sexta-feira, 23 de outubro de 2015

98) Mortificação do Pecado

98) MORTIFICAÇÃO DO PECADO

ÍNDICE

1 - Como Pessoas Mortas Batalham Contra o Pecado
2 - Combatendo o Mal Pela Raiz
3 - Curando a Doença e Não Aliviando Somente os Sintomas
4 - Destruindo a Fábrica do Mal e Não Apenas os Seus Produtos
5 - “Vós, que amais ao Senhor, odiai o mal.” (Salmos 97.10)
6- A Diferença Entre a Mortificação da Lei e a do Evangelho
7 - Como Mortificar o Pecado
8 - A Mortificação da Carne
9 - Enfraquecimento da Raiz do Desejo Mau


1 - Como Pessoas Mortas Batalham Contra o Pecado

Por John Piper

Cravado nas cascas de cada árvore no jardim de Deus são as palavras: "Mas se morrer dá muito fruto" (João 12:24). Duas palavras estão marcadas na carne de todo o cristão: "ESTAIS... MORTO" (Colossenses 3:03). E a confissão do coração de cada crente é, "Estou crucificado com Cristo" (Gálatas 2:20).
Mas o que isso quer dizer? Quem morreu quando eu me tornei um cristão? Resposta: minha "carne" morreu. "E os que são de Cristo crucificaram A CARNE" (Gálatas 5:24).
Mas o que significa "carne" ? Não é a minha pele. Não é o meu corpo. Isto pode ser um instrumento de justiça (Romanos 6:13). As "obras da carne" são coisas como idolatria e lutas e ira e comportamento invejosos (Gálatas 5:20f) — atitudes, não apenas atos imorais do corpo.
A coisa mais próxima de uma definição bíblica da carne é Romanos 8:7-8: "Portanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser. Portanto os que estão na carne não podem agradar a Deus."
Assim, a carne é o velho "eu" que costumava se rebelar contra Deus. Na carne eu era hostil e insubordinado. Eu odiava a idéia de admitir que eu estava doente de pecado. Eu resistia à idéia de que minha maior necessidade era um Bom Médico para me curar. Na carne eu confiava na minha sabedoria, não na de Deus. Portanto, nada que eu fazia na carne poderia agradar à Deus, porque "sem fé é impossível agradar à Deus" (Hebreus 11:6). E a carne não faz nada por fé.
Assim, "a carne" é o meu velho auto-suficiente, incrédulo eu. Isto é o que morreu quando Deus me salvou. Deus prendeu as artérias do meu velho e incrédulo coração de pedra. E quando este morreu, Ele o trocou por um novo coração (Ezequiel 36:26).
"Qual é a diferença entre este novo coração que vive e o velho que morreu? A resposta é dada em Gálatas 2:20. É diz: "Já estou crucificado com Cristo... e a vida que agora vivo, eu vivo na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim ". O velho coração que morreu confiava em si mesmo, o novo coração põe toda confiança em Cristo todos os dias.
Esta é a resposta à nossa primeira pergunta: Como as pessoas mortas batalham com o pecado? Elas batalham com o pecado, confiando no Filho de Deus . Elas estão mortas para a mentira de Satanás, que diz assim: "Você vai ser mais feliz se você confiar em suas próprias idéias sobre como ser feliz ao invés de confiar no conselho e nas promessas de Cristo". Cristãos morreram por causa desse engano. Então a maneira como eles lutam contra Satanás é confiando que o caminhos e as promessas de Cristo são melhores do que as de Satanás.
Esta maneira de batalhar com o pecado é chamado de "luta de fé" (1 Timóteo 6:12 , 2 Timóteo 4:7). As vitórias desta luta são chamados de "obras da fé" (1 Tessalonicenses 1:3; 2 Tessalonicenses 1:11). E nesta guerra cristãos "tornam-se santos pela fé" (Atos 26:18; 2 Tessalonicenses 2:13).
Vamos pensar então sobre esse combate da fé. Não é como um jogo de guerra com balas de borracha. A eternidade está em jogo. Romanos 8:13 é um versículo chave: "Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis, mas se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis." Isto foi escrito para cristãos professos, e o ponto é que a nossa vida eterna paira sobre a nossa batalha com o pecado.
Isso não significa que nós ganhamos a vida eterna matando o pecado. Não, é "pelo Espírito" que nós lutamos. Ele vai receber a glória, não nós. Nem Romanos 8:13 quer dizer que lutamos com uma ansiedade duvidosa sobre a vitória. Pelo contrário, mesmo quando lutamos temos confiança de que "Aquele que em vos começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo" (Filipenses 1:6). Nem Romanos 8:13 significa que devemos ser perfeitos agora em nossa vitória sobre o pecado. Paulo renuncia à alegação de perfeição (Filipenses 3:12).
A demanda em Romanos 8:13 não é ausência de pecado, mas combate mortal com o pecado. Isso é absolutamente essencial na vida cristã. Caso contrário, não damos nenhuma evidência de que a carne foi crucificada. E, se a carne não foi crucificada, não pertencemos a Cristo (Gálatas 5:24). As apostas nesse setor são muito altas. Nós não estamos brincando de jogos de guerra. O resultado é céu ou inferno.
Como, então, as pessoas mortas "anulam as obras (pecaminosas) do corpo"? Nós temos respondido: "Pela fé!" Mas o que isso significa exatamente? Como você luta contra o pecado com a fé?
Suponha que eu seja tentado a luxúria. Alguma imagem sexual aparece em minha mente e tenta-me a persegui-la. A forma como esta tentação obtém seu poder é persuadindo-me a acreditar que vou ser mais feliz se eu segui-la. O poder de toda a tentação é a perspectiva de que irá me fazer mais feliz . Ninguém peca num sentido de dever quando o que eles realmente querem é fazer o que é certo.
