será julgado de acordo com o que ele fez através do corpo, seja para o bem, seja para o mal."
Então, se você tiver sua atenção fixada nos seus próprios pecados, você não terá nada para fazer, então, com os pecados dos outros . Oh! comece agora, enquanto lhe é dado tempo, para procurar suas próprias iniquidades, e buscar a remissão delas através do sangue de Cristo.
Há situações, sem dúvida, em que somos chamados a julgar; nem sempre podemos deixar de lado o ofício de julgar, assim como pensar naqueles que são culpados de todos os tipos de pecados.
Nem precisamos deixar de julgar, como para estar satisfeitos com o estado de quem vive num total abandono de Deus e de suas próprias almas. Pelo contrário, devemos chorar por eles, e orar por eles, e trabalhar por todos os meios possíveis para a sua salvação. Mas a nossa principal preocupação deve ser conosco. Aqui a nossa análise não pode ser muito exata, ou a nossa ansiedade muito grande. Aqui devemos ter medo de entreter uma boa opinião sobre bases insuficientes. Devemos nos julgar, para que não sejamos julgados pelo Senhor. Procure então, provar todos os seus caminhos, e não se aventure a confiar em seus próprios esforços, ore fervorosamente a Deus, dizendo: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos, e vê se há algum caminho mau em mim, e guia-me pelo caminho eterno.", Sl 139, 23,24.
Este foi o grande objetivo no argumento do apóstolo: ele está se esforçando para convencer a todos, tanto judeus como gregos, que eles tinham necessidade da salvação que Cristo adquiriu para nós pelo seu próprio sangue.
Quanto mais somos humilhados aos nossos próprios olhos, mais somos  exaltados perante os olhos de Deus. Os que estão doentes é que precisam de médico. E quanto mais conscientes estivermos de nossa desordem, tanto mais havemos de valorizar o Senhor Jesus Cristo. O seu sangue nos purificará de todo o pecado, e ele é capaz de salvar perfeitamente a todos os que vêm a Deus por ele. Nele habita toda a plenitude, e você não precisa temer ser achado desgraçado, miserável, pobre, cego, e nu, Apo 3.17,18, quando você ouvi-lo lhe aconselhando que venha a ele para que seja enriquecido por ouro puro; para ser vestido com vestes limpas, e receber o colírio que lhe restaurará a sua visão.
Sejam nada, sim, menos do que nada, em si mesmos, e ele será para vocês tudo o que os seus corações possam desejar, sua sabedoria, justiça, santificação e redenção, I Cor 1.30.

Tradução, adaptação e redução feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de Charles Simeon, em domínio público.







4 - Julgamentos de Vida

“Com arrogância, os ímpios perseguem o pobre; sejam presas das tramas que urdiram. Pois o perverso se gloria da cobiça de sua alma, o avarento maldiz o SENHOR e blasfema contra ele. O perverso, na sua soberba, não investiga; que não há Deus são todas as suas cogitações. São prósperos os seus caminhos em todo tempo; muito acima e longe dele estão os teus juízos; quanto aos seus adversários, ele a todos ridiculiza.” (Salmo 10.2-5)

Neste salmo Davi nos dá uma daquelas fortes descrições, enfáticas e intensas, dos homens ímpios e o destino que os aguarda. Uma das coisas que sempre nos impressiona nos Salmos de Davi é a distinção com a qual o homem ímpio e o homem justo são apresentados diante de nós tão claramente como indivíduos distintos. Nós, com as nossas ideias modernas e pensamento sutil, somos capazes de pensar de cada homem ímpio como sendo parcialmente bom; e de cada homem santo, como sendo parcialmente ruim, e misturamos assim, bondade e maldade, no caráter pessoal. Estamos assim aptos a pensar que o homem bom e o mau não se distinguem tão claramente diante de nós como Davi fizera antes em relação a eles. O pensamento de Davi é sem dúvida verdadeiro – que há, afinal, distinção em cada caráter, que se declara para a justiça ou para a injustiça. Portanto, o homem perverso é distinguido como o homem que não deseja a bondade, como o homem cuja face está situada longe da justiça - que está vivendo no meio da injustiça, e se contenta com isso.
Fiquei impressionado com um verso - o quinto – neste salmo, que descreve este homem perverso seu contentamento em viver na injustiça. Davi diz: "muito acima e longe dele estão os teus juízos."
Os juízos de Deus estão fora de vista de um homem. Pense nisso por um momento. Existem regiões das quais não temos conhecimento, que não entram em nosso pensamento ou simpatia, nas quais estamos sendo julgados a cada dia. A vida de um homem depende muito da sua consciência dos julgamentos passados sobre ele. Se um homem está satisfeito com os julgamentos menores relacionados com a sua condição terrena, que apela para suas perspectivas imediatas, ele deixa intocado o seu direito à mais rica série de julgamentos, que estão muito acima dele, e que estão condenando ou desaprovando toda a sua vida. Isto quase parece abrir o universo diante de nós, para nos levar a ver as nuvens nos céus cheios com uma longa série de tronos, crescendo mais e mais brancos até o grande trono branco que está acima de todos eles.
Em cada um fica um dos juízes, e no ápice está o próprio Deus; e cada ação que sempre fizemos, pensamentos e cada vida está sempre passando e sendo julgada em cada um destes tribunais de julgamento. E a riqueza, e o sagrado e a solenidade da vida de um homem depende de sua consciência desses julgamentos que estão para sempre sendo passados sobre ele. E a condenação dos maus, de acordo com Davi, que é de Deus dos julgamentos que estão tão acima fora de nossa vista, que ele está assim tateando na poeira da vida presente que ele é inconsciente, insensível, e não afetado por todos os grandes julgamentos que os poderes superiores do céu estão  passando sobre a sua vida.
Pense como muitos de nós vivemos em juízos inferiores. Pense em como vivemos diante do tribunal de prazer, decidindo se a coisa de que estamos indo fazer é para nos dar a felicidade ou infelicidade para o momento. Pense em como vivemos diante do tribunal de lucro, decidindo se a coisa que vamos fazer deve nos tornar mais ricos ou mais pobres. Pense em como vivemos diante do tribunal de reputação, fazendo ou não fazendo as coisas de acordo com aqueles que estão ao nosso redor, sem nenhum padrão mais elevado do que o nosso, serão aprovadas ou reprovadas. E todo o tempo elevam-se diante de nós estes Grandes Julgamentos de Deus, tão acima de nós, fora de nossa visão.
Deus com o Seu inexprimível, indizível e insondável amor, tentando colocar-se em nossas vidas, para nos enriquecer com a sua riqueza, bem como com a Sua bondade, e encontra em nosso caráter, em cada momento, aceitação ou repulsa, do seu amor; Deus nos julgando com esta importuna afeição que bate na porta de nossa natureza, com essa afeição que de bom grado tornaria nossa vida cheia de Sua vida, com aquela afeição que se sente em Si mesmo de ser aceito ou recusado - o julgamento da alma está na recusa da oferta de Deus.
Oh, meus queridos amigos, quando estes grandes julgamentos se abrem acima de nós, quando estes grandes julgamentos estão enchendo o céu, e nós sabemos que cada ato nosso vem diante deles quão solene e quão terrível a vida se torna - a vida que está sempre se movendo em direção a esses lugares de julgamentos – e não sabe isto, que todos os juízos de   Deus estão longe da vista!

Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, de citações de um texto de Por Phillips Brooks, em domínio público.







5 - Depois da Morte Há o Juízo

Se não houvesse um juízo condenatório iminente e eterno pairando sobre as nossas cabeças, o evangelho talvez não fosse considerado por muitos como sendo uma boa nova de grande alegria.
Se não houvesse qualquer juízo depois da nossa morte, e se tudo fosse bem conosco, sem  qualquer sombra de ameaça de sofrimento, alguns poderiam até mesmo negligenciar o convite de salvação feito pelo evangelho.
Mas, mesmo neste caso hipotético considerado, não poderiam estar satisfeitos de modo algum aqueles que sonham com a perfeição moral absoluta, a felicidade plena e a satisfação real do desejo de amar e ser amado eternamente, porque isto pode ser conseguido somente pela fé em Cristo.






6 - Cada Um Levará Seu Próprio Fardo

Seria de se supor que no grande dia do juízo final de Deus, que aqueles judeus aos quais Jesus se referiu chorando, que muitas vezes havia tentado abrigá-los debaixo de suas asas com a sua paz, mas eles lho haviam rejeitado... que exigissem agora, neste dia terrível, uma espécie de retratação ou justificativa da parte do Senhor, pelo fato de não ter impedido que eles fossem  condenados eternamente?
Poder-se-ia atribuir falta de bondade da parte de Jesus para com eles?
De falta de desejo de livrar-lhes da condenação eterna?
De igual modo, ninguém poderá apresentar diante de Deus argumentos que sejam válidos, contra a falta de boa vontade da parte dos Seus servos para com eles, neste mundo, uma vez que eles próprios fizeram a opção por uma vida atormentada, e não por uma vida de paz.
Em suas próprias famílias, rejeitaram a companhia dos justos, e escolheram a companhia dos ímpios.
Rejeitaram o caminho de justiça, e andaram nos vales da iniquidade.
O justo seria então culpado por terem desejado o modo de vida injusto?
Deus o proíba! E a justiça do céu se levanta contra este horrendo pensamento.
Por isso se afirma na Palavra da verdade:

“Rom 14:10 Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus.
Rom 14:11 Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus.
Rom 14:12 Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.”







7 - Juízo

São variados os pontos a serem considerados neste assunto concernente ao juízo, notadamente quando se trata do juízo de Deus.
Os homens julgam a transgressão da lei e se dão por satisfeitos, mas Deus julga sempre segundo a perfeita justiça que é inerente à Sua pessoa.
A base do perfeito juízo é declarada por nosso Senhor Jesus Cristo com as seguintes palavras: “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.” (João 5.30).
De modo que podemos inferir, que todo juízo justo é aquele que é realizado segundo a perfeita vontade de Deus.
Para ser segundo a vontade de Deus deve ser segundo a reta justiça, e não segundo a aparência, conforme assim o expressa o Senhor Jesus em João 7.24.
Disto se infere, que o juízo que nos é proibido conforme suas palavras em Mateus 7.1,2 é somente aquele que for temerário, ou seja, precipitado, apressado, e que está baseado em motivações diferentes de um reto juízo que promova a glória de Deus.
A exiguidade da aplicação do princípio da justiça divina que exige a condenação de uma simples palavra proferida ociosamente, e o chamar alguém de tolo, se estende a uma infinita condescendência e misericórdia em perdoar a qualquer tipo de falta, por maior que seja, pelo simples arrependimento do ofensor.
Evidentemente que tudo isto é feito com base no atendimento perfeito das exigências da Sua justiça, que demanda a morte espiritual e eterna de todo aquele que ofendê-la ou desconsiderá-la.
Ao livrar da morte espiritual e eterna a qualquer que se arrependa e creia em Jesus Cristo, a justiça divina continua sendo plenamente satisfeita, porque Jesus pagou o preço total das nossas ofensas quando ofereceu Sua vida como sacrifício vicário por nós. Então, o juízo que é para uma condenação eterna pode ser suspenso por meio do arrependimento e fé em Jesus.
Porém, permanecemos sob juízos disciplinadores, ainda que Jesus continue advogando à direita do Pai, em nosso favor, e cobrindo as nossas ofensas pelo mesmo sangue derramado na cruz, se simplesmente as confessarmos e deixarmos.
Um dos princípios do juízo divino é o de retribuir a cada um segundo as suas obras, ou seja, galardões para os obedientes e castigos para os rebeldes. Sendo que há também uma gradação em ambos, pois, tanto maior será o galardão quanto maior for a obediência, e tanto maior será o castigo eterno quando maior for a rebelião.
O tribunal de juízo divino é instaurado então, para premiar ou condenar, segundo o bem ou o mal que tivermos praticado.
Da condenação eterna, os crentes estão livres, mas não de sofrerem danos e perdas por sua desobediência depois de terem sido salvos, quer por correções presentes, quer por perdas eternas.
A Jesus foi dado o poder exclusivo de julgar, mas Ele pode não transferir a Sua autoridade, senão outorgá-la aos crentes, como de fato o faz, para exercerem disciplina na Igreja; e isto é conferido especialmente aos que são chamados por Ele para liderar (veja Mateus 18; I Cor 5).
Inclusive é outorgado por Deus, o poder de julgar para os que são investidos de autoridade secular, todavia não nos mesmos termos em que este juízo é exercido na Igreja, pois nela há o perdão de faltas pelo simples arrependimento, o que não pode ser o caso no mundo, para que não haja abuso contra a autoridade, e que pela impunidade o mal se espalhe.
Jesus sofreu o castigo destinado aos pecadores, e não castigará novamente aqueles que nEle creem, como não lhes negará a oportunidade de tornarem a ser reconciliados com Ele. Mas, aos crentes que recalcitram, depois de terem sido confrontados pelo Espírito Santo para se arrependerem, Deus pode até mesmo entregá-los a Satanás para destruição da carne (do princípio pecaminoso que opera em sua natureza) para que o espírito seja salvo no dia do Senhor.
Entendemos então, que somos responsáveis por todos os nossos atos e omissões perante Deus, e que deveríamos nos julgar pelo autoexame, para que confessando e se arrependendo, não necessitemos ser julgados por Ele ( I Cor 11.31,32).
Outro aspecto muito importante em relação ao juízo divino, é que Ele não é executado imediatamente neste mundo para efeito de condenação eterna, enquanto vive o pecador, porque tem transferido todo o juízo condenatório para o dia do grande Juízo final, quando for fechada a dispensação da graça, na qual tem sido longânimo para com todos os homens, na expectativa de que se arrependam e vivam.
Isto não significa, portanto qualquer tipo de relaxamento no juízo; ao contrário, aumentará seu rigor contra aqueles que tiverem abusado da longanimidade do Senhor por maior tempo.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras:
1 – krisis (grego) – juízo;
2 – krino (grego) – julgar, condenar; relativos ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128565

Pr Silvio Dutra






8 - Importa Julgar Além da Aparência

Quantas vezes sucede que pessoas possuidoras de grandes recursos sejam ignoradas e discriminadas por atendentes comerciais em razão da sua aparência física e modo simplório de se trajar?
Que vergonha e horror quando descobrem a real condição financeira de quem haviam desprezado!
Por isso somos ordenados a não julgarmos pela aparência.
Quanto mal fazemos a nós mesmos quando assim procedemos.
E podemos incorrer neste erro em relação ao bem mais precioso de todos - na verdade, nada há que se lhe compare.
Como nos veio numa manjedoura, e nos trajes humildes de um andarilho – nossa primeira reação a ele poderá ser de completa rejeição.
Não devemos portanto avaliá-lo por sua aparição externa terrena.
Naquele vaso de barro estava encerrado o Espírito criador de tudo e de todos, e pelo qual todo o universo é sustentado.
Por que não se manifestou em toda a Sua eterna Glória e Majestade?
Por que chegou a nós como um humilde carpinteiro?
Teria o intento de colocar à prova a sinceridade do nosso coração e aproximação?
Felizes são aqueles, conforme suas próprias palavras, que não se escandalizam nEle.
A estes se manifestará secretamente em espírito, no oculto de seus corações.
Dará sentido às suas vidas.
Abrirá o seu entendimento e libertará de toda forma de cadeia os seus espíritos.








9 - Deus é Juiz mas Também Misericórdia

“25 Para com o benigno, benigno te mostras; com o íntegro, também íntegro.
26 Com o puro, puro te mostras; com o perverso, inflexível.
27 Porque tu salvas o povo humilde, mas os olhos altivos, tu os abates.” (Salmo 18.25-27)

Os ministros de Deus devem saber distinguir não somente o que é santo do que é profano, como também, discernir nas próprias coisas santas, aquilo que é mais santo, como exemplificado em figura no caso dos sacerdotes na Antiga Aliança, em relação às partes dos sacrifícios que lhes foram dadas por Deus, e de que tipos de sacrifícios deveriam comê-las.
Era vedado ao sacerdote comer da carne do sacrifício oferecido pelo pecado, cujo sangue fosse levado para o interior do tabernáculo, para fazer expiação no interior do Lugar Santo, mas  estava obrigado a comer as porções de carne relativas às partes dos animais, que fossem ofertados pelo pecado e cujo sangue não fosse usado na referida expiação no interior do Lugar Santo.
Deste modo, eles não poderiam frustrar o ensino em figura que aqueles que são feitos sacerdotes para Deus, por meio da fé em Cristo, vivem diante dEle porque se alimentam da Sua carne.
Por isso Jesus disse que a Sua carne é verdadeira comida, e que todo aquele que dele se alimenta tem a vida eterna.
Tal como os apóstolos com Jesus no Getsêmani, o espírito de Arão estava pronto para toda obediência, mas a carne era fraca, e assim como os apóstolos, dormiram, em vez de vigiarem com o seu Senhor, em razão da tristeza pela morte de seus dois filhos, se sentia totalmente indisposto a comer da carne do bode, que foi oferecido como oferta pelo pecado e assim ordenou a seus filhos, que a sua carne fosse queimada totalmente.
Com isso houve uma quebra de um mandamento, mas, neste caso, a misericórdia do Senhor o alcançou, pois havia agido daquela forma juntamente com seus filhos Eleazar e Itamar, não por desconsiderarem ou desrespeitarem as ordens de Deus relativas aos sacrifícios, e nem pelo desejo de descumpri-las em ocasiões futuras.
Então ele argumenta com Moisés como poderia Deus aceitar que ele comesse da carne do sacrifício por simples obrigação, e com o espírito entristecido?
Moisés entendeu a justificativa de Arão e se deu por satisfeito.
É bastante instrutivo que no mesmo capítulo que registra a morte de Nadabe e Abiu, por terem oferecido fogo estranho, também está registrada a misericórdia de Deus para com Arão e seus filhos, quando deixaram de seguir estritamente o que era determinado pela Lei, em razão de ter sido compassivo para com o luto e tristeza deles.
Isto é muito importante para ser considerado, para que não se pense de Deus como sendo um Juiz inflexível nos dias do Antigo Testamento, que punia sem qualquer apelação a qualquer transgressão cometida contra os Seus mandamentos, sem pesar os espíritos e a sinceridade e o desejo daqueles que se aproximavam dEle para servi-lO.
O que pesa para Ele não é o tanto quanto poderemos falhar, porque já sabe que todos somos pecadores, mas qual é a forma como encaramos o pecado: se com tristeza e arrependimento, ou considerando a transgressão da Sua vontade como sendo algo sem importância.  

"8 Falou também o Senhor a Arão, dizendo:
9 Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da revelação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso pelas vossas gerações,
10 não somente para fazer separação entre o santo e o profano, e entre o imundo e o limpo,
11 mas também para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o Senhor lhes tem dado por intermédio de Moisés.
12 Também disse Moisés a Arão, e a Eleazar e Itamar, seus filhos que lhe ficaram: Tomai a oferta de cereais que resta das ofertas queimadas do Senhor, e comei-a sem levedura junto do altar, porquanto é coisa santíssima.
13 Comê-la-eis em lugar santo, porque isto é a tua porção, e a porção de teus filhos, das ofertas queimadas do Senhor; porque assim me foi ordenado.
14 Também o peito da oferta movida e a coxa da oferta alçada, comê-los-eis em lugar limpo, tu, e teus filhos e tuas filhas contigo; porquanto são eles dados como tua porção, e como porção de teus filhos, dos sacrifícios das ofertas pacíficas dos filhos de Israel.
15 Trarão a coxa da oferta alçada e o peito da oferta movida juntamente com as ofertas queimadas da gordura, para movê-los como oferta movida perante o Senhor; isso te pertencerá como porção, a ti e a teus filhos contigo, para sempre, como o Senhor tem ordenado.
16 E Moisés buscou diligentemente o bode da oferta pelo pecado, e eis que já tinha sido queimado; pelo que se indignou grandemente contra Eleazar e contra Itamar, os filhos que de Arão ficaram, e lhes disse:
17 Por que não comestes a oferta pelo pecado em lugar santo, visto que é coisa santíssima, e o Senhor a deu a vós para levardes a iniquidade da congregação, para fazerdes expiação por eles diante do Senhor?
18 Eis que não se trouxe o seu sangue para dentro do santuário; certamente a devíeis ter comido em lugar santo, como eu havia ordenado.
19 Então disse Arão a Moisés: Eis que hoje ofereceram a sua oferta pelo pecado e o seu holocausto perante o Senhor, e tais coisas como essas me têm acontecido; se eu tivesse comido hoje a oferta pelo pecado, porventura teria sido isso coisa agradável aos olhos do Senhor?

