sexta-feira, 23 de outubro de 2015

109) Perseverança 110) Piedade

109) PERSEVERANÇA

ÍNDICE

1 - Perseverança na Tribulação
2 - Perseverança dos Santos
3 - “Permanecer Firmes na Fé" (Atos 14.22)
4 - Perseverança, Paciência e Longanimidade
5 - Perseverar Até o Fim
6 - A importância Vital da Perseverança
7 - Perseverando Rumo à Vitória Final
8 - Por Que Os Cristãos Perseveram
9 - RECUAR? NUNCA!


1 - Perseverança na Tribulação

“Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados;
perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos;” (II Cor 4.8,9)

As nossas melhores alegrias, caso sejamos cristãos autênticos, sempre estarão misturadas a tribulações, aflições, perplexidades, perseguições e abatimentos.
Isto porque todo cristão está empenhado numa batalha entre o bem e o mal, que é tanto interna, quanto externa.
Então, não é sábio confiar numa teologia que nos aponte Cristo como sendo o fim de todos os nossos problemas terrenos.
Esta condição de bem-aventurança completa, sem qualquer lágrima ou dor, está prometida ao cristão somente para o porvir.
Enquanto estivermos deste outro lado do céu, teremos muitas tribulações, aflições e perplexidades, sem no entanto, nunca sermos desamparados pelo auxílio da graça de Deus, ou então, de sermos deixados por Ele à mercê de nossas tribulações, aflições, perseguições e abatimentos.
Ele nos dará alívio, socorro e livramento, conforme nos tem prometido em Sua Palavra, caso Lhe permaneçamos fiéis em tudo.






2 - Perseverança dos Santos

I. Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santificou pelo seu Espírito, não podem decair do estado da graça, nem total, nem finalmente; mas, com toda a certeza hão de perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos. Ref. Fil. 1: 6; João 10: 28-29; I Ped. 1:5, 9.
II. Esta perseverança dos santos não depende do livre arbítrio deles, mas da imutabilidade do decreto da eleição, procedente do livre e imutável amor de Deus Pai, da eficácia do mérito e intercessão de Jesus Cristo, da permanência do Espírito e da semente de Deus neles e da natureza do pacto da graça; de todas estas coisas vêm a sua certeza e infalibilidade.
Ref. II Tim. 2:19; Jer. 31:3; João 17:11, 24; Heb 7:25; Luc. 22:32; Rom. 8:33, 34, 38-39; João 14:16-17; I João 2:27 e 3:9; Jer. 32:40; II Tess. 3:3; I João 2:19; João 10:28.
III. Eles, porém, pelas tentações de Satanás e do mundo, pela força da corrupção neles restante e pela negligência dos meios de preservação, podem cair em graves pecados e por algum tempo continuar neles; incorrem assim no desagrado de Deus, entristecem o seu Santo Espírito e de algum modo vêm a ser privados das suas graças e confortos; têm os seus corações endurecidos e as suas consciências feridas; prejudicam e escandalizam os outros e atraem sobre si juízos temporais.
Ref. Sal. 51:14; Mat. 26:70-74; II Sam. 12:9, 13; Isa. 64:7, 9; II Sam. 11:27; Ef. 6:30; Sal. 51:8, 10, 12; Apoc. 2:4; Isa. 63:17; Mar. 6:52; Sal. 32:3-4; II Sam. 12:14; Sal. 89:31-32; I Cor. 11:32.
É Deus, pela intercessão de Jesus e pelo poder do Espírito Santo quem inspira e conduz o crente à perseverança, mas é obrigação deste cooperar com a ação divina, esforçando-se para perseverar, empenhando toda diligência e obediência às ordenanças da Palavra, para isso orando, estudando a Bíblia, congregando na igreja em que o Senhor o colocou, servindo a Cristo e aos irmãos, fazendo progresso na transformação do seu caráter, pela operação do Espírito.







3 - “Permanecer Firmes na Fé" (Atos 14.22)

A perseverança é o emblema distintivo dos verdadeiros santos.
A vida cristã não é apenas um início nos caminhos de Deus, mas também a continuação da mesma, enquanto a vida dura.
Dá-se com o cristão, aquilo que se deu com Napoleão, ele disse: "A vitória fez de mim o que sou, e a vitória deve manter-me assim." Então, sob Deus, querido irmão no Senhor, a vitória fez com que você seja o que você é, e ela deve mantê-lo assim. Seu lema deve ser: "Excelente". Somente é um verdadeiro vencedor, e será coroado no final, quem permanece firme até que a trombeta de guerra não seja mais tocada.
A perseverança é, portanto, um alvo para todos os nossos inimigos espirituais.
O mundo não se opõe a que você seja cristão por um tempo, se ele puder tentá-lo a cessar a sua peregrinação, e a se estabelecer para comprar e vender com ele na Soberba da Vida.
A carne vai procurar iludi-lo, e para evitar  o seu esforço para a glória. "É um trabalho cansativo ser um peregrino, vem, desista. Devo sempre ser humilhado? Nunca serei indulgente? Dê-me, pelo menos, uma licença nesta guerra constante. "
Satanás fará muitos ataques ferozes à sua perseverança, que deixarão cicatrizes para todos os seus dardos inflamados. Ele se esforçará para impedi-lo de realizar o seu serviço: ele vai insinuar que aquilo que você está fazendo não é bom, e que deve descansar. Ele fará o possível para torná-lo cansado de sofrer, ele vai sussurrar: "Amaldiçoe a Deus e morra." Ou ele atacará sua firmeza : "Qual é a vantagem de ser tão zeloso? Fique quieto como os demais; sonhe como os demais, e deixe a sua lâmpada apagar como as outras virgens fizeram.” "Ou ele atacará as suas convicções doutrinárias: "Por que você está apegado a estes credos denominacionais? Homens sensatos estão ficando mais liberais, pois eles estão removendo os marcos antigos: os tempos mudam."
Portanto, use seu escudo, cristão, próximo de sua armadura, e clame fortemente a Deus, para que, pelo seu Espírito, você possa perseverar até o fim.

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.







4 - Perseverança, Paciência e Longanimidade

A perseverança ou paciência ensinada pela Bíblia e que é esperada dos crentes é muito mais definida pela ação objetiva do Espírito Santo em levá-los em segurança à condição em que devem ser achados, sobretudo na glória, do que pela ação subjetiva dos crentes em atingi-la pelo próprio esforço deles.
Obviamente, deve haver um esforço da nossa parte para que a perseverança tenha a sua obra perfeita, todavia, quem nos habilita à condição de permanecer na fé e em Cristo até o fim é o poder do Espírito Santo.
Deus, que começou a boa obra de santificação dos crentes pelo Espírito Santo, há de completá-la, Ele mesmo, até o dia da volta de Jesus Cristo.
Temos esta certeza e esperança conforme prometido amplamente nas Escrituras, de modo que não há o perigo de que algum crente venha a se perder definitivamente.
Quedas e interrupções no trabalho de santificação serão curadas no tempo próprio pela graça de Jesus, ainda que isto ocorra somente na glória.
De modo que a segurança eterna da nossa salvação é apontada nas palavras de Jesus pela evidência da nossa perseverança até o fim, a saber, Ele ensina claramente que aqueles que salvou não serão rejeitados por Ele de modo nenhum, pois garantirá, pelo  Seu próprio poder, que perseverem em amá-lo até o fim.
Contra o testemunho das próprias Escrituras muitos afirmam que pecados eventuais podem levar um crente genuíno à perdição eterna, e se assim fora de fato, ninguém poderia ser salvo, pois não há quem não peque (I João 1.8,10 ).
É o sangue de Jesus e o Seu trabalho Sacerdotal que nos garantem a eternidade da nossa salvação. Deve ser assim para que toda a glória seja dele, e para que ninguém se glorie diante de Deus quanto à obtenção e manutenção da sua salvação.
Pecados eventuais são tratados pela mesma graça que nos salvou quando nos convertemos ao Senhor, por meio da confissão e do nosso sincero arrependimento.
A fraqueza momentânea do crente não pode diminuir o poder de Deus para restaurar.
Quando o apóstolo Paulo declara que aquele que pensa estar em pé vigie para que não caia, nisto se expressa claramente que o poder de permanecer firme na graça não é propriamente de qualquer crente, senão exclusivamente do Senhor, de maneira que ninguém seja presunçoso em seu coração pensando que pode fazê-lo de si mesmo, gloriando-se na própria consagração.
Ouvimos muitos dizendo que são mantidos firmes porque têm pago o preço exigido da consagração. Apesar de haver verdade em tal afirmação, deve-se ter o cuidado para que o coração não se eleve julgando que isto é propiciado pela própria consagração pessoal e não pela graça de Jesus, como efetivamente o é.
Agora, se é pela nossa perseverança na fé em santificação que se evidencia, que se comprova a nossa eleição (II Pe 1.10,11), então devemos nos armar do pensamento que a perseverança é o elemento atestador da nossa saúde espiritual, de modo que nunca abriguemos o pensamento errôneo de que podemos cruzar os braços desde que sabemos que a salvação do crente é segura e eterna. Tal modo de pensar é ofensivo à graça de Deus e ao alto preço que Jesus pagou para a nossa libertação.
Sem perseverar, sem permanecer em Jesus, jamais poderemos ser santificados, e a santificação deve, obrigatoriamente, se seguir à conversão, porque fomos salvos para o propósito de sermos santificados por Deus.
Como a fé do crente é provada, e em consequência, tribulações e aflições lhe aguardam neste mundo, ele necessitará de longanimidade e paciência no sofrimento, de modo que acrescentamos versículos bíblicos no final de nosso estudo que se referem a ambas, por serem irmãs siamesas da perseverança, pois sem longanimidade e paciência, não é possível perseverar.
Temos um grande exemplo de longanimidade, paciência e perseverança nos profetas e nos apóstolos, mas o maior exemplo de todos foi o do próprio Senhor Jesus Cristo pela muita paciência com que tudo suportou e sofreu, jamais se desviando do seu grande objetivo de obter a nossa salvação. Por isso somos chamados a imitá-lo sobretudo em seus sofrimentos para que com Ele reinemos, já que importa estarmos conformados a Ele em tudo, quer na Sua glória, quer nos seus sofrimentos.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as seguintes palavras do texto original:
1 – (hupomeno) (grego) – perseverar, permanecer
2 – (hupomone) (grego) – perseverança, paciência, constância
3 – makrotumeo  (grego) – ser paciente, ser longânimo
4 – makrotumia (grego) – paciência, longanimidade; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.escrita.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=33541








