sexta-feira, 23 de outubro de 2015

100) Oração e Jejum

100) ORAÇÃO E JEJUM

ÍNDICE

1 - Oração Para Quem Está em Desespero
2 - Oração no Espírito
3 - Os Benefícios da Oração de Intercessão
4 - Uma Chamada Séria a Uma Vida Santa e Devota – Cap XIV - Sobre a Oração
5 - Dicas para Orar a Palavra
6 - Orações Grandes, Completas - Mas não Insípidas
7 - QUANDO O NOIVO LHES FOR TIRADO, ENTÃO JEJUARÃO COM NOVOS ODRES
8 - A ti clamo, ó SENHOR
9 - Pelo Que Orar
10 - A Oração de Jabez
11 - Sob a Figueira
12 - ORAÇÃO
13 - “Começando a afundar, gritou, dizendo: Senhor, salva-me". (Mateus 14.30)
14 - Orai, orai sempre
15 - Um Apelo Urgente Por Uma Resposta Imediata
16 - Clamor
17 - Oração, Súplica e Intercessão
18 - Quando o Clamor se Faz Mais Necessário
19 - Oração a Deus em Angústia - um Sacrifício Aceitável
20 - Incentivo a Confiar e Orar
21 - Salmo 119.35 – Comentado por Lutero
22 - A intercessão do Espírito Santo
23 - Oração de Adoração
24 - Oração para Estes Últimos Dias
25 - Oração de Exaltação
26 - Oração para Ser Vivificado
27 - Oração de Confiança
28 - Oração para Permanecer Firme
29 - Oração para Manter a Comunhão com Deus
30 - Oração de Louvor e Gratidão
31 - A intimidade da Oração – Parte 1
32 - A Intimidade da Oração – Parte 2
33 - A Intimidade da Oração – Parte 3
34 - Quando Deus Responde Orações?
35 - Sem Oração Não Há Poder
36 - Como está sua vida de oração?
37 - Orem por Todos os Governantes
38 - Oração e Súplica
39 - Ordem e Argumento na Oração
40 - Certeza do Êxito na Oração


1 - Oração Para Quem Está em Desespero

Há momentos na vida que podemos dizer juntamente com o apóstolo Paulo:

“Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira oprimidos acima das nossas forças, de modo tal que até da vida desesperamos;” (II Cor 1.8)

Então meu amado, minha amada, nós achamos na Bíblia este testemunho de que pessoas que foram muito amadas por Deus, passaram por momentos muito difíceis tal como eu e você já experimentamos, ou que ainda possamos estar vivendo.
Mas olhemos para o exemplo das vidas de um Paulo, de um rei Davi, de um profeta Jeremias, de um José no Egito, e de tantos outros.
E olhemos para o exemplo deles, para fazer o mesmo que fizeram nestas horas difíceis de aflição: Eles olharam para Deus, e oraram, e contaram com as orações de seus irmãos, conforme vemos nas palavras de Paulo em II Cor 1. 9-11:

“9 portanto já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos;
10 o qual nos livrou de tão horrível morte, e livrará; em quem esperamos que também ainda nos livrará,
11 ajudando-nos também vós com orações por nós, para que, pela mercê que por muitas pessoas nos foi feita, por muitas também sejam dadas graças a nosso respeito.”

Juntemos então a nossa oração nesta hora, e busquemos no Senhor, força, socorro e livramento.

“Pai amado, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, te peço: Dá-te pressa em socorre-me querido, porque minha alma se encontra enfraquecida e angustiada.
Não há em mim mesmo força ou capacidade para vencer o mal que me aflige.
Dá-me alívio e paz, e fortalece-me com a tua graça.
Tu és o Deus fiel e verdadeiro que não pode mentir, que tem prometido nos livrar no dia da angústia, como dizes na Tua palavra:

“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
2 Direi do Senhor: Ele é o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio.
3 Porque ele te livra do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.
4 Ele te cobre com as suas penas, e debaixo das suas asas encontras refúgio; a sua verdade é escudo e broquel.
5 Não temerás os terrores da noite, nem a seta que voe de dia,
6 nem peste que anda na escuridão, nem mortandade que assole ao meio-dia.
7 Mil poderão cair ao teu lado, e dez mil à tua direita; mas tu não serás atingido.
8 Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
9 Porquanto fizeste do Senhor o teu refúgio, e do Altíssimo a tua habitação,
10 nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
11 Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
12 Eles te susterão nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra.
13 Pisarás o leão e a áspide; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
14 Pois que tanto me amou, eu o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro, porque ele conhece o meu nome.
15 Quando ele me invocar, eu lhe responderei; estarei com ele na angústia, livrá-lo-ei, e o honrarei.
16 Com longevidade de dias fartá-lo-ei, e lhe mostrarei a minha salvação.” (Salmo 91)

É verdade Senhor, o que é dito neste Salmo 91, porque nenhum dos que em ti confiaram foi abandonado ou ficou confundido, porque são muitas as tuas promessas de livramento, conforme a que lemos também no Salmo 50.15:

“invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.”

Então estou invocando o teu nome Senhor, na minha angústia, na certeza de que me livrarás, e eu te glorificarei porque o Espírito Santo encherá o meu coração e lábios de louvores pelo teu livramento.

Eis que espero tão somente em ti, porque é vão o socorro do homem.

Confio no teu amor, na tua bondade, na tua misericórdia e na tua justiça.

Eu te agradeço desde agora, e sempre darei graças ao teu santo nome, porque estou bem certo de que voltarás a alegrar o meu coração, e ainda te louvarei na congregação dos justos.
   
Obrigado Pai amado pela Tua santa presença, que me fortalece e conforta.

Obrigado por teu Filho amado Jesus Cristo, em nome de quem te oramos.
Amém!





2 - Oração no Espírito

A maior dificuldade para não poucos cristãos manterem a sua comunhão com Deus é porque oram pouco ou então não se esforçam para que a sua oração seja no Espírito Santo.
Sabemos quando alguém está orando ou não no Espírito.
E sabemos também, que na oração particular, não é fácil reservar tempo para orar, e muito mais para prevalecer orando até que a oração seja movida pelo Espírito Santo.
Isto, porque a carne sempre resiste ao Espírito, e por conseguinte, procura nos impedir que oremos no Espírito.
Assim, esta resistência da carne sempre deverá ser vencida pela nossa insistência em continuar orando, ainda que apenas com a nossa mente, até que sintamos a presença e o mover do Espírito em nossa oração.
Daí termos a ordenança da parte de Deus de que oremos em todo o tempo, e que nossa oração, tal, como a nossa adoração, seja em Espírito e em verdade.
Paulo afirma que não sabemos orar como convém, e que é o Espírito Santo que intercede através de nós.
Assim, concluímos que, se não orarmos no Espírito Santo, não estaremos orando de fato, como Deus requer.






3 - Os Benefícios da Oração de Intercessão

Uma Chamada Séria a Uma Vida Santa e Devota – Cap XXI

A necessidade e benefício da intercessão, considerada como um exercício de amor universal. Como todas as categorias de homens devem orar e interceder junto a Deus uns pelos outros. Como tal intercessão pacifica e reforma os corações daqueles que a utilizam.
Que a intercessão é uma grande e necessária parte da devoção cristã, está muito evidente nas Escrituras.
Os primeiros seguidores de Cristo, parecem ter se suportado em amor, e mantido todas as suas relações e correspondência, através de orações mútuas.
Paulo, seja escrevendo para as igrejas, ou a pessoas em particular, mostra sua intercessão permanente por eles, que era o assunto constante de suas orações.
Assim, disse aos Filipenses: “Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações,”, Fp 1.3,4.
Aqui vemos, não somente uma contínua intercessão, mas executada com muita alegria, como também mostra que era um exercício de amor, no qual ele se regozijava altamente.
Sua devoção teve também o mesmo cuidado por pessoas em particular; como aparece na seguinte passagem: “Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia.”, II Tim 1.3.
Quão santo e amigável foi isso, como digno de pessoas que foram elevadas acima do mundo, e relacionadas entre si, como novos membros de um reino do Céu!
Apóstolos e grandes santos não somente beneficiam e abençoam igrejas particulares e pessoas privadas, mas eles mesmos também recebem graças de Deus pelas orações dos outros. Assim diz Paulo aos Coríntios: “ajudando-nos também vós, com as vossas orações a nosso favor, para que, por muitos, sejam dadas graças a nosso respeito, pelo benefício que nos foi concedido por meio de muitos.”, II Cor 1.11.
Esta foi a antiga amizade dos cristãos, unindo e cimentando os seus corações, não por considerações mundanas, ou humanas paixões, mas pela comunicação mútua de bênçãos espirituais, por orações e ações de graças a Deus.
Foi essa intercessão santa, que levantou os cristãos a tal estado de amor mútuo, que excedeu tudo o que havia sido elogiado e admirado na amizade humana. E quando o mesmo espírito de intercessão estiver mais uma vez no mundo, quando o cristianismo tiver o mesmo poder sobre os corações das pessoas, então isto que tinha sido antes, estará  novamente na moda, e os cristãos serão novamente a maravilha do mundo, por causa daquele excelente amor que possuírem mutuamente.
Porque uma intercessão frequente a Deus, rogando-lhe com  sinceridade para perdoar os pecados de toda a humanidade, para abençoá-los com a sua providência, iluminá-los com o seu Espírito, e trazê-los para sempre à felicidade duradoura, é o exercício mais divino em que o coração do homem possa estar engajado.
Esteja portanto, diariamente, de joelhos, numa solene, e determinada execução desta devoção, orando pelos outros com a importunação e sinceridade que você usa para si mesmo; e  encontrará todas as pequenas paixões e fraquezas naturais morrerem, o seu coração crescer grande e generoso, deleitando-se com a felicidade comum dos outros, assim como você usava apenas para deleitar a si mesmo.
Porque aquele que ora diariamente a Deus, para que todos os homens possam ser felizes no céu, toma o caminho mais deleitável para fazê-lo desejar, e procurar sua felicidade na terra. E é quase impossível para você, implorar e rogar a Deus para fazer qualquer um feliz nos mais elevados deleites da sua glória por toda a eternidade, e ainda assim estar preocupado para vê-lo desfrutar os menores dons de Deus, neste curto e baixo estado de vida humana.
Quando, portanto, uma vez que você tenha habituado o seu coração para um sincero desempenho desta intercessão santa, você tem feito uma grande coisa, para torná-lo incapaz de rancor e inveja, e para fazer com que se deleite com a felicidade de toda a humanidade.
Este é o efeito natural de uma intercessão geral por todos os tipos de  homens.
Apesar de estarmos tratando toda a humanidade, como vizinhos e irmãos, como qualquer ocasião oferece, ainda, já que somente podemos viver na real companhia de poucos, e somos em nosso estado e condição mais particularmente relacionados com uns do que com outros, por isso quando nossa intercessão é feita um exercício de amor para aqueles entre os quais a nossa sorte está caída, ou que pertencem a nós numa relação mais próxima, isto então traz o maior benefício para nós mesmos, e produz seus melhores efeitos em nossos próprios corações.
Se, portanto, você deve sempre mudar e alterar as suas intercessões, de acordo como as necessidades que seus conhecidos pareçam exigir; rogando a Deus para livrá-los de tais e tais males particulares, ou para lhes conceder este ou aquele dom especial, ou bênção, tais  intercessões, além da grande caridade delas, teriam um efeito poderoso sobre o seu próprio coração.
Seria mais agradável para você, ser cortês e condescendente com tudo o que se refira a você, e que não seja capaz de dizer ou fazer uma coisa rude, ou difícil para aqueles que têm sido o motivo de suas compassivas intercessões.
Pois não há nada que nos faça amar mais uma pessoa do que orar por ela. Isto irá encher o seu coração com uma generosidade e ternura, que lhe darão um melhor e mais doce comportamento, do que  qualquer coisa que se chama de bons modos.
Ao considerar a si mesmo como um advogado junto a Deus, pelos seus vizinhos e conhecidos, nunca iria achar difícil estar em paz com eles.  Seria fácil suportar e perdoar aqueles para os quais você  implorou por misericórdia e perdão divinos.
Tais orações como estas, entre vizinhos e conhecidos, iria uni-los uns aos outros pelos laços mais fortes de amor e ternura. Seria exaltar e enobrecer suas almas, e ensinar-lhes a se considerarem mutuamente num estado mais elevado, como membros de uma sociedade espiritual, daqueles que são criados para o gozo comum da bênçãos de Deus e que são co-herdeiros da mesma glória futura.
Se um pai estivesse fazendo diariamente orações a Deus, para que ele inspirasse seus filhos à verdadeira piedade, grande humildade e estrita temperança, o que poderia ser mais propenso a se fazer senão o próprio pai se tornar exemplar nessas virtudes?
Quão envergonhado ele seria caso lhe faltasse essas virtudes, que ele considerava necessárias para os seus filhos? Assim que suas orações pela sua piedade, seria um certo meio de exaltar a elevação da sua própria devoção.
Quão religiosamente um pai deveria conversar com seus filhos, a quem considerasse como seu pequeno rebanho espiritual, cujas virtudes ele formaria com o seu exemplo, incentivado por sua autoridade, nutrido seu conselho, e levado a prosperar por suas orações a Deus por eles?
Quão temeroso ele estaria de todas as maneiras gananciosas e injustas de aumentarem o seu dinheiro, de se tornarem muito apreciadores do mundo, para que isto não os tornasse incapazes de receber as graças, que ele tão frequentemente rogava a Deus para conceder-lhes?
Sendo estes os efeitos simples, felizes, desta intercessão, todos os pais, espero, que almejam o verdadeiro bem-estar de seus filhos no coração, que desejam ser seus verdadeiros amigos e benfeitores, e viverem entre eles no espírito de sabedoria e de piedade, não deveriam negligenciar um meio, tanto de elevar a sua própria virtude, e para fazer um bem eterno àqueles amados que estão tão perto deles, pelos laços mais fortes da natureza.
Este seria um triunfo sobre si mesmo, seria humilhar reduzir o seu coração à obediência e ordem, que o próprio diabo temeria  tentá-lo novamente da mesma maneira, quando visse que a tentação se transformou em tão grande forma de mudar e reformar o estado do seu coração.
E ainda, se em qualquer pequena diferença, ou mal-entendidos que você tenha tido com um parente ou vizinho, ou qualquer outra pessoa, então você deve orar por eles de uma forma mais específica, do que a forma comum, rogando a Deus que lhes dê toda a graça e bênção, e a felicidade que puder ser imaginada, e assim teria tomado a via mais rápida para reconciliar todas as diferenças e esclarecer toda incompreensão.
Este seria o grande poder da intercessão cristã; em remover todas as paixões impertinentes, amolecer o seu coração para uma maior longanimidade, e para melhor julgar todas as diferenças que acontecerem entre você e qualquer um dos seus conhecidos.
Os maiores ressentimentos entre amigos e vizinhos, na maioria das vezes surgem de pequenos erros, o que é um certo sinal de que sua amizade é meramente humana, não fundada em considerações religiosas, ou apoiada por tais orações mútuas, como os primeiros cristãos faziam.
Porque tal devoção deve necessariamente destruir tais contendas, ou ser destruída por elas.
Você não pode ter qualquer mau humor, ou mostrar qualquer comportamento indelicado para com uma pessoa pela qual você tem intercedido como seu advogado para com Deus.

Tradução, redução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, do vigésimo primeiro capítulo do livro de William Law, em domínio público, intitulado Uma Chamada Séria a Uma Vida Santa e Devota. William Law, foi professor e mentor por vários anos de John e Charles Wesley, George Whitefield – principais atores do grande avivamento do século XVIII, que se espalhou por todo o mundo - Henry Venn, Thomas Scott e Thomas Adam, entre outros, que foram profundamente afetados por sua vida consagrada a Deus, e sobretudo pelo conteúdo deste livro.







4 - Uma Chamada Séria a Uma Vida Santa e Devota – Cap XIV - Sobre a Oração

Como devemos melhorar nossas formas de oração, e como aumentar o espírito de devoção.

Tendo mostrado nos capítulos anteriores, a necessidade de um espírito devoto, ou hábitos espirituais em todas as partes da nossa vida comum, no desempenho de todos os nossos negócios, no uso de todos os dons de Deus; vou considerar agora aquela parte da devoção, que se refere aos tempos de horas de oração .
Eu tenho isto como algo garantido, que cada cristão, que é saudável, se levanta cedo pela manhã, porque é mais do que razoável supor que se levante cedo, porque ele é um cristão, tanto quanto se ele é um trabalhador ou um comerciante, ou que tenha outros negócios aguardando por ele.
Nós, naturalmente, temos alguma aversão a um homem que está na cama, quando ele deveria estar no seu trabalho, ou em seu negócio. Nós não podemos pensar nada de bom dele, que é como um escravo da sonolência, assim como negligencia seus deveres por causa disso.
Isto portanto, nos ensina quão odiosos devemos parecer aos olhos do céu, se estamos na cama, calados nas trevas do sono, quando deveríamos estar louvando a Deus; e somos não apenas escravos do sono, como negligenciamos nossas devoções a ele.
Porque, se deve ser responsabilizado como um preguiçoso, aquele que escolhe a indulgência do sono, e deixa de realizar a sua parte adequadamente nos negócios do mundo, quanto mais aquele que permanece em sua cama, e que não eleva o seu coração a Deus em atos de louvor e adoração?
A oração é a maior forma de aproximação a Deus, e o modo de ter o maior desfrute dele, que somos capazes de ter nesta vida.
Ela é o exercício mais nobre da alma, o uso mais exaltado de nossas melhores faculdades, e a máxima imitação dos bem-aventurados habitantes do céu.
Quando nossos corações estão cheios de Deus, enviando santos   desejos para o trono da graça, então estamos em nosso estado mais elevado, estamos na maior altura da grandeza humana, não estamos diante de reis e príncipes, mas na presença e audiência do Senhor de todo o mundo, e não pode haver mais alto privilégio e honra, até que a morte seja tragada em glória.
Por outro lado, o sono é o mais pobre, o mais maçante refrigério do  corpo, que está muito longe de ser concebido como um prazer, porque somos forçados a recebê-lo.
O sono indolente é um estado tão estúpido da existência, que,  mesmo entre os animais, nós desprezamos aqueles que são mais sonolentos e indolentes.
Aquele, portanto, que escolhe, ampliar a indulgência indolente do sono, ao invés de levantar cedo, para as suas devoções a Deus, opta pelo refrigério mais maçante do corpo, antes do mais elevado, mais nobre emprego da alma.
Talvez você dirá, que embora você se levante tarde, todavia é sempre cuidadoso com suas devoções quando está acordado.
Pode ser assim. Mas o que dizer então? É um bom ato acordar tarde, porque você ora, quando se levanta da cama? É perdoável desperdiçar grande parte do dia na cama, pois algum tempo depois fará suas orações?
É tanto o seu dever se levantar para orar, como orar quando você está acordado. E se você está atrasado em suas orações, você tem para oferecer a Deus as orações de um adorador preguiçoso e ocioso, que sobem  como orações, assim como servos ociosos se levantam para executar o seu trabalho.
Além disso, se você gosta de ser cuidadoso em suas devoções, quando está acordado, apesar de ser o seu costume se levantar tarde, você engana a si mesmo, porque não pode executar as suas devoções como deveria . Porque aquele que não pode negar a si mesmo esta indulgência sonolenta, senão passar boa parte da manhã na mesma, não está mais preparado para a oração quando está acordado, do que está preparado para qualquer outra auto-negação. Porque dormir assim indolentemente, transmite uma ociosidade a todos os nossos comportamentos, e nos torna incapazes de apreciar qualquer coisa, senão aquilo que se adapte a tal  estado de mente, e que gratifique nossos gostos naturais, como faz o sono.
Ora, aquele que transforma o sono em uma indulgência ociosa, faz tanto para corromper e desordenar a sua alma, para torná-la uma escrava dos apetites do corpo, e mantê-la incapaz de toda devoção de um comportamento santo, assim como aquele que transforma as  necessidades de alimentação, num curso de indulgência.
Uma pessoa que come e bebe muito, não sente os efeitos disto,  como aqueles que vivem em casos notórios de gula e intemperança, mas ainda o seu curso de indulgência, embora não seja escandaloso aos olhos do mundo, nem atormente sua própria consciência, é um grande e constante obstáculo para sua melhoria em virtude, porque isto lhe dá olhos que não veem, e ouvidos que não ouvem, que cria uma  sensualidade na alma, aumenta o poder das paixões corporais, e lhe torna incapaz de alcançar o verdadeiro espírito da religião cristã.
Agora este é o caso daqueles que perdem o seu tempo durante o sono; isto não desordena suas vidas, ou fere suas consciências, como os atos notórios de intemperança, mas como qualquer outro curso imoderado de indulgência, silenciosamente, e por graus menores, desgasta o espírito da religião, e afunda a alma num estado de dolência e sensualidade.
Se você considerar a devoção apenas como um certo momento de  oração, você talvez a cumpra, apesar de viver neste indulgência diária: Mas se você considerá-la como um estado do coração, como um vivo fervor da alma, que é profundamente afetada com um senso de sua própria miséria e fraquezas, e sua necessidade do Espírito de Deus, mais do que todas as coisas do mundo, você vai achar que o espírito de indulgência, e o espírito de oração, não podem subsistir juntos. Uma mortificação de todos os tipos, é a própria vida e alma da piedade, mas aquele que não tem o menor grau disto, de modo que não começa desde cedo suas orações, não pode ter nenhuma razão para pensar que ele tomou a sua cruz , e que está seguindo a Cristo.
Se o nosso bendito Senhor costumava orar antes de iniciar o dia, se ele passou noites inteiras em oração, se a devotada Ana estava dia e noite no templo, se Paulo e Silas, à meia-noite, cantaram louvores a Deus, se os cristãos primitivos, por vários anos, além de suas horas de oração ao meio-dia, se reuniam publicamente nas Igrejas à meia-noite, para se juntarem nos Salmos e Orações, não é certo que estas práticas mostram qual era o estado do seu coração? Não são provas claras da completa mudança de suas mentes?
E se você vive em um estado contrário, perdendo grande parte de cada dia com o sono, pensando muito pouco sobre as orações; não é igualmente certo, que esta prática tanto mostra o estado de seu coração, e a inclinação de sua mente?
De modo que , se esta indulgência é o seu modo de vida, você tem muita razão para acreditar-se destituído do verdadeiro espírito de devoção, como você crê que os apóstolos e santos da Igreja Primitiva eram verdadeiramente devotos. Porque, assim como o seu modo de vida foi uma demonstração da devoção deles, de igual modo, um caminho contrário de vida, é uma forte prova de falta de devoção.
Quando você lê as Escrituras, você vê uma religião que é toda vida e espírito, e de alegria em Deus, que supõe a nossa alma subindo acima dos desejos terrenos, e das indulgências corporais, para se preparar para outro corpo, um outro mundo, e outros prazeres. Mas quem pode ter pensado ter essa alegria em Deus, esta aspiração pela eternidade, esse espírito vigilante, se não tiver zelo suficiente para se levantar  para as suas orações?
A primeira coisa que você deve fazer, quando você estiver sobre os seus joelhos, é fechar os olhos e, com um breve silêncio deixe a sua alma se colocar na presença de Deus, ou seja, você deve usar isso, ou algum outro método melhor, para se separar de todos os pensamentos comuns, e fazer seu coração tão sensível quanto você possa da presença divina.
Agora, se esse recolhimento em espírito é necessário, quem pode dizer que não é? então, quão pobremente devem realizar suas devoções, aqueles que estão sempre com pressa?
Para continuar, se você pudesse usar (tanto quanto possível) sempre o mesmo lugar para orar, se você pudesse reservar esse lugar para a devoção, este tipo de consagração do mesmo, como um lugar de devoção, teria um efeito em sua mente , e lhe disporia a estar animado para a sua devoção. Porque ter um lugar assim, sagrado em seu quarto, faria com que estivesse sempre no espírito da religião, quando lá estivesse, e lhe encheria com pensamentos sábios e santos. O seu próprio quarto elevaria em sua mente, tais sentimentos que você temeria pensar ou fazer qualquer coisa que fosse tola nesse lugar, que é o lugar de oração, e santificado para Deus.
Quando você começar suas petições, use várias expressões dos atributos de Deus, que podem fazê-lo mais sensível da grandeza e poder da natureza divina.
Embora, a oração não consista em belas palavras, ou expressões estudadas, ainda assim as palavras falam à alma, como elas têm um certo poder de elevar os pensamentos na alma, por isso, aquelas palavras que falam de Deus da maneira mais elevada, e que mais plenamente expressam o poder e a presença de Deus, e que elevam pensamentos na alma mais adequados à grandeza e providência de Deus, são as mais úteis e mais edificantes em nossas orações.
Quando você dirigir qualquer uma de suas petições para o nosso bendito Senhor, poderá usar algumas expressões deste tipo: Oh Salvador do mundo, Luz da luz, tu que és o brilho da Glória do Pai, e a expressa  imagem da sua Pessoa; tu que és o Alfa e o Ômega, o Princípio e Fim de todas as coisas, tu que tens destruído o poder do diabo, e que tens vencido a morte, tu que és celebrado no Santo dos Santos, que estás à mão direita do Pai, que a estás acima de todos os tronos e principados, que intercede por todo o mundo, tu que és o juiz dos vivos e dos mortos, tu que virás depressa na tua Glória para recompensar todos os homens segundo as suas obras, seja tu a minha luz e a minha paz.
Porque essas expressões, que descrevem tantos caracteres do nosso Salvador, sua natureza e poder  não são apenas os próprios atos de adoração, mas, se forem repetidas com alguma atenção, encherão os nossos corações com os mais altos fervores da verdadeira devoção .
Ainda, se você pedir alguma graça especial de nosso bendito Senhor, que seja de alguma maneira como esta:
Oh santo Jesus, Filho do Deus Altíssimo, tu que foste açoitado, pendurado e pregado numa cruz, pelos pecados do mundo, una-me à tua cruz, e enche a minha alma com o teu santo, humilde e sofredor espírito. Oh Fonte de misericórdia, tu que salvaste o ladrão na cruz, salva-me da culpa de uma vida pecaminosa, tu que expulsaste sete demônios de Maria Madalena, expulsa do meu coração todos os maus pensamentos, e comportamentos maus . Oh Doador da vida, tu que ressuscitaste Lázaro de entre os mortos, levanta a minha alma da morte e da escuridão do pecado. Tu que deste a tua força aos apóstolos sobre os espíritos imundos, dá-me poder sobre meu próprio coração. Tu que apareceste a teus discípulos, quando as portas se fecharam, apareça no aposento secreto do meu coração. Tu que limpaste os leprosos, curaste os doentes, e deste vista aos cegos, limpa meu coração, cura as doenças da minha alma, e encha-me com a luz celestial.
Agora esses tipos de apelos têm uma dupla vantagem: primeiro, como eles são muito apropriadamente atos de nossa fé, pelos quais não somente mostramos a nossa crença nos milagres de Cristo, como também os transformamos ao mesmo tempo em muitas instâncias de culto e adoração.
Em segundo lugar, como eles fortalecem e aumentam a fé de nossas orações, ao apresentarem à nossa mente tantos casos daquele poder e bondade, que apelamos para a nossa própria assistência.
Porque o que apela a Cristo, como quem tem o poder de expulsar demônios, e ressuscitar os mortos, então tem um motivo poderoso em sua mente para orar sinceramente, e depender fielmente da sua assistência.
Mais uma vez, a fim de encher as suas orações com excelentes meios de devoção, pode ser de utilidade que você observe mais esta regra:
Quando, em qualquer momento, quer na leitura da Escritura, ou de qualquer livro de Piedade, você se encontra com uma passagem, que mais do que o normal afeta a sua mente, e parece como se fosse dar ao seu coração um novo impulso em direção a Deus, você deve tentar transformá-lo numa forma de petição e, então, dar-lhe um lugar em suas orações.
Por este meio você poderá, muitas vezes, melhorar suas orações e se equipar com formas apropriadas, para fazer os desejos do seu coração conhecidos diante de Deus.
Em todas as horas determinadas de oração, será de grande  benefício para você, ter algo fixo, e algo em liberdade, nas suas devoções.
 Você deve ter algum tema fixo, que deve ser constantemente o principal motivo de sua oração naquele momento em particular, e ainda ter liberdade para adicionar outras petições, como a sua condição pode então exigir.
Por exemplo, como a parte da manhã é para você como o início de uma nova vida; assim como Deus então, lhe deu um novo regozijo em si mesmo, e uma renovada entrada para o mundo, é altamente adequado, que suas primeiras devoções sejam um louvor e ação de graças a Deus, por esta nova criação, e que você deve oferecer e dedicar corpo e alma, tudo o que você é, e tudo o que você tem, a seu serviço e glória.
Receba, portanto, todos os dias, como uma ressurreição da morte, como uma nova apreciação da vida; receba cada sol nascente com tais sentimentos da bondade de Deus.
Deixe, portanto, que o louvor e ação de graças, e a oferta de si mesmo para Deus, sejam sempre o assunto fixo e certo de sua primeira oração pela manhã, e então tome a liberdade de adicionar as outras devoções, como a diferença acidental de sua condição ou de seu coração, e tudo o mais que seja mais necessário e conveniente para você.
Porque um dos maiores benefícios de devoção privada, consiste na  adaptação de nossas orações a essas duas condições, relativas à diferença de nosso estado, e à diferença dos nossos corações.
Por diferença do nosso estado,  me refiro às mudanças de nossas condições externas, como doença, saúde, dores, perdas, decepções, problemas, misericórdias ou juízos de Deus, todos os tipos de  bondades, lesões ou reprovações de outras pessoas.
Agora, como estes são grandes partes do nosso estado de vida, como eles fazem grande diferença nele, mudando continuamente, por isso a nossa devoção será feita duplamente benéfica para nós, quando se destina a receber e santificar todas essas mudanças do nosso estado, e transformá-los numa aplicação mais especial a Deus.
A próxima condição, para a qual devemos sempre adaptar algumas partes de nossas orações, é a diferença de nossos corações; em relação ao amor, alegria, paz, tranquilidade; doçura e aridez de espírito,  ansiedade, descontentamento, inveja, ambição, tristeza e pensamentos desconsoladores, ressentimentos, e toda sorte de sentimentos e disposições impertinentes.
Agora, como esses comportamentos, em razão da fraqueza de nossa natureza, terão sua sucessão mais ou menos, mesmo nas mentes piedosas, deste modo devemos fazer constantemente o estado atual do nosso coração, o motivo de alguma petição específica para Deus.
Se estamos na calma prazerosa de doces e suaves sentimentos de amor e alegria em Deus, devemos, então, oferecer o tributo de ações de graça, pela posse de tanta felicidade, agradecendo e lhe reconhecendo como sendo o Doador de tudo isto.
Se, por outro lado, nos sentimos sobrecarregados e oprimidos, com ansiedade de espírito e mal-estar, devemos então olhar para Deus em atos de humildade, confessando nossa indignidade, contando os nossos problemas a ele, rogando-lhe para diminuir o peso das nossas  fraquezas, e para livrar-nos de tais sentimentos que se opõem à pureza e à perfeição de nossas almas.
Agora, por observarmos isto, e atendermos ao estado atual de nossos corações, e adequando algumas de nossas petições exatamente à sua necessidade, devemos não somente estar bem familiarizados com os distúrbios de nossas almas, mas também ser bem exercitados no método de curá-los.
Embora o espírito de devoção seja dom de Deus, e não atingível por qualquer mero poder propriamente nosso, todavia é principalmente  dado e nunca retido, para aqueles que por um uso sábio e diligente uso de meios adequados, se preparam para a recepção do mesmo.
E é incrível ver, quão ansiosamente os homens empregam a sua sagacidade, tempo, estudo, aplicação e exercício; quando alguma coisa se ​​destina a atender suas intenções e desejos em assuntos mundanos, e quão negligentemente e tão pouco eles usam sua sagacidade e habilidades, para elevar e aumentar a sua devoção!
Para corrigir esse comportamento, e encher um homem com um espírito bastante contrário a isto, não parece haver nada mais  necessário, do que a nua fé da verdade do cristianismo.
Para concluir este capítulo, Devoção nada mais é do que certas apreensões e afeições corretas para com Deus.
Todas as práticas, portanto, que aumentam e melhoram as nossas verdadeiras apreensões de Deus, todas as formas de vida que tendem a nutrir, levantar, e corrigir nossas afeições sobre ele, devem ser contadas como meios de ajuda para nos encher de devoção.
Como a oração é o combustível adequado desta chama sagrada, por isso devemos usar todo o nosso cuidado e artifício para dar à oração todo o seu poder, como por esmolas, abnegação, retiros, e as leituras sagradas, e observando horas de oração; mudando, improvisando, e  adequando nossas devoções à condição de nossa vida, e ao estado dos nossos corações.
Aqueles que têm mais tempo livre, parecem ser mais especialmente chamados a uma observância mais eminente dessas regras sagradas de uma vida devota.
E aqueles que pela necessidade de seu estado, e não através de sua própria escolha, que têm pouco tempo para empregar na devoção, devem fazer por esta razão, o melhor uso do pouco que têm.
Pois este é o caminho certo de fazer a devoção produzir uma vida devota.

Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, do décimo quinto capitulo do livro de William Law, em domínio público, intitulado Uma Chamada Séria a Uma Vida Santa e Devota. William Law, foi professor e mentor por vários anos de John e Charles Wesley, George Whitefield – principais atores do grande avivamento do século XVIII, que se espalhou por todo o mundo - Henry Venn, Thomas Scott e Thomas Adam, entre outros, que foram profundamente afetados por sua vida consagrada a Deus, e sobretudo pelo conteúdo deste livro.







