sexta-feira, 23 de outubro de 2015

150) Visão \ Iluminação

150) VISÃO \ ILUMINAÇÃO

ÍNDICE

1 - A Iluminação Resultante da Singeleza do Olhar
2 - Aptidão para Ver e Apreciar
3 - Vendo Jesus
4 - A manhã em que eu ouvi a voz de Deus
5 - Porque Deus Não Aparece de Modo Visível
6 - VISÃO ESPIRITUAL 
7 - Visão e Audição Espiritual
8 - Conhecendo e Amando o Cristo Invisível


1 - A Iluminação Resultante da Singeleza do Olhar

“São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!” (Mateus 6.22,23)

Para entender essas palavras corretamente, elas devem ser  consideradas em seu contexto dos versos anteriores, aos quais estão intimamente ligadas, e onde nosso Senhor, da maneira mais solene, protege os seus discípulos do espírito mundano, contra o excessivo amor e desejo pelas coisas terrenas. "Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra." Não estejais ansiosos para fazer isso. Que não seja o grande negócio de suas vidas. "Onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam." Cada coisa terrena é mutável e incerta. Aquele, portanto, que coloca o seu maior bem nelas, ficará terrivelmente desapontado. "Mas ajuntai para vós outros tesouros no céu". Garanta um direito à herança celestial pelo exercício da fé nAquele que tem o poder de concedê-lo; e então, porque "a fé trabalha por amor", e que, embora em si mesmos não tenham nenhum mérito, a vontade de Deus, na sua misericórdia, para a sua honra no final, lhes concederá a grande recompensa da vida eterna. Assim devemos juntar nossos tesouros no céu. Cada ato justo, santo e benevolente do verdadeiro crente espiritual em Cristo estabelece para ele algum novo tesouro no céu; não na base do mérito, deixe isso ser sempre compreendido, mas na base da divina designação. A infinita misericórdia de Deus não vai esquecer aquilo que é feto por amor ao Seu nome, e em obediência à sua vontade.
"Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos..”, Hb 6.10.
"Ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.” Cada coisa lá é imutável. Os tesouros do mundo futuro são de tal natureza que não podem mudar, e nós estaremos seguros, se alguma vez pela misericórdia de Deus, nós os obtivemos, na possessão eterna deles pela aliança do seu amor.
"Porque eu vivo”, disse Jesus Cristo, “vós também vivereis."
A importante razão dada para esta injunção é: "Porque onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração.” Essas coisas que você mais valoriza envolverão os seus maiores afetos.
Se, portanto, pensamos sobre as coisas da Terra como sendo tão valiosas, tão importantes, nós as amaremos, e teremos, na verdade, um amor supremo por elas, vamos amá-las com a exclusão de Deus; nos tornaremos idólatras espirituais, pessoas de mente mundana, destituídas daquela espiritualidade e nobreza de espírito que o afeto pelas coisas celestiais teria produzido. Se, pelo contrário, contrastando este tesouro celestial com o terreno, definirmos o valor correto das coisas celestiais, então as amaremos, e toda a nossa natureza ativa passará por uma mudança. Em vez de sermos carnais e mundanos, seremos espirituais e celestiais, e sob a influência dessas afeições, vamos passar pelo tempo de nossa provação e peregrinação aqui na Terra, como sendo tornados e qualificados para entrar na posse e desfrutar os tesouros celestiais e eternos.
Agora, como todo este alerta de nosso Senhor se assenta na suposição desta estimativa adequada das coisas terrenas e celestiais, de acordo com o seu valor real, assim, é claro, que isto supõe que aqueles que se submetem a este conselho celeste são pessoas de mentes iluminadas, isto é, suas mentes têm sido iluminados pelo Espírito de Deus, porque, a partir de seu olho mental, as escamas caíram, para que, em seus  corações Deus, que ordenou que a luz brilhasse na escuridão, é quem resplandeceu, dando a luz do conhecimento da glória de Deus na face  de Cristo Jesus; e, consequentemente, eles têm a mais clara  demonstração daquelas realidades espirituais e futuras que são os grandes objetivos da verdadeira religião.
Esta iluminação da mente que está sendo suposta, os benefícios e bênçãos disto são mencionados no texto. Eu concebo que quando esta passagem é tomada apenas para expressar simplicidade de intenção, isto é trazido muito abaixo da sua plenitude adequada de significado. Isto é uma ilustração do que foi dito antes pelo Senhor: "A candeia do corpo são os olhos." Aquele que não possui o sentido da visão é cego, não tem luz interior, que é aquele que não tem percepção interior do que é iluminado no exterior e ilumina o cenário que lhe é apresentado, quando o sol está acima do horizonte, para os olhos de quem o contempla. E se o olho está doente, não é perfeito em suas operações,  e na proporção e extensão da doença a cena não é vista, e toda a percepção interior da grandeza e da beleza da natureza fica excluída.
"A candeia do corpo são os olhos: Se, pois, os teus olhos forem bons”, literalmente, "singelos" ou “simples”, se é o que está implícito em outra  passagem como sendo "todo", “sem doença", “todo o teu corpo será cheio de luz "; as cenas externas serão distintamente percebidas pela mente, nenhuma penumbra  haverá nelas. "Mas se teus olhos forem maus", doentes, as funções da visão executadas impropriamente,  "todo o teu corpo será cheio de trevas", não haverá percepção, sem dúvida nenhuma, percepção distinta das coisas que são iluminadas no exterior, e que, para aqueles que possuem o sentido da visão completo, são vistas claramente. "Se portanto, a luz que há em ti são trevas", se tu continuares na tua cegueira natural, “quão grandes serão tais trevas!"
Quão lamentável é a condição daquele que é cego de nascença! Mas quando a perda da visão ocorre em quem tinha uma vez enxergado perfeitamente, quão mais lamentável é a sua condição! "Se a luz que há em ti", a percepção interior de coisas externas, é extinta, e tudo se torna escuro, "Quão grandes serão tais trevas!"
(“caso a luz que em ti há sejam trevas”. Esta citação de nosso Senhor se refere ao seguinte: a luz citada no texto é relativa à capacidade de discernir as coisas. O homem não iluminado pelo Espírito Santo, tem a sua própria luz de discernimento, em sua mente, mas nosso Senhor a chama de trevas, porque não pode dar uma justa avaliação das coisas e realidades que nos são apresentadas, especialmente daquelas que são espirituais e que podem ser somente discernidas pela luz que é espiritual e não pela nossa simples compreensão mental. – Nota do tradutor).
Agora, esta é a ilustração pela qual o Senhor nos transmite algumas das mais importantes verdades espirituais. O significado do todo é que, se os olhos do nosso entendimento são abertos, se cordial e totalmente  recebem as iluminações da palavra divina e do Espírito, então toda a nossa alma estará cheia dessa luz espiritual e divina, as coisas  espirituais e eternas serão apresentadas à mente na força de sua própria demonstração, em toda a clara ordem de suas relações mútuas, e a relação que outras coisas prestam a elas, de modo que estaremos habilitados para julgar com precisão a respeito delas, a e estimá-las corretamente.
Mas se, pelo contrário, os olhos do nosso entendimento não têm sido abertos; se o véu continua a cobrir o nosso coração, e as escamas estão sobre os nossos olhos, ou, se tendo sido uma vez iluminados, "nos desviamos do mandamento santo que foi entregue a nós", e perdemos esta visão distinta, esta clara visão das coisas divinas e eternas, então, “quão grandes serão estas trevas!" Quão indescritivelmente miserável, quão lamentável, quão cheia de perigo, é a nossa condição! Este parece ser o significado do texto.
Uma das muitas vantagens do estado de mente abençoado citado no texto é que não seremos apenas habilitados a contemplar as realidades espirituais e eternas, sendo totalmente convencidos de sua existência real, mas por colocarmos as coisas da terra, em comparação com as coisas assim reveladas a nós, somos capazes de estimar todas as coisas de acordo com o seu justo valor e, portanto, para regular nossas afeições em conformidade com o mesmo.
Para mim, parece que a razão pela qual os homens vivem absortos com as coisas do mundo, e negligenciando a Deus e a sua salvação, é que as coisas desta vida presente lhes parecem totalmente importantes, que nada é tão grande, nada é tão valioso, nada é tão profundamente interessante, como as alegrias e tristezas da vida presente.
A razão pela qual eles agem assim é que o seu tesouro está no mundo.
Isso é evidenciado pelos seus corações. Eles não valorizam nada tanto quanto isto, porque não amam nada além disso. A coisa é facilmente provada. Se alguém ama o mundo presente mais do que qualquer outra coisa, mais do que Cristo, mais do que Deus, mais do que a sua salvação, evidentemente ele valoriza as coisas do mundo mais do que qualquer coisa que o Evangelho revelou. E isto se aplica tanto às suas alegrias quanto às suas tristezas. Ele não pode conceber quaisquer prazeres superiores aos que o mundo dá  aos seus sentidos ou imaginação, não pode conceber uma honra superior às que um companheiro possa conferir; não pode conceber riquezas mais importantes do que as do mundo; se ele é o que é chamado de um homem de sorte, não pode conceber uma tristeza mais profunda do que as dores da pobreza, e censura, e dor de perda, e, portanto, todo o seu cuidado é o de evitar isto.
Agora, se pudéssemos persuadir homens como estes, que existe um prazer muito mais agradável e duradouro, que há riquezas muito mais valiosas, honras elevadas muito acima da mais elevada ambição cega terrena; se pudéssemos convencê-los que existe uma dor muito mais temível do que a extrema dor do coração por perdas e decepções, e pelos vários problemas da vida presente, e que não podemos conceber um estado de angústia tão profundo, e que há uma dor à qual estamos expostos, e no limiar da qual estamos de pé, muito mais temível e mortal; se pudéssemos convencê-los que a obra da sua salvação poderia ser iniciada, não teríamos o menor sucesso.
Agora, onde há essa iluminação, esta visão diferente das coisas espirituais e eternas, há a capacidade de fazer estas comparações, existe a percepção do padrão superior, através do qual formamos uma estimativa de todas as coisas aqui embaixo.
Deixe-me explicar isso. Um homem que é totalmente cego só pode medir as coisas por algum padrão com o qual ele esteja familiarizado. Ele julga as coisas, sejam grandes ou pequenas, por um baixo padrão. Ele não tem ideia da vasta extensão do espaço. Ele não possui o meio pelo qual as ideias poderiam ser comunicadas à sua mente. Portanto, o que para outros, seria,  um objeto banal, para ele, julgando por seu padrão usual, será considerável. Mas deixe-o ter os seus olhos abertos, deixe-o ser levado para algum lugar elevado em relação ao chão, deixe-o examinar alguma paisagem extensa, deixe-o levantar os olhos para o céu acima, e ver o quão alto ele é, e então quão diferente é a sua medida de grande e pequeno! ele aplica uma medida de grande alcance para os objetos que ele pesquisa, e as coisas que uma vez lhe pareceram até mesmo enormes, tornam-se pequenas e diminutas, como de fato são.
E, assim, obtém um padrão pelo qual julga tudo que o mundo chama de ótimo ou bom, e está habilitado a perceber sua deficiência em relação a esse padrão celestial, por isso estamos também habilitados para que possamos perceber a sua impropriedade para nós mesmos. E isto é um ponto importante. Quando a mente está espiritualmente iluminada, a luz que revela essas coisas para nós brilha também em nós mesmos. Descobrimos então que o homem é um ser muito maior do que nunca antes tínhamos julgado que ele fosse. Não é verdade que o homem é um ser insignificante. Infiéis, de fato são isso, e ele é insignificante em vista daquilo que deveria ser.