20 Ouvindo Moisés isto, pareceu-lhe razoável.” (Lev 10.8-20).






10 - As Consequências da Morte de Cristo

Por Charles Haddon Spurgeon

“Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim” (João 12: 31-33)

Nosso Senhor participou de uma espécie de ensaio de Sua paixão antes que acontecesse. Quando viu a esses gregos que se aproximaram de Felipe, e que logo André e ele trouxeram para Ele, Seu coração se encheu de alegria. Esse devia ser o resultado de Sua morte: que os gentios fossem congregados a Ele. Esse pensamento lhe recordou sua morte próxima. Estava muito próxima. Só passariam uns quantos dias e então morreria na cruz. Em antecipação do Calvário, Sua alma estava muito perturbada. Não foi assim porque temesse a morte, mas Sua morte ia ser muito peculiar. Ia morrer o Justo pelos injustos. Levaria Ele mesmo nossos pecados em Seu corpo sobre o madeiro, e Sua alma pura e santa rejeitava todo contato com o pecado. Perturbava-lhe ocupar o lugar do pecador e suportar a ira de Seu Pai. Seu coração estava muito alterado e clamou: “E que direi? Pai, Me salva dessa hora? Mas para isso eu vim a essa hora. Pai, glorifica teu nome”. Sem uma maligna debilidade, demonstrou quão verdadeiramente humano era; sem nenhuma queixa pecaminosa diante da vontade de Seu Pai, contemplou que terrível era essa vontade, e estremeceu-se ao ver tudo o que ela incluía. Isso foi uma espécie de ensaio do Getsêmani. Era dar um gole dessa taça da que posteriormente beberia, até que Seu suor se convertesse em grandes gotas de sangue sobre a terra, enquanto Sua alma inteira elevava a angustiante petição: “Meu Pai, se é possível, passe de mim esse cálice; mas não seja feito o que eu quero, mas sim como tu queres”.
Enquanto nosso Senhor experimentava essa grande perturbação de mente, antecipando os terríveis sofrimentos que logo suportaria, Seu Pai lhe falou. Quando você se encontrar submerso em sua mais horrenda angústia, Deus falará contigo. Se você é Seu filho, quando a debilidade de sua carne esteja a ponto de prevalecer sobre seu espírito, você também, da mesma forma que seu Senhor, ouvirá uma voz tranquilizadora proveniente da glória excelente. Ele se recuperou de imediato, e recobrando ânimo, alegrou Seu coração com uma visão do glorioso fruto de Sua morte. Então, expressou as bem-aventuradas palavras nas quais iremos meditar hoje, nas que resumiu as consequências de Sua morte nesses três pontos: “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”.

Hoje, primeiro, consideremos o triplo resultado da morte de Cristo; e quando tenhamos feito isso, refletiremos na morte de Cristo segundo está descrita em nosso texto.

I. Primeiro, CONSIDEREMOS O TRIPLO RESULTADO DA MORTE DE CRISTO.

Temos, primeiro, o juízo desse mundo: “Agora é o juízo deste mundo”. Se preferirem, podem lê-lo como “crise”, pois essa é a palavra grega utilizada aqui: “Agora é a crise desse mundo”. O mundo está enfermo, e só piora. O médico diz que seu mal chegou a um ponto crítico, que se trata de um caso de vida ou morte. Houve uma crise na doença do mundo, e essa crise se apresentou quando Cristo morreu. Sua morte foi o ponto decisivo, o pivô da história do mundo. Já houve muitos eixos na história; cada nação tem seu próprio ponto decisivo em sua história: a cruz de Cristo foi o principal gancho da história do mundo, o ponto que marcou sua crise. Dou graças a Deus porque a morte de Cristo foi a morte futura do pecado. Quando Ele morreu, o arqui-inimigo recebeu seu golpe mortal. Essa morte foi a ferida no calcanhar de Cristo, mas nessa morte, Ele feriu a cabeça da serpente antiga. Agora há esperança para o mundo. Sua crise passou. Agora caíram os deuses dos pagãos; agora a negra ignorância dos homens dará espaço para a Luz do mundo.
Depois dessa crise, virão novos céus e nova terra, nas quais mora a justiça; pois a primeira vinda de Cristo é uma fiança de Sua segunda vinda, na qual exterminará o pecado, e fará que o deserto e o ermo floresçam como a rosa. Assim poderíamos traduzir as palavras de nosso Senhor: “Agora é a crise desse mundo”, o ponto decisivo, o eixo principal do qual pende toda sua história. Apesar disso, eu prefiro muito mais aderir a nossa antiga versão, que é uma tradução, enquanto que a minha é somente um empréstimo da palavra original.
“Agora é o juízo deste mundo”. Isso significa que, quando Cristo morreu, o mundo inteiro que estava sob o maligno, todo o mundo ímpio foi julgado nesse sentido: primeiro, foi convicto de ser o pior dos culpados. Atrevo-me a dizer que vocês ouviram que as pessoas usam frases bonitas sobre a dignidade da natureza humana, e assim sucessivamente. São frases mentirosas, pois a natureza humana não pode ser mais depravada. Se vocês necessitam da prova dessa afirmativa, considerem como Deus mesmo veio aqui entre os homens, a virtude mesma encarnada coberta de amor! Por acaso os homens lhe amaram? Acaso se prostraram diante Dele e lhe renderam homenagens? A homenagem do mundo foi: “Crucifica-o, Crucifica-o!” O mundo odeia a virtude. Não pode suportar a perfeição. Pode tolerar a benevolência, mas não suporta a pureza absoluta e a justiça, e diz: fora com elas. Seus instintos inatos são malvados. Os homens não se encaminham para a luz, dão suas costas ao sol e viajam para as densas trevas.
E além disso, o mundo foi convicto do monstruoso crime de assassinar ao Filho de Deus. Não o chamarei de regicídio, mas sim de Deicídio; e esse é o pior crime de todos. Verdadeiramente o mundo foi culpado de tudo o que o acusaram os profetas, e muito mais. Quando os homens depravados mataram o Príncipe da Vida, o Santo e Justo, ali se demonstrou que o mundo é ateu de coração, que odeia a Deus, e que mataria ao mesmo Deus se estivesse a seu alcance. Assim os homens imolaram ao Deus encarnado quando se submeteu a seu poder. Não precisamos falar das virtudes do mundo. Ele sacrificou ao Cristo, e isso é suficiente para mais condená-lo. Não necessitamos de nenhuma outra prova de sua culpabilidade. Não se pode acrescentar uma evidência mais completa e esmagadora: mataram ao Senhor da vida e da glória, e disseram entre si: “Esse é o herdeiro; vinde, o matemos para que a herança seja nossa”.
Ademais, a morte de Cristo foi o juízo desse mundo ao sentenciar o mundo; pois se Cristo, que era perfeitamente inocente, deveria morrer quando se colocou no lugar do pecador, por acaso vocês pensam, ó homens culpados, que não morrerão também? Se o Amado do céu, que só carregava com uma culpa imputada, com pecados que não eram Seus, devia ser golpeado por Deus e ser afligido, e devia escutar a voz: “Ó espada, desperta-te contra o meu pastor, e contra o homem que é o meu companheiro, diz o SENHOR dos Exércitos” (Zacarias 13:7). Se Ele devia morrer nesse cruel madeiro, se Ele devia clamar: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, então, você pode estar certo disso, que existe ira armazenada para o dia da ira, e nenhum ser humano que faça o mal será absolvido. Não existe um Deus que é o Juiz de toda a terra e que deve fazer o justo? Se é justo que se fira ao Inocente porque assumiu o lugar do culpado, também deve ser verdadeiramente justo que o verdadeiro culpado seja castigado com morte: “A Alma que pecar, essa morrerá”. Assim que, não houve só um veredicto de culpabilidade, mas também uma sentença contra o mundo, quando Jesus morreu.
E mais que isso, o juízo terá chegado a seu fim quando o mundo rejeite a Cristo. Enquanto estejam aqui, queridos leitores, e Cristo lhes seja pregado, existe esperança para vocês; mas naquele dia quando rejeitem a Cristo finalmente, e não queiram saber nada Dele, quando clamem: “Fora, fora! Não queremos ser lavados em Seu sangue, e não queremos ser vestidos em Sua justiça”; naquele dia selarão sua condenação, e não haverá mais esperança para vocês. Existe uma janela no céu, e a luz da vida flui por essa janela; mas se essa janela se fecha, nenhuma outra será jamais aberta. “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. Se vocês repudiaram a Cristo pela última vez, se terminaram por completo com Ele, teriam esgotado sua liberdade condicional, teriam concluído com seu juízo, teriam apagado a última vela, estariam condenados para sempre. Quando Cristo é rejeitado de tal forma que o eliminam efetivamente, como quando Ele pendeu da cruz, então é o juízo desse mundo.
Eu desejaria contar com o tempo suficiente para fazer uma pausa aqui e reforçar esses pontos para os que pertencem ao mundo. Só existem dois partidos: o mundo e a Igreja de Deus. Se vocês não pertencem à Igreja de Deus, então pertencem ao mundo, e o mundo é julgado pela morte de Cristo. Se vocês não são cristãos, então são membros dessa grande corporação chamada mundo. Os homens falam algumas vezes de um mundo cristão e de um mundo não cristão, um mundo religioso e um mundo não religioso, um mundo divertido, um mundo que ri, um mundo que rouba, um mundo que negocia; mas tudo o que é realmente do mundo está fora dos limites da Igreja de Deus.
O que crê em Cristo tem escapado do mundo. “Não são do mundo, como tampouco eu sou do mundo”, disse Cristo em relação a Seus discípulos; mas aos judeus incrédulos disse: “Vós são de baixo, eu sou de cima; vós sois desse mundo, eu não sou desse mundo”.
Assim, vocês podem ver que, como primeiro resultado da morte de Cristo, o mundo é julgado, o mundo é encontrado culpado, e o mundo é sentenciado por sua rejeição de Cristo. Um mundo que rejeita a Cristo é um mundo condenado. Que nenhum de vocês pertença a esse mundo!
O segundo resultado da morte de Cristo é a expulsão de Satanás: “Agora será expulso o príncipe deste mundo”. Aquele que tem poder sobre o mundo agora perderá seu trono. O príncipe deste mundo é Satanás, o arqui-inimigo de Deus e do homem; mas ele nem sempre irá reinar como príncipe da potestade do ar, o líder dos governadores das trevas deste século. Ele será lançado de seus presentes domínios.
Pela morte de Cristo, as acusações de Satanás contra os crentes são respondidas. Uma das práticas em que o diabo mais se deleita é a de acusar o povo de Deus; e, ai, ele têm muitos motivos para suas acusações; mas sempre que nos acusa, nossa única resposta é: “Jesus morreu”. Ele fala: “essas pessoas pecaram;” e nós respondemos: “é certo; mas Jesus morreu por essas pessoas”. A cruz de Cristo fecha a boca do acusador. Inclusive um santo fraco, quando olha para seu Salvador crucificado e ressuscitado, pode cantar:
“Eu posso enfrentar ao feroz acusador,
E dizer-lhe que Tu morreste.”
Ademais, a cruz de Cristo despoja Satanás de sua monarquia universal. Ele dominou em uma época ao mundo inteiro, e em boa medida o domina ainda; mas existe um povo sobre o qual ele não pode brandir seu pérfido cetro, existe uma raça que se libertou dele. Essa é uma raça de homens livres que o desafiam que lhes escravize outra vez. Não lhes importam suas ameaças, e não são persuadidos mediante seus elogios; e ainda que os aflija e os tente, não pode destruí-los. Já não pode se orgulhar de um domínio universal. Existe uma semente da mulher que se rebelou contra ele, pois Jesus, por Sua morte, os redimiu das mãos do inimigo, e esse povo é livre.
Ouvi a história de uma anciã negra, que estava atendendo a uma dama que visitava a alguns amigos no sul dos Estados Unidos, algum tempo depois da última grande guerra nesse país. A dama disse à servente negra: “é seu dever servir com grande presteza a uma pessoa vinda do norte, pois graças a nós você é livre.” “Livre, senhorita, livre?”, disse a mulher negra; “sou uma escrava, nasci sendo escrava”. “Oh, mas você é livre! Por acaso não sabe que aprovaram uma lei que faz livres a todos vocês?” “Sim, ouvi algo a respeito, e disse a meu amo: ‘fiquei sabendo que todos somos livres’. Ele respondeu: ‘puras fofocas e tontices’, assim que fiquei aqui trabalhando para ele. É verdade, senhorita, que somos livres?” “Sim!” ela responde; “todos vocês são livres, todo escravo é livre agora.” “então”, disse a mulher, “não irei servir mais a meu antigo amo; direi a eles: ‘adeus’”. E o mesmo sucede quando Cristo nos liberta: não servimos mais ao velho amo Satanás, lhe dizemos “adeus”.
Quando somos liberados do domínio do diabo, pela redenção emancipadora de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o poder tirânico de Satanás é desmantelado. Ele ainda exerce uma grande influência, e faz o máximo que pode para prejudicar ao reino de Cristo por meio da perseguição, da falsa doutrina, e por milhares de outros métodos; mas Cristo fraturou seu braço direito e o diabo já não pode trabalhar como antes fazia; e cada vez mais, como fruto da paixão do Redentor, o poder de Satanás será restringido, até que, ao final, será totalmente expulso, e então se escutará o grito triunfante: “Aleluia, porque o Senhor nosso Deus Todo Poderoso reina!”. Não imaginemos jamais que o demônio vencerá na grande batalha entre o bem e o mal. A Palavra de Deus nos diz, muito claramente, qual será seu fim, “e o diabo que os enganava foi lançando no lago de fogo e enxofre, onde estavam a besta e o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite pelos séculos dos séculos”.
Agora, se algum de vocês sofre porque Satanás o está tentando para que ceda ao desespero; se ele vem a alguns de vocês para induzi-los a cometer um pecado que vocês odeiam, e contra o qual batalham com todo o poder que Deus lhes dá; sim, por uma força misteriosa que vocês não podem compreender, ele pretende conseguir que vocês façam o contrário do que vocês querem, então tenham animo, e lutem contra ele, pois quando Jesus morreu, disse que por Sua morte, o príncipe das trevas seria expulso, e assim é. O pecado não se assenhoreará de vocês nem Satanás tampouco. Só tenham o valor de resistir-lhe, reclamem sua liberdade como filhos de Deus, e lutem sob o mandato de Cristo, pois a cruz é o estandarte vencedor para todos os que querem derrubar o poder de Satanás –
“Enfrentando a todas as hostes do inferno;
A todas as hostes do inferno derrotamos;
E vencendo-as com o sangue de Jesus
Ainda saímos para exterminá-las”.
O terceiro resultado da morte de Cristo é a atração central de Sua cruz. “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”. Cristo na cruz se converteu no grandioso imã que atrai os homens a Si mesmo. O que foi que ele quis dizer mediante essas palavras? Quis dizer que Sua esfera de influência seria ampliada. “Enquanto estou aqui”, disse “atraio a uns quantos homem a Mim; esses pecadores se converteram em meus discípulos, esses gregos vieram me ver; mas quando eu for levantado sobre a cruz, a todos atrairei a Mim mesmo, a todos os tipos de homens, homens de todas as nações, multidões de homens, não somente dessa época, mas de todas as épocas, até que o mundo chegue a um fim. Converter-me-ei no centro de um círculo mais amplo, um círculo tão amplo como o mundo. A todos atrairei a Mim”.
Porém, por que razão Cristo atrai os homens para Ele? Respondo que é porque, ao morrer na cruz, exibiu uma nova e mais resplandecente manifestação de Seu amor. Os homens viam a Cristo por causa de Seu amor enquanto caminhava na terra; as crianças especialmente vinham para Ele; mas depois de morrer essa vergonhosa morte, como poderiam evitar vi para Ele? “Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:7-8). “Nisso consiste o amor”. E para todas as épocas, a obra mestre de amor é o Cristo moribundo que ora por Seus inimigos: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Cristo na cruz atrai os pecadores para Si mesmo; Cristo crucificado atrai por meio do infinito amor aos homens, manifestado nessa morte.
Uma parte da atração radica nas maravilhosas bênçãos que chegam a nós por meio da morte de Cristo. Nós fomos atraídos a Ele porque recebemos o perdão através de Suas feridas, viemos para Ele porque encontramos vida eterna através de Sua morte no madeiro. Jesus levou o pecado de Seu povo. Ele morreu em nosso lugar. E ao fazê-lo, tirou nossas iniquidades, as apagou por completo, e as lançou nas profundezas do mar. Podemos afirmar isso porque Ele foi levantado na cruz. Quando Cristo foi crucificado, Ele colocou fim à transgressão, acabou com o pecado, e trouxe justiça eterna; amados, essa é uma grandiosa atração para os pecadores moribundos; é um convite de amor que eles devem aceitar. Quando Jesus nos atrai dessa forma, corremos para Ele, porque se pode encontrar perdão e vida eterna por meio de Seu içamento na cruz. Peço que alguns de meus leitores sejam trazidos a Cristo nesse instante por meio desse poderoso imã de Sua morte. Recordem como o poeta canta sobre a atração da cruz:
“Tão grande, tão vasto sacrifício,
Pode muito bem minha esperança reviver;
Se o próprio Filho de Deus assim sangra e morre,
O pecador de certo viverá.

Oh, que esses laços de amor divino
Me atraiam, Senhor, a Ti!
Tu tens meu coração, será Teu,
Será Teu para sempre!”
A morte de Cristo atraiu para Ele multidões de filhos dos homens, porque dilatou os corações de Seu povo. Enquanto vivia e estava com eles, seus corações nunca arderam com tanto entusiasmo como depois de Sua morte. Um dos primeiros efeitos de Sua morte foi o derramamento do Espírito de Deus sobre eles, que infundiu uma nova vida, um santo fervor e um sagrado entusiasmo que os impulsionou a ir até os confins da terra publicando entre os gentios a plena redenção por meio de Seu sangue precioso. Quando Cristo foi levantado, fez que Seus seguidores se disseminassem por todas as partes da Terra, até que seu rastro chegou aos confins da terra; e, como o sol que brilha sobre toda região, assim o Evangelho de Jesus Cristo iluminou cada nação abaixo do céu. “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”
Cristo é o centro da humanidade. Ele é o Siló, e para Ele virá o povo para congregar-se. Renunciarão às abominações de Roma; abandonarão a meia lua dos falsos profetas; deixarão os ídolos dos lugares tenebrosos da terra; abandonarão a infidelidade e a filosofia; e virão em multidões a se prostrarem a Seus pés quando se sentirem atraídos pelo maravilhoso magnetismo de Sua morte expiatória.
Essas três coisas, então, resultaram da morte de Cristo: o mundo depravado foi julgado, o poder de Satanás foi quebrado e Cristo converteu-se na atração central e atraiu os pecadores a Si mesmo; e esse poder de atração está trabalhando agora. Ó, que essas três maravilhas sejam realizadas em nosso meio no dia de hoje, de conformidade com nossa medida!