Então, o que devo fazer? Algumas pessoas diriam: "Lembre-se do mandamento de Deus para ser santos (1 Pedro 1:16) e exercite sua vontade de obedecer porque ele é Deus!" Mas algo crucial está faltando neste conselho, e isso é, FÉ. Muitas pessoas que lutam por uma melhoria moral não conseguem dizer, "A vida que eu vivo, vivo pela fé" (Gálatas 2:20). Muitas pessoas que tentam amar não percebem que, "O que conta é FÉ que opera pelo amor" (Gálatas 5:6).
A luta contra a concupiscência (ou ganância ou medo ou qualquer outra tentação) é uma luta de fé. Caso contrário, o resultado é o legalismo. Tentarei explicar como combater o pecado com a fé.
Quando a tentação da concupiscência vem, Romanos 8:13 diz: "Mas se mortificardes as obras do corpo pelo Espírito, vivereis." Pelo Espírito! O que isso significa? De toda a armadura que Deus nos dá para lutar contra Satanás, apenas uma parte é usada para matar — a espada. Ela é chamado a espada DO ESPÍRITO (Efésios 6:17). Então, quando Paulo diz: "Mate o pecado pelo o Espírito," Eu tomo isso como significando, Dependente do Espírito, especialmente sua espada.
O que é a espada do Espírito? É a Palavra de Deus (Efésios 6:17). Aqui é onde a fé entra. "A fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus" (Romanos 10:17). A Palavra de Deus corta através da névoa de mentira de Satanás e me mostra onde a felicidade verdadeira e duradoura pode ser encontrada. E assim a Palavra me ajuda a deixar de confiar em potencialidades do pecado para me fazer feliz, e ao invés induz-me a confiar na promessa de Deus de alegria (Salmo 16:11).
Gostaria de saber quantos crentes de hoje percebem que a fé não é apenas acreditar que Cristo morreu por nossos pecados. Fé é também ser confiante de que Seu caminho é melhor do que o pecado. Sua vontade é mais sábia. Sua ajuda é mais certa. Suas promessas mais preciosas. E seu galardão mais satisfatório. A fé começa com um olhar para trás na cruz, mas vive com um olhar para a frente nas promessas. Abraão fortaleceu-se em sua FÉ... plenamente convencido de que Deus era capaz de fazer o que havia PROMETIDO "(Romanos 4:20 f.)." Fé é o firmamento das coisas que se ESPERAM "(Hebreus 11:1).
Quando a fé tem o controle do meu coração, eu estou satisfeito com Cristo e suas promessas. Isto é o que Jesus quis dizer quando disse: "Aquele que crê em mim nunca terá sede" (João 6:35). Se a minha sede por alegria e razão e paixão estão satisfeitos com a presença e as promessas de Cristo, o poder do pecado é quebrado. Nós não cedemos à proposta de um sanduíche quando vemos a picanha na churrasqueira.
A luta da fé é a luta para se manter satisfeito com Deus. "Pela fé Moisés ... abandonou aos prazeres fugazes do pecado ...Porque ele tinha em vista a recompensa" (Hebreus 11:24-26). A fé não se contenta com "prazeres fugazes." É faminta por alegria. E a Palavra de Deus diz: "Na Tua presença há abundância de alegria, á tua mão direita há delícias perpetuamente" (Salmo 16:11). Então fé não será desviada pelo pecado. Não vai desistir tão facilmente em seu busca de alegria máxima.
O papel da Palavra de Deus é alimentar o apetite da fé em Deus. E em fazer isso ela desvencilia meu coração para longe do gosto enganoso da concupiscência. A princípio a concupiscência engana-me a pensar que eu realmente vou perder alguma grande satisfação se eu continuar seguindo o caminho de pureza. Mas aí eu tomo a espada do Espírito, e começo a lutar. Eu leio que é melhor arrancar o meu olho do que ceder a concupiscência (Mateus 5:29). Eu leio que se eu pensar sobre as coisas que são puras e agradáveis e excelente a paz de Deus estará comigo (Filipenses 4:08 f.). Eu leio que a fixação da mente na carne traz a morte, mas fixar a mente no Espírito traz vida e paz (Romanos 8:6).
E ao orar para que minha fé esteja satisfeita com a vida e paz de Deus, a espada do Espírito tira fora a camada de açúcar do veneno da concupiscência. Eu vejo isso por aquilo que é. E, pela graça de Deus, o seu poder sedutor é quebrado.
Esta é a maneira que as pessoas mortas batalham com o pecado. Isto é o que significa ser um cristão. Estamos mortos no sentido de que meu antigo e incrédulo eu (a carne) morreu. Em seu lugar há uma nova criação. O que o torna novo é a FÉ. Não é apenas uma retrógrada crença na morte de Jesus, mas uma crença voltada para o futuro nas promessas de Jesus. Não apenas estar certo do que Ele fez, mas também estar satisfeito com o que Ele vai fazer.
Com toda a eternidade na balança, lutamos a luta da fé . O nosso principal inimigo é a mentira que diz que o pecado fará nosso futuro mais feliz. Nossa arma principal é a Verdade que diz que Deus tornará nosso futuro mais feliz. E a fé é a vitória que supera a mentira, porque a fé está satisfeita com Deus.
O desafio diante de nós, então, não é simplesmente fazer o que Deus diz porque Ele é Deus, mas de desejar o que Deus diz, porque ele é bom. O desafio não é apenas seguir a justiça, mas preferir a justiça. O desafio é levantar-se de manhã e fervorosamente meditar nas Escrituras até que experimentemos alegria e paz em crendo "nas promessas preciosas e mui grandes" de Deus (Romanos 15:13, 2 ​​Pedro 1:4). Com esta alegria diante de nós, os mandamentos de Deus não serão pesados (1 João 5:3) e a compensação do pecado ficará muito breve e superficial para nos atrair.