5 - Dicas para Orar a Palavra

Por John Piper

1. Perceba que existe uma conexão diretamente proporcional entre o quanto as nossas mentes estão moldadas pelas Escrituras e o quanto as nossas orações são respondidas. Jesus disse, " Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito" (João 15:7).
2. Lembre-se de que, como D. M. McIntyre disse, Deus só responde aos pedidos que seu Filho teve uma mão em elaborar. "Se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. (1 João 5:14).
3. Observe que a igreja primitiva orava Escrituras. Por exemplo, a oração de Atos 4:24-31 cita Salmos 2. Além disso, orações do antigo testamento com a oração de Esdras em Neemias 9:6-37, são repetições da história bíblica e de textos bíblicos.
4. Orar a Palavra significa ler (ou recitar) Escritura com um espírito de oração, fazendo do significado dos versos a nossa oração e a inspiração dos nossos pensamentos.
5. Existem muitas maneiras possíveis de fazê-la, não somente uma. Pode ser feita sozinho ou em grupos. Você pode parar após cada frase, ou cada sentença, ou cada parágrafo, ou cada capítulo.
6. Eu sugiro o seguinte procedimento para começar:
1.   Encontre um tempo e lugar tranquilos.
2.   Comece com uma oração breve, "Oh Senhor, eu preciso de Ti, eu venho buscá-lo precisando de ajuda. Abra os meus olhos para que veja as maravilhas da tua Palavra" (Salmos 119:18).
3.   Leia um capítulo de uma epístola rapidamente para obter a essência dele. A razão para isto é que o sentido de sentenças individuais é controlado pelo contexto. Nós não podemos fazer com que o significado de um verso seja qualquer coisa que queiramos.
4.   Se alguma coisa se destacou como especialmente relevante para você, medite nela e a deixe inspirar e moldar a sua oração mesmo antes de você voltar para ler uma sentença de cada vez.
5.   Se você encontrar dificuldades, coisas que você não entende, faça uma anotação mental para mais tarde pensar a respeito e pesquisar. Seja honesto. Mas depois prossiga para o que parece claro.
6.   Agora retorne à primeira senteça e leia fazendo a seguinte pergunta: se esta sentença virasse uma oração sobre a minha vida, como ela soaria? Ela poderá condená-lo e levá-lo a uma oração de confissão e arrependimento. Ela poderá inspirá-lo a buscar um novo ato de obediência e levá-lo a uma oração de poder e capacitação.
7.   Tente imaginar a aplicação do verso durante o seu dia, vendo a sua relação com o café da manhã, com o trabalho e com seus planos de lazer. Tente ver a sua relação com várias pessoas em casa, no trabalho e na igreja. Você verá que um verso pode produzir meia hora de oração quando observado a partir de doze situações e relacionamentos diferentes.
8.   Tente criar maneiras bíblicas de falar com a sua própria mente e coração. É especialmente importante reconhecer a necessidade de enriquecer seu vocabulário deadoração. Os Salmos são ótimos para isto.
9.   Se tudo isso parece difícil, experimente primeiro a maneira mais simples de orar Escrituras: faça orações que oram as Escrituras, como Atos 4:24-31; Efésios 1:16-23; 3:14-19; Filipenses 1:9-11; Colossenses 1:9-14; 1 Tessalonicenses 3:11-13; Hebreus 13:20-21; Apocalipse 4:8, 11; 5:9-10, 12-14, etc. Tudo o que você precisa fazer aqui é fingir que você é o autor bíblico e então ler como se você tivesse escrito, talvez mudando alguns pronomes.
10.  Se você tem uma lista de preocupações sobre as quais você gostaria de orar, leia o capítulo uma terceira vez para pistas de como orar por estas preocupações.
Para a sua alegria da fé,
Pastor John






6 - Orações Grandes, Completas - Mas não Insípidas

Por John Piper

Uma das coisas surpreendentes respeitante às orações na Bíblia é o quão grandes e abrangentes elas frequentemente são. No entanto, elas não possuem o tom vago de "Deus abençoe os missionários", que soa tão fraco. Por vezes tentamos remediar isso, dizendo: "Devemos orar orações específicas, por pessoas e necessidades específicas e não orações vagas e generalizadas." Existe verdade nisto. Devemos orar assim.
Creio que há outra razão pela qual as nossas orações grandes e generalizadas parecem insípidas, enquanto que as grandes orações da Bíblia não. As nossas muitas vezes não incluem muito de Deus e não articulam o que as grandes coisas espirituais são e o que queremos que Deus faça pelos "missionários", "nações", "mundo" ou "os perdidos". As palavras "Deus abençoe" não soariam de maneira tão fraca e vaga se disséssemos o que a bênção pareceria pelo que estamos orando. Há uma enorme diferença entre o dizer "Senhor, ajuda os nossos missionários", e "Senhor, ajuda os nossos missionários a beber profundamente no rio das tuas delícias". Ou: "Senhor, ajuda os nossos missionários a alegrarem-se nas tribulações e a lembrarem-se que a tribulação produz a paciência e a paciência produz a esperança."
Orações grandes e generalizadas tornam-se poderosas quando são preenchidas com objetivos bíblicos concretos e radicais pelas pessoas pelas quais oramos. "Santificado seja o teu nome... seja feita a tua vontade na Terra como no Céu", é uma oração grande e abrangente. Todavia, ela pede duas coisas concretas: que em todo o mundo o nome de Deus seja visto como precioso e que os corações sejam transformados a fim de fazer a vontade de Deus como mesmo zelo e pureza que os anjos do Céu.
É ao mencionar com paixão estes objetivos espirituais que as generalizações insípidas se tornam em generalizações poderosas. Portanto, não se encolham a fazer grandes orações, orações arrebatadoras. Por exemplo, em Efésios 6:18, "Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito... por todos os santos." Pense nisso! Que extensão e generalidade incríveis. Todos os santos! Você faz isso? Eu confesso que não o faço com a devida frequência. Meu coração é muito pequeno. Mas tento que ele se aplique nisso. A Bíblia o ordena.
Isso não vai parecer um disparate do tipo "Deus abençoa todos os santos." Soará robusto e cataclísmico, tal como: "Deus, olha para a tua Igreja em todo o lugar e tem misericórdia para despertá-la e dar-lhe uma nova vida, esperança, pureza doutrinária e santidade para que, no dia da tentação e angústia, todos os santos estejam firmados para a tua glória".
Vamos orar algumas grandes orações para bilhões de perdidos e milhares de pessoas na "Janela 10/40". Paulo disse, "Rogai por nós, para que a palavra do SENHOR tenha livre curso e seja glorificada, como também o é entre vós" (2 Tessalonicenses 3:1). Use os guias de oração que receber no Domingo, 26 de Setembro (ou obtenha um na Exposição de Missões na entrada da igreja), e ore algumas grandes, orações arrebatadoras para os povos e missionários desta vasta região: "Senhor faz com que a tua Palavra corra e triunfe entre os milhões de pessoas este ano em [nomeie alguns países ou povos]." Aqui estão alguns fatos para o ajudar a ter êxito:
A "Janela 10/40", estende-se desde o oeste de África até à Ásia Oriental, a partir dos 10 graus norte até aos 40 graus ao norte do Equador. Esta região específica contém três dos blocos religiosos dominantes no mundo. A maioria dos escravizados pelo Islã, Hinduísmo e Budismo vivem dentro da Janela 10/40 - bilhões de almas espiritualmente empobrecidas. É o lar da maioria das pessoas ainda não evangelizadas no mundo inteiro.
Embora ela constitua apenas um terço da área total terrestre, aproximadamente dois terços da população mundial vivem na Janela 10/40, com uma população total de quase 4 bilhões de pessoas. Dos 50 países menos evangelizados, 37 pertencem à Janela 10/40. Todavia, estes 37 países contêm 95% da população total dos 50 países menos evangelizados!
Dos mais pobres dos pobres, mais de oito em cada dez vivem na Janela 10/40. Em média, eles vivem com menos de 500 dólares anuais por pessoa. Embora 2,4 bilhões destas pessoas vivam dentro da Janela 10/40, apenas 8% do total de missionários trabalham entre elas.
Muitos missionários da Bethlehem ministram em países incluídos na Janela 10/40. Bethlehem agregará milhões de crentes em todo o mundo em oração pela Janela 10/40 durante o mês de Outubro. Guias de oração (para adultos e crianças) estarão disponíveis na Exposição de Missões na entrada da igreja.
Orando convosco grandes e audaciosas orações,
Pastor John







7 - QUANDO O NOIVO LHES FOR TIRADO, ENTÃO JEJUARÃO COM NOVOS ODRES

Por John Piper

Mateus 9: 14-17:
“Vieram, depois, os discípulos de João e lhe perguntaram: Por que jejuamos nós, e os fariseus muitas vezes, e teus discípulos não jejuam? Respondeu-lhes Jesus: Podem, acaso, estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar. Ninguém põe remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo tira parte da veste, e fica maior a rotura. Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam.”

Na última semana eu convoquei a igreja para juntar-se comigo em jejum, um dia por semana, durante o mês de Janeiro. Em assim fazendo, nos juntamos também aos Mantenedores da Promessa (Promise Keepers),a Bill Bright, a Campus Crusade e a milhares de outros ao redor do mundo, na disciplina bíblica do jejum. Para vocês, isso poderá ser novidade. Mas, para a igreja Cristã através da história, não o foi.
O jejum na história da igreja

O Didaquê, um manual de instrução para a igreja existente no fim do primeiro século, diz:

“Não permitais que vossos jejuns sejam com os hipócritas, pois que eles jejuam nas segundas e nas quintas-feiras, mas vós, fazei vossos jejuns nas quartas e nas sextas-feiras.” (7:1)

Em outras palavras, a igreja, em seu princípio, buscou distanciar-se de um exercício vazio do jejum, sem, ao mesmo tempo, perder o valor de sua prática.

Epifânio, um bispo do quinto século na Itália, disse:

“Quem não sabe que o jejum praticado no quarto e no sexto dia da semana é observado por cristãos através de todo o mundo?”

João Calvino, no século 16, assim se expressou:

“Digamos algo sobre o jejum, porque muitos, por falta de conhecimento e uso, desconsideram o valor de sua necessidade, e, outros o rejeitam por supérfluo; enquanto, por outro lado, onde a sua prática não é entendida, o jejum facilmente se degenera em superstição. O jejum, santo e legítimo, serve a três fins; o praticamos para restringir a carne, isto é, para preservá-la da licenciosidade e, ao mesmo tempo, como uma preparação para tempos de oração e de meditação piedosa, e como um testemunho de nossa humilhação na presença de Deus quando desejosos de confessar nossas culpas diante dEle.” (Institutas, IV. 12, 14, 15)

Uma chamada ao jejum

Nesta semana Deus tem confirmado, em minha própria experiência, o valor do jejum em um grande avanço e sucesso no que concerne a orações cujas respostas esperávamos por longo tempo. Eu creio que se buscarmos ao Senhor com a fome do jejum, muitas outras conquistas alcançaremos quanto a tais orações. Existe algo em sua vida pelo que você vem orando por muito tempo? Algum descrente pelo qual você tem orado a fim de que Deus lhe desperte às coisas espirituais? Algum relacionamento rompido, o qual você deseja ver reconciliado? Alguma perplexidade por uma específica direção no horizonte de sua vida? Sim, eu creio que Deus nos está chamando a redescobrir o lugar do jejum, e a apropriar-nos de seu poder.

Eu sugiro que, como igreja, jejuemos corporativamente por 24 horas, renunciando ao café da manhã e ao almoço cada quarta-feira durante o mês de janeiro. Assim, não comeremos entre o jantar da terça-feira e o jantar da quarta-feira. No lugar disso, devotaremos parte do tempo empregado na alimentação, à meditação na Palavra de Deus e à oração para um despertamento espiritual e para o progresso do Reino de Cristo ao redor do mundo.

Maneiras diversas de juntar-se ao espírito do jejum

Eu posso entender que isto não vai ser possível para todos. Alguns têm compromissos para as quartas-feiras, o que torna a participação impossível. Outros, têm condições físicas e de saúde que tornam o jejum algo perigoso. Não se preocupe. Existem outras maneiras pelas quais você poderá participar deste espírito de jejum. Uma senhora escreveu-me esta semana para dizer-me que, devido a seu trabalho, ela estaria inadequada para participar. “Então”, disse-me em sua carta, “tenho algumas coisas que creio serem do Espírito e que, talvez, serão mais apropriadas para o jejum do que o abster-me de comer. Penso que se eu não assistir à televisão por uma semana, ou por um mês, quando eu normalmente assisto a meus programas favoritos, e dedicar este tempo para falar com Deus e para ouví-lO, seria uma maneira própria de jejuar. Imagino que, também para outros, este seria um jejum legítimo e que poderia vir a ser uma oportunidade para focar o seu tempo à oração.”

Não ignore o chamamento de Deus para jejuar se você não puder fazer parte do objetivo de quarta-feira. Se seu coração estiver desejoso, Ele o guiará, assim como fez com esta senhora, a algo de proveito para você.

O Pastor Martin Lloyde-Jones escreveu o seguinte em seu formidável livro sobre o Sermão do Monte:

“Jejuar, se o considerarmos verdadeiramente, não precisa … estar limitado à questão de comida ou bebida; o jejum deveria, realmente, incluir a abstinência de coisas que são legítimas em si, para o bem de algum propósito espiritual em particular. Existem muitas funções físicas que são boas, normais e perfeitamente legítimas, mas que, por certas razões especialmente peculiares, deveriam ser controladas. Isto é jejuar.”

Jejum: uma intensificação da oração

Na semana passada, referindo-me a Atos 13: 1-3, eu disse que o curso da história foi mudado quando os líderes da igreja em Antioquia estavam servindo, jejuando e orando. Sugeri, ademais, na ocasião, que em nossos dias há surgido um despertamento quanto à adoração através do mundo, assim como um despertamento quanto à oração. Mas, por enquanto, nos parece que ainda não há surgido um reavivamento do jejum, com exceção de lugares tais como a Coréia do Sul. Perguntei, então, se “não seria possível que o Poderoso Deus pudesse ordenar o derramamento de Suas mais copiosas bênçãos sobre a igreja se nós perseverássemos em oração com a intensificação do jejum?” É isto o que eu creio ser o jejum. Uma intensificação da oração. É um ponto de explicação física no fim da frase, “Estamos famintos de que venhas com poder”. É o clamor de nossos próprios corpos, “Eu realmente Te desejo, Senhor! Tanto quanto eu sofro fome, assim estou faminto de Ti.”

Durante os próximos dois domingos, será meu intento tornar nossa atenção às palavras de Jesus sobre o jejum. Ensinou-nos Ele a jejuar? Ou será isto apenas parte do velho odre, que sobrou do Velho Testamento e que não tem lugar no novo, livre, comemorado povo de Deus?

Richard Foster, que escreveu o livro Celebração da Disciplina (Celebration of Discipline), disse no capítulo em que faz alusão ao jejum em Mateus 9: 15, ser este texto “Quiçá a mais importante afirmação no Novo Testamento quanto a se nós, os crentes de hoje, deveríamos jejuar.” E isto é, provavelmente, verdade. Então busquemos entender, bem de perto, este texto, e pedir ao Senhor que nos ensine, pelo mesmo, o que devemos conhecer e o que devemos fazer com respeito ao jejum.

Por que os discípulos de Jesus não jejuavam?

Em Mateus 9: 14, os discípulos de João Batista vieram a Jesus e lhe perguntaram por que Seus discípulos não jejuavam? Evidentemente, os discípulos de Jesus não estavam jejuando enquanto Ele estava presente em sua companhia.

Enquanto o noivo está com aqueles que o atendem

Jesus respondeu figurativamente. Disse, “Podem, acaso, estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles?” Jesus, com estas palavras, nos ensina duas coisas: uma era que o jejum estava associado, de alguma maneira, com lamúria naqueles dias. Esta era uma expressão de corações partidos, de desesperação, usualmente sobre o pecado ou sobre algum perigo eminente. Era algo que se fazia quando as coisas não seguiam o curso que se desejava.

Esta, porém, não era a situação com os discípulos de Jesus. E este era seu outro ensino: o Messias havia vindo, e a Sua vinda era como a chegada do noivo a uma boda nupcial. Era uma ocasião demasiadamente feliz para que se jejuasse. Assim que, aqui, Jesus estava fazendo uma reivindicação extraordinária a respeito de Si mesmo. No Antigo Testamento Deus se havia revelado como o esposo de Seu povo Israel (Isaías 62: 4 e os versos que se seguem; Jeremias 2: 2; 3: 20; Ezequiel 16:8; Oseias 2: 19). Agora, Seu Filho, o Messias, Aquele por tanto tempo esperado, chega e reclama para si, o lugar de Esposo – isto é, o Esposo de Seu povo, o verdadeiro Israel (João 3: 29). Um tipo de reivindicação, parcialmente velada, que faz Jesus de Sua identidade como Deus. Se você tem ouvidos para ouvir, poderá ouvir. Deus, o que se comprometera em casamento com Israel, chegara.

Tão espantoso e tão glorioso e tão inesperado foi esse acontecimento, que Jesus disse que, em tal situação, não se podia jejuar. Era uma ocasião demasiadamente feliz e espetacularmente estimulante. Jejuar é para tempos de ansiedades, de sofrimentos e de espera paciente. Mas o Noivo de Israel estava presente! A ausência de jejum nesse grupo de discípulos era o testemunho de que Deus estava presente no meio deles.

“E nesses dias hão de jejuar”

Mas, então, Jesus disse: “Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar.” Estas, as palavras-chave na sentença: “Então, hão de jejuar.” Mas, quando?

Alguns há que sugiram que Ele estava se referindo aos poucos dias entre Sua morte e Sua ressurreição. Jejuariam, apenas, durante aqueles dias. Mas isto nos parece bastante improvável. E por diversas razões. Uma, é o fato de que a igreja, então nascente, jejuou depois da ressurreição como podemos confirmar em passagens como Atos 13: 1 – 3, aludida no princípio, e Atos 14: 23; 2ª Coríntios 6: 5; 11: 27. Outra razão é que, em Mateus 25: 1 – 13, Jesus figura sua segunda vinda como a chegada do Noivo. Em outras palavras, o Noivo será tomado até a segunda vinda de Cristo.

Assim sendo, eu creio que Arthur Wallis está certo no sexto capítulo de seu livro “God s Chosen Fast” (O Jejum que Deus Escolheu): “O tempo é agora.” Jesus está dizendo: “Agora, enquanto eu, o Noivo, estou em vosso meio, não podeis jejuar. Eu, porém, não vou permanecer convosco. Virá um dia em que eu irei retornar ao meu Pai no céu. Durante esse tempo, jejuareis.” E esse tempo, assim predito, é agora –hoje.

É verdade que Jesus está presente conosco por Seu Espírito, mas, como diz Paulo em 2ª Coríntios5: 8, “Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor.” Querendo dizer que, neste século, há uma ânsia, um desejo – uma saudade – no coração de cada crente, porque Jesus não está aqui tão completamente, tão intimamente e tão poderosa e gloriosamente quanto gostariamos que estivesse. Por isso, jejuamos.

Vinho novo, remendo novo

Em seguida, Jesus acrescenta algo bastante crucial nos versos 16 – 17. Lemos: “Ninguém põe remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo tira parte da veste, e fica maior a rotura. Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam.”

O remendo novo e o novo vinho, representam a nova realidade que veio com Jesus – o Reino de Deus é chegado. O Noivo, é vindo. O Messias está em nosso meio. E isto não é meramente temporário. Ele não esteve aqui e logo se foi. O Reino de Deus não veio com Jesus para, então , desaparecer do mundo.

Jesus morreu por nossos pecados uma vez para sempre. Para sempre, ressuscitou dentre os mortos. O Espírito foi enviado a este mundo como a presença real de Jesus em nosso meio. O Reino é Cristo reinando neste mundo, subjugando os corações ao Senhor e criando um povo que nele crê e obedece. O Espírito do Noivo está ajuntando e purificando uma noiva para Cristo. Este é o novo vinho.

Os odres velhos não podem conter o novo vinho

O velho odre, ensina-nos Jesus, não pode conter o novo vinho. E qual era este velho odre? No contexto, parece ser o jejum. O jejum, é algo que herdamos do Velho Testamento, e que era usado, como parte do sistema judaico, para o relacionamento do povo com Deus. Agora Jesus nos diz que tal velho odre do judaísmo, não é suficiente para conter o novo vinho do Reino.

Então, que diremos? No verso 15 Jesus diz que jejuaríamos quando o Noivo se fosse. E no verso 17, diz que o antigo jejum não poderá conter o novo vinho do Reino.

O novo vinho demanda um novo jejum

Minha resposta a esta proposição é que o vinho novo exige um jejum novo. Anos atrás eu escrevi nas margens de meu Novo Testamento em grego, “O novo jejum está baseado no mistério de que o Noivo há vindo, e não, simplesmente, que virá. O vinho novo de Sua presença requer um novo jejum.”

Em outras palavras, o ardente desejo, que motivava o antigo jejum, não se baseava na gloriosa verdade de que o Messias já houvesse vindo. A lamentação sobre o pecado e a ansiosa expectação pelo perigo não encontravam sua base na grande obra consumada pelo Redentor ou na grande revelação de Si mesmo e de Sua graça na dispensação histórica. Mas agora, o Noivo já veio e, vindo, Ele desferiu o golpe decisivo contra o pecado, contra Satanás e contra a morte.

O grande, central e decisivo ato de nossa salvação é, hoje, algo acontecido no passado, não algo a acontecer no futuro. E, baseados naquela obra do Noivo já acontecida no passado, sabemos que nada poderá voltar a ser o mesmo outra vez. O vinho é novo. O Sangue foi derramado. O Cordeiro foi imolado. O castigo de nossos pecados já foi executado. A Morte, vencida. O Noivo, ressuscitado. O Espírito, enviado. O vinho é novo. E a mentalidade do velho jejum é, simplesmente, inadequada para hoje.

O que há de novo no novo jejum

O que há de novo sobre o jejum é o fato de que este agora descansa na obra consumada do Noivo. A ansiedade que agora sentimos por reavivamento, ou despertamento, ou livramento de nossa corrupção, não é meramente um desejo aflitivo. Os primeiros frutos do que almejávamos, já vieram. O depósito daquilo que esperávamos, já foi pago. Aquilo que buscávamos ansiosamente jejuando já apareceu em sua totalidade cabal na história e temos visto sua glória. Já não está, simplesmente, no futuro.

Temos experimentado os poderes dos séculos vindouros e nosso jejum não é porque estejamos famintos por alguma coisa que nunca provamos, mas porque o novo vinho da presença de Cristo é sobremaneira real e satisfatória. A novidade de nosso jejum é que sua intensidade vem, não porque nunca tenhamos experimentado o vinho da presença de Cristo, mas, sim, porque o temos experimentado tão maravilhosamente pelo Seu Espírito, que não podemos estar totalmente satisfeitos até a chegada consumatória desta alegria. Queremos receber tudo o que Ele nos prometeu. E o máximo que hoje nos seja possível experimentar.

Assim, portanto, os incito à participação neste jejum em janeiro. Não porque vocês nunca tenham provado o novo vinho da presença de Cristo, mas porque já o provaram e agora anseiam com grande prazer, com profunda alegria da alma, conhecer mais de Sua presença e poder em nosso meio.







8 - A ti clamo, ó SENHOR

“A ti clamo, ó SENHOR; rocha minha, não sejas surdo para comigo; para que não suceda, se te calares acerca de mim, seja eu semelhante aos que descem à cova.” (Salmo 28.1)

Um clamor é a expressão natural de tristeza, e uma expressão adequada quando falham todas as demais formas de apelar, mas o clamor deve ser apenas dirigido ao Senhor, porque clamar ao homem é desperdiçar nossas súplicas ao vento. Quando consideramos a prontidão do Senhor para ouvir, e sua capacidade para ajudar, veremos uma boa razão para direcionar todos os nossos apelos ao Deus da nossa salvação. Será em vão clamar às rochas no dia do juízo, mas a nossa Rocha atende aos nossos clamores.
"Não sejas surdo para comigo". Meros formalistas podem ficar contentes sem respostas às suas orações, mas suplicantes autênticos não podem ficar satisfeitos com os resultados da própria oração para acalmar a mente e subjugar a vontade - eles devem ir mais longe, e obter respostas reais do céu, ou não podem descansar; e quanto a essas respostas que eles desejam receber, temem até mesmo um pouco de silêncio de Deus.
A voz de Deus é muitas vezes tão terrível que faz tremer o deserto, mas o seu silêncio é igualmente cheio de  temor para um suplicante ansioso. Quando Deus parece fechar seu ouvido, nem por isso devemos fechar nossas bocas, mas sim clamar com mais seriedade, pois quando nosso tom cresce estridente com ânsia e dor, ele não nos negará por muito tempo uma audição.
Que caso terrível seria se o Senhor ficasse sempre em silêncio às nossas orações? - “se te calares acerca de mim, seja eu semelhante aos que descem à cova.” Sem o Deus que responde à oração, ficamos numa situação mais lamentável que o morto na sepultura, e que em breve deverá se afundar no mesmo nível dos perdidos que descem ao inferno. Nós devemos ter respostas para a oração; o nosso caso é urgente, de extrema necessidade; certamente o Senhor falará de paz às nossas mentes agitadas, porque nunca poderá ser achado em seu coração, que ele permita  que seus escolhidos pereçam.

Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de Charles Haddon Spurgeon, em domínio público.







9 - Pelo Que Orar

Por John Piper

Se você é como eu, de tempos em tempos, você descobre que sua vida de oração precisa de uma sacudida para sair da rotina na qual caiu. Nossa tendência é usar as mesmas frases sempre e sempre. Nossa tendência é tornar as frases desgastadas em padrão (assim como o uso da palavra padrão). Nós caímos em modelos de repetição mecânica.

O diabo odeia a oração. Nossa carne naturalmente não gosta dela. Portanto, não é algo que flui espontaneamente, completa e apaixonadamente, do fundo do nosso coração. A oração requer uma disciplina sempre renovada.

Anos atrás, quando eu escrevi Alegrem-se Os Povos (Em português: Ed. Cultura Cristã), afirmei que a oração é um walkie-talkie para o tempo de guerra, e não um interfone doméstico. Deus é mais um general no Comando Central do que um mordomo esperando para te trazer outro travesseiro no recanto. Claro, ele também é um Pai, Amante, Amigo, Médico, Pastor, Auxiliador, Rei, Salvador, Senhor, Conselheiro. Mas neste “mundo caído que jaz no maligno”, a oração funcionará melhor quando mantivermos a frequência sintonizada ao Comando Central no combate da fé.

Portanto, quando eu escrevi aquele livro, reuni em um só lugar todas as coisas pelas quais a igreja primitiva orava. Eu as imprimi para mim mesmo, e provou-se ser uma daquelas “sacudidas” que eu precisava. Achei que pudesse ser útil para você. Você pode imprimi-la e mantê-la por um tempo em sua Bíblia para te direcionar em suas orações.

Saber que você não é excêntrico em sua oração é algo que pode te dar muita confiança. Orar aquilo que o Novo Testamento ora é uma forma segura e poderosa de oração.

A oração continua a ser um dos grandes e gloriosos mistérios do universo — é incompreensível que o Deus soberano que tem todo o conhecimento e sabedoria ordena o andamento do seu mundo em resposta às nossas orações. Mas este é o testemunho uniforme da Escritura. Deus ouve e responde as orações do seu povo. Ó, não negligencie esse incrível meio de influenciar as nações, movimentos, instituições, igrejas e os corações das pessoas, especialmente o seu próprio coração.

Se você quiser orar por aquilo que a igreja primitiva orava...

Ore para que Deus exalte seu nome no mundo.

Ore assim então: “Pai Nosso que está nos céus, santificado seja o teu nome”. (Mateus 6:9)

Ore para que Deus estenda o seu reino no mundo.

Venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade, na terra como nos céus (Mateus 6:10)

Ore para que o evangelho avance e seja honrado.

Finalmente, irmãos, orem por nós, para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e receba a honra merecida, como aconteceu entre vocês. (2 Tessalonicenses 3:1)

Ore pela plenitude do Espírito Santo.

Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está no céu dará o Espírito Santo a quem o pedir! (Lucas 11:13; cf. Efésios 3:19)

Ore para que Deus faça justiça ao seu povo em sua causa.

Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? (Lucas 18:7)

Ore para que Deus salve os que não são cristãos.

Irmãos, o desejo do meu coração e a minha oração a Deus pelos israelitas é que eles sejam salvos. (Romanos 10:1)

Ore para que Deus direcione o uso da espada.

Usem ... a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; (Efésios 6:17-18)

Ore pela ousadia na proclamação.

Orem no Espírito em todas as ocasiões... orem também por mim, para que, quando eu falar, seja-me dada a mensagem a fim de que, destemidamente, torne conhecido o mistério do evangelho (Efésios 6:18-19)

Agora, Senhor, considera as ameaças deles e capacita os teus servos para anunciarem a tua palavra corajosamente. (Atos 4:29)

Ore por sinais e maravilhas.

Agora, Senhor, ... capacita os teus servos para anunciarem a tua palavra corajosamente... estende a tua mão para curar e realizar sinais e maravilhas por meio do nome do teu santo servo Jesus. (Atos 4:29-30)

Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. Orou outra vez, e o céu enviou chuva, e a terra produziu os seus frutos. (Tiago 5:17-18)

Ore pela cura dos companheiros feridos.

Para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. E a oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. (Tiago 5:14-15)

Ore pela cura dos que não são cristãos.

Seu pai estava doente, acamado, sofrendo de febre e disenteria. Paulo entrou para vê-lo e, depois de orar, impôs-lhe as mãos e o curou. (Atos 28:8)

Ore pela expulsão dos demônios.

Ele respondeu: "Essa espécie só sai pela oração e pelo jejum". (Marcos 9:29)

Ore por libertações milagrosas.

Pedro, então, ficou detido na prisão, mas a igreja orava intensamente a Deus por ele... Percebendo isso [que havia sido liberto], ele se dirigiu à casa de Maria, mãe de João, também chamado Marcos, onde muita gente se havia reunido e estava orando. (Atos 12:5, 12)

Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus; os outros presos os ouviam. De repente, houve um terremoto. (Atos 16:25-26)

Ore pela ressurreição dos mortos.

Pedro mandou que todos saíssem do quarto; depois, ajoelhou-se e orou. Voltando-se para a mulher morta, disse: "Tabita, levante-se". Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. (Atos 9:40)

Ore para que Deus dê a provisão necessária às suas tropas.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje. (Mateus 6:11)

Ore por sabedoria estratégica.

Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida. (Tiago 1:5)

Ore para que Deus estabeleça liderança nos postos avançados.

Paulo e Barnabé designaram-lhes presbíteros em cada igreja; tendo orado e jejuado, eles os encomendaram ao Senhor, em quem haviam confiado. (Atos 14:23)

Ore para que Deus mande reforços.

Peçam, pois, ao Senhor da seara que envie trabalhadores para a sua seara. (Mateus 9:38)

Enquanto adoravam ao Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: "Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Assim, depois de jejuar e orar, impuseram-lhes as mãos e os enviaram. (Atos 13:2-3)

Ore pelo sucesso de outros missionários.

Recomendo-lhes, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que se unam a mim em minha luta, orando a Deus em meu favor. Orem para que eu esteja livre dos descrentes da Judéia e que o meu serviço em Jerusalém seja aceitável aos santos. (Romanos 15:30-31)

Ore pela unidade e harmonia nas fileiras de batalha.

Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. (João 17:20-21)

Ore pelo encorajamento da união.

Noite e dia com perseverança oramos para que possamos vê-los pessoalmente e suprir o que falta à sua fé. (1 Tessalonicenses 3:10)

Ore por uma mente de discernimento.

Esta é a minha oração: que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção, para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo (Filipenses 1:9-10)

Ore pelo conhecimento de sua vontade.

Por essa razão, desde o dia em que o ouvimos, não deixamos de orar por vocês e de pedir que sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual. (Colossenses 1:9)

Ore para conhecer a Deus melhor.

[Não cessamos de orar para que estejam] crescendo no conhecimento de Deus. (Colossenses 1:10; cf. Efésios 1:17)

Ore pelo poder para compreender o amor de Cristo.

Por essa razão, ajoelho-me diante do Pai ... [para que vocês] possam, juntamente com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus. (Efésios 3:14, 18-19)

Ore por um senso mais profundo de esperança garantida.

Não deixo de dar graças por vocês, mencionando-os em minhas orações... que vocês conheçam a esperança para a qual ele os chamou, as riquezas da gloriosa herança dele nos santos (Efésios 1:16, 18)

Ore pela força e perseverança.

[Não cessamos de orar para que] sendo fortalecidos com todo o poder, de acordo com a força da sua glória, para que tenham toda a perseverança e paciência com alegria. (Colossenses 1:11; cf. Efésios 3:16)

Ore por um senso mais profundo de seu poder dentro de nós.

Não deixo de dar graças por vocês, mencionando-os em minhas orações... a fim de que conheçam... a incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos. (Efésios 1:16, 18-19)

Ore para que a sua fé não seja destruída.

Mas eu orei por você, para que a sua fé não desfaleça. E quando você se converter, fortaleça os seus irmãos. (Lucas 22:32)

Estejam sempre atentos e orem para que vocês possam escapar de tudo o que está para acontecer, e estar de pé diante do Filho do homem. (Lucas 21:36)

Ore por uma fé maior.

Imediatamente o pai do menino exclamou: "Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade! (Marcos 9:24; cf. Efésios 3:17)

Ore para não cair em tentação.

Não nos deixe cair em tentação. (Mateus 6:13)

Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca. (Mateus 26:41)

Ore para que Deus complete seus bons propósitos.

Conscientes disso, oramos constantemente por vocês, para que o nosso Deus os faça dignos da vocação e, com poder, cumpra todo bom propósito e toda obra que procede da fé. (2 Tessalonicenses 1:11)

Ore para que vocês façam boas obras.

[Não cessamos de orar por vocês para que] vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá-lo, frutificando em toda boa obra. (Colossenses 1:10)

Ore pelo perdão de seus pecados.

Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores. (Mateus 6:12)

Ore por proteção contra o maligno.

Livra-nos do mal. (Mateus 6:13)







10 - A Oração de Jabez

“Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Oh! Tomara que me abençoes e me alargues as fronteiras, que seja comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha aflição! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido.” (I Crôn 4.10)

É notável a honra que Deus coloca na oração, e inúmeros são os casos que são registrados da sua eficácia. Jabez é aqui mencionado em um longo catálogo de nomes, mas enquanto os nomes de outras pessoas são apenas registrados, ele é particularmente notado: ele mesmo declarou ter sido mais honrado do que todos os seus irmãos, possivelmente esta distinção pode ter-lhe sido dada por conta de sua primogenitura, mas era certamente ainda mais devido em razão da sua  piedade; como o patriarca Jacó, ele "lutou com Deus, e prevaleceu."

I. A oração que ele ofereceu,

1. O objeto da mesma - seu sentido primário, evidentemente relacionado com bênçãos temporais. Deus havia prometido ao seu povo uma herança em Canaã, mas eles não foram capazes de expulsar os seus habitantes. Jabez portanto, consciente de sua insuficiência, orou a Deus por ajuda. Ele pediu a bênção de Deus sobre seus próprios esforços: ele pretendia ser preservado de perigos aos quais as suas façanhas militares o exporiam, e ter, através da intervenção divina, uma ampla herança na terra prometida. Ele fez essas petições com um apelo significativo e sincero.
Quase todos os nomes hebraicos tinham algum significado peculiar. Jabez significa tristeza: o nome foi-lhe dado em memória de alguém, mas não há razão para se pensar que ele também tivesse um significado espiritual.
A Canaã terrestre era típica do reino celestial. Os inimigos também que deveriam ser expulsos, eram típicos dos inimigos com os quais o cristão tem que contender. Além disso, a assistência, que Deus prestou ao seu povo, tinha a intenção de nos mostrar que ajuda podemos esperar dele. E que mal irá desaprovar um filho de Deus tanto como o pecado? Certamente nada é tão "grave" para ele como a prevalência da corrupção. Bem, portanto, pode ser considerado como Jabez olhou para além deste mundo e como implorou uma segura posse da sua herança celestial.

2 . A maneira pela qual ela foi oferecida

É o sentimento, e não a expressão, que dá excelência à oração, mas em ambos os casos podemos observar isto diante de nós:
Era humilde. Ele sentiu toda a sua dependência do poder e da graça de Deus. Isto é íntimo e não apenas petições oferecidas, mas na forma mesma em que foram oferecidas: "Oh que," etc. Essa humildade é absolutamente necessária para tornar a oração aceitável. Quanto mais nos humilharmos, mais Deus irá nos exaltar. Que isto seja lembrado em todos os nossos endereçamentos ao trono da graça.
Foi inoportuno. Ele fez seu pedido com um apelo muito sincero. Nem, em referência ao pecado, poderia haver qualquer acusação mais apropriada para ele. Mas também podemos depreciar corretamente o pecado como "grave" para nossas almas. Sim, uma disposição para fazer isto é ao mesmo tempo uma prova de nossa sinceridade, e uma promessa da divina aceitação.
Ele estava crendo. O título, pelo qual ele se dirigiu à Divindade, argumentou em favor da sua fé em Deus. Ele expressa uma confiança em Deus como o ouvinte da oração. É desta forma que também deveríamos nos aproximar da Divindade. Sem essa fé nossas petições terão pouco efeito, mas com isso, elas nunca serão em vão. A oração que possuía tais qualidades não poderia deixar de ter sucesso.

II. O sucesso com que foi atendido

Nós não temos nenhum relato detalhado da bondade de Deus para com ele, mas somos informados de que Deus concedeu dores  incomuns à sua mãe durante o seu parto.
“Foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; sua mãe chamou-lhe Jabez, dizendo: Porque com dores o dei à luz.” (I Crônicas 4.9)
E foi em referência a isso que ele menosprezou os males a que ela foi exposta, "Guarda-me," para que eu não seja Jabez na minha experiência, bem como em meu nome.