Tradução, adaptação e redução feitas pelo Pr Silvio Dutra de um texto de Richard Watson, em domínio público.







2 - Aptidão para Ver e Apreciar

Nenhuma pessoa com deficiência visual ou auditiva está impedida de ter um relacionamento íntimo e pessoal com Cristo.
A grande prova patente desta verdade se encontra no fato de haver cristãos portadores destas deficiências ao longo de toda história de dois mil anos da Igreja.
Cristo que se manifesta presentemente em espírito, tem suas excelências observadas e adoradas pelo homem que foi criado por Deus para este principal propósito.
Por isso pode também ser adorado em espírito pelas pessoas portadoras de deficiências físicas.
Assim como um pintor produz os seus quadros para serem admirados, e um músico compõe canções para o mesmo propósito, Deus quer ser conhecido em Jesus Cristo, em todos os Seus maravilhosos atributos.
E toda esta pintura e música espiritual podem ser discernidas por qualquer pessoa que creia em Cristo, seja ela portadora ou não de deficiências.
Todos desejam ter as suas obras reconhecidas.
E com Deus, não há nenhuma diferença quanto ao referido desejo. A propósito, isto existe nEle em muito maior proporção do que em suas criaturas.
Ninguém está apto para tal reconhecimento senão apenas a humanidade, e nesta, aqueles que têm suas naturezas renovadas por Cristo.
Sendo homens espirituais e não meramente naturais ou carnais.
Animais de toda sorte, que não têm o espírito, senão apenas corpo e alma, não estão aptos para reconhecerem tais excelências espirituais.
Nem tampouco vegetais e muito menos minerais e toda sorte de seres inanimados.
Quando céu e terra passarem e apenas os espíritos entrarem na eternidade afora, ter-se-á cumprido o propósito fixado por Deus antes da fundação do mundo, de ter Sua pessoa e obras, louvadas e adoradas por todos que foram feitos por Ele, espiritualmente, semelhantes a Jesus.






3 - Vendo Jesus

   Citações de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

     "Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos." (Hebreus 2.9)

   O apóstolo, neste versículo não afirma ter visto o Senhor em carne, embora ele tenha feito tal afirmação em outra passagem como uma das provas do seu apostolado. Ele não está, de fato, neste texto se referindo a qualquer visão do Senhor por olhos mortais - ele está falando da fé - de uma visão espiritual do Senhor Jesus Cristo.
   A fé é o olho da alma. É o ato de olhar para Jesus. Pela fé somos salvos, nós olhamos para Ele e somos salvos.
   Assim não é a contemplação com estes nossos olhos naturais que é citada, pois isto é exatamente o oposto da fé.
Ouvimos as pessoas falarem que gostariam de ter vivido nos dias do Salvador para que pudessem tê-lo visto. Isto deve ter sido um grande privilégio para aqueles que estavam espiritualmente despertados, mas não era nenhum privilégio para aqueles que eram cegos espiritualmente - porque muitos daqueles que viram nosso Senhor e o ouviram pregar, levantaram-se irados para o expulsaram da sinagoga, e lançá-lo para baixo no cume do penhasco.
   Em vez de serem atraídos por sua doce majestade, ou ganhos por seu amor, zombavam dele, disseram que Ele era um samaritano, que tinha um demônio, e estava louco! Mesmo a visão de Jesus Cristo na Cruz não converteu os homens que estavam lá, mas eles afiaram suas línguas e o chamaram por títulos ignominiosos, aumentando as tristezas de Sua morte por suas expressões de desprezo. Ver Jesus Cristo com o olho natural não é nada, meus irmãos e irmãs, pois isto será a porção de todos os homens! Hão de olhar para Aquele que traspassaram e chorarão e lamentarão sobre ele.
   A visão dele, quando vier nos últimos dias para julgar a terra em justiça, será uma fonte de terror para os ímpios tão grande que não pode haver nenhum tipo de benefício, sem dúvida nenhuma bênção, a partir de tal visão de Jesus Cristo para os olhos de espíritos perdidos. O apóstolo está falando do olho espiritual aqui. Ele está falando daquela visão mental que Deus oferece àqueles que tiveram seus olhos ungidos com colírio celestial pelo Santo Espírito, para que possam ver.
A fé é muito frequentemente comparada ao sentido da visão.
Não é a visão, em muitos aspectos, o mais nobre de todos os sentidos? Porque ser privado de qualquer um dos nossos sentidos é uma grande perda, mas talvez a maior privação de todas é a perda da visão. Certamente, qualquer que seja o grau de dor que possa acompanhar a perda de qualquer outro sentido, os que perdem a visão perdem a mais nobre das faculdades humanas.
   A visão é maravilhosamente rápida. Você está em uma montanha e pode ver 50 ou 100 quilômetros pela simples abertura dos olhos.
   Irmãos, não sabemos onde o Céu pode estar, mas a fé leva-nos lá na contemplação em um único momento. Nós não podemos dizer quando o Senhor virá - pode não ser por ainda, mas a fé cobre a distância em um momento e vê Ele vindo sobre as nuvens do Céu, e ouve o som da trombeta da ressurreição! Seria muito difícil, na verdade, seria impossível para nós viajarmos em qualquer outro carro do que o da fé, pois é a fé que nos ajuda a ver a criação do mundo quando as estrelas da manhã cantavam juntas e os filhos de Deus bradavam de alegria!
   A fé nos permite caminhar no jardim com os nossos primeiros pais e presenciar a cena quando Deus prometeu que a semente da mulher deve esmagar a cabeça da serpente. A fé nos faz familiarizados com os Patriarcas e nos permite ver os problemas e provações dos reis. A fé nos leva para o cume do Calvário e nós podemos ver o nosso Salvador tão claramente como fez Sua mãe quando ela estava tristemente ao pé da cruz. Nós hoje podemos voar de volta para o dia da solenidade de Pentecostes e sentir como se pudéssemos ouvir o vento impetuoso, e ver as línguas como de fogo repartidas sobre os discípulos.
   E, o melhor de tudo, em um momento a fé pode livrar um pecador de um estado de morte para um estado de vida; pode levantá-lo da condenação em salvação, pode removê-lo da terra da sombra da morte, e dar-lhe o óleo da alegria no lugar do luto, e as vestes de louvor em vez de espírito angustiado! Oh pecador, você pode obter a Cristo num momento de tempo! Logo que seu coração tem confiado em Jesus, você está com Ele - unido a Ele! Você não precisa dizer: "Onde Ele está?" Ele está perto de você, tão perto que o ato de fé o remete ao mesmo tempo ao Seu seio, você mergulha em Seu sangue, veste-se com Sua justiça, é adotado na família de Deus e faz com que você seja co-herdeiro com Jesus Cristo - co-herdeiro com Ele em todas as coisas!
Vejo, então, por que a fé é como a visão, por causa da rapidez das suas operações.
Mas a fé faz mais do que os olhos não podem fazer - ela vê o Infinito! Ela vê o invisível! Ela olha para o que os olhos não viram, para o que o ouvido não ouviu. Ela vê mesmo o próprio Deus, porque embora a minha concepção finita não possa compreender Deus completamente, todavia a minha fé, pode se apossar de toda a plenitude de Deus e crer naquilo que eu não sei, e aceitar o que não posso compreender.
   Ora, a fé tem esse poder de certificação em um grau muito mais elevado, porque a fé dos eleitos é infalível. A fé do povo de Deus não vai acreditar em uma mentira. Está escrito que "se fosse possível até os eleitos seriam enganados", mas não é possível. Onde fé leva a Palavra de Deus como seu fundamento, e repousa sobre ela, a mesma se torna uma faculdade infalível, e nós podemos depender daquilo que ela nos revela. É uma coisa gloriosa ter certezas, tais como a existência de Deus, e a Aliança Eterna, e a abençoada certeza quanto à Expiação eficaz que removeu o pecado do povo do Senhor, e a certeza do gozo da Presença do Espírito Santo em Seu poder que habita dentro de nossa alma.
   (Por ver a Cristo pela fé podemos entender, conforme estas reflexões nos indicam, uma grande gama de realidades espirituais que estão a Ele associadas, e não somente a contemplação exterior da Sua pessoa divina – nota do tradutor.)
    Agora, muitos de vocês já ouviram falar sobre a ira de Deus, mas tudo tem sido esquecido. Você já ouviu falar sobre o julgamento e a ira de Deus que vêm depois. Você já ouviu falar da Expiação, e do poder de Jesus para aniquilar o pecado. Mas vocês não tiveram o efeito produzido sobre suas mentes, porque, como o Apóstolo diz, "Não foi misturado com a fé que o ouviram." Mas se você tivesse tido a presença da fé no que era proclamado, e tivesse confiado na verdade de Deus, que foi apresentada como razão da sua salvação, você teria sido movido, e vivificado, e seria levado a odiar o pecado e a voar para Jesus! Deus conceda-nos, então, que possamos ter mais e mais fé.
   A Palavra afirma que quando Jesus se manifestar seremos semelhantes a Ele, porque O veremos como Ele é.
   Nosso texto diz: "Nós vemos Jesus." O vemos agora e para sempre. Este é o hábito comum dos cristãos! É o elemento da sua vida espiritual. É a sua ocupação mais agradável. É sua constante prática. "Nós vemos Jesus." Queridos irmãos e irmãs, eu temo que algum de nós esqueça isso.
Nós vemos Jesus Cristo como nosso Salvador, ainda que sendo pecadores.