2 - Combatendo o Mal Pela Raiz

A Lei por si só não pode destruir o poder e o domínio do pecado. Daí que, por melhor que seja a legislação de um país, por mais justa que seja, jamais poderá produzir um coração santo segundo o coração de Deus. E não será nada surpreendente que se ache malfeitores até mesmo entre aqueles que têm a função de aplicar a lei, porque o pecado está arraigado no coração e dali somente pode ser removido pelo poder da graça de Jesus.
Para vencer a natureza pecaminosa que todos possuímos, tanto a lei quanto a carne são fracas para tal propósito.
Nossas melhores intenções e aplicações jamais poderão nos livrar deste senhor de escravos chamado pecado.
É somente por um permanente andar no Espírito Santo que ele pode ser vencido e destronado, para que a graça de Jesus possa reinar soberana em nossos corações.
Não admira portanto que nosso Senhor tenha afirmado o seguinte:

“Luc 10:21 Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
Luc 10:22 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai; e também ninguém sabe quem é o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Luc 10:23 E, voltando-se para os seus discípulos, disse-lhes particularmente: Bem-aventurados os olhos que vêem as coisas que vós vedes.
Luc 10:24 Pois eu vos afirmo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram; e ouvir o que ouvis e não o ouviram.”

Não é portanto pela excelência dos cargos que ocupamos, ou por conta da sabedoria terrena que possuamos, que somos introduzidos no reino de Deus, obtendo vitória sobre o pecado.
Isto é feito pela soberana vontade de Deus, cujo propósito eterno quanto à salvação dos pecadores  se cumpre nisto:

“1Co 1:26 Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento;
1Co 1:27 pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes;
1Co 1:28 e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;
1Co 1:29 a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.”

Importa que seja assim porque a causa meritória da obtenção desta liberdade do domínio do pecado, é a morte e o sangue de Jesus Cristo, o preço exigido pela justiça de Deus para a nossa redenção, como se vê em 1 Pe 1.18,19; 1 Cor 6.20; 7.23, e em muitas outras passagens bíblicas. Nada mais poderia adquirir essa liberdade.
A força do pecado em nós deve ser destruída, e não meramente apaziguada, e por isso se tornou necessária a morte de Cristo em nosso lugar.
E veremos a força do poder da Sua graça operando na prática em nós, mortificando o pecado, em nossa experiência cotidiana.
Por conseguinte, o modo de se vencer o pecado, não é num confronto pessoal direto com o mesmo, mas nos submetendo a Deus de coração, para que seja produzido em nós, pela sua graça, aquele bom estado de alma que vence e afasta o pecado.
O mesmo princípio se aplica também às tentações do Inimigo:

“Tiago 4:7 Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.”

É nas vitórias sucessivas sobre o pecado e o diabo, que aprendemos a sermos cada vez mais gratos a nosso Senhor Jesus Cristo, e a valorizar os sofrimentos que experimentou em nosso lugar, para que pudéssemos ser mais do que vencedores, por meio da fé nele.  







3 - Curando a Doença e Não Aliviando Somente os Sintomas

Quando a Bíblia fala sobre o pecado, apesar de definir muitos comportamentos como pecaminosos, o sentido em aplicação nunca é o de simplesmente afirmar algo do tipo: “isto é pecado, aquilo não é pecado, você pecou nisto, você não pecou naquilo”, ou seja, não estamos diante de um aferidor ou classificador de nossos pensamentos, palavras e ações, mas de uma afirmação da nossa condição interior que está disposta naturalmente para se afastar de Deus e de tudo o que se refira à sua vontade.
A Bíblia atesta que o nosso caso, a saber, de toda a humanidade, é desesperador.
E foi em razão disto que Deus nos preparou o Salvador desta nossa condição ruim e que está sujeita à condenação pela perfeita justiça celestial.
Ainda que não aceitemos o veredicto relativo à nossa situação, ele é e continuará sendo dado pelo testemunho da Palavra de Deus, que nos aponta a necessidade do arrependimento e da fé em Cristo, para que sejamos resgatados da referida situação.
O alvo em vista é de restauração total e não de remendar este ou aquele procedimento que necessite de uma reforma da nossa parte.
É a recuperação do homem total para ser conformado eficazmente à imagem e semelhança de Deus, pela resposta adequada de todo o seu querer, pensar e agir, às demandas da santidade de Deus, que está em foco.
Este objetivo, conforme definido pela Bíblia, não é algo que possa ser cumprido pelo nosso próprio poder natural. Necessitamos da graça sobrenatural de Jesus para efetuar em nós tanto o querer quando o realizar. Onde a graça não estiver operando nada poderá ser feito para o atingimento do objetivo proposto.
E como a graça não pode reinar onde o pecado estiver reinando, devemos nos submeter inteiramente ao trabalho de mortificação da raiz do pecado, pelo poder do Espírito Santo atuando em nós.
E enquanto neste mundo, o trabalho desta mortificação deve ser renovado e continuado, porque o pecado lança novas raízes, e estas devem ser sempre desarraigadas pelo Espírito.
E ai de nós, enquanto não adquirirmos o hábito da santificação, pelo qual até o nosso próprio desejo é conduzido pelo Espírito, de modo a achar prazer em sua santificação sendo operada em nós.
Dizemos ai de nós, porque enquanto não formos confirmados em toda boa obra e boa palavra pelo Pai e pelo Filho, 2 Tes 2.16,17, estaremos sujeitos a muitas dúvidas, apostasias, e a um viver inconstante e carnal.
Portanto, quando se fala em pecado, quer na Bíblia, quer na pregação, quer no ensino do evangelho, não devemos ter uma atitude dogmática do tipo que nos leve a ficar satisfeitos caso não tenhamos praticado determinadas coisas que Deus condena, porque é possível fazer isto, e ainda assim o nosso coração poderá ser achado afastado dele e não ter qualquer interesse numa verdadeira comunhão espiritual, e numa purificação real do nosso coração, que nos leve a viver de fato de modo agradável a Deus.
É somente assim que podemos achar paz e descanso para as nossas almas, e ter uma boa consciência para com Deus e para com todos os homens.
Satanás usa a palavra pecado sempre com a intenção de nos condenar e fazer com que sintamos que a vida cristã é um fardo impossível de ser carregado e insuportável, mas quão isto está distante da verdade, pois podemos ter toda a convicção na nossa própria experiência, do quanto é feliz todo aquele que se consagra inteiramente a Jesus.
  Devemos sempre lembrar que há situações e comportamentos que não podem ser relacionados numa lista dogmática quanto a serem ou não pecaminosos, e por isso necessitamos em todo o tempo da ação do Espírito Santo para nos instruir e dirigir quanto a tudo o que nos convém ou não praticar ou falar, e até mesmo desejar.
Por isso se afirma na Palavra que andando no Espírito jamais satisfaremos os desejos da carne, Gál 5.16.







