sexta-feira, 23 de outubro de 2015

113) Promessa 114) Prosperidade

113) PROMESSA

ÍNDICE

1 - Sim e Amém ou Preciosas Promessas e Privilégios
2 - “Preciosas e mui grandes promessas". (II Pedro 1.4)
3 - Uma Coroa em Vez de Cinzas
4 - Deus nos confirma através do evangelho
5 - Promessas Esperançosas para Triunfar sobre o Pecado
6 - A Razão de Ser das Promessas
7 - Promessas de Bênçãos Para Um Povo Infiel
8 - As Promessas do Evangelho Profetizadas Há Séculos Antes de Cristo
9 - A Promessa da Redenção


1 - Sim e Amém ou Preciosas Promessas e Privilégios

“Porque o Filho de Deus, Cristo Jesus, que foi, por nosso intermédio, anunciado entre vós, isto é, por mim, e Silvano, e Timóteo, não foi sim e não; mas sempre nele houve o sim. Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio.” (II Cor 1.19,20)

O apóstolo abençoado, para que ele pudesse ter melhor lugar no coração dos seus ouvintes, esforça-se aqui com toda a diligência para apagar qualquer imputação que eles poderiam ter contra ele; e que por isso a sua doutrina pudesse voltar com suas almas para as suas casas, e tivesse acesso mais livre para trabalhar em suas consciências.
Temos, portanto, com estas palavras uma justificativa de Paulo por não ter vindo até Corinto, segundo a sua promessa. Ele não fez esta alegação por qualquer inconstância da sua parte, mas sim em razão dos  modos corrompidos que grassavam entre eles, como se vê no verso 23: “Eu, porém, por minha vida, tomo a Deus por testemunha de que, para vos poupar, não tornei ainda a Corinto”. O apóstolo como um homem, e como um homem santo, poderia prometer muitas coisas comuns desta vida, e poderia apresentar de modo justo o surgimento de vários motivos reais para os seus impedimentos.
Mas as coisas que ele promete, e fala como um apóstolo, não admitem tal incerteza. Portanto, seu cuidado é o de repudiar todos os pensamentos de hesitação nele, e para manter ao máximo o crédito do evangelho, que ele tinha ensinado, sabendo muito bem quão prontos os  falsos mestres estariam para persuadir as pessoas que Paulo era tão superficial em sua pregação como ele era para manter sua palavra dada a eles. Portanto, "a nossa palavra é verdade, assim como Deus é verdade", diz ele.
Há a mesma certeza das verdades evangélicas, como há no próprio Deus. "Jesus, que foi, por nosso intermédio, anunciado entre vós, isto é, por mim, e Silvano, e Timóteo, não foi sim e não; mas sempre nele houve o sim." Daí pode ser observado:
Que o objetivo da pregação agora na dispensação do evangelho, é especialmente Jesus Cristo. Esta é a rocha sobre a qual a igreja é edificada.
Cristo deve ser o assunto do nosso ensino, em sua natureza, ofícios, e benefícios, para os deveres que nós temos para com ele, e o instrumento pelo qual recebemos tudo dele, é a fé.
Se pregamos a lei, e descobrimos a corrupção latente que há no coração dos homens, é apenas para fazer um caminho para a passagem do evangelho mais livremente em suas almas. E se nós lhe exortamos a santos deveres, é para fazer você andar de maneira digna do Senhor Jesus. Todo o ensino está reduzido ao evangelho de Cristo, seja para abrir caminho, como João Batista fez, para nivelar todos os pensamentos orgulhosos, e nos fazer inclinar a ele, ou para nos fazer caminhar dignamente da graça que recebemos dele.
O pão da vida deve ser quebrado; o sacrifício deve ser dissecado e colocado abertamente à vista; as riquezas de Cristo, até mesmo suas "insondáveis ​​riquezas", devem ser reveladas. O Filho de Deus, deve ser pregado a todos, e por isso Deus, que determinou que sejamos salvos por Cristo, tem também ordenado a pregação, para apresentar abertamente o  Senhor Jesus, com os tesouros celestiais da sua graça e glória.
“Jesus Cristo, que entre vós foi pregado por mim, Silvano e Timóteo, não foi sim e não.”
Observe aqui, que o comentário de pregadores dos mistérios da salvação, é um excelente meio para fortalecer a fé de seus ouvintes, não no que diz respeito à verdade em si, mas no que diz respeito aos homens. Por isso agrada a Deus condescender com a nossa fraqueza, acrescentando um juramento às promessas, para mostrar a imutabilidade do  seu conselho para conosco.
O “sim” do texto significa certo, constante, invariável. Os tempos variam, mas não a fé dos tempos. A mesma verdade fundamental o é em todas as épocas.
Algumas vezes, de fato, a verdade é mais explicitada e desdobrada, como temos no Novo Testamento diversas verdades mais claramente reveladas do que no Antigo. Mas não se trata de uma nova fé, mas de uma explicação mais ampla da antiga fé. A verdade divina é sempre a mesma. Se tem havido sempre uma igreja, sempre tem havido uma  verdade divina. Agora ela é um artigo da nossa fé em todos os momentos para crermos numa igreja universal. Certamente deve haver uma verdade universal para ser a semente da igreja. Portanto, deveríamos procurar o que era este “Sim”, esta doutrina positiva naqueles tempos apostólicos de pureza da Igreja, antes de ser corrompida.
A igreja não foi por muito tempo uma virgem; mas sempre houve alguns que sustentavam a verdade de Cristo em todas as épocas. Nossa igreja atual sustenta a mesma verdade positiva como fizeram os apóstolos antes de nós. Por isso dizemos: "Nossa igreja foi antes de Lutero, porque a nossa doutrina é apostólica, como também é a nossa igreja que continua assim, porque ela é construída sobre a doutrina apostólica.”  Coloquemos o caso, que não podemos confirmar os homens na Palavra e na fé, como eles ridiculamente afirmam; qual é o propósito disto? A partir de uma ignorância de homens em casos particulares isolados, eles irão concluir que somos ignorantes da igreja de Cristo, na qual nunca estivemos?
Assim, a verdadeira igreja pode facilmente ser discernida. Os pontos de religião onde os nossos adversários diferem de nós, não passam de invenções da sua própria lavra.
Elas não eram "sim" nos tempos apostólicos. O purgatório, a invocação de santos e sacramentos de diversos tipos, foram criados por eles mesmos posteriormente. E de fato, durante mil anos depois de Cristo, nunca se ouviu falar das muitas diferenças entre nós e eles, nem foram elas anteriormente  estabelecidas por qualquer conselho até o Concílio de Trento.
Nossos pontos positivos são fundamentados nas Escrituras Sagradas. Buscamos o "Bom e Velho Caminho" como Jeremias nos adverte, Jer 6.16. Lá não havia estes acréscimos à Palavra no tempo de Abraão entre os bem-aventurados patriarcas, nem no tempo de Cristo, não, nem muitas centenas de anos depois. Eles vieram pouco a pouco, pela invenção humana, em proveito próprio.
Eles mantêm muitas das nossas verdades, mas eles acrescentam algo próprio para eles. Eles acrescentam a necessidade da tradição às Escrituras, méritos para a fé; acrescentam santos a Cristo em adoração divina. Eles têm sete sacramentos para os nossos dois (ceia e batismo).
Para tocar somente num outro ponto que faz fronteira um pouco com este citado anteriormente. A verdade divina é de natureza inflexível. Isto atravessa outra regra deles, pois sustentam que podem dar o sentido atual das Escrituras.
O quê!
Acaso a verdade varia de acordo com os julgamentos dos homens? Devemos trazer a regra correta à madeira torta para ser medida? Seria o julgamento de qualquer homem a regra da verdade infalível de Deus? Deveríamos conceber que os homens devem interpretar as Escrituras assim, e dizer como é que elas devem ser agora? E deveriam outros que lhes sucedem dizer depois como é que deve ser interpretado então? e devemos crer em tudo isso?
Deus proíbe.
Este “sim” declara que ninguém pode dispensar a lei de Deus. Esta palavra escrita é semelhante em todos. A verdade é  verdade, e o erro é erro, ainda que os homens achem que seja ou não. A razão é razão, entre os turcos, bem como entre nós.
A luz da natureza é a luz da natureza em todos os países, bem como aqui.
Os princípios da natureza não variam como a linguagem, são coisas puras. E se os princípios da natureza inviolável e indispensável são assim, muito mais é  a divindade.
Sujeira é sujeira, todos nós afirmamos. A opinião não deveria ser a regra das coisas, mas a natureza da coisa em si.
Portanto, o que é contra a natureza, ninguém pode dispensar. Deus não pode negar a si mesmo. O que nada é numa época, também não é em outra, e para sempre nada.
Não há monarca no mundo que possa prescindir da lei da natureza, ou da lei de Deus. Porque a opinião de qualquer homem no mundo não é a regra pela qual ele possa viver confortavelmente, mas a luz indubitável da palavra escrita de Cristo.
Eu falo isso o bastante para atravessar suas práticas fundamentais, que, quando Deus lhes chama para se levantarem para sua  causa e verdade, eles irão dobrar e curvar a sagrada verdade (que é sempre "sim e amém") para as suas próprias finalidades. Como se a opinião de qualquer homem no mundo fosse a regra de sua fé e obediência. Isto é tornar Deus, não Deus. O certo não é o certo? A lei não é a lei? Não é a palavra de Cristo, uma palavra que não se altera mas que se mantém firme por toda a eternidade, conforme ele mesmo o afirma?
Assegurem para si mesmos que há uma verdade de Deus que devemos manter até a morte, não somente na oposição à heresia, mas resistindo contra toda forma de impiedade que nós encontrarmos.
João Batista foi um mártir, quando ele se levantou contra Herodes, e disse: “Tu não deves possuir a mulher do teu irmão Filipe”, Mt 14.3. Ele não seria alimentado por reprovar seu pecado, mas clamou contra a ilegalidade que lhe custou a vida. Os homens devem sofrer pela verdade, e não negar a menor palavra de Deus, porque é uma centelha divina de si mesmo.
"Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém.”
Isso vem depois dessa maneira. A palavra que eu preguei, diz Paulo, é invariável, porque o próprio Cristo é sempre sim, e eu tenho pregado nada, senão Jesus Cristo entre vocês. Minha pregação, então, deve ser uma certa e imutável verdade.
Em seguida, elas são “amém”; porque, é, em Cristo, que elas são cumpridas. Nele são feitas, e nele são realizadas.
Todo o cumprimento das promessas são em Cristo; por causa dele foram dadas em primeiro lugar, e nele devem ser realizadas. Como o próprio Cristo foi ontem e hoje, e o mesmo para sempre, assim sucede com todas as promessas de Deus feitas por ele, sem dúvida, eterna, e imutavelmente fiel para todas as gerações.
Aqui estão diversas verdades que se oferecem à nossa consideração.
Em primeiro lugar. Tome nota, que, desde a queda do homem, aprouve ao nosso bom Deus estabelecer um pacto de graça em Jesus Cristo, e para torná-lo um segundo Adão, por quem podemos ser restaurados à uma melhor condição que nunca  tivéramos no primeiro Adão. Nesta condição feliz, não pode haver relacionamentos entre Deus e o homem sem alguma promessa em seu Cristo, de modo que agora Deus trata tudo por promessas conosco. A razão é esta.
Como podem pobres pó e cinza se atreverem a desafiar qualquer coisa da grande Majestade do Céu, sem um mandado dele?
Como pode a consciência ser satisfeita? (Consciência, você sabe, é um conhecimento em conjunto com Deus).
Como é possível descansar tranquilo em qualquer coisa, senão naquilo que seguramente nos vem de Deus?
E, portanto, para qualquer bem que eu espere de Deus, deve haver alguma promessa e palavra da sua boca para este bem que espero, sendo este o seu curso constante de prover para o seu povo. Enquanto vivermos neste mundo estamos sempre em esperança. "Nós nos gloriamos na esperança da glória de Deus”, Rom 5.2. Agora, a esperança parece ser a promessa, da qual uma parte não está ainda realizada.
No que o céu difere da terra, senão nisso? O céu é um lugar de plenas realizações. Aqui temos algumas realizações para nos encorajar, mas estão sempre sob alguma promessa ainda não cumprida. E, portanto, a forma de nossa apreensão de Deus neste mundo é muito diferente da que existe no céu.
Aqui isto é pela fé e esperança; não é pela visão. A visão está apta para desempenho. A fé e a esperança sempre olham para a Palavra revelada, Deus, portanto, governa sua igreja desta forma para o seu bem maior. Ora! o que podemos ter de Deus, senão pela manifestação de sua própria boa vontade? Podemos procurar o favor de Deus para qualquer coisa, em nós mesmos? Isto é uma grande presunção.
E ainda, Deus vai governar sua igreja por promessas em todas as épocas, mantendo os fiéis em oração e dependência dele.
Deus examinará qual é o crédito que ele está recebendo entre os homens; se eles vão confiar em sua promessa nua e crua  ou não.
Ele pode nos fazer o bem, e não nos dar qualquer promessa, mas ele vai provar a sua graça em nós, por nos lançar contra todas as dificuldades e desânimos, até que a coisa prometida seja realizada para nós.
As promessas são, por assim dizer, a estadia da alma numa condição imperfeita; e assim é a fé nelas, até a que nossa esperança termine em plena posse. E devemos saber que as promessas divinas são melhores do que todas as realizações terrenas. Deixe que Deus nunca dê tanto ao homem no mundo, e se ele não tiver uma promessa de coisas melhores, tudo dará em nada no final. E, portanto, Deus prova os espíritos de seus servos contra todas as tentações, tanto na mão direita e na esquerda, por doces promessas. Ele vai tê-los vivendo pela fé, que sempre tem relação com uma promessa. Esta é uma base geral, então, que Deus agora, em Cristo Jesus tem designado para governar a sua igreja por meio de promessas.
Mas o que é uma promessa?
A promessa não é senão uma manifestação de amor; uma intenção de fazer o bem e remover algum mal de nós.
A declaração de um livre engajamento do homem neste tipo é uma promessa. Isto sempre vem do amor à promessa, e transmite bondade para a alma crente.
Agora, que amor pode existir em Deus por nós, desde a queda, que não deva estar fundamentado numa base melhor do que nós mesmos? Se Deus nos ama, isto deve estar em que primeiro ele nos tem amado. Posto que isto, nos vem da base das promessas que são em Jesus Cristo. Todas as relações entre Deus e nós devem estar nele que é capaz de satisfazer a Deus por nós. O Criador Todo-Poderoso deve ter todas as nossas dívidas liquidadas antes  de entrar numa aliança de paz conosco.
Agora, este Cristo tem operado perfeitamente e, assim, tem reconciliado os pecadores perdidos.
Ele deve receber tudo de bom para nós, e devemos tê-lo em segunda mão a partir dele. As promessas em Cristo são como os espíritos no corpo. Eles correm por todas as eras da igreja. Sem ele não há misericórdia nem conforto para ser obtido. Deus não pode olhar para esta nossa amaldiçoada natureza fora de Cristo, e, portanto, todo aquele que apreende qualquer misericórdia de Deus, deve apreendê-la em Cristo, a semente prometida. Para tornar isto mais claro: nossa natureza desde a queda é odiosa a Deus; um pecador, amaldiçoado, a natureza permanece no melhor de nós; e, portanto, que Deus possa olhar com paz habilmente a respeito disto, que ele possa ver isto nAquele que é sem mácula, e nAquele a quem ele ama, o seu próprio Filho Unigênito, que tomou a nossa natureza sobre Si.
Agora, a nossa natureza em Cristo deve ser necessariamente  amável e aceitável; e se  Deus sempre nos ama, isto é porque Cristo foi predestinado antes da fundação do mundo para ser um sacrifício para nós, para ser a cabeça de sua igreja, 1 Pe 1.10.
Ele foi ordenado para nos fazer o bem antes de nós mesmos termos sido criados. Cristo é o primeiro amado, e então nós. Deus nos ama em seu amado. “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo", Marcos 1.11. Como se o Senhor tivesse dito, estou satisfeito por ele. Cristo é o Filho de Deus por natureza, nós por adoção. Seja como for o que é bom em nós é primeiro e principalmente nele. Deus transmite tudo pelo Filho natural aos filhos adotados. Portanto, todas as promessas são feitas para nós em Cristo. Ele as leva a de Deus para nós. Ele próprio é a primeira promessa, e todas são "sim e amém nele”. Elas não são dirigidas a nós fora dele, mas somos eleitos em Cristo, santificados por ele, absolvidos do pecado por meio dele. "Pelas suas pisaduras fomos sarados", Isa 53.5.
Se Cristo não tivesse satisfeito a ira de Deus por carregar as nossas iniquidades na cruz, nós estaríamos sujeitos em todo o tempo à condenação. Se ele não tivesse nos libertado dos nossos pecados, nós teríamos ficado para sempre sob o peso deles.
“Vocês ainda estão nos vossos pecados", diz Paulo, "se Cristo não ressuscitou”, 1 Coríntios 15.17. Nós estamos livres de nossas dívidas, porque Cristo, nosso fiador está fora de prisão. Ele está no céu, e, portanto, estamos em liberdade.
As promessas são uma escritura lavrada de doação que temos da parte de e por Cristo, que é o primeiro objeto de tudo o  que Deus tem para nós. Por que o anjos nos servem? Porque se concentram no Jacó, que é Cristo, que une o céu e a terra juntos. Assim, os anjos, porque eles servem a Cristo em primeiro lugar, tornam-se da mesma forma nossos ajudadores. Nós temos uma promessa de "vida eterna", mas esta vida está "em seu Filho", 1 João 5.11.
Deus nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nele, Ef 1. 8, e nos faz filhos nele, o Filho natural.
Qualquer que seja a prerrogativa que nos agrade, ela é de Cristo em primeiro lugar, e por isso pertence a nós; mas não mais do que pela fé que nos faz um com ele.
Assim, como podes tu pensar em Deus, que é “um fogo consumidor” Heb. 12.29, e não pensar nele como ele está satisfeito e pacificado com a tua pessoa em Cristo, que tomou a tua natureza sobre ele, para ser um fundamento de conforto, e um segundo Adão, uma pessoa pública, a justiça divina satisfatória para todos os que são membros do seu corpo?
Podemos pensar em Deus com todo o conforto, quando o vemos apaziguado em seu Cristo. Contanto que ele ame a Cristo, ele não pode deixar de nos amar.
Nunca pense ter a graça, ou a salvação, ou qualquer coisa sem Cristo. Porventura Deus me ama? Porventura ele faz bem à minha alma para o meu próprio bem, aparte de seu Filho? Não, certamente. Então eu deveria fugir da sua presença, se ele não me olhasse através do seu Filho amado, e aceitasse nele a minha pessoa. Por isso nosso Salvador ora: “eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.” (João 17.23)
Isso deveria nos orientar na nossa relação com Deus, para não irmos diretamente a ele, mas por uma promessa. E quando temos uma promessa, olhemos para Cristo, em quem ela é cumprida. Se pedirmos alguma coisa a Deus, em nome de Cristo, ele no-la dará, João 14.13. Se não agradecemos a Deus por nada, agradeçamos-lhe por Cristo, por termos isto nele. Que conforto é , que possamos ir a Deus em Cristo e reivindicar as promessas com ousadia, porque nos ama com o mesmo amor que ele tem para com o seu Filho Unigênito amado.
"Nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus”, Rom 8.35.
Se um príncipe devesse amar um homem, se seu amor estiver fundado sobre o amor que ele tem ao seu próprio filho, certamente tal pessoa pode ter o conforto: que o amor nunca vai decepcioná-la, porque é um afeto natural, e, portanto, inalterável. Ele sempre vai amar o seu filho, e, portanto, sempre se deleitará naquele em quem o em seu filho se deleita. Agora, Cristo é o Filho eterno e amado do seu Pai, em quem ele está sempre satisfeito, e através do qual ele não pode ficar ofendido com aqueles que lhe pertencem. Assim, certamente como Deus ama a Cristo, então certamente ele ama a todos que estão unidos a ele. Nada há no mundo que possa nos separar do amor de seu próprio Filho; nem há algo capaz de separar o seu amor de nós, que somos um com ele, Rom 8.35.
Deus ama o corpo místico de Cristo, bem como o seu corpo natural. Ele está à sua direita na glória do céu, você acha que ele deixará o seu corpo místico, a sua igreja, em estado de humilhação aqui na terra? Não, certamente. Deus ama a cada membro de seu Filho? Porque assim como ele nos deu a Cristo, também o tem selado e ungido para ser um Salvador para o seu povo.
Esta é a razão pela qual Deus nos vê com um olhar tolerante, não apresentando uma constante resistência ao desagrado que ele encontra em nós: ele nos olha no seu Filho; o seu amor por nós é baseado em seu amor a Cristo. E daí decorre a nossa busca ousada de Deus, o Pai, para que possamos ir até ele  em todas as angústias com conforto, e dizer: “Senhor, olha para o teu filho a quem tu tens dado para nós, e contempla nele seus membros pobres agora diante de ti. Em nós mesmos temos medo, mas no teu amado temos alegria em tua presença.”
Se tocarmos nas vestes de nosso irmão mais velho, temos a certeza de obter uma bênção, mas em nós mesmos, Deus não pode suportar nos ver. Se trouxermos Benjamin ao nosso pai, ou seja, se levarmos Cristo junto conosco, então venha e seja bem-vindo.
Sobre quais razões imutáveis está o amor de Deus e a fé de um cristão edificada? Como as portas do inferno prevalecerão contra a fé de um verdadeiro crente, quando é feita a promessa, e a promessa que nos vem do Deus de amor? Se o amor de Deus por Cristo falhasse, logo a fé de um cristão sincero ficaria abalada. As promessas não deveriam ter qualquer efeito, as quais devem ser "sim e não", e "sim e amém”.
Se as promessas pudessem ser abaladas, o amor de Deus e de Cristo deveriam ser incertos. Derrubados seriam o céu e a terra, se derrubássemos a fé de um verdadeiro cristão perseverante. Não há nada no mundo com esta firmeza que a alma crente possui; o fundamento no qual está firmada faz com que seja inabalável.
Nossa união com o Senhor Jesus nos faz como o monte Sinai, que não pode ser abalado. Mas devemos saber que existem três graus ou etapas do amor, do qual a promessa é o último:
1. Amor interior.
2. Cura realizada.
3. A manifestação da realização pretendida antes de ser cumprida.
O amor ocultado não conforta nesse ínterim. Portanto, Deus, que é amor, não somente nos assiste para o presente, e também para a misericórdia futura almejada; porque ele vai nos fazer descansar docemente em seu peito, e confirmará a nós mesmos em seus propósitos graciosos, nos dando nesse meio tempo muitas "ricas e preciosas promessas”, 2 Pe 1.4. Ele não somente nos ama, e se manifesta em ações agora, como também expressa o seu futuro cuidado por nós, para que possamos ser edificados nele, tão certo como se tivéssemos a coisa já realizada.
Por isso vemos como Deus nos ama. Ele não tem somente um agrado interior e boa vontade para conosco em seu peito, mas o manifesta por palavra. Ele revela a ternura de suas entranhas para conosco, para que possamos ter o conforto de antemão. Deus quer que vivamos pela fé, e que sejamos confirmados na esperança, porque estas graças nos capacitam para a promessa. Se não houvesse promessas, não poderia haver fé nem esperança.
O que é a esperança, senão a expectativa daquelas coisas que diz a Palavra? E o que é a fé, senão um edificar sobre a promessa de Deus? A fé olha para a palavra da coisa prometida; espera pela coisa prometida na palavra. A fé olha para o coisa prometida, esperando a posse e o cumprimento da mesma. "A fé é a evidência do que não se viu”, Heb 11.1, tornando aquilo que está ausente como apresentado a nós. A esperança espera para a realização do bem contido na palavra. Se não tivéssemos nada prometido, para que precisaríamos de esperança? e onde estaria o fundamento da fé? Deus, porém, está disposto a satisfazer ambos (para que possamos ter sabedoria celestial, por confiar num fundamento firme, e não como tolos, que "confiam na vaidade”, Sl 4.2; em misericórdia nos dá promessas, e as sela com um juramento para o nosso maior alento. Este amor que levou o Todo-Poderoso a se ligar a nós em "preciosas promessas", 2 Pe 1.4, nos fornecerá também a graça necessária até que entremos na posse delas.
Ele nos fará depender dele, tanto para a felicidade quanto para todas as graças tranquilizantes, que podem apoiar a alma, até que chegue ao seu perfeito descanso em si mesmo.
Agora, essas expressões da graça de nosso bom Deus podem ser reduzidas a diversas classificações. Eu vou apresentar, senão uns poucos exemplos, e mostrar como nós podemos fazer um uso confortável delas.
Primeiro, há algumas promessas universais para o bem de toda a humanidade, como a de que Deus nunca iria destruir o mundo de novo, etc, Gên 9.11.
Em segundo lugar, há outras promessas que dizem respeito mais particularmente à Igreja.
E estas são promessas.
(1) Relativas às coisas exteriores.
(2) Relativas às coisas espirituais e eternas, de graça e glória.
É na forma de prometer que se admite esta distinção. Todas os promessas de Deus são feitas para nós também:
(1) Absolutamente, sem qualquer condição. Assim, foi a promessa do envio de Cristo para o mundo, e sua vinda gloriosa novamente para julgamento. Deixe o mundo ser como quiser, mas Cristo veio, e virá novamente, com milhares de anjos, para nos julgar, no tempo final, 2 Tim 4.1.
(2) Condicionalmente, como a promessa da graça e da glória para os filhos de Deus, pelas quais ele vai perdoar seus pecados, caso se arrependam, etc. Deus lida com os homens (como fazemos na forma de comércio uns com os outros), propondo a misericórdia por aliança e condição, mas o pacto da graça é sempre um "pacto gracioso”. Pois ele não somente dá coisas boas, mas nos ajuda na realização da condição, pelo seu Espírito, ele trabalha os nossos corações para crer e  se arrepender.
Assim, todas as promessas de coisas externas são condicionais, assim como Deus tem prometido proteção contra a doença contagiosa, e de problemas e guerra; que ele será "um esconderijo”, Sl 32.7, e um “libertador” do seu povo em tempos de perigo, Sl 40.17, que ele fará isso e aquilo que for bom para eles. Mas estas são condicionais; assim ele vê em sua sábia providência que elas podem ajudar a preservar as coisas espirituais boas neles, e a fazer avançar as graças do homem interior. Porque Deus toma liberdade em nossa condição exterior para nos afligir ou para nos fazer o bem, segundo aquilo que possa melhor promover o bem-estar de nossa alma. Porque, o que podemos fazer com esses corpos, virará pó. Nós devemos deixar o mundo para trás de nós. Portanto, ele olha para o nosso principal estado em Cristo, a "nova criatura"; e, assim quão longe estão as bênçãos exteriores de poderem valorizar e aumentar isto, assim também ele demora a concedê-las, ou então ele as nega a eles, aos mais queridos dos seus queridos.
Porque não podemos ainda apreciar as bênçãos desta vida como convém, mas a nossa natureza corrompida é tal, que, exceto que nós tenhamos uma breve temporada de posse das mesmas, vamos ficar fartos ou não as digeriremos. Portanto, elas são todas dadas com exceção da cruz, como diz Cristo, “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe ou mulher, ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna.”  Mat 19.29, mas "com a perseguição”. Certifique-se disto, que de qualquer tipo mais ele terá. Deixe que os cristãos procurem cruzes temporais naquelas coisas boas que eles gostam nesta vida.