II. Agora, em segundo lugar, quero que por uns quantos minutos, sossegadamente, PENSEM NA MORTE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO SEGUNDO É DESCRITA EM NOSSO TEXTO.
Como o Espírito Santo deseja que leiamos as Escrituras inteligentemente! Ele registrou essas palavras do Senhor Jesus: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”. Se isso tivesse sido tudo, teríamos podido nos perguntar: a elevação por sobre a terra se refere à morte de Cristo? Por acaso significa Sua ascensão, Seu levantamento da terra até que foi recebido na nuvem? Ou, se refere, talvez, a nossa pregação de Cristo quando o levantamos diante dos homens assim como Moisés levantou a serpente no deserto? Assim, para evitar qualquer pergunta, o Espírito Santo agregou o versículo trinta e três: “E dizia isto, significando de que morte havia de morrer”. (João 12:33). Se existe algo que o Espírito quer que nos fique especialmente claro são todas as expressões que tem relação com a morte de nosso Senhor. Demos-lhe graças por esse comentário inserido aqui, para que não cometamos nenhum erro sobre um tema tão vital.
Agora, olhando as palavras, quero que notem que Cristo foi para Sua morte com uma clara visão do que ela seria. Existem muitos homens que se apressaram para a batalha, e morreram sem a menor ideia do que seria uma ferida e bala, ou no que consistiria ser traspassado por uma lança; mas nosso Senhor, por assim dizer, fez um inventário de Sua morte, e a olhou cara a cara com muita calma. Não fala dela como morte simplesmente, mas sim que a descreve a sua maneira: “e eu, quando for levantado da terra”. Em Sua própria mente, tinha visto quando o iam cravar na cruz, e tinha chegado ao içamento deste madeiro ao ar livre, e à colocação de sua base na terra, e em espírito já se sentiu cravado ali, levantado da terra. Só pensem nesse ato maravilhoso, como o douto Watts o expressa:
“Essa foi uma divina compaixão,
Que quando o Salvador soube
Que o preço do perdão era Seu sangue,
Sua piedade nunca se retratou”.
Sabendo que Sua morte ia ser por crucificação, não a evitou; seu rosto foi como uma pedreira para suportar tudo o que “a cruz” significava. Ele sabia perfeitamente no que implicava; mas vocês e eu, não. Existem profundidades em Seus sofrimentos que são desconhecidas para nós, mas Ele conhecia todas essas profundezas; no entanto, com amor tão forte como a morte, suportou tudo por sua redenção, ó crente! Então, ama-o em recíproca correspondência, com uma resoluta e determinada consagração de todo seu ser, para ser inteiramente Seu.
Alguém me disse outro dia que toda religião em nossa época sofre seja de paralisia seja de convulsões. Eu não quero que vocês tenham nenhuma dessas queixas, ainda que preferisse as convulsões à paralisia. Não tenhamos uma religião convulsiva, mas sim tenhamos princípios solidamente estabelecidos, sabendo o que temos de fazer, e por que fazemos, e logo, como o Salvador, sigamos adiante, esperando dificuldades, esperando perdas, esperando enfrentar o ridículo, mas enfrentando tudo voluntária e intencionalmente por Sua amada causa, como Ele, de sua parte, suportou inclusive a morte por nós.
Observem, em continuação, que ainda que nosso Senhor conhecesse a amargura de Sua morte, Ele leu suas consequências sob outra luz: “e eu, quando for levantado”, vocês captam o pensamento? Ele não quer dizer levantado simplesmente na cruz, Ele se refere à outra classe de içamento, Ele quer dizer exaltação. Quando foi levantado na cruz, os homens o consideraram uma degradação; mas Ele morreu Sua morte como uma pessoa olha uma opala, até que essa pessoa capta o arco-íris e as chamas de fogo na pedra preciosa. Da mesma maneira, Jesus olhou Sua paixão até que viu nela Sua glória. No fundo desse cálice vermelho de sangue, Ele viu que realmente estava sendo levantado quando os homens pensaram que Ele estava abatido. Essa coroa de espinhas era um diadema mais maravilhoso do que qualquer monarca jamais tenha levado. Sua cruz era Seu trono. Com Suas mãos estendidas, Ele governava as nações; e com Seus pés cravados aí, ele pisava os inimigos dos homens.
Ó glorioso Cristo, ai ter uma visão de Tua cruz, eu a vi de início como um patíbulo comum, e Tu estavas cravado ali como um criminoso; mas conforme eu olhei, vi que começava a levantar-se, e a elevar-se tão alto que alcançou até o limite do céu, e por meio de sua poderosa força levantou a milhares ao trono de Deus. Eu vi que Teus braços se estendem e expandem até que abraces a toda terra. Eu vi a base da cruz baixar onde estão nossas desvalidas aflições; e, que visão eu tive de Teu esplendor, ó, Tu, Crucificado! Conforme Jesus esperava com ânsias Sua morte, viu mais do que ainda mesmo agora nós podemos ver, e percebia que era Sua glória se levantado na cruz do Calvário.
Ademais, Ele viu nela a satisfação de nossa grande necessidade. “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim” Ele via que nós estávamos distantes, e não podíamos nos aproximar por nosso próprio esforço; assim que disse: “E eu, quando for levantado … todos atrairei a mim”. Ele viu que não desejaríamos vir, que teríamos um coração obstinado e uma cerviz tão dura, que não desejaríamos vir ainda que fossemos chamados. “Porém”, Ele disse, “Eu desde a cruz os atrairei. Como um imã atrai o aço, Eu os atrairei” ó, pensem na cruz de Cristo sob essa luz! Alguns pensaram que se pregamos o Evangelho, sempre teremos uma congregação. Eu não estou seguro disso; porém, se o Evangelho não atrai uma congregação, eu não sei o que o fará. Porém Cristo não disse: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei à pequena Betel ou a Salém”. Ele disse “a todos atrairei a mim”, isso é, para Ele; e nós somente viemos a Cristo porque Cristo veio a nós. Ninguém jamais vem a Cristo a menos que Cristo o atraia, e o único imã que Cristo sempre usa é Ele mesmo. Eu verdadeiramente creio que nós denegrimos a Cristo quando pensamos que iremos atrair as pessoas por algum meio diferente de pregar Cristo crucificado. Nós sabemos que a maior congregação de Londres se manteve nesses trinta anos pelo único motivo que pregamos Cristo crucificado. Onde está nossa música? Onde está nossa oratória? Onde está nossa atrativa arquitetura, ou a beleza do ritual? “Um serviço nu”, chamam-lhe. Sim, porém Cristo compensa todas as deficiências.
Preguem a Cristo, e os homens serão atraídos a Ele, pois assim diz o texto: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”. Os homens são retidos por Satanás, mas a cruz os atrairá. Os homens são retidos pelo desespero, mas a cruz os atrairá. Os homens são retidos pela falta de desejo, mas a cruz gerará o desejo. Os homens são retidos pelo amor ao pecado, mas a cruz os induzirá a odiar o pecado que crucificou ao Salvador. “A todos atrairei. A todo tipo de homens atrairei a mim”, disse o Cristo crucificado. Assim Ele supre nossa necessidade.
Observem, também, que Jesus sabia que viveria para exercer essa atração. Ele disse: “E eu, quando for levantado da terra”. E então? “Estarei morto? Não, a todos atrairei a mim”. Ele vive. Aproximando-se da morte, Ele esperava viver, Ele se gloria em Sua vida, e comenta o que pensa em fazer depois que ressuscitasse dos mortos. Ó glorioso Cristo, que olhemos mais além de Tua morte, e encontremos consolo em Tua vida ressuscitada! Meus irmãos e irmãs, vocês não podem algumas vezes olhar mais além da tumba e encontrar consolo no que farão no céu? Ó, acaso não glorificaremos nosso Senhor no céu? Em antecipação ao que faremos então em honra de nosso precioso Salvador, tomemos agora as armas contra nosso problema presente, tomando emprestadas nossas armas da artilharia do futuro, depois que nossa vida terrena tenha terminado.
Jesus viu, também – e com isso devo concluir – que o dia virá quando Ele estaria rodeado de uma poderosa companhia. Por acaso não podem vê-la? Ele está levantado na cruz e começa a atrair; e os homens vêm a Ele, uns quantos de Jerusalém; eu disse uns quantos? Não. Três mil em só dia! O Crucificado transpassou seus corações, o Crucificado gerou fé neles, o Crucificado atraiu a milhares a Si mesmo. Ele é proclamado em Damasco. É pregado em Antioquia. Ele é pregado em Corinto. Ele é pregado em Roma, e em todas as partes Ele atrai pecadores a Si mesmo, e grandes multidões vêm para Ele. Com o tempo, Ele é pregado na distante Inglaterra. Algum evangelista pioneiro encontra um lugar nessas ilhas onde pode pregar o Evangelho de Cristo aos bárbaros, e Jesus os atrai a Si mesmo. Ele atrai aos homens, até que, através de todo vasto Império de Roma, Cristo crucificado os está atraindo do palácio de César e da prisão de César. Desde o escravo no moinho até o senador que governa a cidade, Cristo os está atraindo. Alguns dos reis que levam suas coroas com a permissão do poder romano se inclinam diante do Rei Jesus, pois Ele os está atraindo. Ele está atraindo aos povos das ilhas do mar, e de cada costa. E Ele segue atraindo-os ainda hoje. Desde as isoladas ilhas dos mares do Sul, desde o norte longínquo da Groelândia, da África, da China, de todas as partes, Ele os atrai mais e mais. E aqui, nessa ilha favorecida, Ele atraiu miríades para Ele mesmo. Porém, o dia virá no que esse poder de atração começará a operar mais livremente ainda. Correrão a Ele. Voarão para Ele com asas, como voam as pombas para seus pombais. Virão para Ele tão de repente, que a Igreja clamará assombrada: “Quem me gerou esses? Onde eles estavam?”.
Como são vistas as gotas do orvalho da manhã, quando o sol nasceu, que resplandecem como diamantes em cada cerca e em cada folha da erva, assim os convertidos de Cristo serão, como a semente prometida de Abraão: “em multidão, como as estrelas do céu, e como a areia inumerável que está na praia do mar.” (Hebreus 11:12). O povo de Cristo se oferecerá voluntariamente no dia de Seu poder; e Sua morte na cruz é a grande atração mediante a qual serão atraídos para Ele. Ó, que Ele atraia muitos a Si mesmo nesse dia! Que essa seja nossa oração a Ele:
“Amado Salvador, atrai a corações relutantes,
Que voem para Ti os pecadores,
E recebam a benção que Teu amor compartilhou,
E bebam, e nunca morram.”
Amém.





11 - Como Enfrentar a Ira

Por Henry Brandt

 Se eu fosse forçado a classificar uma lista de pecados do pior ao menos destrutivo … os dois pecados principais seriam a ira e a fraude ...
Nem todas as pessoas são alcoólicas; nem todos roubam, ou blasfemam ou cometem adultério. Mas, todos nós enfrentamos a ira. É um problema universal.
Observei-a entre canibais primitivos em Irian Jaya, em pessoas analfabetas de pequenas aldeias no meio da floresta do Zaire, entre os meus colegas quando criança, nos meus pais, em membros da igreja, em pastores, em pessoas altamente educadas, nos muito ricos, nos governantes. E, também, em mim.
Você não pode decidir irar-se. Você pode elaborar precauções para evitar a ira. Porém, mais cedo ou mais tarde, a ira à flor da sua pele será acionada por uma lembrança, ou pelo comportamento de alguém, por uma conversa, por um telefonema ou por uma carta. Ela pode fazer com que o seu coração bata mais depressa, poderá fazê-lo transpirar, tornar os seus músculos mais tensos, arruinar o seu sistema digestivo, alterar a sua forma de pensar, ditar a forma como você vai agir e provocar palavras más em sua boca.
Parece que existe um acordo universal de que a ira deve ser dominada. Existe, porém, grande desacordo sobre a causa e a cura...

Uma percepção errada de ira
Esta frase resume o que quase todos os que vêm ao consultório, com um problema de ira, declaram : “A minha ira é uma resposta normal e justificável em vista da forma como fui tratado.”
Raramente alguém pergunta se existe a possibilidade da ira ser um pecado no seu coração. Pecado - essa palavra quase desapareceu do seu vocabulário. Em vez disso, as pessoas declaram que estão infelizes, tensas, ansiosas, preocupadas, desapontadas, não compreendidas, atraiçoadas, não amadas ou sob extrema pressão. As palavras da moda são estressado ou exausto...

O que a Bíblia afirma sobre ira
A maior parte das pessoas que buscam aconselhamento argumentará que tem o direito de se irar. “Nas minhas circunstâncias, você pode censurar-me?” dirão em sólida defesa... Mas, à medida que elas argumentam em defesa da sua ira, não poderão ver necessidade, nem terão qualquer vontade de mudar e, portanto, de se libertarem da infelicidade da ira.
Um dos versículos da Bíblia mais citados é o seguinte: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.” (Efésios 4:26). As pessoas que eu aconselho declaram invariavelmente que este versículo significa que o seu tipo de ira não é pecado. No entanto, existe uma parte deste versículo que não se pode discutir: Classifique a sua ira como justa se você quiser, mas livre-se dela ao pôr-do-sol.
Apenas cinco versículos depois do “Irai-vos e não pequeis”, especifica-se claramente que podemos fazer com que a ira se afaste de nós (ver Efésios 4:31). Gálatas 5:16 afirma claramente que as pessoas que andam no Espírito não precisam conflitar-se com ira, o que é, em si mesma, um ato da nossa natureza pecaminosa. Não existe remédio humano. Somente Deus pode limpar o seu coração.
Repare no que outros conselhos bíblicos afirmam sobre a questão da ira:
·                     “Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.” (Tiago 1:20).
·                     “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.” (Romanos 12:19).
·                     “Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda a malícia seja tirada de entre vós.” (Efésios 4:31).
·                     “Deixa a ira e abandona o furor; não te indignes para fazer o mal.” (Salmo 37:8);
·                     “Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira abriga-se no seio dos tolos.” (Eclesiastes 7:9)
Parece claro para mim que a Bíblia nos diz que Deus espera que enfrentemos os problemas ao nosso redor com o Seu amor em nossos corações.
Prossigamos lendo a Bíblia:
·                     “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem.” (Mateus 5:44).
·                     “Vós, maridos, amai as vossas mulheres.” (Efésios 5:25).
·                     “Para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos.” (Tito 2:4).
·                     “Amarás ao teu próximo como a tí mesmo.” (Mateus 22:39).
·                     “Amai-vos fraternalmente.” (1 Pedro 2:17).
·                     “E o Senhor vos aumente e faça crescer em amor uns para com os outros, como também nós para convosco.” (1 Tessalonicenses 3:12).
·                     “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Romanos 5:5).
·                     “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Por que estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 8:35,38:39).
A resposta de Jesus aos malfeitores quando O crucificavam entre dois criminosos, foi: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
Mas, a dificuldade do problema consiste em como um ser humano, que naturalmente responde de forma irada às circunstâncias da vida, possa, de uma resposta irada mudar para uma resposta de amor? Humanamente falando temos que admitir que este conselho bíblico é impossível de atingir.
Todos sabemos que reprimir ou tragar a ira não é a solução. Reprimir a ira pode arruinar a sua saúde e deformar o seu pensamento. Você tornar-se-ia como uma bomba relógio andante, pronta para explodir a qualquer provocação externa.
A Bíblia oferece uma solução radical: “Ponha isso de lado. Pare com isso”. Mas, isto é humanamente impossível. Sim, é necessário um milagre. Você precisa de ajuda sobrenatural.

Os passos para a mudança
Passo 1: Reconheça a ira como Pecado
A prescrição bíblica para lidar com a ira destrutiva é precisa e forte. Briga, malícia, ódio, cólera, explosões de ira, discórdia e contenção são obras da carne – da natureza do pecado (ver Gálatas 5:19-21; Colossenses 3:8). São pecados; e isso são boas notícias, porque existe uma solução divina para o pecado. Deus promete ajudá-lo. Tratar com o pecado, é a Sua especialidade.
“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4:12).
Um passo simples que lhe dá uma fonte de força para “parar” com as respostas iradas, consiste em convidar Jesus para entrar na sua vida. No entanto, muitas pessoas competentes e capazes têm muita dificuldade em aceitar o fato de que elas necessitam da ajuda sobrenatural.
“Eu posso cuidar da minha ira. Não é isso suficientemente bom?”. Bem, isso certamente seria muito melhor que a explosão, no entanto, apenas Deus pode ajudá-lo a parar a ira. Visto que a ira é pecado, você precisa de um Salvador que irá limpá-lo dos seus pecados: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. ” (1 João 1:9).

Passo 2: Substitua a ira por emoções piedosas
Quando você tem um coração perdoado e limpo, você pode, então, pedir a Deus pelo poder do Espírito Santo para produzir o fruto do Espírito na sua vida (ver Gálatas 5:22-23:
·                     amor
·                     gozo
·                     paz
·                     longanimidade
·                     benignidade
·                     bondade
·                     fé
·                     mansidão
·                     temperança.
Você ainda terá problemas, enfrentará injustiças e vai encontrar pessoas difíceis – como acontece com todos nós. Ainda vai precisar receber energia, ser alertado e motivado para corrigir o que precisa ser corrigido. Mas um cristão sabe que uma pessoa revigorada pelo Espírito Santo com amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança, tem a força para vencer as palavras amargas e sarcásticas, a ansiedade, tensões físicas e comportamento violento que antes o caracterizavam.
O apóstolo Paulo, de forma melhor afirma: “Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.” (Gálatas 5:16).....

O Espírito de Deus em Uganda
Uma sangrenta guerra civil devastou Uganda. Havia falta de alimentos, de água, de veículos, de gasolina e de roupas. As estradas tinham buracos do tamanho de um carro. Para qualquer lado que olhássemos, víamos somente horrorosas máquinas de guerra: tanques, caminhões, artilharia. Tínhamos que passar por frequentes postos de controle guarnecidos com soldados adolescentes armados. Fomos parados doze vezes enquanto percorríamos os quarenta quilômetros do aeroporto de Entebbe para a cidade capital de Kampala. Cada posto de controle nos fazia abrir as malas para inspeção.
No dia seguinte deveríamos viajar para a cidade de Goma, onde eu iria conduzir uma reunião. Sam, o meu motorista, tinha-se esforçado em vão para encontrar alguma gasolina para o nosso veículo. Estávamos com três horas de atraso quando finalmente Sam me disse que tinha encontrado algum combustível a 30 dólares por 4,5 litros. Nós precisávamos de 67,5 litros, ou seja, o equivalente ao custo total de 450 dólares.
Questionei a nossa ida. Quem iria esperar um preletor estrangeiro com um atraso de três horas? Sam convenceu-me de que devíamos ir. Era uma viagem lenta e aos solavancos, havendo mais postos de controle com soldados pouco amigáveis.
Chegamos a um local de reunião cheio de pessoas. Havia tanto calor e umidade que o ar na sala era quase insuportável. Sentei-me na plataforma, olhando para a audiência. Eu sabia que a maior parte das pessoas tinha fome. Elas estavam miseravelmente vestidas. Eu sabia que ninguém nesta audiência tinha estado em frente de um armário cheio de roupas, escolhendo o que iria vestir. O que é que eu poderia dizer a estas pessoas se eu mesmo nunca sequer tive que preocupar-me com o que comer ou com o que vestir? Eu sabia que muitas destas pessoas tinham sofrido a morte de um familiar. Muitas das suas famílias haviam sido dispersas, algumas tinham fugido para a floresta para evitar serem ceifadas pelas armas de fogo hostis. Orei em silêncio, “Senhor, não sei o que dizer a este povo. Ó Deus, tens que ajudar-me.”
O único pensamento que me veio à mente foi: “Mas o fruto do Espírito é amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei” (Gálatas 5:22-23).
Disse-lhes que eu cria que cada um deles poderia ter tudo o que quisesse, como um dom gratuito – uma dádiva. A dádiva era o fruto do Espírito que estava gratuitamente disponível para todos.