5 - Perseverar Até o Fim

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.
"Aquele que perseverar até o fim será salvo." (Mateus 10.22)
Esse texto foi originalmente dirigido aos apóstolos, quando eles foram enviados para ensinar e pregar em nome do Senhor Jesus.
Nosso texto, no entanto, ocorre novamente no vigésimo quarto capítulo de Mateus, no versículo 14, ocasião em que não foi dirigido aos apóstolos, mas aos discípulos em geral. Os discípulos, olhando para as enormes pedras que foram usadas na construção do templo, esperavam que o seu Senhor proferisse algumas palavras de elogio, mas Ele lhes advertiu sobre um tempo de aflição, em que deveria haver tantos problemas como nunca dantes. Ele descreveu os falsos profetas como abundantes e o amor de muitos esfriaria, e avisou que "Aquele que perseverar até o fim, esse será salvo." Então esta solene verdade se aplica a cada um de vocês.
O homem cristão, embora não chamado para o cargo de perigo no testemunho público da graça de Deus, é destinado, em sua medida, para testemunhar a respeito de Jesus, e em sua esfera própria e lugar, para ser uma luz brilhante. Ele pode não ter os cuidados de uma igreja, mas ele tem muito mais, os cuidados de negócio: ele se confunde com o mundo, ele é obrigado a associar-se com os ímpios. Em grande medida, ele deve, pelo menos, seis dias na semana, caminhar em um ambiente hostil com a sua natureza: ele é obrigado a ouvir as palavras que nunca irão incentivá-lo ao amor e às boas obras, e terá que contemplar as ações cujo exemplo é detestável.
Ele está exposto a tentações de todo tipo e tamanho, pois esta é a porção de todos os seguidores do Cordeiro. Satanás sabe o quão útil é um seguidor consistente do Salvador, e quanto dano à causa de Cristo, um professor inconsistente pode trazer, e, portanto, ele emprega todas as suas flechas de sua aljava para que ele possa ferir até a morte, o soldado da cruz.
Mas, queridos amigos, a perseverança não é a porção de poucos, não é para pregadores da Palavra, ou para os oficiais da Igreja é o destino comum de todos os crentes na Igreja. Tem que ser assim, pois só assim eles podem provar que são crentes. Tem que ser assim, pois somente por sua perseverança pode a promessa ser cumprida. "Quem crer e for batizado, será salvo" Sem perseverança, eles não podem ser salvos e, como devem ser salvos, perseverarão através da graça divina.
Primeiro, então, a perseverança é a insígnia de verdadeiros santos. É a sua marca nas Escrituras. Como posso saber quem é de fato cristão? Por suas palavras? Bem, até certo ponto, as palavras traem o homem, mas o discurso de um homem nem sempre é a cópia de seu coração, porque com linguagem suave muitos são capazes de enganar. Que é o que o Senhor disse? "Vós os conhecereis pelos seus frutos." Mas como vou conhecer os frutos de um homem? Ao vê-lo um dia? Talvez eu forme um palpite de seu caráter por estar com ele por uma hora, mas eu não poderia pronunciar-me com confiança sobre o verdadeiro estado de um homem até mesmo por estar com ele por uma semana. George Whitfield foi perguntado o que ele achava do caráter de uma determinada pessoa. "Eu nunca vivi com ele", foi sua resposta muito adequada.
Se tomarmos o prazo de vida de um homem, digamos, por dez, vinte ou trinta anos, e, se por observarmos cuidadosamente, vemos que ele traz à tona os frutos da graça através do Espírito Santo, e a nossa conclusão pode ser tirada com muita segurança.
Embora as obras não justifiquem um homem diante de Deus, elas não justificam um descrente. Eu não posso dizer se você está justificado e chamar-se cristão, exceto por suas obras, através de suas obras, portanto, como diz Tiago, sereis justificados. Você não pode, por suas palavras me convencer de que você é um cristão, e muito menos por sua experiência, o que eu não posso ver, mas se o seu curso é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até o dia ser perfeito, eu sei que o seu caminho é o do justo.
Mas não precisamos olhar para a mera analogia e bom senso. A Escritura é clara o suficiente. Que diz  João? "Saíram de nós." Por quê? Eram sempre santos? Oh! se "Saíram de nós, é porque não eram dos nossos, porque, se tivessem sido dos nossos, sem dúvida teriam permanecido conosco, mas eles saíram de nós, para que se manifeste que eles não eram dos nossos." Eles não eram cristãos, ou então eles não teriam, portanto, apostatado. Pedro diz: "Lhes sobreveio o provérbio, o cão voltou ao seu vômito, e a porca lavada voltou a se revolver no lamaçal", indicando ao mesmo tempo o mais claramente que o cão voltou ao vômito, porque sempre foi um cão.
Quando os homens vomitam seus pecados contra a sua vontade, não porque eles não gostem deles, mas porque não podem mantê-los, se um tempo favorável vem, eles vão voltar a engolir mais uma vez o que pareciam ter abandonado.
Nenhum verdadeiro filho de Deus perecerá, mas isso é o emblema de um verdadeiro filho de Deus: que o homem perseverará até o fim, mas se um homem não perseverar, mas voltar ao seu antigo mestre, e uma vez mais fica preso em sua velha cadeia, e usa novamente o jugo satânico, não há certeza de prova que ele tenha saído do Egito espiritual através de Jesus Cristo, seu líder, e nunca tem obtido essa vida eterna que não pode morrer, porque nasce de Deus. Tenho, assim, então, queridos amigos, dito o suficiente para provar que o verdadeiro distintivo do cristão é a perseverança, e que sem ela, nenhum homem provou ser um filho de Deus.
Temos muitos adversários. Olhe para o mundo! O mundo não se opõe a sermos cristãos por um tempo, ele vai alegremente ignorar todos os delitos dessa forma, se nós agora reapertarmos a sua mão e retornarmos ao que costumávamos ser.
"Ó" diz o mundo, "volte para os meus braços mais uma vez, se reapaixone por mim, sei que tens falado algumas palavras duras contra mim, e feito alguns atos cruéis contra mim, mas eu vou te perdoar alegremente." O mundo está sempre apunhalando a perseverança do crente. Às vezes, ele vai intimidá-lo para voltar, ele vai persegui-lo com os seus escárnios e línguas cruéis devem ser utilizadas, e em outro momento, ele vai acenar com tanta delicadeza e tão docemente, como prostituta da época de Salomão.
O seu segundo inimigo é a carne. Qual é o seu objetivo? "Oh!", Grita a carne, “tivemos o suficiente disto, que é um trabalho cansativo de ser um peregrino, venha, desista." A preguiça diz: "Sente-se ainda onde estás." Então, a luxúria clama: "Devo ser sempre humilhada? Nunca serei tolerada? Dê-me, pelo menos, uma trégua nesta guerra."
Em seguida, vem o diabo, e às vezes ele bate o seu tambor e clama com uma voz de trovão "Não há céu, não há Deus. Você é um tolo em perseverar" Ou, mudando suas táticas, ele grita: "Venha de volta! Eu te darei um tratamento melhor do que tinhas antes. Tu me consideravas um mestre severo, mas venha e prove que eu sou um diabo diferente do que eu era há dez anos atrás, eu sou mais respeitável do que eu era antes. Venha comigo, e serás um amante respeitável de prazeres.”
Se ele não puder impedir a nossa perseverança com prazeres mundanos, ele vai tentar impedir a nossa perseverança no sofrimento. “Você sempre foi pobre desde que você tem sido um cristão, o seu negócio não prospera, você vê, você não pode ganhar dinheiro, a menos que você faça o que os outros fazem. Você deve ir com os tempos, ou então você não vai chegar lá. Desista de tudo. Por que ficar sempre sofrendo desse jeito?" Assim, o espírito imundo nos tenta.
Ou então, ele atacará nossas convicções doutrinárias. "Por que", diz Satanás, "você crê nestes credos denominacionais? Homens sensatos estão ficando mais liberais, eles não se preocupam com a verdade de Deus, pois eles estão removendo os marcos antigos.”
Eu acho que eu provei e não preciso gastar mais palavras sobre isso - que a perseverança é a meta de todos os inimigos. Vista seu escudo, cristão, portanto, esteja em sua armadura, e clame fortemente a Deus, para que, pelo seu Espírito, você possa perseverar até o fim.
Em terceiro lugar, irmãos, a perseverança é a glória de Cristo.
Ele faz todo o seu povo perseverar até o fim, para Sua honra. Se eles caíssem e perecessem, cada compromisso, promessa e a aliança de Cristo estariam em jogo. Se algum filho de Deus perecesse, onde ficariam os compromissos da aliança de Cristo? O que ele valeria como Mediador do pacto e a garantia do mesmo, se ele não mantiver a promessa firme para toda a semente? Meus irmãos, Cristo torna-se um líder e comandante das pessoas, para levar muitas almas para a glória, mas se ele não trazê-los para a glória, onde está a glória do capitão? Onde está a eficácia do sangue precioso, se não pode efetivamente resgatar? Se ele só resgata por um tempo e, em seguida, nos deixa perecer, onde está o seu valor? Se ele só apaga o pecado por algumas semanas, e depois permite que o pecado volte a nos dominar, onde está a glória do Calvário, e onde está o brilho das feridas de Jesus? Ele vive, ele vive para interceder, mas como posso honrar a sua intercessão, se for infrutífera? Será que ele não ora: "Pai, eu quero que aqueles que tu me deste, estejam comigo onde eu estou", e se eles não podem ser finalmente levados para estar com ele onde ele está, onde estará a honra de sua intercessão?
Eu lhes conjuro pelo amor de Deus, e pelo amor de suas próprias almas, a serem fiéis até a morte. Você tem dificuldades? Você deve vencê-las.  Para seu próprio bem, por amor da Igreja, por amor ao nome de Deus, eu oro para que vocês façam isso.
Mas vocês não podem perseverar, exceto por muita vigilância. Muito cuidado sobre cada ação, tanto quanto dependem da mão forte do Espírito Santo, o único que pode fazer vocês perseverarem.