Isto nos mostra,

1 . Que devemos expor todos os nossos desejos diante de Deus em oração -
Temos visto quão abrangente foi a oração de Jabez. E a nossa também deve incluir todas as nossas necessidades, temporais, espirituais e eternas. Não há nada tão grande, que não tenhamos a liberdade de lhe pedir, nem qualquer coisa tão pequena, mas é preciso reconhecer toda a nossa dependência de Deus para isto. Na verdade, não há nada grande ou pequeno, seja diante de Deus, ou em referência a nós mesmos: pois, como todas as coisas são facilmente iguais para ele, que formou o universo por sua palavra, e conta os cabelos de nossas cabeças, então não há nada, embora mínimo, que não prove ser possivelmente de extrema importância para nós, como cada parte do volume inspirado atesta. A direção de Deus para nós é: "Em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, sejam conhecidas as vossas petições  diante de Deus."

2 . Devemos insistir em nossas petições com uma importunidade que não receberá nenhuma negação

Assim como Jacó: "Eu não te deixarei ir, se não me abençoares." E assim deve ser conosco. Temos, em verdade, uma melhor súplica do que a que Jabez foi capaz de oferecer Podemos ir em nome de Jesus Cristo, e pleitear tudo o que ele fez ou sofreu por nós. Podemos olhar para ele como nosso Advogado com o Pai, que assegura tanto a aceitação de nossas pessoas quanto de nossas orações através de sua contínua mediação e intercessão sempre prevalecente.
A conduta do rei Joás deve ser um aviso para nós. O Profeta Eliseu lhe disse que ele deveria ferir os sírios que tinham muito oprimido todo o povo de Israel, e lhe pediu para ferir a terra com as flechas que estavam em sua mão, e, para expressar por este meio os desejos e as expectativas que ele sentia em referência a este grande evento. O rei feriu o solo apenas três vezes, quando ele deveria ter ferido cinco ou seis vezes, e assim por sua própria falta de zelo conteve os esforços do Deus Todo-Poderoso em seu favor. E é assim que agimos. Se fôssemos mais sérios em nossos desejos, e muito mais profundos em nossas expectativas de Deus, não haveria limites para a misericórdia que Deus iria exercer em relação a nós.
"Nós não estamos estreitados nele, mas em nossas próprias entranhas."
Devemos sempre "abrir bem a nossa boca, para que ele a preencha."
Podemos pedir o que quisermos e isto será feito por nós (João 14.13,14).

3. Devemos pedir com fé sem duvidar -

A mente duvidosa vai nos roubar de todas as bênçãos, e fazer nossas orações mais urgentes de nenhum efeito (Tg 1.6,7). Devemos "crer não somente que Deus é galardoador dos que diligentemente o buscam." Sim, devemos “crer que o temos recebido, a fim de que possamos receber." E "de acordo com a nossa fé isto deve ser feito para nós." Na verdade, há uma espécie de onipotência da oração da fé, e, se assim posso dizer, o próprio Deus não pode, eu posso dizer com certeza, não vai rejeitá-la. Ele fala como ela tivesse um poder intrínseco operativo (Is 45.22). Naturalmente, esta ideia não deve ser incentivada muito longe, mas temos certeza de que, como Deus nunca o fez, então ele nunca vai, dizer a qualquer um dos filhos de Jacó, "Buscai o meu rosto em vão".

APLICAÇÃO

Existe então qualquer Jabez, qualquer filho da tristeza, aqui? Vá a Deus, o Deus de Israel, e diga: "Oh, que tu queiras me abençoar de fato! Deixe-me ser fortalecido por ti em todos os meus conflitos espirituais. Deixe meus inimigos, minhas corrupções residentes, serem mortas diante de mim. E deixe-me entrar na plena posse da Canaã celestial, onde descansarei de meus trabalhos, e serei feliz para sempre no seio do meu Deus." Então, irmãos, façam todos os seus pedidos chegarem com aceitação diante de Deus, e retornarem em bênçãos sobre vocês em toda a extensão das suas necessidades.

Tradução e adaptação de um texto em domínio público, de Charles Simeon.








11 - Sob a Figueira

No início do seu ministério, Cristo chamou a Filipe para segui-lo. Ao ser chamado Filipe foi em busca de Natanael para dizer-lhe que ele (Filipe) tinha encontrado a Cristo. Natanael foi um pouco duvidoso, mas a convite de Filipe foi vê-lo. Quando Jesus viu Natanael chegando, ele disse: "Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!" (nota do tradutor: sem dolo não porque não pecasse, mas porque era piedoso e um homem de oração cuja esperança estava na promessa da vinda do Messias para salvar os pecadores). Natanael, maravilhado como aquele homem lhe havia conhecido, perguntou: "De onde me conheces tu?" Jesus respondeu: "Quando tu estavas debaixo da figueira, eu te vi.", João 1.48.
É evidente que algo tinha acontecido com Natanael debaixo da figueira fora dos detalhes comuns da vida diária. Se não havia algo bastante incomum ou algo maior do que os eventos comuns da vida ocorrido lá, o Salvador não teria mencionado este lugar particular. Havia nessa resposta algo que foi altamente significativo para Natanael. Nessa época, havia muitas pessoas devotas que procuravam a "consolação de Israel". Eles estavam esperando a vinda do Rei dos Judeus. Não é difícil para mim acreditar que Natanael estava debaixo da figueira orando a Deus para a rápida vinda do Messias. (nota do tradutor: o que provavelmente tenha sido o motivo de ter sido levado ao Senhor por Filipe, como para lhe mostrar que suas orações haviam sido ouvidas). Quando Jesus lhe disse: "Quando tu estavas debaixo da figueira, eu te vi", Natanael imediatamente respondeu: "Tu és o Rei de Israel." Ele estava, sem dúvida, sob a árvore em oração para este fim, não somente uma vez, mas muitas vezes, provavelmente por meses e talvez anos. Ele havia orado por isso mesmo. Ele havia escolhido uma figueira especial como um lugar para a oração. Não era uma figueira, mas a figueira. Lá, ele havia orado muito e muitas vezes para o rei de Israel vir. Assim, quando Jesus disse: "Quando tu estavas debaixo da figueira, eu te vi", ele soube imediatamente que suas reiteradas preces foram atendidas e, portanto, disse: "Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel."
Muitos devotos desde aquele dia têm tido o seu local secreto de comunhão com Deus. Talvez fosse na floresta em um outeiro coberto de musgo, debaixo de um carvalho, num local gramado na margem de um córrego, ou debaixo de uma sombra de árvore que cresceu junto ao ribeiro no prado. Para estes lugares de silêncio solene que iriam recorrer quando as sombras da noite estavam caindo ou quando a luz da manhã estivesse riscando o céu, e lá a partir da plenitude de suas almas eles derramariam o seu louvor e gratidão a Deus. Estes eram os mais queridos lugares do mundo para eles. Pode ser que haja idosos hoje, que tiveram esses lugares nos primeiros dias de suas vidas. Embora eles já estejam longe desses cenários, estes ainda estão guardados de forma sagrada na memória.
Há aqueles que hoje têm os seus altares de oração em algum lugar isolado. Lá, eles conhecem a Deus e lhe dizem todos os seus sofrimentos e cuidados, lá eles recorrem a ele e à sua benignidade, lá eles imploram a sua graça para sustentá-los em todas as suas situações difíceis da vida, e lá adoram a seus pés. Bendizei o seu nome! Amado, você tem a "figueira"? e você o tem encontrado sob ela frequentemente? Você tem um canto em algum lugar tranquilo, que seja santificado pela presença de Deus?
O discípulo amado João, quando no Espírito, viu taças de ouro nas mãos dos adoradores do Cordeiro ao redor do trono. Estas taças de ouro, diz ele, estavam "cheias de incenso, que são as orações dos santos" (Apo 5.8). Você, caro leitor, todos os dias, enche taças de ouro ao redor do trono de Deus com o doce aroma da oração? Mais uma vez, este discípulo, quando o sétimo selo foi aberto, viu sete anjos que estavam diante de Deus, com sete trombetas. Depois veio outro anjo, com um incensário de ouro. A ele foi dado o incenso, que ele ofereceu com as orações dos santos no altar de ouro, e a fumaça do incenso com as orações dos santos subiu a Deus. (Veja Apo 8.3,4). Temos o privilégio de misturar nossas orações com o incenso que está sendo oferecido diante do trono. O salmista parecia compreender algo da natureza da oração, quando ele disse: "Suba à tua presença a minha oração, como incenso, e seja o erguer de minhas mãos como oferenda vespertina.", Salmos 141.2.
As orações que foram oferecidos pelo devoto Cornélio eram tão perfumadas diante de Deus que elas foram mantidas como um memorial diante dele. Um memorial é algo mantido em memória de qualquer um. Se você quer ser mantido em memória diante de Deus, veja que suas orações estejam altamente impregnadas com um  doce aroma. Você deve orar ou morrer. Ninguém pode manter a vida espiritual por qualquer grande período de tempo, sem oração. Por isso, exorto-vos a uma vida de oração.

Tradução feita pelo Pr Silvio Dutra de um texto de James Orr.








12 - ORAÇÃO

Num trabalho desta natureza seria imperdoável nada dizer sobre a oração, porque quem pode viver a vida de modo vitorioso, sem oração?
Quem pode avaliar corretamente o verdadeiro valor da oração e o privilégio da oração?
O homem estima ser uma grande honra ser admitido nos tribunais dos senhores e reis da terra. Que honra é ter uma audiência com o Rei da glória! Ele estende o cetro de ouro para nós, e espera que nos aproximemos alegre e confiantemente da sua presença para lhe dizer tudo o que está em nossos corações. Ele nos ama tanto. Não deveríamos ousar entrar na presença temível do Grande Rei que não sabemos que nos ama com um amor eterno. Quando entendemos o seu amor para conosco, dizemos-lhe com alegria e entusiasmo todos os desejos do coração.
A oração é a energia e vida da alma. É a armadura invencível que protege o cristão devoto dos tiros de mísseis envenenados das baterias do inferno. É a poderosa arma com a qual ele luta as batalhas da vida para a vitória.
Aquele que vive em oração reina triunfante. As escuras nuvens de tempestades são afastadas, montanhas de desânimo são lançadas no mar, abismos de dificuldades são ultrapassados, à esperança é dado asas, aumenta a fé e alegrias abundam. O inferno pode enfurecer e ameaçar, mas o que é constante e fervoroso em oração não experimenta qualquer sobressalto.
Pela oração as janelas do céu são abertas, e uma chuva de orvalho refrescante chove sobre a alma. É como um jardim regado, um lugar fértil onde floresce a imarcescível rosa de Saron e o lírio do vale, onde se espalham os sempiternos ramos da árvore da vida.
Pela oração a alma é alimentada e fortalecida pela vida divina.
Apetece-lhe uma esperança brilhante e uma alegria mais profunda, para um senso mais profundo da plenitude divina, para uma caminhada mais doce e próxima de Deus? Então viva em oração.
Você gosta de sentir a santa chama do amor  queimando em toda a sua intensidade em sua alma? Então, a acenda muitas vezes no altar de ouro da oração.
Sem oração a alma enfraquecerá, definhará e morrerá, a fonte do amor se secará e tornar-se-á como um deserto sedento e ressecado.
Você admira o caráter de Jesus? Eis sua mansidão e humildade, sua gentileza e terna compaixão. Elas têm alguma beleza e você as deseja para enfeitar sua alma? Então as atraia desde o céu em toda a sua gloriosa plenitude pela fervorosa oração da fé. Assim como o processo de assimilação de alimentos é transformado num ser de vida ativa, então por meio da oração, o caráter de Jesus, em toda a sua beleza transcendente e glória, torna-se o caráter do homem.
Se você deseja a vitória durante o dia, comece com oração - não de poucas palavras apressadas, não de poucas petições, mas de minutos de profunda e íntima comunhão com Deus. Demore no altar de oração até que você sinta partículas de glória caindo em riquezas em sua alma, espalhando doçura por toda parte. Nas primeiras horas da manhã, quando ainda, a fragrância da respiração da natureza está em torno de você, deixe sua alma voar nas asas da oração com sua mensagem de amor e de louvor ao seu Criador.

"Doce manhã é o tempo para orar:
Quão amável e quão doce
Para enviar nossos primeiros pensamentos
Até o propiciatório!"

Se você deseja ser mais profundo e sinceramente piedoso, ore. Se você deseja as alturas em seu amor, as profundidades em sua graça, a plenitude em sua alegria, e riqueza em sua glória, ore, ore com toda a sinceridade de coração e intensidade de alma.
Você disse que não tinha tempo para a oração? Que pena! Sua felicidade e sucesso na vida depende de oração. Seu regozijo eterno depende disso. Então, oh, que pena que você não tem tempo para a oração! Satanás irá lhe dizer que não há necessidade de tanto orar. Ele vai lhe dar sentimentos de indiferença, se puder, e dirá que você pode se dar bem o suficiente sem isto. Ele fará tudo o que puder para impedir  sua oração. Se não há muito benefício derivado da oração, por que ele está tão preocupado? Os mandamentos da Bíblia são: "Vigiai e orai", "Orai sempre", "Seja perseverante na oração", "Orai sem cessar", etc.
Amados santos, exorto-vos a uma vida de oração. Rogo-vos, em nome de Jesus para irem muitas vezes aos seus quartos e lá com toda a sinceridade de alma orarem até que o amor de Deus e a luz do céu encham suas vidas.
Ore até que um arrebatamento dos céus varra a sua alma, fazendo o lugar de oração o local mais querido da terra para você.

Extraído do livro como viver uma vida santa, de James Orr – traduzido pelo Pr Silvio Dutra









13 - “Começando a afundar, gritou, dizendo: Senhor, salva-me". (Mateus 14.30)

Momentos de naufrágio são momentos de oração para os servos do Senhor.
Pedro negligenciou a oração na partida em sua jornada arriscada, mas quando ele começou a afundar o perigo fez dele um suplicante, e seu clamor embora tardio não foi tão atrasado.
Em nossas horas de dor física e angústia mental, nos vemos tão naturalmente levados a orar como a destruição é conduzida sobre a costa pelas ondas.  O grande porto de refúgio celestial é a oração; milhares de navios castigados pelas tempestades têm encontrado um refúgio lá, e no momento em que uma tempestade se aproxima, é sábio que façamos isso.
Orações curtas são longas o suficiente. Havia apenas três palavras na petição que o ofegante Pedro fez, mas elas foram suficientes para o seu propósito. Não é o comprimento, mas a força que é desejável. Um senso de necessidade é um poderoso professor de brevidade. Se nossas orações tivessem menos penas na cauda do orgulho e mais asa elas seriam melhores. O palavreado está para a devoção assim como a palha está para o trigo. Coisas preciosas se encontram em pequena medida, e tudo o que é a verdadeira oração em muitos casos poderia ter sido proferida uma petição tão curta quanto a de Pedro.
Nossas condições extremas são oportunidades para o Senhor agir. Um grande senso de perigo força imediatamente um clamor ansioso que parte de nós para o ouvido de Jesus, e nele o ouvido e o coração andam juntos, e a mão não demora muito para agir. No último momento, fazemos um apelo ao nosso Mestre, e sua mão rápida age imediata e eficazmente para compensar os nossos  atrasos.
Estamos quase sendo engolidos pelas águas turbulentas da aflição? Vamos, então, elevar nossas almas a nosso Salvador, e podemos ter a certeza de que ele não vai deixar que pereçamos. Quando não podemos fazer nada Jesus pode fazer todas as coisas, vamos contar com sua ajuda poderosa ao nosso lado, e tudo ficará bem.

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.






14 - Orai, orai sempre

Pregado por Charles Haddon Spurgeon

“Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai; pois o Pai mesmo vos ama; visto que vós me amastes e crestes que eu saí de Deus”(João 16:26-27).

O tempo em que vivemos é muito favorecido e deve ser também muito valorizado. Que nós nunca tenhamos inveja dos Patriarcas e sua comunhão com Deus, quando às vezes Ele falava pessoalmente em seus ouvidos ou se revelava visivelmente a eles. Abençoados são os nossos olhos e os nossos ouvidos, que vêem e ouvem o que os reis e os profetas esperaram em vão. Aquilo que lhes foi negado nos foi revelado e por isso somos especialmente privilegiados. Embora João Batista, vivendo dentro da dispensação do Evangelho, tenha sido o maior entre os mortais nascidos de uma mulher, o menor no reino dos céus é maior do que ele. E nós estamos hoje vivendo naquele reino dos céus, embora exista ainda muito o que desfigura o reino de Cristo na terra. Sejam gratos, portanto, vocês que são filhos dos homens e são também filhos de Deus, sejam gratos por viver nesta verdadeira época de ouro, pois com todas as suas tristezas e todas as suas falhas, é uma época de grande misericórdia e de muito privilégio!
Ouso até considerar nosso atual período acima daquela magnífica época na qual Jesus habitou aqui entre os homens. Temos a tendência de considerar aquela época como sendo a melhor que a Igreja de Deus desfrutou, mas não é assim. A dispensação do Espírito Santo é uma época acima da dispensação do humilhado e sofrido Salvador. Aqueles foram os dias de infância da Igreja, quando o Senhor a instruía por meio de ilustrações e lhe ensinava as letras, mas não revelava muitas das grandiosas e mais profundas verdades de Deus porque ela ainda não tinha condições de suportá-las.  Mas agora o Espírito Santo nos foi dado para nos guiar a toda a Verdade e Ele nos mostra tudo sobre Cristo. Quando o Nosso Senhor esteve aqui foi apenas o crepúsculo da dispensação do Evangelho, ou apenas o seu alvorecer. É verdade que Ele é o Sol da retidão, mas os seus discípulos viram apenas um pouco da Sua glória, pois seus olhos estavam apenas entreabertos e eles tinham menos luz da parte Dele do que nós temos, embora a bênção de sua presença corpórea nos seja negada.
Àquela época havia muito atraso na oração, mesmo entre os apóstolos de Cristo. Pouco antes do nosso texto acima lemos que Cristo lhes disse: Até agora nada pedistes em meu nome- João 16:24. E lemos muito pouco a respeito das orações dos discípulos. Eles chegaram até a dizer, em certa ocasião: Senhor, ensina-nos a orar – Lucas 11:1. Conheciam muito pouco do poder da oração. Hoje em dia não só o Senhor nos ensinou a orar como também nos deu o Espírito Santo para nos ajudar em nossas enfermidades e para interceder por nós: o Espírito nos ajuda na fraqueza; o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis. – Romanos 8:26. em muitos outros aspectos, que não precisamos detalhar agora, estamos bem mais adiantados do que os doze altamente favorecidos que conviveram com Cristo, ou que os setenta privilegiados que foram enviados por Ele para ensinar, pregar e curar os enfermos – O SENHOR DESIGNOU OUTROS SETENTA; E OS ENVIOU – Lucas 10:1. É um período abençoado este em que vivemos e eu desejo que vocês, que são crentes em Cristo, valorizem estes seus privilégios. Se você estiver lamentando a sua sorte, quero que sinta que seu nascimento jamais poderia acontecer em tempo mais próspero, e que estar vivendo no tempo em que o Espírito de Deus nos foi dado e em que sua influência sagrada é exercida em Sua Igreja, é uma elevada honra que Deus te concedeu.

Faço estas considerações porque o nosso texto começa com as palavras Naquele dia, que é o presente período, quando Cristo já subiu para estar à destra do Seu Pai depois das horríveis dores do Calvário, o período em que não mais estamos tristes porque Ele morreu, mas nosso lamento se tornou em alegria, por Sua conta e por nossa causa também. Este é AQUELE DIA em que as bênçãos sobre as quais vou falar são dadas a nós, para que possamos usufruir delas agora, ou pelo menos, deveríamos estar.
Tomando o texto como se referindo ao tempo em que vivemos, eu noto, em primeiro lugar, o exercício diário do crente: “Naquele dia pedireis em meu nome”. Em segundo lugar, temos a posição privilegiada do crente: “não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai; pois o Pai mesmo vos ama; visto que vós me amastes e crestes que eu VIM de Deus”. Então, em terceiro lugar, tentarei sugerir qual deveria ser a conclusão natural por parte do crente a respeito dessa abençoada Verdade de Deus que aqui nos é revelada.
I – Primeiro, assim, vamos notar o EXERCÍCIO DIÁRIO DO CRENTE. É pedir e continuar pedindo: “Naquele dia pedireis em meu nome.”
é uma coisa muito simples pedir, mas como é gracioso da parte de Deus acrescentar a algo tão simples a promessa de dar! Ele não disse “mereça a bênção”, mas sim, “peça por ela”. Ele não falou “compre-a”, mas sim “peça por ela”. Não, “Trabalhe até finalmente consegui-la por seu próprio esforço” mas, “peça por ela”. Irmãos e irmãs, se alcançar o céu depender apenas de nosso pedido, quem não irá pedir? Tudo o mais que um crente possa deixar de fazer nunca deverá, certamente, ser deixar de pedir. Se nunca pedimos nada a Deus podemos estar bem certos de que nunca fomos convertidos. Uma alma sem oração há que ser uma alma sem Cristo; mas se estamos realmente em Cristo, devemos ter praticado a sagrada arte de pedir e nós devemos continuar a fazê-la sempre. Se há alguma dificuldade em nossas mentes, vamos pedir, o Espírito Santo pode resolver. Se existir alguma necessidade em nosso lar, vamos pedir, pois Nosso Pai Celestial pode supri-la. Se houver alguma fraqueza em nossa natureza espiritual, vamos pedir, pois Deus pode nos fortalecer. Se existir algum desejo da nossa alma que perturbe nosso espírito, vamos pedir, pois nosso desejo pode ser atendido se for correto, e nossa perturbação pode ser eliminada. Pedir, meus irmãos e irmãs, é muito simples, e graças sejam dadas ao nome do Senhor, porque, geralmente, a melhor maneira de pedir é aquela que é a mais simples.
Pedir alguma coisa a Deus não requer o uso de palavras adequadas. Os filhos na família não fazem pedidos elaborados quando pedem aos pais alguma coisa; eles dizem qual é a necessidade em suas próprias palavras, os pais entendem e concedem o pedido, se for correto e adequado, e se estiver dentro de suas possibilidades. Aja exatamente da mesma forma com Deus! Às vezes somos por demais cuidadosos em escolher e usar frases para usar em nossas orações. Você acredita que Deus se agrada com uma demonstração de oratória, ou que Ele analisa sua eloquência quando você comparece ante o Trono da Graça? Pode agradar a um professor de literatura fazer a crítica das suas frases, mas Deus pensa muito mais nos seus desejos do que nas palavras com que você os expressa. Pode ser uma coisa natural para um professor analisar a exatidão dos termos que você emprega, mas Deus observa especialmente o ardor da sua alma. Não existe outro lugar onde o coração deva estar tão livre quanto diante do Trono de Misericórdia. Ali você pode falar por meio de sua própria alma, pois esta será a melhor oração que poderá ser feita. Não peça aquilo que alguém disse que você devia pedir, mas sim aquilo de que você sente que precisa – aquilo que o Espírito Santo fez você ter fome e sede de pedir; peça isto.
Peça sempre. Toda a sua vida deveria ser gasta em pedir. Quando o dia amanhece, peça a misericórdia de que precisará durante aquele dia; e quando o dia cerrar as pálpebras e você for para a cama, peça a proteção e o descanso que precisar para aquela noite. Peça quando sua voz só puder ser ouvida por Deus em segredo, e peça quando a sua língua talvez não possa se mexer, mas apenas o seu espírito possa falar ao ouvido de Deus. Nunca hesite pedir por causa da grandiosidade da bênção que você deseja. O Senhor é um grande Deus embora você seja tão pequeno, e Ele se delicia em dar grandes coisas para aqueles que vêm à sua presença pedir. E não hesite em pedir por julgar que você não tem merecimento. Você nunca terá nenhum merecimento em você mesmo, portanto, se um senso de indignidade fosse checar sua oração agora, ele provavelmente iria sempre o impedir de orar. Ainda assim, o Senhor determinou que pedíssemos, logo, deve ser certo pra você, pedir. Peça quando estiver enfrentando alguma coisa que não consiga vencer; peça quando tiver lutado para conseguir algo sem tê-lo conseguido; peça, e irá receber. Vá à presença de Deus mesmo com os trapos do seu pecado e peça, é só o que você tem a fazer. “pedi, e recebereis” – João 16:24, esta é a mensagem que brilha com a luz celestial vinda do Trono da Misericórdia. Leia e obedeça: ABRE bem a tua boca, e eu a encherei. – Salmos 81:10.
Nosso Senhor disse aos seus discípulos que, além de pedir, deveriam pedir em Seu nome: “Naquele dia pedireis em meu nome.” Esta é a mais deliciosa maneira de pedir. Geralmente dizemos no final de nossa oração que pedimos por amor de Jesus, e essa é uma maneira certa de pedir. Significa: “considerando o que Jesus fez, Você não me atenderia? Eu não fiz nada que possa garantir uma resposta favorável à minha súplica, mas Você não daria a mim, considerando que Jesus merece isso? Por amor a Ele, ouça-me, oh Senhor!”. Essa é uma boa forma de orar, mas é melhor ainda se você puder usar o nome de Cristo e pedir em Seu nome. É como se fossemos a uma loja, mandados por alguém para comprar alguma coisa em seu nome e para ser debitado na conta daquela pessoa. Ou se autorizássemos um subordinado nosso a ir a uma loja tendo dito ao comerciante que o que esta pessoa pedisse fosse fornecido. Provavelmente um subordinado, sem dinheiro próprio, muito pobre, mas que vá munido de sua autorização, poderá receber daquele comerciante tanto quanto se você mesmo tivesse ido lá. A garantia dada irá até o ponto do limite do nome que foi dado. Então, Jesus nos disse: “Use Meu nome quando estiver falando com o Meu Pai;” e até onde eu posso ir usando esse nome? Até onde o próprio Cristo pode ir. Todo o poder que exista no nome de Jesus, toda a influência que Ele tenha no coração do Seu Pai, este poder e esta influência nos são permitidos exercer por meio da oração. Senhor Meu, eu costumava pedir ao Senhor para fazer certas coisas por amor ao Teu Filho, mas agora eu venho com um pedido ainda mais forte pois Ele me autorizou a usar o Seu nome, e pedir que Você faça por mim assim como Você faria por Ele. Meu Pai, se não podes recusar o teu Primogênito também não podes me recusar. E se estou pedindo alguma coisa que Ele não podia pedir e que eu mesmo não desejasse pedir, quero fazer esse o limite da minha oração e da sua aceitação. Se Ele tivesse recusado orar pedindo isso, eu também iria. E se o que estou pedindo parece ser uma bênção do meu ponto de vista mas não para Ele, sejam minhas palavras: todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres – Mateus 26:39. Ninguém de bom senso usaria o nome de outra pessoa indevidamente, e se você está pedindo a Deus alguma coisa motivado por egoísmo, você não deve desonrar aquele nome abençoado ligando-o a tal tipo de oração. Mas usando adequadamente o Seu nome temos grande liberdade e um alto privilégio de nos ser permitido ir e orar, não apenas por amor a Jesus, mas também no nome de Jesus.
O texto nos diz que pedir no nome de Cristo deve ser o exercício constante dos cristãos Naquele dia. E que dia será esse? De acordo com o contexto, será uma época de perseguição: Expulsar-vos-ão das sinagogas; ainda mais, vem a hora em que qualquer que vos matar julgará prestar um serviço a Deus – João 16:2. Em tal situação os cristãos certamente irão orar. Prosseguindo na leitura do capítulo vemos que AQUELE DIA é quando o Espírito de Deus instruiu os seguidores de Cristo. Cristo disse Naquele dia nada me perguntareis – João 16:23. O que quer dizer que não perguntaremos, pois o Espírito Santo nos instruirá para Sua glória, dEle recebendo para nos transmitir. Ah, Amado, quando irmãos e irmãs estão na prisão por causa da fé, quando eles são susceptíveis de ser colocados na tortura – quando a pequena igreja tem que ser convocada porque o pastor está para ser queimado amanhã de manhã e todos os jovens querem estar de pé cedo para permanecer ao redor e animá-lo, com os olhos cheios de lágrimas, se eles não puderem fazer nada mais por ele; e quando os jovens voltam para casa e seus pais perguntam-lhes porque eles foram lá, eles dizem que foram para aprender o caminho pra se eles tiverem que morrer da mesma maneira – ah, aí sim, a oração é uma realidade! E quando eles se reúnem em cantos isolados e em cavernas solitárias, quando não se atrevem a levantar suas vozes para os observadores não ouvi-los e levá-los para a prisão, ainda assim, em tons solenes clamam ao Senhor, a oração, então é real! É esta oração eficaz e fervorosa dos justos que vale muito. Assim é, se acontecer, que a Igreja de Deus realmente ora! Se algum de vocês está, em sua pequena jornada, em tudo sujeito a perseguições, não deixe de orar, pois o nosso Salvador disse: “Naquele dia você vai pedir em Meu nome.” Deixe que a perseguição seja uma espécie de lembrete para você do seu dever e privilégio! Se você tiver sido negligente na oração e alguém te tratar mal por causa de Cristo, diga: “Agora é a hora para eu orar mais fervorosamente do que nunca, pois Jesus disse, especialmente sobre o tempo de perseguição, NAQUELE DIA PEDIREISEM MEU NOME.”
Prosseguindo na leitura do capítulo vemos que AQUELE DIA é quando o Espírito de Deus instruiu os seguidores de Cristo. Cristo disse Naquele dia nada me perguntareis – João 16:23. O que quer dizer que não perguntaremos, pois o Espírito Santo nos instruirá para Sua glória, dEle recebendo para nos transmitir. Agora, quanto mais ensinamento e entendimento alguém receber do céu, mais ele irá orar. Se existe alguma coisa chamada de luz que faça com que um homem deixe de orar, essa “luz” é a escuridão. Algum tempo atrás, quando havia um grande número de pessoas que professavam ser perfeitas, eu ouvi de alguém que tinha crescido tão vaidosa que ela disse que sua mente estava tão conformada com a vontade de Deus que não havia necessidade para ela orar, porque sua mente e a mente de Deus estavam perfeitamente unidas. Sim, e se alguém se imagina tão bom que nem precisa orar, seria bom que exclamasse: Ó Deus, sê propício a mim, o pecador! Lucas 18:13. Eu ouso dizer que você já ouviu falar daquelas pessoas que sobem tão alto na escada, que caem do outro lado, e que é exatamente o que as pessoas fazem quando começam a transportar qualquer Verdade de Deus à extravagância e a empurrar um ponto além da sua legitimidade.  Aquilo que te faz deixar de orar é coisa do diabo, a quem devemos dizer: Para trás de mim, Satanás – Mateus 16:23. a mera sugestão de que você pode fazer sem oração deve ter vindo de baixo, não pode ter vindo de cima. Quanto mais o Espírito de Deus ensina ao cristão sobre as coisas de Deus, mais ele irá pedir em nome de Jesus Cristo. Mais uma vez, aquele dia será um dia de grande alegria: a vossa tristeza se Converterá em alegria – João 16:20. Naquele dia pedireisem meu nome- João 16:26. Talvez alguém dirá “mas as épocas de tristeza são o melhor tempo para orar, não são?” Eu garanto a você que elas são, mas quando a tristeza se torna em alegria, a dúvida dá lugar à fé, e a própria esperança fica eclipsada por um delicioso gozo, então, essa é a hora de orar. Quando seu coração estiver pronto para dançar e sua boca cheia de doçura, é hora de aproximar-se de Deus em oração. Quando Ele tiver te dado tudo o que você pediu, é hora de pedir a Ele ainda mais. Suponha que seja este um dia bom para você – um dia de boas notícias; aproveite esta oportunidade para orar. Os negócios vão bem; aproveite a hora para que isso também te leve ao crescimento de tua riqueza espiritual, e achegue-se a Deus.
Amados, se alguma vez nas suas vidas vocês forem orar, que seja especialmente quando o Senhor se revela tão gracioso para contigo que seu coração fica  alegre e você se regozija em Sua glória. Que esse seja um dia de pedir em nome de Jesus Cristo! Irmãos e irmãs, eu gostaria de poder falar de uma forma ainda mais impressionante sobre este tema tão agradável. O ponto que, mais do que os outros, toca de maneira vital a existência cristã, é a devoção pela oração – o pedir a Deus e receber dEle a resposta à nossa prece sincera.  A oração no que se refere a você é uma realidade ou uma imitação? É uma espécie de rito religioso que você se sente obrigado a realizar, ou tornou-se uma coisa essencial para a sua vida espiritual tanto quanto o respirar é para o seu corpo? É óbvio para você agora que você deve orar? É natural para você pedir ao Pai que está no céu como é natural que seus filhos venham pedir a vocês que são pais terrestres? No meu caso sinto que não oro simplesmente porque tenho de fazê-lo, mas porque amo este sagrado exercício. Não o orar em certa hora porque aquela é a hora em que se deve orar, mas orar porque quero orar, orar porque devo orar.
Um homem não precisa ser lembrado de que deve respirar. É essencial para a sua vida que respire, e é essencial para nossa vida espiritual que oremos. Jamais pensei em preparar um sermão para falar sobre a necessidade de você se alimentar, da mesma forma como não devia ser necessária a exortação aos cristãos para que orem. Deveria ser um instinto de nossa nova natureza, tão natural para o nosso ser espiritual como o é um bom apetite para alguém se manter saudável. Deveria existir uma fome e uma sede santas para orarmos, e a alma nunca ora tão bem quanto quando é lembrada, não pela hora do dia ou da noite, mas por sua real necessidade, e quando se refugia em seu lugar particular para orar, não porque acha que deve, mas porque sente que deve, e o faz com o deleite do privilégio da comunhão com o seu Deus.
Meu objetivo, na segunda parte do meu sermão, será agitar-lhe até você sentir dessa forma, então não vou dizer mais nada sobre esta primeira parte do meu tema, o exercício diário do crente – “Naquele dia pedireis em meu nome.”
II – E agora, em segundo lugar, temos A POSIÇÃO PRIVILEGIADA DO CRENTE com referência à oração.
Os crentes devem ser abundantes em oração porque, em primeiro lugar, têm o Espírito Santo para motivá-los. Isto consta no texto? Sim, ou pelo menos está implícito nele, pois Jesus disse: Naquele dia pedireis. Como iria Ele afirmar de maneira tão categórica que deveríamos pedir a não ser que pretendesse que o Seu Espírito nos conduzisse a pedir por esta promessa? Sendo esta em si mesma uma garantia de que Ele providenciará para que seja atendida. Temos assim o Espírito Santo para nos animar a orar, e não apenas para nos animar a orar, mas para nos dizer pelo que deveríamos orar: porque não sabemos o que havemos de pedir como convém – Romanos 8:26, até que Ele nos ensine! Alguém poderá perguntar por que orar se tudo é resolvido pelo decreto divino. É verdade que tudo é solucionado desta maneira, e é exatamente por esta razão que devemos orar! O Espírito de Deus nos leva a desejar exatamente o que Deus decretou, e embora não possamos abrir e ler o livro dos seus decretos, o Espírito Santo pode ler aquele Livro e assim nos guiar de acordo com seus registros secretos e também interceder por nós segundo a vontade de Deus – Romanos 8:27. Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus – I Coríntios 2:11. E o que o Espírito de Deus entende ser a mente de Deus, Ele faz com que seja também a nossa mente e em conseqüência nós oramos segundo a vontade de Deus. A oração verdadeira é o eco do propósito eterno. Nossas orações são as sombras das misericórdias de Deus. Quem não oraria quando a oração torna-se para ele um mistério consagrado em que uma Pessoa da Santíssima Trindade opera em seu espírito e revigora os seus desejos? Isto deve nos conduzir a orar com frequência porque nossos pedidos são motivados pelo Espírito Santo.