Uma mensagem importante
Depois da reunião um homem andrajoso aproximou-se de mim. Afirmou que eu parecia estar incerto na minha mensagem. Assegurou-me que o fruto do Espírito estava disponível em Uganda, mas que eu tinha esquecido uma condição importante na minha mensagem. Perguntou-me se eu teria tempo para ir à sua casa, porque ele gostaria de me contar a sua história.
À medida que descíamos uma estrada poeirenta no meio de um calor intenso, ele apontou para uma grande casa, talvez com cinco ou seis dormitórios, no cimo de uma colina. “Esta era a minha casa”, disse ele, “mas os soldados de Idi Amin vieram um dia e ocuparam-na como quartel-general do seu exército. A minha família teve que fugir e hoje vive na floresta. Eu tinha um Mercedes Benz estacionado em frente da minha loja de roupas. Um dia os soldados vieram e levaram o meu carro. Depois tomaram a minha loja.”
Tínhamos caminhado nesta estrada poeirenta ao lado de cabanas de barro com telhados de palha. Chegamos a uma destas casas e ele explicou que era ali que ele morava. Entramos: um quarto escuro, o solo sujo e uma caixa sobre o chão. Conduziu-me para me sentar sobre a caixa. Ele sentou-se na outra extremidade da caixa e continuou a sua história.
“Eu, sentado na minha cadeira”, continuou, “desgastava-me freneticamete sobre o fato de que os soldados houvessem levado o meu carro, o meu negócio, a minha casa e haverem dispersado a minha família. Consumia-me em ódio, amargura e ira.
“Quando fui obrigado a deixar a minha casa, levei uma cadeira. Eu tinha também, uma vaca que necessitava de um pulverizador para moscas. Troquei a minha cadeira pelo pulverizador, mas a vaca morreu. Também tinha um cabrito e troquei-o por algumas sementes para fazer uma horta. Mas não choveu e a minha horta secou. Agora não tenho carro, nem negócio, nem casa, nem família, nem cadeira, nem vaca, nem cabrito, nem horta.
“Um dia, eu estava sentado nesta caixa e pensava que iria explodir de ódio e animosidade. Um homem veio até à minha porta quando eu estava em meio a essa situação. Disse-me que era um missionário e que tinha vindo para me dizer que Deus me amava. Isto foi tudo o que pude ouvir. Deus ama-me? Explodi. Você sabe tudo o que me aconteceu?
“Num acesso de ira, peguei esse homem e o atirei para fora da minha casa. Deus me ama! Eu estava tão enraivecido que mal me podia conter! Para minha surpresa, o homem se levantou e se voltou em minha direção. Fiquei surpreso com o seu arrojo. Ele me disse que tinha vindo para me falar de Jesus e que gostaria de continuar e, me disse, “Deus lhe ama tanto que Ele deu o Seu próprio Filho para morrer por você. Se você Lhe pedir, ele entrará na sua vida e mudará o seu coração.”
“Eu estava furioso! Então, de repente, aquilo que este homem dizia deu-me alguma esperança. Eu precisava de algo e por isso, pedi a Jesus para entrar na minha vida naquele momento. Ele entrou.”
“Agora chego à parte da minha história que tem a ver com a sua mensagem. Eu lhe disse que alguma coisa estava faltando.
“Quando eu pedi a Jesus para entrar na minha vida, eu ainda podia ver a minha casa ocupada por soldados, o meu Mercedes Benz sendo conduzido por soldados, o meu negócio arruinado, a minha família dispersa, sem uma horta e perguntando como iria sobreviver. O meu coração estava ainda cheio de animosidade contra aqueles soldados. Meu novo amigo leu para mim um versículo da Bíblia destinado aos filhos de Deus: ”Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai não vos perdoará as vossas ofensas.”’ (Mateus 6: 14-15).
“Foi um raio de luz dentro da completa escuridão! Eu precisava perdoar aqueles soldados. Eu precisava amá-los. De repente, eu queria amá-los. Abri o meu coração e derramei todo o ódio e ira e amargura que tinha armazenado ali. Tudo o que eu queria era o fruto do Espírito no meu coração.”
“Você tem razão,” disse ele. “Todos nós podemos  ter o que quisermos gratuitamente. Mas você tem que cumprir as condições exigidas por Deus. Você tem que perdoar aos homens as suas ofensas.”
O meu novo amigo disse que ele era o homem mais rico em Uganda. Ele tinha sido libertado da carga insuportável do pecado (ódio, ira, amargura) e agora estava rejubilando-se na riqueza ilimitada do fruto do Espírito que apenas Deus podia proporcionar. Quando parti, prometi-lhe que iria partilhar a sua história com outros....

Um plano para o arrependimento
… O arrependimento da ira como pecado é raro. Jesus explicou porquê: “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas.” (João 3: 19-20).
Pessoas inteligentes, mas não arrependidas, acreditam que podem justificar a sua ira porque Deus também se ira. Esta é a razão porque eles rebuscam os Evangelhos procurando qualquer indício de evidência de que Jesus se irou. O termo “justa indignação” simplesmente obscurece a questão.
Talvez 95 por cento da ira de qualquer indivíduo é, plenamente, tradicionalmente, pecado. E todos nós sabemos disto. A ira atormenta a todos. Nós temos que simplesmente encará-la, e tomar Jesus a sério em sua oferta: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mateus 11:28).






12 - Julga com Amor Segundo a Reta Justiça

Quando recebemos palavras de crítica ácida contra as coisas que escrevemos, temos a oportunidade de reavaliar a forma como temos apresentado a verdade, para que não deixemos lacunas que possam ser mal interpretadas, e induzirmos, involuntariamente, alguma (s) pessoas (as) a um julgamento errado.
Por isso temos sempre falado da morte de Jesus Cristo para a cobertura do pecado, e transformação de vidas, o que está disponível a todos pela graça e misericórdia de Deus.
Mas, quando apresentamos um texto, como o que destacamos abaixo, intitulado “Deus Será Glorificado ao Julgar o Mal”, sobre o juízo de Deus sobre a maldade, daqueles que não se arrependerem de viver na sua prática, e quando lido, isoladamente, sem que se tenha alguma noção do conjunto de escritos que temos postado, é possível que ocorra o que citamos no primeiro parágrafo.
Longe de nós servir de pedra de tropeço para quem quer que seja, porque almas são muito preciosas para Deus, a ponto de ter morrido na cruz na pessoa de Seu filho amado, para nos resgatar da condenação eterna.
Isto vemos em textos como o de João, no qual Jesus diz as seguintes palavras:

“João 5:24 Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
João 5:25 Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão.
João 5:26 Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo.
João 5:27 E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem.
João 5:28 Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão:
João 5:29 os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.”

Ao lermos estas palavras nos disporíamos a chamar a Bíblia de “livrinho maldito”, conforme alguns costumam fazer?
Que os que a amam são pessoas de mente estreita e escravizadas que necessitam de libertação?


Deus Será Glorificado ao Julgar o Mal

Quando o rei Ciro conquistou Babilônia, foi aplaudido pelo próprio povo babilônico, porque já não suportavam mais a tirania do rei deles.
Quanto maior louvor nosso Senhor Jesus Cristo receberá da parte daqueles que amam a justiça, quando o virem retornando a este mundo com poder e grande glória para subjugar a todos os tiranos.
Quão grande conforto será isto para nós, quanto a todas as injustiças e tribulações que aqui sofremos.
Deus permite que o mal impere por algum tempo na Terra, porque isto trará grande honra e glória ao Seu nome quando daqui desarraigar os ímpios, para estabelecer para sempre o Seu reino de justiça e paz.
São vários os registros bíblicos que afirmam esta verdade, especialmente nos Salmos e Profetas.






13 - Ira

“Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” (João 3.36)
Pode um Deus de amor ficar irado?
A resposta da Bíblia é sim.
A dificuldade em se compreender como a ira pode coexistir com o amor, se encontra na incorreta compreensão do significado de ambos.
O sentimento oposto ao amor é o ódio rancoroso, injustificado. Dizemos injustificado, porque o amor verdadeiro odeia o mal e o pecado. Onde inexista este ódio pelo mal e pelo pecado não pode existir o amor, porque este, como se encontra em Deus é sempre ajustado ao bem, à justiça, à verdade e à santidade.
Já a ira se expressa pelo sentimento de aborrecimento e repulsa pela reprovação ou indignação contra algo ou alguém, podendo ser justificada ou injustificada. Em Deus a ira é sempre justificada, porque é oriunda de motivos justos e santos.
Já nos homens, nem sempre, e geralmente é injustificada, porque na maioria dos casos é oriunda do simples fato de sermos contrariados, ainda que seja algo inócuo ou para o nosso próprio bem. Nos homens há também o perigo de que mesmo uma ira justificada – contra o pecado – venha a se transformar em sentimento rancoroso e odioso.
Se não fosse pela entrada do pecado no mundo, a ira humana seria como a divina, ou seja, se manifestaria como um sentimento de contrariedade ao mal, com vistas à promoção do bem e da justiça, preservando-se no agente ativo, a serenidade, o domínio próprio, a paz e o amor.
Daí ser recomendado pela Palavra de Deus, que a paz de Cristo seja sempre o árbitro do estado real, no qual convém ser encontrado o nosso coração. Isto significa que em nenhuma situação devemos perder a paz que Cristo nos dá; ainda quando ficamos irados contra algum tipo de mal.
Outra condição a ser evitada quando nos iramos é a de nos colocarmos na posição de juízes implacáveis contra quem nos iramos. Mesmo a posição de juízes moderados da consciência alheia, não é algo que seja recomendável, senão que julguemos o fato e não propriamente a pessoa que o cometeu.
Diferentemente de Deus, os homens costumam confundir as ações erradas com a totalidade do ser daqueles que as praticam.
Além disso, Deus nunca é precipitado em irar-se, pois é longânimo em Sua natureza (Êxodo 34.6), e podemos ver esta longanimidade em ação em várias passagens bíblicas, e em toda a história da Igreja, pois se somos dados a nos irar rapidamente, todavia com Deus nunca é assim. Lembremos que ao julgar, Deus nunca põe de lado a Sua misericórdia. Que o despertar da Sua ira contra o pecado não tem em vista destruir o pecador, mas salvá-lo e demovê-lo da condição errada em que se encontra. De modo que ainda que todos se encontrem naturalmente sob a ira de Deus por causa do pecado, muitos são livrados por Ele mesmo da Sua ira, quando se associam a Jesus Cristo pela fé, que recebeu sobre si toda a fúria da ira divina contra o pecado, quando morreu em nosso lugar na cruz.
Por isso, é somente nEle que podemos ser desviados da justa ira divina contra o pecado. Consequentemente, todos os que não se arrependem e não confiam em Cristo permanecem debaixo da ira de Deus.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras:
1 – orge (grego) – ira;
2 – orgizo (grego) – irar-se;
3 – aph (hebraico) – ira, furor; relacionados ao assunto, acessando o seguinte link:



Você pode ler toda a Bíblia (Velho e Novo Testamento) com a interpretação de capítulo por capítulo acessando o seguinte link:


http://interpretabiblia.blogspot.com.br/








14 - Jesus é o Juiz de Toda a Terra

“18 Ora, de manhã, ao voltar à cidade, teve fome;
19 e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas somente; e disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente.
20 Quando os discípulos viram isso, perguntaram admirados: Como é que imediatamente secou a figueira?
21 Jesus, porém, respondeu-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, isso será feito;
22 e tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis.” (Mateus 21.18-22)

Nas ações que realizou quanto às coisas mais comuns desta vida nosso Senhor Jesus Cristo sempre demonstrou o grande poder e autoridade da Sua Majestade Divina.
Em todas as suas palavras e ações nós vemos um Jesus dotado de toda autoridade e todo poder, revelando e manifestando ser de fato o Criador do universo e de todas as coisas, e não alguém lânguido, fraco e inconstante como alguns costumam imaginar erroneamente.
No que fizera à figueira estéril há uma mensagem poderosa relativa à Sua completa autoridade sobre a criação, como também o demonstrara na ressurreição de mortos, na transformação de água em vinho, na multiplicação miraculosa extraordinária de pães e peixes, e em tantas outras  demonstrações do Seu poder.
Todavia, esta mensagem da figueira é muito impressiva quanto a nos ensinar o que Ele fará com o Seu poder de Juiz sobre todos os seres morais que não dão frutos para Deus.
Como Jesus procurou figos não os achou, e então fez com que a figueira secasse de modo que não viveu para cumprir o propósito da sua existência.
A fome  de Deus deve ser saciada com a nossa adoração e vida santificada, e o que  deve ser esperado em relação àqueles onde isto não for achado?
Para ilustrar a verdade de que há uma condenação aguardando por todo aquele que não frutifica para Deus, nosso Senhor amaldiçoou então a figueira por não ter achado fruto na mesma, senão apenas folhas, e fez com que ela secasse, ao lhe dirigir a seguinte palavra de ordem: “Nunca mais nasça fruto de ti”.
No texto paralelo do evangelho de Marcos está registrado que havia somente folhas na figueira porque não era ainda a estação dos figos (Mc 11.13).
Alguém perguntaria porque então Jesus fez com que a figueira secasse, já que não era tempo de figos?
Somos dados a querer entender coisas espirituais com nossa lógica natural.
Se formos por este caminho poderemos até chegar à conclusão indevida de que nosso Senhor agiu de forma insensata.
Todavia, o fato de não ser época de figos, somente serviu para reforçar o ensino que Ele pretendeu nos dar de que não somos figueiras, mas homens, e que no que respeita à humanidade, é seu dever sempre dar os frutos esperados por Deus, a tempo e a fora de tempo, senão estará sujeita a um julgamento.
Nosso Senhor quis figos e não os encontrou. E qual foi o resultado? Nosso Senhor quer achar frutos em nós, e se não os acha, qual será o resultado?
Ele nos mostrou de modo muito veemente o dever que temos para com Deus de estarmos sempre frutificando para Ele, e este fruto é especialmente o fruto do Espírito citado em Gál 5.22,23.
Assim, não foi por nenhum acesso de ira, de indignação, de desprezo pelas árvores, de descontrole emocional, ou por qualquer motivo injustificável que o Senhor o fizera, mas para deixar tal ensinamento para nós, e também o de que tudo é possível ao que crê.
E o modo de frutificar para Deus é possível somente pela fé. Quanto maior a fé, maior a frutificação. Dar o fruto do Espírito Santo é impossível para nós, por nossa própria capacidade, mas não impossível para a fé.
Quando o Senhor nos mover a orar por coisas, aparentemente impossíveis de serem feitas, e incompreensíveis para a nossa razão natural, não devemos nos conduzir pelo que julgamos ser lógico ou possível, mas obedecermos em espírito à ordem que nos for dada. Se formos chamados a orar por algum impossível, especialmente em relação a algum fruto do Espírito Santo, como por exemplo, sermos longânimos, bondosos, misericordiosos, o Senhor é poderoso para torná-lo possível, porque não há impossíveis para a fé que se apoia em Deus.
O pecado da esterilidade espiritual é geralmente o resultado de um outro pecado, a saber, o da incredulidade.
Por isso nosso Senhor associou a fé, ao evento de ter secado a figueira, ensinando aos discípulos que deveriam ter fé para serem santificados, e para operarem sinais e maravilhas, porque dependeriam disto, e muito, para que não fossem achados estéreis em suas vidas espirituais diante de Deus.
Este ensino causou grande impressão e ficou gravado de modo indelével na mente dos discípulos que testemunharam aquele milagre, e este foi registrado para produzir o mesmo impacto em nós.








15 - Juízos Que Se Tornaram Exemplos para Nós

Jeremias sabia que o tempo de exílio de Judá não seria pequeno, porque o Senhor lhe revelou que seria de 70 anos a duração do cativeiro em Babilônia (Jer 25.11,12; 29.10)
Ele não viveria portanto, para ver a restauração do seu povo, prometida por Deus, depois de cumpridos os 70 anos de cativeiro.
Então expressa o choro amargo de Jerusalém por se encontrar desolada, e por ter ido para o cativeiro para sofrer aflição e dura servidão.
Até mesmo as ruas de Jerusalém choravam porque já não havia quem caminhasse por elas para se dirigir ao culto no templo, porque as portas da cidade estavam desoladas e os sacerdotes impedidos de oficiarem porque o templo havia sido destruído.
Por causa da multidão das transgressões do Seu povo, o Senhor lhes afligiu, e fez com que seus inimigos prosperassem contra eles levando-lhes para o cativeiro.
Todo o esplendor de Jerusalém havia acabado, e seus príncipes já não se achavam em honra em seus tronos, mas caminhavam sem forças adiante do perseguidor que os conduzia para Babilônia.
No entanto, não foi sem causa que Jerusalém havia caído em sua aflição, porque desde tempos antigos pecou gravemente e de honrada que era, passou a ser desprezada, porque se viu nela a sua nudez e imundícia.
O profeta clama em angústia ao Senhor como se fosse a própria cidade de Jerusalém que estivesse clamando, porque ele estava expressando a dor que havia se apoderado dos habitantes de Judá.
Judá não atendeu ao chamado ao arrependimento que o Senhor lhe fizera através dos profetas, inclusive do próprio Jeremias, então lhe sobreveio repentina aflição da parte do Senhor, no dia do furor da sua ira, porque se recusaram a se arrepender dos seus pecados.
Isto não é diferente, mesmo com muitos na Igreja, que insistem em andar deliberadamente no pecado, sem dar a devida atenção às muitas chamadas do Senhor ao arrependimento. Nas cartas dirigidas às Igrejas citadas no segundo e no terceiro capítulo do livro de Apocalipse, nós vemos de modo muito claro como o Senhor ameaça inclusive com a remoção do castiçal, das Igrejas que se recusassem a se arrepender.
E quando há este despejar da ira do Senhor, conduzindo as almas de crentes a cativeiros não de condenação eterna, mas de disciplina e de correção, é realmente de comover o nosso coração, tal como Jeremias o expressou em relação ao gemido dos moradores de Judá e Jerusalém (Lam 1.12).
O juízo de Deus sobre o Seu povo de Judá, nos dias de Jeremias, foi tal como fogo que entra nos ossos, e rede que prende os pés, e que impede o avançar na caminhada, e que traz desolação e desfalecimento todos os dias (v. 13).
Quem dera que nestas horas de profundezas da alma, por causa da prática de pecados deliberados, que todo crente, soubesse avaliar devidamente estes sintomas para buscar no Senhor lugar de arrependimento, para ser curado.
O que sucedeu a Jerusalém foi para advertência da Igreja de Cristo, para que não andemos nos mesmos pecados em que eles andaram, de forma a não cairmos debaixo da vara da correção do Senhor, que geralmente, será achada nas mãos do próprio Inimigo das nossas almas, porque aqueles que resistem à vontade do Senhor, dão lugar ao diabo, o qual afligirá as suas almas, até que retornem ao abrigo de Deus.
E o Senhor será achado justo ao vindicar a Sua justiça e santidade, visitando os nossos pecados, e permitindo que sejamos afligidos, não para pagar a conta das nossas transgressões, porque esta dívida já foi paga por Cristo, para o Seu povo, mas para que sejamos desviados dos nossos maus caminhos, pelo temor do mal, que nos sobrevenha ou que possa ainda sobrevir.

“1Co 10:6 Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.
1Co 10:7 Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se.
1Co 10:8 E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil.
1Co 10:9 Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes.
1Co 10:10 Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador.
1Co 10:11 Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.”








16 - Julgados Pela Lei da Liberdade

Tendo falado nos dois primeiros capítulos de Romanos sobre a natureza pecaminosa universal de toda a humanidade, quer em todas as épocas ou lugares, e do juízo de condenação eterna que há da parte de Deus sobre aqueles que se encontram nesta condição, a saber, todas as pessoas sem exceção, Paulo passou a discorrer nos capítulos 3, 4 e 5, sobre a solução provida por Deus para perdoar e restaurar o homem caído, ao nos dar Jesus Cristo para ser tanto o nosso sacrifício expiatório, quanto o nosso sumo sacerdote intercessor, o nosso guia, rei e senhor, bem como a nossa própria nova vida espiritual e celestial.
Tiago havia falado sobre a Lei Régia que condena todo homem, porque esta Lei não foi revogada ou substituída pela Nova Aliança feita no sangue de Jesus, senão apenas a Lei cerimonial e civil que foi dada através de Moisés para vigorar para a nação de Israel no período do Antigo Testamento, que durou de Moisés (1.440 a.C), até a morte de nosso Senhor Jesus Cristo na cruz.
Tiago falou também de uma Lei da Liberdade sob a qual se encontram todos os que creem em Jesus. E por que ele se referiu a ela deste modo? Por que é pela lei do Espírito e da vida em Cristo Jesus que somos libertados da lei do pecado e da morte (Rom 8.2). Veja que é afirmado ser ela uma lei de liberdade. E liberdade do pecado e da morte espiritual eterna.
Não se trata portanto de uma simples lei de liberdade de vícios, de práticas imorais, ou de toda forma de pecado que se possa nomear, mas é sobretudo uma liberdade de uma condição de morte para a de vida eterna; de prisão em ignorância e em trevas, para o verdadeiro conhecimento de Deus e de luz. É liberdade da escravidão a Satanás e a todos os espíritos das trevas. É liberdade da condenação da Lei Régia e da própria Lei de Moisés. É liberdade para ter poder e capacidade para viver de maneira santa e agradável a Deus e em comunhão com Ele por toda a eternidade.
Tudo isto nos foi trazido pela graça e verdade que estão em Jesus Cristo, e que nos foram reveladas pelo Seu evangelho.
O injusto pecador, estando sob o evangelho, será visto por Deus como sendo justo, porque além de ter sido justificado pela fé no evangelho, terá também a justiça de Cristo sendo implantada nele progressivamente até a perfeição em glória, pela operação e instrução do Espírito Santo.
A justiça do próprio Cristo lhe foi oferecida pelo evangelho para poder ser perdoado e justificado por Deus.
É por estar em Cristo que somos justificados e por conseguinte tornados aceitáveis a Deus.
Deus não mais condenará eternamente aquele que foi justificado pela fé em Jesus.
Ele não o fará porque prometeu isto desde os dias dos profetas do Velho Testamento (Jeremias 31.31-35).
E para que não houvesse qualquer dúvida em nós quanto ao que havia prometido acrescentou um juramento por Si mesmo de que jamais anularia o que nos prometeu (Hebreus 6.17).
É por isso que vemos o caráter deste perdão e justificação sendo ilustrado por Jesus em tantas passagens dos evangelhos, especialmente nas parábolas da dracma perdida, do filho pródigo e da ovelha perdida.
Não temos tempo e espaço para aprofundar aqui todo o  ensino que há nestas parábolas, mas podemos destacar pelo menos este aspecto da busca de Deus pelos perdidos, e que deve haver também nos que estão perdidos, uma busca de Deus para que possam ser acolhidos por Ele.
Todavia, ninguém deve pensar que ao buscar a sua ovelha fujona e extraviada, que o Pastor teve da parte dela uma efusiva recepção. É bem provável que ela tenha tentado escapar de seus braços imaculados, de tão suja que estava pelo pecado, envergonhada de sua condição, mas ainda assim ele insistiu em pegá-la e obteve êxito ao pegá-la e colocá-la sobre os seus ombros, para poder cuidar dela, lavando-a, alimentando-a e dando-lhe um abrigo seguro no aprisco.
É por este motivo que é ordenado aos cristãos seguirem o exemplo do Seu Pastor e Mestre, buscando também as ovelhas desviadas do rebanho. Ainda que haja uma resistência natural nelas ao serem assim procuradas, mas isto não deve ser motivo de deixarmos de orar por elas e de procurarmos abordá-las com exortações amorosas de encorajamento a retornarem ao redil.
Ainda que algumas tenham sido tratadas com a disciplina da Aliança prescrita pelo próprio Senhor Jesus Cristo, não nos é dado desprezá-las e deixar de amá-las e de interceder em favor delas para a sua futura restauração pela via do arrependimento.
E por que tudo isto? Porque são filhos de Deus. Adotados por Deus como filhos em Jesus Cristo. São amados de Deus. Reconciliados com Deus, ainda que estejam com sua comunhão presente arruinada por uma vida carnal e pecaminosa, porque o preço exigido para a justificação deles foi pago integralmente por Jesus, que nada deixou para que fosse pago por eles para poderem ser reconciliados com Deus. A inimizade que havia foi desfeita, porque “justificados pela graça mediante a fé temos paz com Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo”. A guerra de inimizade por causa do pecado acabou no momento em que nos rendemos por meio da fé em Jesus.