4 - Destruindo a Fábrica do Mal e Não Apenas os Seus Produtos

O domínio do pecado não é uma mera força contra a vontade e os esforços dos que estão sob ele. Este domínio consiste principalmente na conquista da mente e de todas as suas faculdades, e especialmente da vontade, por meio de fascínio e tentações para os quais a natureza humana não está capacitada a resistir e vencer. Tanto que, ainda que alguém resista à prática consumada do pecado, todavia, o desejo permanece no interior do coração.
Esta vitória é alcançada somente pela nova natureza recebida na conversão a Cristo, pela qual somos feitos coparticipantes da natureza divina. É o novo homem criado segundo a justiça em Cristo Jesus que está habilitado a vencer o pecado, por meio da graça. O velho homem nada pode fazer porque se encontra morto espiritualmente, em delitos e pecados.
Por isso, ao se referir à nossa escravidão ao pecado, nosso Senhor afirmou que somente ele pode nos livrar desta servidão, uma vez que não há poder na nossa própria natureza para tal propósito.
Não se vence portanto o pecado, por ações violentas de nossa própria vontade contra ele, nem com meras deliberações de que faremos uma reforma de nossas vidas, mas nos sujeitando efetivamente ao poder de Deus, que nos purifica de todo o pecado, com base no sangue que Jesus derramou para a sua expiação.
Aquele portanto, que pode distinguir entre o que seja a natureza do pecado em si, e as meras impressões do pecado sobre a nossa mente e vontade, está a caminho da paz, porque certamente, sairá mais do que vencedor desta guerra contra o pecado, por meio de um viver santificado pela graça e aplicação da Palavra de Deus ao seu coração, pelo Espírito Santo.
Mais do que evitar determinados pecados, deve-se combater o mal pela raiz, pela subjugação do princípio do pecado que opera na carne, por meio de um andar no Espírito Santo, e na novidade de vida da nova criatura que fomos feitos em Jesus.
Vê-se com isto quão importante é a prática da oração, da meditação na Palavra, da vigilância do coração, e de todos os demais exercícios espirituais que nos são ordenados por Deus para que tenhamos um viver
vitorioso sobre todas as forças do mal, quer externas, quer internas.







5 - “Vós, que amais ao Senhor, odiai o mal.” (Salmos 97.10)

Tens bons  motivos para "odiar o mal", basta considerares o dano que já operou em ti. Oh, que mundo de males o pecado trouxe ao teu coração! O pecado te cegou de forma que não pudesses ver a beleza do Salvador; te fez surdo para que tu não pudesses ouvir os doces convites do Redentor. O pecado conduziu teus passos para o caminho da morte, e derramou veneno na própria fonte do teu ser; maculou o teu coração, e tornou-o "enganoso acima de todas as coisas, e desesperadamente corrupto". Oh, que criatura eras quando o mal fez tudo que pôde contigo, antes da divina graça interpor-se!
Eras um herdeiro da ira como os demais; "correstes com a multidão para fazer o mal." Assim éramos todos nós; mas Paulo nos lembra, "mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor Jesus , e pelo Espírito do nosso Deus.". Temos boas razões, de fato, para odiar o mal quando olhamos para trás e seguimos o rastro dos seu efeitos  mortais. Tantos foram os danos que o mal nos fez, que nossa alma teria sido perdida se o amor onipotente não tivesse intervindo para nos redimir. Mesmo agora, ele é um inimigo ativo, sempre espreitando para nos ferir e nos arrastar para a perdição. Portanto, “odeiem o mal". Ó cristãos, a menos que desejem desgostos.
Se vocês  espalharem espinhos pelo seu caminho, e plantarem urtigas no seu leito de morte, então deixem de "odiar o mal"; mas se preferirem viver uma vida feliz e uma morte em paz, então andem por todos os caminhos da santidade , detestando o mal, até o fim .
Se realmente amas o teu Salvador, e desejas honrá-lo, "odeie o mal". Não conhecemos nenhuma cura para o amor ao mal em um cristão, senão pela grande intimidade com o Senhor Jesus. Viva com ele, e será impossível estar em paz com o pecado.

"Ordena os meus passos na tua Palavra,
E faz meu coração sincero;
Não deixe o pecado ter nenhum domínio , Senhor,
Mas mantenha a minha consciência limpa."

Texto de Charles Haddon Spurgeon, Traduzido por Iza Rainbow







6 - A Diferença Entre a Mortificação da Lei e a do Evangelho

Texto de Ralph Erskine, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.

1. A mortificação Evangelho é a partir de princípios do evangelho, pelo Espírito de Deus - Romanos 8.13: “Se, pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis"; da fé em Cristo - Atos 15.9: "purificando os seus corações pela fé”; do amor constrangedor de Cristo - 2 Coríntios 5.14: "O amor de Cristo nos constrange." Mas a mortificação legal é de princípios jurídicos, tais como, a partir do aplauso e elogio dos homens, como nos fariseus; do orgulho da justiça própria, como em Paulo antes de sua conversão; do medo do inferno; a partir de uma consciência natural; como em outros exemplos; a partir de alguns movimentos comuns do Espírito; e muitas vezes a partir do poder do pecado em si, enquanto um pecado está configurado para lutar com outro, como quando a sensualidade e o farisaísmo lutam um com o outro.
2. Eles diferem em suas armas com as quais lutam contra o pecado. O crente no evangelho luta com armas de carência, ou seja, o sangue de Cristo, a Palavra de Deus, as promessas da aliança, e a virtude da morte de Cristo e cruz - Gálatas 6.14: "Deus me livre de gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem (ou, como pode ser lido," pelo que ") o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo." Mas agora o homem sob a lei luta contra o pecado pelas promessas e ameaças da lei; por suas promessas, dizendo, vou obter a vida; e ganhar o céu, eu espero que, se eu fizer assim e assim; por suas ameaças, dizendo: eu vou para o inferno e ser condenado, se eu não fizer assim e assim. Às vezes ele luta com as armas de seus próprios votos e resoluções, que são a sua forte torre, na qual ele pensa que está seguro.
3. Eles diferem no objeto de sua mortificação. Ambos, na verdade, procuram mortificar o pecado, mas a luta do legalismo é mais especialmente com os pecados de sua conversa, ao passo que o verdadeiro crente tem o desejo de lutar contra a própria corrupção original. Um corpo de pecado e morte perturba mais do que qualquer outro pecado no mundo: "Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" (Romanos 7.24). Seu grande exercício é ter a semente da mulher esmagando a cabeça desta serpente.
4. Eles diferem nas razões do conflito. O crente, a quem a graça ensina a negar toda a impiedade, ele luta contra o pecado, porque desonra Deus, se opõe a Cristo, entristece o Espírito, e faz separação entre o Senhor e ele; mas o legalista luta contra o pecado, porque ele quebra sua paz, e perturba a sua consciência, e lhe causa dor, trazendo ira e julgamento sobre ele.
5. Eles diferem em seus motivos e fins. O crente não vai servir o pecado, porque ele está vivo para Deus, e morto para o pecado (Romanos 6.6). O legalista abandona o pecado, não porque ele está vivo, mas para que ele possa viver. O crente mortifica o pecado, porque Deus o ama; mas o legalista, para que Deus o ame. O crente mortifica, porque Deus está pacificado em relação a ele; o legalista para que ele possa pacificar a Deus por sua mortificação.
6. Eles diferem na natureza de sua mortificação. O legalista não se opõe violentamente ao pecado, buscando a completa destruição do mesmo. Se ele conseguir colocar o pecado para baixo, ele não procura exterminá-lo; mas o crente, com uma natureza e princípio, contrário ao pecado, procura não só enfraquecê-lo, mas extirpá-lo. A briga é irreconciliável; não há termos de abrigo ou acordo.
7. Eles diferem na extensão da guerra, não só objetivamente, o crente odeia todo caminho de falsidade; mas também subjetivamente, todas as faculdades da alma do crente, toda a parte regenerada é contra o pecado. Não é assim com o hipócrita ou legalista; porque ele poupa algum pecado ou outro, por isso a sua oposição ao pecado é apenas assentada em sua consciência; sua luz e consciência se opõem a tal coisa, enquanto seu coração o aprova. Há também uma medida quanto ao tempo; a oposição do legalismo para o pecado é de curta duração, mas no crente é até o fim; pois a graça e a corrupção continuam se opondo um ao outro.
8. Eles diferem quanto ao sucesso. Se o crente perder muitas batalhas, todavia ele ganha a guerra. Mas o legalista, por todo o trabalho que ele faz, embora tenha cortado algum pecado atual, no entanto, a natureza corrupta nunca é alterada; ele nunca recebe um novo coração; a cerviz de ferro que se opõe a Deus, nunca é quebrada; e quando ele mortifica um pecado, outro mais perigoso lhe domina, e ainda assim o legalista ergue a cabeça orgulhosamente.