   Nós nunca estaríamos sozinhos se pudéssemos ver Jesus, ou pelo menos, se ficássemos, seria uma solidão abençoada! Nós nunca nos sentiríamos solitários se pudéssemos ver Jesus.







4 - A manhã em que eu ouvi a voz de Deus

John Piper

"Enquanto eu orava e meditava, de repente aconteceu. Deus disse, "Venha e veja o que eu fiz." Não havia a menor dúvida em minha mente de que estas eram mesmo palavras de Deus."
Deixem-me falar-lhes sobre uma experiência das mais maravilhosas que eu tive na manhã de segunda-feira, 19 de março de 2007, pouco depois das seis da manhã. Deus falou de verdade comigo. Não há nenhuma dúvida de que era Deus. Eu ouvi as palavras em minha cabeça com a mesma clareza com que a memória de uma conversa passa pela consciência. As palavras eram em inglês, mas elas tinham sobre si uma absoluta auto-autenticação da verdade. Eu estou certo sem a menor sombra de dúvida de que Deus ainda fala hoje.
Eu não conseguia dormir por alguma razão. Eu estava em Shalom House no norte de Minnesota em um retiro de casais. Eram aproximadamente cinco e trinta da manhã. Fiquei lá deitado decidindo se eu deveria me levantar ou esperar até que pegasse no sono novamente. Por Sua misericórdia, Deus me tirou da cama. Estava ainda muito escuro, mas eu consegui achar minha roupa, vesti-me, peguei minha pasta, e saí suavemente do quarto sem acordar Nöel [esposa de John Piper – N.T.]. Na sala principal lá embaixo, estava tudo absolutamente tranqüilo. Ninguém mais parecia estar acordado. Assim eu me sentei em um sofá num canto para orar.
Enquanto eu orava e meditava, de repente aconteceu. Deus disse, "Venha e veja o que eu fiz." Não havia a menor dúvida em minha mente de que estas eram mesmo palavras de Deus. Naquele mesmo instante. Naquele mesmo lugar no século vinte e um, no ano 2007, Deus estava falando comigo com autoridade absoluta e realidade auto-evidenciada. Eu parei para tentar entender a dimensão do que estava acontecendo. Havia uma doçura naquilo tudo. O tempo parecia ter pouca importância. Deus estava próximo. Ele estava me vendo. Ele tinha algo a dizer para mim. Quando Deus se aproxima, a pressa deixa de existir. O tempo pára.
Eu queria saber o que ele quis dizer com "Venha e veja". Ele me levaria a algum lugar, como fez com Paulo levando-o ao céu para ver aquilo que não pode ser descrito? Será que “ver” significava que eu teria uma visão de alguma grande obra de Deus que ninguém jamais havia visto? Não estou certo de quanto tempo decorreu entre a palavra inicial de Deus, "Venha e veja o que eu fiz", e as palavras seguintes. Não importa. Eu estava sendo envolvido no amor da comunicação pessoal com Ele. O Deus do universo estava falando comigo.
Então ele disse, tão claramente quanto qualquer palavra que alguma vez tenha entrado em minha mente: "Fiz coisas tremendas para com os filhos dos homens!". Meu coração acelerou, "Sim, Senhor! Tu és tremendo em todas as tuas obras. Sim, para com todos os homens quer eles percebam isto ou não. Sim! E agora? O que mais me mostrarás?"
As palavras vieram novamente. Tão claramente quanto antes, mas cada vez mais específicas: "Converti o mar em terra seca; atravessaram o rio a pé; ali, eles se alegraram em Mim”. De repente percebi que Deus estava me levando de volta milhares de anos no tempo, até a época em que ele secou o Mar Vermelho e o Rio Jordão. Eu estava sendo transportado na história, pela palavra dEle, até essas grandes obras. Era isso que Ele queria dizer quando disse "Venha e veja". Ele estava me conduzindo ao passado pelas Suas palavras até essas duas gloriosas obras que ele fez diante de crianças e homens. Estas eram as "coisas tremendas" a que Ele havia se referido. O próprio Deus estava narrando as poderosas obras de Deus. Ele estava fazendo isso para mim. Ele fazia isto com palavras que estavam ressoando em minha própria mente.
Então me cobriu uma maravilhosa reverência. Uma palpável paz desceu sobre mim. Este era um momento santo e um lugar santo do mundo ali no norte de Minnesota. O Deus Todo-Poderoso tinha descido e estava me dando a quietude, a abertura e a disposição de ouvir a Sua voz. Enquanto eu me maravilhava do Seu poder para secar o mar e o rio, ele falou novamente: "Os meus olhos vigiam as nações, não se exaltem os rebeldes."
Isso era empolgante. Era muito sério. Era quase uma repreensão. No mínimo uma advertência. Ele poderia da mesma forma ter me arrastado pelo colarinho, me erguido do chão com uma mão, e ter dito, com uma mistura incomparável de ferocidade e amor, "Nunca, nunca, nunca te exaltes a ti mesmo. Nunca te rebeles contra mim."
Eu sentei, olhando para o vazio. Minha mente estava cheia da glória universal de Deus. "Meus olhos vigiam as nações." Ele tinha dito isto para mim. Não era só que ele tinha dito. Sim, isso já seria glorioso. Mas ele tinha dito isto para mim. As próprias palavras de Deus estavam em minha cabeça. Elas estavam lá em minha cabeça da mesma maneira que as palavras que eu estou escrevendo neste momento estão na minha cabeça. Elas foram ouvidas tão claramente quanto se neste momento eu recordasse que minha esposa havia dito, "Desça para jantar assim que estiver pronto." Eu sei que aquelas são palavras da minha esposa. E eu sei que estas são palavras de Deus.
"O Deus Todo-Poderoso tinha descido e estava me dando a quietude, a abertura e a disposição de ouvir a Sua voz."
Pense nisso. Maravilhe-se com isso. Trema diante disso. O Deus cujos olhos vigiam as nações, como algumas pessoas vigiam o gado ou o mercados de ações ou locais de construção - esse Deus ainda fala no século vinte e um. Eu ouvi as próprias palavras dEle. Ele falou pessoalmente comigo.
Que efeito teve isso sobre mim? Encheu-me de um senso renovado da realidade de Deus. Assegurou-me mais profundamente de que ele age na história e no nosso tempo. Fortaleceu minha fé de que ele é por mim e cuida de mim e usará o seu poder universal para tomar conta de mim. Por que mais ele viria e me contaria essas coisas?