17 - Juízos Localizados por Misericórdia para nos Alertar que o Pecado Gera a Morte

Assim como a entrada em vigor da Nova Aliança foi marcada pela morte de Ananias e Safira, como um juízo da parte do Senhor, que veio sobre eles, e trouxe grande temor à igreja, de igual modo, a Antiga Aliança entrou em vigor com a morte de cerca de três mil israelitas, pela adoração do bezerro de ouro, e com a morte de Nadabe e Abiú, filhos de Arão, logo depois de que o tabernáculo foi erigido, e os sacerdotes foram consagrados e começaram a oficiar no mesmo.
Deste modo, tanto numa aliança quanto noutra, Deus marcou com estes exemplos, que estes pactos eram pactos para um viver em santidade, em obediência à Sua vontade.
Certamente, a visitação da iniquidade de Nadabe e Abiú (Levítico 10), que ofereceram incenso de modo diferente do designado por Deus, desprezando as instruções que foram dadas por Ele, tinha em vista impedir que o ofício sacerdotal fosse cumprido sem o temor e o respeito devidos a todas as prescrições, que foram transmitidas a Moisés, para serem cumpridas pelos sacerdotes.
A citação bíblica “fogo estranho” é uma referência, portanto a um modo diferente de queimar incenso, do que fora designado por Deus.
O Senhor declarou a Moisés o motivo daquele juízo de morte sobre os filhos de Arão:
“Serei santificado naqueles que se chegarem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo.”
 Isto porque foi manifestado que o Senhor exige de fato santidade e obediência daqueles que se aproximam dEle, e nisto o Seu nome é glorificado diante do Seu povo, pelo temor que lhe sobrevém, por observarem o modo como Deus trata com aqueles que Lhe servem, especialmente com os líderes do Seu povo, quando estes se desviam do temor que Lhe é devido.
A ocasião em que eles ofereceram o fogo estranho (início dos serviços no tabernáculo) e o ofício elevado de que estavam investidos (sacerdotes) contribuiu para o juízo que lhes sobreveio.
Este viera nem tanto pela enormidade do pecado deles, pois o Senhor tem suportado maiores e continuadas ofensas com Sua longanimidade, mas exatamente porque se não tivesse intervindo de forma drástica, quando eles se predispuseram a não cumprir rigorosamente o que prescrevera na Lei para ser cumprido, isto se tornaria a norma nos procedimentos deles, e a exigência de Deus relativa a que Seus mandamentos fossem cumpridos, seria grandemente desacreditada.
Por isso foi ordenado a Arão e seus dois outros filhos, Eleazar e Itamar que permanecessem no tabernáculo, e que não chorassem e lamentassem a morte de Nadabe e Abiú, pois isto seria permitido somente aos seus demais familiares, que não tinham parte no sacerdócio.
Desta forma, dariam testemunho a toda a congregação de Israel, que a vontade de Deus, a obra do Senhor, era mais importante do que a perda de filhos e irmãos.
As coisas ordenadas pelo Senhor relativas ao modo de ser servido e adorado são santíssimas, e não devem ser consideradas coisas comuns, e muito menos se deve dar a elas um uso profano e imundo, conforme estava ilustrado na lei em variadas figuras, como comidas, animais, situações etc, com o propósito de ensinar a reverência, que é devida especialmente, às coisas que são pertencentes ao culto de adoração a Deus.
É um grande perigo, mesmo na dispensação da graça, quando os líderes em vez de submeterem o serviço de louvor e adoração à Palavra de Deus, usam a sua imaginação ou permitem serem dirigidos pela imaginação de outros, para contrariar frontalmente aquilo que está revelado pelo Senhor na Sua Palavra.
A bondade e misericórdia de Deus são infinitas, assim como Ele é infinito, e é exatamente em razão desta bondade e misericórdia, que Ele usa uns pouquíssimos exemplos para nos advertir que viver deliberadamente no pecado nos priva de experimentar as Suas melhores e maiores bênçãos, e no caso de falta de cobertura do sacrifício de Jesus, o pecado produz a pior de todas as mortes, que é a morte espiritual, e que por fim virá a ser morte eterna.
Assim, com Seus juízos, o Senhor nos alerta em Sua bondade, graça e misericórdia que não devemos viver na prática deliberada do pecado, mas que devemos nos arrepender dos nossos pecados e buscar andar em retidão na Sua presença, pois foi para este propósito que fomos criados por Ele.
É por isso que tanto Jesus quanto os profetas e os apóstolos advertem seriamente a todos os pecadores, para que se arrependam e se convertam a Deus, por meio da fé nEle, e vivam em santidade de vida, para que lhes vá bem. Pois, do contrário correm o risco de enfrentarem o justo juízo de Deus, tal como ocorrera com Nadabe e Abiú, para a nossa advertência.      
Os ministros de Deus devem saber distinguir não somente o que é santo do que é profano, como também, discernir nas próprias coisas santas, aquilo que é mais santo, como exemplificado em figura no caso dos sacerdotes em relação às partes dos sacrifícios que lhes foram dadas por Deus, e de que tipos de sacrifícios deveriam comê-las; pois era vedado ao sacerdote comer da carne do sacrifício pelo pecado, cujo sangue fosse levado para o interior do tabernáculo, para fazer expiação no interior do Lugar Santo.
Mas  estava obrigado a comer as porções de carne relativas às partes dos animais, que fossem ofertados pelo pecado e cujo sangue não fosse usado na referida expiação no interior do Lugar Santo.
Deste modo, eles não poderiam frustrar o ensino em figura que aqueles que são feitos sacerdotes para Deus, por meio da fé em Cristo, vivem diante dEle porque se alimentam da Sua carne.
Por isso Jesus disse que a Sua carne é verdadeira comida, e que todo aquele que dele se alimenta tem a vida eterna.
Tal como os apóstolos com Jesus no Getsêmani, o espírito de Arão estava pronto para toda obediência, mas a carne era fraca, e assim como os apóstolos, dormiram, em vez de vigiarem com o seu Senhor, em razão da tristeza pela morte de seus dois filhos, se sentia totalmente indisposto a comer da carne do bode, que foi oferecido como oferta pelo pecado e assim ordenou a seus filhos, que a sua carne fosse queimada totalmente.
Com isso houve uma quebra de um mandamento, mas, neste caso, a misericórdia do Senhor o alcançou, pois havia agido daquela forma juntamente com seus filhos Eleazar e Itamar, não por desconsiderarem ou desrespeitarem as ordens de Deus relativas aos sacrifícios, e nem pelo desejo de descumpri-las em ocasiões futuras.
Então ele argumenta com Moisés como poderia Deus aceitar que ele comesse da carne do sacrifício por simples obrigação, e com o espírito entristecido?
Moisés entendeu a justificativa de Arão e se deu por satisfeito.
É bastante instrutivo que no mesmo capítulo que registra a morte de Nadabe e Abiu, por terem oferecido fogo estranho, com irreverência e desrespeito ao Senhor e à Sau Lei, também está registrada a misericórdia de Deus para com Arão e seus filhos, quando deixaram de seguir estritamente o que era determinado pela Lei, em razão de ter sido compassivo para com o luto e tristeza deles.
Isto é muito importante de ser considerado, para que não se pense de Deus como sendo um Juiz inflexível nos dias do Antigo Testamento, que punia sem qualquer apelação a qualquer transgressão cometida contra os Seus mandamentos, sem pesar os espíritos e a sinceridade e o desejo daqueles que se aproximavam dEle para servi-lO.
O que pesa para Ele não é o tanto quanto poderemos falhar, porque já sabe que todos somos pecadores, mas qual é a forma como encaramos o pecado: se com tristeza e arrependimento, ou considerando a transgressão da Sua vontade como sendo algo sem importância.

NOTA: O Presidente dos EUA, Barack Obama que recentemente ridicularizou o livro de Levítico e outras passagens da Bíblia, bem poderia se instruir melhor sobre o caráter de Deus revelado neste livro e em todas as demais Escrituras, antes de emitir suas opiniões facciosas desprovidas de verdade, sobre algo que não é da sua competência.
Veja no link:

https://www.youtube.com/watch?v=05RBcpAzz3Q







18 - “do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.” (João 16.11)

É comum se imaginar erroneamente que nosso Senhor Jesus Cristo - notadamente pelo que teve que se humilhar e sofrer em nosso benefício, em Seu ministério terreno - que Ele sempre estivera em algo parecido como um cabo de força com os poderes do inferno, sobretudo com Satanás, e fazendo muito esforço para não ser derrotado por tais poderes opositores.
Não podemos esquecer que Jesus é Deus junto com o Pai e o Espírito Santo – que Satanás é mera criatura e ainda por cima decaída e expulsa para sempre da presença de Deus e condenada ao juízo eterno no lago de fogo e enxofre, que já estando julgado aguarda somente a execução da sentença que lhe foi passada pelo tribunal divino.
Tudo o que ele e seus seguidores fazem é por permissão divina.
Ele não pode agir sem que antes peça permissão a Deus, conforme vemos no caso de Jó, e na legião de demônios que foi expulsa do Gadareno por Jesus, e que LHe pediu com grande temor que não lhes enviasse para o abismo de fogo naquela hora, mas que lhes permitisse entrarem nos porcos.
Se há ainda uma batalha espiritual entre Satanás e aqueles que servem a Deus, é porque isto estava previsto no Seu plano eterno, visando ao aperfeiçoamento da nossa fé.
Mas chegará o dia em que não haverá mais nenhum combate porque estaremos aperfeiçoados na glória celestial e Satanás, os demônios e todos os espíritos que o seguiam serão sujeitados pelo Senhor a um sofrimento que jamais terá fim.
       











86) JUSTIÇA

ÍNDICE

1 - Sem a Justiça de Cristo não Há Vida Eterna
2 - Justiça da Lei x Justiça da Fé
3 - Deus se Importa em Exercer Justiça e Juízo?
4 - “O Senhor nossa Justiça" (Jeremias 23.6)
5 - Justiça
6 - Por que Jesus Teve que Morrer
7 - A Justiça Perfeita de Uma Natureza Perfeita
8 - A Justiça por Direito Natural 
9 - Exemplos de Justiça nas Escrituras
10 - A Justiça do Evangelho Testemunhada pelos Profetas
11 - Aprende-se Justiça nas Muitas Passagens da Bíblia
12 - A Busca de Justiça Social
13 - A Justiça Manifestada sem Lei
14 - Senhor Justiça Nossa


1 - Sem a Justiça de Cristo não Há Vida Eterna

A justiça de Deus não somente perdoa até mesmo os piores malfeitores, como também remove a sua culpa, e os transforma em pessoas justas e santas, pela simples expressão de arrependimento e fé.
Porque lhes é imputada a justiça do próprio Cristo, para perdão do pecado, e para promover a reconciliação do ofensor (pecador) com o ofendido (Deus).
É portanto, somente por tal justiça divina, que é a justiça da graça, a justiça da fé, que  alcançamos a vida eterna.
De modo que aqueles que têm a justiça de Deus, têm também a vida eterna, porque por ela são justificados (atribuição da justiça) e tornados justos (implantação da justiça).
É por isso que se ordena que busquemos não apenas o reino de Deus, mas também a sua justiça, porque sem esta justiça, não se tem a vida Deus.
Deste modo, o dom da justiça divina em Jesus Cristo é relacionado na Bíblia, à própria salvação:
Is 46.13; 51.5,6,8; 56.1; Dn 9.24; Mal 4.2
E podemos ver então o quão crucial é que sejamos justificados por Deus para que sejamos salvos, de modo a alcançar a vida eterna.
Quando se diz em Habacuque 2.4  que o justo viverá pela sua fé, é importante observar que está sendo afirmado que somente os justos terão vida eterna.
Então o homem necessita da justiça perfeita de Deus para ter vida, e tal justiça lhe é concedida por meio da fé.
Quando a palavra “justiça” é usada na Bíblia com o sentido de “juízo”, ela é vertida do original grego “krisis”.
Mas quando é usada para se referir à salvação, a palavra da qual é vertida no grego é “dikaiossine”, que é encontrada nos seguintes textos, dentre outros:
Lucas 7.29; João 16.8, 10; Atos 13.10; 24.25; Romanos 1.17; 3.5, 21, 22, 25, 26; 4.3, 5, 6, 9, 11, 13, 22; 6.13, 16, 18, 19, 20; 8.10; 9.31; 10.3-6, 10; 14.17; I Coríntios 1.30; II Coríntios 3.9; 5.21; 6.7, 14; Gálatas 2.21; 3.6, 21; 5.5; Efésios 4.24. 5.9; 6.14; Filipenses 1.11; 3.9; I Timóteo 6.11; II Timóteo 2.22; 3.16; 4.8; Hebreus 5.13; 7.2; 11.7, 33; 12.11; Tiago 1.20; 2.23; 3.18; I Pedro 2.24; 3.14; II Pedro 1.1; 2.5, 21; 3.13; I João 2.29; 3.7, 10; Apocalipse 15.4; 19.8; 22.11.
Destes textos, veja por exemplo, o que se afirma em Rom 8.10:
”Ora, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça.” (Rom 8.10)
Veja que se fala de uma vida do espírito por causa da justiça.
Em Fp 3.9:
“e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;” (Fp 3.9)
Em Rom 3.21-26:
“21 Mas agora, sem lei, tem-se manifestado a justiça de Deus, que é atestada pela lei e pelos profetas;
22 isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há distinção.
23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;
24 sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,
25 ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos;
26 para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Rom 3.21-26)
Veja de que forma direta o apóstolo relaciona a justiça com a salvação, com a justificação instantânea da conversão inicial, pela qual foram esquecidos todos os pecados cometidos antes de se receber tal dom da justiça, que é por meio da fé, prometido por Deus desde os profetas e até mesmo pela Lei de Moisés.
E em Rom 5.17,18,21:
“17 Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.
18 Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida...
21 para que, assim como o pecado veio a reinar na morte, assim também viesse a reinar a graça pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.” (Rom 5.17,18,21)
No verso 17 está escrito: “reinarão em vida os que recebem do dom da justiça”.
No verso 18 se diz em outras palavras que é pela justiça de Cristo, que veio a graça para justificação e vida, com base na expiação do pecado realizada por Jesus Cristo na cruz.
No verso 21 se afirma expressamente que a graça reina por causa da justiça, para que tenhamos vida eterna por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
A justiça verdadeira exige que sejamos e hajamos em conformidade com o que Deus é, e segundo a Sua vontade.
Então, ser justo significa atender a tal exigência da justiça divina para que sejamos sobretudo conformados à Sua santidade.
Assim, não basta ser justo apenas em relação aos homens por cumprir os mandamentos de não adulterar, matar, mentir, furtar, cobiçar, porque importa ser também justo para com Deus, por sermos santificados por Ele, para aquela vida perfeita que teremos no céu.
Todavia, não se pode ser e fazer tudo isso, sem Cristo, e daí se dizer que Ele se tornou da parte de Deus para nós a nossa justiça (I Cor 1.30) e que a finalidade da lei de Deus é o próprio Cristo para a justiça dos que creem.
Como Cristo se torna a justiça dos cristãos?
Primeiro, através da justiça atribuída, quando se arrependem e se convertem a Deus, e a isto a bíblia chama de justificação.
E em segundo lugar com a justiça implantada pela operação do Espírito Santo, através da regeneração e da santificação.
Por que necessitamos da justiça atribuída, além da implantada?
Porque é somente por ela que poderíamos ser perdoados de nossos pecados e culpa, e sermos reconciliados com Deus.
Por que necessitamos da justiça implantada?
Porque é por meio dela que somos transformados à imagem de Deus aprendendo a ser misericordiosos, longânimos, perdoadores, amorosos, justos, bondosos, etc, tal como é o próprio Deus.
Somente Deus é a origem e a fonte da justiça eterna e verdadeira, sem a qual ninguém pode viver em  comunhão com Ele.
A justiça exige atos e pensamentos justos.
Deus pode perdoar os nossos pecados porque eles foram totalmente castigados em Jesus.
Assim, por sermos pecadores, toda a justiça de Deus para nós é de caráter evangélico, na qual deve ser sempre lembrada a substituição que foi feita por Jesus, colocando-se em nosso lugar para receber em sua morte na cruz, a condenação relativa à nossa culpa.
Se o caráter da nossa justiça é evangélico, isto é, baseado na expiação e perdão de Jesus, pela nossa fé no evangelho, então, enquanto neste mundo, não somos justos para Deus pelo fato de nunca falharmos ou errarmos, mas pelo fato de nos arrependermos de nossos pecados.
O arrependimento sincero fará com que achemos o favor e o perdão de Deus para nos purificar de toda injustiça, como se afirma no primeiro capítulo de I João, porque o arrependimento verdadeiro consiste numa real mudança de atitude e de comportamento, deixando-se o que é mau, e praticando o que é bom e reto segundo a vontade de Deus, conforme nos é concedido pelo poder da Sua graça.
Quando Adão pecou a justiça do homem foi perdida para sempre, de modo que necessita da justiça de um outro, para que possa ter vida, a saber, a de Cristo, que jamais se perde ou acaba, porque é justiça eterna e perfeita.
Vimos que é a justiça que dá vida, de modo que não se pode viver sem ser justo, e é por causa da fé, que viverá eternamente.
Leia Rom 3.21-31.






2 - Justiça da Lei x Justiça da Fé

Rom 1:16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego;
Rom 1:17 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.

Há alguns anos atrás, com base neste texto da Bíblia, se alguém me perguntasse que justiça de Deus é esta que se revela no evangelho, logo me viria à mente a idéia de juízo divino, da justiça da sua lei que nos condena; e não a justiça da fé que nos salva.
Apesar de o texto bíblico falar explicitamente de uma justiça divina que é segundo o evangelho e a fé, de tão acostumados que estamos com a noção de justiça sendo aplicada apenas para julgamento, torna-se muito difícil para nós entendermos que a justiça do evangelho e da fé não é para condenação, para juízo, mas para a nossa justificação, libertação, salvação.
No próprio texto da epístola aos Romanos, esta justiça da fé é explicada abundantemente, como nas seguintes passagens:

Rom 4:2 Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus.
Rom 4:3 Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
Rom 4:4 Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida.
Rom 4:5 Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça.
Rom 4:6 E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras:
Rom 4:7 Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos;
Rom 4:8 bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado.