7 - Como Mortificar o Pecado

Por John Piper

"Ora, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita. Portanto, irmãos, somos devedores, não à carne para vivermos segundo a carne; porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus; e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados." (Romanos 8.10-17)

Há três semanas eu toquei a trombeta para Plantar uma Paixão – para despertar um sonho em você de espalhar uma paixão pela supremacia de Deus em todas as coisas para a alegria de todos os povos formando uma igreja com um novo, forte, centrado em Deus, exaltando a Cristo, saturado da Bíblia, mobilizado em missões, ganhadores de almas, perseguidores da justiça em algum lugar além das cidades de Twin. Eu oro para que esta visão de Plantar uma Paixão esteja latente em todos vocês.

Um Chamado para os Perseguidores da Justiça, Cristãos Coronarianos

Então, nas duas últimas semanas, vivenciamos um pouco do que significa ser uma igreja que persegue a justiça. Focamos, há duas semanas, na justiça racial, e nos concentramos, na semana passada, na questão da justiça dos bebês que sofrem devido ao aborto. E, em geral, o meu apelo foi para que Deus possa criar cristãos perseguidores da justiça e cristãos coronarianos na Igreja Batista Belém - não cristãos adrenais. Cristãos que continuam a bombear sangue de vida hora após hora, dia após dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano, década após década em uma causa maior do que você ou sua família ou sua igreja. Cristãos maratonistas, não velocistas . Cristãos como William Wilberforce que deu toda a sua vida para acabar com o tráfico de escravos na Grã-Bretanha há 200 anos .

Um de seus adversários disse: "É necessário ver como ele é abençoado com uma quantidade suficiente de espírito entusiasta que, em vez de ceder, cresce mais vigorosamente a partir de golpes." Em outras palavras: derrube-o e ele se levantará mais forte. Não há muitas pessoas assim na América de hoje. A maioria das pessoas que é derrubada por causa da injustiça hoje em dia "sente pena de si mesma, pergunta onde Deus estava, e então processa alguém”. Um cristão coronariano aprende com a derrota, se levanta , estabelece uma nova meta e insiste na causa.

Cristãos Coronarianos declaram guerra contra seus pecados

Agora, nesta manhã, voltamos a Romanos 8 para retomar de onde paramos em 16 de dezembro. Mas eu ainda estou trabalhando a ideia “Plantando uma Paixão”, e eu ainda estou trabalhando para construir uma igreja “Perseguidora da Justiça”, e eu ainda estou pedindo a Deus para criar cristãos coronarianos , porque é isso que os versos 12 a 13 me ajudam a fazer. Se você pretende ser o tipo de pessoa que se levanta quando é derrubado e, em vez de planejar a vingança, planeja novas estratégias de amor, e ao invés de questionar a Deus, se submete à sua sábia e bondosa soberania, e em vez de lamentar-se, alegra-se na tribulação e é refinado como o aço, então você terá que aprender a mortificar os pecados de autopiedade e orgulho e amargura e amor ao “louvor dos homens”. Em outras palavras, os cristãos coronarianos e que alegremente se envolvem em alguma grande Causa de amor e de justiça, não vêm do nada. Eles saem da fornalha ardente da guerra contra o pecado - lutam principalmente em suas próprias almas.

Vejamos os versículos 12-13: "Portanto, irmãos, somos devedores, não à carne para vivermos segundo a carne; porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis." Se você deseja ser um cristão coronariano , que busca a justiça, cristão plantador de paixão – ou, neste caso, um tipo de cristão que herda a vida e não a morte – Paulo diz que você não deve ser um “pagador de dívidas” à carne – àquela antiga rebelde e insubordinada natureza autossuficiente que todos nós temos (Romanos 8:7). "Irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne" – a única coisa que devemos à carne é inimizade e guerra. Não perca tempo com o seu destruidor. Não seja um “pagador de dívidas” ao seu destruidor. Saia da dívida para com a carne, não pague para a sua própria destruição.

Como? Perguntamos. Isso é o que o versículo 13 descreve. Se você pretende ser um cristão coronariano , perseguidor da justiça, plantador de paixão, um cristão livre-de-débito-com-a-carne-mortal, você deve ser hábil em matar seus próprios pecados. A linguagem aqui é perigosa, então tome cuidado. Não pense nos pecados de outras pessoas. Não pense sobre como as pessoas erram com você. Pense em seus próprios pecados. Isso é o que Paulo está falando. Versículo 13b: "Mas, se pelo Espírito que você está colocando à morte as obras de [seu!] Corpo, você vai viver."

John Owen sobre a mortificação do pecado

O grande mestre da igreja sobre esta doutrina é John Owen. Provavelmente ninguém a sondou mais profundamente. Ele escreveu um pequeno livro de 86 páginas chamado “Mortificação do pecado: o que todo cristão precisa saber”. Todo o livro é uma exposição deste versículo, Romanos 8:13. Ele disse assim: "Se você não estiver continuamente matando o pecado, ele estará continuamente matando você."