Nota do tradutor:

1 - Estamos apresentando apenas o corpo inicial do sermão de Sibbes, sem as aplicações do autor, que ocupam várias páginas.
2 - Sibbes, para exemplificar o desvio da fé e prática da genuína Palavra de Deus, como registrada na Bíblia, valeu-se da citação de um único segmento da cristandade, todavia, isto cresceu e muito depois dos seus dias (séc XVI), e assumiu diferentes formas de acréscimos e adulterações do texto bíblico pela invenção e/ou artimanha de homens e demônios,* que nos faltaria espaço para enumerá-los.

*  “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios.” (I Timóteo 4.1)      







2 - “Preciosas e mui grandes promessas". (II Pedro 1.4)

Se você conhece experimentalmente a preciosidade das promessas, e se alegra com elas em seu próprio coração, medite muito sobre elas.
Há promessas que são como uvas no lagar; se você as espremer o suco fluirá. Pense sobre as palavras sagradas, que serão muitas vezes o prelúdio para o seu cumprimento. Enquanto você está meditando nelas, o benefício que você está procurando virá imperceptivelmente a você.
O cristão que tem tido sede da promessa tem encontrado o favor que ela assegurou gentilmente aplicando-o à sua alma, mesmo enquanto está considerando o testemunho divino; e sempre se regozijando quando traz a promessa perto de seu coração.
Mas, além de meditar sobre as promessas, procure recebê-las em sua alma como sendo as próprias palavras de Deus.
Fale com a tua alma assim:
"Se eu estivesse lidando com a promessa de um homem, eu deveria considerar cuidadosamente a habilidade e o caráter do homem que pactuou comigo. Assim, em relação à promessa de Deus; o meu olhar não deve estar tanto fixado na grandeza da misericórdia - que pode me fazer vacilar, quanto na grandeza de Quem prometeu - que pode me animar. Minha alma, este é Deus, o teu Deus, o Deus que não pode mentir, que fala contigo. Esta Sua palavra que tu estás agora considerando é tão verdadeira quanto a sua própria existência. Ele é um Deus imutável. Ele não alterou o que saiu da Sua, nem anulou uma única frase consoladora. Nem reduziu qualquer poder. É o Deus que criou os céus e a terra, quem falou assim. Nem pode ele falhar em sabedoria quanto ao momento em que  concederá os favores, pois ele sabe quando é melhor dar e quando é melhor reter. Portanto, visto que é a palavra de um Deus tão verdadeiro, tão imutável, tão poderoso, tão sábio, eu vou e devo acreditar na promessa."
Se, portanto, meditarmos sobre as promessas, e considerarmos Quem prometeu, vamos experimentar as suas doçuras e obter o seu cumprimento.

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.







3 - Uma Coroa em Vez de Cinzas

 Citações de um sermão de C. H. Spurgeon, traduzidas e adaptadas por Silvio Dutra.

“e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória.” (Is 61.3)

(Nota do tradutor: A palavra hebraica traduzida no texto por “coroa” significa também turbante, tiara, ou seja, ornamento para enfeitar a cabeça. De modo que é colocada em contraste com a palavra “cinzas”, que no texto reporta ao hábito dos orientais de jogarem cinzas sobre a cabeça como sinal de profunda tristeza.)