Este texto revela claramente que a justiça de Deus, que é revelada no Evangelho, é a mesma justiça que operou no Velho Testamento, e que foi somente por esta justiça da fé em Deus, que Abraão foi justificado e salvo.
A Lei viria somente 430 anos depois de Abraão com Moisés, e no entanto, a Lei que passou a vigorar não poderia anular esta justiça da fé que operava e caminhava ao lado da Lei, desde o início da criação, e que se baseava no cancelamento da nossa dívida de pecado, por causa da fé no sacrifício que seria oferecido por Jesus na cruz, e cuja validade é eterna aos olhos de Deus, podendo assim, também justificar aos que viveram no passado, antes do Senhor Jesus ter se oferecido no nosso lugar.

Rom 9:30  Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a justificação, vieram a alcançá-la, todavia, a que decorre da fé;
Rom 9:31 e Israel, que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei.
Rom 9:32 Por quê? Porque não decorreu da fé, e sim como que das obras. Tropeçaram na pedra de tropeço,

A nação de Israel com a qual foi celebrada a Aliança da Lei, ou Antiga Aliança, não conseguiu enxergar que ao lado da justiça da Lei, que não pode justificar e salvar, havia também esta justiça da fé, e tendo se endurecido para a recepção da salvação, pela simples fé no Senhor Jesus, não chegaram a alcançar a justificação, porque esta é somente e exclusivamente  por graça, e mediante a fé.
Deus determinou que deveria ser apenas por este modo e ponto final.
 Não pode justificar e salvar por qualquer caminho diferente deste que foi por ele estabelecido.

Rom 10:3 Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.
Rom 10:4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.
Rom 10:5 Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente da lei viverá por ela.
Rom 10:6 Mas a justiça decorrente da fé assim diz: Não perguntes em teu coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cristo;
Rom 10:7 ou: Quem descerá ao abismo?, isto é, para levantar Cristo dentre os mortos.
Rom 10:8 Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos.
Rom 10:9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.






3 - Deus se Importa em Exercer Justiça e Juízo?

A muitos parece que Deus é injusto ou que pouco se importa com a questão da justiça.

Todavia, não há nada em que Deus esteja mais ocupado do que em fazer justiça e mostrar misericórdia, como podemos ver em tantas citações das Escrituras.

“mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR.” (Jeremias 9.24)

Deus tem fixado um Grande Dia no qual há de julgar até mesmo palavras que foram proferidas impensadamente.

Haverá uma recompensa, consolo e compensação para todas as injustiças sofridas pelos justos e tormentos para os que têm prazer na prática da injustiça.

O que não pode ser esquecido é o fato que vivemos numa dispensação chamada de GRAÇA, porque tendo Jesus Cristo morrido no lugar do pecador, abriu-se um parêntesis na história para que Deus se mostre longânimo para com todos, dando-lhes a oportunidade de se arrependerem e se converterem das trevas  para a luz.

Daí ter-se visto em todo o ministério de Jesus e em toda a história da Igreja verdadeira, formada por aqueles que são de fato convertidos a Ele, e que lavaram as suas vestes no Seu sangue precioso, que apenas graça e misericórdia têm sido exibidas para todos os pecadores, na expectativa de que se arrependam e se santifiquem, abandonando as obras infrutíferas das trevas; e não se vê qualquer acusação ou condenação em juízo para a promoção da justiça; ao contrário, nos é ordenado que não julguemos para que não sejamos julgados com a mesma medida que tivermos julgado, pois afinal todos somos pecadores.

Esta é a razão de não se ter visto o Senhor Jesus realizando manifestações de juízos em Seu ministério terreno contra a impiedade dos homens, senão somente manifestações de graça e misericórdia, até mesmo quando usou da Sua autoridade divina para repreender o pecado, pois o fizera para convencer os pecadores da necessidade de arrependimento para poderem escapar da condenação futura.






4 - “O Senhor nossa Justiça" (Jeremias 23.6)

Sempre dará ao cristão a maior calma e paz, pensar na perfeita justiça de Cristo. Quantas vezes os santos de Deus ficam tristes e abatidos! Eu não penso que eles deveriam ficar. Eu acho que eles não ficariam caso sempre pudessem ver a sua perfeição em Cristo. Há alguns que estão sempre falando sobre a corrupção e a depravação do coração, e da maldade inata da alma. Isto é verdade, mas por que não ir um pouco mais longe, e lembrar-se que estamos “perfeitos em Cristo Jesus.” conforme se afirma em Colossenses 1.28. Não é para se surpreender que aqueles que se debruçam sobre a sua própria corrupção apresentem um olhar cabisbaixo; mas certamente se nós trouxermos em memória que "Cristo é feito para nós justiça", então teremos bom ânimo. Embora angústias me aflijam, embora Satanás me ataque, embora possa haver muitas coisas a serem experimentadas antes de que eu vá para o céu, estas coisas são feitas para mim no pacto da graça divina; não há nada faltando em meu Senhor, Cristo fez tudo isto. Na cruz, ele disse: "Está consumado!" e se foi concluído, então estou completo nele, e posso exultar com alegria indizível e cheia de glória", não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que vem de Deus pela fé. "Você não achará deste lado do céu um povo mais santo do que aqueles que recebem em seus corações a doutrina da justiça de Cristo. Quando o cristão diz: "Eu vivo somente em Cristo; eu descanso exclusivamente nele para a salvação; e eu creio que, por mais indigno que eu seja, eu ainda sou salvo em Jesus;" então levante-se com um motivo de gratidão neste pensamento - "Eu não viveria para Cristo? Não hei de amá-lo e servi-lo, vendo que eu estou salvo por seus méritos?" "O amor de Cristo nos constrange", “que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu." Se somos salvos pela justiça imputada, vamos valorizar muito a justiça comunicada.

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.






5 - Justiça

A justiça é um dos atributos que compõem o caráter de Deus. Por ela se exige que todos os atos dos seres morais estejam conformados à Sua santidade.
Em sentido prático, ser justo é fazer somente aquilo que for bom para promover o bem. Em última instância, significa ser e fazer somente aquilo que for agradável à vontade de Deus.
Por isso se afirma que, aquele que ama o próximo tem cumprido a Lei, ou seja, tem agido de forma justa aos olhos de Deus.
De tanto que a palavra justiça é usada com o sentido de juízo, comete-se amiúde o equívoco de entendê-la com o sentido de punição do erro, com a devida exigência de reparação. No entanto, biblicamente, a palavra justiça, especialmente no Novo Testamento, é usada geralmente para designar o próprio Senhor Jesus Cristo como sendo a fonte da justiça, que é oferecida gratuitamente por Deus para justificar pecadores (Rom 5.17).
Ela é tanto justiça atribuída, sendo imputada ao crente para torná-lo considerado justo aos olhos de Deus, como se vê em Romanos 4, quanto justiça implantada pela obra de regeneração e santificação operada pelo Espírito Santo.
“Mas agora, sem lei, tem-se manifestado a justiça de Deus, que é atestada pela lei e pelos profetas; isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que creem; pois não há distinção.” (Romanos 3.21).
A justiça que Deus nos está oferecendo para sermos justificados é obtida simplesmente por meio da fé em Jesus Cristo; a justiça que é revelada no evangelho de fé em fé.
Sendo transgressor da Lei de Deus o homem é naturalmente injusto, e na condição de injusto, o juízo de Deus o condena à morte, então ele necessita de perdão e libertação da condenação por meio da redenção que há em Cristo, e uma vez tendo se conformado à morte de Jesus, pela fé nEle, é considerado morto para a condenação da Lei e vivo para Deus, para andar em novidade de vida perante Ele.
É justo que Deus justifique o pecador que crê em Cristo, porque Ele não tinha pecado e a causa da Sua morte foram os pecados de todos os pecadores, que carregou sobre Si na cruz.
Assim, a Sua justiça pode ser atribuída e imputada àqueles cujos pecados Ele carregou, e que se aproximam dEle para serem justificados e santificados.
Necessitávamos de uma justiça que nos fosse conferida somente por fé – a justiça da fé – porque se dependêssemos da justiça que é segundo as obras da Lei, estaríamos para sempre perdidos e condenados, porque a Lei exige que todos os Seus mandamentos sejam cumpridos perfeitamente, ao longo de toda a nossa vida, porém, tendo uma natureza que é decaída no pecado, jamais atenderíamos a tal exigência da Lei.
Por isso Deus planejou um caminho melhor e viável para nós, que não é um atalho para cumprir a Lei, mas o único caminho pelo qual poderíamos ser santificados perfeitamente, de modo que seremos achados no porvir com a mesma justiça que temos aqui (Cristo), e que excede em muito a dos escribas e fariseus, mas teremos uma perfeita medida desta justiça pela qual estaremos plenamente conformados a Jesus Cristo.
Vivemos pela justiça de outro (Cristo), mas não para sermos isentos da prática da justiça – ao contrário, devemos ser servos da justiça, pois foi para isto que fomos justificados pela fé.
Assim, apesar de não podermos ser justificados pela Lei, e, portanto, não praticarmos as obras da Lei para este fim de sermos justificados, todavia, importa confirmar a Lei pela fé, uma vez que em Cristo passamos a amar a Lei de Deus, e entendemos que ela é espiritual, justa, santa e perfeita, pois é o reflexo do caráter do nosso Deus.
Para tanto, Ele a tem escrito em nossas mentes e corações, e nos tem dado o Espírito Santo para sermos habilitados a cumpri-la.
Dessa justiça de Deus, que é pela fé e é revelada no evangelho, deram testemunho a Lei e os profetas, ou seja, há várias passagens do Velho Testamento em que ela é profetizada para ser manifestada em Jesus Cristo na dispensação da graça, as quais constam do anexo citado no link a seguir.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras:
1 – dikaiosune (grego) – justiça;
2 – tsedeq (hebraico) – justiça; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:



Você pode ler toda a Bíblia (Velho e Novo Testamento) com a interpretação de capítulo por capítulo acessando o seguinte link:

E sermões, mensagens e estudos bíblicos, relacionados por ordem de assuntos em:

http://evangmenseserm.blogspot.com.br/


Pr Silvio Dutra






6 - Por que Jesus Teve que Morrer

Por John Piper

"a quem [Jesus] Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos." (Romanos 3.25)

"Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados." (1 João 4.10)

"Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar."  (Gálatas 3.13)

Se Deus não fosse justo, não haveria a necessidade de seu Filho sofrer e morrer. E, se Deus não fosse amoroso,- não estaria disposto a deixar seu Filho sofrer e morrer. Entretanto, Deus é justo e amoroso. Por essa razão, seu amor se dispõe a satisfazer as exigências de sua justiça.
Sua lei exige: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Deuteronômio 6.5). Mas todos nós amamos mais a outras coisas do que a Deus. É nisto que consiste o pecado — desonrar a Deus, preferindo outras coisas em detrimento dEle e agindo em função dessas preferências. Por essa razão, a Bíblia afirma: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Rendemos glória àquilo que mais apreciamos. E o que mais apreciamos não é Deus.
Assim, o pecado não é uma coisa pequena, pois não é uma ofensa contra um Soberano insignificante. A intensidade de um insulto é medida pelo grau de dignidade da pessoa insultada. O Criador do universo é infinitamente digno de respeito, admiração e lealdade. Portanto, deixar de amá-Lo não é algo trivial — é traição. Deixar de amar a Deus é difamá-Lo e destruir a felicidade humana.
Visto que Deus é justo, Ele atenta para esses crimes e sente uma ira santa contra eles. Tais crimes merecem punição e Deus disse isso com clareza: “Porque o salário do pecado é a morte” (Romanos 6.23). “A alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18.4).
Há uma maldição santa sobre todo pecado. Deixar de puni-lo é injusto; é apoiar a atitude de desonra contra Deus. Nesse caso, uma mentira reinaria no âmago da verdade. Por isso Deus diz: “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las” (Gálatas 3.10; ver também Deuteronômio 27.26).
Contudo, o amor de Deus não se condiciona à maldição que pesa sobre toda a humanidade pecaminosa. Deus não se alegra em irar-se, não importa quão santa seja esta ira. Por isso, enviou seu próprio Filho para absorver essa ira e carregar, em si mesmo, a maldição em favor de todos os que confi am nEle. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gálatas 3.13).
Este é o significado da palavra “propiciação” nos textos citados anteriormente. Esta palavra se refere à remoção da ira de Deus por meio de um substituto. O substituto foi providenciado pelo próprio Deus. O substituto, Jesus Cristo, não somente anulou a ira, mas a absorveu, desviando-a de nós e direcionando-a a si próprio. A ira de Deus é justa. Ela não foi removida, mas atribuída a Cristo.
Não brinquemos com Deus, nem façamos de seu amor algo trivial. Nunca fi caremos perplexos diante do amor de Deus, enquanto não considerarmos a seriedade de nosso pecado e a justiça da ira de Deus contra nós. Mas quando, pela graça, despertamos para nossa indignidade, então, podemos olhar para o sofrimento e a morte de Cristo e dizer: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4.10)






7 - A Justiça Perfeita de Uma Natureza Perfeita

Se o homem fosse perfeito, as suas leis refletiriam a sua natureza perfeita, e portanto, a sua justiça requereria somente pensamentos, atitudes e ações que fossem também perfeitos.
O que não fosse perfeito, ficaria, por conseguinte sujeito a sanções e penalidades.
Muito bem.
O homem não é perfeito, mas Deus é, e é daí que decorre a demanda da Sua justiça, que afirma:
“Sede perfeitos, assim como Deus é perfeito”.
Ninguém neste mundo tem o poder de, per si, ter a citada justiça.
Por isso Jesus nos foi dado para ser a nossa Justiça e nos conduzir à perfeição que satisfaça à demanda da justiça divina.
Sabendo que não a teremos enquanto aqui na terra, Deus exerce perdão, longanimidade e misericórdia, e nos salva na esperança de que teremos a referida perfeição, por meio de Cristo, na transformação total que nos será concedida no céu de glória.
Isto será possível, porque por meio da fé, nosso Senhor nos tem feito participantes da Sua própria natureza divina, de modo que estejamos habilitados a habitar onde todos são justos e perfeitos.







8 - A Justiça por Direito Natural 

Deus não exerce a sua justiça meramente com base no cumprimento ou não dos seus mandamentos, mas sempre pelo direito que lhe é conferido por sua própria natureza perfeitamente justa.
Tanto isto é verdade, que caso fosse pelo mero mandamento, ainda teríamos que cumprir todos os dispositivos legais cerimoniais e civis, do Velho Testamento que vigoraram na Antiga Aliança, e que foram revogados em Jesus Cristo.
Não pecamos por não celebrar as festas fixas do Pentecostes, Tabernáculos, Páscoa etc, e nem por não apresentar as ofertas e sacrifícios exigidos pela Lei do antigo pacto, bem como todos os demais dispositivos. Todavia, a justiça que era segundo o mandamento, requereria isto dos judeus, no período do Velho Testamento.
Vemos então que a justiça que é segundo a lei, mesmo a dos homens, não é justiça perfeita, porque pode não ser mais aplicável conforme novas condições ou épocas.
Todavia, a justiça que é segundo o direito natural divino é eterna porque está relacionada à Sua própria pessoa divina.
Por isso os mandamentos morais são perfeitos, porque são conformados à citada justiça.
Estes mandamentos morais são regulamentados, especialmente com base nos dez mandamentos.
Assim não furtarás, não adulterarás, não darás falso testemunho, são verdades que permanecem justas e perfeitas, entre outras, independentemente de condições ou épocas, porque refletem o que Deus é em Sua própria natureza.
Não lemos no relato das Escrituras que Adão foi criado filho de Deus, mas que Deus criou o homem.
Este homem criado, o próprio Adão somente poderia se tornar filho de Deus por meio da adoção segundo a fé em Jesus Cristo.
Deus criou a humanidade para se prover de filhos. E estes filhos por direito natural passam a ser herdeiros de Deus para sempre.
E não podem ser deserdados, porque a justiça de Deus, baseada no direito que é segundo a Sua natureza divina, não o permitiria.
Então Adão não seria filho de Deus, a menos por ter recebido dEle a referida condição.
Por isso se diz que Jesus é nossa justiça, não somente no sentido de nos livrar da culpa do pecado, como também para nos conduzir a esta condição de filhos, que foi o propósito de Deus na criação da humanidade.
Como a demanda da filiação aponta necessariamente para a semelhança com Cristo, então passa a ser também uma demanda da justiça divina, que sejam condenados e banidos todos aqueles que não satisfazerem a tal propósito; e que recebam herança e galardões todos aqueles que o cumprirem.
Deve ser assim porque a integridade é uma propriedade absoluta da natureza divina, e pode somente ser achada em todos aqueles que partilham da citada natureza.
Daí a necessidade de sermos feitos coparticipantes da natureza de Deus por meio da nossa união espiritual a Jesus Cristo.
Os escribas e fariseus eram legalistas porque não exerciam a justiça segundo as demandas da natureza divina, mas segundo a mera letra do mandamento.
E a situação deles se agravava porque não o faziam segundo o espírito do mandamento dado por Deus, mas segundo uma distorção e corruptela da lei que eles haviam criado segundo a tradição dos homens.
Por isso nosso Senhor afirmou que a nossa justiça deve exceder em muito a dos escribas e fariseus, e também que eles haviam negligenciado o que havia de principal na Lei, e citou a justiça, a fé e o amor, para ilustrá-lo.
 Ora, como poderemos julgar segundo a reta justiça que é segundo as perfeições que existem na natureza divina, se não formos feitos coparticipantes de tal natureza?
Ou ainda: como poderemos julgar segundo a referida justiça, caso sejamos legalistas como os escribas e fariseus?
 Um juiz perfeito humano deveria ser dotado em sua natureza de uma perfeita justiça. E isto sabemos que ninguém a possui. Mas Deus é perfeito juiz porque possui tal natureza justa perfeita.
Então a justiça divina sempre requererá que atendamos ao propósito da nossa criação, a saber, que sejamos semelhantes a Cristo, em caráter, em santidade.
Porque sem isto, não podemos ser justos, assim como Deus é justo.
Então um caráter justo terá necessariamente, que ser aperfeiçoado.
Terá que crescer no aprendizado prático da própria pessoa de Cristo.
Quanto mais formos semelhantes a Ele, mais justos seremos,  segundo o padrão da justiça perfeita e eterna que há na natureza de Deus.
Daí o Senhor ter dito:
“...o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se.” (Apo 22.11b)
Por que Deus pune o pecado, onde quer que ele seja achado?
Exatamente porque a sua natureza perfeitamente justa o exige.
Por isso, para a nossa redenção, foi necessário que a justiça divina visitasse a culpa do nosso pecado na morte de Jesus na cruz, que tomou o nosso lugar, para que a demanda da justiça divina fosse atendida.
Deus não pode justificar sem permanecer justo.
Ele não pode perdoar de forma injusta.
A justiça demanda a punição do malfeitor, e não seria portanto justo, que Deus nos perdoasse sem que nossas transgressões e culpas fossem, antes, removidas, pelo justo castigo que merecíamos.
Isto explica porque Cristo foi castigado no nosso lugar para tal propósito.
Ele não o merecia, porque não tinha qualquer pecado.
Nós o merecíamos, mas Ele tomou o nosso lugar por amor, e para que o propósito eterno de Deus de ter muitos filhos semelhantes a Ele pudesse ser cumprido.
Desta justiça perfeita da natureza de Deus dá testemunho a Escritura, inclusive no Velho Testamento, especialmente nos Profetas.
A palavra da profecia afirma em todos os lugares que Deus é justo, e que sendo possuidor de tal justiça, isto denota a retidão universal e perfeição de sua natureza divina.
Sua essência é a mais sábia, a mais perfeita, a mais excelente, mais misericordiosa, mais benigna, enfim, é a própria justiça da qual dão testemunho as Sagradas Escrituras.
Então todos os atos de Deus sempre estarão conformados à sua justiça, que sempre o levará a agir com sabedoria, bondade, verdade, misericórdia e longanimidade.
Quando a Bíblia afirma que não há uma única pessoa justa diante de Deus, o que se quer ensinar é que todos se encontram naturalmente, sem Cristo, na condição de inimigos de Deus.
Uma vez que o Criador é perfeitamente justo.
Daí se dizer que somos reconciliados com Deus, que temos paz com Deus, por meio do sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo.
O principal ponto em que a quase totalidade da humanidade denota não estar conformada à justiça divina, se demonstra na falta da adoração e culto que são devidos ao Senhor.
Ele o fixou nos Dez Mandamentos, quando afirmou não somente que não deveríamos ter outros deuses diante dEle, como também, deveríamos separar ao menos um dia em cada sete, para adorá-lo, conforme as normas fixadas por Ele para a citada adoração.
São poucos os que negligenciam este primeiro e principal dever de toda pessoa?
 Para nossa advertência as Escrituras estão repletas de juízos de Deus contra as negligências e corrupções do dever da adoração, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Todavia, muitos se consideram justos diante de Deus porque pensam que Ele requer tão somente procedimento moral correto em relação ao próximo.
Isto é uma grande ilusão, porque, nada podemos conhecer verdadeiramente acerca de Deus sem que tenhamos a Cristo, porque é nEle que reside toda a plenitude da revelação da pessoa, da vontade, e da justiça divinas.
Como saberíamos o que é a justiça perfeita divina sem Cristo?
Por isso foi justo, da parte de Deus, que Cristo nos fosse dado, porque fomos criados não somente para alcançar o referido conhecimento, mas para sermos verdadeiramente justos, segundo tudo aquilo que se encontra na natureza da divindade.
Assim se afirma repetidamente nas Escrituras que Cristo é a nossa justiça, e dessa justiça deram testemunho os profetas, especialmente Isaías, quanto ao modo e a ocasião da sua manifestação ao mundo.
Concluímos portanto que Cristo não nos foi dado somente como expiação pelos nossos pecados, mas para nos fazer participantes da sua vida divina, e tudo isto, em atendimento à demanda da justiça de Deus.