“Orem, orem sempre,
o Espírito Santo pede dentro de você
todas as suas necessidades a cada dia, a cada hora.”

Devemos orar também porque temos a elevada honra de nos ser permitido usar o nome de Cristo em nossas orações. Naquele dia pedireis em meu nome. Se um Rei nos entregasse o seu selo ou se tal Rei tivesse o poder de criar dinheiro tão rapidamente quanto o desejasse com a sua simples assinatura e nos permitisse usar aquela assinatura, não creio que muitos de nós continuaríamos sendo pobres. Se ele realmente nos desse privilégio certamente iríamos assinar muitas vezes antes de devolver o selo e a assinatura para aquele Rei. Mas o Nosso Senhor Jesus fez coisa semelhante ao tirar do seu dedo o sinete real e dizer aos seus servos: “Peçam em Meu Nome!” TUDO QUANTO PEDIRDESEM MEU NOME, EU O FAREI – João 14:13.  Por isso nós estamos sempre sacando destes fundos da infinidade de Deus. E Ele não estabeleceu limite para estes nossos pedidos, a não ser: tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis. – Mateus 21:22. Como isto deveria nos encorajar a orar! Será que vamos deixar passar essa oportunidade de ouro sem dela fazer uso? Oh amados, com o Espírito Santo a nos dizer o que pedir e o Senhor Jesus a endossar nosso pedido, por que não orar sem cessar?
Além de tudo isso, existe um grande encorajamento para a constante oração pelo fato de que o Senhor Jesus Cristo está continuamente intercedendo por nós. Nossas pobres orações são obscuras e confusas, e são manchadas de pecado, mas o Nosso Grande Sacerdote as salpica com o seu sangue precioso, e as purifica de maneira completa, e com suas próprias mãos as coloca diante do Trono de Misericórdia, e por amor ao seu nome elas certamente serão aceitas. se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo – 1 João 2:1. E Ele está sempre pleiteando a nosso favor. Se temos um Intercessor Divino, dentro do véu, que nunca se esquece de levar nossas orações diante do Trono da Graça do Seu Pai, com que ousadia devemos ir até ao Trono de Misericórdia, e quantas e quantas coisas deveríamos pedir a Deus em nome de Jesus!
Parece-me que o texto sugere que o Senhor Jesus desejava evitar que os seus discípulos errassem ao interpretar Sua intercessão. E por isso disse, nesta ocasião: não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai. Não havia razão para que Ele dissesse isso naquele momento, pois já o havia dito e repetido muitas vezes antes. Mas naquela ocasião parece que Ele queria dizer: “Não quero que exagerem minha intercessão às custas do Meu Pai. Vou interceder por vocês, mas vocês não devem pensar que faço isso porque Meu Pai não está disposto a ouvi-los quando vocês forem até Ele em meu nome. Não fiquem imaginando erroneamente que por causa da minha intercessão Eu farei com que o Meu Pai se disponha a abençoar-vos, pois Meu Pai, Ele próprio, ama vocês.” Isso nos leva a um ponto muito precioso que é que devemos ser muito incentivados a orar, não só porque o Espírito nos impele e o Filho intercede por nós, mas porque o próprio Pai nos ama.
Como deveríamos orar agora que temos o ouvido, e mais do que isso, o próprio coração do Rei! Ter como professor o Espírito Santo e como Advogado o Nosso Senhor Jesus Cristo deveria ser encorajamento suficiente para nós; mas termos o coração do próprio Rei é o melhor de tudo: pois o Pai mesmo vos ama. Vocês sabem, queridos irmãos e irmãs, que pensadores supérfluos frequentemente erram concernente ao Pai e ao Filho com relação à expiação. Eles crêem que a expiação de Cristo era necessária para que o Pai amasse o seu povo, enquanto que a verdade é que o Pai, porque Ele amava seu povo, deu seu Filho Unigênito para ser a propiciação deles. Deus sempre foi amor, tão verdadeiro amor como o Filho foi e é, não nos enganemos sobre isso. De modo que, concernente à intercessão de Cristo, existe a tendência de certos pensadores em caírem no erro de supor que o Pai é difícil de agradar, e que Jesus deve pacificá-lo para que Ele possa atender aos nossos pedidos. Não é assim, pois o Pai mesmo vos ama. Creio que quando um não convertido vai a Deus, deveria, primeiramente, fixar seu olhar inteiramente em Jesus o Mediador, mas para nós que acreditamos em Jesus, estamos perdoados, estamos em uma situação inteiramente diferente daquela em que se encontra o descrente. Nós tivemos nossos pecados apagados, e podemos ir diretamente ao Pai – naturalmente, sempre por intermédio do Mediador – e enquanto isso nos regozijando nesta graciosa garantia de que O PAI MESMO VOS AMA.
“Ore, ore, sempre,
apesar de cansado, fraco e solitário,
a oração se aninha no Trono de abrigo do Pai “.

O texto diz que o Pai nos ama porque nós amamos Jesus, e cremos que Ele veio do Pai. Não cometa o erro de imaginar que o amor de Deus por nós é causado por nosso amor para com Cristo. Não! Nós amamos, porque ele nos amou primeiro – 1 João 4:19. O primeiro amor de Deus é um amor de benevolência – um amor de compaixão – um amor para com os indignos e para os sem nenhum mérito. Deus, por amor, nos perdoa e nos salva; mas existe outro amor, além desse, do qual nunca devemos esquecer. Quando Ele nos faz amar o seu Amado Filho, quando Ele nos faz confiar nEle porque cremos que Ele veio do Pai, então o Pai tem um amor de complacência e de regozijo para conosco. É fácil distinguir a diferença entre estes dois tipos de amor, já que ele é frequentemente ilustrado na história humana. Um homem encontra na rua uma pobre criança, e tendo piedade dela, leva-a para casa, a veste e toma conta dela. Este é um tipo de amor – o amor da benevolência. Mas suponha que a criança se desenvolva em um belo rapaz ou numa bela moça que por meio de sua maneira sedutora se insinue ao próprio coração daquele que foi tão bondoso com ela na sua infância, e aí surge um segundo tipo de amor.
O homem diz, “Eu amei aquela criança quando a resgatei, um monte de trapos, coberto de sujeira, de miséria; mas veja a sua beleza agora. Veja como este pequenino se afeiçoou ao resto da família, como ele é grato, como ele me ama; não posso deixar de amá-lo mais do que no começo”. Este é um outro tipo de amor inteiramente diferente, e o Senhor ama desta maneira, apenas de modo infinitamente maior, para com todos os que confiam e amam o Seu Filho! Sabemos que o Pai ama tanto o Filho que, ao ver que você também O ama, Ele o ama ainda mais por essa razão. Ele tinha ilimitada confiança em Cristo quando O enviou para este mundo – e quando Ele vê que você também tem confiança nEle, Ele o ama também, pois vocês dois concordam neste assunto. Nada une duas pessoas mais do que o amor comum para com o mesmo objeto. Se existe alguma pessoa que é querida para ambos, de imediato existe uma ligação entre os dois. Frequentemente o coração de um homem é conquistado pela esposa porque, entre os dois, existe um pequenino ser que é querido de ambos! Talvez, durante uma tola ocasião de raiva, os dois possam se separar, mas o filho é o laço que os mantém juntos. E entre nós e nosso Deus, num sentido infinitamente maior do que esta minha pobre comparação, existe uma maravilhosa união porque Ele confia em Jesus e nós também confiamos nEle. Ele ama Jesus e nós também o amamos; e por causa disso Nosso Salvador nos diz: o Pai mesmo vos ama; visto que vós me amastes e crestes que eu saí de Deus.
Não consigo explicar este maravilhoso mistério, mas quero que saibam que eu amo Cristo e creio que Ele saiu de Deus, apenas para abrir nossas almas e tentar estabelecer esta sublime verdade de que o Pai mesmo vos ama. Não é tem pena de vós, nem promete vos ajudar, nem tem consideração por vós e sim o Pai mesmo vos ama. Não adianta tentar explicar o que é o amor – você tem que senti-lo para entender o que ele é. Você não duvidou das palavras de sua mãe quando era pequeno, e ela o segurou em seus braços e disse Eu te amo. Você acreditou nela, e descansou em seu amor e o correspondeu tanto quanto pôde. Assim o grande Deus lhe diz: Eu o amo porque você ama o meu Filho. Existem muitos defeitos e muitas falhas em você, mas você ama o meu Filho e por isso eu te amo. Você não disse há pouco: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo – João 21:17? Você disse isso ao Senhor Jesus e porque isto é verdade, o Pai mesmo vos ama. Lembro-me de quando uma das suaves passagens em Cantares de Salomão alcançou o meu coração com arrebatadora força – aquele versículo em que o Noivo Celestial diz à sua esposa: Tu és toda formosa, amada minha, e em ti não há mancha – Cantares de Salomão 4:7. Isto é o que o Senhor diz ao seu povo quando os vêem Cristo. Quando Ele percebe que eles amam Cristo, Ele diz efzib chamar-te-ão Hefzibá – Isaias 62:4, que quer dizer Meu Regozijo está nela. o Pai mesmo vos ama. Esta pequena frase é não tanto um tema para pregação como o é para uma calma meditação. Você precisa ficar sozinho em seu quarto, sentar e tocar repetidas vezes aquela campainha de prata: o Pai mesmo vos ama. Você me ama? E por que deveria amar-me? Como poderia amar-me? Mas Jesus sabe e quando Ele assim o declara, assim é, glória seja dada ao seu amado Nome!

III – Vamos abordar rapidamente A CONCLUSÃO NATURAL DO CRENTE que ele deduz destas palavras de Cristo.
A primeira seria: Se tudo isso é verdade, que poder enorme que eu tenho! O Espírito Santo me predispõe, Cristo pede em meu nome e o próprio Pai sorri para mim dizendo: Vinde, sede bem-vindo pois eu te amo: ninguém é tão bem-vindo quanto você é. Peça o que quiser que será atendido. Mas, amado, você alguma vez realmente acreditou ter tanto poder? Ou você tem pedido e aguardado quando na realidade deveria ter pedido e acreditado? Não ficou imaginando que haveria uma pequena possibilidade de ser ouvido? Já orou como se seus muitos pedidos e suas abundantes lágrimas pudessem tocar o duro coração de Deus? Suas súplicas têm sido apresentadas neste estado de espírito? Se assim for, espero que no futuro você possa assumir a verdadeira posição de quem crê e diz: Eu sou filho de Deus, e Ele me ama. E eu vou até Ele, por meio do seu Filho Jesus Cristo, e motivado pelo Espírito Santo, vou pedir-lhe tudo o que eu precisar, pois sei que receberei aquilo que pedir no nome de Jesus e por amor ao Seu Nome.
Se algum dia você descobrir que tem esse poder – e espero que assim aconteça – não deixe de usá-lo. Use para os seus filhos, para todos os seus parentes, para os seus amigos e para os que não são convertidos. Escolha-os e ore por eles e não descanse até que eles estejam salvos. Ore também pelo seu pastor, que ficará muito enriquecido com a oração que você fizer por ele, você que tem tanto poder junto a Deus. Ore pelas nossas Igrejas. Estes são dias sombrios, mas você pode trazer um verão espiritual, se você sabe como orar aquela oração fervorosa do justo que vale muito. A Verdade de Deus parece, por um tempo, estar sofrendo derrota, e a batalha pelos direitos cresce mais quente e mais feroz, mas a bandeira da vitória em breve vai flutuar na brisa se você souber como orar corretamente! A legião da oração é a legião da conquista! Tragam à frente os homens e mulheres que podem orar e o diabo vai tremer e fugir, pois ele bem sabe que aqueles que são poderosos com Deus são mais poderosos até mesmo do que ele. A história do futuro depende muito das orações do presente. Se você e outros crentes contiverem as orações, vocês podem ajudar a trazer um longo, escuro, inverno frio para a Igreja de Deus, mas se você e eles são despertados a subir, como Elias que foi ao Monte Carmelo, e com o seu rosto entre os joelhos, clamou ao Senhor de Israel, com certeza – assim como o Senhor vive – os céus ficarão cobertos com nuvens e haverá ruído de abundante chuva – 1 Reis 18:41.
Falo reverentemente, mas com veracidade, quando digo que as chaves dos céus giram quando usadas pela pessoa que sabe orar. Não me refiro à oração comum, como alguns fazem, mas à oração como a que estou falando: induzida pelo Espírito de Deus, inicialmente purificada e apresentada pelo Salvador, e feita por quem sabe que o próprio Pai o ama. Fico abismado ao pensar no tremendo poder da oração. Não é onipotente, mas comanda a onipotência. Não é onisciente, mas a oração é como os próprios olhos de Deus. Quem pode realmente orar leu em primeiro lugar o coração de Deus e pronunciou o que ali está. A oração suplanta o Eterno; o que mais pode ser dito a seu respeito? Quando Israel pecou contra o Senhor, Moisés pleiteou a favor da nação culpada mesmo depois que Deus lhe havia dito: agora, pois, deixa-me, para que a minha ira se acenda contra eles, e eu os consuma; e eu farei de ti uma grande nação – Êxodo 32:10. Mas a oração prevaleceu afinal, pois o Senhor se arrependeu do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo – Êxodo 32:14. Que Deus possa ensinar a você, que é amado do Pai porque ama o Filho, a orar como Moisés!
De maneira bem cuidadosa, meus irmãos e irmãs em Cristo, devemos mencionar as respostas às orações que tenhamos recebido. Não seria nem prudente, nem adequado, nem mesmo possível mencioná-las todas, pois existirão assuntos de oração entre Cristo e a alma que jamais deverão ser reveladas, a não ser junto a pessoas especiais ou em ocasiões especiais. Algumas partes da nossa comunhão com o Senhor Jesus são por demais sagradas, por demais espirituais, por demais celestiais para serem mencionadas deste lado dos portões de pérolas – mas a maioria das respostas do Senhor aos nossos pedidos poderia até ser escrita nas nuvens para que todos soubessem delas. Esteja atento para não reter apenas com você estes fatos graciosos, o que seria uma ingratidão de sua parte. Faça como Davi, que nos diz: Do meio da angústia invoquei o Senhor; o Senhor me ouviu, e me pôs em um lugar largo– Salmos 118:5.
Sim, e não só proclame como Deus tem respondido às suas orações, mas conte do poder da fé em todas as ocasiões que tenha ocorrido. Fale dos resultados da fé aos seus filhos, para que eles possam contar aos seus filhos no futuro, e às gerações que virão, para que todos saibam que TUDO É POSSÍVEL AO QUE CRÊ – Marcos 9:23. Conte sobre as promessas cumpridas pela fé, sobre a solução de problemas por meio da fé e o regozijo de suprema felicidade por meio da fé. Conte à sua vizinhança que É melhor refugiar-se no Senhor do que confiar no homem. É melhor refugiar-se no Senhor do que confiar nos príncipes – Salmos 118:8-9. Diga em alto e bom som: Confiai sempre no Senhor; porque o Senhor Deus é uma rocha eterna – Isaias 26:4. Diga a todos porque você sabe que isto é verdade, pois procurou amigos na hora das dificuldades e não foi ajudado. Que cometeu até a tolice de esperar por auxílio de homens poderosos, que tinham condições de ajudá-lo, mas que encontrou apenas desdém e espanto por estarem sendo incomodados. Conte a todos que a Majestade Suprema nunca tratou assim nem mesmo o mais simples dos seus pedidos. Que nunca houve uma resposta ríspida por parte do Trono do Altíssimo, nem uma rejeição nem desprezo ao menor dos seus pedidos.
O Senhor tem sido melhor para com você, até mesmo mais do que a sua esperança ou a sua fé acreditavam e esperavam. Deus respondeu ricamente, ajudou-o eficientemente, alegrou-o abundantemente e encheu o seu espírito de conteúdo agradável. Não é em vão que esperamos no Senhor. O caminho da fé é o caminho da força e da segurança. Como é triste a sina de quem nunca ora! Pouco importa que outros poderes você possua; se não tiver poder com Deus, significa que não tem poder nenhum. Àqueles que nunca oram ou que insultam Deus com uma forma vazia de orar sem a participação do coração, chegará um dia em que irão orar. E tão certo quanto vivem e morrem, irão orar e suas orações não serão atendidas. O rico orou por uma gota de água para esfriar sua língua ardente, mas seu pedido foi recusado, pois já era tarde demais para orar – ele poderia ter tido a Água da Vida para beber se ele tivesse orado enquanto ele estava sobre a terra! O inferno está cheio de orações não atendidas, que tiveram como resposta: Mas, porque clamei, e vós recusastes; estendi a Minha mão, e não houve quem desse atenção; antes desprezastes todo o meu conselho, e não fizestes caso da minha repreensão; também eu me rirei no dia da vossa calamidade; zombarei, quando sobrevier o vosso terror – Provérbios 1:24-26. Peça a Deus, e Ele o ouvirá se você pedir agora. Mas Quando o dono da casa se tiver levantado e cerrado a porta (ver Lucas 13:25) não adiantará bater na porta Naquele dia. Nenhum pedido, gemido ou choro prevalecerá nessa hora, pois terá passado o dia da oração e a justiça, de espada em punho, estará à frente do Trono da Misericórdia impedindo o acesso para sempre.
Possa o Senhor levar todos vocês a acreditarem em Jesus, e amá-lo com um coração ardente e puro, antes que seja tarde, por amor ao Seu nome. Amém.







15 - Um Apelo Urgente Por Uma Resposta Imediata

Por Charles Haddon Spurgeon

 “Agora, pois, se haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, fazei-mo saber; se não, declarai-mo, para que eu vá, ou para a direita ou para a esquerda”. (Gênesis 24.49)

O capítulo de onde o texto é extraído está repleto de particularidades. Há um extraordinário paralelismo entre Eliezer procurando uma esposa para Isaque e os ministros de Cristo procurando almas para Jesus. É mais que uma alegoria. É, de fato, uma parábola bastante instrutiva de como devemos lidar com as almas de homens e mulheres para o nosso Senhor. Assim como Abraão enviou seu servo para buscar uma noiva para seu filho, nós também somos comissionados a buscar aqueles que serão trazidos a Igreja para, finalmente tomarem assento na festa das bodas, como noiva de Cristo, no País de Glória celestial!
Podemos até perceber Eliezer orando por todo o caminho. Nem por um momento passou por sua mente qualquer dúvida sobre a interferência de Deus nos assuntos humanos, mas com coragem e simplicidade procurou saber Sua vontade. Assim, depois de apresentar seu pedido, o encontramos confiando tranquilamente e aguardando em silêncio, “para saber se o Senhor havia feito próspera a sua jornada, ou não”. Embora seus esforços tenham sido coroados com sucesso, ele continuou reconhecendo que o cumprimento da sua missão de forma tão rápida foi resposta de oração. Foi a direção de Deus e não sua própria perspicácia ou sabedoria que lhe conferiu êxito. Também é assim com todo verdadeiro ministro do Novo Testamento. Ah, se não orarmos por vocês, meus caros ouvintes, nossa pregação será uma hipocrisia! Nunca devemos falar de Deus aos homens no poder da persuasão, a menos que falemos dos homens a Deus no poder da oração! Não foi sem muita oração e muitos suspiros do meu coração que vim aqui falar pra vocês esta noite. Acredito ter sido enviado com a missão de encontrar alguns que foram escolhidos por Cristo dentro do propósito e Aliança divinos e peço ao meu Senhor que haja muitos destes aqui.
Era assim que este servo fiel orava ao Deus do seu senhor. Enquanto orava, percebia como Abraão era leal ao senhor dele. Evidentemente, percebeu que a missão em que estava não era propriamente sua, mas que fora o instrumento escolhido para fazer a vontade do seu senhor. A expressão “meu senhor” é o refrão deste capítulo. A palavra “senhor” ocorre 22 vezes. Não era o desejo de Eliezer ser independente de Abraão ou do seu filho. Ao contrário, Seus pensamentos foram os do seu senhor – suas palavras foram em louvor do seu senhor – seus feitos em nome do seu senhor. Ele não se pertencia, mas era servo de outro. Esta também é a nossa posição. Ai do ministro que perde de vista a verdadeira relação entre ele próprio e seu Senhor, ou que começa a pensar em servir aos seus próprios interesses em vez dos interesses Daquele que o chamou e o enviou! Meus irmãos e irmãs, nós não nos pertencemos; somos escravos de Cristo. Que nosso coração se mantenha sempre fiel a Ele! Que nossos lábios sempre Lhe profiram louvor! Que nossa vida sempre testemunhe a devoção que temos para com o nosso Senhor! Nada do que temos é propriamente nosso – tudo é Dele; Seu absoluto domínio sobre nós é o nosso maior prazer.
George Herbert fala da “fragrância Oriental” que reside nas palavras “meu Senhor”. De fato, este é um nome cheio de aroma suave e de santa alegria. Sendo assim, até mesmo o aqui e agora se torna um Céu para servi-Lo! Mas, o que será visto em Sua face quando Sua noiva for trazida para casa em segurança?

“ó Jesus, Tu prometeste”
A quantos seguem a Ti
Que onde estiveres em Glória,
Teus servos estarão ali!
E Jesus, eu prometi,
Servir-Te até o final.
Dá-me a graça de seguir-Te
Senhor e Amigo leal.”

Observem como o atento Eliezer aproveitou a oportunidade para obedecer às ordens do seu senhor. Seu amor a Abraão o fez cumprir, sem demora, a incumbência que lhe foi confiada. Quando Rebeca veio ao poço ele iniciou uma conversa da mesma forma que o Senhor Jesus fez, tempos depois, com a mulher samaritana no poço de Jacó: pediu que lhe desse de beber. As duas cenas ao lado do poço poderiam quase compor figuras complementares. Em seguida, Eliezer mui habilmente, descobriu seu nome e foi convidado por Rebeca a hospedar-se em casa do seu pai. Sinto um regozijo especial sempre que tomo conhecimento da visita de um servo de Deus à uma casa quando ele é o meio de ganhar alguns membros daquela família para seu Senhor! Devemos sempre ter o objetivo de fazer das nossas visitas uma bênção para aqueles a quem visitamos. Isto conta muito a favor do homem que é capacitado a proceder assim. Se compreendermos que estamos a serviço do nosso Mestre o tempo todo, devemos dar um bom testemunho diante de todos com quem entramos em contato o tempo todo, deixando bem claro que velamos pelas almas como quem há de prestar contas delas. Que possamos fazer isso com alegria e não com tristeza.
Tem algo mais neste homem que é digno de nota. Ele levou sua tarefa a sério e seguiu com um objetivo definido, direto ao alvo. Não tinha vários propósitos, mas apenas um. Ele não foi até ali com outra finalidade a não ser a de encontrar uma esposa para Isaque. Por isso, embora estivesse confortavelmente acomodado e fosse chamado, por Labão, de “o abençoado do Senhor”, não estava satisfeito. Ele levava tão a sério sua missão que nem mesmo se alimentou até que a houvesse esclarecido por completo. Como todo verdadeiro servo de Cristo, ele pôs os negócios do Senhor à frente do seu bem-estar e conforto e, até, da necessidade de alimento. Quando um homem começa a pensar mais em seu alimento do que em fazer a vontade de Deus, ele deixa de ser um ministro fiel! Imitemos a diligência do servo de Abraão aqui. Eliezer disse a Betuel e a Labão o que tinha ido fazer ali e, antes que terminasse seu discurso, voltou-se a eles e lhes disse claramente: “Agora, qual a resposta de vocês à mensagem do meu senhor? Não posso continuar em suspense. Se vocês usarão de benevolência e de verdade para com o meu senhor, digam-me. Se não, digam-me, para que eu volte pela direita ou pela esquerda”.

I. Observem, inicialmente, que ELE expôs cuidadosamente SUA SITUAÇÃO. Vocês não devem esperar que os homens se decidam sobre uma questão que não lhes foi apresentada. Nosso jovem e bom irmão que vai ao púlpito clamando: “Creia, creia”, mas não diz aos seus ouvintes em que devem crer não conseguiu muita coisa! Vocês não podem pedir as pessoas para comprarem algo que vocês não têm para lhes oferecer. Eliezer abriu sua bolsa, expôs seus produtos e procurou fazer negócios em nome do seu senhor. O que ele falou aos seus ouvintes interessados?
Para começar, disse que seu senhor era grande e lhes deu alguma idéia de quão rico ele era ao repassar a lista de suas posses: rebanhos e manadas, prata e ouro, camelos e jumentos, servos e servas. Fez elogios ao seu senhor como eu também procuraria fazer ao meu. As palavras são insuficientes para falar da Sua grandeza! Este mundo é Dele e todos os mundos que Ele fez. “A prata é Minha e o ouro é Meu, diz o Senhor dos Exércitos”. Ele reivindica todas as coisas na terra, animadas e inanimadas. “Toda fera do campo é Minha e o gado aos milhares sobre as montanhas”. Nenhum outro pode se igualar a Ele. “Quem mediu as águas na concha das mãos e tomou a medida dos céus? Quem recolheu numa medida o pó da terra e pesou os montes com pesos e os outeiros em balanças”? Ele é tão grandioso que todas as coisas são pequenas comparadas a Ele. “Eis que, as nações são como uma gota de um balde e são como o pó miúdo da balança: eis que, Ele levanta as ilhas como uma coisa pequeníssima”. Não é, de fato, um glorioso Senhor para ser servido? “Quão grande é a Sua bondade e como é grande a Sua beleza”!
Depois de falar do seu senhor, ele lhes disse que o filho do seu senhor era seu herdeiro.Esse foi um ponto muito importante no negócio. O servo falou sobre como o seu senhor pôs tudo o que tinha nas mãos do seu filho – que as promessas eram para ele e que toda a herança seria dele. Eliezer também tratou o filho como “senhor”, da mesma forma que tratava o pai. De igual modo eu também desejo glorificar a Deus e magnificar Cristo Jesus, Seu unigênito e Bem-Amado Filho. É a vontade do Pai “que todos os homens honrem ao Filho, assim como honram ao Pai”. Ele é herdeiro de Seu Pai –conquistou o título na Sua parábola dos lavradores maus. Quando nos encontramos em negócios do nosso Senhor, procuramos aqueles que se tornarão “herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo”.
Em seguida, Eliezer procurou alguém disposto a deixar seu lar para encontrar-se com o filho do seu senhor e tornar-se um com ele. Disse que o filho do seu senhor necessitava de uma esposa e que ele tinha vindo para procurar-lhe uma. Para isso, era necessário ser uma pessoa disposta a embarcar numa longa e arriscada viagem e ser peregrina numa terra estranha junto com seu marido. Não poderia ser outra a não ser aquela que ofereceria a si mesma ao Deus de Israel e que teria participação plena com Isaque nas bênçãos da Aliança. Assim é o meu caso agora. O Senhor Deus, o Criador dos Céus e da terra, tem toda sorte de coisas boas para conceder aos filhos dos homens pecadores. Não há medida para a Graça e o amor de Deus. Ele quis tomá-los para serem Seu povo a fim de ser o Deus de vocês. Ele recebe a todos quantos desejam abandonar tudo e se unir ao Seu Filho Unigênito, o Senhor Jesus, que, para a nossa salvação, desceu do Céu, tomou nossa natureza e viveu nela; que tomou nossos pecados e morreu por nós para que pudéssemos ser perdoados e salvos para sempre. O Filho deve ver o fruto do trabalho da Sua alma. Deve existir almas que serão eternamente salvas através da fé Nele. Ele não pode morrer em vão! Ele deve ter um povo que Lhe será como noiva e com quem Ele próprio se deleitará por todo o sempre. A questão é: há algum destes aqui? Há alguém que se renderá ao Seu doce amor, que se confiará a Ele como Rebeca se confiou a Isaque – que sairá do mundo para viver uma vida separada com Ele? Esta é a incumbência a que viemos.
Eliezer acrescentou que esperava ter encontrado a pessoa certa. Acreditava que Rebeca era essa pessoa porque havia posto em oração diante de Deus e ela veio como resposta, fazendo exatamente como ele pedira. Neste momento meu coração está em festa por ter a esperança de que agora, encontrei a pessoa certa. Sempre me pergunto por que algumas pessoas estão aqui. Muitas vezes, vem algum fugitivo da casa de campo do seu pai ao Tabernáculo, no Dia do Senhor. Ele veio a Londres para pecar e nem imaginava que sua vinda foi para ser salvo, mas aqui a Palavra de Deus o prendeu! Apareceu por aqui um marinheiro que passou um ou dois dias no porto e a última coisa que ele poderia pensar era que seria convertido! Mas ele veio aqui e encontrou a vida eterna! A vinda de vocês aqui em tal número, a forma como me olham e a vontade de ouvir o que tenho a dizer, me encoraja e me inspira a entregar a mensagem do meu Mestre sem medo! Certamente Deus pretende abençoar vocês! Se Ele dá o ouvido para ouvir, não dará o coração quebrantado? E se Ele lhes levou a ficar tão ansiosos para ouvir minha mensagem, não são vocês, vocês mesmos, as pessoas que Ele elegeu para estarem unidas ao Seu Filho amado para sempre?
Depois de expor sua missão fielmente, Eliezer pressiona por uma resposta. “Se hás de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, diga-me. Se Rebeca vai comigo para ser a esposa de Isaque, diga-me”. Da mesma forma eu coloco para vocês. Se estão dispostos a crer no Senhor Jesus Cristo, prontos para abandonar o mundo e todas as suas tentações e vir a Ele, falem isso! Digam-me. Deixe-nos saber se você chegou ao momento da virada. Lembram-se de como os embaixadores romanos exigiram daqueles que vinham a eles, uma tomada de posição quanto a submeter-se a Roma ou declarar-lhe guerra? Quando pediram tempo, os embaixadores desenharam um círculo ao redor deles e disseram: “Antes de saírem desse circulo vocês tem que decidir se são pela paz ou pela guerra”. Eu desenharia um circulo aqui, ao redor de alguns de vocês e diria: “Sua porção deve ser ou salvação ou condenação”. Vocês estão hesitando e titubeando por tempo demais. Não saiam desse lugar até que tenham decidido por um caminho ou por outro.
Bem embaixo da cúpula da Catedral de São Paulo, há um local que, certa vez, ficou marcado em mim – deve ter sido há 40 anos. Ali, um operário ocupado diligentemente no topo da cúpula caiu e, obviamente, foi ao chão em pedaços. Cheguei a ver as marcas da sua talhadeira no lugar onde ele morreu. Eu gostaria de saber se existem marcas nesses bancos onde almas foram perdidas, onde alguns tem negociado com Deus, recusado Sua graça, resistido ao Seu Espírito e descido estrada abaixo? Quisera Deus que, em vez disso, houvesse alguma marca onde a Graça de Deus operou salvação eficaz! Eu creio que, neste lugar, não há um único banco ou assento nos corredores que, legitimamente, não esteja marcado como um lugar onde almas foram salvas. Voces já perceberam um dos amigos que vem falar aqui nas noites de segunda-feira dizer: “O terceiro acento depois daquele pilar era o lugar onde eu estava quando a Luz de Deus me alcançou”. E outro diz: “Cristo me encontrou num banco de trás na galeria superior”, e, assim por diante, até terem apontado para quase todas as partes do edifício como lugar onde Deus chamou alguém por Sua Graça! Espero que alguns de vocês estejam, agora, sentados no lugar onde foram predestinados para nascer de novo para a vida eterna!

II. Em segundo lugar, está claramente posto diante de vocês que, quando Eliezer expôs seu caso, ELE QUERIA RECEBER UMA RESPOSTA FAVORÁVEL. Eu poderia quase dizer que ele esperava por tal resposta. Depois daquela orientação maravilhosa e da recepção acolhedora, cresceram as esperanças de que sua missão seria, sem mais demora, levada a um desfecho satisfatório.
Se lhe fosse dada uma resposta favorável, isso o permitiria cumprir sua missão. Ao passo que, se a resposta fosse contrária ele não poderia cumprir as ordens do seu senhor. Se nenhuma alma for salva através desta pregação, eu não posso continuar em minhas atividades. “Bem”, pode dizer alguém, “um homem pode pregar muito fielmente e mesmo assim não ter nenhuma alma salva”. Sim, um pescador pode pescar e nunca fisgar nenhum peixe, mas não há muito de pescador nele. Assim, se não existem almas salvas, talvez eu pudesse encontrar alguma maneira de satisfazer minha consciência, mas até agora, eu desconheço. Nunca procurei por um grande consolo e espero nunca procurar. Comigo é assim: “Dá-me filhos ou morrerei”. Se vocês não forem salvos e trazidos a Cristo, eu sinto como se devesse desistir de pregar pra vocês. Não posso ficar aqui desferindo golpes no ar. Se meus ouvintes não são convertidos, perdi meu tempo, perdi o exercício da mente e do coração! Sinto como se tivesse perdido minha esperança e minha vida, a menos que encontre para meu Senhor alguns daqueles comprados por Seu sangue – e preciso encontrar alguns deles através deste sermão.
Acho que Eliezer ansiava por uma resposta favorável porque seria resposta à sua oração.Possivelmente vocês não têm orado por si mesmos, mas nós temos orado por vocês. Não que saibamos o seu nome ou o seu caso, mas, frequentemente, vamos em oração em secreto por uma causa assim como a sua e podemos dizer que conduzimos vocês, em súplica sincera, diante de Deus. Talvez existam pessoas piedosas em casa que estão orando para que vocês sejam abençoados enquanto estão aqui. É comum ver pessoas que vem se juntar à Igreja e dizem: “meu marido não é convertido”, ou, “minha filha não é convertida”. Você conseguiria que eles viessem e ouvissem a palavra? Eu pergunto. “Oh, sim, senhor, eles virão e ouvirão”! Bem, eu disse, se você levá-los para a batalha, onde há bastante tiroteio, muito provavelmente eles poderão ser feridos. Oramos sempre para que quando alguns de vocês forem persuadidos a vir e ouvir a Palavra de Deus, o Espírito de Deus os domine; que vocês caiam feridos por Sua espada afiada ou recebam uma flecha entre as articulações da armadura!
A principal razão, no entanto, deste bom homem querer encontrar uma resposta agradável sobre Rebeca era porque iria alegrar o filho do seu senhor. “Oh”! Ele pensou, “quanta alegria lhe darei se levar comigo a mulher certa, a esposa que Deus lhe designou! Ele já perdeu a mãe, Sara, e está definhando de luto. Mas se eu puder levar de volta uma pessoa que irá preencher esse lugar no terno coração dele, ficarei alegrarei”. Quanto a nós, nosso interesse é alegrar o coração de Cristo! Seu coração foi perfurado com uma lança, depois de ter sido quebrado em meio à grande angústia – e não há nada que vá revigorá-Lo mais do que uma alma que se entrega aos Seus cuidados. Quem fará isso aqui? Há alguém nesta casa que está dizendo agora: “eu pertencerei a Cristo daqui por diante; confiarei Nele, porque Ele me amou e Se entregou por mim”? Feliz mensageiro! Estar aqui, contar a história Dele e dizer: Meu Senhor está esperando por vocês num país distante. Fui enviado para convidá-los a compartilhar com meu senhor de tudo o que Ele tem. Se seus corações estão dispostos a aceitá-Lo, Ele Se dá por vocês. A única queixa dele é: “vocês não vêm a Mim para ter vida”. E declara: “aquele que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora”. Qualquer “aquele” que vem a Ele será recebido e abençoado por Ele! Eliezer estava certo de que seu senhor trataria Rebeca com benevolência e verdade, por isso pediu ao pai e ao irmão dela para “tratarem com benevolência e com verdade” para com ele. Estou certo de que meu Senhor tratará a vocês com “benevolência e verdade” – Ele não poderia agir de outra forma! Se vocês conhecessem o coração Dele ou tivessem um vislumbre da Sua beleza, não hesitariam mais. Será que vocês não Lhe darão uma resposta favorável e não Lhe dirão: “sim, nós trataremos ao teu Senhor com benevolência e com verdade e entregaremos nossos corações a Ele de uma vez por todas”?
Penso também, que Eliezer começou a acreditar que seria para o benefício de Rebeca ir para o seu senhor. Ele viu o rosto dela junto ao poço. Agradou-lhe o jeito da moça e pensou: “se eu consegui-la para Isaque, ela estará resolvida na vida; ela será senhora e rainha de uma grande família; ela terá um marido feliz e tudo quanto o seu coração puder desejar”. É assim que penso de alguns aqui que nunca encontraram paz. Digo a mim mesmo que se eu pudesse levá-los a Cristo, quão felizes vocês seriam! Se vocês viessem e confiassem Nele teriam conquistado uma fortuna eterna. Se vocês se entregassem a Ele, seria o fim do pecado, o fim da dúvida, o fim do medo e o fim do terror. Vocês estariam salvos! Seu senso moral, que agora é tão precário, se ergueria numa espiritualidade sólida, pois vocês seriam santificados através da habitação do Espírito. Sabendo que é isto o que acontece, eu poderia fazer algo melhor por vocês do que conduzi-los a Jesus?
John B. Gough conta a história de como ele foi trazido de uma estação ferroviária para falar. Era noite e o coche que lhe foi enviado tinha uma janela quebrada. Ele notou que o homem que entrou no coche colocou um lenço sobre a cabeça enquanto sentava tapando o buraco da janela. Depois disto colocou a própria cabeça para vedar a janela, e Gough então lhe perguntou: “você está com resfriado na cabeça”? “Não”, ele disse, “mas há um buraco desagradável nessa janela de vidro e eu temo que o senhor possa pegar um resfriado. Estou enfiando minha cabeça no buraco para protegê-lo, pois o senhor me ensinou a ser um homem e um cristão”. Tamanha gratidão como essa foi muitíssimo tocante. Tenho certeza de que, se pudermos trazer alguns a Cristo, eles ficarão muito gratos. Se pudermos conduzí-los a Jesus, eles se sentirão como se não pudessem fazer o bastante por nós. Portanto, poderíamos pleitear com muitos que agora são nossos filhos queridos em Cristo e dizer: “Deem-nos uma resposta favorável e digam ‘sim’ para a oferta do Filho do nosso Senhor”.