Eu gostaria de lembrar que a missão de nosso Senhor Jesus Cristo é relacionada ao luto em Sião. Ele não veio ao mundo para exaltar aqueles que são elevados, para dar maior poder ao forte, ou para vestir aqueles que já são revestidos com sua própria justiça. Não! O Espírito de Deus estava sobre Ele para que Ele possa pregar boas novas aos mansos, para que corações quebrantados possam ser ligados, os cativos redimidos e os prisioneiros libertados. Ele veio com bênçãos para os pobres, não com luxos para os ricos. Isso deve ser um tema de grande ação de graças para aqueles que estão com o coração pesado. Não é doce pensar que o Ungido do Senhor veio por amor de nós, para que a tristeza possa ser substituída pela alegria? A maioria dos homens escolhem companhias alegres com as quais possam se divertir, mas o Senhor Jesus evidentemente seleciona enlutados. Bendito seja o Seu nome! Quão manso e humilde é Ele em todos os seus caminhos! Quão esquecido é de si mesmo e quão atencioso para com Seus servos. Ele olha para eles com olhos compassivos e lhes traz bênçãos incontáveis!
Aviso com prazer que, ao lidar com os enlutados, de acordo com o texto diante de nós, o Senhor age sobre termos de troca ou escambo. Ele lhes dá beleza em lugar de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto e vestidos de louvor em vez de espírito angustiado. É uma troca de graça, porque "para dar-lhes a beleza em lugar de cinzas" é um dom gratuito, uma vez que Ele tira o que não tem valor para eles, e estão contentes de se livrar disto. Em condescendente compaixão Ele tomou sobre Si as nossas cinzas. Ele tomou o nosso luto. Infelizmente, isso fez dele o homem das Dores, no dia da Sua humilhação! Ele tomou o nosso espírito angustiado e como ele estava prostrado no jardim do Getsêmani com a nossa carga, ele ficou extremamente angustiado e triste até a morte! Ele teve uma perda para nos dar um ganho e por isso é uma troca em que há um duplo lucro em nosso favor.
Se você tiver cinzas, você não irá ficar feliz por trocá-las por uma coroa? Se você está de luto, você não vai de bom grado deixar de chorar ao ser ungido com o óleo da alegria? E se o espírito lhe angustia como um pesadelo, você não vai ficar feliz em ser libertado e vestido com as vestes resplandecentes de louvor? Sim, não poderia haver melhores condições do que aquelas que a Graça nos trouxe, as quais aceitamos com prazer!
Quanto às cinzas citadas no texto podemos destacar o nosso lamento amargo quando caímos em tempos de forte tentação. Sofremos em ter que confessar o fato, mas é infelizmente verdade que as falhas nos ultrapassam. Quem entre as ovelhas escolhidas de Deus não se extraviou? Em consequência do pecado voltamos à cinza - e nosso coração se afundou dentro de nós. Por causa da nossa velha natureza temos chorado como Davi e lamentado por nossos ossos quebrados. Sempre que os crentes permitem que o fogo do pecado queime, eles devem sem demora lançar as cinzas do arrependimento sobre as suas cabeças e encolher no pó.
Amados amigos, temos também coberto a cabeça com cinzas por causa dos pecados de outros. Os pais foram obrigados a lamentar muito gravemente por seus filhos e filhas. Muitas mulheres se sentam em cinzas metade de sua vida por causa de seu marido ímpio que faz sua vida amarga. Nós não podemos fazer o ímpio lamentar por sua culpa, mas devemos lamentar profundamente por sua insensibilidade. Como podemos suportar ver nossos semelhantes escolher a destruição eterna, rejeitando suas próprias misericórdias e mergulhando na miséria eterna?
Além disso, nós temos como cristãos que chorar com frequência por causa da depravação dos tempos em que vivemos. A infidelidade tem nestes últimos dias roubado o manto da religião de modo que agora nós frequentemente vemos os fundamentos da fé sendo negados.
Sim, o melhor do povo de Deus deve, por vezes, sentar-se entre as cinzas e chorar: "Ai de mim!" Quando os santos choram, às vezes acontece que eles não podem deixar de mostrar sua tristeza, ela é grande demais para ser controlada ou escondida. Geralmente um homem espiritual tenta esconder a angústia de sua alma, e ele tem o mandamento do Mestre para fazê-lo, pois Jesus disse: "quando jejuardes, unge  a cabeça e lava o rosto, para que não pareça aos homens que jejuais." Por isso, nós nos esforçamos para manter a face alegre mesmo quando o nosso coração está afundando como uma pedra de moinho no dilúvio. Mas há dores que teremos de dizer com o profeta: "Ó filha do meu povo, cingi-te de saco, e revolve-te em cinzas." Nesses momentos devemos expressar nossa tristeza interior e, então, os homens do mundo começam a se perguntar: "O que aflige a ele?" e zombeteiramente dizem: "Ele é louco! A religião virou seu cérebro." Portanto, queridos amigos, quando vocês virem um crente triste, não o condenem, nem o depreciem  porque sua tristeza pode ser uma necessidade da natureza. Sim, pode até ser um resultado direto de sua eminência na graça divina. Ele pode, talvez, amar as almas dos homens mais do que você pensa. Ele pode ter um senso profundo do que é a malignidade do pecado que você tem. E, talvez, se você conhecesse as suas provações familiares e se conhecesse o zelo da sua caminhada com Deus, ou se soubesse como o Senhor escondeu dele o seu rosto, você não iria pensar em seu semblante triste. Você pode até se maravilhar que ele não estivesse mais abatido, e em vez de censurá-lo, você poderia até mesmo estar pronto para ajudar-lhe.
Em seguida, devemos observar que tal sofrimento nos desfigura. Percebi isto a partir do contraste pretendido pelas palavras de nosso texto: "Beleza em vez de cinzas." Cinzas não são embelezadoras e rostos tristes raramente são atraentes. Um crente, quando está em um quadro de luto da mente apresenta um rosto desfigurado. Ele está desfigurado diante de seus amigos, ele se torna uma má companhia para eles e eles são capazes de ver os seus pontos fracos. Ele está desfigurado diante de seus companheiros cristãos, eles se deleitam em ver um irmão regozijando-se no Senhor, pois isto é um sinal manifesto de favor, mas tristeza de coração muitas vezes é contagiosa e, portanto, não é admirada. O cristão enlutado é especialmente desfigurado em sua própria estima. Quando ele se olha no espelho e vê seu rosto triste, clama a si mesmo: "Por que estás abatida, ó minha alma? Podem estar todos certos? Por que estou assim?" Ele questiona, repreende e condena a si mesmo. Se seus olhos não estivessem tão enfraquecidos pelas lágrimas, ele poderia ver uma beleza em sua tristeza, mas agora ele não pode vê-la.
II. A intervenção divina. O próprio Senhor quebra a miséria do enlutado e faz os arranjos mais gracioso para a sua consolação. Quando um homem está em apuros doloridos, ele naturalmente começa a olhar para a busca de libertação.
De acordo com o texto, a maneira pela qual os crentes são livrados de seu pranto é através da vinda de Jesus. Leia o capítulo de Isaías 61 novamente. O que o Senhor disse? "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu." Sim, amados, a nossa esperança está na missão de Cristo, na Pessoa de Cristo, na obra de Cristo, na aplicação do sangue de Cristo em nossos corações! Voltamos nossos olhos cada vez mais em direção aos montes de onde vem a nossa ajuda!
Jesus que vem no Evangelho, é a esperança do enlutado, porque essa vinda do Senhor é para pregar boas novas aos mansos e assim, curar os quebrantados de coração. Eu tenho pouca confiança em pessoas que falam de ter revelações diretas recebidas do Senhor, como se Ele aparecesse sem ser através do Evangelho. Sua Palavra é tão completa, tão perfeita, que para Deus fazer qualquer nova revelação para você ou para mim é bastante desnecessário. Porque fazê-lo seria colocar uma desonra sobre a perfeição que há na Palavra revelada! Meus queridos amigos tristes, é muito perigoso olhar para o consolo dos sonhos, ou a partir da abertura da Bíblia em alguns textos, ou de vozes imaginárias, ou de qualquer outra dessas superstições tolas em que as pessoas de mente fraca buscam conforto! Vá você para o que Deus tem dito nas Escrituras, e quando você encontrar o seu caráter e promessas descritos e feitos para um caráter como o seu próprio, em seguida, leve-os para casa, pois eles estão falando claramente com você! Vá, pois não se trata de olhar para o conforto na nuvem da terra da fantasia ou o luar da superstição, mas cremos no Senhor Jesus que vem para abençoar os corações partidos de nenhuma outra forma do que pregando-lhes as boas novas de Sua Graça, pelo Evangelho!
Você não deve esperar que o Senhor Jesus fale com você de qualquer outra forma que não seja pela Palavra escrita aplicada à alma pelo Espírito Santo. Não procure nenhuma nova revelação! Expulse a própria ideia como enganadora! Se um anjo viesse ao meu quarto e me informasse que ele trouxe uma mensagem de Deus, que me diz mais do que já está escrito nas Escrituras da verdade, eu não iria ouvi-lo por um momento, mas diria: "Para trás de mim, Satanás”.








4 - Deus nos confirma através do evangelho

Por John Piper

"25 Ora, aquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, 26 e que agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações, 27 ao Deus único e sábio seja dada glória, por meio de Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos. Amém" (Rom 16.25-27)

Hoje, começamos o ultimo parágrafo da magnifica carta de Paulo aos Romanos. Pelo menos alguns de vocês farão a pergunta: Quase terminamos a carta aos Romanos? A maioria de vocês não estava aqui quando começamos a pregar sobre a carta em 26 de abril de 1998, há sete anos e meio atrás. Muitos de vocês datam a chegada à igreja de Bethlehem pelo capítulo de Romanos de acordo com sua vinda à igreja. Agora, o tempo do fim se aproxima. A fim de remover todo suspense e ajudá-lo a se preparar para a transição, vou lhe dizer o plano.

Uma aterrissagem gradual e lenta no advento.

Este último parágrafo de Romanos 16.25-27 une temas fundamentais da carta que ela provê uma boa maneira de se aproximar dela em uma aterrissagem lenta e gradual. Nosso voo de sete anos juntos não terminará com uma descida abrupta. Este voo é em um jato grande e ele não desaparece no céu semelhante a um Piper-Cub. Meu plano é gastar cinco semanas nestes três versículos, que significa que espero terminar a carta de Romanos no domingo, 24 de dezembro, o dia antes do Natal — as vésperas de Natal parece se ajustar a um clímax. Você oraria comigo para que Deus fizesse destes domingos de advento (começando na próxima semana) a temporada mais eficaz que jamais conhecemos quanto a exaltar Cristo e ver pessoas convertidas à fé e serem edificadas nele.

Doxologias atraem atenção para a Glória de Deus.

Os últimos três versículos da carta aos Romanos são que geralmente chamamos de uma doxologia. A palavra doxologia procede da palavra grega doxa, que significa glória, e logos, que significa palavra. Deste modo, uma doxologia é uma palavra que atribui glória a Deus. A convicção por detrás das doxologias do Novo Testamento é que tudo existe e tudo acontece para atrair atenção para a glória de Deus. É por esta razão que doxologias tendem a ocorrer em momentos climáticos e finais da pregação ou carta. Eu me junto a Paulo em afirmar que tudo que tenho dito até agora, eu oro e atraio toda a atenção para a glória de Deus.

Portanto, Paulo começa sua doxologia de encerramento no versículo 25: “Ora, aquele . . .”, e à medida que escreve o texto Paulo tem em mente as palavras finais da doxologia sobre atribuir glória a Deus, mas ele não pode simplesmente anunciar a conclusão da carta desta forma: “Ora, a ele seja a glória”. Em vez disso, ele insere frase após frase sobre Deus, isto é, Deus o Pai e a respeito de seu evangelho que foi escrito com respeito a ele em dezesseis capítulos. Então, ele retorna a atribuição da glória no versículo 27, as últimas palavras da carta. Por conseguinte, Paulo escreve o princípio e a conclusão juntos a partir do começo do versículo 25 “Ora, aquele . . .”, mais o versículo 27: “ao Deus único e sábio seja dada glória, por meio de Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos. Amém

Este não é o único lugar onde Paulo usou uma doxologia. Houve uma em Romanos 11.36 no clímax dos primeiros onze capítulos antes que Paulo começasse a revelar as implicações mais imediatas sobre que havia ensinado: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! (veja também: Filipenses 4.20 e Efésios 3.20, 21).

E Paulo não foi o único a amar doxologias. Pedro disse em 1 Pedro 4.11: “a quem pertence (Deus) a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém! João o apóstolo declarou em Apocalipse 1.5, 6: “Aquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” E Judas, o irmão do Senhor, escreveu a doxologia mais famosa de todas “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!

Deste modo, quando você ouvir uma doxologia pronunciada ou cantada, saiba que ela é uma forma bíblica e apostólica de falar arraigada na verdade absolutamente fundamental e abrangente que tudo existe para atrair a atenção à glória de Deus.

É sobre isto que estamos tratando nas últimas cinco semanas de sermões em Romanos. Ela é muito longa para uma doxologia e muito densa sobre a verdade de Deus e do evangelho. Você pode estar certo que quando Paulo termina que para ele foi a mais longa e a mais magnifica carta que jamais escreveu, ele não empregaria palavras para serem desperdiçadas. Cada palavra é relevante. Estas são suas últimas palavras aos Romanos. Elas poderiam ser as últimas para você. Espero que você ouvirá cuidadosamente e espero que você retornará nestas últimas semanas do ano para ver os cinco ângulos desta doxologia.

Deus usa o evangelho para confirmar os cristãos.

Hoje, quero fundamentalmente focar na afirmação que Deus confirma seu povo de acordo com seu evangelho. O versículo 25: “Ora, aquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho”. Tudo que Paulo afirma nos versículos 25 e 26 é uma revelação do evangelho que confirma os cristãos. Este evangelho que confirma é “a pregação de Jesus Cristo” (v. 25b). Jesus é a realidade central do evangelho. Este evangelho “é conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos” (25c). Este é o mistério que os gentios — as nações — são plenos co-herdeiros com os judeus crentes pela fé em Cristo Jesus (Efésios 3.6). Esta boa nova “e que agora se tornou manifesta” (v. 26a), e que embora estivesse oculta em épocas passadas, ela é de fato as “escrituras proféticas” do Antigo Testamento (v. 26b) que Paulo utiliza para revelar o mistério para “todas as nações” (v. 26b) E tudo desta boa nova para as nações foi “o mandamento do Deus eterno” e tem como alvo “a obediência por fé” (v. 26c).

Tudo isto é uma revelação do evangelho no versículo 25 que Deus usa para confirmar cristãos de modo que eles de fato haverão de perseverar na obediência por fé e atrairão toda atenção para a glória de Deus.

Portanto, o foco hoje é no fato maravilhoso: no fim desta carta, quando Paulo coloca as palavras de sua doxologia conclusiva em seus lábios, que ele escolhe atribuir a Deus que ele é capaz de confirmar você com seu evangelho. Quando ele conclui por chamar toda atenção para a glória de Deus, ele o faz de uma maneira que a glória reluz mais brilhantemente por Deus confirmar você e seu povo os que creem no evangelho.

O Deus que confirma para sua Glória

Agora, há algo maravilhoso aqui que não quero ignorar tão rapidamente para que você não o perca. Permita-me dizer o óbvio novamente e então vou me prolongar no menos óbvio. O fato óbvio é que de todas as coisas que Paulo poderia ter dito sobre que Deus faz ou tem feito que atrai a atenção para sua glória, de todos os grandes atos de Deus e todas as grandes habilidades de Deus, ele escolhe enfatizar uma coisa: “Ora, aquele que é poderoso para vos confirmar . . . seja dada a glória pelos séculos dos séculos . . .” Ele afirma que Deus é sábio e que Deus ocultou algo por eras e que ele revelou algo por causa das nações e que ele fez tudo isto pelo seu mandamento eterno. Sim. Mas o modo como Paulo arquiteta sua doxologia, tudo serve para embasar e explicar este fato principal: Deus é poderoso para confirmar você. “Ora, aquele que é poderoso para confirmar você… seja dada glória pelos séculos dos séculos . . .”

Agora, este é o fato óbvio. Aqui está o fato que é menos óbvio, mas claro como o cristal uma vez que alguém atraia nossa atenção para ele. Muitos reis na história e muitos ditadores hoje pretendem conquistar glória. Eles querem ser conhecidos como fortes, ricos e sábios. E como eles fazem isto? Tornando seus cidadãos fracos, pobres e incultos. Um povo educado é uma ameaça a um ditador. Uma classe média próspera é uma ameaça a um ditador. Um povo forte é uma ameaça à força de um ditador. Portanto, que eles fazem? Eles asseguram o poder por manterem seus povos frágeis. Eles conquistam a glória por pisarem nas costas de um povo subjugado. Apenas observe o regime de Islom Karimov no Uzbequistão. E poderíamos mencionar muitos outros pequenos reis que mantêm seus povos frágeis de modo que se tornam fortes e ricos.