9 - Exemplos de Justiça nas Escrituras

“2Tm 3:16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,
2Tm 3:17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”

Como nos demais capítulos do livro de 2 Samuel, também há no seu 19º, muitos ensinamentos para nos educar na justiça.
Aqui nós somos ensinados especialmente sobre o dever da gratidão, mesmo de um rei a seus súditos, quando estes se empenham por ele lutando para fazer prevalecer a causa da justiça.
Até mesmo os que lideram devem manifestar a sua gratidão àqueles que o servem bem.
Pastores devem manifestar a sua gratidão às ovelhas que servem bem ao Senhor debaixo do ministério deles, assim como as ovelhas devem manifestar a sua deferência e gratidão àqueles que as presidem bem no Senhor.
Contudo, num mundo em que a iniquidade tem se multiplicado, de modo que o pecado tem se manifestado em múltiplas e variadas formas, estas coisas que são devidas à justiça e à virtude, e que são imutáveis, vão sendo esquecidas, mesmo no meio daqueles que jamais deveriam se desviar delas, a saber, o povo do Senhor.
Joabe sabia que grandes danos foram sofridos por muitos reis, por causa do desprezo de grandes méritos.
Era exatamente isto que Davi estava fazendo, não se permitindo consolar da morte de Absalão, e não expressando qualquer gratidão àqueles que haviam exposto as suas próprias vidas por ele e pelo seu reino.
As palavras de repreensão de Joabe dirigidas a Davi eram corretas, mas ele não o fez com o respeito e deferência que eram devidos ao rei.
Mas, em todo o caso, elas produziram o efeito desejado, e Davi pôde vencer as razões do seu coração para se sujeitar e fazer aquilo que era justo, e foi ter com o povo que já se desanimava, considerando ser uma ingratidão ele ter esquecido de tudo o que eles haviam feito para ficar lamentando a morte do rebelde Absalão.
Tendo manifestado publicamente o seu desejo de continuar governando as tribos de Israel, deliberou providenciar o retorno do rei de Maanaim, onde ele ainda se encontrava, para Jerusalém, em Judá.
E ao mesmo tempo, Davi tomou providências mandando dizer a Zadoque e a Abiatar, que se encontravam em Jerusalém, que incentivassem os de Judá a trazê-lo de volta (II Sam 19.11).
Ele argumentou que era irmão deles, pois era daquela tribo, e mandou dizer a Amasa, que foi constituído por Absalão como seu general, dizendo também a ele que era do mesmo osso e carne dele, e que o constituiria como general de todo o seu exército no lugar de Joabe (v. 12, 13), e estas palavras produziram o efeito esperado, porque eles se dispuseram a buscar Davi em Maanaim, tomando a dianteira de todas as demais tribos de Israel, e quando estas protestaram que haviam sido deixadas de lado pelos de Judá, não dando a eles a mesma honra de buscarem o rei juntamente com eles, a tribo de Judá usou o argumento do parentesco com Davi para justificar o fato de terem se encontrado com o rei em Gilgal para trazê-lo a Jerusalém (v. 15, 41-43).
Mas, enquanto neste mundo, não virá somente ao nosso encontro a gratidão sincera, como também o interesseiro com seu falso arrependimento e a falsidade e o engano, bem representados nas pessoas de Simei, que havia amaldiçoado Davi, quando este fugia de Absalão (v. 16), e Ziba, que lhe enganou em relação a Mefibosete (v. 17).
Estes vieram ter com ele juntamente com os homens de Judá, pois souberam da decisão deles de se encontrarem com Davi em Gilgal, depois da sua saída de Maanaim.
Simei, para poupar o próprio pescoço, de uma possível represália dos oficiais de Davi, se apressou em pedir perdão pelo seu pecado, e argumentou que foi o primeiro de todas as demais tribos de Israel que viera ter com o rei (v. 20), que foram designadas por ele como casa de José.
Abisai percebeu a falsidade daquele homem e se dispôs a matá-lo, mas foi impedido pelo rei, não porque não tivesse percebido a falsidade de Simei, mas por colocar em prática a virtude da longanimidade, que é ordenada por Deus a todos os verdadeiros cristãos, e assim Davi prometeu poupar a sua vida (v. 22, 23), certamente, enquanto ele não voltasse a fazer algo que fosse digno de morte.
Nós vemos no livro de I Reis que Simei foi morto a mando de Salomão, por ter desobedecido ordens expressas que lhe havia dado.
A longanimidade lhe havia poupado, mas ele não se mostrou digno dela e foi apanhado no momento oportuno, pela justiça.
O mesmo sucederá a todos aqueles que têm abusado da longanimidade de Deus não se arrependendo dos seus pecados, e não se convertendo a Ele para praticarem a justiça, e tentando se valer de um falso arrependimento, que sequer engana a eles próprios, quanto mais ao Deus que tudo conhece, e por isso é certo que o juízo do Senhor os alcançará quando menos esperarem.
Os versos 24 a 30 relatam o encontro de Mefibosete com Davi, que também saiu para ter com ele, antes da sua chegada em Jerusalém.
Tão nobre era o caráter de Mefibosete, que tendo sido impedido de fugir com Davi em razão da tramóia que Ziba lhe preparara, no entanto, em demonstração de tristeza e abatimento que sentiu pelo exílio forçado do rei, não tratou dos seus pés defeituoso, nem aparou a barba e nem lavou as suas vestes, desde o dia que Davi fugiu de Jerusalém (v. 24).
Ele não protestou com o rei quanto a ter transferido as propriedade que lhe dera para a posse de Ziba, e alegou reconhecer o direito que ele tinha de fazer o que bem aprouvesse com o que de fato lhe pertencia, e se mostrou grato pelo seu favor para com ele, quando todos, na casa de Saul, foram alcançados pelos juízos do Senhor.
E ele concluiu o seu discurso com Davi dizendo que mesmo tendo sido enganado por Ziba ele não se encontrava em posição de reclamar sobre qualquer direito ao rei, porque afinal ele comia à sua mesa, em sua presença.
Não podendo voltar atrás na palavra dada a Ziba, Davi propôs a Mefibosete que ficasse satisfeito com metade das propriedades que lhe pertenciam e que ele havia dado a Ziba (v. 29).
Mas para livrar o rei de qualquer constrangimento ele lhe declarou que Ziba poderia ficar com tudo porque a sua alegria não repousava em propriedades, mas na pessoa do próprio rei, que havia por fim voltado em paz à sua casa (v. 30).
Isto é um exemplo para muitos cristãos cujo prazer não se encontra exclusivamente na própria pessoa de Jesus, mas naquilo que podem obter dEle.
Mefibosete compreendia que tudo o que lhe fora dado pelo rei, não era propriamente seu, e que o rei poderia dispor dos seus bens como bem lhe aprouvesse.
Quantos têm este pensamento correto em relação ao próprio Deus, quanto a que tudo se encontra na posse deles neste mundo, não pertence propriamente a eles, mas ao Senhor?
Além disso todos eles estavam na mais completa miséria em seus pecados, e Deus os tornou participantes da Sua riqueza por meio de Cristo Jesus, e assim todo o bem que têm recebido é por pura graça e misericórdia, e não têm portanto o direito de lhe negar qualquer direito sobre tudo o que possuem e sobre suas próprias vidas.
Mais do que isso devem aprender a amá-lO desinteressadamente, assim como Ele lhes ama. Porque o verdadeiro amor não é interesseiro.
Pessoas que protestam serem amigas de outras, não raro estão buscando não a quem dizem amar, mas aos seus próprios interesses egoístas, de receberem deles proteção, companhia, provisão, honra, conforto, ou o que seja do interesse delas.
E a falsa amizade se comprova no momento em que percebem que o que era do seu interesse não possa mais ser atendido por aqueles aos quais alegavam amar; porque se retirarão, sem manifestar até mesmo qualquer gratidão, por qualquer bem que tenham recebido daqueles aos quais exploraram de forma interesseira.
A Deus pertencem não somente os bens materiais dos quais somos apenas seus mordomos, como também as nossas próprias vidas, dons e talentos.
Ele dá e os tira, pois faz o que quer com o que é Seu, segundo a Sua própria vontade e soberania, para que aprendamos que não é o que recebemos ou que não recebemos dEle, que importa, mas conhecer e amar a Sua própria pessoa divina, tal como Jó havia demonstrado, quando colocado à prova por Deus, revelando a Satanás que o amor de Jó por Ele era genuíno e não interesseiro.
Por isso, devemos dar-Lhe glória e graças tanto no que recebemos dEle quanto naquilo de que nos tem privado, seguindo o exemplo de Jó que O adorou quando permitiu que fossem mortos os seus dez filhos.
Ele é digno de receber glória e honra na alegria e na tristeza, quando somos honrados ou desonrados, quando temos muito ou nada porque Ele sempre faz o que é melhor para nós, mas sobretudo porque Ele próprio é a nossa única e permanente riqueza e a profunda razão da nossa paz e alegria.
Todos nós estávamos mortos em nossos delitos e pecados diante de Deus e Ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Do quê então temos nós o direito de reclamar nas aflições que sofremos neste mundo?
Finalmente, no comentário deste 19º capítulo de II Samuel, cabe ainda destacar a prudência, sabedoria e generosidade de Barzilai, um ancião muito rico de 80 anos de idade, que residia em Gileade, e que sustentara Davi, quando este esteve em Maanaim (v. 31,32).
Ele acompanhou Davi em sua volta a Jerusalém até que tivesse atravessado o Jordão.
Davi insistiu com ele para que fosse se juntar à sua corte em Jerusalém, mas ele recusou esta honra não por desfeita ao rei, mas por sabedoria e prudência, porque sabia que estava próxima a hora da sua morte, e desejava ser sepultado em sua própria cidade, junto de seu pai e mãe, mas pediu ao rei que a honra que lhe cabia fosse transferida para o seu filho Quimã, que era ainda jovem, e poderia se destacar servindo ao rei, e Davi prometeu fazer a Quimã tudo o que Barzilai desejasse e lhe pedisse (v. 37, 38).
O bom nome dos pais é a melhor herança dos filhos, e estes acharão favor da parte daqueles que foram abençoados pelo serviço e testemunho de seus pais.
Vale a pena fazer o bem, especialmente àqueles que andam nos caminhos do Senhor, porque quando menos esperarmos o Senhor haverá de fazer com que colhamos abundantemente todo o bem que tivermos semeado, ainda que em meio a lágrimas e enfrentando dificuldades, e esta colheita será feita não apenas aqui neste mundo mas sobretudo no céu.
Barzilai havia construído um sólido fundamento fazendo um uso generoso e sábio de toda a riqueza que o Senhor lhe concedeu e permitiu que ele adquirisse. E isto nos faz lembrar tanto das palavras do Senhor Jesus quanto do apóstolo Paulo:

 “Eu vos digo ainda: Granjeai amigos por meio das riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.” (Lc 16.9).







10 - A Justiça do Evangelho Testemunhada pelos Profetas

Nos livros proféticos do Velho Testamento nós podemos constatar em inúmeros detalhes várias predições relativas ao ministério terreno de Jesus Cristo como também a glória do seu reino que se manifestará no final dos tempos.
É com tão grande exatidão que estas predições se cumpriram nEle e em tudo o que tem ocorrido no mundo desde então, especialmente pela obra do Espírito Santo através dos Seus santos na Terra, as quais não poderiam ser cumpridas em nenhum outro, que podemos ter a firme convicção da completa inteireza da fé que professamos na Palavra revelada de Deus na Bíblia.
Quão profundo e maravilhoso é que o Deus que é totalmente santo, justo e perfeito, criador de todas as coisas que existem no céu e na Terra, se manifestasse a pecadores como nós, e nos revelasse o Caminho para a salvação de nossas almas que se encontravam perdidas.
Quando examinamos por exemplo, o capitulo 32 de Isaías, nós vemos nos versos 1 a 5; e 15 a 18 condições que prevaleceriam nos dias do evangelho.
O reinado do Messias seria de justiça, e os príncipes que estariam juntamente com ele, governariam com justiça (v. 1).
Somente um varão (Cristo) serviria de abrigo contra o vento e refúgio contra a tempestade, e seria como ribeiros de águas em lugares secos, e a sombra numa terra sedenta; ou seja, Ele seria o amparo e o socorro do Seus povo nas tempestades de aflições que têm que enfrentar neste mundo; bem como o Provedor de todas as suas necessidades, especialmente a de saciar a sua sede espiritual de justiça (v.2).
Aqueles que andassem por fé e não por vista, ou seja, com os olhos espirituais abertos, jamais teriam sua visão ofuscada; assim como aqueles que têm seus ouvidos espirituais abertos, para ouvirem o que o Espírito Santo diz à Igreja, sempre ouviriam a voz de Deus, dando-lhes conhecimento da Sua vontade (v. 3).
É dito que o coração dos imprudentes, ou seja dos precipitados, dos temerosos, entenderia o conhecimento na dispensação do evangelho, indicando isto que a graça capacitaria e guiaria na instrução de uma vida piedosa segundo o conhecimento de Deus e da verdade, que seria alcançado pela conversão e pelo trabalho progressivo da santificação, pessoas que têm dificuldade para aprenderem a prudência e a sabedoria de Deus (v. 4).
É dito também no verso 4 que a língua dos gagos estaria pronta para falar distintamente. Isto significa que pessoas não eloquentes, ou com dificuldades para se expressarem verbalmente seriam capacitadas pelo Espírito Santo na dispensação do evangelho a pregarem e a darem testemunho de Cristo com ousadia e desprendimento.
O discernimento do Espírito Santo permitiria ao crente conhecer que não há qualquer nobreza espiritual na tolice, e também conhecer as aparentes generosidades que procedem de corações avarentos (v. 5).
As reformas que o rei Ezequias estava realizando em Judá não tinham o poder de estabelecer um governo no coração dos seus súditos. Mas o Rei justo prometido neste capítulo 30 de Isaías, Jesus, o Messias, somente Ele, tem o poder de gerar uma obediência que seja de  dentro para fora, e não apenas exterior, porque tem o poder de estabelecer o Seu governo no coração dos Seus servos, e além disso, realizar a transformação de suas vidas e caráter.
E nos versos 15 a 18 nós temos o registro do modo como seria estabelecido este governo no coração, e as suas consequências abençoadas.
É dito no verso 15 que tal sucederia a partir do momento que o Espírito fosse derramado lá do alto sobre o povo de Deus. Sabemos que isto começou a acontecer desde o dia de Pentecostes em Jerusalém, com os primeiros discípulos, logo após a morte e ressurreição de Jesus.
A consequência disto é que o deserto se tornaria em campo fértil (v. 15b). Os campos desolados e infrutíferos dos corações desertos seriam tornados férteis e frutíferos para Deus pela água viva do Espírito Santo, na regeneração e na santificação dos salvos.  
Estes desertos infrutíferos (pessoas) que nada entendiam e vivam do juízo e da justiça de Deus, teriam esta justiça habitando neles, porque o Espírito passaria a habitar em seus corações (v. 16).
E estes que foram justificados por Deus, por causa da obra de Reforma do coração, realizada pelo  Rei prometido teriam paz com Deus, porque seriam reconciliados com Ele por meio da justiça de Cristo que receberam pela graça, mediante a fé. E somente isto seria o suficiente para lhes garantir o sossego e a segurança eterna, pelo livramento da condenação e da ira de Deus, que repousaria sobre eles (v. 17).
E a estes que foram assim justificados foi feita a promessa de Deus de que habitariam em moradas de paz, em moradas bem seguras e em lugares quietos de descanso, porque os que são da fé têm entrado no descanso de Deus, que não é propriamente um lugar, mas a condição de alma e espírito que estão em plena comunhão com Ele, e assim não podem ter qualquer temor (v.18).
Estas boas promessas dos dias do evangelho estão entremeadas com as repreensões e juízos dos versos 6, 10 a 14 e 19, nos quais são repreendidos os tolos e especialmente as mulheres de Israel que viviam em deslumbramento em vez de uma vida de humildade, piedade e santidade.
Elas, assim como todo o povo de Judá não deveriam se gloriar na prosperidade material que haviam alcançado sob o reinado de Ezequias e nem na glória do palácio real, porque toda aquela prosperidade viria a ser removida da terra, que seria deixada deserta, bem como o palácio real.
Esta profecia demonstra que toda glória terrena é passageira e aparente, e não é nela em que deve estar o nosso coração, senão somente no Senhor, que é o Rei de reis, cujo reino é eterno e inabalável.








11 - Aprende-se Justiça nas Muitas Passagens da Bíblia

"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça," (II Timóteo 3.16)

Nós podemos aprender fartamente, acerca da justiça de Deus na Bíblia, conforme é um dos principais propósitos e utilidade das Escrituras.
A Bíblia ensina que a finalidade da lei é o próprio Cristo, para a justiça de todo o que crê.
Mas não basta saber e dizer simplesmente que a justiça de Deus é Cristo (Jer 23.5,6), porque Ele próprio se tornou da parte de Deus para nós a nossa justiça, como também a nossa sabedoria, santificação e redenção (I Cor 1.30), pois é necessário conhecer os muitos aspectos e realidades espirituais em que consiste esta justiça que está em Cristo e que é manifestada por Ele a nós, nos sendo atribuída e também implantada em nosso caráter, pelo trabalho progressivo do Espírito Santo.
Isto se aprende no relato das Escrituras, desde o seu primeiro livro de Gênesis, de modo que possamos pensar, julgar e praticar esta reta justiça que nos é revelada por Deus em Sua Palavra.
A lei deve ser apreciada e cumprida mas sempre debaixo da fé, do amor e da misericórdia, que são procedentes da nossa comunhão com o Senhor através do Espírito Santo.
Nós vemos que Israel não teve a devida consideração para com a Palavra de Deus durante séculos, chegando mesmo a adorarem falsos deuses contra as exigências da Sua Lei.
Isto culminou, por causa desta transgressão da Palavra de Deus, como a expulsão deles da sua própria terra.
Mas quando retornaram curados de sua idolatria, e convencidos de que foi esta falta de apreço pela Lei do Senhor a causa do seu cativeiro, começaram então a se entregar a uma frenética interpretação das Escrituras para que pudessem pautar suas vidas de acordo com as exigências da Lei, e foram tantas as tradições e interpretações que  incorporaram às Escrituras em obras como o Talmude, por exemplo, configurando aquilo que se chamou de tradição rabínica, que  acabaram por se afastar ainda mais da vontade do Senhor, porque não O buscavam, não prezavam a comunhão com Ele, não se submetiam à direção do seu Espírito, não viviam na fé, no amor, na misericórdia.
Enfim, não levavam em conta a necessidade de conversão, de um novo nascimento do Espírito, para poderem efetivamente servirem a Deus.
E de fato, se o homem não nascer de novo ele não pode servir a Deus.
Se ele não tiver o Espírito Santo habitando nele, transformando o seu coração, não pode cumprir verdadeiramente a Palavra do Senhor, e viver de modo que lhe seja agradável.
Nunca, em tempo algum, Deus planejou algo diferente da necessidade de que o homem, para se tornar um verdadeiro santo, pudesse fazê-lo por algum outro caminho diferente do necessário encontro pessoal com Ele.
É pelo mesmo Espírito Santo, pelo qual foram criadas todas as coisas, que é também criado um filho de Deus.
A pessoa viverá então sem o conhecimento verdadeiro do Senhor, até o dia que tenha um encontro pessoal com Cristo, por ter nascido do Espírito Santo.
Um Joiada teve certamente esta experiência e esta foi a razão da sua vida piedosa por longos 130 anos.
Um Salomão teve também esta experiência pessoal, mas desagradou ao Senhor no final da sua vida, por ter abandonado o seu primeiro amor.
Então, Salomão nos ensina que não é necessário apenas nascer de novo para se agradar ao Senhor, é preciso também andar em santidade de vida, submetendo-se continuamente à direção e instrução do mesmo Espírito Santo, que nos converteu a Deus.
Estando então plenamente convictos de que a justiça não pode ser procedente exclusivamente do conhecimento da Lei, porque depende da união com Cristo e do trabalho interno do Espírito Santo no coração, transformando pecadores em novas criaturas, podemos partir seguros para o estudo das Escrituras, sem o risco de nos tornarmos legalistas e frios observadores da Lei, como foram os fariseus nos dias de Jesus, e pela assistência do Espírito Santo, poderemos compreender e praticar a justiça do reino de Deus, aprendendo que esta justiça é a própria pessoa de Cristo, sendo oferecido a nós para cobrir os nossos pecados, e para nos transformar à Sua própria imagem e semelhança.
A recusa desta participação na justiça de Deus, na vida de Cristo, é o que traz os juízos condenatórios sobre estes que se rebelam contra Deus.
Por isso é extremamente importante aprender e ensinar o povo do Senhor acerca da verdadeira justiça, porque disto depende um viver plenamente abençoado por Deus, em todas as circunstâncias, agradáveis ou adversas, por podermos contar com a Sua santa presença, porque Ele não pode recompensar as obras infrutíferas das trevas, senão somente as boas obras de justiça, que somos chamados por Ele a praticar diante de todos os homens, para que o Seu Santo Nome seja glorificado por eles (Mt 5.16).
É por isso que temos visto que até mesmo as obras que precisam estar sendo praticadas em nome da justiça, como as de Baasa, de Zinri, do próprio Jeú, não trouxeram afinal glória ao nome do Senhor, porque não foram feitas segundo a reta justiça, que é de acordo com os preceitos e condições estabelecidos pelo Senhor em Sua Palavra.
Se eles não amavam os mandamentos do Senhor, se não haviam nascido de novo do Espírito, que obras de justiça poderiam ter praticado que trouxesse verdadeira glória ao Seu nome?
Eles não passaram portanto de meros instrumentos dos Seus juízos, em Suas mãos, tal como eram os reis ímpios das nações pagãs, que subjugavam Israel para castigo da impiedade dos israelitas, conforme determinado por Deus.
Estes também não deram glória ao Senhor apesar de terem sido os instrumentos da Sua justiça.
E é ainda este o motivo de tantas obras serem feitas em nome de Deus pela Igreja, e que não Lhe trazem nenhuma glória, e nenhuma bênção verdadeira aos que as praticam, por não andarem na justiça que procede do Senhor e que nos é ensinada nas Escrituras.