6 - A importância Vital da Perseverança

Tão verdadeiras são as palavras de Salomão no 2º capítulo de Provérbios, que se aplicaram à Sua própria vida, no final dos seus dias, porque ao se desviar da presença do Senhor, veio sobre ele tudo o que ele afirma, porque não somente se deixou conduzir pelos caminhos dos perversos vindo até mesmo a idolatrar, como também se deixou enredar por várias mulheres, que corromperam o seu coração.
Tivesse ele dado atenção, permanentemente ao que escrevera debaixo da inspiração do Espírito, jamais teria se desviado dos caminhos de Deus.
Por isso o alerta que é dirigido a todos os crentes pelo apóstolo Paulo, deve receber a devida atenção e todo empenho deles em diligência, para que nunca venham a cair da presença do Senhor.

“Aquele, pois, que pensa estar em pé, olhe não caia.” (I Cor 10.12)

Não basta conhecer a Palavra da verdade, porque é necessário praticá-la continuamente, todos os dias da nossa vida. Caso contrário, cairemos, ainda que não seja para uma queda definitiva e fatal que signifique a perda da nossa salvação, se somos de fato eleitos de Deus, tal como era Salomão.
Somente o conhecimento das coisas relativas ao reino de Deus não será suficiente para nos preservar no dia mau. É necessário orar e vigiar em todo o tempo. É necessário confiar no próprio Deus para ser livrado das muitas tentações que há no mundo, e que são disparadas em grande número por parte dos principados e potestades das trevas, especialmente contra os crentes fiéis, com vistas a paralisar as suas ações que trazem prejuízo aos planos do diabo.
A verdadeira sabedoria não será portanto achada fora de um caminhar em permanente comunhão com Deus, porque é a pessoa do próprio Cristo a sabedoria que vive e se manifesta em nós, se permanecemos nEle, por guardarmos a Sua Palavra (I Cor 1.30).
Exige-se portanto este caminhar na verdade, para que possamos ser tomados da plenitude de Cristo, depois de ter caminhado em fidelidade em comunhão vital com Ele, todos os dias da nossa vida, negando-nos a nós mesmos e carregando a nossa cruz, para a mortificação do nosso ego.
Porque conhecemos, pela revelação da graça e da verdade que Cristo nos trouxe na presente dispensação (Jo 1.17), melhor do que o próprio Salomão, qual é o modo de obter a sabedoria, que é o próprio Cristo: é pela crucificação do nosso ego.

“e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.” (Mt 7.14)

Jesus mesmo é a porta estreita (Jo 10.7); e o caminho apertado que conduzem a esta outra vida que é também Ele próprio (Jo 14.6; I Jo 5.20), a qual Ele afirma que são poucos os que a encontram.

O modo de se achar esta outra vida é perdendo a que temos, e ainda que ela venha a ser achada em toda a sua plenitude somente depois da nossa morte física, é possível achá-la ainda aqui neste mundo, pela morte do nosso ego. Por isso nosso Senhor disse que:

“Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.” (Mt 10.39)

A palavra vida no original grego usada neste texto é psiquê, referindo-se ao viver pela energia da alma. Então é este viver pela alma que deve morrer, para que se dê lugar ao viver no e pelo espírito, debaixo do poder do Espírito Santo, que é quem dá essa nova vida ao nosso espírito.

Quando Jesus disse que o propósito da Sua vinda a este mundo foi para que tivéssemos esta vida, e que a tivéssemos em abundância, era a isto a que Ele estava se referindo, ou seja, à Sua vida que passa a se manifestar dentro da nossa existência.
Então, quanto mais alguém morrer para o seu ego, em Jesus Cristo, mais terá desta nova vida que nos veio do céu. E por isso Jesus disse que Ele é o pão vivo que desceu do céu e que dá vida a todo aquele que dEle comer (Jo 6.41, 48, 51).

São poucos os que acham esta nova vida, porque é difícil o modo de obtê-la. Porque demanda a morte do nosso ego. É fácil para Deus, mas é difícil para o pecador fazê-lo, porque geralmente se apega à sua própria vida e não quer perdê-la. E de nós mesmos não podemos perder a nossa vida. É o próprio Deus que providencia as experiências que nos levarão a renunciar ao nosso eu. E estas operações são dolorosas para nós, porque naturalmente resistimos a todo tipo de morte. Entretanto é necessário que a casca da alma do nosso grão de trigo morra, que é esta vida que temos na carne, para que germine e cresça esta nova vida espiritual e celestial que recebemos de nosso Senhor Jesus Cristo.
Assim como é algo maravilhoso ver um grão seco e diminuto se transformando numa bela planta viçosa, de igual modo é maravilhoso ver o surgimento na conversão; e o crescimento na santificação; desta planta celestial que foi plantada por Deus, que é esta nova vida, que nos tornou novas criaturas em Cristo Jesus.
À medida que o Senhor for matando em nós os nossos desejos irregulares; o nosso mau temperamento; os nossos melindres e caprichos; a obstinação em fazer a nossa própria vontade; a incapacidade para fazer renúncias com prazer; especialmente pelo uso de aflições e tribulações, e ao mesmo tempo em que for implantando progressivamente mais da humildade, da mansidão, da submissão e da obediência de Cristo em nós, mais nos tornaremos semelhantes a Ele, e por isso Paulo orava e se esforçava tanto para ver Cristo sendo formado desta forma nos crentes.

“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós;” (Gál 4.19)

Então isto não nos virá pelo simples ensino da Palavra de Deus, que é a verdade e o meio da nossa santificação, porque será exigido que estejamos dispostos a fazer renúncias e a permitir a Deus que crucifique o nosso ego, para que esta maravilhosa vida do Seu Filho possa ser implantada progressivamente em nós. Por isso nos é ordenado que carreguemos a nossa cruz diariamente. A morte pela cruz era gradual e lenta assim como é a morte do nosso velho homem que já recebeu a sentença de morte da parte de Deus no momento mesmo que nos convertemos a Cristo. Porque é necessário se despojar das coisas que se referem ao velho homem, para poder ser revestido também por Deus das coisas correspondentes a estas que morreram, e que se referem à nova criatura, como por exemplo: a fidelidade no lugar da infidelidade; a misericórdia no lugar da indiferença; a paciência no lugar da ira e assim por diante.
Quanta alegria há no coração de Deus, de Jesus Cristo, do Espírito Santo, dos ministros fiéis do evangelho, de esposos, de esposas, de filhos, ao verem seus amados sendo transformados de glória em glória, pelo poder do Espírito, à própria imagem do Senhor, porque aqueles que são assim transformados, passam a ser pessoas misericordiosas, pacientes, afáveis, dóceis, fiéis, confiáveis, justas, bondosas, e acima de tudo, amantes do Senhor e de nenhum dos prazeres mundanos.
Quanto regozijo há no céu e na terra por pessoas que se apresentam assim verdadeiramente consagradas ao Senhor e à Sua vontade, não por serem religiosas hipócritas, mas por carregarem em seus seres a poderosa vida do Filho de Deus, refletindo o brilho da Sua luz e graça, pelo poder do Espírito Santo, no qual elas andam diariamente.
Bendito seja o Senhor, em quem podemos ser novas criaturas, livres das amarras de um ego pecaminoso, para estarmos aliançados a Ele, pelos laços do Seu amor divino, andando na liberdade do Espírito.
Então se conhecerá, como Paulo conheceu, o poder da verdadeira alegria celestial e espiritual que triunfa sobre as aflições e tribulações; da coragem maior do que a de leões, que enfrenta sem se abalar toda a fúria dos poderes das trevas; do amor de Cristo, que tudo vence, sofre, crê, espera e suporta; e que nos faz longânimos, benignos, não invejosos, ou vangloriosos e ensoberbecidos; e que faz também com que nos portemos convenientemente e nunca buscando os nossos próprios interesses, senão os do Senhor e de outros; e que nos faz triunfar sobre as irritações, pelas provocações que venhamos a receber, e que além de tudo nos leva a nos regozijarmos somente com a justiça de Cristo e com a Sua verdade.      
Então, vale a pena morrer para a velha vida para que se possa ter mais e mais desta nova vida que nos está sendo oferecida pela graça, desde o céu.
Busquemos então esta outra vida dentro desta vida que temos na carne, e a receberemos conforme nosso Senhor tem prometido que se a buscarmos nós a acharemos, porque Ele mesmo nô-la revelará e dará, pela Sua graça.

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Gál 2.20)