A Glória de Deus na confirmação do evangelho

Agora, contraste a forma pela qual Paulo atrai atenção para a glória de Deus. Se algum rei teve o direito de manifestar toda sua glória por pisar nas costas de um povo rebelde, este rei é Deus. Mas que ele faz? Ele manifesta sua glória por confirmar o seu povo. “Ora, aquele que é poderoso para vos confirmar . . . seja dada glória pelos séculos dos séculos . . .” Deus magnifica sua glória por confirmar vocês com seu evangelho. Deus não se sente ameaçado devido à confirmação de vocês de forma alguma. De fato, quanto mais confirmados na fé, esperança e amor vocês sejam através do evangelho de Jesus Cristo, mais supremo ele se revela. Deus não assegura seu poder por manter seu povo fragilizado. Ele magnifica a glória de seu poder por confirmar seu povo. “Ora, aquele que é poderoso para vos confirmar . . . seja dada glória”.

Portanto, quando Paulo faz da glória de Deus a meta definitiva do evangelho. Quando ele encerra sua mais magnifica de todas as cartas ao atrair a atenção para o supremo valor da glória de Deus, isto não é más notícias para nós. A menos que queiramos esta glória para nós mesmos. Por que isto não é más novas para nós? Porque nosso Deus atrai atenção para sua glória por confirmar seu povo. Quanto maior for a glória de Deus, mais recursos há para nossa confirmação. Quanto mais multiforme e maravilhosa é a glória de Deus, mais multiforme e maravilhosa é a fonte de nossa confirmação. “Ora, aquele que é poderoso para vos confirmar... seja dada glória pelos séculos dos séculos”.

Confirmação no evangelho

Que tipo de confirmação Paulo quer dizer que Deus é poderoso para conceder? Bem, Deus pode conceder qualquer tipo de confirmação que ele deseje — “Com o meu Deus salto muralhas” (Sl 18.29). Mas aqui ele quer dar a entender o mesmo tipo de confirmação que ele se referiu em Romanos 1.11, 12: “Porque muito desejo ver-vos, a fim de repartir convosco algum dom espiritual, para que sejais confirmados (stērikthēnai, a mesma palavra em Rm 16.25), isto é, para que, em vossa companhia, reciprocamente nos confortemos por intermédio da fé mútua, vossa e minha”. A substância desta confirmação é a fé em Jesus Cristo.

Confirmação para mulheres através do evangelho

Isto não é uma confirmação que o mundo conhece ou concede. Mulheres, garotas adolescentes que você imagina quando pensa em ser uma mulher confirmada? Ou garotas, quando vocês pensam em crescer para serem as mulheres confirmadas que vocês sonham? Esclarecer este fato é importante porque Deus deseja que vocês sejam confirmadas e ambos: a Bíblia e a experiencia lhes dizem que em um sentido vocês são os vasos frágeis (1 Pedro 3.7). 95% dos homens adultos no mundo são fisicamente mais fortes que 95% das mulheres adultas. Quando vocês sonham em serem mulheres fortes que vocês deveriam sonhar?

O mundo dirá a vocês três formas de buscar força: uma é ser sensual, se vestir de forma sensual, agir de forma sensual, porque os homens são sugadores. Vocês podem ter poder sobre eles desta forma. A outra forma é ser afirmativa, poderosa, agressiva, autoconfiante. E terceiro, ser inteligente e se mover por todos os canais de influência até atingir as posições de poder. Nenhuma destas formas é a confirmação que Paulo está falando a respeito quando declara: “Ora, aquele que é poderoso para vos confirmar . . .”

Paulo tem em mente a confirmação interior que Pedro mencionou para as mulheres em 1 Pedro 3.6 onde Pedro diz às mulheres para serem como Sara e as mulheres santas do passado: “ . . . vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma”. E o tipo de confirmação que Provérbios 31.25 fala quando enuncia: “A força e a dignidade são os seus vestidos, e, quanto ao dia de amanhã, não tem preocupações”.

Em outras palavras, mulheres, garotas, sonhem em ser muito confiantes em Deus e que vocês são nele como filhas do rei do universo e que ele faz por vocês e as promessas que ele têm para cumprir em suas vidas e ser para vocês em Jesus Cristo para que não temam nada, somente a Deus e que não tenham preocupação com o dia de amanhã — não importa que o dia reserve. Sensualidade — eu prometo que vocês a perderão — e o homem que vocês conquistarem com isto não é o tipo de homem que desejam. Com afirmação, vocês alienarão as verdadeiras pessoas que desejariam que estivessem aos seus redores. Corredores do poder, eles são como grama: o vento passa e eles desaparecem. Mas a confirmação que Deus concede através do evangelho subsiste para sempre. “Ora, aquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho . . . seja dada glória pelos séculos dos séculos”.

Confirmação para os homens através do evangelho

Homens, rapazes e quanto a vocês? Que vocês sonham quando sonham em serem confirmados? Que vocês podem algum dia segurar uma lata de Altoids e parecer “curiosamente fortes?” Ou ser o melhor jogador em um esporte? Ou ser o mais astuto corretor da bolsa de valores e ter o poder financeiro? Ou ser educado e ler o Atlantic Montlhly e ouvir o NPRe citar nomes desconhecidos em conversas de coquetel?

Não. Somente um tolo deseja o poder fugaz. Somente um tolo deseja o poder que se evapora justamente quando você mais precisa dele. Vou lhe dizer o tipo de poder que Deus é capaz de lhe conceder através do evangelho. É o poder de liderar sua esposa e família em devoções; o poder de dizer uma simples palavra verdadeira quando a complexidade elitista, altamente educada e secular estiver a sua volta; o poder para manter-se firme e dizer não para o comportamento pecaminoso quando todos chamam vocês de fracos; o poder para prosseguir contra todos os obstáculos na causa de justiça, misericórdia e verdade quando vocês sentirem que não têm mais motivação.

Confirmação para todos através do evangelho

Deus é capaz de confirmar todos vocês — homens e mulheres — com um tipo de confirmação interior da alma mediante a fé em Cristo que faz de vocês mais fortes em uma cadeira de rodas que dez mil medusas morais vagueando com duas pernas na corrente da cultura moderna. Que desejamos é o tipo de força que estará aqui quando ficarmos paralisados e respondermos perguntas apenas com nossas pálpebras. E sabemos de onde isto procede: “Ora, aquele que é poderoso para vos confirmar... seja dada glória pelos séculos dos séculos”.

Jamais somos autossuficientes em relação à necessidade do evangelho

E uma observação final e crucial que temos revelado por sete anos e revelaremos mais em outros quatro sermões em Romanos e oro para que cada sermão faça isto até que Jesus venha — Deus nos confirme através do evangelho: “Ora, aquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho”.

O coração do evangelho é que Jesus Cristo, o justo, morreu por nossos pecados e ressuscitou, é eternamente triunfante sobre todos seus inimigos de modo que agora não há condenação, mas alegria eterna para aqueles que confiam nele. Você jamais, jamais, jamais é autossuficiente em relação à sua necessidade do evangelho. Você não começa a vida cristã com o evangelho e então o abandona e fica cada vez mais forte com algo mais. Deus nos confirma com o evangelho até o dia em que morrermos.

A confirmação do evangelho sobre o câncer

Eu lhe darei uma ilustração conclusiva de minha própria vida — e muitos de vocês têm grandes histórias para narrar que eu porque suas confirmações são testadas mais profundamente. Mas vou lembrar a vocês que Deus fez por mim em fevereiro quando ocorreu o diagnóstico de câncer. Deus me confirmou com o evangelho. Vocês podem relembrar os versículos exatos que ele usou. Nenhum deles era muito importante para mim. Primeira Tessalonicenses 5.9. 10: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele”.

Portanto, tudo em mim diz e espera dizer quando o diagnóstico final vier: “Ora, aquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho . . . seja dada glória, por meio de Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos. Amém.

Nosso Deus age na história para derrotar o pecado, Satanás, o inferno e a morte. Ele fez isto por meio do evangelho de Jesus Cristo. Receba este evangelho como o maior tesouro de sua vida. Deus magnificará sua glória ao confirmar você.








5 - Promessas Esperançosas para Triunfar sobre o Pecado

Por John Piper

No meu sermão em 3 de Dezembro, eu disse que uma das razões pela qual o pecado não irá nos dominar como senhor enquanto estamos "debaixo da graça" (Romandos 6:14) é que, enquanto estamos debaixo da graça, Deus está trabalhando em nós para querermos e para fazermos sua boa vontade. Eu baseei isso em Romanos 6:17, do contexto que diz, "Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues." Desde que Paulo dá graças a Deus, pois os Romanos se tornaram obedientes de coração, eu concluí que Deus é aquele que trabalha para trazer essa obediência em seus corações. E se Deus trabalha para trazer essa obediência em nosso coração, então o pecado não vai ser senhor sobre nós, Deus vai.

Eu avisei que isso não significa que nós nos tornamos perfeitos nessa vida (Filipenses 3:12; 2 Coríntios 3:18; Romandos 7:24), mas significa que o pecado é destronado do castelo das nossas vidas e que a derrota do pecado é certa conforme nós "combatemos o bom combate da fé" (1 Timóteo 6:12) até que morramos ou até que Jesus venha (2 Timóteo 4:7).

Eu exortei vocês para que não tornem a soberania de Deus em uma permissão por passividade, mas em um motivo de esperança. Eu disse, "Deixe que a soberania de Deus faça você ter esperança de que a mudança é possível, não passivo, como se nenhuma mudança fosse necessária." Então leve os textos abaixo como encorajamento de Deus para que você possa, e você fará, progresso em tirar o pecado da sua vida.

2 Tessalonicenses 1:11-12, "Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que nosso Deus . . . cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé, a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós." Lembre-se, Cristo é glorificado quando sua glória é manifesta de maneira que Deus nos permite cumprir nossos bons propósitos através dele.

Hebreus 13:20-21, "Ora, o Deus de paz . . . vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em nós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja dada a glória para todo o sempre. Amém!" De novo, perceba, desde que Deus nos permite fazer o que é bom perante seus olhos "através de Jesus", é Jesus que é glorificado, não nós.

1 Pedro 4:11, "Se alguém . . . serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!." Aquele que dá recebe a glória. Porque Deus é aquele que nos permite "servi-lo", ele leva o crédito pelo serviço.

Gálatas 5:22-23, "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, loganimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei." Atitudes e comportamentos cristãos são o fruto do Espírito, não apenas o fruto de nossos próprios esforços. Nossos esforços são essenciais, mas não decisivos. Veja abaixo em Filipenses 2:12-13.

Esses textos são exemplos do cumprimento da promessa do Velho Testamento da Nova Aliança, em que Deus trabalha no seu povo para trazer obediência. Aqui estão alguns exemplos dessas promessas do Velho Testamento.

Jeremias 31:31-33, "Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel. . . . Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei." No passado, a lei foi escrita em pedra e encontrou rebelião em nossos corações rebeldes. Mas na Nova Aliança, Deus não deixa a lei de fora, fazendo exigências; ele também a leva para dentro, criando obediência.

Deuteronômio 30:6, "O SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração . . . para amares o SENHOR, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma."

Ezequiel 11:19-20, "porei . . . espírito novo dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne; para que andem nos meu estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem."

Ezequiel 36:26-27, "Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos." Perceba a linguagem forte de "farei que andeis nos meus estatutos." Isso é o que eu acho que Paulo estava agradecendo a Deus em Romanos 6:17.

Jeremias 32:40, "Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim." Nossa perseverança até o fim no temor de Deus, é devido a poderosa graça de Deus, que nos faz perseverar.

Então como nós devemos orar? Um exemplo de Paulo: "e o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns para com os outros e para com todos" (1 Tessalonicenses 3:12; veja Filipenses 1:9-11).

Devemos usar nossa força de vontade para obedecer? Sim. Poderosamente. "Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Filipenses 2:12-13).

Regojizando "debaixo da graça" de Deus,

Pastor John








6 - A Razão de Ser das Promessas

As promessas de Deus relativas à posse da nossa herança eterna, são como cheques nominais pré-datados, assinados pelo Senhor Jesus Cristo, com ampla suficiência de fundos.
São portanto infalíveis quanto ao seu cumprimento.
Tudo o que temos que fazer, portanto, é esperar com firme confiança o seu cumprimento.
Deus poderia nos dar suas bênçãos de forma imediata e direta sem fazer promessas.
Deste modo, seria evitada a necessidade de se fazer um pacto baseado em tais promessas.
O Senhor poderia nos conceder todas as suas misericórdias sem que necessitasse empenhar sua palavra para isso.
Por que então, fez promessas e ordenou que fossem registradas na Bíblia?
Em razão do sistema da salvação que deve ser por meio da fé.
Então é necessário que exista uma promessa sobre a qual a fé possa ser exercitada.
O plano da salvação foi escolhido para ser por meio da fé, porque que ele é o único que pode ser apropriado ao meio pelo qual a salvação é efetuada, ou seja, simplesmente pela graça de Jesus.
Por isso, a fé tem sido escolhida como o grande mandamento evangélico, porque é somente por meio dela que se herdam as promessas de Deus.









7 - Promessas de Bênçãos Para Um Povo Infiel

A infidelidade dos judeus descrita no capitulo anterior, não poderia anular a fidelidade de Deus, que é afirmada por Ele no capítulo oitavo de Zacarias.
Ele havia determinado fazer bem a Judá e a Jerusalém, e o faria, por causa do Seu grande zelo (Zac 8.2).
De desolada que se encontrava, ainda com seus muros destruídos, e as portas da cidade queimadas, e com o templo em fase de reconstrução, Deus prometeu tornar a engrandecer Jerusalém, e isto seria feito, como sabemos, nos dias de Esdras e de Neemias; que viriam para Judá, respectivamente, em 458 e 444 a. C., ou seja, cerca de 60 anos após Zacarias.
Jerusalém é descrita repleta de anciãos sentados nas praças da cidade, e com meninos e meninas brincando em suas ruas (v. 3 a 5).    
Deus o faria pela força do Seu braço, trazendo o seu povo de volta das terras para onde haviam sido espalhados.
Vale lembrar que nos dias de Esdras, subiram com ele a Jerusalém 1.496 cabeças de várias famílias de Israel, do sexo masculino, sem contar o número de mulheres e crianças.
Então aqueles que já se encontravam em Judá nos dias de Zacarias, e que haviam subido a Jerusalém com Zorobabel, e que haviam lançado os alicerces do templo, foram exortados pelo Senhor a fazerem fortes as suas mãos, para reiniciaram a obra de reconstrução (v. 9).
Nos anos passados, eles estiveram impedidos de trabalharem porque não havia salário (recompensa), nem paz para os que trabalhavam, por causa do inimigo que o Senhor havia incitado contra eles (v. 10).
Mas agora, Deus estava prometendo paz e prosperidade ao Seu povo (v. 11, 12), de modo que não seriam mais considerados uma maldição pelas nações, mas uma bênção (v. 13); porque o Senhor voltaria a usar de misericórdia para com eles e faria o bem a Jerusalém e a Judá, pelo que não deveriam temer o mal (v. 14, 15).
Apesar de fazer todas estas coisas, pela Sua graça, a bênção do Senhor sempre está condicionada a um andar condigno na Sua presença.
Então, para desfrutarem das bênçãos prometidas, deveriam se exercitar na prática do bem, da justiça e da verdade (v. 16, 17).
Então os jejuns que faziam se tornariam um motivo de regozijo, alegria e festas alegres, por isso deveriam amar a verdade e a paz (v. 18, 19).
De repudiada e desprezada que era, pela sua condição de ruína, Jerusalém ainda viria a ser procurada por muitos povos e pelos habitantes de muitas cidades, para virem buscar o Senhor dos exércitos, e o Seu favor e bênção (v. 20 a 22).
Assim, os judeus ganhariam prestígio entre as nações e muitos lhes procurariam por saberem que o favor de Deus se encontrava com eles (v. 23).