III. O destaque do texto agora é que ELIEZER ESTAVA DETERMINADO A OBTER UMA RESPOSTA. Diz ele: “Agora, pois, se haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, fazei-mo saber; se não, declarai-mo”. Eles lhe dariam a resposta quer fosse sim ou não. “Se não, declarai-mo”. Posso pedir pra cada um aqui dizer “sim” ou “não” ao convite para se entregar a Cristo? Se você for se entregar diga “eu me entregarei”. Caso contrário, diga deliberadamente: “não me entregarei”. Eu gostaria de poder tomar um homem indeciso pela mão e lhe dizer: “Agora, me diga o que fará”. Posso imaginar que alguns de vocês diriam: “Bem, me dê um tempo para refletir sobre o assunto!” e eu lhes diria: “Você já teve tempo para refletir. Seus cabelos já estão ficando grisalhos.” Apesar de toda a nossa súplica, as pessoas dizem: “Ah, mas eu não gosto de tomar decisão às pressas!” Se lhe pedi que fosse honesto, é porque eu espero que não leve tanto tempo para responder! Por que você hesitaria tanto em aceitar a Cristo, então? Eu sou como o servo de Abraão – eu preciso ter uma resposta!
Podemos, acertadamente, pressionar os homens a se decidirem se tememos que sua resposta seja “Não”? Acho que sim, porque conforme a natureza do caso, não responder significa uma negação. Quantos dos nossos ouvintes têm deste modo virado as costas para Cristo por anos, através do simples procedimento de não lhe dar resposta alguma? “Estamos ouvindo o que o senhor diz” – eles murmuram, “e lhe agradecemos por dizer estas coisas”; mas, apesar disso, saem e continuam em seus caminhos – se esquecem do tipo de homens que são! Tal resposta é uma recusa – não é menos recusa pelo fato de vocês poderem argumentar: “Mas nós não dissemos ‘Não’, senhor. Na verdade, talvez, qualquer desses dias possamos dizer ‘Sim’”. Por enquanto, vocês rejeitam a proposta e recusam entregar-se ao Senhor! A questão é: vocês crerão no Senhor Jesus Cristo? A ausência de uma resposta afirmativa significa: “Não, não creremos”. Estou certo de que é isso que acontece em todos os casos. Nenhum argumento pode ser levantado sobre isso.
Mas se vocês me responderem categoricamente: “Não, nós não receberemos Cristo, não vamos crer Nele nem nos tornaremos cristãos. Não abandonaremos nossos velhos caminhos – pretendemos continuar neles”; bem, mesmo sentindo dor, agradeço pela resposta porque agora podemos conversar a respeito! É melhor do que não responder nada, pelo menos agora temos alguma coisa para trabalhar. Uma resposta desfavorável pode ser considerada, enquanto que a ausência de resposta desorienta todos os nossos esforços para ajudá-lo. É muito mais esperançoso encontrar oposição do que indiferença. É importantíssimo para um capitão, quando o navio está no mar, saber para onde está sendo levado. Quando nos encontramos com aqueles que rejeitam claramente a Cristo, imediatamente, reconhecemos nossa posição. Se você diz, “Não, eu não sou um cristão nem quero ser”, está sendo honesto e eu preciso que você pense sobre isso agora.
Você gostaria de morrer neste estado de espírito? Você pode morrer aí onde está sentado! Você é sábio para tomar decidir a respeito? Você acha que aquela é uma decisão que pode justificá-lo diante do tribunal de julgamento de Deus? Certamente você terá que comparecer ali! Após a morte, você levantará novamente quando a trombeta do arcanjo soar e, tão certo quanto está aqui, você terá que comparecer diante do Grande Trono Branco onde Cristo se assentará como Juíz! Como vai ficar a posição que você assumiu agora, à luz daquele tremendo Dia? Rogo-lhe que pense sobre isto. Espero que mude sua decisão como muitos outros homens têm feito ao considerarem calmamente a magnitude do assunto em questão e a terrível consequência que advém de rejeitar Aquele que agora é o Salvador, mas que um dia se assentará como o Juíz!
Estamos bastante determinados a pressioná-los para que tomem alguma decisão, já que uma resposta desfavorável nos liberará para irmos a outros. Vejam, Eliezer diz: “Se não, declarai-mo, para que eu vá, ou para a direita ou para a esquerda”. Não pensem que se vocês rejeitarem a Cristo Ele perderá os efeitos da Sua morte! “Ele verá o fruto do penoso trabalho da Sua alma e ficará satisfeito”. Se vocês não vierem a Ele, outros virão. Se vocês O rejeitarem, Ele tem um povo que O aceitará, por Sua onipotente Graça. Ó senhores, se vocês que ouvem o evangelho não aceitarem meu Senhor, nós iremos e traremos os publicanos e meretrizes – e eles entrarão no Reino dos Céus diante de vocês! Filhos de pais piedosos, filhos das escolas dominicais, se vocês não crerem, serão lançados nas “trevas exteriores” onde haverá “choro e ranger de dentes” – enquanto o povo a quem vocês desprezaram – infiéis e libertinos, a escória da sociedade, aceitará o Salvador e viverá!
Oh, conjuro-vos a que não pensem que a sua recusa ao convite do evangelho vai deixar alguma lacuna nas fileiras dos remidos! Nosso Salvador, em Sua parábola das bodas do filho do rei predisse o que acontecerá. O rei disse aos seus servos: “As bodas estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, pelos caminhos e a tantos quantos encontrarem, convidem para o casamento”. Saíram aqueles servos pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons: e o casamento estava repleto de convidados. Eu gostaria de instá-los a que se rendam ao Senhor, a fim de que sejam encontrados na ceia das bodas do Cordeiro. Não brinquem com assuntos eternos. Se vocês querem brincar de bobo, usem fichas ou seixos, não suas almas que viverão para sempre em felicidade ou em desgraça!
Minha insistência ganha força quando penso que se você me der a resposta direta: “Não, eu não sou cristão e não me interesso em ser um”, talvez consiga ver mais claramente, enquanto fala, a terrível decisão a que chegou. Uma resposta desfavorável pode lhe assustar e, finalmente, levá-lo a se arrepender da sua tolice e reverter sua decisão! Se você colocar num papel: “eu não sou cristão e não me interesso em ser um”, poderia ficar ainda mais assustado. Eu o desafio a fazer isso. Depois de escrito ponha sobre a lareira e observe. Será muito melhor fazer isto, mesmo sendo terrível, do que continuar nesse estado de suspense ímpio, indiferente quanto a estar salvo ou perdido, indeciso quanto a estar com Cristo ou contra Ele e ainda, no mais íntimo do seu ser, estar morto em delitos e pecados! Foi nisso mesmo que, certa ocasião, eu instei com os que estavam indecisos a irem as suas casas, escreverem num papel a palavra “Salvo” ou a palavra “Perdido” e assinarem seus nomes em baixo. Certo homem, ao entrar em sua casa, pediu um lápis e um papel. Quando sua esposa o inquiriu sobre a razão disto ele respondeu que iria fazer o que o pastor disse e escrever “Perdido”. Mas ela se recusou a buscar o papel se fosse para esse fim.
Então, ele mesmo conseguiu um papel e escreveu o P maiúsculo. Nesse momento, sua filhinha subiu na cadeira que estava por trás dele e disse: “Não, papai, o senhor não deve fazer isso! Eu preferiria morrer ao senhor ter de fazer isso” – e enquanto ela falava, suas lágrimas caíram sobre as mãos dele. O que meu sermão não conseguiu fazer, aquelas lágrimas fizeram. Aquele homem forte curvou-se e rendeu-se a Cristo – quando se levantou naquela saleta pegou a caneta e mudando o P em S, escreveu: “Salvo”. Ele foi salvo porque foi confrontado com o fato de que estava perdido. Sua resposta doentia surpreendeu tanto a ele quanto a sua filha. Que Deus opere a mesma mudança em vocês, tanto por amor a vocês mesmo quanto por amor aos seus entes queridos.
Quero pressioná-los a darem algum tipo de resposta porque eu prometi ao meu Senhor, assim como Eliezer, que procuraria por vocês e também porque uma resposta desfavorável me desobrigará do juramento que fiz. Se eu conseguir de vocês um “Não” como resposta, isso significa que não irão comigo ao Filho do meu Senhor e estarei livre. Foi assim com o servo de Abraão – ele e seu senhor concordaram desde o princípio. Quando os homens dizem “Não”, os rogos não têm mais utilidade e a pregação do Evangelho não tem poder sobre eles, então devemos deixá-los e levar as boas novas a outros, assim como Paulo e Barnabé, na antiguidade, disseram aos judeus irados em Antioquia: “Cumpria que a vós outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus; mas, posto que a rejeitais e a vós mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que nos volvemos para os gentios”. Rogo-vos, não ponham Cristo longe de vocês! Eu insisto que me deem uma resposta definitiva. Faço minhas as palavras de Eliezer quando disse: “se haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, fazei-mo saber; se não, declarai-mo, para que eu vá, ou para a direita ou para a esquerda”.
Agora eu quero argumentar com você sobre esse assunto. Prezado amigo, você está correndo perigo de morte eterna. Enquanto você está hesitando a vida está indo embora. Durante os últimos meses, quantos de nossos queridos amigos partiram por causa de influenza e outras causas! Esta congregação tem padecido de enfermidades, família após família, como jamais tive conhecimento. É possível que vocês estejam imunes? Conjuro-vos, portanto, a não agirem como se tivessem tempo de sobra. Possivelmente você não terá mais outra semana para viver! O tique-taque do relógio parece dizer: “Agora, agora, agora, agora, agora, agora.” Para alguns de vocês, há um alarme no relógio que proferirá este aviso quando tocar: “Agora ou nunca, agora ou nunca, agora ou nunca”.
Afinal de contas, o assunto que temos em mãos não é do tipo que exige grande debate. Se eu vou acreditar ou não nas Verdades de Deus não deve ser tema de discussão. Se eu vou receber o dom de Deus ou não, não deve ser algo a ser discutido, se eu estiver em meu juízo perfeito. Se, estando perdido, eu quero ser salvo; se, tendo sido proclamado a mim o Evangelho da vida eterna, eu deveria aceitá-lo pela fé – bem, não precisarei perguntar aos sábios o que deverei responder, nem preciso ir aos Tribunais consultar os juízes sobre a minha resposta. É algo tão simples que nem exige discussão. Quem vai escolher ser condenado? Quem recusará a vida eterna? Certamente há questões que devem ser decididas imediatamente.
Esta espera insignificante não tem feito bem a vocês até agora. Um camponês queria atravessar o rio, mas achou que era fundo. Resolveu ficar sentado e esperar até que as águas passassem. Ele esperou, mas o rio continuava fundo apesar de toda sua espera. Com essa demora, as dificuldades no caminho de vocês para aceitar a Cristo não ficam por menos. Se vocês olharem adequadamente para o assunto, verão que não existem grandes dificuldades no caminho, nem sequer havia tantos obstáculos como na imaginação de vocês.
Outro camponês, certa manhã, precisou atravessar a movimentada rua Cheapside, em Londres, mas ficou bastante atordoado com o tráfego de carros, táxis e transeuntes. Ele disse que tinha certeza de que não poderia atravessar a rua. Assim, esperaria até que o movimento diminuísse. Durante todo o dia o trafego permaneceu o mesmo. Ele não teria percebido muita diferença naquele fluxo de pessoas apressadas, a menos que tivesse esperado até a noite. Amigos, vocês têm esperado até encontrarem uma “ocasião conveniente” para se tornarem cristãos e, apesar de toda a demora de vocês, o caminho ainda não está claro. Há vinte anos alguns de vocês estiveram tão perto de se decidirem por Cristo quanto vocês estão agora. Não, vocês pareciam estar mais perto. Então pensei: “Alguns deles crêem em Jesus e rendem seus corações a Ele”. Mas vocês disseram que o tempo não era suficiente. E agora, é? O dia sem obstáculos está mais próximo? É a época mais adequada? Não, de fato, não melhorou nada.
Deixe-me dizer que eu creio que a espera de vocês não apenas lhes fez mal, na verdade lhes causou um grande dano. Houve tempos em que parecia fácil para vocês renderem-se às pressões do Espírito Divino. Certamente não está sendo mais fácil agora. Na verdade, está até mais difícil. Às vezes eu penso que Deus trata os homens da mesma forma que Benjamin Franklin tratou o homem que estava à toa em sua livraria e, por fim, pegou um livro e perguntou: “quanto custa?” Franklin respondeu: “Um xelim”. “Um xelim?” Perguntou o homem. “Sim, um xelim” – respondeu Franklin. Ele não ia dar o preço. Depois de ficar mais uns dez minutes ali o homem disse: “Sr. Franklin, quanto o senhor quer pelo livro?” “Dois xelins”, respondeu. “Não”, disse o homem, “o senhor está brincando!” “Eu não estou brincando” falou Franklin, “o preço é dois xelins”. O homem esperou e sentou-se um tempo, pensando. “Eu quero o livro”, falou pausadamente, no entanto, não pagarei dois xelins. “Quanto o senhor quer por ele?” “Três xelins.” “Bem”, disse o homem, “por que o senhor fica aumentando o preço?” Ao que Franklin respondeu: “Veja, você desperdiçou tanto o meu tempo que seria mais vantagem eu ter recebido um xelim de início que três xelins agora”.
Às vezes, se os homens vêem a Cristo ao primeiro convite, esta vinda é doce e fácil. Veja como criancinhas muitas vezes se entregam a Cristo e como é pacífica a sua entrada no descanso da fé! Mas, quando as pessoas esperam, quando postergam crer, quando violam suas consciências, quando esmagam todos os levantes de santos pensamentos dentro deles, torna-se muito mais difícil crerem em Cristo do que fora quando Ele lhes foi pregado pela primeira vez. Por isso, venho a vocês, mais uma vez, para dizer: “se vocês vão usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, digam-me. Se não, digam-me, e digam-me agora”.
“Bem”, fala um, “eu estou feliz por você ter falado conosco. Vou pensar a respeito”. Não, amigo, eu não quero dizer isto. Eu não quero que você pense depois. Você já teve tempo suficiente pra pensar! Eu oro pra que o Espírito de Deus possa conduzi-lo a uma decisão imediata. “Bem, suponho que poderemos considerar o assunto durante a semana?” você pergunta. Não. Isso não satisfará nem a meu mestre nem a mim. Quero uma respostaagora. Eu sou como um mensageiro levando uma carta onde está escrito: “o portador esperará por uma resposta”. Certa vez quando estive numa cidadezinha de interior, ao deitar, falei para meu anfitrião: “Tenho que estar em Londres amanhã. Não chegarei ao meu trabalho a tempo, a menos que você me acorde às seis horas para que eu consiga pegar um trem com facilidade.” Bem, meu hospedeiro era um irlandês e ele me acordou às cinco horas. Quando sentei na cama perguntei: “Que horas são?” Ele disse: “você tem apenas mais uma hora pra dormir”.
O resultado foi que perdi meu trem. Se ele tivesse me acordado na hora certa e dissesse: “Você tem que levantar agora”, eu teria me vestido de uma vez, mas como ele disse que eu tinha apenas mais uma hora pra dormir, certamente eu dormi aquela hora e a outra porque estava muito cansado. Os mesmos princípios aplicam-se a vocês. Se eu lhes digo pra irem pra suas casas e pensarem sobre tudo isso durante a semana, estarei lhes dando uma semana para permanecerem em rebelião contra Deus! E eu não tenho o direito de fazer isto. Estarei lhes dando uma semana para continuarem incrédulos – e aquele que é incrédulo está correndo o perigo de ruína eterna, pois, “aquele que crê não será condenado”. Pior que tudo isso, a semana poderá conduzi-los a muitas outras semanas, à meses, quem sabe até, anos – talvez por toda uma eternidade de angústia. Não posso lhes dar nem cinco minutos! Deus, Espírito Santo, fala através de mim, agora, às almas que Deus escolheu desde a fundação do mundo! Ele diz: “Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração”. O Espírito Santo diz: “Hoje, ainda hoje”. “Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” A pergunta para vocês: vocês serão de Cristo? “Se haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, fazei-mo saber; se não, declarai-mo.”
A melhor resposta que você pode dar está nos versos que seguem o texto. “Labão e Betuel responderam e disseram: Isto procede do SENHOR, não podemos falar-vos mal ou bem. Eis que Rebeca está diante de ti; tomai-a.” Oh, eu gostaria que alguns de vocês respondessem assim ao meu apelo neste dia! Isto também procede do Senhor! Foi Ele quem me deu essa mensagem; foi Ele quem o trouxe para ouvir isto! Certamente você não será encontrado lutando contra Deus! Seu coração está aberto a Ele – Ele vê o menor desejo que você tem em relação a Ele. Expire seu desejo, agora, e diga “Meu coração está diante de Ti – toma-o”.

“Toma meu pobre coração e faze-o estar
Eternamente fechado a todos menos a Ti!
Sela meu peito para que eu mostre
Aquele penhor de amor para sempre ali”.

Ele não demorará a aceitar aquilo que Lhe é oferecido! Ele o tomará agora e o guardará para sempre!
         “Como é que isso acontece?” alguém pode perguntar. O plano é muito simples: Jesus Cristo tomou sobre Si os pecados de todos que ainda hão de confiar Nele. Venha e descanse em Seu sacrifício expiatório. Entregue-se a Ele completamente e sem reservas e Ele salvará você. Tome-O como seu Salvador por um simples ato de fé. O âmago da questão é que eu, estando perdido, lanço-me a Cristo para me salvar. Acredito que o ato de fé foi muito bem demonstrado na declaração de um pobre imbecil. Disseram que ele era um idiota, mas eu acho que ele tinha mais compreensão que muitos homens que se vangloriam de sua inteligência. Alguém lhe perguntou: “João, você tem uma alma?”. Ele respondeu: “Não, não tenho nenhuma”. “Por que, João? Como pode isso?”. Ele disse: “uma vez eu tive uma alma, mas a perdi. Então, Jesus a encontrou e eu deixei que Ele a guardasse”. Aqui está a filosofia da salvação por completo. Você perdeu sua alma. Cristo a encontrou! Deixe que Ele cuide dela! Deus os abençoe! Amém.







16 - Clamor

É bastante encorajadora a quantidade de promessas que temos da parte de Deus na Bíblia quanto a sermos atendidos caso clamemos a Ele especialmente nos momentos difíceis e de angústia; assim como uma criança faz ao correr para os braços de seu pai numa hora de  perigo.
Podemos então dizer que isto é como a alma que corre para buscar proteção e alívio em Deus.
E Ele assegura que nos atenderá se clamarmos por Ele.
Clamar não é necessariamente bradar em alta voz com os nossos lábios, como geralmente se costuma pensar, mas como podemos verificar nas mais de seiscentas ocorrências deste verbo no original hebraico (qara),o seu significado está relacionado a:
1 - chamar, seja para trazer à existência (Gên 1.5), seja para dar nomes (Gên 2.23), seja para convocar a presença (Gên 20.9);
2 – proclamar , anunciar(Êx 33.19; 34.5; Lev 23.2);
3 – convidar (Êx 34.15);
4 – clamar (Lev 13.45);
5 – convocar (Núm 1.16);
6 – comunicar, ler (2 Reis 22.8, 10, 16);
7 – Invocar (Sl 18.3).
Vemos assim que clamar nada mais é do que buscar o Senhor, chamar por Ele expor-lhe o nosso coração – comunicar-se com Ele.
Isto é algo para ser feito em todos os momentos de nossas vidas, porque buscar se comunicar com o Senhor sobretudo em nossas orações é algo que nos é determinado em Sua Palavra (“orai sem cessar”), e especialmente nos momentos de angústia e aflição.
Destacamos a seguir algumas passagens bíblicas pelas quais somos incentivados a clamar ao Senhor.
Salmo 3.4 Com a minha voz clamo ao Senhor, e ele do seu santo monte me responde.
Salmo 18.3 Invoco o Senhor, que é digno de louvor, e sou salvo dos meus inimigos.
Salmo 34.6 Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o livrou de todas as suas angústias.
Salmo 50.15 e invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.
Salmo 86.7 No dia da minha angústia clamo a ti, porque tu me respondes.
Jeremias 33.3 Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes.
Além destes versículos você pode ler muitos outros relativos ao assunto acessando um dos seguintes links:
http://www.recantodasletras.com.br/mensagensreligiosas/5415699
http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128555







17 - Oração, Súplica e Intercessão

Petições podem ou não fazer parte de nossas orações, mas a oração não consiste meramente em pedir; porque ela é o principal meio de ligação do nosso espírito com a pessoa de Deus.
Assim como o principal meio de comunicação entre pessoas é o da conversação, estando nela incluídas todas as demais formas de expressão por sentimentos, emoções e ideias, e tanto mais profunda e extensa será esta conversão quanto maior for a intimidade dos interlocutores, de igual modo se dá em relação a Deus, só que neste caso, necessitamos também da ajuda do Espírito Santo, pois somente Ele conhece a mente de Deus, e pode nos conduzir a orar da maneira que convém fazê-lo.
E quanto for maior a intimidade do crente com Deus, maior será a sua comunicação com Ele através da oração, pois nos agrada estar na companhia da pessoa amada, tendo comunhão com ela através da expressão de nossos pensamentos e sentimentos.
Importa que a oração seja no Espírito (Judas 1.20) porque se presume que toda oração verdadeira implica uma real comunicação com Deus, e não uma mera articulação de palavras da nossa parte.
Vemos assim que nem tudo o que é chamado de oração é verdadeiramente oração, por faltar este elemento essencial da ligação com Deus.
A oração é muito mais do que uma simples ponte de ligação entre o crente e Deus – ela é o elo de ligação entre ambos– é como um imã de atração do espírito do crente com o espírito de Deus.
Quando percebemos a presença de Deus se movendo pelo Espírito Santo em nosso espírito é quando podemos saber que estamos orando de fato.
Não raro o próprio Espírito Santo trará motivos de intercessão às nossas mentes e inspirará nossos lábios ao louvor e às petições que brotarão espontaneamente em nossos corações.
Por isso importa continuar elevando o pensamento a Deus e implorando humildemente que atenda à nossa oração, até que sintamos a presença do Espírito Santo nos movendo a orar como convém.
Por isso, a oração é designada muitas vezes nas Escrituras como sendo uma batalha que devemos empreender até que possamos prevalecer com Deus.
Esta insistência em permanecer na presença do Senhor é uma das formas pelas quais Ele coloca à prova a nossa fé e o nosso sincero desejo de estar em comunhão com Ele.
Que o Espírito Santo nos ajude a orar desse modo, e que nos mova da posição cômoda de se limitar a dirigir poucas palavras, muitas vezes repetitivas, e que chegam a se tornar para nós como sem sentido em algumas ocasiões, para que possamos estabelecer um canal de comunicação verdadeiro com Deus em nossos espíritos – e assim, o adoremos em espírito e em verdade.
Nosso Senhor, com as palavras que proferiu em Marcos 11.25, nos revela claramente que o propósito da oração é sobretudo o de estabelecer a nossa comunhão com Deus, tanto que se ao nos dispormos a orar, nos lembrarmos que temos motivo de queixa contra alguém, devemos nos dispor a perdoar, porque, certamente, um coração magoado e ressentido não pode manter comunhão com Deus que é totalmente amoroso e perdoador.
Pressupõe-se portanto que toda oração verdadeira é aquela que procede de um coração puro, perdoador e amoroso, e de uma mente que busque ou esteja em paz.
Importa que até mesmo em nossas orações, seja a paz de Cristo o árbitro da real condição de nossos corações.
Ao promover a nossa comunhão com Deus por meio da oração, somos fortalecidos espiritualmente, de modo que somos exortados a orar continuamente – sem cessar, porque a falta de oração indica que estamos fracos, e portanto, em vez de andarmos no Espírito, seremos vencidos pela carne.
É por este fortalecimento espiritual que é promovido pela oração que podemos vencer as tentações (Lucas 22.40).
Se a oração é o meio de nosso fortalecimento espiritual, seria então de se supor que os motivos em nossas intercessões, petições e súplicas a Deus deveriam estar sobretudo relacionados às bênçãos espirituais que temos em Cristo nas regiões celestiais, e não meramente para atender interesses seculares e materiais.
Deus espera que pelas orações sejamos cada vez mais conformados à semelhança com nosso Senhor Jesus Cristo, e para tanto necessitaremos ser transformados e amadurecidos espiritualmente, pois adoramos ao Jesus que não vemos com os olhos da carne, senão com os olhos da fé, que permitem que não somente o contemplemos em espírito, como também a que participemos da sua própria vida.
Nós temos um exemplo prático desta verdade na oração sacerdotal de nosso Senhor no décimo sétimo capítulo do evangelho de João, na qual intercedeu principalmente pela santificação e unidade dos crentes.
Nossas orações deveriam ter portanto em foco muito mais os interesses do reino de Deus e a sua justiça do que propriamente os nossos interesses – o que respeita ao progresso e triunfo do evangelho, do que às nossas próprias vitórias.
Daí a importância de nos aprofundarmos no conhecimento da Palavra de Deus, de maneira que nossas orações possam ser feitas segundo a vontade do Senhor, e assim tenhamos a certeza de que somos ouvidos.
Nossa vida espiritual está em Jesus Cristo, e a oração é o meio pelo qual nos apropriamos dessa vida espiritual, de modo que teremos mais desta vida tanto quanto mais orarmos. Isto explica a razão pela qual o próprio Senhor Jesus Cristo estava sempre em oração – para que a viva comunhão que tinha com Deus Pai fosse mantida. Paulo também orava sem cessar porque havia aprendido que sem a oração não poderia viver em permanente comunhão com Deus, estando fortalecido em espírito para cumprir o ministério que lhe fora designado por Ele.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras
1 – proseuche (grego) – oração
2 – entugchano (grego) - interceder
3 – enteuxes (grego) – intercessão
4 – proseuchomai (grego) – orar,suplicar
5 – tephilah (hebraico) – oração, intercessão, súplica
6 – palal (hebraico) – orar, suplicar, interceder; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.escrita.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=33531






18 - Quando o Clamor se Faz Mais Necessário

Nós vemos o salmista clamando a Deus por libertação das profundezas em que se encontrava, no Salmo 130.
Tais profundezas eram certamente da alma, traduzidas em depressão, ansiedade, angústia, inquietação, ou qualquer outra causa que conduza a alma a uma condição de extremo abatimento.
Caso ele não clamasse seria de se esperar que a sua situação se agravasse ainda mais, porque em questões relativas ao espírito, um abismo chama outro abismo enquanto não recorremos ao socorro divino.
Uma das principais razões para esta necessidade de se clamar a Deus prende-se ao fato de que Ele não pode operar nas situações que impliquem a transformação de nosso caráter e conduta, a não ser pelo nosso consentimento voluntário.
Se assim não fora, Deus poderia transformar todos os ímpios e pecadores em santos, independentemente do concurso da vontade deles.
Além disso, a condição para a bênção do livramento e paz de nossas almas, consiste no atendimento de pré-requisitos, notadamente aqueles que estão relacionados ao cumprimento dos mandamentos de Deus – da busca de se fazer a Sua vontade – e isto não nos vem a não ser por uma operação direta do Espírito Santo em harmonia com o nosso próprio espírito.
No campo de livramentos externos e físicos, Deus pode e tem agido em todo o tempo, até mesmo no caso de ímpios, e de ausência de fé, e independentemente da nossa vontade, porque, neste caso, não há o concurso da necessidade de qualquer transformação interior.
Por exemplo, quando o apóstolo Pedro estava afundando nas águas do mar revolto e clamou por socorro ao Senhor Jesus, cremos que ele teria sido ajudado, no sentido de ser livrado do afogamento, ainda que por qualquer razão não tivesse podido clamar por socorro; pois se tratava, como já nos referimos antes, de um livramento físico e não espiritual.
Agora, os temores, os pecados, a incredulidade e toda e qualquer fraqueza de caráter de Pedro, somente poderiam ser tratados por uma busca espiritual do apóstolo das graças espirituais que nos curam dos nossos males interiores.
Agora, quer em se tratando de livramentos físicos ou espirituais, faremos bem em sempre clamar a Deus, como fizera o apóstolo Pedro quando afundava no mar.
             







19 - Oração a Deus em Angústia - um Sacrifício Aceitável

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

"invoca-me no dia da angústia: eu te livrarei, e tu me glorificarás." (Salmo 50.15)

O Senhor Deus neste Salmo é descrito como tendo uma controvérsia com o Seu povo. Ele convoca o céu e a terra para ouvi-lo enquanto pronuncia sua reprovação. Somos informados mais claramente que o Senhor não tinha qualquer controvérsia com o Seu povo sobre o exterior da sua adoração. Ele não os reprovou por seus sacrifícios e holocaustos. Ele mesmo fala destes sacrifícios simbólicos e diz, "De tua casa não aceitarei novilhos, nem bodes, dos teus apriscos." (v.9). Sua queixa não foi a respeito de cerimônias e rituais visíveis e isso mostra que Ele não dá tanta importância às coisas exteriores, como a maioria dos homens supõe.
Sua reclamação foi a respeito de adoração interior, da adoração da alma, do culto espiritual! Sua reprovação era de que o Seu povo não oferecia ação de graças e oração e que o seu comportamento era tão incoerente com suas profissões que, claramente, seus corações não acompanhavam suas formalidades exteriores. Esta foi a essência da acusação contra eles. Não tinham a verdadeira comunhão com Deus, e mantinham apenas a aparência dela. Vemos, então, que o culto de coração é a coisa mais preciosa aos olhos do Senhor.
Também não é difícil ver por que é assim, pois é claro que se um homem tivesse mantido o ritual da antiga Lei até o máximo, ele ainda poderia não ser, com sinceridade, um adorador de Deus afinal. Ele poderia conduzir rebanhos inteiros de suas ovelhas para a porta do templo para o sacrifício e ainda assim poderia não sentir qualquer reverência espiritual em relação ao Altíssimo. Provou-se vezes sem conta que o maior cuidado e zelo para com cerimônias externas é bastante consistente com a ausência absoluta de qualquer verdadeira compreensão de Deus e do amor sincero por Ele. O hábito pode manter um homem exteriormente religioso enquanto sua mente se esqueceu do Senhor! Sim, a consciente falta de graça interna e vital pode levar um homem a um zelo mais intenso em formalidades, a fim de esconder o seu defeito.
Está escrito: "Israel abandonou o seu Criador e construiu templos." Você acha que se ele constrói templos ele deve reconhecer o seu Deus, mas não foi assim. Dentro desses edifícios, ele se escondeu dAquele que não habita em templos feitos por mãos. Sob as dobras das vestes, os homens sufocam seus corações para que não venham a Deus. Belas música afogam o grito da alma contrita e a fumaça de incenso torna-se uma nuvem que esconde a face do Altíssimo! Grandes sacrifícios podem muitas vezes ser uma oferta feita para alimentar o orgulho pessoal de um homem rico. Sem dúvida, alguns reis que deram grandes contribuições para a casa de Deus fizeram isso para mostrar a sua riqueza ou para mostrar sua generosidade, um pouco no espírito de Jeú, que disse a Jonadabe, filho de Recabe, "Venha comigo e veja o meu zelo para com o Senhor."
Um grande sacrifício pode ser nada mais do que uma oferta para a popularidade e por isso é uma oferta ao egoísmo e vaidade. Com tais sacrifícios, Deus não poderia estar satisfeito. Ai, como é fácil contaminar a adoração de Deus e anular a sua qualidade até que, como o leite que fica azedado, pode ser totalmente rejeitada.
Antes de proclamar as palavras do nosso texto, o Senhor disse no verso anterior o seguinte: "Oferece a Deus sacrifício de ações de graças e cumpre os teus votos para com o Altíssimo;”, porque havia perdido de Seu povo,  em primeiro lugar, a sua gratidão. E em seguida, perdeu neles aquela confiança santa que iria levá-los a recorrer a Ele na hora da necessidade, e portanto, lhes diz: "Invoca-me no dia da angústia, eu te livrarei, e tu me glorificarás ". Irmãos e irmãs, vocês têm falhado nessas duas coisas preciosas? Você falha em agradecimento? O Senhor multiplica os Seus favores para muitos de nós - devemos multiplicar nossos agradecimentos? A terra devolve uma flor para cada gota de orvalho - devemos nós, da mesma forma, responder à misericórdia abundante? Será que as bênçãos da Sua Providência e os favores de Sua Graça nos ensinam a cantar salmos para o sempre Misericordioso?
Será que não é muito frequente permitirmos que as misericórdias divinas venham a nós sem serem dignas de uma palavra de gratidão? Dedicamos um tempo para o louvor de Deus?  Vocês, meus irmãos e irmãs, dão graças em tudo? Eu também posso me aventurar a perguntar se você paga seus votos a Ele? Em tempos de doença e tristeza você diz, "Gracioso Senhor, se eu for recuperado, ou se eu for livrado dessa condição, eu vou ser mais crente, eu serei mais consagrado. Vou me dedicar somente a Ti, ó meu Salvador, se agora me restaurares."
Você está atento a estes votos? É uma questão delicada, mas eu a coloco claramente, porque o voto não resgatado é uma ferida no coração. Se você falhou em seus agradecimentos, lembre-se que estas são as coisas para as quais Deus olha mais do que qualquer observância cerimonial ou serviço religioso. Ele quer que você traga sua gratidão diária e seja fiel a seus votos a Ele, pois é digno de ser louvado e isto é conhecido a Ele pelo cumprimento do voto.
Deixe-me dizer que Deus deve considerar isto como sendo uma das formas mais aceitáveis ​​de adoração, a saber, que devemos invocá-lo no dia da angústia! Ele nos diz que o nosso apelo por sua ajuda na hora da angústia será mais aceitável para Ele do que as oblações que sua própria Lei ordenou, mais agradável do que todos os bois e bodes que príncipes poderiam apresentar em Seus altares!
São nossos gritos de angústia e nossos apelos de esperança aceitáveis a Deus? Então vamos clamar fortemente a Ele! Alguns de vocês estão em águas turbulentas? Invocai-o! Você está no deserto com fome? Invocai-o! Você está em covas de leões e entre as montanhas dos leopardos? Invocai-o! Se você está em perigo, assim como sua alma ou seu corpo, não hesite em orar de uma vez, mas diga para si mesmo: "Por que eu deveria desistir? Deixe-me dizer ao Senhor da minha tristeza rapidamente, pois se Ele conta o meu apelo como um sacrifício digno, com certeza eu vou apresentá-lo com todo o meu coração!"
Que o Espírito Santo, o Consolador, nos permita clamar a Deus no dia da angústia porque isto traz glória a Ele. Peço que você observe o tempo que é especialmente mencionado. Invocar a Deus em qualquer tempo honra a Ele, mas invocá-lo no dia da angústia tem uma marcação especial que é peculiarmente agradável ao Senhor, porque isto produz Glória peculiar ao Seu nome. Observe, então, em primeiro lugar, que quando um homem clama a Deus, sinceramente, no dia da angústia, isto é um reconhecimento verdadeiro de Deus.
Devoções exteriores supõe um Deus, mas a oração no dia da angústia prova que Deus é um fato para o suplicante. O suplicante aflito não tem dúvida de que há um Deus, porque está recorrendo a Ele quando a mera formalidade pode produzir nenhum conforto. Deus não é um mero nome ou uma superstição para ele, pois tem certeza de que há um Deus, porque está clamando a Ele numa hora quando uma farsa seria uma tragédia e uma impostura seria uma zombaria amarga. O suplicante aflito percebe que Deus está perto dele. Tem uma percepção da onipotência de Deus, pela qual Ele pode ajudar, e da bondade de Deus, que o levará a ajudar.
Observe a seguir, que a promessa é pessoal. "Eu te livrarei." Não é dito: "Meus anjos devem fazê-lo", mas o Senhor Deus se compromete a resgatar Seu povo. "Eu serei um muro de fogo ao redor deles."  Então, também, é pessoal ao seu objeto pois o próprio homem que clama a Deus em apuros deverá ser um participante da bênção! "Invoca-me no dia da angústia, eu te livrarei". É pessoal, pessoal para você! Portanto, caro amigo, acredite nesta promessa pessoal do seu Deus!
Lembre-se, também, que é permanente. Você pediu esta promessa, alguns de vocês, há 50 anos, é tão certo hoje como era então. A promessa de Deus que foi feita há 2.000 anos atrás é tão válida como se tivesse sido proferida este dia.
Por último, se você confiar no seu Deus em sua aflição será livrado, e o Senhor será glorificado na sua conduta. Quando um homem ora a Deus nas horas de angústia e recebe livramento, assim como ele tem a certeza de obtê-lo, então ele honra seu grande Ajudador ao contemplar a maneira em que a promessa foi cumprida, adorando e bendizendo o Senhor amoroso por tal interposição graciosa.
Em seguida, você irá honrá-lo pela gratidão do seu coração no qual a memória de Sua bondade estará sempre gravada. Esta gratidão devota de vocês vai levá-los, no devido tempo, a darem testemunho da Sua fidelidade. Outros ficarão impressionados quando contar a história daquilo que o Senhor tem feito por sua alma.
Ao mesmo tempo, você, pessoalmente, vai crescer na fé pela experiência do amor e do poder de seu Pai celestial. E nos próximos dias você vai glorificá-lo pelo aumento da paciência e confiança. Você vai dizer: "Ele esteve comigo em seis angústias e Ele vai estar comigo na sétima. Tenho provado, meu Deus, e eu não me atrevo a duvidar dele." Sua serenidade de espírito será mais profunda e duradoura, e você será capaz de desafiar o poder de Satanás ao tentar roubar a sua alegria em Deus.