É importante lembrarmos que Adão estava sem pecado no princípio, no jardim do Éden, no entanto, não havia entrado na posse da vida eterna, representada no fruto da árvore da vida que se encontrava no meio do jardim (Gên 2.9).
Ele comeria daquele fruto, porque não lhe havia sido vedado por Deus, tal como o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque era do propósito do Senhor que ele viesse a comer do fruto da árvore da vida, no momento apropriado, porque seria necessário, que Adão, ainda que estivesse sem pecado, que o comesse somente depois de aprender e a se dispor a renunciar à sua própria vontade, ou seja, ao seu ego.
Seria necessário que Adão morresse para a sua própria vida, para poder receber e viver pela vida de um Outro, a saber nosso Senhor, representado no fruto da árvore da vida.
Na verdade, Deus fizera muito mais do que uma simples proibição a Adão, quanto ao fruto do conhecimento do bem e do mal. Ele colocou à prova a sua obediência e até que ponto ele renunciaria à sua própria vontade, resistindo inclusive às tentações para que desobedecesse a Deus, vindas da parte do diabo, e até mesmo de sua própria mulher, para que mostrasse fé na Palavra do Senhor, de uma maneira prática, que pudesse ser comprovada por sua obediência, tal como Abraão viria a demonstrar no futuro.
Para nos ensinar a lição que dependemos de nos alimentar de Cristo para ter vida eterna, conforme estava representado em figura no fruto da árvore da vida no jardim do Éden, o Senhor fez com que dependamos de nos alimentar do fruto da terra para sustentar a nossa vida natural, para que possamos entender que é necessário se alimentar de Cristo para se obter e manter continuamente a vida sobrenatural do céu.
Por isso foi vedado a Adão pela misericórdia de Deus, que tivesse acesso àquele fruto depois que ele caiu no pecado, porque viveria debaixo do pecado por toda a eternidade. Adão teria primeiro que se arrepender do pecado, a odiar e a deixar o pecado, para poder receber esta maravilhosa vida pura e imaculada do céu, que é o próprio Senhor Jesus Cristo.
Não se pode comer então do fruto da vida eterna que é Cristo, sem que se renuncie à própria vida, e especialmente quando esta vida se encontra debaixo do pecado, como se encontrou o próprio Adão, e como nos encontramos todos nós, por sermos seus descendentes, porque ele foi expulso do Éden.
Todos ficamos portanto, naturalmente destituídos da vida eterna, não porque Adão deixou de comer o fruto da árvore da vida, mas porque passamos a ser pecadores tal como ele.
A vida eterna não é transmitida hereditariamente. Se Adão tivesse comido o fruto da árvore da vida, ele teria vida eterna, mas esta não seria transmitida aos seus descendentes, porque cada um, de per si, deve morrer para o seu ego, deve renunciar a si mesmo, e entregar-se a Cristo, pela fé, para que possa receber a vida eterna.
Aquele pois que estiver disposto a perder a sua vida, a qual foi herdada de Adão, vai achar a sua verdadeira vida, que é a vida eterna que Deus havia planejado, para que todo homem vivesse por ela. Adão jamais poderia nos transmitir esta vida celestial, porque não a possuía em sua natureza. Assim, o que nos transmitiu hereditariamente foi apenas a sua própria vida natural.
Por isso, aqueles que não renunciam às suas vidas, que não se arrependem de seus pecados, não podem achar esta vida eterna que é o próprio Jesus Cristo.
Todavia, todos aqueles que se dispuserem a perdê-la, e que não somente se dispuserem a isto, como também vierem a perdê-la efetivamente por se entregarem a Cristo, pela fé, para ser o Senhor deles, estes receberão a nova vida do céu que está em Cristo, conforme Ele prometeu concedê-la aos que morressem para si mesmos e que renunciassem a tudo quanto tenham deste mundo.    
Sabendo que tal vida não nos vem como um lago de águas paradas, mas como uma fonte de águas vivas que saltam para a vida eterna, ou seja, elas se movimentam e crescem desde o seu nascedouro, até se transformar num grande rio. São as águas que procedem do próprio Deus, conforme a visão que dera a Ezequiel dessas águas saindo do Seu templo (Ez 47) e percorrendo toda a terra, e que no início são águas que dão pelos artelhos, e depois de uma certa medida em crescimento chegam à altura dos joelhos, e após outra medida em crescimento chegam à altura da cintura, e finalmente, por mais uma medida, já não se pode mais estar em pé, sendo necessário nadar em tais águas do Espírito.
É isto o que se dá com o crente que cresce progressivamente na vida de Cristo que é este enchimento progressivo do Espírito Santo. À medida que se cresce nEle, chega-se a um ponto em que se perde a ligação espiritual com as coisas da terra, porque já não seremos mais dominados por desejos mundanos (representado pelos pés sobre a terra, enquanto se caminha mais e mais neste rio que vai crescendo à medida em que andamos nele, até chegar a um ponto que somos obrigados a nadar, tirando por conseguinte nossos pés da terra). Quando isto ocorre, podemos dizer juntamente com Paulo que estamos crucificados para o mundo e o mundo para nós, por causa deste viver inteiramente no Espírito, e no Seu mover. Bem-aventurados são aqueles que chegam até tal ponto de crescimento espiritual.  
Então esta vida não é somente recebida na conversão, como também cresce. Assim, nenhum crente deve pensar que deve apenas recebê-la, porque se espera que ele entenda a natureza desta vida que recebeu e se esforce em Deus para que ela cresça.
Por isso se diz que os crentes são plantas da lavoura de Deus, e que somente Deus pode lhes dar crescimento, significando isto o aumento em graus desta vida eterna, desde o seu novo nascimento (germinação) até se tornarem uma planta madura que dê os seus respectivos frutos, e que continuam frutificando para sempre, sempre renovando as suas folhas. Isto sucede a eles porque têm neles a vida de Jesus Cristo, que é infinita, eterna e insondável.

“6 Eu plantei; Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.
7 De modo que, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.
8 Ora, uma só coisa é o que planta e o que rega; e cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.
9 Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.” (I Cor 3.6-9)

Nós estamos destacando a seguir, outros textos bíblicos que se referem a este assunto, e apresentando um breve comentário onde julgamos oportuno fazê-lo.

“mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.” (Jo 4.14)

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16). Veja que foi para o propósito de recebermos a vida eterna que Jesus no foi dado como Salvador e Senhor.

“Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” (Jo 3.36). Nós vemos que a vida eterna é recebida somente pela fé em Cristo. E é também pela mesma fé nEle que ela cresce. Daí ser necessário permanecer nEle para que Ele permaneça em nós, porque não é a nossa própria vida que cresce, porque como vimos, esta vida nos vem do alto, é de um Outro (Jesus). É no próprio Cristo crescendo em nós, em que consiste o crescimento desta vida eterna.

“Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo.” (Jo 6.27). Como já comentamos, a vida eterna necessita do pão espiritual que é o próprio Cristo para que possa ser mantida em crescimento constante. Isto significa que Ele é o pão que alimenta o espírito, e do qual temos que nos alimentar constantemente, se não queremos nos achar raquíticos ou mortos espirituais.

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6.54). Este texto confirma o que foi dito no texto anterior, porque não se pode obter a vida eterna, e também não se pode ter o crescimento de tal vida, sem se alimentar do próprio Cristo, como Ele afirma diretamente neste texto de Jo 6.54.

“eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão.” (Jo 10.28). Ninguém pode produzir a vida eterna por atos de mera religiosidade, porque ela é concedida somente por Cristo, e pela Sua habitação naqueles que nEle creem, porque Ele mesmo é esta vida. Veja que a promessa é de viver para sempre uma vez recebida tal vida. Não é vida para um determinado período de tempo, mas por toda a eternidade, porque Jesus garante que ninguém arrebatará as Suas ovelhas da Sua mão, e que elas jamais perecerão.

“25 Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá; 26 e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá” (Jo 11.25,26). Aquele que crê em Cristo, ainda que morra fisicamente viverá. E este que crê, na verdade jamais morrerá espiritualmente, porque ganhou a vida eterna em Cristo, que é a garantia de que nunca será achado separado desta vida que lhe foi dada do alto por Deus. Os ímpios somente têm a vida natural,e não tendo esta vida eterna em si mesmos, ainda que existam, já estão mortos espiritualmente falando, porque não têm a habitação de Jesus Cristo, que é a fonte da verdadeira vida que se traduz na implantação das suas características e poderes divinos nos crentes.

“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.” (Jo 17.3). A vida eterna consiste no conhecimento pessoal e íntimo da pessoa de Deus e de Jesus Cristo, por uma obtenção e aumento em crescimento progressivo de tal conhecimento. Por isso se fala em vida plena, em vida abundante, porque é possível se ter menores ou maiores medidas de tal vida, à proporção da nossa consagração ao Senhor, pela busca deste crescimento e conhecimento de Jesus (II Pe 3.18).

“Os gentios, ouvindo isto, alegravam-se e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos haviam sido destinados para a vida eterna.” (Atos 13.48). A obtenção da vida eterna é realizado segundo a eleição de Deus. Não é obtida portanto, simplesmente por se desejá-la, tal como o jovem rico dos dias de Jesus que a desejava, mas tudo indica que não a alcançou. Não basta querer, porque Deus tem que usar de misericórdia e nos mover a nos esforçarmos para entrar no Seu reino, conforme comentamos no início deste artigo, por uma renúncia a tudo o que somos e que temos, especialmente ao nosso ego, porque esta vida eterna é ganha, se perdendo a vida relativa à natureza terrena. A vida que é segundo um viver pela energia da alma. Então é um perder para poder ganhar, e isto demandará um posicionamento e esforço de nossa parte. Então Deus nos concederá tal vida inteiramente pela graça, por causa da nossa fé no Seu Filho, como sendo o autor e o consumador não somente da fé, como desta própria vida divina que Ele veio nos conceder. E como nos encontramos na condição de escravos do pecado antes do encontro com Cristo, se exige também arrependimento e diligência na prática do bem para a obtenção e manutenção em crescimento desta vida. Por isso o apóstolo Paulo disse o seguinte: “a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram glória, e honra e incorrupção;” (Rom 2.7).

“para que, assim como o pecado veio a reinar na morte, assim também viesse a reinar a graça pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.” (Rom 5.21). A graça prevalece e reina sobre a morte e o pecado, mediante a justiça de Cristo, que recebemos na justificação, para o propósito de produzir a vida eterna em nós, quer no que se refere à sua recepção, quer ao que se refere ao seu crescimento em graus.

“Mas agora, libertos do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna.” (Rom 6.22). A conversão e a santificação têm em vista, ou seja têm por objetivo produzir em nós esta qualidade de vida divina que é chamada na Bíblia de vida eterna.

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rom 6.23). Já comentamos anteriormente que a vida eterna é um dom gratuito de Deus que recebemos por estarmos em Jesus, ou seja, é recebida inteiramente pela graça de Deus e não segundo os nossos méritos ou obras. Exige-se esforço para buscá-la como comentado anteriormente, mas nenhuma obra específica que façamos a ponto de sermos considerados dignos de recebê-la.

“Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” (Gál 6.8). Este texto comprova que é necessário  semear a própria vida no solo do Espírito Santo, para que possamos colher como resultado desta semeadura, esta nova vida, que é a vida eterna, que dará uma bela colheita para Deus. Se há colheita, é porque houve crescimento desta planta divina que foi semeada em nós e por nós, no Espírito. Assim, todo o crescimento desta vida, está relacionado ao trabalho do Espírito Santo em nós, e daí ser tão necessário não somente viver no Espírito, como também andar nEle, ou seja se mover e atuar no Espírito em constante movimento, sem jamais parar, porque andar indica a ação de movimento contínuo de uma posição para outra, e temos visto que no que se refere à vida eterna, estas mudanças de posição se referem a crescimentos em graus de vida cada vez maiores, conforme se vê na ilustração da lavoura, com os crentes sendo as plantas desta lavoura de Deus; do edifício que está sendo construído em Cristo; e do rio de águas vivas que cresce desde a sua fonte.