Minha mãe escreveu na minha Bíblia, quando eu tinha 15 anos - Eu ainda tenho essa Bíblia - "Este livro irá mantê-lo longe do pecado, ou o pecado irá mantê-lo longe deste livro." Veremos que estes dois lemas estão intimamente ligados, porque Romanos 8:13 diz que devemos mortificar o pecado pelo Espírito - "Se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis."- E qual é o instrumento de morte utilizado pelo Espírito? A resposta é dada em Efésios 6:17 - "A espada do Espírito, a Palavra de Deus." Este livro irá mantê-lo longe do pecado - este livro irá matar o pecado. Voltaremos a este tema daqui a duas semanas.

Mas, por agora eu só quero que você veja como tudo nestas últimas semanas está conectado. Pensávamos que estávamos nos desviando de Romanos desde 16 de dezembro, mas acontece que nós estávamos simplesmente aplicando o que acontece quando os cristãos condenam as obras do corpo à morte. Eles se tornam coronarianos , maratonistas, centrados em Deus, que exaltam a Cristo, que buscam a justiça, cristãos que plantam uma Paixão.

Então, agora, o que seria útil saber a fim de experimentar o que Romanos 8:13 está pedindo? Bem, eu vejo quatro perguntas que seriam úteis responder para que possamos saber como devemos ser para cumprir esse dever fundamental de matar o pecado.

O que são “as obras do corpo", quando Paulo diz: "Se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis?" Certamente nem todas as obras do corpo devem ser mortas. O corpo deve ser, supostamente, um instrumento de justiça. Então quais são as obras do corpo que precisam ser mortas?

O que significa matá-las? Será que elas têm vida e que devemos tirá-la? O que está envolvido na morte delas?

O que "pelo Espírito” isso significa? O Espírito é o próprio Deus. Ele não é um instrumento sem vida em nossas mãos para empunharmos como nós desejamos. O próprio pensamento de ter o Espírito em minha mão é um desrespeito que me dá arrepios. Sou eu quem está nas mãos dele, não sou? Não é Ele que está em minhas mãos. Ele é o poder, não eu. Como devo entender o mortificar o pecado "pelo Espírito"?

Será que esta ameaça de morte significa que eu posso perder minha salvação? Verso 13: "Porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer." Isso é falado para toda a igreja em Roma. E a morte aqui é a morte eterna e julgamento. Sabemos que, porque todos pecaram - se você vive segundo a carne ou não – passarão pela morte física. Então a morte sobre a qual este versículo adverte é algo mais, algo que só acontece para alguns e não para os outros. Assim a pergunta permanece: Será que podemos morrer eternamente, se fomos justificado pela fé? Se nós temos de fato uma segurança, por que Paulo nos ameaça a todos com a morte se vivermos segundo a carne e nos fala deste negócio de “mortificar o pecado”?

Então vamos começar aqui com esta última pergunta e depois voltaremos às outras nas próximas semanas. Do que devemos nos livrar esta manhã é uma sensação geral de como a justificação se relaciona com a mortificação do pecado, e como é crucial fazermos isto.

Será que a ameaça de morte implica que podemos perder a nossa salvação?

Você sabe a minha resposta: Não, alguém que é justificado pela fé, sem as obras da lei, não pode morrer no sentido da morte eterna. Uma das minhas principais razões para acreditar nisso é encontrada neste capítulo, no versículo 30. Neste versículo Paulo argumenta que a salvação do começo ao fim é uma obra de Deus com cada parte ligada a outra em uma cadeia inquebrável. Romanos 8:30: "E aqueles que predestinou, também chamou, e aqueles que chamou, também justificou, e aos que justificou também glorificou." Aqui a ligação entre a justificação e a glorificação é certa. Se você tem sido justificado pela fé, você será glorificado. Ou seja, você será levado para a vida eterna e glória. A corrente não será quebrada: Predestinação, chamando, justificação e glorificação.

Mortificação é o resultado e a Evidência de Justificação

Portanto, a questão é, então, por que Paulo diz à igreja em Roma - e para nós (Bethlehem) - (versículo 13) "Porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis? " A razão é esta: Mortificar as obras do corpo pelo Espírito - a prática diária de matar o pecado em sua vida - é o resultado de ser justificado e a evidência de que você é justificado pela fé, sem as obras da lei. Se você está em guerra contra seu pecado, e andando pelo Espírito, então você sabe que foi unido a Cristo pela fé. E se você foi unido a Cristo, então o Seu sangue e justiça fornecem a base inabalável de sua justificação.

Por outro lado, se você está vivendo segundo a carne - se você não está em guerra contra a carne, e não realizando a prática de matar o pecado em sua vida, então não há nenhuma razão convincente para pensar que você está unido a Cristo pela fé ou que você é, portanto, justificado. Em outras palavras, mortificar as obras do corpo não é a maneira que nós somos justificados, é uma das maneiras de Deus nos mostrar que somos justificados. E assim Paulo nos ordena a fazê-lo – seguir mortificando o pecado - porque se nós não guerearmos contra a carne e condenarmos à morte as obras do corpo pelo Espírito - se o crescimento na graça e santidade não significar nada para nós - então vamos mostrar que provavelmente nossa profissão de fé é falsa, e que a nossa membresia na igreja é uma farsa e nosso batismo é uma fraude, e nós provavelmente não somos cristãos de fato.

Mortificação do pecado é o efeito e não a causa de nossa Justificação

Este é um bom lugar para revisão e para restabelecer a grande base para o nosso apelo ao coronariano , aos cristãos perseguidores da justiça. Será que estamos chamando você para viver dessa maneira para que seja justificado ou estamos chamando você para viver desta forma porque este é o caminho que os pecadores justificados trilham? É a busca da justiça e do amor "pelo Espírito" com perseverança ao longo da vida a causa ou o efeito de se estarmos “em dia” com Deus?

Vamos deixar Wilberforce responder. Aqui estava um homem que tinha uma paixão pela santidade e justiça talvez maior do que qualquer um nos seus dias. Quando escreveu seu livro, “Uma Visão Prática do Cristianismo”, para anunciar esta paixão pela justiça e pelo engajamento político na causa da justiça, eis o que ele disse:

O cristianismo é um esquema "para justificar o ímpio" [Romanos 4:5], por Cristo ter morrido por eles", quando ainda eram pecadores" [Romanos 5:6-8], um esquema "para reconciliar-nos a Deus" - quando ainda éramos seus inimigos [Romanos 5:10] e para fazer os frutos de santidade serem os efeitos, não a causa, da nossa justificação e reconciliação.