20 - Incentivo a Confiar e Orar

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

“certamente, se compadecerá de ti, à voz do teu clamor, e, ouvindo-a, te responderá.” (Isaias 30.19 b)

O grande pecado do homem é sua alienação de Deus. Ele tem dito em seu coração: "Não há Deus", e em sua vida, ele trabalha para fugir da Presença Divina. A viagem para o país distante não é feita apenas por causa da vida desregrada, mas para que ele possa sair da casa do seu Pai. Alguém poderia pensar que o homem tornaria para o Senhor, no dia da angústia, como disse Oséias: "Na sua aflição eles vão procurar-me mais cedo." Mas isso, infelizmente, não ocorre na verdade e com sinceridade, pois muitas vezes o pecador segue o exemplo de Acaz, de quem está escrito: "No tempo da sua angústia transgrediu ainda mais contra o Senhor."
Todas as provações e dificuldades do mundo não irão, por si mesmas, levar um homem a Deus, mas em vez disso o apressarão para a rebelião, o desespero, e dureza de coração! O homem vai olhar para todas as direções antes do que olhará para Deus. Ele vai antes, como Saul, procurar a ajuda de uma bruxa ou de um demônio para buscar o Deus vivo. Ele vai, sim, fazer uma aliança com a morte e uma aliança com o inferno do que transformar o seu coração para o seu melhor Amigo e Ajudador. Está escrito: "Ai dos que descem ao Egito para buscar socorro, e que se estribam em cavalos, e têm confiança em carros e nos cavaleiros, porque são muitos, porque são muito fortes, mas não atentam para o Santo de Israel, e não buscam o Senhor! "
Vão é o aviso, pois o homem ainda se inclina sobre um braço de carne e confia numa coisa tola e fantasiosa em vez de confiar no Deus Todo-Poderoso. O homem muda totalmente a sua posição de confiança muitas vezes e agora depende disto, e depois, daquilo.
Nem é somente quando ele é enganado que ele persiste na sua insensatez, pois continua na mesma, quando ele sabe que pagou caro por sua loucura e tem sido empobrecido por gastar seu dinheiro naquilo que não é pão. O Egito esvaziou o seu tesouro e não lhe deu qualquer ajuda. Ele tem pensamentos dolorosos. Usa sua força mental. Faz esquemas. Ele se preocupa. Preocupa-se em encontrar, em suas confidências carnais, alguns poucos consolos. E assim gasta a sua vida e seca até a medula dos ossos em busca na criatura daquilo que pode tão facilmente ser encontrado no Criador!
Mesmo quando empobrecido e desgastado com incredulidade, o homem não vai olhar para o Senhor! Mesmo assim, ele adora alguma coisa nova, que lhe promete assistência. Ele parece ansioso e disposto para ser enganado! Se, enfim, toda a confiança carnal é excluída por pura incapacidade de toda esperança, ele vai deitar e morrer, antes do que buscar o Senhor! Ele sofre, ah, quão cruelmente, pelas alegrias vãs em que confiava, mas que ainda as perseguiria se pudesse. Ele vai mais cedo perecer com fome do que confessar o seu pecado contra o céu e começar a viver pela fé em Deus!
Este é o fruto da Queda, a evidência negra da nossa depravação, a mãe fecunda de destruição - "o pendor da carne é inimizade contra Deus." Devemos ter algo para confiar, aquilo que possamos ver com nossos olhos e apalpar com as nossas mãos - no Jeová invisível não podemos confiar e ainda assim, sozinho, é o Deus vivo e verdadeiro! Oh que fôssemos sábios, que entendêssemos e disséssemos isso em nossos corações: "Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará." Agora todo esse tempo, enquanto o homem está lutando para ficar longe de Deus, o Senhor está disposto o suficiente para recebê-lo, perdoá-lo, para abençoá-lo e enriquecê-lo com toda a alegria! Nem somente está disposto, mas é capaz, plenamente capaz de ajudar o coração perturbado em cada dificuldade e confortar debaixo de toda angústia.
Por isso que o Senhor espera para que possa ter misericórdia e Ele é exaltado por mostrar misericórdia. Se a falta de vontade fosse da parte de Deus, poderíamos muito facilmente compreender e, em certa medida, justificar a falta de vontade do homem para voltar-se para Deus. Mas quando o Senhor incentiva o homem a retornar, convida-o, arrazoa com ele, suplica-lhe e faz todos os preparativos para a sua recepção, por que então é que o homem ainda se recusa? Seu Senhor deu ricas promessas de toda a ajuda que ele possa desejar e é ingratidão imperdoável e obstinação perversa por parte do homem que ainda persista em se manter distante do seu Criador! Ele escolhe perecer para sempre, antes do que confiar no seu Deus! Não é este o caso de alguns que leem estas minhas palavras?
Desejo neste momento expor a graça de Deus e a sua prontidão para ouvir o clamor dos necessitados, com a esperança de que alguns aqui presentes, que possam ter esquecido isso, possam ouvi-lo e serem encorajados a dizer: "Eu me levantarei e irei ter com meu Pai".
Ao tentar expor a Graça transbordante do Senhor, nosso Deus, vou em primeiro lugar falar sobre o fato de que essa garantia é particularmente adequada para certas pessoas. "Ele certamente, se compadecerá de ti, à voz do teu clamor, e, ouvindo-a, te responderá.” Isto é aplicável e confortável para todas as pessoas aflitas! Para os tais eu me dirijo. Você que está deprimido neste momento pela dor pesada. As coisas têm ido mal com você, e não prospera nos negócios, ou está doente no corpo ou um ente querido está em casa definhando. Não admira que esteja se sentindo extremamente sobrecarregado em espírito! Ao mesmo tempo, você está pouco à vontade quanto ao seu próprio estado. O ferro está entrando em sua alma! Enquanto atravessa esta escuridão, você será fortemente tentado a pensar duramente de Deus e culpá-lo pelos problemas que agora o cercam! No entanto, isso só vai piorar as coisas e aumentar o seu pecado e sua tristeza! Talvez, também, você estará pronto para se desesperar e dizer: "Não há esperança, estou tomado como em uma rede e não há escapatória para mim." Possivelmente você estará pronto para tentar algum método errado por meio de ajudar a si mesmo das presentes angústias. Satanás irá sugerir a você caminhos desonestos, impuros, ou imprudentes, que possuem alguma sombra de alívio. Este é o seu perigo neste momento e, compadecido de você, o Senhor nos convida a assegurar-lhe que há um caminho muito mais sábio aberto para você, ou seja, voltar-se para Ele, pois Ele vai se compadecer de você com a voz de seu clamor, e quando Ele ouvir, Ele irá lhe responder!
Existe ajuda em Deus para a sua provação presente, qualquer que seja a forma que ela assuma. A Infinita Sabedoria, entende isto e o Poder Infinito pode ajudá-lo através disto. Deus pode retirar de você o que está sofrendo, ou pode prevenir a ocorrência daquilo que você teme. Ou, se, em sua sabedoria divina, Ele vê a necessidade de fustigá-lo com a vara, Ele pode permitir que você o suporte e assim o faça retornar para o seu bem eterno! Esteja bem certo de que Ele não aflige nem entristece os filhos dos homens ou tem qualquer prazer em suas tristezas. Ele se compadece daqueles que estão aflitos, pois é muito sensível e cheio de compaixão. E está sempre pronto para socorrer o sofrido. Há uma razão para a provação pesada que agora você está experimentando - dependa disso e não se queixe.
O Senhor não está agora lhe visitando com ira, mas com bondade em Sua severidade. Você não pode acreditar nisso? É realmente assim e sua força, o seu conforto, a sua libertação final de tudo isso virá através de seu conhecimento que isso é verdade e quando agir em conformidade! Entregando-se a Deus e confiando nele na provação, você obterá a libertação. "Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: voltando e descansando, sereis salvos; no sossego e na confiança, estará a vossa força."
Diga: "A partir deste momento, meu Pai, eu vou procurá-lo e você será meu Guia. Por meio de Jesus Cristo, Seu Filho, vou me aproximar de você, confiando em Seu sangue precioso. Ajuda-me e livra-me." Você deve encontrá-lo pronto para perdoar e salvá-lo e viverá para louvar Aquele cuja "misericórdia dura para sempre." Deixe-me sussurrar em seus ouvidos a doce certeza do texto: "certamente, se compadecerá de ti, à voz do teu clamor, e, ouvindo-a, te responderá.”
A segunda classe de pessoas a quem o texto será muito aplicável é constituída por aqueles que estão preocupados por causa do pecado - pecadores que estão começando a sentir a iniquidade de seus pecados, que estão neste momento sendo derrubados com um sentimento de culpa e com o medo da punição. Agora, a fim de escapar do pecado e do castigo, a primeira coisa a fazer é voltar para o seu Deus, a quem você ofendeu, pois somente Ele pode perdoá-lo. Deve haver um retorno em arrependimento e um olhar dos olhos da fé para Deus em Cristo Jesus, ou você vai morrer em seus pecados.
Uma aceitação alegre lhe espera, se você voltar para casa de seu Pai, Ele não vai censurar-lhe por seus erros, mas tirará os trapos e lhe vestirá com o melhor manto da justiça de Cristo! Ele vai encher a casa com música e se deleitará em ti. Você não precisa fazer nada para tornar o Senhor propício, pois Ele já é amor! Você não precisa se submeter a penitências, nem passar pela angústia grave do espírito, a fim de tornar Deus mais misericordioso, pois Sua graça abunda! Em Cristo Jesus, o fluxo de Amor Divino flui livremente, rápida e ricamente para o pior dos homens! Somente volte para Deus, contra quem tinha transgredido, reconhecendo a sua transgressão e coloque a sua confiança nEle através de Jesus Cristo, Seu Filho, e "Ele certamente, se compadecerá de ti, à voz do teu clamor, e, ouvindo-a, te responderá.”
Se você olhar para a sua própria sabedoria, é evidente que você não pode guiar o seu próprio caminho através do deserto sem caminhos da vida. Qual é a sua sabedoria, senão a essência da loucura? Volte, então, com confiança infantil, a Deus. Venha, crente, para o mesmo lugar onde sua vida espiritual começou a encontrar a força, a sabedoria, o descanso e tudo no Deus vivo! Que este versículo sorria para você e lhe dirija para Deus "Ele "certamente, se compadecerá de ti, à voz do teu clamor, e, ouvindo-a, te responderá.”
Esta CERTEZA que aqui é citada está muito firmemente fundamentada. As palavras de nosso texto não são de velhas fábulas, elas não são um conto bonito que as mães, às vezes dizem a seus filhos - uma história feita para agradá-los, mas que não é verdade. O texto não é ficção, é um dito fiel da boca de Deus. "Ele vai se compadecer de você." Qual, então, é o fundamento desta certeza? E em primeiro lugar, eu diria, a base do nosso conforto é encontrada na promessa comum de Deus, como mencionada no texto e em muitas declarações semelhantes que estão espalhados por toda a Escritura.
Você quer saber por que devemos voltar para Deus e confiar nele? É porque assim diz o Senhor, que não pode mentir, nem mudar - "Ele "certamente, se compadecerá de ti, à voz do teu clamor, e, ouvindo-a, te responderá.” Isto é uma parte de Sua Palavra infalível, não é? É verdade, então você não tem nenhuma dúvida sobre que seja assim! Venha, então, com sua Bíblia aberta, coloque o dedo sobre as palavras e diga: "Eu creio que Deus está aqui declarando sua disposição de ser muito gentil para comigo e ouvir a minha oração." Agora, o que mais você precisa? Será que uma criança precisa de qualquer garantia melhor do que a palavra de seu pai? Será que um verdadeiro discípulo necessita de qualquer evidência mais forte do que a promessa de seu Mestre?
"Está escrito." Isso não é o suficiente para você? Vá de joelhos e implore o cumprimento desta Palavra de Deus de uma vez! Se o seu amigo tinha dito, "Eu vou conceder o seu pedido," você não acredita nele? Não duvide, então, do seu Deus, do seu Pai! Ele nunca lhe deu motivos para desconfiança da Sua Palavra. Não são todas as suas promessas fiéis? Venha, então, a garantia está bem fundamentada. Se houvesse apenas essa promessa, ela seria o suficiente, mas veja quantas existem! As graciosas promessas da Palavra de Deus são tão numerosas como as estrelas que iluminam o céu. "Eu nunca te deixarei, nem te desampararei." "Minha graça é suficiente para você." "Não tenha medo, eu vou te ajudar." "Aquele que crê não será confundido." "Confia no Senhor e faze o bem, então você deve morar na terra e verdadeiramente será alimentado." Eu não preciso citá-las, porque você as conhece bem e seu número é muito grande. Mas todas elas são feitas à fé e nenhuma delas à incredulidade! Tenha fé nisto e creia no seu Deus e que a Sua Palavra deve ser cumprida em sua experiência feliz!
Um segundo terreno sobre o qual essa garantia está construída é a natureza da graça de Deus. O texto dá a entender isso. "Ele vai se compadecer de você." É a natureza de Deus, o Deus de Israel, é muito generoso em suas relações! Ele abre as mãos e supre as necessidades de todos os seres vivos. Ele é o Deus de graça! Ele também não para por aí, pois enquanto é generoso para as Suas criaturas carentes, Ele também é misericordioso para com as Suas criaturas pecadoras! O julgamento é a sua estranha obra, mas tem prazer na misericórdia! Nada lhe agrada mais do que passar sobre a transgressão, a iniquidade e o pecado. Para que Ele pudesse usar Seu atributo de misericórdia Ele sacrificou o Amado da Sua alma, o Seu próprio Filho, Jesus! Ele o entregou por todos nós - para que pudesse ter misericórdia de nossa raça culpada.
Isto é certo quanto ao caráter de Deus, que é rico em amor, graça e misericórdia, para que Ele tenha misericórdia daqueles que o buscam. Vamos buscá-lo de uma vez, cada um de nós!
Além de tudo isso, Ele prometeu dar o Espírito Santo para ajudar na oração, ajudando as nossas fraquezas, porque não sabemos o que havemos de pedir como convém. Ele iria dar o Espírito Santo e ainda fazer com que a oração seja ineficaz? Isto não é concebível! Deleita a Deus ouvir os clamores de Suas criaturas! "Quando ele ouvir tuas orações, Ele vai te responder" - é o que diz o texto! Será que Ele não disse: "Antes de clamarem eles, eu responderei, estando eles ainda falando, eu ouvirei "?
Que o Espírito Divino lhe ajude a orar neste dia! Se você orar e confiar nesse dia, será para você como o início do dia, e de agora em diante você deve deliciar-se na abundância de paz! Oh crente, deve ser verdade para você, "Sua alma repousará no bem, e a sua descendência herdará a terra"! Que o bom Espírito do Senhor derrame sobre você tal graça que será abençoado e se tornará uma bênção para os outros! Você deve caminhar alegremente diante do Senhor nesta terra dos moribundos e, em seguida, deve permanecer com Ele para sempre, acima, na terra dos vivos! Deus abençoe a todos por amor do seu nome. Amém.







21 - Salmo 119.35 – Comentado por Lutero

“Guia-me pela vereda dos teus mandamentos, pois nela me comprazo.”

Nós precisamos praticar diariamente as orações de Davi, como: “Senhor guia-me em teu caminho e não me deixes seguir os meus caminhos” (Sl 119.35,37), e muitas outras deste tipo, que estão todas compreendidas na oração: “Venha a nós o teu reino.”  Pois os desejos e as cobiças são tantos, tão diversos e, às vezes, por inspiração do maligno, tão astutos, sutis e de boa aparência, que não é possível para uma pessoa dirigir-se a si mesma em seu caminho. Ela precisa abrir mão de seu próprio agir, encomendar-se ao regimento de Deus e não confiar em sua razão, como diz Jeremias: “Eu sei, Senhor, que os caminhos do ser humano não estão sob seu controle” (Jr 10.23). Isto foi denotado quando os filhos de Israel, saindo do Egito, atravessaram o deserto, no qual não existia caminho, alimento, bebida, nem qualquer refúgio. Por uma nuvem reluzente, e à noite com uma coluna de fogo, alimentava-os do céu, com pão do céu, conservava suas vestes e calçados para que não se rasgassem, conforme lemos nos livros de Moisés (Êx 13.21; 16.4ss; Dt 29.15). Por isso é que pedimos: “Venha o teu reino, para que tu nos governes, e não nós mesmos”, pois nada há de mais perigoso em nós do que nossa razão e vontade.







22 - A intercessão do Espírito Santo

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

"Também o Espírito ajuda as nossas fraquezas: porque não sabemos o que devemos e o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque é ele intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus." (Romanos 8.26,27)
 O apóstolo Paulo estava escrevendo para um povo em provação e aflição, e um de seus objetivos era o de lembrá-los dos rios de conforto que estavam fluindo próximos deles. Ele, antes de tudo despertou suas mentes puras por meio da lembrança quanto à sua filiação, "pois” diz ele "os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus." Estavam, portanto, sendo incentivados a participar de Cristo, o irmão mais velho, com quem tinham se tornado co-herdeiros, e eles foram exortados a sofrer com ele, para que pudessem ser glorificados com ele. Tudo o que eles suportaram veio da mão do Pai, e isso deveria consolá-los. Mil fontes de alegria são abertas nessa abençoada adoção. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual temos sido gerados na família da graça.
Quando Paulo tinha aludido a esse assunto consolador ele se virou para a próxima base de conforto, pela qual somos sustentados sob as presentes provações com esperança. Há uma glória maravilhosa reservada para nós, e embora ainda não possamos entrar nela, senão em harmonia com toda a criação, devemos continuar a gemer, mas a própria esperança ministrará força para nós, e nos permitirá suportar com paciência “essas aflições leves, que são, apenas por um momento. "Isso também é uma verdade cheia de refrigério sagrado: a esperança vê uma coroa reservada, mansões que Jesus preparou para nós, e com a visão arrebatadora ela sustenta a alma sob as tristezas da hora. A esperança é a grande âncora por cujo meio enfrentamos a presente tempestade.
O apóstolo, em seguida, apresenta uma terceira fonte de conforto, ou seja, a permanência do Espírito Santo com o povo do Senhor. Ele usa a palavra "também" para insinuar que, do mesmo modo como a esperança sustenta a alma, igualmente o Espírito Santo nos fortalece sob a provação. Esperança operada espiritualmente em nossas faculdades espirituais, e assim o Espírito Santo, de alguma maneira misteriosa, opera divinamente sobre as faculdades recém-nascidas do crente, para que ele se mantenha firme sob suas fraquezas e enfermidades. Em sua luz veremos a luz: Peço, portanto, que possamos ser ajudados pelo Espírito enquanto nós consideramos suas operações misteriosas.
O Espírito Santo nos ajuda a suportar a enfermidade do nosso corpo e da nossa mente, ele nos ajuda a carregar a nossa cruz, seja dor física, ou depressão mental, ou conflito espiritual, ou difamação, ou pobreza, ou a perseguição. Ele ajuda a nossa fraqueza, e com um ajudante tão divinamente forte não precisamos temer o resultado. A graça de Deus é suficiente para nós, sua força será aperfeiçoada na fraqueza.
Penso, queridos amigos, vocês todos admitirão, que se um homem pode orar, seu problema é ao mesmo tempo aliviado. Quando sentimos que temos o poder de Deus e podemos obter qualquer coisa que peçamos de suas mãos, então, nossas dificuldades deixam de nos oprimir. Lançamos nosso fardo sobre o nosso Pai celestial e somos tomados de uma confiança infantil, e ficamos muito contentes em suportar o que quer que sua santa vontade possa fixar sobre nós. A oração é uma grande saída para o sofrimento. Banhamos nossa ferida no unguento da oração, e a dor é abrandada e a febre é removida.
Podemos ser levados a tal perturbação de mente, e perplexidade de coração, que não sabemos como orar. Vemos o propiciatório, e percebemos que Deus nos ouve: não temos nenhuma dúvida sobre isso, pois sabemos que somos seus filhos prediletos, e ainda assim mal sabemos o que pedir. Caímos em tal peso de espírito, e emaranhamento de pensamento, que o remédio da oração, que temos sempre para ser infalível, parece ser tirado de nós. Aqui, então, em cima da hora, como um socorro bem presente na hora da angústia, vem o Espírito Santo. Ele se aproxima para nos ensinar a orar, e desta forma ele ajuda a nossa fraqueza, alivia o nosso sofrimento, e nos permite suportar o pesado fardo sem desmaiar sob a carga.
Se o crente pode fazer qualquer coisa e tudo para Deus, então ele aprende a se gloriar na fraqueza, e alegrar-se na tribulação, mas às vezes estamos em tal confusão de espírito que não sabemos o que havemos de pedir como convém. Em certa medida, através da nossa ignorância, nós nunca sabemos o que havemos de pedir até que sejamos instruídos pelo Espírito de Deus.
Vindo em nosso auxílio em nosso espanto ele nos instrui. Esta é uma de suas operações frequentes sobre a mente do crente: "ele vos ensinará todas as coisas." Ele nos instrui quanto à nossa necessidade, e quais são as promessas de Deus, que se referem a essa necessidade. Ele nos mostra onde estão nossas deficiências, o que os nossos pecados são, e quais são as nossas necessidades, ele lança uma luz sobre a nossa condição, e nos faz sentir profundamente nossa impotência, pecaminosidade, e extrema pobreza, e, em seguida, ele lança a mesma luz sobre as promessas da Palavra. Sob essa luz ele faz brilhar a promessa em toda a sua veracidade, certeza, doçura e adequação, para que nós, pobres filhos trêmulos dos homens, ousemos tomar a palavra em nossa boca, que veio pela primeira vez da boca de Deus, e depois vem com ele como um argumento, para pleitearmos perante o trono da graça celestial. Nossa vitória na oração encontra-se na reivindicação: "Senhor, faze como disseste." 







23 - Oração de Adoração

Senhor!
Que na minha queixa sobre as dificuldades que eu tenha, que seja ela contra a tribulação em si mesma, mas jamais contra a tua pessoa bondosa e amorosa.
E que eu me queixe de mim mesmo, dos meus próprios pecados e fraquezas, que tão graciosamente tens perdoado.
Sei que mesmo quando o espírito se abate dentro de mim, que tu ainda estás comigo, pois a tua presença me consola.
Quem além de ti poderia apagar a minha culpa; lavar-me do pecado; livrar-me do diabo e do fascínio do mundo?
Quem poderia fazer de mim uma nova criatura, santificada pelo Espírito?
Quem poderia consolar a minha alma quando me sinto afligido e fraco?
Graças te dou pelo dom da fé que me uniu a Cristo.
A fé por meio da qual fui salvo e continuo sendo purificado de pecados.
Torna então Senhor a levantar-me para que entoe louvores ao teu santo nome.
Sou pobre e necessitado, mas não esquecido ou desamparado, pois te tenho sempre ao meu lado.
Bendito e glorificado sejas para todo o sempre... meu Deus amado.

Amém.







24 - Oração para Estes Últimos Dias

Ah Senhor! Eis que têm chegado os dias em que todos se têm desviado à uma, tanto grandes quanto pequenos, tanto governantes quanto governados, e praticam a iniquidade a não mais poder, de modo que tens preparado de antemão todos os teus grandes juízos pelos quais darás a cada segundo as suas obras, por ocasião da tua volta.
O nosso coração está firme na tua Palavra e não tememos esta terrível hora que há de vir sobre o mundo inteiro, porque nos refugiamos no sangue de Jesus Cristo!
Se está sendo assim, e assim será de fato, então guarda os que te amam das falsas promessas de esperança que falsos cristos e profetas têm proclamado aos quatro ventos, quando eles próprios estão debaixo de grande condenação da tua parte.
Como poderia o bem proceder do mal?
Como poderiam agir com justiça aqueles que galgam o poder pela via da corrupção e nela se agarram?
Eis que haverão de se esconder de ti na tua volta, nas cavernas e nos penhascos dos montes, não somente os escravos e os livres do povo, mas também "os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos e os poderosos".  
Como colocaria então neles a minha esperança de paz e segurança?
Quão insensato seria se o fizesse, especialmente nesta hora em que tudo aponta para a tua volta em poder e grande glória!

"12 Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue,
13 as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes,
14 e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar.
15 Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes
16 e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro,
17 porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?" (Apocalipse 6.12-17)







25 - Oração de Exaltação

Exalto a ti oh Deus, pois tens livrado a minha alma da morte, e me tens preservado na sinceridade.
Em tuas mãos estão o meu coração e todos os meus pensamentos e desejos, de modo que sendo guiado pelo teu Espírito, a tua graça me tem guardado livre de todo o mal.
Onde eu estaria, e o que eu faria se não fosse por este teu grande favor de não permitir que eu seja derrubado pelas tentações?
Como se manteriam firmes os meus pés, no caminho da tua verdade, se não fosse a tua fidelidade em dar-me graça sobre graça para poder fazer e viver o que te é agradável?
Oh, quanto eu te sou grato por tão imerecido favor, comprado para mim e para todos os que te amam, pelo sangue derramado na cruz pelo meu amado Salvador!
Quanto desejo a chegada daquele grande dia em que contemplaremos juntos a tua santa face!
Quando já não mais te serviremos com tantas falhas e imperfeições, pois te serviremos, deixado este corpo de morte, de modo perfeito, por toda a eternidade.
Na tristeza, tens alegrado a alma do teu servo, pois outra alegria não tenho que permaneça, senão a ti mesmo.
Quando a aflição me alcança é para ti que eu corro em busca de alívio e bom ânimo, e tens te mostrado sempre fiel em cumprir todas as tuas promessas.
Muitas são as tribulações do justo, mas de todas elas o Senhor o livra.
Isto está registrado com letras de fogo no meu coração como testemunho da tua completa fidelidade.
Senhor! Tu és a minha vida e alegria aqui na Terra. A tua presença me consola!

Amém!







26 - Oração para Ser Vivificado

Grande é a paz dos que em ti se refugiam Senhor!
Pois tu me tens sido refúgio e torre forte contra o Inimigo, para que possa fazer a tua obra livremente.
Toda arma que tem sido forjada, e todo laço que tem sido armado, tu tens quebrado e desfeito pelo poder da tua graça.
Quem poderá impedir que a Tua Palavra seja proclamada até aos confins da Terra? Quem poderia anular o teu poder e a tua glória?
A verdade deve ser pregada e tu mesmo és a verdade.
Vivifica-me então, segundo a Tua Palavra e o poder do teu Espírito, para que eu viva esta Palavra, pois ela é espírito e vida somente naqueles que têm a coragem de vivê-la com zelo e sinceridade.
Purifica os corações e os lábios dos teu profetas para que possam proclamar com amor, ousadia e moderação esta Palavra que é tão pura e abençoadora.
Que ela queime a impureza do pecado como fogo.
Que ela despedace a rocha do orgulho e da arrogância como um martelo.
Que ela ate as feridas das injúrias sofridas, como um bálsamo.

Enfim, Senhor, converte, salva e santifica por meio desta tua Palavra que jamais voltará para ti vazia.







27 - Oração de Confiança

Dá ouvidos, ó Deus, à minha oração; não te escondas da minha súplica.
Atende-me e responde-me; sinto-me perplexo e ando perturbado,
por causa da opressão que há na Terra, pois o amor de muitos tem esfriado como tu dissestes que ocorreria em nossos dias, por causa da multiplicação da iniquidade.
Quão poucos são os que buscam a paz que é decorrente da santidade, da busca de um coração puro e santo para contigo. Mesmo entre os que dizem que te conhecem há muitos que buscam a paz que é dada pelo mundo, e falam de revoltas, contendas e rebeliões, procurando estabelecer a paz na Terra pelo caminho da violência e da opressão.
Eu todavia, continuarei esperando pela tua vinda, pois sei que o teu Reino não é deste mundo, assim como tu não és do mundo e todos aqueles que livraste dos grilhões do pecado e do diabo.
Não quero a paz que o mundo dá, pois sempre negocia com a verdade e pede que renunciemos aos teus mandamentos.
Quero a tua luz e não as trevas disfarçadas de justiça e de bondade; pois o nosso Inimigo se transfigura em anjo de luz, e os seus ministros em ministros de justiça.
Livra-me e a todos os que te amam, do engano que nos afasta de ti e da vida que é segundo o evangelho.
O teu Reino é justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
A tua paz demanda a conversão e santificação do coração.
Não permita portanto que eu busque a paz e a justiça que são baratas, e que o mundo e o diabo oferecem, pois não exige transformação de caráter e santificação.
Assim sempre te invocarei no dia da calamidade e não buscarei no homem e nem nos arranjos políticos da Terra a paz e a segurança verdadeiras e eternas que somente em ti podem ser encontradas.
A ti somente confio todos os meus cuidados, pois sei que tu me susterás como me tens sustentado até aqui, para que eu nunca seja abalado.
Estando firme na tua graça juntamente com todos os teus amados... te serviremos por todos os dias de nossas vidas aqui embaixo, até que sejamos recebidos na glória para a qual nos tens preparado.

Amém.







28 - Oração para Permanecer Firme

Purifica-me o coração Senhor, de toda má consciência, para que atendas ao meu clamor, que te dirijo nesta hora.
Tenho amado os teus caminhos, deleito-me nos teus mandamentos, tenho feito da tua Palavra o meu alimento diário, e tenho sido mantido de pé pela concessão da tua graça poderosa.
Aguardo no teu livramento, pois neste momento o mal tem batido à minha porta, e o Inimigo procura intimidar-me com ameaças. Levanta-te pois Senhor em meu favor, por amor de teu filho amado Jesus Cristo, e livra a minha alma do laço que me têm armado.
Mais do que tudo te peço, que guardes em paz a minha mente e o meu coração, para que não fiquem turbados e desanimados.
Dá-me bom ânimo nesta hora de angústia, em que a minha alma se encontra em grande aflição.
Visita-me com a tua graça e ficarei mais forte do que o leão furioso que me atormenta, e ele baterá em retirada ao ver que tu estás comigo.
Puseste-me no coração esta determinação de não te deixar e nem as tuas veredas por nenhuma circunstância difícil que me acometa ou àqueles que me são queridos.
Sei que tudo está debaixo do teu controle e cuidado, e nada há que aconteça que não são seja para o nosso próprio bem.
Dá-me um coração piedoso e santo e o mantenha sempre assim, para que jamais venha a te desapontar.
Quero fazer valer o sangue que Jesus derramou por mim naquela cruz, dando o bom testemunho da fé que nos fortalece nas horas de tribulação.
Nada mais te peço senão que me dês um coração justo, amoroso e sábio em tudo o que eu penso e em tudo o que eu faço.
Coberto pela justiça de Jesus, e sendo dela revestido progressivamente pelo teu Espírito, hei de contemplar a tua amada face, que para mim é vida e toda a minha felicidade.

Amém.






29 - Oração para Manter a Comunhão com Deus

Senhor Deus, tu que és a minha justiça e redenção... tem misericórdia de mim, por causa da grande aflição em que me encontro. Não te peço por misericórdia por algo de bom que haja em mim, mas confiado nos méritos exclusivos de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual intercede à tua direita, como Advogado de todos os pecadores que te amam.
Responde ao meu clamor, porque somente em ti posso encontrar a paz de espírito que tanto necessito.
Confiando na tua infinita fidelidade, em cumprir todas as tuas boas promessas, achego-me junto ao teu trono de graça, à busca da concessão do teu favor ao meu espírito atribulado.
Não busco forças para gastá-las com o que é vão, mas para glorificar o teu santo nome, por receber de ti um coração purificado de toda má consciência e do pecado.
Lava-me com o sangue de Jesus e ficarei purificado, para que possa contemplar a beleza da tua santidade.