Aumentou meu amor pela Bíblia como a verdadeira palavra de Deus, porque foi pela Bíblia que eu ouvi estas palavras divinas, e através da Bíblia eu tenho experiências como estas quase diariamente. O próprio Deus do universo fala em cada página à minha mente – e à sua mente também. Nós ouvimos as Suas próprias palavras. Deus mesmo multiplicou as Suas obras e Seus pensamentos maravilhosos para nós; ninguém pode se comparar a ele! Eu quisera anunciá-los e deles falar, mas são mais do que se pode contar. (Salmo 40:5).
E, melhor de tudo, eles estão disponíveis a todos. Se você quiser ouvir as mesmas palavras que eu ouvi no sofá no norte de Minnesota, leia o Salmo 66:5-7. Foi ali que eu as ouvi. Quão preciosa é a Bíblia. É a própria palavra de Deus. Nela Deus fala em pleno século vinte e um. Ela é a própria voz de Deus. Por esta voz, Ele fala com verdade absoluta e força pessoal. Por esta voz, Ele revela a Sua transcendente beleza. Por esta voz, Ele revela os segredos mais profundos de nossos corações. Nenhuma voz pode em qualquer lugar e a qualquer tempo ir tão fundo ou erguer-se tão alto ou levar tão longe quanto a voz de Deus que nós ouvimos na Bíblia.
É uma grande maravilha que Deus ainda fale hoje através da Bíblia com maior força, maior glória, maior certeza, maior doçura, maior esperança, maior orientação, maior poder transformador e maior verdade cristocêntrica do que pode ser ouvida de qualquer voz em qualquer alma humana no planeta fora da Bíblia.
É por isso que fiquei triste com o artigo “My Conversation with God” (“Minha Conversa com Deus” – N.T.) na Christianity Today (Cristianismo Hoje – N.T.) deste mês. Escrito por um professor anônimo de uma "conhecida Universidade Cristã", conta a sua experiência de ouvir Deus. O que Deus disse era que ele deveria dar todos os royalties de um novo livro para pagar os estudos de um estudante necessitado. O que me deixa triste sobre o artigo não é que não é verdade ou que não aconteceu. O que me entristece é que realmente dá a impressão de que a comunicação extra-bíblica com Deus é infinitamente maravilhosa e fortalecedora da fé. O tempo todo, a supremamente gloriosa comunicação do Deus vivo que pessoalmente e poderosamente e transformadoramente explode todos os dias no coração receptivo através da Bíblia é ignorada em absoluto silêncio.
Tenho certeza que esse professor de teologia não quis dizer isso deste modo, mas o que ele disse de fato foi: "Durante anos ensinei que Deus ainda fala hoje, mas não pude testemunhar isso pessoalmente. Eu só posso fazer isso agora de forma anônima, por razões que eu espero fiquem claras" (ênfase acrescentada por Piper). Certamente ele não quer dizer o que ele parece inferir – que somente quando a pessoa ouve uma voz extra-bíblica como, "O dinheiro não é seu", você pode testemunhar pessoalmente que Deus ainda fala. Seguramente ele não pretende depreciar a voz de Deus na Bíblia que fala neste mesmo dia com poder, verdade, sabedoria, glória, alegria, esperança, maravilha e utilidade, dez mil vezes mais decisivamente que qualquer coisa que possamos ouvir fora da Bíblia.
Eu me aflijo com o que está sendo comunicado aqui. A grande necessidade de nosso tempo é que as pessoas experimentem a realidade viva de Deus ouvindo a Sua Palavra pessoalmente e de forma transformadora nas Escrituras. Algo está inacreditavelmente errado quando as palavras que nós ouvimos fora da Bíblia são mais poderosas e mais influentes para nós do que a Palavra inspirada de Deus. Clamemos com o salmista: "Inclina-me o coração aos teus testemunhos (Salmo 119:36)". "Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei (Salmo 119:18)". Que sejam iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e conheçais o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus (Efésios 1:18; 3:19). Ó Deus, não nos deixes sermos tão surdos à tua Palavra e tão indiferentes à Sua inefável excelência evidencial a ponto de celebramos coisas menores como mais emocionantes, e até mesmo considerarmos esse maravilhar-se completamente fora de lugar merecedor de ser impresso em uma revista de circulação nacional.
Ainda ouvindo a Sua voz na Bíblia,
Pastor John







5 - Porque Deus Não Aparece de Modo Visível

A fé não é cega, mas se apóia de fato no que é invisível.
Não nas coisas que se veem, porque não tem sua fonte na matéria, mas no espírito.
Deus é espírito.
É isto o que explica o fato de não buscar gerar ou aumentar a nossa fé por meio de aparições visíveis.
A infeliz premissa passageira de Tomé, que pensava que por ver ao Cristo ressuscitado então creria na palavra que ele havia proferido quanto à sua ressurreição, foi prontamente repreendida pelo Senhor da vida, que lhe disse que a bem-aventurança não consiste em ver para crer, mas crer sem ver.
Não por motivo de cegueira como já dissemos antes, mas porque a fé é um dom que nos leva ao conhecimento do que é espiritual e divino, em todas as suas virtudes invisíveis, como as do amor, da longanimidade, da fidelidade, da bondade, e de tudo o mais que há na pessoa de Jesus Cristo.
Então, o argumento de que se Deus existisse ele deveria aparecer visivelmente para que nele crêssemos, não se sustenta, porque o próprio Jesus viveu em seu ministério aqui na Terra, e quantos nele creram e o seguiram por vê-lo em carne e osso?
Todavia, contingentes de milhões de cristãos se espalham pelo mundo inteiro desde que Ele ressuscitou, subiu aos céus, e nos enviou o Espírito Santo, para que não mais o conhecêssemos segundo a carne, mas segundo o espírito, que é o único modo viável para o conhecimento verdadeiro de Deus.
Ele não está portanto ausente ou indiferente ao que se passa conosco aqui embaixo por não atuar de modo visível.
Habita conosco em espírito e nos transforma e conduz ao conhecimento da Sua vontade, e por esse meio dá testemunho da verdade de que o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno e infinito.







6 - VISÃO ESPIRITUAL 

Por T. Austin Sparks

Nm 22:31; 24:3-4; Mc 10.46, 51-52; 8.23-25; Jo 9.1-25; Ef 1.17,18; Apo 3.17, 18; At 26.18.