Nós passamos quase quatro anos estabelecendo as bases para a compreensão de Romanos 8. Os cinco primeiros capítulos de Romanos demonstram que a única maneira de nós pecadores sermos declarados justos aos olhos de Deus é por Sua justiça ter sido dada a nós - creditada a nós, imputada a nós - pela graça, mediante a fé, sobre a base da vida perfeita de Cristo e de Sua morte, e não com base em nossas próprias obras. Deus é justo e justifica o ímpio que tem fé em Jesus (Romanos 3:26).

Posto esse fundamento deslumbrante e indizivelmente maravilhoso , Paulo teve que perguntar no capítulo 6, por duas vezes: verso 1: "Que diremos, então, devemos continuar no pecado, para que a graça aumente?" Versículo 15: "E então? Vamos pecar porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da graça?”. E os capítulos 6 e 7 são escritos para mostrar que a justificação pela fé somente não pode e não deve levar uma pessoa a fazer as pazes com o pecado.

Paulo responde sua própria pergunta em Romanos 6:2: "Como podemos nós, que morremos para o pecado ainda viver nele?" Não podemos. Se nós morremos para o pecado e fomos unidos a Jesus em sua morte, não podemos ficar casados com o pecado. A fé que nos une a Cristo nos desata de seus concorrentes. A fé que faz as pazes com Deus faz guerra contra o pecado. Se você não está em desacordo com o pecado, você não está “em casa” com Jesus, não porque estar em desacordo com o pecado o faz merecer estar “em casa” com Jesus, mas porque estar “em casa” com Jesus o faz estar em desacordo com o pecado.

Portanto, eu o chamo e o exorto, a estar centrado em Deus, exaltando a Cristo, ganhando almas, buscando a justiça, espalhando a paixão (pela glória de Deus), pois cristãos que serão galardoados não vivem segundo a carne, mas "pelo Espírito mortificam as obras do corpo". Esteja constantemente matando o pecado ou o pecado vai estar constantemente matando você.







8 - A Mortificação da Carne

Por João Calvino

A mortificação da carne e a vivificação do Espírito resultam da participação da Morte e da ressurreição de Cristo, a Regeneração real ou arrependimento.

Uma e outra, isto é, a mortificação da carne e a vivificação do Espírito, nos é comunicada em virtude da participação de Cristo. Ora, se de sua morte compartilhamos verdadeiramente, “nosso velho homem é crucificado por seu poder e morre o corpo do pecado” [Rm 6.6], para que não floresça por mais tempo a corrupção da primeira natureza. Se somos participantes de sua ressurreição, por ela somos despertados para a novidade de vida que corresponda à justiça de Deus. Portanto, interpreto o arrependimento com uma palavra: regeneração, cujo objetivo não é outro senão que em nós seja restaurada a imagem de Deus, a qual fora empanada e quase apagada pela transgressão de Adão.

Assim o ensina o Apóstolo, quando diz: “Nós, porém, de face descoberta, refletindo como em um espelho a glória do Senhor, somos transformados à mesma imagem, de glória a glória, como pelo Espírito do Senhor” [2Co 3.18]. Igualmente: “Sede renovados no espírito de vosso entendimento e revesti-vos do novo homem que foi criado, segundo Deus, na justiça e santidade da verdade” [Ef 4.23, 24]. Também, em outro lugar: “Revestindo-vos do novo homem que se renova segundo o conhecimento e a imagem daquele que o criou” [Cl 3.10]. Portanto, mediante esta regeneração, somos pela mercê de Cristo restaurados à justiça de Deus, da qual havíamos decaído através de Adão, modo pelo qual ao Senhor agrada restaurar integralmente a todos quantos adota para a herança da vida. E esta restauração, na verdade, não se consuma em um momento, ou em um dia, ou em um ano; antes, através de avanços contínuos, ainda que amiúde de fato lentos, Deus destrói em seus eleitos as corrupções da carne, os limpa de sua imundície e a si os consagra por templos, renovando-lhes todos os sentimentos à verdadeira pureza, para que se exercitem no arrependimento toda sua vida e saibam que não há nenhum fim para esta luta senão na morte.

Quão maior é a improbidade de certo paroleiro e apóstata impuro, Estáfilo, que vocifera dizendo que o estado da presente vida é por mim confundido com a glória celeste, enquanto de Paulo interpreto a imagem de Deus como sendo “verdadeira santidade e justiça” (Ef 4.24). Como se, realmente, ao definir-se alguma coisa não se deva buscar sua própria inteireza e perfeição. Ao afirmar que Deus restaura em nós sua imagem, não nego que o faça progressivamente; mas que, à medida que cada um avança, se aproxima mais da semelhança de Deus, e que tanto mais resplandece nele essa imagem de Deus [2 Co 4.16]. Para que os fiéis cheguem a este ponto, Deus lhes assinala o caminho do arrependimento pelo qual percorram pela vida inteira.







9 - Enfraquecimento da Raiz do Desejo Mau

Por John Owen

1. Um enfraquecimento habitual do mau desejo

Toda lascívia (desejo mau) é um hábito depravado, que continuamente inclina o coração para o mal. Em Gênesis 6:5, temos uma descrição de um coração no qual o pecado não foi mortificado: "era continuamente mau todo desígnio do seu coração". Em todo homem não convertido, há um coração que não foi mortificado e que está cheio de uma variedade de desejos ímpios, e cada um desses desejos está continuamente clamando por satisfação.

Concentrar-nos-emos apenas na mortificação de um desses desejos. Este desejo (pense no pecado que mais lhe atrai) é uma disposição forte, habitual, e profundamente enraizada, que inclina a vontade e os sentimentos para certo pecado em particular. Uma das grandes evidências de tal desejo mau é a tendência para se pensar nas diversas maneiras de gratificá-lo (veja Rom. 13:14). Este hábito pecaminoso (ou seja, a lascívia ou desejo mau) opera violentamente. "Fazem guerra contra a alma" (1 Ped. 2:11) e buscam tornar a pessoa um "prisioneiro da lei do pecado" (Rom. 7:23). Ora, a primeira coisa que a mortificação efetua é o enfraquecimento deste desejo mau, de modo que se torna cada vez menos violento nos seus esforços para provocar e seduzir a pecar (veja Tiago 1:14,15).