30 - Oração de Louvor e Gratidão

Senhor meu Deus, tu és o meu único refúgio seguro neste mundo mau e de trevas.
Somente em ti posso achar a paz, a paciência e a alegria em suportar sofrimentos por amor de Jesus Cristo e da tua verdade.
O Inimigo levanta perseguições e injúrias contra a minha alma porque busco servir-te com sinceridade e fidelidade.
As minhas faltas não tenho escondido de ti, e não justifico o mal que penso ou pratico; antes sempre te peço que me purifiques o coração para que possa estar de pé em tua presença, tendo comunhão contigo.
Bendito seja o teu nome por todas as tribulações que têm me afligido, porque através delas tenho conhecido melhor o teu poder e a tua graça.
Grande é a tua bondade e fidelidade.
Grandes são os teus juízos e a tua justiça.
Grande é a tua salvação e todos os teus livramentos.
Tu és um refúgio impenetrável para todos os que em ti confiam.
Somente em ti espero, e sempre esperarei, não para que cessem todas as minhas tribulações, pois sei que elas se levantam como nuvens no dia cinzento, mas para que permaneça alegre, calmo e em paz, ainda que o sol não esteja brilhando sobre a minha vida.
Sei que tu permaneces inabalável para além das nuvens como o sol da minha justiça.
Assim, sempre te renderei graças por toda a tua bondade para comigo, concedendo-me graça para ser apenas um mero instrumento em tuas mãos, para a tua exclusiva glória, eternamente.

Amém.






31 - A intimidade da Oração – Parte 1

É difícil e até mesmo uma coisa formidável escrever sobre oração, e alguém teme tocar a Arca. Talvez ninguém deve empreendê-lo a menos que tenha gasto mais labuta na prática da oração, do que em seu princípio. Mas talvez também o esforço de olhar para o seu princípio possa ser considerado graciosamente por Aquele que vive sempre para interceder para sabermos como  melhor orar. Todo o progresso na oração é uma resposta à oração - a nossa própria ou de outra pessoa. E toda oração verdadeira promove o seu próprio progresso e aumenta nosso poder para orar.
  O pior pecado é a falta de oração. Pecado evidente, ou crime, ou as inconsistências gritantes que muitas vezes nos surpreendem nas pessoas cristãs são o efeito disto, ou a sua punição. Somos deixados por Deus por falta de buscá-Lo. A história dos santos mostra muitas vezes que suas faltas foram fruto e vindicação de negligência na oração. Suas vidas, em algumas épocas, também tendem a se tornar desumanas por seu isolamento espiritual. Eles deixaram os homens, e foram deixados pelos homens, porque em sua contemplação não encontraram a Deus, eles encontraram, senão o pensamento ou a atmosfera de Deus. Somente a oração mantém viva a solidão humana. Ela é o grande produtor de simpatia. Confiando no Deus e Pai de Jesus Cristo, e transacionando com Ele, entramos em sintonia com os homens. O nosso egoísmo se retira antes da chegada de Deus, e  caminhamos na luz com o nosso Pai e com os nossos irmãos. Nós percebemos o homem como ele é em Deus e para Deus, seu Amoroso Pai. Quando Deus enche o nosso coração Ele abre mais espaço para o homem do que o coração humanista possa encontrar. A oração é um ato, é de fato um ato de amizade. Não podemos verdadeiramente orar por nós mesmos, sem passar além de nós mesmos e da nossa experiência individual. Se devemos começar com isto a natureza da oração nos leva para além disto, tanto a Deus quanto ao homem. Mesmo  a oração privada é uma oração comunal.
Não desejar orar, então, é pecado sobre pecado. E isso acaba por não sermos capazes de orar. Esse é o seu castigo - mudez espiritual, ou, pelo menos, afasia, e fome. Nós não tomamos o nosso alimento espiritual, e assim nós erramos, definhamos e morremos. "No suor do teu rosto comereis o vosso pão." O que foi dito é verdade tanto para o trabalho físico quanto para o espiritual. É verdade tanto da vida do pão quanto do pão da vida.
     A oração traz consigo, como o alimento faz, uma nova sensação de poder e de saúde. Somos levados a isso pela fome, e, tendo comido, estamos revigorados e fortalecidos para a batalha que até mesmo envolve a nossa vida física. Porque o coração e a carne clamam pelo Deus vivo. O dom de Deus é gratuito, é, portanto, um presente para a nossa liberdade, ou seja, a renovação de nossa força moral, o que faz de nós humanos. Sem este dom sempre renovado, a nossa própria liberdade pode nos escravizar. A vida de cada organismo é senão a constante vitória de uma energia superior, constantemente alimentada, sobre as forças mais baixas e mais elementares. A oração é a assimilação da força moral de um Deus santo.
     Devemos trabalhar por esta vida. Para alimentar a alma, devemos labutar em oração. E quão trabalhoso é isto! "Ele orou em agonia." Devemos orar até às lágrimas se for necessário. A nossa cooperação com Deus é a nossa receptividade, mas isto é uma ativa, uma receptividade trabalhosa, uma importunação que drena nossa força para longe se não tocar as fontes da Força Eterna. A oração é a poderoso apropriação do poder, do poder divino. Por isso, é criativa.

Tradução, redução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, do Livro Soul of Prayer (Alma da Oração) - CAPÍTULO I (A intimidade da Oração), de autoria de Peter Taylor Forsyth.



32 - A intimidade da Oração – Parte 2

     A oração não é mero desejo. Ela é um pedido - com a vontade. Nossa vontade está nisto. Ela é energia. “Orare est laborare”, ou seja: orar é trabalhar. Voltamo-nos para um Deus doador ativo, por isso entramos em ação. Porque não conseguimos orar, sem conhecer encontrá-lo ao vivo. Se Deus tem uma controvérsia com Israel, Israel deve lutar com Deus. Além disso, Ele é o doador não só da resposta, mas antes, da própria oração. Seu dom provoca a nossa oração. Ele nos pede, e isto nos leva a Lhe dirigir súplicas. E o que pedimos é principalmente o poder de pedir mais e pedir melhor. Oramos por mais oração. O verdadeiro "dom da oração" é graça de Deus, antes que seja nossa habilidade.
     Assim, a oração é, para nós, paradoxalmente, tanto um dom quanto uma conquista, uma graça e um dever. Mas isso não quer dizer, que não seja um caso especial da verdade, que todo o dever é um dom, cada chamada para nós uma bênção, e que a tarefa na qual muitas vezes encontramos um fardo é realmente uma bênção? Quando olhamos para cima e abaixo dela, é uma carga, mas aqueles que olham para baixo dela ao lado de Deus, a veem como uma bênção. Isto é como se tivessem grandes asas - que aumentam o peso, mas também o voo. Se não temos nenhum dever para com Deus, Ele se fechará para nós. Negar o dever é  negar a Deus. Nenhuma cruz, nenhum Cristo. "Quando a dor acaba o ganho termina também."
     Estamos tão egoisticamente absorvidos com as bênçãos de Deus que nos esquecemos do Seu dom da própria oração. Mas  orar não é uma questão simplesmente de vontade, mas de aceitar e usar, conforme a vontade de Deus o dom e o poder de orar. Em cada ato de oração nós já começamos a fazer a vontade de Deus, acima de todas as coisas pelas quais oramos. A oração de todas as orações é "seja feita a Tua vontade." E não tem esta petição  um significado especial aqui? "Minha oração é Tua Vontade. Criaste isto em mim. É Teu mais do que é meu. É perfeita a Tua própria Vontade..." - Tudo isto é paráfrase, a partir deste ponto de vista, de "ouça a minha oração.". "A vontade de orar", dizemos, "é a Tua vontade. Que isto seja feito tanto em minha petição e em teu aperfeiçoamento da mesma.". A petição é metade da vontade de Deus. É a vontade de Deus incipiente. "Tua vontade" (na minha oração) "seja feita” (na tua resposta). É Teu tanto o querer quanto o realizar. Tua vontade seja feita no céu - na resposta, como na terra – na petição."
     A oração tem sua grande finalidade atendida quando ela nos levanta para sermos mais conscientes e mais seguros do dom do que da necessidade, da graça do que do pecado. Como petição sobe por necessidade ou pecado, em nossa primeira oração que vem em primeiro lugar, mas pode cair em um lugar subordinado, quando, no final de nossa adoração, estamos cheios da plenitude de Deus. "Naquele dia nada Me pedireis.", disse Jesus. Tristeza interior preenche a oração de petição; alegria interior a oração de ação de graças. E esse pensamento nos ajuda a lidar com o problema, com o ser ouvido, e especialmente com a sua resposta. Ou melhor, quanto ao local e tipo de resposta. Vamos chegar um dia a um céu onde saberemos com gratidão que grandes recusas de Deus foram, por vezes, as verdadeiras respostas para a nossa verdadeira oração.
 Tradução, redução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, do Livro Soul of Prayer (Alma da Oração) - CAPÍTULO I (A intimidade da Oração), de autoria de Peter Taylor Forsyth.



33 - A Intimidade da Oração – Parte 3

O objetivo principal de toda oração é nos conduzir a Deus. Mas podemos atingir Sua presença e nos aproximarmos dele pelo meio de lhe pedir outras coisas, coisas temporais ou coisas do reino espiritual, do que pela oração direta para nossa união com Ele. A oração pela libertação de problemas pessoais ou de calamidades nacionais pode nos trazer mais perto dele do que uma mera aspiração devotada para estar absorvido nele.
A oração da mulher pobre para encontrar a sua dracma  perdida pode significar mais do que a oração de muitos no claustro. Essa angústia é muitas vezes entendida por Deus como um meio inicial e exercício para a sua finalidade constante do reencontro com Ele. Sua paciência é tão extensa e gentil que Ele está disposto a começar conosco quando estamos mais longe do que em usá-Lo como um meio de fuga ou alívio. O Pai santo pode transformar do seu jeito, até mesmo o egoísmo. E Ele nos dá alguma resposta, embora o alívio não venha, se Ele nos mantiver orando, e cada vez mais dispostos e purificados em oração.
A oração nunca é rejeitada, desde que nós não cessamos de orar. O principal  fracasso da oração é a sua cessação. A nossa insistência é uma parte da resposta de Deus, tanto de Sua resposta a nós e a nossa para ele. Ele está sublimando a nossa ideia de oração com o propósito de nos conduzir em meio a todos os problemas para mais perto de Si mesmo.
Uma imagem caseira tem sido usada. O marceneiro, quando  cola duas placas, as mantém firmemente presas até que o cimento as mantenha unidas, e assim, quando a pressão externa não é mais necessária, então ele as solta. Assim sucede com as calamidades, depressões e decepções que nos esmagam em nosso estreito contato com Deus. A pressão sobre nós é mantida até que a união da alma com Deus esteja definida. O alívio imediato não estabelece o hábito da oração, embora possa nos fazer acreditar nela com uma rapidez muito rasa para durar ou para torná-la o princípio da vida de nossa alma em qualquer profundidade.
Uma fé que se baseia principalmente em impetração pode se tornar mais uma fé na oração do que fé em Deus. Se temos tudo que pedimos, devemos em breve vir a tratá-lo como uma conveniência, ou o pedido como uma espécie de mágica. O motivo de muita confusão sobre a oração é que nós somos menos ocupados sobre a fé em Deus do que sobre a fé na oração.
     Aos olhos de Deus o grande objetivo da oração é a abertura ou a restauração da livre comunhão com Ele no reino de Cristo, a uma comunhão de vida, que pode até, em meio a nosso dever e serviço, se tornar tão inconsciente como o bater do nosso coração. Neste sentido, cada verdadeira oração traz a resposta com ela, e que não é somente "reflexiva", em nossa pacificação da alma, mas objetivamente em nossa obtenção de um lugar mais profundo e mais perto de Deus e do Seu propósito. Se a oração é o grande dom de Deus, é um dom inseparável do Doador, que, afinal, é o seu próprio grande presente, uma vez que a revelação é a sua auto-doação. Por isso Ele está ativamente conosco quando oramos, e exerce sua vontade através da oração. E, por outro lado, a oração nos faz perceber o quão longe de Deus nós estávamos, ou seja, ela nos faz perceber o nosso pior problema e repará-lo. A necessidade exterior acende o sentido da interior, e descobrimos que a resposta completa para a oração é o próprio Senhor que nos responde, e a alma faminta é saciada com a  plenitude de Cristo.

Tradução, redução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, do Livro Soul of Prayer (Alma da Oração) - CAPÍTULO I (A intimidade da Oração), de autoria de Peter Taylor Forsyth.







34 - Quando Deus Responde Orações?

Por John Piper

1 João 3:22–23:

"Aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável. Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou."

Deus responde a oração de pessoas que guardam seus mandamentos. Seus mandamentos se resumem nestes dois: 1) que creiamos no nome de Jesus, e 2) que nos amemos uns aos outros.

Portanto, Deus responde orações de pessoas

que creem em Seu Filho e
que se amam.

Isso poderia significar duas coisas.

1. Isso poderia significar que crer em Jesus e amar as pessoas é uma forma de tornar-se merecedor de resposta às orações. Isso não é verdade. Em primeiro lugar, porque você não se torna merecedor de nada por crer. Merecer algo é uma forma de mostrar o meu valor e colocar Deus em débito comigo. Isso não pode ser feito. Ele já é dono de tudo, e qualquer valor que eu tenha em mim é uma dádiva dEle. Você não pode ganhar algo de Deus dessa forma. Se você deseja Suas dádivas, você deve acreditar que elas são melhores do que qualquer outra e então confiar que Ele as dará gratuitamente àqueles que buscam serví-lO e não ao mundo.

Em segundo lugar, amar as pessoas não te faz merecedor das bençãos de Deus também, porque o amor já é obra de Deus em nós e não uma obra autossuficiente nossa por Ele. João ensina claramente que o amor é evidência do dom da vida e não a retribuição ou pagamento pela vida.

O que João quer dizer quando ele fala que Deus responde orações de pessoas que creem em Seu Filho e que se amam?

2. Ele que dizer que a oração tem um desígnio, e se você não usá-la da forma correta, ela não funciona da forma correta. Qual é o desígnio da oração? A oração é projetada por Deus para ser o efeito da fé e a causa do amor.

Portanto, se nós tentarmos orar quando não cremos de verdade no nome do Seu Filho, a oração não funciona da forma que deveria. E se nós tentarmos orar quando nosso alvo não é amar, a oração também não funciona do jeito certo.

É por isso que "aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos". Não porque guardar Seus mandamentos nos faz merecer respostas de oração, mas porque a oração é projetada para dar poder no caminho da obediência. A oração é a forma através da qual Deus se coloca à nossa disponibilidade quando estamos transbordando em amor pelos outros. Oração é o poder de amar. Portanto, se nosso objetivo não é amar, oramos em vão. A oração não é projetada para aumentar prazeres acumulados.

A oração é uma maneira de chamar Deus a estar do nosso lado ao fazer o que Jesus veio para fazer. "Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos." (1 João 3:16). É por isso que crer em Jesus e amarmos uns aos outros estão ligados como a forma de termos nossas orações respondidas. Crer em Jesus significa que nós admiramos a forma como Ele viveu e queremos ser como Ele. Você não pode crer em alguém e achar que a forma como essa pessoa viveu foi tola. Então crer em Jesus necessariamente nos levará a amar os outros da forma como Ele amou. Crermos no nome de Jesus e amarmos uns aos outros são praticamente uma coisa só.

E já que Deus estava totalmente com Jesus com todo Seu poder e deu a ele toda a ajuda que ele precisou, Ele também estará conosco quando nós crermos em Jesus e amarmos como Jesus amou. Então a razão pela qual Deus responde orações daqueles que creem no nome de Jesus e amam os outros é que Deus ama exaltar Jesus.

Pela glória de Jesus e o poder de sua oração,

Pastor John






35 - Sem Oração Não Há Poder

Por John Piper

"Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração" (Marcos 9:29).

Vigiai e orai, para que não entreis em tentação (Marcos 14:38).

Recentemente reorganizei o meu estudo doméstico. Mas não excluí o cantinho da oração ou o banco da oração. Apenas tornei-os mais privados. Tudo o que já li ou experimentei tem-me ensinado que a profunda experiência espiritual que converge para o bem dos pecadores e da glória de Deus tem a sua origem em homens e mulheres que se consagram à oração e meditação.

Por exemplo, acabei de ler sobre o segredo de Charles Simeon, que sofreu grandes dificuldades no seu poderoso pastorado de 54 anos em Cambridge (1782-1836). Seu amigo, T. Housman, acompanhou-o alguns meses e conta-nos algo sobre a devoção deste homem.

Nunca vi tanta harmonia, veracidade de devoção, tanto calor piedoso, zelo e amor... Ele acordava invariavelmente às 4 horas da manhã, embora fosse Inverno, e, após atear a lareira, dedicava as primeiras 4 horas do dia à oração pessoal e ao estudo devocional das Escrituras... Eis o segredo da sua enorme graça e força espiritual. Obtendo ensino de tal fonte e buscando-o com tamanha diligência, ele era confortado em todas as suas lutas e preparado para qualquer obrigação.

Isto é verdadeiro para indivíduos. E é verdadeiro para as igrejas. Sem oração não há poder. E carecemos de poder espiritual. Considere a referência (supracitada) em Marcos 9. Existem forças espirituais que Jesus diz serem muito difíceis de superar. Os seus discípulos perguntaram: "Porque não conseguimos expulsá-los?" Jesus respondeu: "Por falta de oração!".

O que Jesus quis dizer? Provavelmente não que eles não tivessem orado pelo menino endemoninhado, mas apenas que eles não viviam em oração. Eles haviam sido apanhados num período de falta de oração nas suas vidas. Aviso: Jesus expulsou o demônio sem orar: "Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e não entres mais nele." Mas Jesus tinha orado. Ele vivia em oração. Ele estava pronto quando o mal veio. Mas os discípulos tinham se tornado frágeis e negligentes na oração. E encontravam-se impotentes perante as poderosas forças do mal. " Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração ".

Em outras palavras, sem oração perseverante não temos poder de ataque. Como igreja é suposto que invadamos e saqueemos as fortalezas de Satanás. Mas sem oração não há poder. O mesmo é verdade em relação à defesa. Reparemos na segunda citação (supracitada) de Marcos 14. Se não vigiarmos entraremos em tentação. A nossa defesa e o nosso ataque, como Igreja, é uma força de oração ativa, persistente, séria e com fé.

Por favor ore, e peça a Deus que te mostre se, nos próximos 90 dias, deves ser parte da Força de Oração das 4ª Feiras ou dos Domingos Vigilantes em Oração. Recrutaremos aqueles que Deus chamar no próximo Domingo, dia 2 de Abril.

Constantemente necessitando de oração e poder,

Pastor John






36 - Como está sua vida de oração?

Por D. M. Lloyd Jones

Qual é o lugar da oração em sua vida?
Que proeminência tem ela em nossas vidas?
É uma pergunta que eu dirijo a todos.
É necessário que ela atinja tanto o homem que é bem versado nas Escrituras e que tem um bom conhecimento de doutrina e teologia, quanto a qualquer outro.
Que lugar a oração ocupa em nossas vidas e quão essencial ela é para nós?
Será que temos percebido que sem ela desfalecemos?
Se todo o meu conhecimento não me conduz à oração, certamente há algo de errado em algum lugar.
Nossa condição definitiva como cristãos é testada pelo caráter da nossa vida de oração.
Isso é mais importante que o conhecimento e o entendimento. Não pensem que eu estou diminuindo a importância do conhecimento.
Tenho passado a maior parte da minha vida tentando mostrar a importância de se ter um bom conhecimento e entendimento da verdade. Isso é de importância vital. Só há uma coisa que é mais importante: a oração.
O teste definitivo da minha compreensão do ensino bíblico é a quantidade de tempo que eu gasto em oração.
Como a teologia é, no final das contas, conhecimento de Deus, quanto mais teologia eu conheço, mais ela deveria me guiar na busca desse conhecimento.
Não se trata de conhecer sobre Ele, mas de conhecê-lO.
O objetivo inteiro da salvação é me trazer a um conhecimento de Deus.
Eu posso falar aqui de uma maneira acadêmica sobre regeneração, mas o que é, afinal, a vida eterna?
É que eles possam conhecer a Ti, o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste.
Se todo o meu conhecimento não me conduz à oração, certamente há algo de errado em algum lugar.
Espera-se que ele faça exatamente isso. O valor do conhecimento é que ele me dá uma tal compreensão do valor da oração, que eu passo a dedicar tempo a ela e a me deleitar com ela.
Se meu conhecimento não produzir esses resultados em minha vida, há algo de errado e espúrio nele, ou então devo estar lidando com este conhecimento de uma maneira completamente equivocada.







37 - Orem por Todos os Governantes

Por João Calvino

1 Timóteo 2:1-3:

“Portanto, exorto, antes de tudo, que se usem súplicas, orações, intercessões, ações de graças em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se encontram em posição de destaque, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isso é bom e aceitável aos olhos de Deus, nosso Salvador.”

1. Portanto, exorto, antes de tudo. Os exercícios religiosos que o apóstolo aqui ordena mantêm e fortalecem em nós o culto sincero e o temor de Deus, bem como nutrem a consciência íntegra de que falamos anteriormente. O termo, portanto, é então perfeitamente apropriado, visto que essas exortações se deduzem naturalmente do encargo que ele pusera sobre Timóteo.

Primeiramente, ele trata da oração pública e de sua regulamentação, a saber: que ela deve ser feita não só em favor dos crentes, mas em favor de todo o gênero humano. É possível que alguém argumente: “Por que devemos preocupar-nos com o bem-estar dos incrédulos, já que não mantêm nenhuma relação conosco? Não é suficiente que nós, que somos irmãos, oremos uns pelos outros e encomendemos a Deus toda a Igreja? Os estranhos não significam nada para nós”. Paulo se põe contra essa perversa perspectiva, e diz aos efésios que incluíssem em suas orações todos os homens, e não as restringissem somente ao corpo da Igreja.

Admito que não entendo plenamente a diferença entre os três ou quatro tipos de oração de que Paulo faz menção. É pueril a opinião expressa por Agostinho, a qual torce as palavras de Paulo para adequarem-se ao uso cerimonial de sua própria época. O ponto de vista mais simples é preferível, a saber: que súplicas são solicitações para sermos libertados do mal; orações são solicitações por algo que nos seja proveitoso; e intercessões são nossos lamentos postos diante de Deus em razão das injúrias que temos suportado. Eu mesmo, contudo, não entro em distinções sutis desse gênero; ao contrário, deduzo um tipo diferente de distinção. Proseucai [Proseuche] é o termo grego geral para todo e qualquer tipo de oração; e deh>seiv [deeseis] denota essas formas de oração nas quais se faz alguma solicitação específica. Portanto, essas duas palavras se relacionam como o gênero e a espécie. v´Enteu>xeiv [Enteuxeois] é o termo usual de Paulo para as orações que oferecemos em favor uns dos outros, e o termo usado em latim é intercessiones, intercessões. Platão, contudo, em seu segundo diálogo intitulado, Albibíades, usa a palavra de forma diferenciada para denotar uma petição definida, expressa por uma pessoa em seu próprio favor. Em cada inscrição do livro, bem como em muitas passagens, ele mostra claramente que proseuch [proseuche] é, como eu já disse, um termo geral.

Todavia, para não nos determos desproporcionalmente por mais tempo numa questão que não é de grande relevância, Paulo, em minha opinião, está simplesmente dizendo que sempre que as orações públicas foram oferecidas, as petições e súplicas devem ser formuladas em favor de todos os homens, mesmo daqueles que presentemente não mantêm nenhum relacionamento conosco. O amontoado de termos não é supérfluo; pois ao meu ver Paulo, intencionalmente, junta esses três termos com o mesmo propósito, ou seja, com o fim de recomendar, com o maior empenho possível, e pedir com a máxima veemência, que se façam orações intensas e constantes.

Sobre o significado de ações de graças não há nada de obscuro, pois ele não só nos incita a orar a Deus pela salvação dos incrédulos, mas também a render graças por sua prosperidade e bem-estar. A portentosa benevolência que Deus nos demonstra dia a dia, ao fazer “seu sol nascer sobre bons e maus”, é digna de todo o nosso louvor; e o amor devido ao nosso próximo deve estender-se aos que dele são indignos.

2. Em favor dos reis. Ele faz expressa menção dos reis e de outros magistrados porque os cristãos têm muito mais razão de odiá-los do que todos os demais. Todos os magistrados daquele tempo eram ajuramentados inimigos de Cristo, de modo que se poderia concluir que eles não deviam orar em favor de pessoas que viviam devotando toda a sua energia e riquezas em oposição ao reino de Cristo, enquanto que, para os cristãos, a extensão desse reino, e de todas as coisas, é a mais desejável. O apóstolo resolve essa dificuldade e expressamente ordena que orações sejam oferecidas em favor deles. A depravação humana não é razão para não se ter em alto apreço as instituições divinas no mundo. Portanto, visto que Deus designou magistrados e príncipes para a preservação do gênero humano, e por mais que fracassem na execução da designação divina, não devemos, por tal motivo, cessar de ter prazer naquilo que pertence a Deus e desejar que seja preservado. Eis a razão por que os crentes, em qualquer país em que vivam, devem não só obedecer às leis e ao comando dos magistrados, mas também, em suas orações, devem defender seu bem-estar diante de Deus. Disse Jeremias aos israelitas: “Orai pela paz de Babilônia, porque, em sua paz, tereis paz” [Jeremias 29:7). Eis o ensino universal da Escritura: que aspiremos o estado contínuo e pacífico das autoridades deste mundo, pois elas foram ordenadas por Deus.

Para que vivamos vida tranquila e mansa. Ele acrescenta mais uma persuasão, ao mostrar como isso será proveitoso a nós próprios e ao enumerar as vantagens geradas por um governo bem regulamentado. A primeira é uma vida tranquila, porquanto os magistrados se encontram bem armados com espada para a manutenção da paz. A menos que restrinjam o atrevimento dos homens perversos, o mundo inteiro se encherá de ladrões e assassinos. Portanto, a forma correta de conservar a paz consiste em que a cada pessoa seja dado o que é propriamente seu, e que a violência dos poderosos seja refreada. A segunda vantagem consiste na preservação da piedade, ou seja, quando os magistrados se diligenciam em promover a religião, em manter o culto divino e requerer reverência pelas coisas sacras. A terceira vantagem consiste na preocupação pela seriedade pública: pois o benefício advindo dos magistrados consiste em que impeçam os homens de se entregarem a impurezas bestiais ou a vergonha devassidão, bem como a preservar a modéstia e a moderação. Se esses três requisitos foram suprimidos, que gênero de vida será deixado à sociedade humana? Portanto, se porventura nos preocupamos com a tranqüilidade pública, com a piedade ou com a decência, lembremo-nos de que o nosso dever é diligenciarmo-nos em favor daqueles por cuja instrumentalidade obtemos tão relevantes benefícios.

Disso concluímos que os fanáticos que lutam pela supressão dos magistrados são privados de toda humanidade e promovem unicamente o barbarismo impiedoso. Que grande diferença há entre Paulo que declara que, por amor à preservação da justiça e da decência, bem como da promoção da religião, devemos orar em favor dos reis, e aqueles que dizem que não só o poder real, mas também todo e qualquer governo, são contrários à religião. O que Paulo afirma tem o Espírito Santo como Autor; conseqüentemente, o conceito dos fanáticos não tem outro autor senão o diabo.

Se porventura suscitar-se a pergunta se devemos ou não orar em favor dos reis de cujo governo não recebemos tais benefícios, minha resposta é que devemos orar por eles, sim, para que, sob as diretrizes do Espírito Santo, comecem a conceder-nos essas bênçãos, com as quais até agora não foram capazes de prover-nos. Portanto, devemos não só orar por aqueles que já são dignos, mas também pedir a Deus que converta os maus em bons governantes. Devemos manter sempre este princípio: que os magistrados são designados por Deus para a proteção da religião, da paz e da decência públicas, precisamente como a terra foi ordenada para produzir o alimento. Por conseguinte, quando oramos pelo pão de cada dia, pedimos a Deus que faça a terra fértil, ministrando-lhe sua bênção, assim devemos considerar os magistrados como meios ordinários que Deus, em Sua providência, ordenou para conceder-nos as demais bênçãos. A isso deve-se acrescentar que, se somos privados daquelas bênçãos que Paulo atribui como dever dos magistrados no-las fornecer, a culpa é nossa. É a ira de Deus que faz com que os magistrados sejam inúteis, da mesma forma que faz com que a terra seja estéril. Portanto, devemos orar pela remoção dos castigos que nos sobrevêm em virtude de nossos pecados.

Em contrapartida, os magistrados e todos quantos desempenham algum ofício na magistratura são aqui lembrados de seu dever. Não basta que restrinjam a injustiça, dando a cada um o que é devidamente seu, e mantenham a paz, se não são igualmente zelosos em promover a religião e em regulamentar os costumes pelo uso de uma disciplina construtiva. A exortação de Davi, para que [os magistrados] “beijem o Filho” [Salmo 2:12, e a profecia de Isaías, para que sejam pais da Igreja, é de grande relevância. Portanto, não terão motivo para se congratularem, caso negligenciem sua assistência na manutenção do culto divino.

3. Isso é bom e aceitável. Havendo demonstrado que o mandamento que ele promulgara é excelente, agora apela para um argumento mais enérgico, a saber: que é agradável a Deus. Pois quando sabemos que essa é a vontade, cumpri-la é a melhor que todas as demais razões. Pelo termo, “bom”, ele tem em mente o que é certo e lícito; e, visto que a vontade de Deus é a regra pela qual devemos regulamentar todos os nossos deveres, ele prova que ela é justa, porque é aceitável a Deus.








38 - Oração e Súplica

Por João Calvino

Tendo oferecido orações e súplicas (Hb 5.7). O segundo elemento que o autor menciona de Cristo é que, quando chegou o tempo, ele buscou um meio de escape para livrar-se do mal. Ele diz isso para que ninguém concluísse que Cristo possuía um espírito férreo, que nada sentisse. Devemos sempre procurar ver a razão por que algo é expresso. Se Cristo houvera sido intocável por qualquer dor, então nenhuma consolação, provinda de seus sofrimentos, nos atingiria. Mas quando ouvimos que ele igualmente suportou as mais amargas agonias em seu espírito, torna-se evidente sua semelhança conosco. Cristo, diz ele, não suportou a morte e todas ás demais tribulações, de tal sorte, como se desdenhasse delas, ou por não sentir-se oprimido por algum sentimento de angústia. Ele orou com lágrimas, dando assim testemunho da suprema angústia de seu espírito. Por lágrimas e forte clamor, a intenção do apóstolo é expressar a intensidade de sua tristeza, em consonância com o costume normal de fazer algo mediante sinais. Não tenho dúvida de que ele está falando da oração contida nos evangelhos [Mt 26.39]: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice. E também daquela outra oração [Mt 27.46]: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? No segundo dos casos mencionados nos Evangelhos, há um forte clamor. Enquanto que no primeiro, não é possível crer que seus olhos hajam secado, visto que na imensidade de sua agonia grossas gotas de sangue emanavam de todo o seu corpo. É verdade que ele se achava reduzido a uma condição extrema. Achando-se oprimido por dores reais, deveras orava ardentemente ao Pai para que fosse socorrido.

Qual é o ponto prático de tudo isso? Consiste nisto: sempre que nossos males nos oprimem e nos torturam, retrocedamos nossa mente para o Filho de Deus que suportou o mesmo fardo. Enquanto ele marchar diante de nós, não temos motivo algum para desespero. Ao mesmo tempo, somos advertidos a não buscar nossa salvação, em tempo de angústia, em nenhum outro senão unicamente em Deus. Que melhor guia poderemos encontrar para oração além do exemplo do próprio Cristo? Ele se dirigiu diretamente ao Pai. O apóstolo nos mostra o que devemos fazer, quando diz que ele endereçou suas orações Aquele que era capaz de livrá-lo da morte. Com isso ele quer dizer que Cristo orou corretamente, visto que recorreu ao Deus que é o único Libertador. Lágrimas e clamor nos recomendam fervor e sinceridade na oração. Não devemos orar a Deus seguindo um formalismo sem vida, mas com ardentes desejos espirituais.

E tendo sido ouvido. Há quem o traduza assim: seu santo temor, do que discorda incisivamente. O apóstolo quis dizer que Cristo foi ouvido naquilo que ele temia, de modo que, não vencido por esses males, não lhes deu lugar, nem sucumbiu em face da morte. O Filho de Deus condescendeu-se a essa luta, não porque laborava sob a descrença, a fonte de todos os temores, mas porque ele suportava na carne mortal o juízo divino, o terror que não se pode vencer sem extremado esforço. Crisóstomo o interpreta como sendo a dignidade de Cristo que o Pai, de certa forma, reverenciava. Tal coisa, porém, é absurda. Outros o traduzem como piedade. Mas a exposição que já apresentei é muito mais adequada, e não necessita de alguma confirmação adicional.

Ele prossegue adicionando uma terceira cláusula, no caso de alguém concluir que, visto que ele não foi imediatamente libertado de suas tribulações, a oração de Cristo foi rejeitada. Em tempo algum foi ele privado da misericórdia e socorro divinos. E desse fato podemos deduzir que Deus com freqüência ouve nossas orações, mesmo quando não nos pareça. Assim como não é de nossa competência delinear-lhe alguma norma rígida e rápida, tampouco Deus se vê na obrigação de responder nossas petições que lhe façamos mentalmente ou expressas com nossos lábios, todavia ele demonstra ter cuidado de nossas orações em tudo o que nos é necessário para nossa salvação. E assim, quando parecer-nos que somos repelidos de diante de sua face, obteremos muito mais do que se ele nos tivesse concedido tudo quanto lhe pedimos.

De que forma foi Cristo ouvido naquilo que ele temia, quando enfrentamos aquela morte da qual ele tanto se esquivava? Minha resposta é que devemos atentar para aquilo que constituía seu temor. Por que ele tremia diante da morte, senão porque via nela a maldição divina, e o fato de que Deus era contra a soma total da culpabilidade humana, e contra os próprios poderes das trevas? Daí seu temor e ansiedade, visto que o juízo de Deus é de tudo o que mais terrifica. Então ele obteve o que desejava, uma vez que emergiu das dores da morte como Vencedor, foi sustentado pela mão salvífica do Pai, e após um breve conflito conquistou gloriosa vitória sobre Satanás, o pecado e os poderes do inferno. Às vezes sucede que pedimos por isto, por aquilo, ou por alguma outra coisa, mas com um propósito bem distinto. E enquanto Deus não nos concede o que pedimos, ele encontra uma maneira de socorrer-nos.