O mundo atual está repleto da doença da cegueira espiritual. As massas são cegas; não há nenhuma dúvida sobre isso. Os líderes são líderes cegos de cegos. Mas numa medida muito grande, o mesmo é verdade quanto ao povo do Senhor. De um modo geral os cristãos de hoje são muito cegos (Apo 3.17, 18).
Há muitos que são cegos como o de nascença que Jesus curou (Jo 9.1). Outros são como o cego que depois de curado ainda via os homens como árvores (Mc 8.23,24), e que necessitam ainda de um trabalho adicional da graça em suas vidas para que possam ver as coisas espirituais.
E há aqueles que têm uma verdadeira e clara visão da vontade de Deus, mas que continuam buscando um trabalho mais pleno do Espírito Santo.
“17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele;
18 sendo iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos,”  (Ef 1.17.18).
Era por cristãos assim que Paulo estava orando. Eles já possuíam uma visão do reino de Deus, mas deveriam se aprofundar no conhecimento das riquezas da glória, pela iluminação dos olhos do seu espírito pelo Espírito Santo.  
E há aqueles que perderam a visão espiritual que possuíam como está tipificado nos cristãos de Laodiceia. O pior é que eles pensam que vêem, e nisto consiste a ruína deles, porque se admitissem que são cegos poderiam ser curados pelo Senhor, mas o orgulho espiritual da grande maioria deles lhes impede de enxergarem esta verdade relativa à sua cegueira.
No entanto não paramos por aí porque ainda há aqueles que podem ser encaixados no exemplo de Balaão cujos olhos foram  abertos por Deus para poderem receber visões das coisas celestiais, mas que permanecem endurecidos em suas cobiças e  permanecem portanto vencidos pelo pecado.
Eles vêem as operações poderosas do Espírito, mas não se convertem ao Senhor por causa da dureza de seus corações.
Outros são cegos como era Paulo, por causa do seu zelo religioso e das tradições que receberam para guardar. Enquanto não forem quebrados pelo Senhor e serem convencidos da cegueira deles tal como Jesus fizera com Paulo, eles não poderão enxergar as coisas  do Espírito.
Nosso zelo pode ser uma coisa ofuscante em si mesma, nossa devoção pela tradição pode ser a nossa cegueira.
Há muitos que tal como Paulo precisam ter os olhos naturais cegados para que possam ver com os olhos espirituais. Não dizemos que devem ser cegados literalmente, mas que enquanto estiverem avaliando as coisas relativas a Deus e ao Seu reino com os olhos naturais, que estão encobertos religiosamente, eles não podem ter os olhos espirituais de seus corações abertos para que possam ver.
Aqueles que vêm com sentidos naturais, faculdades naturais do intelecto e da razão, não podem ser instruídos espiritualmente.
Por isso os olhos naturais de Paulo foram cegados pelo Senhor para que ele pudesse enxergar espiritualmente.
Então aquele que teve seus olhos abertos pôde ser enviado para ser instrumento do Senhor para que os olhos de muitos fossem também abertos, saindo do estado de trevas espirituais, para a luz de Deus:
“para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que recebam remissão de pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé em mim.”  (At 26.18).
Quando os olhos espirituais são abertos isto significa sempre a realização de um grande milagre, porque os homens são espiritualmente cegos.
 Felizes são aqueles que podem ver o Reino de Deus por terem nascido de novo do Espírito.
Há muitas congregações com seus ministros que não podem cumprir o mesmo ministério de Paulo, porque os próprios ministros não tiveram seus olhos abertos por Deus, e assim são guias cegos de cegos. Estes cristãos que estão debaixo do ministério deles são cristãos nominais apesar de frequentarem assiduamente as programações da Igreja, mas não nascem de novo porque não viram a luz de Jesus na vida daqueles aos quais entregaram a condução de suas vidas. Caíram no abismo tanto o que conduz, quanto os que são conduzidos, porque são cegos.
Jesus veio como luz ao mundo para que os homens pudessem enxergar as coisas espirituais relativas ao reino de Deus (Jo 9.5; 12.46). Aqueles que não recebem desta luz de Jesus permanecem em trevas espirituais, e por conseguinte cegos, espiritualmente falando.
Por isso a vida espiritual começa somente onde a cegueira é curada por Cristo.
Então é vão pregar e pedir aos cegos que vejam caso o Espírito Santo não esteja operando neles o milagre necessário para que vejam.
Se este milagre não for operado a pregação será vã.
Então tanto os que pregam quanto os que ouvem devem pedir ao Espírito que opere o milagre para que vejam.
Este trabalho para que possamos ver é um trabalho do céu. E não é feito completamente de uma vez por todas. Por isso Jesus não curou totalmente o cego que via os homens andando como árvores logo na primeira ministração que fez sobre ele, para nos servir de ilustração que necessitamos de renovadas operações da graça para que possamos enxergar ainda mais o mundo espiritual no qual devemos nos mover para fazer a obra de Deus.
Então é necessário ser diligente para permanecer na presença do Senhor para que não venhamos a perder a visão espiritual tal como sucedeu com a igreja de Laodiceia.
Laodicense é todo aquele que é religioso mas que não permanece de fato na presença de Deus, e não é governado pelo Seu Espírito.
A perda da visão espiritual sempre conduz a este estado, que é de mornidão e que torna o cristão a estar sujeito a ser vomitado  pelo Senhor, isto é, ser expulso da comunhão com Ele.
 A pessoa que perde a visão espiritual perde também a sua posição no lugar onde deveria se encontrar diante de Deus. Fica imprestável para Ele no uso para o ministério.
Perder a visão espiritual significa perder a característica sobrenatural da vida espiritual. Quando isso ocorre, por mais religioso que você possa ser, o Senhor tem somente uma palavra para lhe dizer: compre colírio em minha mão para que veja. O cristianismo tem se tornado uma mera tradição em muitas partes do mundo. As verdades nuas e cruas conforme estão reveladas no evangelho não são apresentadas como deveriam ser, e sendo ofuscadas por uma pregação sem vigor e genérica, onde o que tem prevalecido é o estilo do pregador e não a antiga e boa mensagem que fere consciências e corações, a verdadeira luz fica ofuscada e não brilha, e assim as pessoas permanecem cegas porque estão em trevas espirituais onde não há nenhuma verdadeira luz brilhando.
E uma forma de sabermos se nossos olhos espirituais foram de fato curados pelo Espírito, é a oposição automática que passamos a receber imediatamente do inferno, como se deu com a cura do cego de nascença, que teve que enfrentar os sacerdotes e fariseus para sustentar o seu testemunho de fé, tendo sido expulso da sinagoga. Isto ocorre porque os que passam a enxergar é porque foram tirados de debaixo do poder do reino das trevas sobre o qual Satanás governa. E ele sempre se oporá a estas perdas que lhe são impostas pelo poder do Senhor.
Mas a vida ressurrecta de Jesus pôde ser vista na vida daquele cego desde que foi curado porque afirmava com ousadia que uma coisa ele sabia, que era cego, mas que agora via. E quão grande coisa é podermos afirmar que podemos ver o reino de Deus.
Quando isto acontece, sabemos que temos recebido a vida do Senhor, a vida abundante do céu.
Por isso vida e luz sempre caminham junto na Palavra de Deus. Jesus mesmo afirma ser a luz da vida, porque é somente pela sua luz que podemos ter vida espiritual.
E assim como o sol nasce a cada manhã até que haja a forte luz do meio-dia, também nossas vidas devem experimentar renovadas iluminações do Espírito, fazendo com que a luz que somos no Senhor aumente cada vez mais até que seja dia perfeito.
Quanto maior é o crescimento da medida desta luz, temos a sensação de que pouco enxergávamos dantes.
A menos que o Senhor se revele a nós, a menos que faça uma coisa nova, tudo é como nada. Assim que Ele nos conduza a um lugar escuro, a um tempo escuro, nós sentimos o poder que perdemos, e somos convencidos que não era proveniente de nós mesmos.  
Deus usa normalmente este processo para nos mudar e fazer avançar na busca de maior luz.
Isto nos é ensinado na criação natural, onde as trevas da noite são dissipadas pela luz do sol que se renova a cada manhã.
O cristão, de igual modo, deve experimentar em sua vida este amanhecer diário do sol de vida e justiça que é Jesus.
Se nos fosse permitido ficarmos satisfeitos em qualquer fase do nosso crescimento espiritual, este ficaria detido. Então, para nos fazer avançar Deus provoca aquelas experiências nas quais onde é absolutamente necessário vermos o Senhor, e conhecê-lO mais profunda e intimamente.
É necessário portanto esta série de crises de ver e ver novamente, com Deus abrindo nossos olhos, para que possamos dizer que enxergamos mais agora do que dantes.