“1 E mostrou-me o rio da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.
2 No meio da sua praça, e de ambos os lados do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a cura das nações.” (Apo 22.1,2)

“1 Depois disso me fez voltar à entrada do templo; e eis que saíam umas águas por debaixo do limiar do templo, para o oriente; pois a frente do templo dava para o oriente; e as águas desciam pelo lado meridional do templo ao sul do altar.
2 Então me levou para fora pelo caminho da porta do norte, e me fez dar uma volta pelo caminho de fora até a porta exterior, pelo caminho da porta oriental; e eis que corriam umas águas pelo lado meridional.
3 Saindo o homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir, mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos.
4 De novo mediu mil, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; outra vez mediu mil, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos lombos.
5 Ainda mediu mais mil, e era um rio, que eu não podia atravessar; pois as águas tinham crescido, águas para nelas nadar, um rio pelo qual não se podia passar a vau.
6 E me perguntou: Viste, filho do homem? Então me levou, e me fez voltar à margem do rio.
7 Tendo eu voltado, eis que à margem do rio havia árvores em grande número, de uma e de outra banda.
8 Então me disse: Estas águas saem para a região oriental e, descendo pela Arabá, entrarão no Mar Morto, e ao entrarem nas águas salgadas, estas se tornarão saudáveis.
9 E por onde quer que entrar o rio viverá todo ser vivente que vive em enxames, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão estas águas, para que as águas do mar se tornem doces, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio.
10 Os pescadores estarão junto dele; desde En-Gedi até En-Eglaim, haverá lugar para estender as redes; o seu peixe será, segundo a sua espécie, como o peixe do Mar Grande, em multidão excessiva.
11 Mas os seus charcos e os seus pântanos não sararão; serão deixados para sal.
12 E junto do rio, à sua margem, de uma e de outra banda, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer. Não murchará a sua folha, nem faltará o seu fruto. Nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário. O seu fruto servirá de alimento e a sua folha de remédio.” (Ez 47.1-12)

“Peleja a boa peleja da fé, apodera-te da vida eterna, para a qual foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” (I Tim 6.12). Este texto não está insinuando perda de salvação, mas de crescimento, de desenvolvimento da salvação. Sequer está insinuando que a salvação é obtida em graus, mas que a vida eterna é algo do qual devemos nos apoderar, ou seja, nos agarrar, uma vez tendo sido obtida, para que não percamos os crescimentos em graus desta vida, por negligência da nossa parte na fé e nos deveres que nos são impostos por Deus em Sua Palavra, especialmente os relativos à nossa consagração.

“para que, sendo justificados pela sua graça, fôssemos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna.” (Tito 3.7). O que esperamos em Cristo é a vida eterna, não que não a tenhamos obtido ao crermos nEle, mas que é nisto que deve consistir o nosso foco e expectativa, porque esperamos com firme convicção o que nos foi prometido, porque Deus é fiel em cumprir o que prometeu e não pode mentir, e para tal certeza nos deu o selo do Espírito Santo, depois de termos sido justificados pela Sua graça, como se afirma neste texto.

“E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.” (I Jo 2.25)

“E o testemunho é este: Que Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho.” (I Jo 5.11)

“Estas coisas vos escrevo, a vós que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna.” (I Jo 5.13)

“Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” (I Jo 5.20). No final deste texto se afirma diretamente que é o próprio Jesus a vida eterna.

É portanto estando cheios desta vida sobrenatural e divina que é o próprio Cristo vivendo em nós, que podemos de fato fazer face a todas as tentações e vencer o mundo, de modo que possamos não somente ser aprovados por Deus, como também a estarmos habilitados a fazer a Sua vontade.








7 - Perseverando Rumo à Vitória Final

Para as lutas que temos que travar contra os poderes das trevas que tentarão nos deter, quando empenhados na obra  do Senhor, devemos não somente crer que Deus é todo-poderoso, mas depender do Seu braço forte, como se este fosse a nossa própria força.
Devemos fazer uso do poder onipotente do Senhor sempre que formos agredidos por  Satanás.
Muito do uso deste poder consistirá não propriamente em repreendermos o Inimigo com palavras de autoridade, mas sobretudo em guardar o nosso coração na paz e no amor, diante das suas tentações e opressões malignas que têm por alvo nos amargar a existência.
Estas batalhas espirituais que temos que travar são permitidas por Deus para o propósito mesmo do nosso aperfeiçoamento como valorosos soldados do Seu exército, de modo a aprendermos a permanecer firmes na fé, e a detestar o mal e a amar o bem em toda e qualquer circunstância.
O tesouro que temos recebidos da Graça deve ser guardado com todo o empenho, independentemente do quanto sejamos feridos nestas batalhas, pois o amor, a fé, a misericórdia, o perdão, a mansidão, o domínio próprio e tudo o mais que se refira ao fruto do Espírito Santo deve ser encontrado e preservado em nós, não importando o quanto sejamos agredidos, ofendidos, rejeitados, perseguidos.
A bandeira do amor de Cristo deve permanecer hasteada e elevada em nossos corações, e deve ser retomada caso venhamos a perder alguma batalha. Não importa quantas batalhas percamos pois esta é uma guerra de muitas batalhas e a vitória final já é certa e está determinada que seja de Cristo e de todos aqueles que O amam.
Deus nos alistou no Seu Exército para que Ele seja glorificado nas nossas vitórias sobre as forças do Inimigo.
Para nosso encorajamento encontramos nas páginas da Bíblia inúmeros testemunhos daqueles que venceram o Inimigo por meio da fé no forte braço do Senhor.
Estes testemunhos foram registrados para nos incentivar a prosseguir adiante sem nada temer.
Nenhum fracasso deve servir de motivo para recuarmos ou ficarmos intimidados, senão um meio para provarmos que temos a verdadeira fé, que sempre se levanta do pó e persevera para conquistar a vitória.
Para este propósito são feitas grandes e preciosas promessas pelo próprio Deus de que os vencedores reinarão juntamente com Cristo.
É o próprio Jesus quem nos diz o seguinte:

“Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus” (Apo 2.7b)

“O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.” (Apo 2.11b)

“Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.” (Apo 2.17b)

“Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro; assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã.” (Apo 2.26-28)

“O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.” (Apo 3.5)

“Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome.” (Apo 3.12)

“Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.” (Apo 3.21)








8 - Por Que Os Cristãos Perseveram

Por Charles Haddon Spurgeon

A esperança que enchia o coração do apóstolo Paulo a respeito dos crentes de Corinto, conforme já sabemos, estava repleta de consolação para aqueles que se mostravam temerosos quanto ao futuro dos membros da igreja em Corinto. Por que o apóstolo acreditava que os crentes de Corinto seriam confirmados até ao fim?
Devemos observar que ele apresentou as suas próprias razões.

“Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo”. (1 Coríntios 1.9)