8 - As Promessas do Evangelho Profetizadas Há Séculos Antes de Cristo

A profecia de Isaías 40 aponta para dias futuros, os dias do evangelho, em que o Senhor tornaria acessível aos judeus uma Nova Aliança, com a promessa de expiar a culpa e o pecado deles pela graça, e de não mais levar em conta os seus pecados para efeito de condenação eterna; porque derramaria o  Espírito Santo para ser o Consolador do Seu povo.
O Espírito seria dado porque a iniquidade seria expiada por Aquele (Jesus) que seria anunciado pela voz de alguém que clamaria no deserto (João Batista) convocando o povo ao arrependimento, para que o caminho do Messias fosse aberto para que Ele se manifestasse aos corações.
Assim toda depressão de alma seria removida (vales aterrados), e toda altivez e confusão de espírito seriam também removidas (terrenos acidentados e escabrosos que seriam nivelados).  
A profecia não está falando de lugares geográficos mas do coração do homem que seria transformado por Aquele que seria anunciado por João Batista (v.3,4).
A glória do Senhor seria revelada na pessoa de Cristo, e toda a carne o veria, porque o Senhor o havia dito.
E a sua Palavra é fiel e verdadeira e permanece para sempre.
Isto seria feito porque Ele o quis e não por nenhuma bondade, justiça  ou mérito pessoal que exista no Seu povo.
A salvação é por causa da promessa de Deus, e não pelas coisas que fizemos ou por nossos merecimentos.
Uma salvação poderosa e eficaz que consiste na nossa transformação por meio do recebimento de uma nova natureza espiritual, celestial e divina, por meio da habitação do Espírito Santo.
Então foi ordenado ao profeta Isaías que clamasse, e ele respondeu perguntando acerca do que deveria clamar?
E a resposta divina foi a Palavra do evangelho, conforme já lhe havia sido dito, quando havia sido chamado para o seu ofício profético.
E a palavra do evangelho que deveria clamar lhe foi dita como sendo a relativa ao que está registrado nos versos 6 a  11.

"Uma voz diz: Clama; e alguém pergunta: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua glória, como a flor da erva;
seca-se a erva, e caem as flores, soprando nelas o hálito do SENHOR. Na verdade, o povo é erva;
seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente.
Tu, ó Sião, que anuncias boas-novas, sobe a um monte alto! Tu, que anuncias boas-novas a Jerusalém, ergue a tua voz fortemente; levanta-a, não temas e dize às cidades de Judá: Eis aí está o vosso Deus!
Eis que o SENHOR Deus virá com poder, e o seu braço dominará; eis que o seu galardão está com ele, e diante dele, a sua recompensa.
Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente." (Isaías 40.6-11)

Antes de tudo, na pregação da  mensagem do evangelho deve ser proclamada a inutilidade da carne para o propósito eterno de Deus, porque a glória da carne é passageira e nada tem a ver com o que é espiritual. Porque a carne para nada aproveita, e somente o espírito vivifica. A carne só pode gerar carne e nada do que é relativo ao espírito. E Deus é puramente espírito (v. 6 a 8 a).
Mas a vida do espírito seria produzida pela Palavra do evangelho, que subsiste eternamente (v. 8 b).
É pela Palavra do evangelho que somos gerados novas criaturas. É pela Palavra que vem a fé que salva. É pela Palavra que somos santificados.
Deus está se mostrando gracioso e completamente longânimo nesta nova dispensação, por isso aquele que anuncia estas promessas é um anunciador de boas novas (significado literal da palavra evangelho) para o povo que habitará em Sião (v. 9a).
E esta Palavra deve ser anunciada bem alto e sem temor, porque Deus daria Espírito de coragem ao povo da Nova Aliança.
E o centro da mensagem não são coisas mas uma Pessoa, o próprio Senhor Jesus Cristo, que pela fé no Seu nome, e por invocá-lo, somos salvos (v. 9b).
A fé dos que crerem em Jesus será recompensada (v.10).
Cristo fará com que o fraco fique forte, mas com o cuidado de um pastor terno que apascentará o seu rebanho cuidando dos que são fracos em seus próprios braços, e levando em seu colo os que são novos na fé e que ainda estão sendo alimentados com o leite genuíno que lhes dará crescimento espiritual. E fará isto não com impaciência ou arrogância, mas com mansidão (v. 11).
Tendo feito uma apresentação resumida do evangelho até o verso 11, a partir do 12 o Senhor vai apresentar argumentos porque esta palavra que havia proferido era fidedigna e de inteira aceitação, e poderosa para realizar tudo o que Ele havia prometido.
Certamente porque era grande o endurecimento em Judá, e a tristeza por tudo o que haviam sofrido.
E como poderiam crer nestas boas promessas consoladoras depois de tudo que haviam passado? Como poderiam ainda esperar que Deus pudesse estar interessado no bem deles?
O Senhor então iria falar da Sua própria majestade, grandeza, força, amor, fidelidade e poder para realizar impossíveis, e que não era portanto razoável a desconfiança de Judá em relação a Ele, quanto a que tivesse esquecido completamente deles e da promessa que havia feito aos patriarcas, de fazer de Israel um reino sacerdotal (entenda-se como Israel na profecia a todas as pessoas de qualquer povo ou nação que creia em Cristo).  
Então, em face de todos os argumentos que apresentaria a partir do verso 12, acerca da nulidade dos reinos das nações perante Ele, e do Seu grande poder divino, arrazoa com Israel com as palavras do verso 27:

“Por que dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está escondido ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?”

Não podemos nunca esquecer que Deus não é nenhuma criatura, Ele não foi criado por ninguém. Ele é o único Criador, digno portanto de toda honra, glória, louvor e obediência.
Ele nos fez de tal modo que cresçamos em liberdade perante Ele, pelas escolhas acertadas que fizermos, e pelo nosso crescimento, que é realizado com o Seu permanente auxílio. Pois não nos criou para nos deixar entregues à nossa própria sorte.
Ele é um Pai amoroso e paciente, que nos guiará pelo conhecimento do caminho do amor, da verdade e da justiça, nos tornando cada vez mais semelhantes a Ele próprio.
Estes que são assim conduzidos por Ele e que se deixam voluntariamente serem ensinados de boa vontade, são mais valiosos para Ele do que todos os reinos do mundo, que considera como um mero pingo de água que cai de um balde.
Devemos então ter todo o cuidado de não errarmos quanto ao grande alvo da Sua vontade, porque somos cercados sempre de muitas tentações neste mundo, de nos apegarmos à criatura e não ao Criador.
Deus é tão grandioso e perfeitamente sábio e onisciente que não necessita tomar conselho com ninguém.
Ele é tão autossuficiente em si mesmo que não necessita criar nada para que possa se sentir completo.
De maneira que se diz nos versos 16 e 17:

“16 Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para um holocausto.
17 Todas as nações são como nada perante ele; são por ele reputadas menos do que nada, e como coisa vã.”

Não é portanto em ritos religiosos que se encontra o Seu grande objetivo na nossa criação.
E muito menos nas grandes conquistas tecnológicas e científicas que alcançamos com nossa sabedoria terrena e natural.
No entanto trouxe todas as coisas à existência, porque foi do Seu desejo se ocupar em aperfeiçoar seres tão inábeis e miseráveis como nós, espiritualmente falando, para exibir quão grande é a Sua bondade, amor, longanimidade e paciência.
De forma que nunca se cansará em ter que trabalhar no menor e mais incapaz dos Seus santos, até que os conduza à perfeição em Cristo.
Isto porque, diferentemente de nós, imperfeitos e limitados que somos, Ele nunca se cansa e não se fatiga. E é todo o Seu prazer trocar a nossa força natural que para pouco ou nada serve para cumprir os Seus propósitos espirituais relativos a nós, pela invencível e inextinguível força da Sua graça que tem disponibilizado para o Seu povo na pessoa de Cristo.
De maneira que quando somos fracos, por reconhecer nossa fraqueza, é que podemos ser fortalecidos com o poder espiritual da manifestação da Sua própria presença em nós.









9 - A Promessa da Redenção

“1 Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
2 Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.
3 Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; por teu resgate dei o Egito, e em teu lugar a Etiópia e Seba.
4 Visto que foste precioso aos meus olhos, e és digno de honra e eu te amo, portanto darei homens por ti, e es povos pela tua vida.
5 Não temas, pois, porque eu sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente, e te ajuntarei desde o Ocidente.
6 Direi ao Norte: Dá; e ao Sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe, e minhas filhas das extremidades da terra;
7 a todo aquele que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que formei e fiz.” (Isaías 43.1-7)

Os juízos de Deus sobre a impiedade dos israelitas, viriam com certeza, mas isto não significava que Deus havia rejeitado definitivamente Israel, porque perdoaria e restauraria aqueles que dentre eles se arrependessem dos seus pecados.
De igual modo, quando um cristão é corrigido por Deus quando cai, não significa que cai para uma queda que o conduzirá a uma condenação final, ou que Deus o tenha rejeitado como filho.
Onde abundou o pecado superabundou a graça.
Onde há trevas, mais brilham a misericórdia e a bondade de Deus.  
Não que Ele aprove o pecado, porque vemos  em toda a Bíblia as Suas grandes repreensões e juízos por causa do pecado.
Mas ao mesmo, tempo, vemos que Ele não desistirá dos homens até que faça vingar a causa da justiça do evangelho, pela qual tem justificado pecadores em toda a Terra.
Ele criou a Terra para ser habitada em paz e em justiça, e não para ser um caos. Por isso nos deu Jesus para ser o nosso Salvador e Senhor, para cumprir o citado propósito.
Deus odeia o pecado, mas está usando de misericórdia na presente dispensação, esperando que pessoas se arrependam do pecado e se convertam a Ele pela fé em Jesus, para que possam sair das trevas para a luz, e da morte espiritual para a vida eterna.
Os idólatras são chamados portanto, em Isaías 43, a deixarem os seus ídolos e a se voltarem para Deus porque é grandioso em perdoar.
Uma nação idólatra iria para o cativeiro, mas Deus está dizendo que não desistiu deles, porque usaria de misericórdia para com aqueles que se voltassem para Ele.
É assim que devemos pregar o evangelho porque o caráter do evangelho reflete o caráter do próprio Deus.
Não há outro modo aprovado para fazê-lo senão usando da mesma longanimidade e misericórdia que Deus tem para com todos os pecadores nesta dispensação da graça, que durará até que Cristo volte.
Há mais de dois mil anos que estão sendo praticadas na Terra, desde a inauguração da dispensação da graça, horríveis blasfêmias, idolatrias, impurezas  e toda sorte de abominações, mas Deus ainda não se cansou de ser longânimo e misericordioso, e tal como Ele, os seus servos não devem se cansar também, porque o tempo da misericórdia será fechado somente no juízo final, depois do milênio.
Deus demonstrou que não havia se cansado de Israel mas foi Israel que havia se cansado dEle (Is 43.22).
Deus não se cansa de ouvir nossas orações, mas nós podemos, em razão da fraqueza da nossa natureza terrena, nos cansarmos com facilidade de orarmos a Ele, então é preciso muita vigilância e diligência para não cairmos no mesmo erro dos israelitas, que haviam se cansado de Deus, e por isso iriam para o cativeiro.
O Senhor tem suportado as muitas transgressões dos pecadores até que eles venham a se converter, e não seria de se esperar que permanecessem nelas depois de convertidos, em face da longanimidade da qual foram objeto.
Contudo, via de regra, em razão da fraqueza do pecado, que opera na carne, sempre será dado ao Senhor muito menos da fidelidade que lhe deveríamos dar.
Então o evangelho é a dispensação da longanimidade, senão nenhuma carne restaria sobre a terra. Nem mesmo entre os santos de Deus.
É importante sabermos que Ele não nos rejeitará, se não O rejeitarmos.
Enquanto clamarmos a Ele por socorro e livramento dos nossos pecados, sempre haverá esperança, porque Ele tem prometido nunca nos deixar e nunca nos desamparar, e não lançará fora a nenhum que tenha vindo a Ele para lhe entregar o seu coração.  
Nem mesmo ao endurecido Israel Deus tem afirmado que não rejeitará, quanto mais àqueles que foram feitos seus filhos por meio da fé em Jesus.

“1 Pergunto, pois: Acaso rejeitou Deus ao seu povo? De modo nenhum; por que eu também sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
2 Deus não rejeitou ao seu povo que antes conheceu.” (Rom 11.1,2b).













114) PROSPERIDADE


ÍNDICE

1 - A Prosperidade do Espírito
2 - Prosperidade e Progresso
3 - Aos Pregadores da Prosperidade: Recomendando Cristo como Lucro
4 - Aos Pregadores da Prosperidade: Ressaltem o Valor do Sofrimento
5 - Aos Pregadores da Prosperidade: Não Esconda o Custo
6 - Aos Pregadores da Prosperidade: Preservem o Sal e a Luz
7 - Aos Pregadores da Prosperidade - Parte 1
8 - Aos Pregadores da Prosperidade - Parte 2
9 - Aos Pregadores da Prosperidade - Parte 3
10 - Aos Pregadores da Prosperidade - Parte 4
11 - A Fórmula do Sucesso na Vida Cristã
12 - O Que é um Viver Vitorioso


1 - A Prosperidade do Espírito

“Atos 8:1 E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e Samaria.
Atos 8:2 Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele.
Atos 8:3 Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.
Atos 8:4 Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra.”

Permitisse o Senhor que acontecesse agora no Brasil – que o Senhor não o permita - o que sucedeu nos primeiros dias Igreja, quando era pura e sem mancha, sob a instrução dos apóstolos, conforme se vê no relato da perseguição que explodiu contra os cristãos logo depois do martírio de Estevão, continuaríamos sustentando a chamada doutrina da prosperidade material, conforme é ensinada e afirmada pela grande maioria das igrejas em nossos dias?
Expatriados, sem bens, aprisionados, martirizados, permaneceram os crentes primitivos pregando a fé em Jesus Cristo para a salvação e santificação de vidas.
Já haviam antes confirmado que estavam desmamados dos prazeres deste mundo quando tiveram por motivo de grande alegria serem espoliados de seus bens e sofrido por causa do nome do seu Senhor.
Havia neles abundante graça e não havia necessitados entre eles porque repartiam os seus bens a todos quantos tinham necessidades (Atos 4.32-34).
“Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados, como também aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável.” (Heb 10.34)
Fosse a bênção de Deus ter muitas coisas deste mundo, os ímpios seriam os mais abençoados, porque é notório que se acha entre eles os que são mais ricos e poderosos segundo o mundo.
Fosse a mera contribuição financeira para alguma igreja ou obra missionária, sem o acompanhamento de um crescimento pessoal na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, o suficiente para nos darmos por satisfeitos com Cristo e ele conosco, estaríamos incorrendo em grosseiro auto-engano.
Fosse a acumulação de bens terrenos o sinal do agrado de Deus para conosco, dissociado de um viver segundo o que nos é ordenado na Palavra, onde estaria a verdadeira igreja de Cristo agora? Certamente de braços dados com o mundo, porque é o mundo que busca o que é terreno e não o que é celestial, divino e espiritual.
“Mat 6:31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?
Mat 6:32 Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;
Mat 6:33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
Por que o Senhor repreende a Igreja de Laodiceia e a todos os cristãos que se identificam com os seus hábitos? Não é porventura por conta da falta desta verdadeira piedade e santificação no viver cotidiano, pela negação do ego, pelo carregar da cruz e seguir os mesmos passos de Jesus?