A esta altura, é preciso que se faça uma advertência. Todos os desejos maus têm o poder de seduzir e provocar alguém a pecar, porém parece que não têm, todos eles, o mesmo poder. Há pelo menos duas razões pelas quais alguns desejos maus parecem ser muito mais fortes do que outros:

a) Um desejo mau pode ser mais forte do que outros na mesma pessoa e também mais forte do que o desejo numa outra pessoa. Há muitas maneiras pelas quais este poder e vida extras são dados, mas especialmente isso ocorre por meio da tentação.

b) A ação violenta de alguns desejos maus é mais óbvia do que a de outros. Paulo sublinha uma diferença entre impureza e todos os outros pecados. "Fugi da impureza! Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer, é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo" (1 Cor. 6:18). Isso significa que pecados dessa natureza são mais facilmente discerníveis do que outros. Contudo, uma pessoa com um amor desordenado pelo mundo pode estar debaixo do poder desse desejo mau (embora esse poder não seja tão óbvio) tanto quanto outro homem que é cativado por um desejo mau ou por uma imoralidade sexual.

A primeira coisa, então, que a mortificação efetua é um enfraquecimento gradual dos atos violentos do desejo mau, de modo que seu poder para impelir, despertar, perturbar e deixar a alma perplexa seja diminuído. Isso é chamado de crucificar "a carne, com as suas paixões e concupiscências" (Gál. 5:24). Esta linguagem é muito gráfica, como se pode ver na seguinte ilustração:

Pense num homem pregado numa cruz. A princípio o homem se esforçará, lutará e clamará com grande intensidade e poder. Depois de certo tempo, à medida em que vai perdendo sangue, seus esforços se tornam fracos e seus gritos baixos e roucos. Da mesma maneira, quando um homem se propõe a cumprir seu dever de mortificar o pecado, há uma luta violenta; todavia à medida em que a força e a energia do desejo mau se esvai, seus esforços e gritos diminuem. A mortificação radical e inicial do pecado é descrita em Romanos, capítulo 6, e especialmente no versículo 6:

"Sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem" - para qual propósito? ~ "para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos ao pecado como escravos".

Sem esta mortificação inicial e radical, realizada mediante união com Jesus Cristo, como descrita em Romanos, capítulo 6 (no próximo capítulo diremos mais sobre isto), uma pessoa não pode fazer progresso na mortificação de um único desejo mau. Uma pessoa pode dar pauladas no mau fruto de uma árvore má até ficar esgotada, porém enquanto a raiz permanecer forte e vigorosa nenhum grau de espancamento impedirá que a raiz produza mais frutos maus. Esta é a tolice que muitas pessoas praticam quando se dispõem com todo fervor a quebrar o poder de qualquer pecado em particular, sem realmente atacar e ferir a raiz do pecado (como acontece quando um cristão é unido a Jesus Cristo).

2. Uma contenda e uma luta constante contra o pecado

Quando o pecado é forte e vigoroso, a alma não consegue fazer grande progresso espiritual. A não ser que constante-mente lutemos contra o pecado, ele crescerá forte e vigorosa-mente, e nosso progresso espiritual será constantemente impedido. Há três coisas importantes no contendermos com o pecado. São as seguintes:

a) Precisamos conhecer nosso inimigo e estar determinados a destruí-lo por todos os meios possíveis. Temos que lembrar que estamos num conflito acirrado e árduo, um conflito que tem sérias consequências. Precisamos estar alertas "conhecendo cada um a chaga do seu coração" (1 Reis 8:38). Precisamos guardar-nos de pensar levianamente nessa chaga. E de se lamentar que muitos tenham tão pouco conhecimento do grande inimigo que levam com eles nos seus corações. Isso os torna dispostos a se justificarem e a ficarem impacientes com qualquer reprovação ou admoestação, não se apercebendo de que estão correndo perigo (veja 2 Cron. 16:10).

b) Precisamos nos esforçar para aprender os modos de agir de nosso inimigo, suas estratégias e os métodos de combate que ele emprega, as vantagens que ele procura obter e, até mesmo, detectar as ocasiões quando o seu ataque é mais bem sucedido. Quanto mais soubermos estas coisas, melhor estaremos preparados para lutar e contender com o pecado. Por exemplo: se observarmos que o inimigo repetidamente se aproveita de nós, e leva vantagem, em determinada situação, então procuraremos evitar essa situação. Precisamos buscar a sabedoria do Espírito contra as ciladas do pecado que habita em nós, para que possamos rapidamente discernir as sutilezas do nosso inimigo e frustrar seus planos maus contra nós.

c) Precisamos empenhar-nos diariamente para utilizar todos os meios que Deus ordenou para ferir e destruir o nosso inimigo (alguns desses serão mencionados mais adiante). Jamais devemos permitir que sejamos conduzidos a uma falsa segurança, pensando que nossos desejos pecaminosos já estão mortos devido estarem quietos. Em vez disso precisamos aplicar-lhes novos golpes e surras todos os dias (vejaCol. 3:5).

3. Sucesso na nossa oposição e no nosso conflito com o pecado que habita em nós. Quando há frequente sucesso contra qualquer desejo mau, isso é uma outra evidência da mortificação do pecado. Por sucesso queremos significar uma vitória sobre ele, acompanhada da intenção de dar sequência a essa vitória e atacar novamente. Por exemplo: quando o coração detecta as ações do pecado que habita em nós (procurando nos seduzir, nos atiçar, influenciar nossa imaginação, etc) ele imediatamente ataca o pecado, o expõe à lei de Deus e ao amor de Cristo; ele o condena e o executa.

Quando uma pessoa experimenta tal sucesso e sabe que a raiz do desejo mau foi, na verdade, enfraquecida, e que sua atividade foi contida de modo que não pode mais impedi-lo de cumprir o seu dever ou interromper sua paz como acontecia antes, então o pecado foi, em considerável medida, mortificado.

Este enfraquecimento da raiz do desejo mau é realizada principalmente pela implantação, continuidade e cultivo constante da vida espiritual da graça, que se coloca em oposição direta ao desejo mau, e lhe é destruidora (compare com o capítulo 4, pág. 110, item 2). Desse modo, pela implantação e pelo crescimento da humildade, o orgulho será enfraquecido. Da mesma maneira, a paciência tratará da paixão; a pureza da mente e da consciência cuidará da impureza; a mente celestial porá fim ao amor deste mundo, e assim por diante.

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