Paulo não disse: “Vós sois fiéis”. A fidelidade do homem é bastante desconfiável; é pura vaidade. O apóstolo também não disse: “Vós tendes ministros fiéis para guiar-vos e instruir-vos. Por isso, creio que estais seguros”. Não! Se somos guardados pelos homens, na realidade nunca seremos guardados. Paulo afirmou: “Deus é fiel”. Se somos fiéis, isto acontece porque Ele é fiel. Toda a nossa salvação descansa na fidelidade de nosso Deus da aliança. Nossa perseverança se fundamenta neste glorioso atributo de Deus. Somos instáveis como o vento, frágeis como a teia de aranha, volúveis como a água.
Não podemos depender de nossas qualidades naturais ou de nossas aquisições espirituais. Mas Deus permanece fiel. Ele é fiel em seu amor: não conhece qualquer variação, nem sombra de mudança. Deus é fiel aos seus propósitos: não começa uma obra e a deixa inacabada. Ele é fiel em seus relacionamentos: como Pai, não abandonará seus filhos; como amigo não negará seu povo; como Criador, não esquecerá a obra de suas
mãos. Deus é fiel à sua aliança, que estabeleceu conosco em Cristo Jesus e ratificou com o sangue de seu sacrifício. Deus é fiel ao seu Filho e não permitirá que o sangue dEle tenha sido derramado em vão. Deus é fiel ao seu povo, ao qual Ele prometeu a vida eterna e do qual jamais se afastará.
Esta fidelidade de Deus é o fundamento e a pedra angular de nossa esperança de perseverança até ao final. Os crentes hão de perseverar em santidade, porque Deus se mantém perseverante em graça. Ele persevera em abençoar; por conseguinte, os crentes perseveram em serem abençoados. Deus continua guardando seu povo; conseqüentemente, os crentes continuam guardando os mandamentos dEle. Este é o solo firme e excelente sobre o qual podemos descansar. Portanto, é o favor gratuito e a infinita misericórdia que retinem no alvorecer da salvação; e estes mesmos sinos continuam retinindo m e l o d i o s a mente durante todo o dia da graça.
Podemos observar que as únicas razões para esperarmos que seremos confirmados até ao fim e que seremos achados inculpáveis se encontram em nosso Deus. Mas nEle estas razões são abundantes.
Primeiramente, elas se fundamentam no que Deus têm feito. Ele decidiu nos abençoar e não retrocederá. Paulo nos recorda que Deus nos chamou “à comunhão de seu Filho, Jesus Cristo”. Deus realmente nos chamou? A chamada não pode ser revertida, “porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11.29). O Senhor jamais retrocede da chamada eficaz de sua graça. Romanos 8.30 diz: “E aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” — esta é a norma invariável do procedimento de Deus. Existe uma chamada comum, sobre a qual as Escrituras dizem: “Muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mt 22.14). No entanto, a chamada sobre a qual agora estamos pensando é outro tipo de chamada; é uma chamada que prenuncia amor especial e envolve a posse daquilo para o que fomos chamados. Nesse caso, acontece com os chamados o mesmo que ocorreu com a descendência de Abraão, sobre a qual o Senhor declarou: “A quem tomei das extremidades da terra, e chamei dos seus cantos mais remotos, e a quem disse: Tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei” (Is 41.9).
Naquilo que o Senhor fez, temos poderosas razões que nos asseguram nossa preservação e glória futura, porque Ele nos chamou “à comunhão de seu Filho, Jesus Cristo”. Isto significa o companheirismo com o Senhor Jesus Cristo. Desejo que você considere atentamente o que isto significa. Se Deus já o chamou por sua graça, você já veio à comunhão com o Senhor Jesus, para se tornar, juntamente com ele, possuidor de todas as coisas. Então, aos olhos do Altíssimo, você é um com o Senhor Jesus. Os seus pecados foram levados pelo Senhor Jesus, que os carregou sobre Si mesmo, em seu próprio corpo, na cruz, tornando-se maldição em seu lugar. Ao mesmo tempo, o Senhor Jesus tornou-se a sua justiça, de modo que você está justificado nEle.
Assim como Adão é o representante de todos os seus descendentes, assim também o Senhor Jesus é o representante de todos os que estão nEle. Assim como a esposa e o esposo são um, assim também o Senhor Jesus é um com aqueles que, pela fé, estão unidos a Ele; são um por meio de uma união que nunca poderá ser desfeita. E, mais do que isso, os crentes são membros do corpo de Cristo; são um com Ele por meio de uma união de amor, permanente e viva. Deus nos chamou a esta união, esta comunhão e este companheirismo; por essa razão, Ele nos deu o sinal e penhor de que seremos confirmados até ao fim. Se fôssemos considerados como estando separados de Cristo, seríamos criaturas infelizes, destinadas a perecer; logo seríamos destruídos e lançados na eterna perdição. Mas, visto que somos um em Cristo, participamos de sua natureza e possuímos sua vida imortal. Nosso destino está vinculado ao de nosso Senhor; e, como Ele não pode ser destruído, não é possível que venhamos a perecer.
Pense demoradamente nesta união com o Filho de Deus, à qual você foi chamado, porque toda a sua esperança está nesta união. Você nunca será pobre, enquanto Jesus for rico, visto que você está em uma união firme com Ele. A necessidade nunca pode assaltá-lo, porque, juntamente com Ele, que é o Possuidor, você é co-proprietário dos céus e da terra. Você nunca pode falir, pois, embora um dos sócios da firma seja tão pobre como um rato de igreja e em si mesmo esteja em completa ruína, incapacitado de pagar o menor de seus imensos débitos, o outro sócio é inconcebivelmente rico. Neste companheirismo, você é levantado a uma posição que supera a depressão dos tempos, as mudanças do futuro e o colapso do fim de todas as coisas. Deus o chamou à comunhão de seu Filho, Jesus Cristo, e por meio desta chamada o colocou no lugar de segurança infalível.
Se você é um verdadeiro crente, é um com o Senhor Jesus e, por isso, está seguro. Você não percebe que tem de ser assim? Se você já foi realmente feito um com o Senhor Jesus, por meio de um ato irrevogável de Deus, então você tem de ser confirmado até ao fim, até ao dia da manifestação dEle. Cristo e o pecador convertido estão no mesmo barco. Se Jesus não pode afundar, o crente também nunca sucumbirá. Jesus tomou seus redimidos e os uniu de tal modo a Si mesmo, que, antes de qualquer outra coisa, Ele tem de ser destruído, vencido e desonrado, para que, então, os seus redimidos sejam injuriados. O Senhor Jesus é o titular da firma, e, até que Ele desonre seu próprio nome, estamos seguros contra todos os temores de falência.
Portanto, com ousada confiança, prossigamos em direção ao futuro que ainda desconhecemos, unidos eternamente a Jesus. Se os homens do mundo perguntam: “Quem é esta que sobe do deserto e que vem encostada ao seu amado?” (Ct 8.5), confessamos com alegria que realmente nos encostamos em Jesus e que pretendemos nos unir a Ele cada vez mais. Nosso Deus fiel é um manancial transbordante de deleites, e nos sa comunhão com o Filho de Deus é um rio transbordante de regozijo. Sabendo estas coisas gloriosas, não podemos nos desencorajar. Pelo contrário, clamamos juntamente com o apóstolo: “Quem nos separará... do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”? (Rm 8.35-39)








9 - RECUAR? NUNCA!

Por Charles Haddon Spurgeon (adaptado)

“Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade.” (Hb 11.13-16)