2 - Prosperidade e Progresso

Ao se falar de prosperidade dos crentes, deve-se antes de tudo se falar do progresso (prosperidade) do próprio evangelho, porque a prosperidade individual de cada crente deve estar vinculada a isto, pois é assim que somos ensinados na Bíblia.
O grande interesse do crente deve estar focado no aumento do reino de Deus, e é a isto que deve estar associado o seu interesse de crescimento pessoal.
Até porque qualquer tipo de prosperidade pessoal terrena ficará por aqui mesmo e não poderá ser levada com o crente depois da sua morte. Fazer da vida um investimento prioritário nas coisas que são visíveis e passageiras não é de fato uma opção sábia para um filho de Deus.
Jesus nos alerta sobre o perigo e o dano disto com a parábola que contou do rico que ajuntou em celeiros e era pobre para com Deus, e que repentinamente perdeu a sua alma, deixando tudo para trás.
Deveríamos então ser cautelosos com uma dita proclamação do evangelho que esteja centralizada tão somente em obtenção de prosperidade material, a bem do estado eterno de nossas almas.
Somos ordenados na Bíblia a crescer na graça e no conhecimento de Jesus (II Pedro 3.8) e nunca nas coisas que são terrenas e passageiras.
Somos ordenados a juntar tesouros no céu e não na terra.
Somos ordenados a não servir a Mamom e a não amar o dinheiro, porque este amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.
Oseias 10.1: “Israel é vide frondosa que dá o seu fruto; conforme a abundância do seu fruto, assim multiplicou os altares; conforme a prosperidade da terra, assim fizeram belas colunas.”
Deus protesta contra Israel neste versículo do profeta Oséias quanto a que tinham usado toda a prosperidade material que haviam recebido para construírem belas colunas e altares aos falsos deuses. Há que considerar este aspecto de que se é tão comum fazer-se um mau uso de toda a prosperidade mundana que possamos alcançar.
O fruto que Israel dava como vide frondosa era riqueza material, pois foi somente isto o que buscaram, e como a abundância deste fruto era muito grande, multiplicaram a idolatria deles servindo àquilo que dominava seus afetos e corações.
Servir a Deus com os nossos bens e a nossa fazenda é um imperativo bíblico. Mas quantos estão efetivamente dispostos a isto, mais do que acumular para si mesmo?
Lembro-me ao escrever estas linhas de que há muitos anos atrás Deus me pediu que ofertasse o meu carro a um missionário que trabalhava em várias frentes de trabalho e que não tinha facilidade de se deslocar com sua esposa e filhos que serviam juntamente com ele, integralmente, na obra do Senhor.
Recordo como se fosse ainda hoje que o Senhor me disse que ofertar um carro era muito fácil, pois o que lhe interessava de fato era que eu lhe ofertasse a minha vida, que depositasse tudo o que tinha e sou em Suas mãos. Com lágrimas nos olhos pedi-lhe que aumentasse a minha fé para que o fizesse como convinha fazer.
Não importa para mim o quanto Deus possa me dar das coisas deste mundo, mas quanto eu posso lhe dar de volta cada vez mais do tempo e de todos os dons, até mesmo os espirituais, que ele me tem concedido. Convém que Jesus e a Sua obra cresçam e que eu diminua.
Somos informados que o crescimento (prosperidade) de Jesus foi o de ficar fortalecido em espirito diante de Deus e dos homens, e não que ele acumulou riquezas mundanas ou que andou buscando fama e aplauso dos homens para si.
Somos chamados a imitá-lo sobretudo nisto, a saber, a crescer em santidade pelo fortalecimento na graça.
Somos convocados a tudo fazer e buscar para a exclusiva glória de Deus.
Selecionamos várias passagens bíblicas em que podemos constatar claramente a qual tipo de prosperidade somos incentivados a buscar.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras:
1 – eudoo (grego) – prosperar, progredir, ir bem;
2 – procope (grego) – progresso, avanço, proveito;
3 – procopto (grego) – avançar, progredir, crescer;
4 – auxano (grego) – crescer, aumentar;
5 – yatab (hebraico) – ir bem, prosperar; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128453








3 - Aos Pregadores da Prosperidade: Recomendando Cristo como Lucro

Por John Piper

Este é o décimo segundo artigo de uma série de doze retirado de “Doze Apelos aos Pregadores da Prosperidade” encontrado na nova edição de Alegrem-se todas as nações.
Minha maior preocupação sobre o efeito desse movimento de prosperidade é que venha a diminuir Cristo fazendo com que Ele seja menos o centro e traga menos satisfação do que suas dádivas. Cristo não é mais exaltado por ser Aquele que dá a riqueza. Ele é mais exaltado por satisfazer a alma daqueles que se sacrificam por amor aos outros em nome do evangelho.
Quando nós recomendamos Cristo como aquele que nos torna ricos nós glorificamos riquezas, e Cristo passa a ser um meio para aquilo que realmente queremos, nome, saúde, riqueza e prosperidade. Mas quando recomendamos Cristo como Aquele que satisfaz a alma para sempre – mesmo quando não temos saúde, riqueza e prosperidade -– então Cristo é muito mais exaltado e mais precioso do que todas essas dádivas.
Nós vemos em Filipenses 1:20-21 Paulo dizendo: "Segundo a minha intensa expectação e esperança, de que . . . Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho". Honrar a Cristo acontece quando o valorizamos tanto que a morte é ganho. Porque morrer significa: "partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor." (Filipenses 1:23).
Essa é a observação que falta para os pregadores da prosperidade. O Novo Testamento visa a glória de Cristo, não a glória de Suas dádivas. Para tornar mais claro, isso coloca toda a vida Cristã sob um cartaz de alegre abnegação. "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me" (Marcos 8:34). "Já estou crucificado com Cristo." (Gálatas 2:20).
Mas mesmo a abnegação é um caminho difícil que conduz à vida (Mateus 7:14), e é o mais rejubilante de todos os caminhos. "Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo" (Mateus 13:44). Jesus diz que Ele sendo encontrado como seu tesouro faz todas as posses alegremente dispensáveis. "Pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo".
Eu não quero que pregadores da prosperidade parem de chamar as pessoas à extrema alegria. Ao contrário, apelo para que eles parem de encorajar as pessoas a procurar sua alegria em coisas materiais. A alegria que Cristo nos oferece é tão maravilhosa, tão duradoura que nos permite perder tudo e ainda assim regozijar-nos. "Com gozo permitistes a espoliação dos vossos bens, sabendo que, em vós mesmos, tendes nos céus uma possessão melhor e permanente". (Hebreus 10:34) A Graça de ser feliz na perda da prosperidade – este é o milagre que os pregadores da prosperidade deveriam buscar. Esse seria o sal da terra e a luz do mundo que exalta Cristo como supremo valor.







4 - Aos Pregadores da Prosperidade: Ressaltem o Valor do Sofrimento

Por John Piper

Esse é o nono artigo em uma série de doze. O conteúdo é um segmento chamado "Doze apelos aos Pregadores da Prosperidade", presente na nova edição do livro Alegrem-se os Povos.
O Novo Testamento não só deixa claro que o sofrimento é necessário para os seguidores de Cristo, como também se esforça em explicar porque é necessário e quais os propósitos de Deus para isso. É crucial que os crentes conheçam esses propósitos. Deus os revelou para nos ajudar a entender o porquê de nosso sofrimento e nos purificar como o ouro através do fogo.
Em Alegrem-se os povos, no capítulo sobre o sofrimento, eu descrevo esses propósitos. Aqui, eu apenas os nomearei e direi para os pregadores da prosperidade: Incluam os grandiosos ensinamentos bíblicos em suas mensagens. Novos convertidos precisam saber porque Deus ordena que sofram.
1.   Sofrimento intensifica a fé e a santidade.
2.   Sofrimento faz seu cálice transbordar.
3.   Sofrimento é o preço para encorajar a outros.
4.   Sofrimento preenche o que resta das aflições de Cristo.
5.   Sofrimento reforça a ordenança missionária do "Ide".
6.   A supremacia de Cristo é manifesta no sofrimento.







5 - Aos Pregadores da Prosperidade: Não Esconda o Custo

Por John Piper

Esse é o oitavo artigo em uma série de doze. O conteúdo é um segmento chamado "Doze apelos aos Pregadores da Prosperidade", presente na nova edição do livro Alegrem-se os Povos.
O que está faltando na maioria dos cultos que promovem a prosperidade é o fato de que o Novo Testamento enfatiza a necessidade de aflições muito mais do que enfatiza a prosperidade material.
Jesus disse: "Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, guardarão também a vossa." (João 15:20). E Ele disse novamente: "Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?" (Mateus 10:25).
Durante suas viagens missionárias, Paulo lembrou aos cristãos novos na fé, dizendo "que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus" (Atos 14:22). E ele disse aos crentes em Roma que sofrimento é parte do caminho para a vida eterna.
"O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus; e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada". (Romanos 8:16-18)
Pedro também disse que as aflições são um caminho comum para a benção eterna de Deus.
“Amados, não estranheis a ardente provação que vem sobre vós para vos experimentar, como se coisa estranha vos acontecesse. Mas regozijai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e exulteis. Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória, o Espírito de Deus.” (1 Pedro 4:12-14)
Sofrimento é o custo normal da piedade. "E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições". (2 Timóteo 3:12). Eu sei que esses versos estão entre aflições em geral por causa da entrada do pecado (Romanos 8:18-25) e também aflições mais especificas se tratando da hostilidade humana. Mas eu argumentarei posteriormente no capítulo 3 que quando se trata do propósito de Deus não existe diferença muito grande entre as duas.
Os pregadores da prosperidade devem incluir em suas mensagens o que Jesus e os apóstolos disseram sobre a necessidade de passarmos por aflições. É preciso que venham as aflições, Paulo disse (Atos 14:22), e nós fazemos um mal em não compartilhar essa verdade com os discípulos novos na fé. Jesus até disse antes mesmo da conversão para que os crentes futuros contassem o custo: Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo." (Lucas 14:33)







6 - Aos Pregadores da Prosperidade: Preservem o Sal e a Luz

Por John Piper

Esse é o sétimo artigo em uma série de doze. O conteúdo é um segmento chamado "Doze apelos aos Pregadores da Prosperidade", presente na nova edição do livro Alegrem-se os Povos.
O que nos faz ser o sal da terra, e a luz do mundo? Não é riqueza. O desejo e a persistência em ser rico tem o sabor e aparência do mundo. O desejo de ser rico nos faz parecer com o mundo, e não diferente do mundo. Exatamente onde nós deveríamos ter um gosto diferente, temos o mesmo sabor de cobiça que o mundo tem. Nesse caso, nós não oferecemos nada diferente do que o mundo já acredita.
A grande tragédia sobre a pregação da prosperidade está relacionada com o fato de que não é preciso um nascimento espiritual para poder segui-los; a pessoa só precisa ser gananciosa. Enriquecer em nome de Jesus não é ser o sal da terra ou a luz do mundo. Dessa forma, o mundo só verá a reflexão de si mesmo. E se eles forem "convertidos" a isto, eles não foram realmente convertidos mas apenas colocaram um novo nome na vida antiga.
O contexto sobre o que Jesus falou, nos mostra o que é ser o sal da terra e a luz do mundo. Estes são a alegre disposição de sofrer por Cristo. Aqui está o que ele disse:
“Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós. Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo.” (Mateus 5:11-14)
O que fará o mundo saborear o sal e ver a luz de Cristo em nós não será o mesmo amor pela riqueza que eles têm. Pelo contrário, será a disposição e a capacidade dos cristãos de amar os outros mesmo durante as dificuldades, ao mesmo tempo alegrando-se porque sabe que sua recompensa está no céu com Jesus. "Alegrai-vos e exultai [durante as dificuldades]... Você é o sal da terra". O sal é o sabor da felicidade durante as dificuldades. Essa é a diferença que o mundo pode saborear.
Tal vida é inexplicável em termos humanos. Essa vida é sobrenatural. Mas atrair pessoas com a promessa de prosperidade é simplesmente natural. Essa não é a mensagem de Jesus. Não foi por essa razão que Ele morreu.








7 - Aos Pregadores da Prosperidade - Parte 1

Por John Piper

Aos que questionarem sobre a importância de falar sobre o tema da prosperidade material, a realidade ao nosso redor responde isto sem muita dificuldade. Nós vivemos em uma triste época  em que a (falsa) teologia da prosperidade tomou níveis que nunca imaginaríamos serem possíveis. Nunca os homens foram considerados tão grandes, e nunca Deus foi considerado tão pequeno. Pregações que deturpam textos bíblicos, regadas de emocionalismos, falsas profecias e pedidos aterradores de ofertas são tão comuns hoje que, para muitos, essa só pode ser a realidade bíblica, pois é o único tipo de pregações que vários crentes ouvem durante toda a vida.
Esse lixo de teologia tem destruído muitas mentes. Muitas pessoas têm sido levadas a cair nesses enganos. Até mesmo muitos cristãos maduros têm resíduos desse fermento herético em suas massas. Pergunto: “como ficar apático diante disto tudo?”. Precisamos de homens que se levantem como profetas de Deus, dispostos a confrontar esses (falsos) pregadores que tentam seduzir as ovelhas de Cristo. Deus levantou John Piper para protestar e chamar-nos de volta para a sã doutrina. Nós, do Voltemos ao Evangelho.com nos juntamos a Ele. Oramos para que mais pessoas possam abraçar esse pensamento.
Você se juntaria a nós nesse protesto?
Equipe Voltemos Ao Evangelho.

Jesus disse: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!” Seus discípulos ficaram espantados, tão quanto ficariam frente ao “Movimento da Prosperidade”. Então Jesus elevou ainda mais o espanto deles, dizendo: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.” Eles responderam em descrença:
“Então, quem pode ser salvo?” Jesus disse, “Para os homens é impossível;  contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível.” (Marcos 10:23-27) Isso significa que o espanto dos discípulos tinha fundamento. Um camelo não pode passar pelo fundo de uma agulha. Isso não é uma metáfora para algo que requer muito esforço ou humilde sacrifício. Não dá para ser feito.
Sabemos disso porque Jesus disse Impossível! Foi a palavra Dele, não a nossa. “Para os homens, é impossível.” O ponto é que a mudança de coração exigida é algo que o homem não pode fazer por si mesmo. Deus precisa fazê-lo — “... contudo, não [é impossível] para Deus.”
Não conseguimos nos fazer parar de valorizar o dinheiro acima de Cristo.
Mas Deus pode. Isso são boas novas. E isso deveria ser parte da mensagem que os pregadores da prosperidade anunciam antes que incitem as pessoas a  se tornarem mais como um camelo. Por que um pregador iria querer anunciar  um evangelho que encoraja o desejo de ser rico, confirmando deste modo as pessoas em seu desajuste ao reino de Deus?O apóstolo Paulo admoestou contra o desejo de ser rico. E por implicação, advertiu contra pregadores que incitam o desejo de ser rico ao invés de ajudar as pessoas a se livrarem disso. Ele alertou: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição.
Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.”  (1Timóteo 6:9-10).
Essas são palavras muito sérias, mas não parecem encontrar um eco na pregação do evangelho da prosperidade. Não é errado para o pobre querer medidas de prosperidade para que tenha o que precisa, e possa ser generoso e dedicar tempo e energia a tarefas que exaltem a Cristo em vez de lutar para sobreviver. Não é errado buscar ajuda em Cristo para isso. Ele se importa com nossas necessidades (Mateus 6:33).
Mas todos nós — pobres e ricos — estamos em constante perigo de firmar nosso amor (1 João 2:15-16) e nossa esperança (1Timóteo 6:17) nas riquezas ao invés de em Cristo. Esse “desejo de ser rico” é tão forte e tão suicida que Paulo usa a linguagem mais forte para nos alertar. Minha súplica é para que os pregadores da prosperidade façam o mesmo.Jesus adverte contra o esforço para acumular tesouros na terra; ou seja, Ele nos manda ser donatários, e não proprietários. “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mateus 6:19-20).
Sim, todos nós guardamos alguma coisa. Jesus admite isso. Ele não espera, exceto em casos extremos, que nosso desejo de ofertar signifique que não seremos mais capazes de dar. Haverá um tempo em que daremos nossa vida por alguém, e então não seremos mais capazes de ofertar. Mas ordinariamente, Jesus espera que vivamos de tal forma que haja um padrão  contínuo de trabalho, ganho, vida simples e doação contínua.
Mas dada a tendência intrínseca à ganância em todos nós, Jesus sente a necessidade de advertir contra “acumular tesouros na terra”. Isso se assemelha a ganho, mas leva apenas à perda (“traça e ferrugem corroem e ladrões escavam e roubam”). Meu apelo é que a advertência de Jesus encontre um forte eco nas bocas dos pregadores da prosperidade.“Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado.” (Efésios 4:28). Isso não é uma justificativa para ser rico de modo que possa dar mais. É um chamado para fazer mais e guardar menos, e então você poderá dar mais. Não há razão para que uma pessoa que prospera mais e mais em seus negócios deva ampliar a extravagância de seu estilo de vida indefinidamente. Paulo diria: Cubra suas despesas e doe o resto.
Não posso determinar o seu “cobrir”, mas em todos os textos que temos visto nesta série, há um impulso em direção à simplicidade e à generosidade extravagante, não a posses extravagantes. Quando Jesus disse: “Vendei os vossos bens e dai esmola” (Lucas 12:33), Ele pareceu sugerir não que os discípulos fossem abastados e pudessem dar de sua abundância. Parece que eles tinham tão pouco patrimônio líquido, que tinham que vender algo para terem algo para dar.
Por que os pregadores iriam querer encorajar as pessoas a pensarem que elas deveriam possuir riquezas para serem donatários generosos? Por que não encorajá-los a manterem suas vidas mais simples e serem ainda mais generosos em suas doações? Isso não acrescentaria em sua generosidade um forte testemunho de que Cristo — e não as posses — é seu tesouro?A razão pela qual o autor de Hebreus nos diz para estarmos contentes com o que temos é que o oposto implica em menos fé nas promessas de Deus.
Ele diz: “Seja a vossa vida sem amor ao dinheiro. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?” (Hebreus 13:5-6).