É isto que nos traz a autoridade de Deus para cumprirmos o nosso ministério. Sem visão não pode haver nenhuma obra. Todo aquele que pretende se engajar no serviço do Senhor tem que ter os seus olhos abertos e ser obediente à visão celestial que lhe é dada pelo Espírito.  
Portanto não é o nosso estudo, nossa aprendizagem, nosso conhecimento de livros que traz esta autoridade espiritual, mas o espírito de sabedoria e de revelação do conhecimento do próprio Senhor, estando os nossos corações iluminados para ver o reino de Deus.
Onde a voz de autoridade se encontra hoje? Onde estão aqueles que realmente estão falando com autoridade? A voz de autoridade espiritual que sempre vem com a nota profética: “Assim diz o Senhor!”.
O mundo esta sedento de ouvir esta autoridade do céu, mas ela só pode ser encontrada naqueles que estão vendo.
Jesus falou com uma autoridade (Mt 7.29) que não era conhecida pelos escribas e fariseus, apesar de serem as autoridades religiosas de Israel. Os escribas e fariseus falavam sobre as coisas que eles haviam lido, mas Jesus falava das coisas do céu que Lhe eram mostradas pelo Espírito. Os escribas e fariseus falavam do que haviam lido, mas Jesus falava do que Ele viu junto ao Pai.
Ninguém tem a real visão espiritual por natureza. É algo que vem do céu. Então, perder a visão espiritual é perder o elemento miraculoso da vida cristã, e era este o problema com Laodiceia.
A questão da nossa salvação não depende apenas de vermos que somos pecadores, mas sobretudo de ver Jesus.
“Porque Deus, que disse: Das trevas brilhará a luz, é quem brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.”  (II Cor 4.6).
É neste fundamento que a nossa vida cristã deve ser construída, e não naquilo que lemos, naquilo que nos contaram, mas na própria pessoa de Cristo.
Por isso é sempre importante vermos sobre que fundamento estamos construindo.
Assim crescimento espiritual não consiste em saber muitas coisas relativas à verdade, mas ter visão espiritual cada vez maior. É esta visão que governa o crescimento espiritual.
Crescimento é aumento da conformidade à imagem do Filho de Deus. Esse é o fim para o qual nós devemos progressiva e continuamente nos mover. Crescimento até a plena maturidade espiritual, e por isso Paulo nos diz:
“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.”  (II Cor 3.18).
Agora, isto não é feito sem o ministério do Espírito Santo, porque estas palavras de Paulo foram proferidas no contesto da Nova Aliança, do ministério da justiça e do espírito que são para a vida, e não para morte, conforme o ministério da letra, da condenação.
Então não somos chamados a fazer do estudo bíblico um fim em si mesmo, mas estudar a Bíblia para conhecermos a verdade relativa às operações do Espírito Santo, por meio de Cristo, para que nos apropriemos delas e vivamos por elas.
Jesus disse que o Espírito Santo receberia o que era dEle e lho revelaria a nós (Jo 16.13-14). Então tudo na Igreja dever ser fruto do trabalho do Espírito.
Assim todo ministério verdadeiro é uma questão de utilidade espiritual, e toda pessoa que é espiritualmente útil é ministro de Cristo.
E ser espiritualmente útil é uma questão de ver.
Entretanto, muitos poderão não estar vendo aquilo que nós vemos e estamos distribuindo a eles. Mas aqueles que estiverem sem preconceitos, e realmente abertos ao Senhor, Ele lhes permitirá que também vejam o que Deus revelou a nós.  
Ministério é algo para ser dado e ser recebido, e é todo um assunto do divino trabalho da graça de abrir os olhos.
Nunca é muito tarde para adquirir visão espiritual, porém nós podemos permanecer cegos por longo tempo, se nós realmente não buscarmos ter comunhão com Deus, por sermos vencidos por nossas ideias pré-concebidas acerca da Sua Pessoa e modo de agir. Nossos preconceitos são uma grande área de perigo para que possamos ter nossos olhos espirituais abertos, porque nos levarão para longe do Senhor e a rejeitar a verdade e a Sua poderosa operação em nossa vida. Natanael esteve nesta área perigosa pela falsa ideia preconceituosa de que o Messias não poderia vir da Galileia, mas escapou porque não permaneceu arraigado ao seu preconceito, e consentiu seguir a Felipe para estar pessoalmente com o Senhor.
Se você tem sido preconceituoso em relação às coisas de Deus, abandone seus preconceitos para que possa ver. Seja um verdadeiro israelita no qual não há dolo e que permite ser convencido pelo próprio Senhor, e não por suas convicções pessoais.
Quando temos nossos olhos abertos nós podemos entender a quem o Senhor busca e qual é o Seu método. Ele sempre emprega o método de trabalhar com um remanescente fiel porque sabe que a grande maioria das pessoas, mesmo entre o Seu povo não se conformará aos Seus pensamentos. Assim, Ele busca aqueles que pretendam satisfazer ao Seu coração. Ele conhece perfeitamente os corações dos homens e sabe que não abrem seus ouvidos e olhos porque se mantêm aferrados a seus egos.
Mas o remanescente fiel lhe responderá segundo a Sua vontade e terá prazer em seu auto-negar para que possa ter um conhecimento mais profundo da Sua vontade.
Deus busca portanto um povo dentro do Seu povo que Lhe satisfaça os desígnios.
Então uma pequena presunção, ou amor ao ego, ao mundo, ou estar satisfeito e acomodado à nossa condição presente, nos desqualificará a estarmos incluídos neste remanescente fiel com o qual o Senhor sempre trabalha, manifestando-lhe a Sua glória em sucessivas aberturas de seus olhos espirituais para que vejam Suas maravilhas, e ser o instrumento que cumprirá os Seus propósitos.
O rei Uzias se intrometeu nos serviços de Deus que lhe não diziam respeito, e mesmo depois de tê-lO servido fielmente por vários anos foi castigado com lepra até ao dia da sua morte.  Isto significa que agir pelo impulso do nosso ego no serviço da casa do Senhor, nos assuntos para os quais Ele não nos comissionou é uma abominação para Deus.
A falta da devida visão espiritual que nos traga o santo temor que nos seja necessário nos expõe a muitos perigos de sermos achados como leprosos na Sua presença, isto é, abomináveis aos Seus olhos.
A graça que começou o seu trabalho em nós para que pudéssemos ver as coisas de Deus deve continuar fazendo o seu trabalho. Não podemos começar com a graça e terminar com o ego.
Foi para o louvor da glória da Sua graça que Ele nos adotou como Seus filhos por meio da fé em Cristo.
Então é algo muito perigoso começarmos a agir por nossa própria habilidade, inteligência, por algo em nós mesmos, quando começamos a falar de nossas bênçãos, de nossos sucessos. Isto tudo é como lepra aos olhos do Senhor.
Tudo isto é fruto de orgulho espiritual, e nós sabemos o quanto Deus resiste aos orgulhosos, e que concede Sua graça somente aos que se humilham.
É possível chegar a ocupar posições de grande eminência e autoridade neste mundo, mas é preciso ter sempre os olhos abertos para enxergar que tudo procede da graça de Deus, para que não sejamos achados leprosos tal como o rei Uzias de Israel, por permitirmos que o nosso coração seja elevado pelo orgulho e sejamos achados fazendo coisas além do limite que Deus nos demarcou, por falta de humildade.
Ver o Senhor é ver sobretudo Sua santidade, e quando nós vemos a santidade nós vemos lepra onde nunca suspeitávamos que ela existisse, até em nós mesmos.
Quando vemos o Senhor, nós vemos o verdadeiro estado das coisas em nós mesmos e naqueles ao nosso redor.
Isaías já era profeta do Senhor quando teve uma melhor visão do estado do povo de Deus e do seu próprio estado:
“1 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas do seu manto enchiam o templo.
2 Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava.
3 E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória.
4 E as bases dos limiares moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de fumaça.
5 Então disse eu: Ai de mim! pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!” (Is 6.1-5).
A visão do Senhor sempre revela o nosso real estado espiritual e dos que estão ao nosso redor.
 E nossa primeira reação a tal visão gloriosa é a mesma de Isaías: “Ai de mim! pois estou perdido!”. E Satanás pode intervir e reforçar que somos realmente dignos de morte pela nossa condição pecaminosa perante Ele.
Mas se vemos o Senhor Ele provê os meios necessários pelo Seu Espírito para que sejamos purificados, santificados, de maneira que não apenas estejamos de pé em Sua presença, como também para que nos tornemos os instrumentos úteis que Ele procura para serem usados a Seu serviço.
Uzias foi ferido de lepra porque ficou cego pelo orgulho e entrou sem nenhum temor no Lugar Santo do templo cujo acesso era facultado somente aos sacerdotes. Ele não viu a santidade do Senhor e por isso agiu imprudentemente e foi ferido de lepra por Deus.