Abraão deixou seu país sob o mandado de Deus, e nunca mais voltou para lá. A prova da fé repousa na perseverança. Há um tipo de fé que dura por algum tempo, mas logo termina, e não pode obedecer a verdade.
O apóstolo nos diz, entretanto, que o povo de Deus não foi forçado a prosseguir, porque eles não poderiam retornar.
“E, se, na verdade, se lembrassem de onde saíram, teriam oportunidade de voltar.”.
Oportunidades freqüentes se apresentaram no seu caminho.
Havia comunicação entre eles e a antiga casa paterna em Pada-Arã.
Eles recebiam notícias da família através de mensageiros.
Rebeca não veio a Isaque do meio deles?
E Jacó, um dos patriarcas, não passou uma temporada junto deles?, mas ele não poderia permanecer lá, e não teria descanso enquanto não retornasse à vida que ele tinha escolhido – a vida que Deus tinha determinado para ele viver – como peregrino e estrangeiro na terra da promessa.
Você observa então que eles tiveram muitas oportunidades de retornarem à antiga vida, e se instalarem confortavelmente e cultivarem o solo em que seus pais haviam trabalhado antes deles; mas eles continuaram a seguir na vida desconfortável de pessoas errantes que caminhavam cansadas, residindo em tendas, por não possuírem seu próprio pedaço de chão.
Eles eram estrangeiros no país que Deus lhes tinha dado por promessa.
Hoje, nossa posição é muito parecida.
Para os muitos que entre nós têm crido em Cristo e que têm sido chamados.
Há muitos modos de a igreja ser chamada – por Cristo; nós temos sido separados.
Eu creio que nós sabemos que isto é sair até Ele, fora do arraial, levando o seu vitupério (Hb 13.13).
De agora em diante não temos mais morada neste mundo, nenhuma residência fixa para o nosso espírito.
Nosso lar está além do rio.
Nós o contemplamos entre as coisas que não se vêem.
Somos peregrinos temporários como foram nossos pais; habitantes neste deserto, rumo à Canaã, a terra que é a nossa perpétua herança.    
É a maravilha das maravilhas que nós não tenhamos retornado ao mundo, e ao nosso próprio pecado.
Quando eu penso na força da graça divina, eu não me surpreendo que os santos perseverem mas quando eu lembro da fraqueza da sua natureza, isto parece o milagre dos milagres que não voltem a ser inteiramente do mundo por uma só hora.
Não é coisa de somenos que o Cabeça preserve os crentes de retornarem à sua antiga condição irregenerada.
Nós temos tido oportunidades para retornar.
Muitos crentes se encontram no meio de pessoas ímpias. E têm oportunidade de pecar como eles fazem, de caírem em seus excessos, no seu esquecimento de Deus, até mesmo em suas blasfêmias.
Haveria um forte apelo para ser induzido a ser como eles, se não fosse pela graça de Deus.
Mas, mesmo quando estão sozinhos, ou em boa companhia, há ainda a ação do tentador que procura destruir-nos.
Há ciladas na companhia, como há ciladas em nossa solidão.
Temos muitas oportunidades de retornar. Onde poderemos escapar destas oportunidades para retornar?
?Se voarmos nas asas do vento, poderíamos encontrar um esconderijo no deserto em que poderíamos estar certos de estarmos livres de toda oportunidade de retornar ao mundo e aos velhos pecados?
Não, cada homem é chamado a ser tentado como todos os seus demais companheiros.
Nossas tentações são distribuídas igualmente. E todos nós podemos dizer que nós encontramos muitas oportunidades para retornar.    
Quão fortemente age o Inimigo sobre o melhor dos homens.
Você pode ser diligente na oração secreta, e talvez o diabo possa ter dormido até você ter começado a orar, e quando você está orando mais fervorosamente ele se aproxima mais atrevidamente.
Quando você mais se aproxima de Deus, Satanás parecerá algumas vezes estar mais perto de você.
Oportunidades para retornar estarão se apresentando enquanto estiver neste corpo, mesmo quando estiver próximo do Jordão.
É até possível que a mais forte tentação venha sobre nós na hora do nosso último suspiro. Oh! Quem nos livrará do corpo dessa morte?
As oportunidades para retornar podem ser encontradas em quaisquer condições de vida e em quaisquer mudanças pelas quais possamos passar.
Por exemplo, quão freqüentemente há líderes, que quando têm prosperado, encontram oportunidades para retornar?
Eu fico triste em pensar naqueles que me pareciam verdadeiros crentes, como eles se tornam muito duros e frios quando se tornam ricos.
Quão freqüentemente isto acontece que o pobre e sincero crente que estava associado ao povo de Deus em todas as suas reuniões, e sentia orgulho de estar entre eles, mas quando ele “sobe na vida” entre aspas, e cresce uma ou duas polegadas acima dos outros na estima comum, ele não poderá ir muito longe com o povo de Deus. Ele há de procurar uma igreja que siga a moda do mundo, e se alegrará nisto buscando ter respeitabilidade e prestígio e ele recuará na fé – se não em tudo, ao menos em seu coração.
Cuidado com os lugares elevados: eles são muito escorregadios.
Não há regozijo em tudo que você possa imaginar ser agradável e fácil, mas, ao contrário, a luxúria geralmente dissipa-se como a fumaça, e a abundância faz o coração inchar-se de vaidade.
Se algum de vocês tem prosperado neste mundo, vigie ao menos para não esquecer de retornar ao lugar de onde caiu.
E dá-se o mesmo com a adversidade.
Eu tenho me entristecido pelos homens crentes – conforme penso que eles sejam – que nasceram muito pobres, e que dificilmente sentem que poderiam se associar com aqueles que eles sabem estar em melhores circunstâncias.
Eu penso que eles tinham errado pela idéia de que poderiam ser desprezados.
Eu teria vergonha de crentes que desprezassem seus irmãos na fé porque Deus teria tratado com eles um tanto severamente na providência, contudo há este sentimento no coração humano, e entretanto pode não haver nenhum tratamento cruel, ainda que algumas vezes o espírito seja capaz de imaginar isto, e eu conheço alguns que abandonaram a congregação dos santos em razão destes sentimentos.    
Isto corresponde a preparar o caminho para retornar aos antigos lugares.
E, certamente, eu não me surpreenderia se visse alguns líderes se tornarem frios quando penso na maneira em que eles têm sido compelidos a viver.
Talvez eles tenham vivido, antes, numa casa confortável, e agora eles têm que residir num quarto onde não há conforto, e onde o som da blasfêmia os alcança.
Ou então, como em alguns casos, talvez eles tenham que residir num asilo de pobres, e estarem longe de todo relacionamento com outros crentes ou de algo que pudesse lhes confortar.
Somente a graça pode guardar aqueles que vivem sob tais circunstâncias.
Você observa, então, que quando você se torna rico ou quando se torna pobre, que terá oportunidade de retornar.
Se você desejar retornar ao pecado, à carnalidade, ao amor do mundo, à sua antiga condição, você nunca precisa estar prevenido de fazê-lo por falta de oportunidades.
Se algum de nós desejasse retornar, nós veríamos que nenhum dos nossos velhos amigos se recusaria em nos receber.
O mundo sempre receberá de braços abertos os que retornarem para ele.
Aquele que era o favorito dos salões de festas. Aquele que acima de todos era cortejado para se mover na roda da vaidade e frivolidade; alegraria bastante a muitos se eles o vissem retornar.
Quantos brados de triunfo se ouviriam, e como eles lhe dariam as boas vindas.
Que este dia nunca venha a você, especialmente aos jovens, que têm confessado a Jesus.
A separação do mundo trará a você a intimidade do Salvador, e a consciência da alegria da Sua presença.
Talvez você dirá: “Por que o Senhor os faz tão prósperos?
Ele não poderia nos guardar da tentação?”.
Certamente que poderia, mas isto nunca foi a intenção do Mestre que nós fôssemos plantas de estufa.
Ele nos ensinou a orar: “Não nos deixes cair em tentação”, mas ao mesmo tempo ele permite que sejamos conduzidos a elas, e tenciona fazê-lo, para provar nossa fé e ver se é verdadeira fé ou não.
Ele também nos convida a orar: “Livra-nos do mal”.
A fé que nunca é provada não é a verdadeira fé.
Isto deve ser exercitado mais cedo ou mais tarde.
Deus não cria coisas imprestáveis.
Ele tenciona  que a fé que Ele nos dá seja testada e assim glorifique o seu nome.
Estas oportunidades de retornar têm o objetivo de provar a sua fé, e são enviadas para provar que vocês são soldados voluntários.
Porque, se a graça é uma espécie de corrente que prende você de tal forma que não poderia deixar o Senhor, e se isto viesse a ser uma impossibilidade física o ato de esquecer seu Salvador, não haveria qualquer crédito para sua fé, em obedecer a Ele.
Por meio disto você saberá se é de Cristo ou não, quando tem oportunidade de retornar, e no entanto, não retorna, isto provará que você pertence a Ele.
Nós não aproveitamos a oportunidade de retornar porque aspiramos por algo melhor.
 “Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial.”.
Nós desejamos algo muito melhor do que este mundo. Pode o mundo nos satisfazer?
Talvez quando você estava morto no pecado. Um mundo morto pode satisfazer um coração morto, mas desde que você tem conhecido algo destas coisas melhores como poderá estar contente com o que o mundo oferece?
É possível que você tente encher sua alma com as coisas mundanas.
Deus tem feito você prosperar, e você diz: “Oh! Isto é bom!”.
 Seus filhos estão junto de você; você tem tido muitas alegrias domésticas, e você diz: “Eu ficaria aqui para sempre”.
Você não percebe desde logo que isto era um espinho na carne?
Você já colheu alguma rosa neste mundo que não tivesse algum espinho?
Você não está sendo obrigado a dizer, depois de ter tudo o que o mundo possa lhe dar: “vaidade de vaidades, tudo é vaidade?”.
Eu tenho certeza de que isto tem ocorrido com você.
Todos os servos de Deus confessarão que se o Senhor lhes dissesse: “vocês terão todo o mundo, e será apenas esta a porção de vocês”, que eles seriam homens de corações despedaçados.
Antes eles  desejariam que o Senhor mesmo fosse a sua porção, porque desejam algo melhor.
 Repare que mesmo quando o crente não se alegra com algo melhor, ele deseja isto.
Quanto do caráter está revelado em nossos desejos.
Eles desejavam uma pátria melhor, a celestial.
 Isto é uma grande coisa para ser desejada.
E por desejarem esta coisa melhor, não poderiam retornar para se contentarem com as coisas que haviam desejado antes.
Não importa o que possamos encontrar neste mundo, nós nunca acharemos um céu aqui.
Nós podemos ganhar o mundo inteiro e vir a dizer: “Isto se parece com um pequeno paraíso”, mas não há paraíso deste lado do céu, para um filho de Deus.
Há provisão suficiente nos celeiros para os porcos, mas não para os filhos.
Há o bastante no mundo para os pecadores, mas não o suficiente para os santos.
Estes têm desejos mais fortes, aguçados e veementes, porque eles têm uma vida nobre dentro deles, e eles aspiram por uma pátria melhor; e ainda que eles venham a se embaraçar por um breve tempo com este mundo, e de um certo modo se tornem cidadãos dele, eles estarão ainda insatisfeitos, porque  são cidadãos do céu, e não podem descansar em qualquer lugar daqui.
Nossas melhores esperanças estão, a propósito, fora do alcance da vista.
Nossas expectativas são nossas maiores possessões.
As coisas que nós temos, que nós valorizamos, são nossas hoje pela fé.
Não nos alegramos nelas ainda, mas quando nossa herança se manifestar completamente, nós teremos chegado à plena maturidade.
Oh! Então entraremos na posse da verdadeira riqueza, que não se desfaz e não pode ser furtada ou passada para outros  em razão da morte, entraremos nas mansões da glória e na presença de Jesus Cristo nosso Senhor.
Vemos assim porque os crentes não podem retornar, mesmo quando têm muitas oportunidades, porque descansam nisto, através da graça divina que tem produzido este desejo por algo melhor em seus corações.
Assim, amados irmãos, cultivem estes desejos mais e mais. Se estes desejos têm a propriedade de nos separar dos desejos do mundo, moldando em nós o caráter de Deus, cultivem-nos então o mais que puderem.
Vocês pensam que temos pensado o suficiente sobre o céu?
Olhe para o avarento.
Quando ele esquece o seu ouro?
Ele sonha com ele.
E nós temos algo muito mais valioso do que todo o ouro do mundo com que ocuparmos o nosso pensamento.  
Deus não se envergonha de seus filhos, ainda que haja entre eles muitos pobres, fracos, doentes, seja qual for a condição pela qual sejam rejeitados pelo mundo, mas jamais o serão da parte de Deus, porque estão destinados a habitar em perfeição em glória na cidade que lhes preparou no céu. Na Nova Jerusalém, com todo o seu resplendor e glória.
Para provar o fato de que não se envergonha deles, é chamado por Eles de seu Deus.
Deu-lhes o seu nome para serem reconhecidos como o povo de Deus.
É assim que são conhecidos pelo mundo que os rejeita.
Mas Deus jamais se envergonhará de qualquer deles, porque estão destinados à glória das coisas melhores que lhes deu por herança.
Há pessoas no mundo que quando se enriquecem têm vergonha de seus familiares pobres, ainda que sejam seus irmãos.
Mas Jesus não se envergonha de chamar os pecadores que comprou com Seu sangue, de irmãos.
E uma das razões para isto é que não os julga pelo que eles são, mas pelo que ele tem preparado para eles.
Veja que o texto diz que Deus não se envergonha de ser chamado de o seu Deus porque lhes preparou uma cidade.
Por mais ricos que sejam segundo o mundo, seriam muito pobres diante de Deus.
E por maior que seja a sua riqueza espiritual também não se pode comparar com a perfeição que terão em glória.
Assim, todos são pobres agora, aos olhos de Deus, mas são ricos pelo que lhes tem destinado.
Ele os vê vestidos do linho finíssimo que é a justiça dos santos, com que serão vestidos na glória.
 Deus pode assim, ver em seus filhos que sejam desprezados e feitos alvo de zombaria pelo mundo, a dignidade e a glória que lhes tem concedido em Cristo.
Deus tem preparado uma cidade para aqueles que têm fé, e que por isso têm deixado o mundo e seguido a Cristo.
Uma cidade em que há comunhão, liberdade, igualdade e fraternidade no mais alto grau possível.
Onde haverá relacionamentos agradáveis.
A mais elevada honra está reservada para os cidadãos desta cidade celestial.
Se você é um filho de Deus não estranhe se tem tido desconfortos aqui neste mundo.
Você é um estrangeiro.
Não espere que os homens que são deste mundo o tratem como se fosse um deles.
Quando lhe perseguirem e disserem todo o mal contra você não espere ser confortado por este mundo.
Ao contrário, lembre que  Deus o tem submetido a provas para que o seu galardão seja  grande no céu.
Pois quanto maior é a fidelidade em relação à extensão da prova, maior será a honra a ser conferida aos que perseveraram.
Numa palavra final, gostaríamos de lembrar àqueles que insistem em colocar suas esperanças nas coisas deste mundo, que não se esqueçam que ele é uma grande cidade que está destinada à destruição, e com esta, serão também exterminadas todas as suas  esperanças, por mais fortes que sejam.