8 - Aos Pregadores da Prosperidade – Parte 2

Por John Piper

Por um lado, podemos confiar no Senhor como nosso auxílio. Ele proverá  e protegerá. E nesse sentido, há certa medida de prosperidade que Ele nos dará. “Vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas” (Mateus 6:32). Mas, por outro lado, quando se diz: “Seja a vossa vida sem amor ao dinheiro.
Contentai-vos com as coisas que tendes” pois Deus promete nunca nos deixar, isso deve significar que podemos facilmente nos mover da confiança em Deus para nossas necessidades, para o usar Deus para nossas vontades.
A linha entre “Deus, me ajude” e “Deus, me enriqueça” é real, e o autor de Hebreus não quer que a ultrapassemos. Os pregadores deveriam ajudar seu povo a se lembrar e reconhecer essa linha ao invés de falar como se ela não existisse.Jesus adverte que a Palavra de Deus, o Evangelho, o qual tem por objetivo nos dar vida, pode ser sufocado até a morte pelas riquezas. Ele diz que ele é como uma semente que cresce entre espinhos: “São os que ouviram  e, no decorrer dos dias, foram sufocados com... riquezas... da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer” (Lucas 8:14).
Os pregadores da prosperidade deveriam advertir seus ouvintes de que há um tipo de prosperidade financeira que pode sufocá-los até a morte. Por que quereríamos encorajar as pessoas a buscar exatamente aquilo que Jesus adverte que pode nos deixar sem frutos?O que há nos cristãos que faz deles o sal da terra e a luz do mundo? Não são as riquezas. O desejo por riquezas e a busca de riquezas têm sabor e aparência do mundo. Desejar ser rico nos torna como o mundo, não diferentes. Justo no ponto onde deveríamos ter um sabor diferente, temos a mesma cobiça maliciosa que o mundo tem. Neste caso, não oferecemos ao mundo nada diferente do que ele já crê. A grande tragédia da pregação da prosperidade é que uma pessoa não tem que ser acordada espiritualmente para abraçá-la; ela precisa apenas ser gananciosa. Ficar rico em nome de Jesus não é o sal da terra ou a luz do mundo. Nisto, o mundo simplesmente vê um reflexo de si mesmo. E se eles são “convertidos” a isso, eles não foram realmente convertidos, mas apenas colocaram um novo nome numa vida velha.
O contexto na fala de Jesus nos mostra o que o sal e a luz são. São a alegre boa vontade de sofrer por Cristo. Eis o que Jesus disse: “Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo.” (Mateus 5:11-14)
O que fará o mundo saborear o sal e ver a luz de Cristo em nós, não é que amemos as riquezas da mesma forma que eles amam. Pelo contrário, será a boa vontade e a habilidade dos cristãos de amar aos outros em durante o sofrimento, a todo tempo exultando porque seu galardão está nos céus com Jesus. “Regozijai-vos e exultai [nas dificuldades]... Vós sois o sal da terra.”
Salgado é o sabor da alegria nas dificuldades. Esta é a vida inusitada que o mundo pode saborear como diferente.
Tal vida é inexplicável em termos humanos. É sobrenatural. Mas atrair  pessoas com promessas de prosperidade é simplesmente natural. Não é a  mensagem de Jesus. Não é aquilo que ele alcançou com sua morte.O que falta na maioria das pregações da prosperidade é o fato de que o Novo Testamento enfatiza a necessidade de sofrimento muito mais do que o conceito de prosperidade material.
Jesus disse: “Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa” (João 15:20). E outra vez disse: “Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais [difamam] aos seus domésticos?” (Mateus 10:25).
Paulo fez lembrar aos novos crentes em suas viagens missionárias que “através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (Atos 14:22). E disse aos crentes em Roma que seu sofrimento daqueles era uma parte necessária do caminho para a herança eterna.
“O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados. Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Romanos 8:16-18).
Pedro também disse que o sofrimento é o caminho natural para a bênção eterna de Deus.
“Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus” (1 Pedro 4:12-14).
O sofrimento é o custo natural da piedade. “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Timóteo 3:12).
Estou ciente de que estas palavras sobre o sofrimento se revezam entre um sofrimento mais generalizado como parte da queda (Romanos 8:18-25) e um sofrimento específico devido aàs hostilidades humanas. Mas argumentarei  mais tarde no capítulo 3 que quando isso se refere ao propósito de Deus, não há diferença substancial.
Os pregadores da prosperidade deveriam incluir em suas mensagens um ensino significativo sobre o que Jesus e os apóstolos disseram a respeito da necessidade do sofrimento. Importa que ele venha, Paulo disse (Atos 14:22), e prestamos um desserviço não contando isso cedo aos jovens discípulos, causamos-lhes um prejuízo. Jesus disse isso mesmo antes mesmo da conversão, para que os prováveis discípulos já contassem com o custo:
“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:33).O Novo Testamento não apenas deixa claro que o sofrimento é necessário para os seguidores de Cristo, ele também se empenha em explicar o porquê e  quais são os propósitos de Deus nisso. É crucial que os crentes conheçam esses propósitos. Deus os revelou para nos ajudar a entender porque sofremos
e para nos passar como ouro pelo fogo.
Em Regozijem-se as Nações, no capítulo sobre o sofrimento, eu revelo esses propósitos. Aqui eu apenas os enumerarei e direi aos pregadores da prosperidade: Incluam os grandes ensinos bíblicos em suas mensagens.
Recém-convertidos precisam saber por que Deus ordena que eles sofram.
1. Sofrimento aprofunda a fé e a santidade.
2. Sofrimento faz seu cálice crescer.
3. Sofrimento é o preço de encorajar os outros.
4. Sofrimento preenche o que falta nas aflições de Cristo.
5. Sofrimento fortifica o mandamento missionário do “ide”.
6. A supremacia de Cristo é manifesta no sofrimento.








9 - Aos Pregadores da Prosperidade – Parte 3

Por John Piper

Uma mudança fundamental aconteceu com a vinda de Cristo ao mundo.
Até aquele tempo, Deus focou sua obra redentora em Israel com obras eventuais entre as nações. Paulo disse: “Nas gerações passadas, [Deus] permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos” (Atos 14:16). Ele os chamou de “tempos da ignorância.”
“Não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam” (Atos 17:30).
Agora o foco passou de Israel para as nações. Jesus disse: “O reino de  Deus vos será tirado [Israel] e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos [seguidores do Messias]” (Mateus 21:43). Um  endurecimento veio sobre Israel até que o número total das nações entrasse  (Romanos 11:25).
Uma das principais diferenças entre essas duas épocas é que, no Antigo Testamento, Deus glorificou amplamente a si mesmo ao abençoar Israel, de modo que as nações pudessem ver e saber que o Senhor é Deus.
“Faça ele [o Senhor] justiça ao seu [...] povo de Israel, segundo cada dia o exigir, para que todos os povos da terra saibam que o SENHOR é Deus e que não há outro” (1Reis 8:59-60).
Israel não foi enviada como uma “Grande Comissão” para ajuntar as nações; pelo contrário, ela foi glorificada para que as nações vissem sua grandeza e viessem a ela. Então, quando Salomão construiu o templo do Senhor, foi espetacularmente abundante em revestimentos de ouro.
O Santo dos Santos tinha vinte côvados de comprimento, vinte côvados de largura e vinte côvados de altura. E foi coberto com ouro puro. Ele também cobriu de ouro um altar de cedro. E Salomão revestiu o interior da casa com ouro puro, e fez passar correntes de ouro frente ao Santo dos Santos, o qual também cobriu de ouro. E cobriu de ouro toda a casa, inteiramente. Também cobriu de ouro todo o altar que estava diante do Santo dos Santos. (1Reis 6:20-22)
E quando ele mobiliou o templo, o ouro mais uma vez se tornou igualmente abundante.
Então Salomão fez todos os utensílios que estavam na casa do Senhor: o altar de ouro, a mesa de ouro para os pães da proposição, os castiçais de ouro finíssimo, cinco à direita e cinco no lado sul e cinco no norte diante do Santo dos Santos; as flores, as lâmpadas e as linguetas, também de ouro; as taças, espevitadeiras, bacias, recipientes para incenso e braseiros, de ouro finíssimo; as dobradiças para as portas da casa interior e do Santo dos Santos, também de ouro. (1Reis 7:48-50)
Salomão levou sete anos para construir a casa do Senhor. E então levou treze anos para construir sua própria casa (1Reis 6:38 e 7:1). Ela também era abundante em ouro e pedras de valor (1Reis 7:10).
Então, quando tudo estava construído, o nível de sua opulência é visto em 1Reis 10, quando a rainha de Sabá, representando as nações gentias, vai ver a glória da casa de Deus e de Salomão. Quando ela viu, “ficou como fora de si” (1Reis 10:5). Ela disse: “Bendito seja o SENHOR, teu Deus, que se agradou de ti para te colocar no trono de Israel; é porque o SENHOR ama a Israel para sempre, que te constituiu rei” (1Reis 10:9).
Em outras palavras, o padrão no Antigo Testamento é uma religião venha-ver. Há um centro geográfico do povo de Deus. Há um templo físico, um rei terreno, um regime político, uma identidade étnica, um exército para lutar as batalhas terrenas de Deus, e uma equipe de sacerdotes para fazer sacrifícios animais pelos pecados.
Com a vinda de Cristo tudo isso mudou. Não há centro geográfico para o Cristianismo (João 4:20-24); Jesus substituiu o templo, os sacerdotes e os sacrifícios (João 2:19; Hebreus 9:25-26); não há regime político Cristão porque o reino de Cristo não é deste mundo (João 18:36); e nós não lutamos batalhas terrenas com carruagens e cavalos ou bombas e balas, mas sim batalhas espirituais com a palavra e o Espírito (Efésios 6:12-18; 2Coríntios 10:3-5).
Tudo isso sustenta a grande mudança na missão. O Novo Testamento não apresenta uma religião venha-ver, mas uma religião vá-anunciar. “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28:18-20).
As implicações disso são enormes para a forma que vivemos e a forma que pensamos a respeito de dinheiro e estilo de vida. Uma das implicações principais é que nós somos “peregrinos e forasteiros” (1Pedro 2:11) na terra.
Nós não usamos este mundo como se ele fosse nosso lar de origem. “A nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20).
Isso leva a um estilo de vida em pé de guerra. Isso significa que nós não acumulamos riquezas para mostrar ao mundo o quão rico nosso Deus pode nos fazer. Nós trabalhamos duro e buscamos uma austeridade em pé de guerra pela causa de espalhar o evangelho até os confins da terra. Nós maximizamos o esforço de guerra, não os confortos de casa. Nós criamos nossos filhos com a visão de ajudá-los a abraçar o sofrimento que irá custar para finalizar a missão.
Então, se um pregador da prosperidade me questiona sobre as promessas de riqueza para pessoas fiéis no Antigo Testamento, minha resposta é: Leia seu Novo Testamento com cuidado e veja se você encontra a mesma ênfase.
Você não irá encontrar. E a razão é que as coisas mudaram dramaticamente.
“Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1Timóteo 6:7-8). Por quê? Porque o chamado a Cristo é um chamado para participar de seus sofrimentos “como um bom soldado de Cristo Jesus” (2 Timóteo 2:3).
A ênfase do Novo Testamento não são as riquezas que nos atraem para o pecado, mas o sacrifício que nos resgata dele.
Uma confirmação providencial de que Deus planejou esta distinção entre uma orientação venha-ver no Antigo Testamento e uma orientação vá anunciar no Novo Testamento, é a diferença entre o idioma do Antigo Testamento e o idioma do Novo. Hebraico, o idioma do Antigo Testamento, não era compartilhado por nenhum outro povo no mundo antigo. Era unicamente de Israel. Isto é um contraste surpreendente com o Grego, o idioma do Novo Testamento, que era o idioma de comércio do mundo romano. Então, os próprios idiomas do Antigo e do Novo Testamentos sinalizam a diferença de missões. O hebraico não era apropriado para missões no mundo antigo. O grego era perfeitamente apropriado para missões no mundo romano.O apóstolo Paulo nos dá um exemplo do quão cauteloso ele era para não dar a impressão de que estava no ministério por dinheiro. Ele disse que os ministros da palavra têm o direito de viver do ministério. Mas então, para mostrar-nos o perigo nisso, ele se recusa a usar plenamente esse direito.
“Na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi, quando pisa o trigo. [...] Certo que é por nós que está escrito; pois o que lavra cumpre fazê-lo com esperança; o que pisa o trigo faça-o na esperança de receber a parte que lhe é devida. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais? Se outros participam desse direito sobre vós, não o temos nós em maior medida? Entretanto, não usamos desse direito; antes, suportamos tudo, para não criarmos qualquer obstáculo ao evangelho de Cristo.” (1Coríntios 9:9-12)
Em outras palavras, ele renunciou a um direito legítimo justamente para não dar a ninguém a impressão de que o dinheiro era a motivação de seu ministério. Ele não queria dinheiro de seus neófitos: “Nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos. Deus disto é testemunha” (1Tessalonicenses 2:5).
Ele preferia trabalhar com suas mãos ao invés de dar a impressão de que estava mercadejando o evangelho: “De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes; vós mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim e aos que estavam comigo. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber” (Atos 20:33-35).
Ele sabia que havia mercadores da palavra de Deus que pensavam que “a piedade é fonte de lucro” (1Timóteo 6:5-6). Mas ele se recusava a fazer qualquer coisa que o pusesse naquela categoria: “Nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus” (2Coríntios 2:17).