12 - A Busca de Justiça Social

Muitos sonham com um mundo mais justo e não são poucos os que lutam para que haja uma maior justiça social, como estão fazendo por exemplo, muitos brasileiros neste momento.
Todavia, tudo tem sido colocado na conta de responsabilidade dos políticos e dos governantes, na expectativa de que haverá justiça social pelo simples fato de se promulgarem melhores leis, e medidas executivas sérias e responsáveis, sobretudo para eliminar a corrupção.
Pouco se fala de justiça social da própria sociedade como um todo.
Onde se achará uma verdadeira justiça social quando o próprio cidadão é injusto?
Podemos dizer que o povo é inocente e justo? Que é composto somente por pessoas honestas, praticantes do que é justo e verdadeiro, que abominam toda forma de mal, e que amam o seu próximo como a si mesmos, e buscam cultivar um coração puro e santo?
Há justiça nos lares, nos locais de trabalho, nos condomínios, no comércio, enfim, em todas as áreas de atividade humana?
Deus quer ser louvado por Seu grande amor e bondade para conosco, e pela Sua Grandeza e Majestade.
Especialmente quando Ele nos livra dos nossos fardos, canseiras, opressões, e coloca alegria e paz nos nossos corações, devemos expressar a nossa gratidão a Ele com cânticos de louvor ao Seu santo nome.
O modo de se achar descanso e paz para as nossas almas nesta vida é buscando isto em Jesus, por um andar no Espírito e na verdade, guardando as ordenanças de Deus relativas sobretudo ao modo como devemos nos comportar nas diversas situações que somos chamados a atuar como cônjuges, pais, irmãos, filhos, servos, senhores, e em quaisquer outras.
No caso de cônjuges quão importante é preservar o matrimônio conforme foi instituído por Deus, pois isto é segurança tanto para os cônjuges, quanto para os filhos, e quem lucra é toda a sociedade, porque a família é a sua célula máter.
Quanto aperfeiçoamento pessoal decorre do fortalecimento dos laços familiares pela perseverança no amor, corrigindo as faltas e aperfeiçoando as virtudes, chega-se ao ponto de se poder dizer: lar, doce lar.
Os cônjuges devem se respeitar mutuamente e tudo fazer em prol do bem estar um do outro.
Deus projetou o casamento para ser uma ilustração da união que há entre a Igreja e Cristo.
Esta união é de caráter indissolúvel e tem um cabeça que é Cristo, e de igual modo o marido foi dado como cabeça (líder) da família.
Quando o marido prevarica nesta sua função ou quando ela é usurpada pelos demais membros da família, esta não poderá andar debaixo da bênção e aprovação do Senhor, que deu ao homem a direção do seu lar.
Esta direção do homem deve ser realizada em amor sacrificial pelo bem estar de todos, quer esposa, quer filhos.
A esposa e os filhos devem tudo fazer para que o homem tenha sucesso na liderança da qual deve prestar contas a Deus.
O modo dos filhos fazê-lo é sendo obedientes a seus pais em todas as coisas.
No caso das relações externas de trabalho, os que estão na condição de empregados devem em tudo obedecer a seus empregadores, em relação às condições contratuais estabelecidas e em tudo o que se refira a um bom comportamento, que deve ser sóbrio e criterioso em todas as coisas.
O grau da fidelidade do serviço que prestam deve ser medido como se tudo fizessem não para homens, mas como para o próprio Senhor Jesus Cristo.
Em relação às autoridades devem ser submissos em tudo o que não contrarie aos princípios revelados por Deus, sabendo que não é a pessoa propriamente dita que estão obedecendo, mas ao cargo de autoridade que ocupam.
Mesmo aos que se encontram em posição de liderança sobre eles, e que sejam injustos e maus, devem os cristãos estarem sujeitos em mansidão de espírito, caso lhes seja devida tal submissão (chefes, autoridades etc), porque somente a Deus cabe todo julgamento, e Ele tem prometido que retribuirá no dia do seu Grande Juízo, a cada um pelas injustiças que tiver praticado, e das quais não tiver se arrependido.
No caso dos que lideram (empregadores, autoridades etc) estes devem tratar aos que se encontram debaixo da sua liderança com justiça e equidade, porque terão que responder perante Deus sobre tudo o que tiverem feito contra este princípio divino.
Em suma, esteja o cristão em qualquer posição considerada, o seu procedimento deve ser de amor em relação ao seu próximo, conforme nos é ordenado por Deus em Sua Palavra.









13 - A Justiça Manifestada sem Lei

“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Rom 3.21 a 26)

A justiça prometida por Deus para a justificação de pecadores, e que passou a se manifestar na dispensação da graça, à qual Paulo chama de tempo presente, com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo a este mundo para morrer na cruz, foi profetizada nas Escrituras do Velho Testamento, porque Paulo diz que ela foi testemunhada pela Lei e pelos profetas, modo comum de se designar as Escrituras no passado.

Abraão e muitos outros no passado, haviam sido justificados por esta justiça, mas o seu significado, modo de aplicação e tudo o mais que a ela se refere, seria revelado e manifestado somente no evangelho e na pessoa de Jesus Cristo.

Esta justiça de Deus prometida seria manifestada sem lei, conforme dizer do apóstolo, isto é, ela não seria decorrente das obras da lei, mas no ato de justiça que seria cumprido por Cristo morrendo no lugar do pecador, carregando sobre Si todos os pecados deles, para que pudessem ser perdoados e justificados por Deus.

E isto seria feito também por um ato de pura graça para qualquer um que creia, sem qualquer distinção de pessoas.

Então erram com o alvo da vontade de Deus quanto à salvação, todos aqueles que procuram ser justificados por meio da observância da obras da Lei, uma vez que a justiça prometida está sendo oferecida gratuitamente para a nossa salvação, não por praticarmos as obras da Lei, mas por causa da fé em Cristo. As boas obras seguirão a salvação, mas jamais serão a sua causa.

Deus deliberou que seria misericordioso na dispensação da graça, para com as nossas transgressões e não lembraria dos nossos pecados (Hb 8.12, 10.17), porque poderia nos perdoar completamente uma vez que castigaria o Seu próprio Filho unigênito no lugar daqueles que viriam a crer nEle.

Estes que creem, e somente eles, podem receber o dom precioso da justiça divina, porque não serão apenas perdoados, mas completamente santificados.

Não seria justo perdoar um malfeitor para que ele continuasse na prática da injustiça.

Por isso, os que são justificados por Deus, recebem esta maravilhosa bênção, porque passarão a ser justos, se inteirando da causa da justiça e servindo à justiça, pela implantação neles de uma nova natureza espiritual, celestial, santa e divina, que crescerá até a maturidade de varão perfeito.

Por isso os crentes necessitam de Cristo, porque não podem viver e praticar isto sem o poder e a vida de Cristo operando neles.

Cristo é portanto a justiça do crente, para que se torne justiça de Deus, porque Jesus se fez, ao morrer na cruz, maldição e pecado por nós.

Ele se fez a Si mesmo, maldito, para que pudéssemos ser feitos santos (Gal 3.13).

Ele se fez pecado, para que fôssemos feitos santos e justos. (2 Cor 5.21)

Ele se tornou assim a nossa propiciação, porque a justiça perfeita de Deus deveria ser satisfeita quanto ao nosso pecado, porque a justiça demanda a morte espiritual e eterna do pecador, ou seja, ficar separado para sempre de Deus e sujeito à uma condenação de tormentos eternos.

Então, somente o sacrifício de Jesus poderia satisfazer à justiça divina, porque nenhum outro possuía tão profundo e infinito valor e dignidade para morrer no lugar de muitos.

E como o crente é reconciliado com Deus, tendo paz com Ele, por causa da redenção que há no sangue do sacrifício do Senhor por nós, então se afirma nas Escrituras que a justiça e a paz se reconciliaram, porque é somente por meio da justiça de Deus que nos é oferecida gratuitamente em Cristo, que podemos ter paz com Ele para sempre.

Vejamos então, alguns textos do Velho Testamento que profetizaram acerca de tal justiça divina destinada a transformar pecadores em santos e justos diante de Deus.

Slm 85:10 Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram.

Rom 5.1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
(Veja como a justiça que recebemos pela fé em Jesus, traz como resultado a nossa paz (reconciliação) com Deus. É somente por este meio que acaba a guerra espiritual que havia entre nós e Deus, e o Juízo de condenação de Deus que paira sobre nós, enquanto não temos esta Justiça que promove a paz. O ato da justificação é a atribuição, a imputação da justiça de Jesus ao que crê.)

Isa 32:17 O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre.
(A justiça aqui referida, em tais efeitos, não poderia ser outra, senão a justiça do próprio Cristo, por meio da qual temos paz, descanso espiritual e segurança, eternos)

Isa 46:13 Faço chegar a minha justiça, e não está longe; a minha salvação não tardará; mas estabelecerei em Sião o livramento e em Israel, a minha glória.
(Este texto e o seguinte, revelam que  a justiça que está sendo oferecida por Deus aos pecadores pelo evangelho, é a manifestação que haveria de uma Pessoa, e quem é tal pessoa, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo.)

Isa 51:5 Perto está a minha justiça, aparece a minha salvação, e os meus braços dominarão os povos; as terras do mar me aguardam e no meu braço esperam.
Isa 51:6 Levantai os olhos para os céus e olhai para a terra embaixo, porque os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra envelhecerá como um vestido, e os seus moradores morrerão como mosquitos, mas a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será anulada.

Isa 51:8 Porque a traça os roerá como a um vestido, e o bicho os comerá como à lã; mas a minha justiça durará para sempre, e a minha salvação, para todas as gerações.

Isa 56:1  Assim diz o SENHOR: Mantende o juízo e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça, prestes a manifestar-se.

Jer 23:6 Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa.

Jer 33:16 Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém habitará seguramente; ela será chamada SENHOR, Justiça Nossa.

Deut 32:36 Porque o SENHOR fará justiça ao seu povo e se compadecerá dos seus servos, quando vir que o seu poder se foi, e já não há nem escravo nem livre.

Slm 17:15 Eu, porém, na justiça contemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança.

Slm 22:31 Hão de vir anunciar a justiça dele; ao povo que há de nascer, contarão que foi ele quem o fez.

Slm 24:5 Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua salvação.
(Por isso Jesus diz no Sermão do Monte que são bem-aventurados os que têm fome e sede desta justiça, porque ela é benção e não juízo, vida eterna, e não morte espiritual e eterna)

Slm 40:9 Proclamei as boas-novas de justiça na grande congregação; jamais cerrei os lábios, tu o sabes, SENHOR.
Slm 40:10 Não ocultei no coração a tua justiça; proclamei a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da grande congregação a tua graça e a tua verdade.
(Salmo profético, onde se declara a proclamação do evangelho por nosso Senhor Jesus Cristo, oferecendo a Sua justiça para a salvação daqueles que nEle cressem)

Slm 94:15 Mas o juízo se converterá em justiça, e segui-la-ão todos os de coração reto.
(Maravilhosa e profunda verdade. O juízo, a condenação de Deus, que pairava sobre nós, foi transformado em justiça, que é graça e perdão misericordioso, para com os nossos pecados,  porque Jesus pagou o preço devido em Sua agonia e morte).

Slm 97:8 Sião ouve e se alegra, as filhas de Judá se regozijam, por causa da tua justiça, ó SENHOR.
(Veja que se a justiça do evangelho fosse juízo condenatório, não se falaria desta grande alegria por causa da justiça do Senhor que nos está sendo oferecida por Ele por amor e gratuitamente. O que se exige de nós, é somente arrependimento (mudança de mente) e fé.

 Slm 98:2 O SENHOR fez notória a sua salvação; manifestou a sua justiça perante os olhos das nações.
(A justiça de Deus que é vista pelas nações é o próprio Cristo, em sua obra de redenção em favor dos pecadores, para que sejam justificados e tornados justos)

Slm 118:19 Abri-me as portas da justiça; entrarei por elas e renderei graças ao SENHOR.

Slm 119:40 Eis que tenho suspirado pelos teus preceitos; vivifica-me por tua justiça.

Slm 119:123 Desfalecem-me os olhos à espera da tua salvação e da promessa da tua justiça.

Slm 132:9 Vistam-se de justiça os teus sacerdotes, e exultem os teus fiéis.

Isa 1:27 Sião será redimida pelo direito, e os que se arrependem, pela justiça.
(Profecia que confirma tudo o que foi dito anteriormente sobre a justiça de Cristo, como sendo o manto que cobre os nossos pecados. Esta justiça é maravilhosa e eterna. Não pode ser perdida, conforme o primeiro homem criado perdeu a sua justiça, e juntamente com ele, todos nós, seus descendentes).

Isa 4:4 quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião e limpar Jerusalém da culpa do sangue do meio dela, com o Espírito de justiça e com o Espírito purificador.

Isa 61:11 Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o jardim faz brotar o que nele se semeia, assim o SENHOR Deus fará brotar a justiça e o louvor perante todas as nações.
(Está ou não está, o evangelho de Cristo prevalecendo em todo o mundo, há séculos?
É o cumprimento desta profecia e de todas as que se referem à justiça de Cristo, para a nossa salvação. Aleluia!)

Isa 62:1  Por amor de Sião, me não calarei e, por amor de Jerusalém, não me aquietarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação, como uma tocha acesa.
(Veja que a salvação é diretamente relacionada à justiça de Cristo, nesta profecia. Guarde bem isto: é salvação, e não juízo! O juízo é decorrente da rejeição da Justiça que nos é oferecida pelo evangelho para a nossa justificação.)

Mal 4:2 Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis e saltareis como bezerros soltos da estrebaria.
(Jesus é o Sol da justiça, que pelo qual vivem os que são iluminados pela sua luz, e tornados fervorosos em amar e servir a Deus, por causa do calor do Seu amor por nós).

Hab 2:4 Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.
(O justo é antes de tudo aquele que foi justificado pela fé, e o efeito desta justiça de Cristo que o justifica, é a vida eterna com Deus)

Isa 53:11 Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si.
(Profecia de Isaías proferida no contexto de todo o capítulo 53, referente ao ministério e obra de redenção do Messias em favor dos ímpios. O Justo com “J” maiúsculo é Jesus, que tem justiça abundante e suficiente para cobrir os pecados de todos aqueles que dEle se aproximam com um coração arrependido e com fé, de que é poderoso para lhes dar a vida espiritual, celestial e divina, pelo novo nascimento operado pelo Espírito Santo).







14 - Senhor Justiça Nossa

No capítulo 23 de Jeremias o Senhor repreende a infidelidade e a corrupção dos sacerdotes e anciãos de Israel (pastores do povo naquela dispensação) e os profetas que falavam em Seu nome sem terem sido levantados por Ele, os quais haviam feito o Seu povo se desviar da Sua presença.
O protesto de Deus se fundamenta no fato deles nunca terem ensinado a Sua Palavra, conforme fora revelada e escrita para eles, senão, aquilo que eles afirmavam ser a Sua Palavra, quando na verdade, era a própria palavra deles, ensinada para atender aos seus propósitos cobiçosos, interesseiros, carnais e egoístas.
Isto pode ser visto claramente nas palavras de repreensão dirigidas contra eles como as da seguinte passagem:
“28 O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor.
29 Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a pedra?
30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu próximo.
31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse.” (Jer 23.28-31).
O efeito que era produzido no povo, de andarem contrariamente com o Senhor, era uma prova evidente de que a vida e o ensino destes pastores e profetas não eram segundo a verdadeira Palavra de Deus, porque o efeito dela é sempre o de produzir temor e santidade no Seu povo, como o próprio Senhor se expressou em relação a isto da seguinte maneira:
“21 Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles, todavia eles profetizaram.
22 Mas se tivessem assistido ao meu conselho, então teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras, e o teriam desviado do seu mau caminho, e da maldade das suas ações.” (v. 21,22).
O que eles ensinavam e profetizavam não provinha do céu senão dos seus próprios corações enganosos e corrompidos:
“25 Tenho ouvido o que dizem esses profetas que profetizam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.
26 Até quando se achará isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que profetizam do engano do seu próprio coração?
27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal.”
Isto é um grande alerta para os ministros do evangelho, para que não incorram no mesmo erro deles, deixando de pregar a genuína Palavra do Senhor, no poder do Espírito.
Quando se desvia deste rumo os resultados sempre serão funestos.
Há muitos sonhadores que desejam conduzir a Igreja de Cristo pelas visões do seu próprio coração, afirmando que são revelações recebidas da parte de Deus.
Se estas visões não estiverem de acordo com a Palavra revelada na Bíblia, em gênero, número e grau, em vez de serem proclamadas, devem ser esquecidas e abominadas, porque não será apenas o povo que será prejudicado por elas, mas o próprio Deus terá a Sua ira despertada contra tais pastores ou profetas, como se vê neste capitulo de Jeremias.
Como o quadro que havia prevalecido em Israel por séculos, sempre foi este de o povo não receber a devida instrução por parte da grande maioria de seus pastores e profetas, então o Senhor mesmo seria o Pastor do Seu povo, e o faria através de pastores que estariam debaixo da justiça de um Rei justo que procederia da descendência de Davi, nosso Senhor Jesus Cristo, e estando assim justificados por Ele, tanto eles, seus pastores, quanto o rebanho de Deus sobre o qual seriam constituídos, seriam conhecidos pelo nome de  O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.
Este Rei justo viria então a se manifestar em dias futuros para buscar as ovelhas perdidas da casa de Israel que haviam sido dispersadas por todos os maus pastores e profetas que haviam presidido sobre elas.
“3 E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão.
4 E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor.
5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e procederá sabiamente, executando o juízo e a justiça na terra.
6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.” (v.3 a 6).
Esta promessa está vinculada à da Nova Aliança, constante do capítulo 31.



Nenhum comentário:

Postar um comentário