110) PIEDADE


ÍNDICE

1 - Vida Piedosa
2 - Piedade
3 - Piedade com Contentamento



1 - Vida Piedosa

Quando se diz que alguém está vivendo com uma vida mundana, entende-se que ele vive de uma maneira mundana, ou num modo parecido com o mundo. Da mesma forma, quando alguém é chamado a viver uma vida piedosa, entende-se que ele vive de uma maneira piedosa, ou de uma forma semelhante a Deus.
Para muitos, esta é uma forma dura de se falar, mas é possível para o homem viver apenas uma vida, na verdade, é o único modo certo de se viver. A vida piedosa é a única verdadeira vida. Tal vida é exigida pelas Escrituras.
Devemos viver "sensata, justa e piedosamente,” (Tito 2.12).
Dos queridos filhos de Deus é dito que sejam "seguidores dele" (Ef 5.1). Em algumas traduções se lê: "Sede imitadores de Deus", e em outras, "Sede mímicos de Deus". A partir disso, entendemos que ser um seguidor de Deus é viver ou agir de maneira igual a ele. Mais uma vez, diz-se de quem permanece em Cristo, que deve andar como ele andou. Nosso modo de vida deve ser como foi a vida de Jesus. Diz-se de Cristo, que "quando ele foi insultado, não revidava com ultraje". Embora ele fosse tratado mais vergonhosamente pelos seus inimigos, ele não procurou se vingar. Quando expressões injuriosas foram dirigidas a ele, ele não deu nenhuma resposta. Viver uma vida piedosa é viver da mesma maneira. Quando os cristãos são injuriados, eles abençoam, quando eles são perseguidos, eles sofrem humilde e pacientemente. Quando Jesus estava sendo condenado à morte por seus inimigos, ele orou ao Pai para perdoá-los. Quando um homem que tinha vindo para prender Jesus teve sua orelha cortada, Jesus em sua terna compaixão curou o ferimento deste perseguidor amargo. Este é o verdadeiro espírito de piedade.
O padrão completo de piedade é atingido apenas quando todo o teor da vida está na simplicidade e sinceridade divina.
O apóstolo Paulo disse em testemunho que sua alegria era esta: o testemunho da sua consciência, de que com simplicidade e piedosa sinceridade, não com sabedoria carnal, mas pela graça de Deus, ele manteve a sua conduta no mundo. A vida piedosa é totalmente livre de ostentação, cada ato é feito na mais pura simplicidade e verdadeira sinceridade. Como Deus perscruta cada ato por seu olho que tudo vê, ele não descobre qualquer motivo impuro, como vanglória ou exaltação de si mesmo, pois tudo está em sinceridade divina.
A graça da piedade no caráter cristão é capaz de cultivo e aumento. Há uma lei, tanto material quanto espiritual que o exercício é propício ao crescimento. O apóstolo cheio do Espírito disse: "Exercita-te na piedade". No Enfático se lê isto: "Treine a ti mesmo para a piedade." Aqui está algo para cada alma que tenha qualquer aspiração para ser mais piedosa na vida. Treine-se para a piedade. Obter uma piedade mais profunda e mais divina é a alegria do coração cristão. Por treinar nos tornamos mais piedosos. A palha colocada no sulco do vinhedo, forma uma espaldeira por entrelaçar os ramos da videira. Ela os mantém entrelaçados à medida que crescem, e por essa formação constitui uma treliça feita de arbustos. A alma entrelaçada com a vida mansa e humilde de Jesus vai formar um caráter de profunda e sincera piedade. A vida diária deve ser interligada com a vida de Jesus. Que não haja nenhum estender de mão para qualquer coisa fora dele. Para um bom desenvolvimento das virtudes cristãs, deve haver um treinamento constante ou entrelaçamento da alma com Deus.
Esta ligação com mais força é o resultado de crescimento, e o crescimento é produzido pelo exercício e o exercício consiste na leitura das Escrituras, na oração e no pensamento profundo ou coração em comunhão com Deus. O atleta se exercita e come alimentos apropriados que irão desenvolver e fortalecer seus músculos. A alma que tem alguns anseios por mais de Deus deve se exercitar para ter seus desejos satisfeitos. Ser consciente de uma plenitude de crescimento em Cristo, sentir a alma entrelaçada cada vez mais com a vida de Deus, é plenitude de alegria e felicidade perfeita.
Leitor cristão, há uma chama ardente de puro amor em seu coração? Você anda com Jesus em um devoto, confiante e reverente espírito? Você encontra muitas vezes a sua mente contemplando as maravilhas da criação e as glórias da salvação? Sua alma está habituada a respirar a atmosfera do céu profundamente? Está este santo temor enchendo você? Aquela terna sensibilidade das coisas espirituais está enchendo o seu coração? Tornar-se mais piedoso é o desejo sincero do seu coração? Então, desempenhe diligentemente  todos os deveres que pertencem a uma vida piedosa. Alguns têm grande diligência por um tempo e têm ganho espiritual e, em seguida, perdem tudo em um dia de negligência. Mas não seja negligente, seja constante, seja perseverante, seja corajoso, seja esforçado, avance, - e o prêmio de mansidão, paz e piedade coroará a sua vida.

Extraído do livro como viver uma vida santa, de James Orr – traduzido pelo Pr Silvio Dutra








2 - Piedade

A Palavra piedade é entendida atualmente com o significado comum de se ter pena, compaixão, no entanto, não é este o seu significado no texto da Bíblia, onde é vertida do grego eusebeia, que significa devoção, e piedade em seu significado original, que descreve a condição de ser pio (palavra latina) para bondoso, devoto, cumpridor de deveres.
O oposto a isto é ímpio, impiedoso, impiedade.
Podemos entender melhor o significado bíblico de piedade, pela palavra rasha (ímpio) em hebraico, que ocorre cerca de 250 vezes no Velho Testamento, quase sempre em oposição à palavra justo ou santo.
Ímpio na Bíblia é sempre aquele que se opõe a Deus e à sua vontade. Geralmente por motivo de incredulidade, e portanto não exprime qualquer tipo de devoção a Deus.
Assim, podemos entender o uso que os escritores do Novo Testamento fazem da palavra piedade como que para se referir à condição daqueles que têm fé em Cristo, e que amam a justiça do evangelho, a Cristo e aos seus mandamentos, expressando-o numa vida de devoção a Deus tanto interna, quanto externamente.
Paulo alinha a piedade em I Timóteo 6.11 com a justiça, a fé, o amor, a constância, e a mansidão.
Em I Timóteo 6.3 e Tito 1.1 o apóstolo Paulo afirma que a sã doutrina, ou seja, a Palavra de Deus, o Evangelho, a verdade, é segundo a piedade, ou seja, a sã doutrina conduz a uma vida piedosa, e o exemplo perfeito desta vida piedosa está em Jesus Cristo, com o qual então a palavra que pregamos deve estar conformada.
É pela prática da Palavra de Deus que uma pessoa é tornada piedosa, ou seja, devotada aos deveres que tem para com Deus, e isto há de ser visto em sua vida devocional particular ou publicamente, no seu lar ou na Igreja, ou onde mais em que se encontre.
Orar, meditar na Palavra, congregar com os santos, faz parte da piedade, ou seja, da devoção.
A vida de piedade é a expressão prática da nossa adoração e serviço a Deus.
Por isso o apóstolo Pedro a coloca no final da lista de virtudes que relaciona em sua segunda epístola, antes da fraternidade e do amor, como sendo parte deste resultado final, depois de termos crescido na fé, na virtude, no conhecimento, no domínio próprio, e na perseverança.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras:
1 – eusebeia (grego) – piedade; devoção;
2 – eusebeo (grego) – mostrar piedade, adorar;
3 – eusebes (grego) – piedoso, devoto;
4 –eusebos (grego) – piamente;
5 – theosebeia (grego) – piedade divina; relacionados ao assunto, acessando um dos seguintes links:
http://www.recantodasletras.com.br/mensagensreligiosas/5416638

http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128624








3 - Piedade com Contentamento

Por João Calvino

“Mas a piedade é grande lucro. (1Tm 6.6,7)

De uma forma elegante, e com uma mudança irônica, o apóstolo repentinamente arremessa contra seus oponentes as mesmas palavras com significado oposto, como se quisesse dizer: "Eles agem errônea e impiamente em fazer comércio da doutrina de Cristo, como se a piedade fosse [fonte de] lucro; e no entanto entenderam corretamente que a piedade é de fato um grande e riquíssimo lucro." Ele a qualifica assim porque ela nos traz plena e perfeita bem-aventurança. Aqueles que se aferram à aquisição de dinheiro, e que usam a piedade para granjearem lucros, tornam-se culpados de sacrilégio. Mas a piedade é por si só suficientemente um imensurável lucro para nós, visto que é através dela que nos tornamos não só os herdeiros do mundo, mas também [é através dela] que somos capacitados para o desfruto de Cristo e de todas as suas riquezas.

“Com contentamento.” Esta pode ser uma referência ou a uma disposição íntima ou a uma suficiência de riqueza. Se porventura for subentendida como uma disposição, o significado será: os piedosos que nada desejam, mas que vivem contentes com sua pobreza, esses têm granjeado um grande lucro. Mas se for tomada no sentido de suficiência âe possessões - interpretação esta que no momento me agrada - será uma promessa como aquela do Salmo 34.10: "Os filhos dos leões passam necessidade e sofrem fome, mas àqueles que buscam ao Senhor bem nenhum faltará." O Senhor está sempre presente com seu povo; e, segundo a demanda de nossas necessidades, ele concede a cada um de nós uma porção de sua própria plenitude. Portanto, a genuína bem-aventurança consiste na piedade, e essa suficiência é tão boa quanto um razoável aumento de lucro.

 “Porque nada trouxemos para o mundo.” Ele acrescenta esta cláusula a fim de definir o limite do que nos é suficiente. Nossa cobiça é um abismo insaciável, a menos que seja ela restringida; e a melhor forma de mantê-la sob controle é não desejarmos nada além do necessário imposto pela presente vida; pois a razão pela qual não aceitamos esse limite está no fato de nossa ansiedade abarcar mil e uma existências, as quais debalde sonhamos só para nós. Nada é mais comum e nada mais geralmente aceito do que essa afirmação de Paulo; mas tão pronto tenhamos concordado com ela - vemos isso acontecendo todos os dias - cada um de nós prevê que suas necessidades absorverão vastas fortunas, como se possuíssemos um estômago bastante grande para comportar metade da terra. Eis o que diz o Salmo 49.13: "Ainda que pareça loucura que os pais esperem habitar aqui para sempre, todavia sua posteridade aprova o seu caminho." Para assegurarmos que a suficiência [divina] nos satisfaça, aprendamos a controlar nossos desejos de modo a não querermos mais do que é necessário para a manutenção de nossa vida. Ao qualificar de alimento e cobertura, ele exclui o luxo e a superabundância. Pois a natureza vive contente com um pouco, e tudo quanto extrapola o uso natural é supérfluo. Não que algum uso mais liberal de possessões seja condenado como um mal em si mesmo, mas a ansiedade em torno delas é sempre pecaminosa.


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