10 - Aos Pregadores da Prosperidade – Parte 4

Por John Piper

Muitíssimos pregadores da prosperidade não apenas dão a impressão de que estão “mercadejando a palavra de Deus” e fazem da “piedade uma fonte de lucro”, mas realmente desenvolvem uma teologia fictícia para justificar suas extravagantes exibições de riqueza.
Paulo fez exatamente o oposto.Minha maior preocupação a respeito dos efeitos do movimento da prosperidade é que ele deprecia a Cristo fazendo-O menos central e menos satisfatório que Seus presentes. Cristo não é mais exaltado por ser o provedor  de riquezas. Ele é mais exaltado por satisfazer a alma daqueles que se  sacrificam para amar os outros no ministério do evangelho.
Quando recomendamos Cristo como aquele que nos torna ricos, nós glorificamos as riquezas, e Cristo se torna um meio para o fim que realmente queremos — a saber, saúde, riqueza e prosperidade. Mas quando recomendamos Cristo como aquele que satisfaz nossa alma para sempre —mesmo quando não há saúde, riqueza e prosperidade — então Cristo é exaltado como mais precioso que todos aqueles presentes.
Vemos isso em Filipenses 1:20-21. Paulo diz: “É minha ardente expectativa e esperança de que [...] será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.” A honra a Cristo acontece quando nós o valorizamos tanto que morrer é lucro. Porque morrer significa “partir e estar com Cristo” (Filipenses 1:23).
Esta é a observação que falta na pregação da prosperidade. O Novo Testamento aponta para a glória de Cristo, não para a glória de Seus presentes. Para deixar isso claro, ele coloca toda a vida cristã abaixo do estandarte da alegre abnegação. “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Marcos 8:34). “Estou crucificado com Cristo” (Gálatas 2:19).
Mas, apesar de a abnegação ser uma estrada difícil que leva à vida (Mateus 7:14), é a mais alegre de todas as estradas. “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo” (Mateus 13:44). Jesus diz que encontrar Cristo como nosso tesouro torna todas as outras posses alegremente dispensáveis.
“Transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo.”
Eu não quero que os pregadores da prosperidade parem de chamar as pessoas à alegria máxima. Pelo contrário, eu suplico a eles que parem de encorajar as pessoas a buscarem sua alegria nas coisas materiais. A alegria que Cristo oferece é tão grande e tão durável que nos habilita a perder a prosperidade e ainda assim regozijar. “Vós aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável” (Hebreus 10:34). A graça de ser alegre na perda de prosperidade — este é o milagre que os pregadores da prosperidade deveriam buscar. Este seria o sal da terra e a luz do mundo. Isto exaltaria a Cristo como extremamente valioso. Desiring God é um ministério cristão que se focaliza em suprir materiais bíblicos para o povo de Deus em todo o mundo. Nosso alvo é tornar esses materiais disponíveis em diversos idiomas e formatos (internet, página impressa, mídia eletrônica), para que aqueles que não conhecem a Jesus ouçam e creiam e para que aqueles que já creram possam crescer em seu conhecimento de Deus e em seu desejo por ele.
A pregação de John Piper é mais bem resumida nesta frase: Deus é mais glorificado em nós quando somos mais satisfazemos nele. Em outras palavras, Deus mesmo é o maior tesouro no universo, e o seu propósito em criar e salvar pessoas se realiza melhor quando os homens reconhecem a Deus como seu maior tesouro e se deleitam nele mais do que em qualquer outra coisa. (Para obter uma explicação mais profunda, bem como evidência bíblica de que isso é verdade, examine os materiais sob o título "Hedonismo Cristão" em nosso Índice de Tópicos).
Nossa missão é disseminar uma paixão pela supremacia de Deus em todas as coisas, para a alegria de todos os povos, por meio de Jesus Cristo.
Para mais informações, acesse: http:/DesiringGod.org/ ou http:/SatisfaçãoEmDeus.org/
O ministério Voltemos ao Evangelho nasceu com o grandioso intuito de proclamar o único e verdadeiro Evangelho, chamando a nação brasileira a voltar à centralidade da glória de Deus na face de Cristo e ao fundamento das Escrituras.
Disponibilizamos material multimídia, textos e vídeos gratuitos, sem restrição quanto ao uso pessoal ou ministerial, a fim de que Deus seja glorificado e a Igreja de Cristo edificada.
Para mais informações, acesse: http://VoltemosAoEvangelho.com/









11 - A Fórmula do Sucesso na Vida Cristã

Em Isaías 58, o pecado e a falsa religiosidade são denunciados com uma chamada ao arrependimento, e é feita a adição de promessas consoladoras para aqueles que se convertessem a Deus.
Especialmente o conjunto de profecias do 58º capítulo até o capítulo final do livro de Isaías (66), consiste na preparação para a chegada do reino do Messias até a sua glorificação final.
Assim o protesto contra o pecado e falsa religiosidade denunciados neste capítulo, apesar de ser também aplicável à Igreja, teve por alvo principalmente a casa de Jacó, a saber, o povo de Israel na antiga dispensação, de maneira que o profeta é convocado a tocar a trombeta de alerta e anunciar ao povo do Senhor que ele se encontrava em pecado, e que a religiosidade deles era falsa.
Importava que se arrependessem porque era o povo da aliança, através do qual o Messias se manifestaria ao mundo, para dar cumprimento ao propósito eterno de Deus, de formar através dEle um povo santo, a saber a Igreja.
O Deus de Israel não muda e o Seu propósito para aqueles que chama a estarem aliançados com Ele é o mesmo, seja para Israel na antiga aliança, seja para a Igreja de Cristo na nova.
O povo do Senhor deve ser um povo santo, e este capítulo de Isaías, não deixa nenhuma dúvida quanto a isto.
O Messias veio para o povo de Israel. Foi a eles que Ele foi enviado. O evangelho deveria ser pregado primeiro aos judeus; porque o propósito de Deus de ter um povo santo seria consolidado com a redenção e os dons do Messias para a santificação do Seu povo.
A função do profeta na antiga dispensação quanto a protestar contra o pecado e a falsa religiosidade do povo do Senhor, continua sendo a mesma para os pregadores do evangelho na Igreja. Eles devem tocar a trombeta para alertá-la quanto à necessidade de um viver verdadeiramente santo, para o inteiro agrado do Senhor.
O pregador não pode lisonjear o povo do Senhor, mas denunciar o seu pecado.
O povo do Senhor é um povo privilegiado, um povo honorável, um povo glorioso, mas nunca deve ser lisonjeado.
Ainda que estejam reformados em muitas coisas, entretanto as suas transgressões devem ser repreendidas e abandonadas, ainda que sejam poucas, porque Deus assim o exige.
Ele não pode estar contente vendo que o seu povo está sendo vencido por qualquer tipo de pecado por motivo de estar fazendo concessões a um viver pecaminoso.
A santidade deve ser positiva, expressada num viver em boas obras aprovadas pelo Senhor. Especialmente na demonstração de um amor verdadeiro e prático ao próximo.
Nos versos 2 e 3 de Isaías 58 nós vemos que Deus declara que o Seu povo estava com uma falsa convicção de lhe estar agradando, porque afinal jejuavam, e O buscavam todos os dias, e julgavam que guardavam todos os Seus mandamentos, e que andavam nos Seus caminhos, e com isto pensavam que viviam de modo justo perante Ele.
No entanto, lhes apontou no final do verso 3 qual era o grande motivo de esconder a Sua face deles, a saber, tudo o que faziam era para os próprios interesses deles.
Estavam buscando o Senhor para alcançarem a realização dos seus desejos, como todas as pessoas pagãs das demais nações faziam em relação à adoração dos seus falsos deuses.
A motivação estava errada, e por consequência, o modo deles adorarem e servirem ao Senhor também estava errado.
Não era para o agrado do Senhor que eles O buscavam. Não era para serem aperfeiçoados em santidade para servirem-no melhor e ao próximo que eles o faziam, senão para atenderem aos seus próprios interesses egoístas e mesquinhos.
As obras da carne permaneciam em realce na vida dos israelitas, apesar de toda a religiosidade deles, por que a graça não pode operar num caminhar em falsidade.
As iras, contenções, violência e todas as demais obras da carne (v. 4) permaneciam lhes dominando, porque quando buscamos fazer a nossa própria vontade, quem prevalece é a carne, e não o Espírito.
Mas eles jejuavam, pensando que com isto estavam agradando ao Senhor.
Entretanto não se vence a carne com práticas ascéticas.
O que eles faziam era ascetismo e não jejum. Jejum não é simplesmente deixar de comer (v. 5).
Um jejum verdadeiro despertará automaticamente o amor prático ao próximo, em ações desenvolvidas para abençoá-lo, porque o amor divino é despertado naquele que dele se aproxima verdadeiramente, e que busca fazer sinceramente a Sua vontade (v. 6 e 7).
E é este viver verdadeiro em amor que traz a bênção do Senhor e a Sua recompensa à nossa vida, porque este é o modo dEle manifestar o Seu agrado com o nosso modo correto de viver (v. 8 a 14); que consiste em caminhar em humildade perante Ele reconhecendo que somos pecadores necessitados da Sua graça para podermos fazer o que Lhe é agradável.  
O capítulo 58 de Isaías é um alerta poderoso para nos convencer que é muito fácil viver de maneira hipócrita diante de Deus com uma falsa religiosidade, enquanto estamos convencidos não pelo Espírito, mas pelas nossas próprias convicções de que estamos vivendo de modo agradável a Deus, quando na verdade estamos errando completamente o alvo.
Sabendo desta nossa facilidade para errar o alvo, o Senhor nos alerta na Sua palavra a avaliarmos o nosso caminhar pelas nossas motivações, pelos resultados de nossas ações, ou seja, se para nosso interesse, ou se para a Sua exclusiva glória.
Se for com o propósito correto, o Senhor mesmo acrescentará as Suas bênçãos espirituais ao nosso viver, de maneira que tenhamos a convicção de que Lhe temos agradado de fato.
Ele fará que os nossos frutos espirituais sejam achados até na nossa descendência e nas gerações posteriores.
E por isso seremos conhecidos como reparadores de brechas e restauradores de veredas.
As gerações posteriores reedificarão ruínas porque trabalharão sobre o fundamento que lhes deixamos (v. 12).
E o Senhor fará isto para honrar o nosso trabalho diligente feito por amor a Ele e para a Sua glória.
Porque Ele tem prometido honrar os que Lhe honram.
Devemos servir ao Senhor em humildade, reconhecendo que Ele faz sozinho o Seu trabalho nos usando apenas como Seus instrumentos, porque somos servos inúteis que não podem produzir por si mesmos a vida espiritual e todas as operações sobrenaturais que somente Ele pode realizar.
Sem Ele nada podemos fazer, em relação às realidades celestiais, espirituais e divinas.
Deus exige que deixemos de praticar o mal, e aprender a fazer o bem.
Porque assim agindo prometeu que traria as bênçãos citadas em Is 58.8-12:
- um verdadeiro viver na luz; cura das nossas transgressões; ter a glória do Senhor nos protegendo e abençoando por causa da nossa prática da justiça (v. 8);
- ter as orações e clamores respondidos por Deus, com a Sua própria presença, por termos deixado de ser prepotentes e arrogantes e por ter deixado o falar pecaminoso (v.9);
-  dissipação de todas as trevas da nossa vida por estarmos atentos às necessidades do nosso próximo (v. 10);
- ser guiado continuamente pelo Senhor, e ser provido por Ele até mesmo em lugares áridos, recebendo dele força e vigor de tal maneira que a nossa vida será como um jardim regado e um manancial que nunca secará (v. 11);
- ser habilitado a viver a verdade de tal maneira que o nosso testemunho virá a ser um fundamento para as gerações futuras, especialmente para que possam reformar a Igreja tirando-a do erro, para que possa trilhar no caminho da verdade, formando um fundamento forte e seguro sobre o qual o povo de Deus possa edificar as suas vidas (v. 12).
Isto é muito mais do que simplesmente pregar e ensinar a doutrina correta.
É muito mais do que teologia, ou melhor dizendo, é a teologia verdadeira que é muito fácil de ser esquecida de ser praticada.
Isto não tem nada a ver com o ensino de técnicas psicológicas, ou de qualquer fundamento científico aplicado como fórmula para uma vida bem sucedida segun do a vontade do Senhor.
Isto é a verdade da Palavra de Deus apontando como um grande farol qual é o caminho para um verdadeiro viver vitorioso.
É por praticar as coisas afirmadas no 58º capítulo de Isaías, e por atender à repreensão que é dirigida por Deus contra o pecado, que a Igreja de Cristo pode contar com o seu favor.
Não basta portanto chorar pelos nossos fracassos, não basta orar pedindo a Deus que faça prosperar o nosso trabalho, é preciso viver efetivamente de modo justo e verdadeiro diante dEle, e tudo o mais será consequência disto.
Não é sendo um mero religioso que se alcança o favor de Deus, mas vivendo de maneira justa e santa, na prática da verdadeira piedade, que é sobretudo amor prático e real a Deus e ao nosso próximo.
Por isso se diz que não devemos buscar apenas o reino de Deus, mas também a justiça do reino.








12 - O Que é um Viver Vitorioso

Não há maior e melhor maneira de se honrar a Jesus neste mundo do que se empenhar na mortificação do pecado que habita na nossa velha natureza.
Alguns levam muito tempo para serem bem sucedidos neste trabalho, mas outros o alcançam mais rapidamente, mas o mais importante é que nunca deixemos de nos empenhar nisto.
E o interessante nisto tudo é que a vitória não é ganha se combatendo o pecado propriamente dito, mas se sujeitando cada vez mais a Cristo, intensificando a nossa comunhão com Ele.
Uma luta diária contra o pecado, do jeito carnal, com uma lista na mão, e pensando: “isso eu posso, mas eu não posso aquilo”, se tornaria uma verdadeira alucinação e paranoia, e onde poderíamos achar a paz de espírito em tudo isto?
O segredo de se ter um viver santo, que vence o pecado, é decidir de vez se consagrar ao Senhor, e cuidar em se exercitar na oração, na meditação da Palavra e na prática de todos os demais deveres ordenados na mesma.
Então, se deve fugir de todas as fontes de tentação, especialmente aquelas que costumávamos tolerar em nossos hábitos diários.
E quando houver algum sinal de estarmos esfriando na nossa devoção, a solução é sempre a mesma: largar de lado os hábitos ociosos e nocivos e nos dedicarmos inteiramente a Cristo, fazendo tudo por amor a Ele e para a Sua glória.
Convites para atividades que não estaríamos preparados para não cair na tentação do pecado devem ser declinados.
Más companhias, como as descritas no Salmo primeiro, devem ser definitivamente evitadas.
Lembrar sempre que devemos amar os pecadores mas sempre detestar o pecado.
Não se deve fazer concessão a um amigo quando isto implica em se desapontar a Cristo.
Se houver alguma queda no caminho estreito, confesse e se levante no mesmo caminho, e não vá buscar algum  tipo de conforto no caminho largo.
Tenha uma firme convicção de fé na obra perfeita que nosso Senhor fez para quitar toda a nossa dívida de pecados e nos reconciliar perfeitamente com Deus, por pura graça e mediante a simples fé.
Tenha paciência em todas as tribulações e aflições, por mais dolorosas que elas possam ser, porque a graça lhe fortificará, e o Senhor lhe aperfeiçoará em santidade através das mesmas.
Tenha por alvo santificar-se mais e mais, porque para isto não há limite, e o poder do Espírito lhe capacitará a ter um prazer cada vez maior na comunhão com Deus que é decorrente disso.
Contente-se com o que tiver, e se fizer avanços em obtenção de graus maiores das coisas terrenas que necessitamos, faça um uso moderado delas, e nunca permita ser dominado pela cobiça, a menos que isto se refira à obtenção de um maior crescimento na graça e no conhecimento de Jesus.
Renuncie a tudo o que lhe for pedido pelo Senhor. Não esteja apegado a nada neste mundo. Faça de Jesus o seu único amparo e consolo em toda e qualquer situação.
Não busque o louvor dos homens ou glórias mundanas.  
Ame a todos, mas ame mais a Deus, lembrando que importa mais desagradar aos homens do que a Deus.
Faça isto e o Senhor lhe visitará em todas as situações e circunstâncias de sua vida. Ele lhe encherá da Sua força, amor e alegria, e lhe dará autoridade para proclamar o Seu santo nome com um amor muito maior do que aquele que você tem pela própria vida.


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