“18 e se opuseram ao rei Uzias, dizendo-lhe: A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o Senhor, mas aos sacerdotes, filhos de Arão, que foram consagrados para queimarem incenso. Sai do santuário, pois cometeste uma transgressão; e não será isto para honra tua da parte do Senhor Deus. 19 Então Uzias se indignou; e tinha na mão um incensário para queimar incenso. Indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, nasceu-lhe a lepra na testa, perante os sacerdotes, na casa de Senhor, junto ao altar do incenso.”  (II Crôn 26.18,19).
É interessante observar que Isaías teve a visão da glória do Senhor exatamente no ano em que havia morrido Uzias. Ele tinha bem vivo na sua memória que o rei havia morrido de lepra por ter ofendido a santidade do Senhor. Agora Isaías viu tal santidade e pôde sentir-se um leproso tal como Uzias, e reconheceu que todos somos como leprosos à vista da Sua infinita santidade, e dependemos inteiramente da Sua graça e misericórdia para que possamos ser purificados pelo fogo do Espírito.
Os que servem ao Senhor devem estar santificados pelo Espírito. Somente estes que vêm continuamente a face do Senhor terão suas orações e ministérios aceitos por Ele.
Deus conhece os corações de todas as pessoas e sabe muito bem que a grande maioria deles não deseja ver na realidade. Se eles desejassem ver seriam conduzidos ter atitudes totalmente diferentes. Eles seriam livrados de todos os preconceitos, todas as suspeitas, todas as críticas, e mostrariam sinais de sua fome e sede da justiça evangélica.
Por isso um ministério de revelação apesar de ser verdadeiramente abençoador para abrir os olhos de alguns, faz com que muitas pessoas se tornem mais endurecidas, porque elas resistirão tenazmente à luz que brilhará sobre elas revelando a real condição pecaminosa de seus corações, e elas não pretenderão ficar assim expostas pela luz.
Então aqueles que têm um tal ministério nunca estarão muito confortáveis, porque sofrerão oposição da parte de muitos. É necessário que tais ministros estejam crucificados para que não tenham nenhum interesse pessoal ou preocupação com a avaliação que as pessoas farão deles.
Quem busca sucesso, popularidade está desqualificado para um ministério como o de um Isaías; porque ver a santidade do Senhor não nos dará nenhuma outra alternativa senão a de nos santificarmos e exortar as pessoas a também se santificarem, porque esta é a vontade de Deus para todo o Seu povo.
O preço da visão é que você caminhará agora com poucos em seu ministério.
E é necessário crucificarmos aquilo que estava em Uzias, a saber, uma cobiça por posição. Não satisfeito com a realeza ele quis também ter o sacerdócio.
Nós sofremos então por causa da nossa revelação, da nossa visão, pelo fato de vermos. Nós temos que pagar um preço por isto, porque o Senhor nos quebrará para que não venhamos a agir pela energia do ego, senão pelo poder do Seu Espírito, para que sejamos achados dignos de estar de pé na Sua presença.
Além disso, toda luz nova que nos venha da parte de Deus traz consigo um novo desafio prático, tal com  Pedro que foi enviado à casa de Cornélio, depois da visão do lençol que descia do céu, como também com  Filipe que foi enviado ao eunuco etíope depois de ter visto um anjo do Senhor.
As visões que recebemos serão usadas para serviço. E o próprio Senhor nos conduzirá em tudo o que devemos fazer.
Os olhos do etíope foram abertos para ver o reino de Deus através da luz que havia em Filipe.
O Espírito Santo batizou aos da casa de Cornélio pela luz da revelação que havia em Pedro.
Pedro e Filipe estavam disponíveis completamente para o Senhor. O Espírito Santo sabia até que ponto seus corações estavam comprometidos com a vontade de Deus, e sabia portanto em quão grandes distâncias poderia  caminhar com eles.
Do mesmo modo, Ele não aciona a muitos de Seus filhos  porque conhece previamente qual é a disposição interior de seus corações quanto ao assunto da consagração. Eles não podem nadar em águas profundas porque se afogarão. Não têm visto o Senhor e assim não são fortalecidos com graça para suportar as pressões do ministério, e da constância que é exigida no compromisso com Deus.
Deus nunca nos coagirá porque todo serviço prestado a Ele deve ser voluntário. Se nós estivermos sempre ocupados com nossos próprios interesses, girando ao redor de nós mesmos, centrados em nós mesmos, então o Espírito Santo não tem nenhuma chance de nos usar e nos fazer enxergar as coisas espirituais.
Por isso o ego deve ser quebrado pela cruz antes que possamos caminhar com Deus.
Nossos questionamentos devem cessar, porque Deus nunca explica com antecedência o modo como nos usará continuamente no futuro. Muitas das missões a que somos chamados têm o mesmo caráter da de Filipe quando lhe foi ordenado que descesse no caminho em direção ao deserto, e ele obedeceu ao Senhor sem fazer qualquer pergunta, e somente lá lhe foi revelado pelo Espírito que sua missão era junto ao etíope.
E o Senhor exige uma obediência rápida para que possa continuar agindo através de nós.
Não é sem razão que nos é ordenado que sejamos batizados nas águas quando nos convertemos ao Senhor, porque o batismo representa a verdade que fomos mortos e sepultados. Que a nova vida que temos ao sair das águas deve ser a vida ressurrecta do Senhor. É pelo poder desta ressurreição, desta nova vida, que devemos viver, e não mais pelo ego, pelo velho homem.
Por isso Filipe falou ao eunuco etíope da necessidade de ser batizado.
Tudo da antiga vida deve ser levado à sepultura.
Quando isto acontece nós somos levados a experimentar a liberdade do Espírito Santo (II Cor 3.17). Ele nos livra do véu que nos impedia de ver a glória de Deus. Assim toda escravidão ao que é natural e limitado é removida.
A vontade de Deus é que nós deveríamos morar na luz, que nós deveríamos ver a Sua glória sem que houvesse qualquer véu entre nós e Ele.
Sem santificação ninguém pode ver o Senhor porque Ele é santo.
Por isso somente aqueles que se santificam podem progredir em suas visões espirituais do Filho de Deus. E nisto Satanás se lhes opõe tenazmente porque sabe quão grandes perdas sofrerá quando os cristãos vêem a luz do Senhor.
Assim devemos perseverar em santificação até que venhamos a ver o Senhor face a face na glória, porque assim como Ele é, também seremos nós (I Jo 3.2).  
É de Deus a prerrogativa de conceder ou não luz para que sejamos iluminados pelo Espírito. Ele pode apagar nossas lâmpadas por um tempo para que reconheçamos que é dEle e por Sua iniciativa que recebemos toda a luz que nos é concedida. Que não está em nós mesmos produzir esta luz.
  Mas quando andamos na luz o resultado é que Deus reina em nossos corações, e consequentemente experimentamos alegria, paz, descanso e contentamento, ainda que em meio a tribulações; porque onde a luz habita as trevas são dissipadas e toda  oposição do reino das trevas é vencida.
Por isso necessitamos orar sem cessar para que sejam iluminados os olhos do nosso coração (Ef 1.18) para que possamos ver a profundidade do Senhor e sermos tomados de toda a Sua plenitude.
Quando os demais senhores saírem do comando, o Espírito nos governará porque ninguém pode servir a dois senhores. Podemos estar sob o senhoria de nossas próprias almas, de nossos gostos e preferências, de nossos julgamentos e vontade, de nossas antipatias e tradições, de nossos mestres, e até mesmo de espíritos enganadores e demônios pedagógicos. Devemos renunciar a toda tipo de senhorio diferente do de Cristo para que possamos ter a iluminação e governo do Espírito.
Daí decorre a necessidade de se carregar a cruz e da auto-negação, diariamente.
O Espírito é zeloso, ciumento, e não permitirá que nada em nossa vida ocupe o primeiro lugar que é devido somente a Deus.
Se nós queremos andar na luz, na luz plena da liberdade gloriosa dos filhos de Deus, todos esses outros senhores têm que ser depostos, e somente Cristo tem que ser Senhor de tudo o que temos e que somos.
O Senhor nos concederá mais luz e consequentemente, mais da Sua vida sobrenatural, à mesma medida do avanço do grau de nossa obediência a Ele.
Você tem experimentado alguma nova posição com o Senhor onde o domínio dEle foi estabelecido de alguma maneira nova? Você já chegou ao ponto de ter experiências com Ele de maneira que não esteja apegado a nada mais deste mundo, senão somente a Ele?
Nosso ministério é da mesma natureza do que Jesus deu ao apóstolo Paulo:
“17 livrando-te deste povo e dos gentios, aos quais te envio,
18 para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que recebam remissão de pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé em mim.
19 Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial,” (At 26.17-19).
Tenhamos portanto uma visão recebida de Deus e partamos debaixo do Seu governo para a ação de abrir os olhos dos que se converterão das trevas para a luz de Jesus, e do domínio de Satanás para Deus, a fim de que sejam santificados pela fé no Senhor, e assim recebam remissão de pecados e herança entre os santos.  