39 - Ordem e Argumento na Oração

Por Charles Haddon Spurgeon  (adaptado)

“Ah! se eu soubesse onde o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal. Exporia ante ele a minha causa, encheria a minha boca de argumentos.” (Jó 23.3,4)

Jó na sua maior dor, chorou diante de Deus.
O desejo ardente de um filho aflito de Deus é ver mais  uma vez a face do seu Pai.
A primeira oração dele não é: "Oh que eu possa ser curado da doença que se espalha por todas as partes do meu corpo!".
Nem mesmo até: "Oh que eu possa ver meus filhos sendo retirados das mandíbulas da sepultura, e minhas propriedades trazidas de volta a mim!".
Mas o primeiro pedido é elevado: “Ah! se eu soubesse onde o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal.”.
Os filhos de Deus correm para casa quando chega a tempestade.
É o instinto do céu que nasce na alma que busca abrigo para todos os seus sofrimentos debaixo das asas de Jeová.
"Aquele que fez de Deus o seu refúgio", poderia servir como título de um verdadeiro crente.
Um hipócrita, quando ele sente que  foi afligido por Deus, se ressente com a aflição, mas não ocorre o mesmo com um verdadeiro herdeiro do céu, ele beija a mão que o golpeou, e busca abrigo da vara da disciplina no seio daquele mesmo Deus que o desaprovou.
Você observará que o desejo para comungar com Deus é intensificado pelo fracasso de todas as outras fontes de consolação.
Quando Jó viu os seus amigos  se aproximando no início, ele pode ter entretido uma esperança que a  ação bondosa deles e sua ternura compassiva compensariam a aflição que estava sofrendo; mas eles colocaram sal nas suas feridas, eles juntaram combustível às chamas da sua tristeza.
Eles chegaram mesmo a ousar a lançar sombras sobre a sua reputação.
O patriarca com isto se voltou para o  trono celestial, exclamando as palavras do nosso texto.
Meus irmãos, nada nos ensina tanto a preciosidade do Criador quanto quando nós aprendemos o vazio de tudo o mais neste mundo.
Desviando-se com desprezo do amargo das urtigas da terra onde você não achou nenhum mel, mas muitas picadas afiadas, você se alegrará nele cuja palavra fiel é mais doce do que mel e o destilar dos favos.
É fato que um homem justo corre na direção de Deus na sua dificuldade, e corre com  maior velocidade ainda por causa da descortesia dos membros da raça humana, contudo, às vezes, a alma do justo fica partida sem a presença confortável de Deus.
Esta é a pior de todas as aflições; o texto é um dos gemidos profundos de Jó, muito mais profundo do que qualquer outro que teve por causa da perda dos seus filhos e das suas propriedades.
“Ah! se eu soubesse onde o poderia achar!”.
A pior de todas as perdas é perder a face do meu Deus.
Ele teve um ante-gosto da amargura do grito do Seu Redentor:
"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?".
Você pode ser amado de Deus, e ainda não ter nenhuma consciência daquele amor em sua alma.
O fato de Jó estar ansiando pela presença de Deus, indica que ele poderia orar a ele.
Ele tinha orado, mas ele desejava orar na presença de Deus, como quem apresenta a sua causa a um juiz.
Ele desejava apresentar seus argumentos Àquele que ele sabia que julga com justiça.
Um Juiz imparcial, que não faria o mesmo julgamento injusto que seus amigos estavam fazendo.
Um Juiz que conhece perfeitamente, causas, circunstâncias, propósitos das coisas que nos sucedem.
Ao dizer: “Exporia ante ele a minha causa, encheria a minha boca de argumentos.” (Jó 23.4)
Jó nos ensina como ele pretendia interceder junto de Deus.
Ele nos ensina aqui a  arte e mistério da súplica em oração.
Há duas coisas aqui apresentadas como necessárias:
1ª) apresentar a nossa causa; e
2ª) encher a nossa boca de argumentos. Nós falaremos dessas duas coisas.

A primeira coisa a ser feita quando oramos, É apresentar a nossa CAUSA  DIANTE DE DEUS.

Há uma noção vulgar que a oração é uma coisa muito fácil, um tipo de negócio comum que pode ser feito de qualquer maneira, sem cuidado ou esforço.
Os santos antigos não pensavam deste modo.
Não é isso que vemos na Bíblia e no exemplo dos homens de Deus na história da igreja.
Eles parecem ter pensado seriamente que a oração é um grande assunto.
Parece ter sido algo poderoso para eles, a prática de um longo exercício no qual alguns deles atingiram grande eminência, e eram por isso singularmente abençoados.
Eles colheram grandes colheitas no campo da oração, e acharam o trono da misericórdia como  uma mina de tesouros não contados.
Os santos antigos costumavam, como Jó, ordenar a causa deles diante de Deus; quer dizer, como um solicitante que entra num Tribunal, e que não vai para lá sem ter se preparado para expor os argumentos em favor da sua causa.
Além disso, ele leva em conta o modo como deverá se portar na presença do Juiz.
Quando vamos a Deus estamos indo à presença do Rei dos reis, do Senhor dos senhores, do monarca do universo, do Pai celestial, do Juiz de vivos e de mortos, e seríamos descuidados na nossa apresentação e argumentação ?
Em épocas de perigo nós poderemos voar para a presença de Deus rapidamente, sem qualquer preparo, assim como a pomba que busca refúgio de seus inimigos nas rochas. Mas em dias ordinários nós não deveríamos vir com um espírito desprevenido.
Veja o sacerdote apresentando o sacrifício.
Ele tinha todo um preparo diante de si, tanto para si mesmo nas purificações cerimoniais, quanto em relação à oferta propriamente dita.
Assim o crente como sacerdote é chamado a apresentar sacrifícios espirituais a Deus, mas deve considerar de igual modo que deve se preparar como o sacerdote, primeiro zelando por manter a sua vida santificada diante de Deus, e por apresentar suas orações intercessórias como sacrifícios muito bem preparados, antes de apresentá-los ao Senhor.
Deus não se agrada que alguém salte da cama ao acordar, se ajoelhe e lhe diga qualquer coisa que lhe venha aos lábios.
Ao contrário, que possamos esperar no Senhor com santo temor.
Davi costumava primeiro refletir sobre a bondade divina e sobre a condição da sua própria alma, e só então passava a orar.
Nós vemos isto claramente nos Salmos.
Ele era um mestre na arte da oração.
Ele entrava na oração quando obtinha o espírito da oração, auxiliado pelo Espírito Santo.
Davi apontava suas orações na direção de Deus como o arqueiro que faz pontaria para lançar flechas com o seu arco.
Ele não lançava flechas ao léu.
E depois que atirava a flecha ele ficava observando se ela estava se dirigindo para o alvo.
Ele desejava observar o efeito da sua ação, porque ele esperava uma resposta às suas orações, e não era como muitos que pensam raramente nas suas orações depois que eles as proferiram.
Davi sabia que a oração, como a adoração, exige a aplicação de todos os poderes mentais, do coração, do vigor do espírito, porque o modo que se deve amar a Deus é com toda a mente, força e coração.
Por isso nossa oração deve ser diligente, bem conduzida e preparada, administrada.
George Muller não costumava orar somente. Ele anotava os pedidos, e a sua data, e acompanhava a resposta de Deus, anotando-as em seu diário.
Isto não significa que as orações devem ser mecanicamente elaboradas, porque isso é contra o espírito da oração, que deve ser de coração.
 Não é a nenhuma ordem meramente mecânica que estou me referindo, porque  nossas orações serão igualmente aceitáveis,  em qualquer forma; porque há  tipos de orações, em todas as formas, no Antigo e no Novo Testamento.
A verdadeira ordem espiritual da oração parece  consistir em algo mais do que mero arranjo.
É primeiro para que nós sintamos que estamos fazendo algo que é real; que nós estamos nos dirigindo a Deus a quem nós não podemos ver, mas que está realmente presente.
Sentindo a realidade da presença de Deus, nossa mente será conduzida por graça divina a um estado humilde.
Por conseguinte nós não nos entregaremos à nossa oração como meninos que repetem as lições deles, como um mero assunto de rotina.
Nós seremos humildes contudo solicitantes corajosos.
Nós não teremos a reserva de um escravo mas a reverência amorosa de um filho, contudo não um filho descarado, impertinente, mas um filho obediente, que honra o seu Pai, e que então lhe pede sinceramente, mas com submissão à Sua vontade.
Quando eu sinto que eu estou na presença de Deus, eu estou convicto de que Ele não me atenderá a não ser pela Sua exclusiva graça e por causa de Seu Amado Filho Jesus Cristo.
Por isso eu me coloco debaixo do patronato do grande Redentor e peço com santa ousadia porque sei que posso fazê-lo quando isto é em Seu Nome.
É por causa dEle que somos atendidos pelo Pai.
Por isso eu apresento em meus argumentos no que peço ao Pai, as feridas de Cristo, a vida dele, a morte dele, o sangue dele, enfim, tudo o que Ele é, fez e tem feito por nós.
A oração deveria ser distinta, e definitivamente pedir algo porque a mente percebeu sua necessidade de tal coisa, e então tem que se declarar quanto a  isto.
Quando nós estamos seguros que o que nós pedimos é para a glória de Deus, então, podemos pedir com santa ousadia.
Ainda a oração  é uma arte que somente o Espírito Santo pode nos ensinar.
Ele é o doador de toda a oração.
A segunda parte da oração está em  ENCHER A BOCA DE, não de palavras nem de frases boas, nem bonitas expressões, mas encher a boca de argumentos pelos quais o portão do céu é aberto.
Por que os argumentos devem ser usados?
 Certamente não é porque Deus seja lento em atender, não porque nós podemos mudar o propósito divino, não porque Deus necessita ser informado de qualquer circunstância com respeito a nós mesmos ou de qualquer coisa com relação à graça solicitada: os argumentos devem ser usados para nosso próprio benefício, não para o dEle.
Ele requer que nós supliquemos a Ele, e com razões fortes,  porque isto revelará se nós sentimos o valor da graça e da misericórdia que buscamos.
Quando um homem procura argumentos para alguma coisa, estes serão mais fortes e convincentes e preparados em razão proporcional ao valor daquilo que está buscando.
Um homem que viesse a Deus com o argumento do próprio mérito pessoal dele, nunca teria sucesso; o argumento próspero sempre está fundado na graça, não se dizendo isto apenas com a boca, mas reconhecendo e crendo no coração,  e conseqüentemente a alma que alega assim entenderá intensamente que é por graça e somente por graça que o pecador obterá qualquer coisa de Deus.
Além, disso Deus pretende que o uso de argumentos incite o nosso fervor.
O homem que usa um argumento com Deus adquirirá mais força usando o próximo, e usará o próximo com poder ainda maior.
Outro aspecto poderoso para a ordenação na apresentação de argumentos diante de Deus é a  promessa de Deus. Fale com Deus argumentando sobre Suas promessas. Diga: “Senhor, está prometido na tua Palavra.”.
Não que Ele necessite ser lembrado do que tem prometido, mas para que você mostre em que está fundado o seu pedido.
Se os homens honrados se esforçam e se preocupam em cumprir a palavra dada por eles, quanto mais o Deus que é todo honra e fidelidade.
Ele não manterá a Sua Palavra?
Ele vela sobre ela para a cumprir. Deus nunca desonra suas contas, ainda que o homem não honre as suas.
Quando alguém tem uma nota promissória para honrar, pode ser que não a honre, mas o Altíssimo jamais desonrará as Suas contas.
O Seu crédito nunca foi impugnado e nunca será.
Ele é pontual ao prazo estabelecido por Ele mesmo, nunca no nosso próprio tempo, para honrar todos os seus compromissos, com os quais se aliançou conosco por meio de Jesus Cristo e das promessas de Sua Palavra.

Meu irmão, se você tiver uma promessa divina, você não precisa alegar isto com um "se"; você pode declarar com uma certeza.
Se para a graça que você está pedindo agora, você tiver uma palavra solenemente empenhada de Deus, você não precisa ter qualquer precaução quanto ao argumento que lhe apresentará.
Você sabe que a vontade do Senhor está revelada na Sua promessa.
Alegue, argumente com base nesta promessa.
Um terceiro argumento que deve ser usado é o mesmo que foi empregado por Moisés, a saber: o grande nome de Deus.
Se Deus não atender como ficará o Seu grande nome?
Se Deus não nos atender o mundo dirá: “Onde está o Deus deles?”.
Veja o caso de nosso respeitado irmão, o Sr. Geroge Muller, de Bristol.
Este, durante  muitos anos declarou que Deus ouve a oração, e firme naquela convicção, ele começou a construir casa após casa para abrigar órfãos.
Agora, eu posso muito bem conceber que, se ele foi dirigido a um ponto de carecer de  meios para a manutenção dessas mil ou duas mil crianças, ele pode muito bem usar o argumento, o que se dirá do Seu grande nome?".
E você, em alguma dificuldade severa, quando você recebeu a promessa  poderá também dizer: "Deus, tu disseste: 'Em seis dificuldades eu estarei contigo, e em sete eu não te abandonarei.'.
Eu contei a meus amigos e vizinhos que eu coloquei inteiramente minha confiança em ti, e se tu não me atenderes, o que será do Seu nome? Levanta-te ó Deus, e faz esta coisa, para que o teu nome não seja lançado ao pó”.
Podemos também  alegar as tristezas do Seu povo.
Isto é freqüentemente encontrado em Jeremias, que foi o grande mestre desta arte.
Lembremos de argumentar com o Senhor que precisamos cumprir o mandamento de estar sempre alegres como é da vontade dEle, e por isso lhe peçamos que remova a causa das nossas tristezas ou que nos dê o suporte da Sua graça para suportar nossos sofrimentos com alegria.
Irmãos, é bom argumentar com Deus quanto ao que Ele fez no passado.
Podemos dizer como Davi, que tendo sido Ele nossa ajuda, nos deixaria agora desamparados?
Isto é impossível.
Recordemos pois das bênçãos e cuidados demonstrados por Deus a nós no passado enquanto lhe apresentamos nossos pedidos com tais argumentos no presente.
Nós podemos usar a nossa própria fraqueza, incapacidade, indignidade, como um forte argumento diante de Deus.
“Senhor lembra que sou pó. Não há força em mim para resolver tal problema.”.
O argumento do publicano se fez muito forte quando se reconheceu um pecador indigno diante do Senhor.
O cego de Jericó pede por misericórdia ao Filho de Davi. A mulher cananéia não se ofendeu por sua gente ter sido comparada aos cães, e soube contra-argumentar dizendo que até mesmo dos cachorrinhos o Senhor pode cuidar com as migalhas da graça que caem da Sua mesa.
A grandeza do meu pecado me faz uma plataforma para a grandeza da misericórdia do Senhor.
Peçamos a Deus que faça a grandeza do Seu amor ser revelada em nós que somos pobres e necessitados da Sua graça.
Finalmente, o principal argumento do crente são os sofrimentos, a morte, o mérito, a intercessão de nosso Senhor Jesus Cristo.
Quando nós pedimos a Deus que nos ouça, enquanto o alegamos no nome de Cristo, nós normalmente queremos dizer: "Oh Deus, teu querido Filho merece isto de ti; faça isto para mim por causa do que Ele merece. Ele se deu por mim, pecador, na cruz, em troca dessa alegria que poderia experimentar pela Sua vitória na vida daqueles que comprou com o Seu sangue para Ti.”.
Jesus mesmo ordenou que usássemos o Seu nome para pedir o que necessitamos ao Pai.
Ele não nos dará qualquer coisa por nossa própria causa, mas por causa de Cristo.
É a assinatura de Cristo que está no cheque que apresentamos a Deus.
Somente cheques com tal assinatura podem ser descontados no banco celestial.
Nenhum outro é aceito. Se o Espírito Santo nos ensinar como ordenar nossa causa, e como encher nossa boca de argumentos, o resultado será que NÓS TEREMOS NOSSA BOCA CHEIA DE LOUVOR.
O homem que tem a sua boca cheia de argumentos em oração terá a sua vida logo cheia de bênçãos em resposta à oração.
Querido amigo, se  a  tua boca está cheia de murmurações, reclamações, peça a Deus para lavá-lo dessa negridão, porque isto não te será de qualquer proveito, e tornará amargo o teu coração, até mesmo tuas entranhas.
Substitua isto pela oração, enchendo tua boca de argumentos em tuas petições a Deus, e isto trará delícias à tua alma, e o atendimento dos desejos do teu coração.
Nossas necessidades são grandes, então nossos pedidos devem ser grandes, e a provisão também será grande.







40 - Certeza do Êxito na Oração

Por Charles Haddon Spurgeon (adaptado)

“Por isso vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe, o que busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.”. (Lc 11.9,10).

Buscar ajuda em um ser sobrenatural em tempo de angústia é um instinto da natureza humana. Não dizemos que a natureza humana não renovada ofereça uma oração verdadeiramente espiritual, ou que possa exercer a fé salvadora no Deus vivo. Porém, não obstante, como criança que cora na escuridão com desejo angustiante de receber ajuda de um ou de outro lugar, dificilmente pode saber de onde, a alma com profundo pesar quase invariavelmente clama a algum ser sobrenatural no seu pedido de socorro. Não há pessoas mais dispostas a orar em tempo de angústia que aquelas que têm ridicularizado a oração em tempos de prosperidade; e provavelmente não há orações mais reais e em conformidade com os sentimentos da hora que as que o ateu tem oferecido sob a pressão do temor da morte.
Este instinto de procurar ajuda sobrenatural foi colocado pelo próprio Deus no homem, de forma que possa se deixar achar especialmente pelos seus escolhidos, tanto para dar-lhes a salvação quando os chama, como para socorrê-los em suas aflições. O homem ora porque há algo na oração. Como quando Deus deu a suas criaturas o dom da sede, é porque existe a água para saciá-la, e a sede é o sinal de que o corpo necessita de ser reabastecido pela água. Da mesma forma, há uma sede espiritual que indica a necessidade da alma de ser reabastecida com a graça de Deus. Assim, quando Deus inclina os homens a orarem é porque a oração tem uma bênção correspondente que está unida a ela. 
Encontramos uma poderosa razão para esperar que a oração seja efetiva pelo fato de que é uma instituição de Deus. Na palavra de Deus, repetidas vezes se nos dá o mandamento de orar. As instituições de Deus não são vazias. Posso crer que o Deus infinitamente sábio me tem ordenado um exercício que é ineficaz e que não é mais que um jogo de meninos ? Me ordena orar, e contudo, a oração não tem mais resultado do que o silvo do vento ? Se não há resposta à oração, a oração é um monstruoso absurdo e Deus é o autor dele. E isto é uma blasfêmia se alguém se atreve a afirmá-lo. Nenhum homem que não seja um tonto seguirá orando uma vez que se lhe tem provado que a oração não faz qualquer efeito diante de Deus, e nunca recebe uma resposta. A oração é uma tarefa de idiotas e loucos, e não para pessoas sãs, se fosse verdade que seus efeitos terminam no mesmo homem que ora.
Jesus sabia que surgiriam muitas dificuldades em relação à oração, e poderiam fazer vacilar a seus discípulos, assim, eliminou toda oposição mediante uma afirmação incontroversível: “Por isso vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe, o que busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.”.  No texto, o Senhor faz frente a todas as dificuldades, em primeiro lugar, dando-nos o peso da Sua autoridade: “Por isso vos digo”. Em segundo lugar, dando-nos uma promessa: “Pedi e dar-se-vos-á, etc”. E recordando-nos um fato indiscutível: “todo o que pede recebe, o que busca encontra, e a quem bate abrir-se-lhe-á”. Temos aqui três feridas mortais para as dúvidas que o crente possa ter em relação à oração.
I. Em primeiro lugar, NOSSO SALVADOR NOS DÁ O PESO DA SUA PRÓPRIA AUTORIDADE: “Por isso vos digo”.
A primeira marca de um seguidor de Cristo é que crê em seu Senhor. De nenhum modo podemos seguir ao Senhor se levantamos dúvidas acerca de pontos que Ele tem estabelecido positivamente. Embora uma doutrina esteja rodeada de dez mil dificuldades, o dito do Senhor Jesus suprime todas elas. No que concerne aos verdadeiros crentes. Estes sabem que há condições que acompanham a oração triunfante e perseverante. Eles sabem quais renúncias têm que fazer quanto à carne, ao mundo e ao diabo, para se manterem na Palavra do Senhor, e assim poderem conhecer a Sua vontade, para pedirem de acordo com ela, submetendo-se a tudo que está ordenado por Deus,  ou pelo menos esforçando-se neste sentido, à medida que crescem no conhecimento do Senhor e da Sua vontade, renunciando ao próprio eu, para serem achados em conformidade com a santidade de Cristo. Se as palavras dEle estiverem em nós, e se estivermos nEle, para que Ele permaneça em nós, então pediremos o que quisermos, que seja conforme a Sua vontade, e nos será feito.       
Mas, como dizíamos, a declaração do nosso Mestre é todo o argumento que necessitamos para sabermos que nossas orações são ouvidas e respondidas, quando atendem às condições a que nos referimos antes. Quando Ele diz: “Por isso vos digo” todo debate e dúvida chegam ao fim. Porque Ele tem dito, e isto põe um ponto final em tudo o mais.
Se a natureza tem leis irreversíveis, não importa porque Aquele que criou todas as coisas diz: “pedi e dar-se-vos-á”. Então certamente será assim, sejam quais forem as leis da natureza. Sendo o Criador o Senhor conhece todo o mecanismo de todas as forças do universo, e assim Ele diz: “Pedi e dar-se-vos-á”. Não há forças naturais ou espirituais que possam impedir o cumprimento da palavra do Senhor.  
Pedi e dar-se-vos-á. Agora, quem é que diz isto ? É o que tem estado com o Pai desde o princípio, e Ele conhece quais são os propósito de Deus e como é o coração de Deus, porque tem dito em outro lugar, “o Pai mesmo lhes ama”. Agora, já que Ele conhece o decreto do Pai, e o coração do Pai, pode dizer com absoluta certeza de um testemunho ocular que não há nada no conselho eterno que entre em conflito com esta verdade e de que o que pede recebe, e o que busca acha. Ele tem lido os decretos do princípio ao fim. Não tem tomado o livro e não tem desatado os sete selos, declarando as ordenanças do céu ? Ele lhes diz que nada há que seja contra os teus joelhos dobrados e teus olhos molhados com lágrimas, e com o fato de que o pai abra as janelas dos céus para fazer chover sobre ti as bênçãos que tu estás buscando. Mais ainda, Ele mesmo é Deus: os propósitos dos céus são seus propósitos, e aquele que ordenou o propósito aqui da segurança de que nada há nele que impeça a eficácia da oração. “Eu vos digo”. E quando Ele diz cessam todos os argumentos contrários. E as tuas dúvidas são lançadas ao vento, porque sabes que Ele ouve a oração.
Porém às vezes surge em nossa mente uma terceira dificuldade, que está associada com nosso próprio juízo acerca de nós mesmos e nossa avaliação de Deus. Sentimos que Deus é muito grande, e trememos na presença de sua majestade, sentimos que somos muito pequenos, e que, além disso, somos vis, e parece uma coisa incrível que uma insignificância culpável tenha poder para mover o braço que move o universo. Me pergunto se não é esse temor culpável o que nos impede freqüentemente que oremos. Porém Jesus responde docemente: “Eu vos digo: Pedi e dar-se-vos-á.”. E pergunto novamente, quem é o que diz “eu vos digo” ? É aquele que conhece tanto a grandeza de Deus como a fraqueza do homem. Ele é Deus e desde sua excelsa majestade, imagino ouvir-lhe dizer: “Eu vos digo: Pedi e dar-se-vos-á”. Porém Ele também é homem como nós, e diz: “Não tenhas medo de tua insignificância, porque eu, osso de teus ossos, e carne de tua carne te asseguro que Deus ouve a oração do homem.”. E, se contudo o terror do pecado nos espante, e nosso pesar nos deprime, eu lhes recordaria que quando diz: “Eu vos digo”, Jesus nos dá a autoridade, não somente de sua pessoa, senão de sua experiência. Jesus era dado a orar. Nunca ninguém orou como ele o fez. Ele passava as noites em oração, e dias inteiros em fervente intercessão. Ele é quem nos diz: “Eu vos digo, pedi e dar-se-vos-á”. Jesus provou o poder da oração.
Além disso, recordem que se Jesus podia falar positivamente aqui, há razões maiores ainda para crer nEle agora, porque passou além do véu, e se assentou à destra de Deus Pai, e a voz que agora nos vem não nos chega do homem pobre que usa uma túnica sem costura, senão do sacerdote entronizado que nos diz desde a destra de Deus: “Eu vos digo: pedi e dar-se-vos-á”. Vocês não crêem no Seu nome ? Se crêem, então como poderia cair em terra uma oração que se oferece sinceramente nesse nome ? Quando apresentas a tua petição no nome de Jesus, uma parte da Sua autoridade reforça as tuas orações. Se tua oração é recusada, Cristo é desonrado. Não podes crer que isso possa ocorrer. Posto que tens confiado nele. Creia que a oração oferecida por meio dEle deve ter êxito, e o terá.
II. Agora recordaremos que NOSSO SENHOR NOS APRESENTA UMA PROMESSA
Note-se que a promessa é dada para diversas formas de oração: “Eu vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á.”. O texto claramente afirma que todas as formas de oração verdadeira serão escutadas, com a condição de serem apresentadas por intermédio de Jesus Cristo, e são para bênçãos prometidas. Algumas são orações verbalizadas em que os homens pedem, não devemos jamais deixar de oferecer a oração expressada pela língua, porque a promessa é que o que pede será ouvido. Porém, há outros que sem descuidar a oração ativa, porque pelo uso humilde e diligente dos meios eles buscam as bênçãos que necessitam. Seus corações falam com Deus por meio de seus anelos, seus esforços, suas emoções e seus trabalhos. Que não cessam de buscar, porque certamente acharão. Há outros que, em seu ardor, combinam as formas mais apaixonadas, atuando e falando, porque clamam, e isso é uma forma intensa de pedir e uma forma veemente de buscar. Assim a oração cresce desde o pedir – que é sua vocalização, sua declaração, até o buscar – que é suplicar; e clamar – que é importunar. Para cada uma destas etapas da oração há uma promessa clara. O que pede terá aquilo que pediu. Porém, o que busca tendo ido mais além, encontrará, desfrutará, estreitará entre suas mãos, saberá que tem obtido. E o que clama, irá mais longe ainda, porque entenderá, e se lhe abrirão as coisas preciosas. Não somente terá a bênção e o desfrute, senão que a compreenderá, entenderá com todos os santos quais sejam as alturas e as profundidades. Contudo, quero que notem o seguinte, que engloba tudo, seja qual for a forma de oração, terá êxito. Se somente pedis, recebereis; se buscais, achareis; se clamais, será aberto, porém em cada caso lhes será feito conforme a vossa fé. As cláusulas da promessa que temos diante de nossos olhos não se nos apresentam coletivamente, como dizemos no direito: o que pede e busca e clama, receberá, o que busca achará e o que clama lhe será aberto. Não é quando combinamos as três coisas que recebemos a bênção, embora indubitavelmente se as combinamos receberemos uma resposta combinada; porém se exercemos somente uma destas três formas de oração, de todos os modos teremos o que nossa alma necessita.
Estes três métodos da oração exercitam uma variedade de nossa graça. Os pais comentam sobre esta passagem que a fé pede, a esperança busca e o amor clama, e vale a pena repetir esse comentário. A fé pede porque crê que Deus dará; havendo pedido, a esperança espera, e em conseqüência busca a bênção; o amor leva mais perto ainda, e não receberá uma negativa de Deus, antes deseja entrar em sua casa e cear com Ele, e por isso clama à sua porta até que lha abram. Porém, voltamos ao nosso ponto original. Não importa qual é a graça que se exerce, uma bênção corresponde a cada uma. Se a fé pede, receberá; se a esperança busca, achará, e se o amor clama, lhe será aberto. Estes três modos de orar nos convêm em diferentes situações de angústia. Ali estou, pobre mendigo, à porta da misericórdia, peço e receberei. Porém, me extravio, de modo que não posso falar com Aquele a quem uma vez pedi tão exitosamente; então posso buscá-lo com a certeza de que o acharei. E se estou na última das etapas, não somente pobre e confuso, senão também imundo como para sentir-me separado de Deus, como leproso que é lançado fora do acampamento, então posso clamar e a porta se me abrirá. 
Cada uma desta diferentes descrições das orações é sobremaneira sincera. Se alguém dissesse: “Não posso pedir”, nossa resposta seria: “não entendes a palavra.”. Com toda a segurança qualquer pessoa pode pedir. Uma criança pode pedir. Muito antes que o bebê saiba falar, ele pode pedir. Não necessita de palavras para pedir o que necessita, e não há um só entre nós que esteja incapacitado de pedir. Não é necessário que as orações sejam belas. Creio que Deus abomina as orações floreadas. Quando oramos, quanto mais sincera for nossa oração melhor, a linguagem mais sincera, a mais humilde, que expressa o que queremos dizer, é a melhor de todas.
A segunda palavra é buscar, e certamente não há dificuldade para buscar. Poderia haver dificuldades para encontrar, porém não para buscar. Quando a mulher da parábola perdeu o dinheiro, ela acendeu uma luz e a buscou. Não creio que tenha estado alguma vez na universidade, ou que foi qualificada como doutora em medicina, ou que houvesse estado diante da Junta Escolar como mulher de sentido superior, porém ela podia buscar. Todo o que deseja fazê-lo pode buscar, seja homem, mulher ou criança; e para estimular-lhes, a promessa não é dada de alguma forma filosófica particular quanto ao buscar, senão estabelece simplesmente, “o que busca acha”.
Agora vejamos o “clamar” ou “chamar”, que é traduzido em nossa Bíblia como “bater”. Bater à porta é o mesmo que clamar ou chamar à porta. A idéia é que alguém venha nos atender. Muito bem, quando éramos crianças, sempre encontrávamos métodos para chamar. Uma pedra ou um bico com nossa bota serviam para chamar a atenção daqueles que eram muito altos em relação à nossa estatura. Qualquer coisa servia para bater na porta. De nenhum modo estava isso além da nossa capacidade. Portanto, Jesus o põe desta maneira como para dizer-nos: “Não necessitas ter escolaridade, preparação, talento, e nem gênio para orar. Pede, busca, chama, isso é tudo, e há uma promessa para cada uma destas formas de orar.     
Crerás na promessa ? É Cristo quem a dá. Jamais tem saído de seus lábios uma mentira. Oh, não duvidem dEle. Se tens orado, prossegue orando, e se nunca tens orado, Deus te ajude para que comeces ainda hoje.
III. Nosso terceiro ponto é que JESUS DÁ TESTEMUNHO DO FATO DE QUE A ORAÇÃO É OUVIDA
Havendo dado uma promessa, logo acrescenta: Podeis estar completamente seguros de que esta promessa será cumprida, não somente porque eu vos digo, senão porque é e tem sido sempre assim. Quando um homem diz que manhã após manhã sairá o sol, e cremos, porque sempre tem sido assim. Nosso Senhor nos diz, como fato indiscutível, que através de todas as eras o verdadeiro pedir tem sido seguido pelo receber. Recordem que quem afirma este fato o conhece. Se eu afirmasse um fato, poderias responder-me: “Sim, no que respeita ao que tu tens observado, é verdade”, porém a observação de Cristo não tem limites. Jamais tem havido uma oração verdadeira que Ele não tenha conhecido. As orações aceitáveis ao Altíssimo lhe chegam pela via das feridas de Cristo. Daí que o Senhor Jesus pode falar com conhecimento pessoal, e sua declaração é que a oração tem tido êxito: “Todo o que pede recebe, e o que busca encontra.”.    
Neste ponto devemos supor, desde logo, as limitações que iniciaria o sentido comum ordinário, e que são estabelecidas pelas Escrituras. Não é que todo o que peça com frivolidade ou maldade a Deus, vá obter o que pediu. Deus não responderá cada petição néscia, ociosa e desconsiderada do coração não regenerado. De nenhum modo. As Escrituras colocam o limite: “Não recebeis porque não pedis, ou pedis mal”. Há um pedir mal que nunca obterá o que pede. Porém tendo em conta estas cousas, a declaração de nosso Senhor não tem outra limitação: “Todo o que pede recebe.”.  
Cabe recordar que freqüentemente, ainda quando os ímpios e os perversos têm pedido a Deus, têm recebido. Com muita freqüência no dia da angústia têm clamado a Deus, e Ele lhes tem respondido. Como te atreves a dizer isso ? Diz alguém. Não o digo eu, a Escritura é quem o diz. A oração de Acabe foi respondida e o Senhor disse: “Não tens visto como Acabe se tem humilhado diante de mim ? Pois porquanto se tem humilhado diante de mim, não trarei o mal em seus dias; nos dias de seu filho trarei o mal sobre sua casa.”. Assim também, o Senhor ouviu a oração de Joacaz, filho de Jeú, que fez o que era mau diante do Senhor (II Rs 13.1-4). Os israelitas também, quando por seus pecados foram entregues a seus inimigos, clamaram a Deus, pedindo libertação e receberam sua resposta, contudo, o Senhor mesmo testifica a respeito deles que somente o lisonjeavam com seus lábios. Muitas vezes, no tempo de enfermidade e no tempo de dor, Deus tem atendido às orações dos ingratos e dos maus. Pensas que nada dá senão aos bons ? Tens ficado ao pé do Sinai e tens aprendido a julgar segundo a lei dos méritos ? Que eras quando começaste a orar ? Eras bom e justo ? Não te tem mandado Deus que faças bem aos maus ? Crês que Ele te mandaria fazer algo que ele mesmo não faria ? Não tem dito que envia a chuva sobre justos e injustos ? Não está dando bênçãos cotidianas a quem lhe maldiz ? Esta é uma das glórias da graça de Deus. Bem, agora se Deus tem ouvido as orações ainda que de homens que não o buscam da maneira mais elevada, e lhe tem dado libertação temporal em resposta aos seus clamores, não te ouvirá com maior razão quando te humilhas na sua presença, e desejas ser reconciliado com Ele ?
O publicano estava de pé e tão quebrantado de coração que não se atrevia a levantar os olhos ao céu. Contudo, Deus o contemplou desde acima e atendeu à sua oração. Manassés tinha sido um cruel perseguidor dos santos, e não havia nele o que pudesse servir-lhe de recomendação diante dos olhos de Deus. Mas Deus lhe ouviu desde suas prisões e concedeu liberdade à sua alma. Pelo seu próprio pecado Jonas chegou ao ventre do grande peixe. Contudo, desde o seio do inferno clamou e Deus lhe ouviu. “Todo o que pede recebe, e o que busca acha e ao que chama se lhe abrirá.”. Todo o que. Eu não creio que entre os condenados ao inferno haverá alguém que se atreva a dizer: “Eu busquei ao Senhor e ele me recusou.”. 
Não se achará no dia final da redenção uma só alma que possa dizer: “Chamei à porta da misericórdia, porém Deus se negou a abrí-la.”. Isto não poderá ocorrer de modo algum, porque Deus não pode negar-se a si mesmo. Ele não pode deixar de ser fiel à Sua Palavra para a cumprir, pois tem dito “Todo o que... recebe, acha, abrir-se-lhe-á”. Se tens dúvidas, faça a prova, se já tens provado, prova novamente. Estás vestido de farrapos ? Não importa, todo o que pede recebe. Estás imundo pelo pecado ? Não tem importância, todo o que busca encontra. Te sentes como se estiveras de todo separado de Deus ? Tampouco importa, chama e a porta será aberta, para que você seja atendido. Quando o Senhor disse estas palavras, ele poderia haver recorrido à sua própria vida como evidência. Em todo caso, nós podemos nos referir à mesma agora e demonstrar que ninguém pediu a Cristo sem receber. A mulher sirofenícia  descobriu que todo aquele que pede recebe. A mulher que sofria de hemorragia e tocou a veste do Senhor, não estava pedindo, estava buscando, e encontrou.
“Tenho pedido fé”. Diz alguém. Bem, que queres dizer com isso ? Crer em Jesus é um dom de Deus, porém além disso deve ser um ato teu. Pensas que Deus crerá por ti, ou que o Espírito Santo crê no nosso lugar ? Que tem que crer o Espírito Santo ? Tu deves crer por ti mesmo ou te perderás, caso não conheças ainda ao Senhor. Ele não pode mentir. Ele tem dito que o que crer e for batizado será salvo. Se alguém pede em oração para ser salvo, mas não crê ao mesmo tempo no Senhor Jesus, não pode ser salvo. Porque a Palavra não diz: “Ora e serás salvo”, mas sim “crê e serás salvo”. Confia no Senhor e serás salvo, e tua oração será respondida.
Se na tua constante comunhão com o Senhor te sentes movido a orar pela salvação de determinada pessoa, continua orando com esperança porque obterás a resposta à tua oração. Há muitos que têm tido a resposta às suas orações por outros depois de mortos.













Nenhum comentário:

Postar um comentário