7 - Visão e Audição Espiritual

Ao sentido da visão natural corresponde o sentido da visão espiritual, assim como ao da audição natural corresponde o da audição espiritual.
Não que haja propriamente um olho como o físico para enxergar o que é espiritual, ou um ouvido físico para ouvir as mesmas coisas espirituais.
Todavia, sabemos que o olho e o ouvido simplesmente captam os sinais do mundo exterior para que estes sejam interpretados pelo cérebro. É, portanto na mente que ocorre a visão e a audição.
De igual modo, as realidades espirituais são captadas e interpretadas pela nossa mente e pelo nosso espírito, tornando para nós realidades vivas o que ouvimos ou lemos na Palavra de Deus.
Deve ser considerado então, que há um ouvir no ouvir, e um enxergar no ver, pois a fé vem pelo que ouvimos ou lemos do evangelho. Esta capacidade de entender espiritualmente é um dom concedido por Deus, e sem esta operação do Espírito Santo para nos revelar a verdade, nada podemos fazer.
Uma das grandes provas desta comunicação espiritual pode ser vista, no fato de que há pessoas com deficiência auditiva e visual que se convertem a Cristo, e chegam ao conhecimento da verdade.
Nós lemos várias passagens no livro de Atos nas quais o Espírito Santo fala diretamente aos apóstolos, ou através de mensagens transmitidas a eles por anjos ou profetas, também guiados pelo mesmo Espírito. Não é de se supor que o Espírito se comunicasse apenas com eles, e deixasse de fazê-lo com outros ao longo da história da Igreja.
Servimos a um Deus vivo que fala conosco, nos dá visões espirituais para discernirmos a Sua vontade, e usa de vários meios para se comunicar com Seu povo.
O Espírito Santo nos fala, sobretudo através da Bíblia, cuja escrita inspirou. Por isso nós vemos Jesus dizendo nos evangelhos e no livro de Apocalipse, que aqueles que tivessem ouvidos espirituais para entender, que ouvissem o que o Espírito Santo diz à Igreja, numa referência às palavras que Ele, Jesus, havia anteriormente proferido; ou seja, que poderiam crer nelas e entendê-las pela iluminação do Espírito Santo que as havia inspirado.
Mas, Deus se comunica conosco além da leitura ou audição da Sua Palavra revelada, pois se manifesta especialmente quando estamos orando no Espírito.
Sua comunicação que é, sobretudo a da Sua própria presença enche o nosso coração de alegria, paz e santa adoração. Se estivermos nos sentindo desanimados e fracos, ficamos animados e fortalecidos, e isto ocorre para que tenhamos a certeza da Sua presença abençoadora. 
Como a fé opera com o que é invisível, e por amarmos e servirmos a Jesus, que é invisível, devemos definitivamente desistir de tentar perceber e entender as coisas que são divinas, espirituais e celestiais, simplesmente com os sentidos naturais da visão e audição.
Até porque, o som depende da existência de atmosfera. No vácuo o som não se propaga. E a visão depende da luz natural, sem a qual todo olho é cego. Não seria de se supor então, que para se comunicar conosco Deus dependesse da existência de ar e luz natural; ao contrário, podemos nos comunicar melhor com Ele com os olhos fechados e em ambientes totalmente silenciosos.
Artifícios em sons e imagens para o propósito de levar pessoas a sentirem a presença de Deus, quando menos poderá contribuir para que sejam idólatras, por substituir a adoração ao Senhor por tais sons e imagens, pensando ter neles um encontro com a divindade.
Deus proibiu o ser adorado através de imagens de escultura, ou de qualquer criatura existente no céu ou na terra, para não incorrermos no grande erro de tentar conhecê-Lo ou nos comunicar com Ele através de meios visíveis, pois sendo espírito, não pode ser visto ou percebido com os demais sentidos naturais.
Este tipo de conhecimento pode ser ilusório, pode ser limitado; e com toda a certeza, temporário, mas o conhecimento que nos vem pela fé, no que aprendemos dEle pelo Espírito, apesar de ser invisível e inaudível para os sentidos naturais, é uma forma de conhecimento verdadeiro, pessoal, íntimo, transformador e indelével.
Importa que seja conhecido de tal forma, pois o fundamento de todo o nosso relacionamento com Ele é vital, verdadeiro e justo.
Não há, portanto nenhuma desvantagem em não vermos ou ouvirmos a Deus com nossos sentidos naturais, até porque não estamos destinados a viver eternamente como seres naturais, senão espirituais, conforme Deus planejara desde antes da fundação do mundo.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras:
1 – theoreo (grego) – ver, perceber;
2 – blepo (grego) – ver;
3 – apokalupto (grego) –revelar;
4 – apokalupsis (grego) –revelação;
5 – ous (grego) – ouvido;
6 – akouo (grego) – ouvir; relativos ao assunto, acessando o seguinte link:


Você pode ler toda a Bíblia (Velho e Novo Testamento) com a interpretação de capítulo por capítulo acessando o seguinte link:

http://interpretabiblia.blogspot.com.br/







8 - Conhecendo e Amando o Cristo Invisível

“Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo.”  (II Coríntios 5.16)

O nosso conhecimento de Cristo não é por vista, porque amamos Alguém invisível, mas Ele é muito real para o cristão que partilha da Sua intimidade, porque se dá a conhecer em espírito, e assim, todo verdadeiro conhecimento não somente relativo a Cristo, mas às pessoas com as quais temos comunhão, é pelo espírito, não pelo que vemos ou ouvimos com nossos sentidos naturais.
O apóstolo tinha falado antes da sublimidade de se morrer para se estar para sempre com o Senhor, e não mais estarmos ausentes dEle, pelas limitações que ainda nos são impostas pela vida que temos no corpo.
Paulo afirmou que não se conhece a Cristo segundo a carne, senão pelo espírito.
Deste modo, o Cristo que servimos é onisciente, onipotente, onipresente. Ele tudo sabe, vê e governa. É inútil tentar viver aparte da consideração de que se deve viver de tal modo, que em tudo Lhe sejamos agradáveis, quer estando neste mundo, em que não O vemos, quer no vindouro, quando o veremos face a face.
Este empenho em se viver de modo agradável ao Senhor deve levar em conta, principalmente, o temor que Lhe é devido, porque teremos que comparecer ante o Seu Tribunal, no qual prestaremos contas e receberemos o louvor ou o dano de tudo o que tivermos feito por meio do corpo neste mundo, seja o bem segundo a Sua vontade para recompensa, seja o mal, para dano ou perda de galardão.
Então pregar o evangelho com fidelidade não é uma opção para os que são chamados, mas uma honra, e uma grande responsabilidade e dever, porque este nos foi encarregado da parte de Deus, para sermos seus embaixadores, na convocação de todos os homens a se reconciliarem com Ele, porque Cristo “morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.”
Paulo podia afirmar este ensino com toda a autoridade porque ele foi o último dos apóstolos, que não havia conhecido a Jesus em Seu ministério terreno, e no entanto, conforme ele próprio diz em suas epístolas, havia aprendido o evangelho pela revelação que lhe fora feita pelo próprio Senhor, em espírito, e que havia trabalhado muito mais para o Senhor do que todos os demais apóstolos, e o próprio Pedro reconheceu a profundidade do conhecimento de Jesus que Paulo havia alcançado.
Por isso nosso Senhor havia dito a Tomé que mais bem-aventurados do que ele eram todos aqueles que haviam crido na Sua ressurreição e que foram instruídos quanto a isto em espírito, sem tê-lo visto, do que aqueles que Lhe tinham visto ressuscitado com os olhos da carne.
O conhecimento do Senhor é feito através dos olhos espirituais da fé, e não por evidências visíveis.
Assim, Paulo podia recomendar a si mesmo às consciências de seus ouvintes quando os persuadia à fé, porque podiam se gloriar no testemunho da sua sinceridade, e no fato de se gloriar nas coisas operadas por Deus em seu coração, e não na aparência, conforme muitos faziam em Corinto em seus dias.
As vidas que estavam sendo geradas pelo evangelho através do seu ministério não haviam crido por evidências externas e por argumentos persuasivos humanos, mas por demonstrações do Espírito e de poder que repousavam sobre sua vida.
Em Cristo está sendo formada uma nova criação espiritual, e todo verdadeiro cristão faz parte da mesma, então não devem se fixar nas coisas do velho homem que são passadas à vista do Senhor, mas na nova vida que receberam do céu.
Deus mesmo proveu todas estas coisas relativas à reconciliação dos pecadores com Ele, não lhes imputando mais a condenação dos seus pecados por causa de Cristo.
O trabalho do apóstolo e de qualquer ministro de Cristo é portanto o de rogar aos homens que se reconciliem com Deus, porque Cristo, que não tinha pecado, morreu no nosso lugar, fazendo-se réu do pecado por nós, para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus, isto é, alvo de Sua justiça, para que pudéssemos ser justificados do pecado.
À vista destas realidades, o objetivo maior e principal de um cristão não deve estar nas coisas deste mundo, mas no céu, porque foi de lá que recebemos a nova vida que há de permanecer por toda a eternidade; e é de lá também que recebemos todas as virtudes espirituais invisíveis, como elas se encontram em nosso Senhor Jesus Cristo.
E ainda que venhamos a morrer, temos um outro corpo celestial e glorificado aguardando por nós no céu, e deveríamos aspirar por deixar um dia este corpo terreno para que possamos receber este novo corpo celestial.
Assim o que é mortal dará lugar ao que vive eternamente; conforme planejado por Deus desde o princípio, e para comprovar esta verdade Ele deu o Espírito Santo para habitar nos cristãos, para que seja o penhor do cumprimento cabal de tudo o que lhes tem prometido quanto à sua vida futura e celestial.
Esta esperança de vida eterna deve ser motivo para que os cristãos tenham sempre bom ânimo, em todas as aflições que sofrem ainda no corpo neste mundo, uma vez que todas elas cessarão somente quando estiverem para sempre na presença do Senhor, depois de terem sido chamados por Deus a deixarem o corpo mortal, para que possam viver na esfera das coisas que são somente espirituais, celestiais e divinas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário