Introdução
Quando Jesus disse à mulher samaritana
que a salvação viria ao mundo através dos judeus, o que ele tinha
principalmente em vista era dissuadi-la da noção da possibilidade de ser ter um
encontro real com Deus, através da doutrina misturada ao paganismo que era ensinada
pelos samaritanos no templo de Gerizim, ou por meio de qualquer outro corpo de
doutrina que não se ajustasse às revelações que Deus fizera aos profetas de
Israel, por séculos, especialmente através do maior deles no período do Velho
Testamento, a saber, Moisés.
Esta revelação havia sido assentada por escrito, devidamente,
nos livros que viriam a compor o conjunto das Escrituras Sagradas, e em todos
eles encontramos promessas relativas ao Messias, que seria, não apenas o
Redentor e Salvador de Israel, mas também de todas as nações.
Para confirmação de que a salvação do mundo viria através dos
judeus, ali estava o próprio Jesus, sendo judeu, dando testemunho desta
salvação a uma mulher gentia, pois havia chegado a hora em que Aquele que havia
sido dado também como salvação e luz para os gentios, havia se manifestado em
carne, depois de ter deixado a glória que tinha no céu junto ao Pai, por um
tempo, para poder nos conduzir à verdade e à salvação.
A pregação do evangelho nada mais é do que a proclamação desta
salvação, de modo que não consiste em mais uma nova religião entre as muitas
que existem no mundo; ao contrário, as raízes do evangelho se encontram na mais
remota antiguidade, desde que foi feita a promessa no Jardim do Éden, do
esmagamento da cabeça da Serpente, por alguém que descenderia de uma mulher,
quanto à formação do seu corpo natural de carne.
Convinha que um povo fosse formado para ser o depositário da
revelação relativa à nossa redenção. E isto Deus fizera com a chamada de
Abraão, para que a partir dele, e mais especificamente, de seu neto Jacó, filho
de Isaque, fosse iniciada a multiplicação da nação de Israel.
É bom lembrarmos que bem antes disso, Deus havia revelado Sua
vontade a homens santos como Sete, Enos, Enoque, Noé, e muitos outros, quando
começou a repovoar a Terra depois do dilúvio, entre os quais podemos citar o
nome de Sem, um dos filhos de Noé, de quem viria a ser gerado mais tarde o
próprio Abraão. Estes passaram adiante o conhecimento do único Deus invisível e
verdadeiro, às gerações subsequentes.
Em paralelo a isto, pela imaginação e engenhosidade de homens
e demônios, doutrinas e religiões as mais diversas, eram criadas, e todas, em
princípio, contrariavam os preceitos, os mandamentos e revelações que estavam
sendo dados por Deus a homens santos e fiéis, por ele escolhidos.
Disso tudo entendemos que felizes são aqueles que, para o bem
eterno de suas almas, atentam para a doutrina que chegou até nós por meio do
povo judeu, a saber, a que temos na Bíblia,
nas Escrituras do Velho Testamento, e a que é decorrente do seguimento
desta mesma doutrina na pessoa e revelação de Jesus Cristo.
O Fundamento da Fé
Assentamos em nossa introdução, uma
parte do fundamento da fé na qual apontamos Deus como sendo o criador de todas
as coisas, e, por conseguinte possuindo plena soberania, autoridade e poder
sobre tudo o que há na criação, especialmente sobre o seres morais – os anjos e
os homens.
Vimos também o planejamento e o meio que ele está utilizando
para a restauração de todas as coisas por meio de Jesus Cristo.
Como o fundamento básico da criação é o de que todas as
coisas devem existir e viver por meio da união vital delas a Jesus Cristo,
subtendendo-se, por conseguinte, que não pode haver vida fora da comunhão com
Ele.
O Fundamento da Comunhão
Toda comunhão que liga a criatura ao
Criador é de caráter essencialmente espiritual, e fundamentada na fé, na
justiça e na verdade. Daí se dizer que, se não andarmos na luz de Deus não
podemos ter comunhão com Ele, pois é inteiramente luz.
Quando deixamos de andar nos seus mandamentos e não vivemos
para dar-lhe a honra de Pai que lhe é devida, por um estrito respeito e obediência
à Sua Palavra, a citada comunhão não se estabelece, ou é rompida.
Retornamos aos argumentos e verdades de nossa parte
introdutória, para recordarmos que Deus tem um plano, um propósito, um objetivo
quanto ao homem que criou, para que viva fazendo a Sua vontade, e por isso nos
deu Jesus Cristo como Salvador de nossa condição caída no pecado, para que
possamos responder ao referido propósito.
Tudo o que se relaciona ao Senhor e à operação de Sua graça
em nós, pela palavra do evangelho, costuma-se chamar de fé objetiva – a fé que
professamos em todo o corpo de doutrina do evangelho. O ato de se afastar desta
fé objetiva é o que caracteriza a apostasia.
Apostasia
Por tudo o que temos apresentado até
este ponto, podemos entender melhor, que apostatar é muito mais do que
simplesmente deixar de praticar certas tradições religiosas.
É possível que alguém esteja frequentando regularmente os
cultos de sua igreja e estar apostatado da fé, pois esta significa afastamento
da fé, conforme a expressamos nos capítulos anteriores.
A Bíblia fala de uma grande apostasia que antecederá a
manifestação do Anticristo, e nunca houve em qualquer época anterior da
história, tantas pessoas nas suas diversas denominações cristãs e evangélicas.
Vemos, portanto, que é possível reunir-se debaixo do nome de
cristão, e ser até mesmo um cristão autêntico, lavado no sangue de Jesus, e, no
entanto, estar vivendo em apostasia em relação àquela fé que é requerida por
Deus de todos os seus filhos.
Quando o autor de Hebreus nos exorta a estarmos cada vez mais
apegados às verdades ouvidas, ele cita qual é o propósito disto, a saber, para
que jamais nos desviemos delas. Se a própria pessoa não se devotar inteiramente
a isto, é bem certo que virá a apostatar da fé.
Tenho visto esta verdade ocorrer ao longo dos anos, quando
muitos que pareciam estar caminhando bem e fazendo progresso na fé vieram a
naufragar repentinamente, virando as costas para Cristo e para a comunhão na
Igreja.
Na grande maioria dos casos a causa principal foi o
retorno ao mundo, pelo fascínio dos
prazeres carnais e sensuais que o mundo oferece.
O curioso é que estas pessoas haviam recebido uma boa
doutrina, um sólido fundamento quanto ao significado da justiça de Cristo que
nos justifica, da regeneração da nova criatura, da crucificação e despojamento
do velho homem, da necessidade da renúncia e autonegação, da dependência
completa da graça para resistir à tentação e vencer o mal, da importância da
meditação e prática da Palavra, da oração, entre outras coisas, e ainda assim,
vieram a naufragar na fé, entrando principalmente em jugo desigual com os
incrédulos ímpios.
Voltaram a amar o mundo, ao qual pensamos uma vez que eles á
não mais pertenciam. Desprezaram as coisas celestiais e fizeram das terrenas o
tesouro do seu coração.
Até mesmo oficiais da igreja, que haviam sido consagrados ao
santo ministério caíram, e alguns chegaram a abraçar as mesmas doutrinas
estranhas que haviam combatido antes. Multiplicam-se os casos, mundo afora, em
que muitos que professam ser crentes vivem como se fossem mundanos.
Nada há que os distinga em seu comportamento, daqueles que
não amam e servem a Deus.
Um Caminho sem Volta?
Na história da Igreja, nós vemos desde
os dias da Antiga Igreja de Israel, no Velho Testamento, vários momentos de
apostasia que eram seguidos por grandes reavivamentos da religião, como, por
exemplo os havidos nos dias do profeta Samuel, dos reis Davi, Josias e
Ezequias.
Nós vimos isto nos dias da Reforma Protestante, nos dias dos
Puritanos, dos Pietistas, dos Metodistas, nos avivamentos havidos nos E.U.A. No
século XVIII, nos avivamento de Gales, da Rua Azuza, na Coréia, e partes da
África.
Mas o que temos testemunhado em nossos dias? A par do grande
crescimento numérico de cristãos no mundo, isto não vem sendo acompanhado por
um crescente aumento da vida de santidade e piedade.
Será o efeito da grande apostasia profetizada para os últimos
dias?
Haverá uma reversão deste quadro de apostasia como ocorreu
tantas vezes no passado? Ou ele será irreversível até a manifestação de nosso
Senhor Jesus Cristo em sua segunda vinda?
Devemos lembrar que ele mesmo nos advertiu quanto ao tempo da
sua vinda, indagando ironicamente se porventura acharia ainda a fé genuína do
evangelho, na terra.
É provável que por esta apostasia na fé seja precipitado o
reino do Anticristo, acompanhado dos juízos de Deus sobre as nações.
Tem havido muito esforço para se produzir avivamentos, mas o
resultado que se tem observado é o acréscimo de novas técnicas de evangelização
e modernização nas formas de culto, sem que haja a correspondente evidência de
um avivamento genuíno, que é o de produzir o retorno do povo do Senhor à vida
de santidade, pela prática da Sua Palavra.
Sintomas da Apostasia
Um dos melhores textos bíblicos que
descrevem as características da apostasia dos últimos dias é o de II Timóteo 3:
“1 Sabe, porém, isto:
que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
2 Porque haverá
homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos,
desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,
3 Sem afeto natural,
irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os
bons,
4 Traidores, obstinados,
orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,
5 Tendo aparência de
piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.
6 Porque deste número
são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias
carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências;
7 Que aprendem
sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade.
8 E, como Janes e
Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo
homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé.
9 Não irão, porém,
avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o
daqueles.
10 Tu, porém, tens
seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor,
paciência,
11 Perseguições e
aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio, e em Listra;
quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou;
12 E também todos os
que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.
13 Mas os homens maus
e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados.
14 Tu, porém,
permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o
tens aprendido,
15 E que desde a tua
meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a
salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.
16 Toda a Escritura é
divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para
corrigir, para instruir em justiça;
17 Para que o homem
de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”.
O início deste terceiro
capítulo de II Timóteo está em conexão com o seu final, porque o mal que é
referido no início tem seu único antídoto na afirmação
que é feita no final do capítulo, a saber,
somente poderão
prevalecer com Deus nos últimos dias trabalhosos de iniquidade, aqueles que têm
sido aperfeiçoados espiritualmente pelo ensino
das sagradas Escrituras.
Jesus havia alertado
os primeiros discípulos, quanto ao fato de que se levantariam falsos profetas sedutores na Igreja, e que o Inimigo plantaria seu
joio nela, mas nem por isso deveríamos
ficar ofendidos, pensando mal da verdadeira Igreja.
Sempre há muita
escória misturada ao ouro que não foi completamente refinado, e sempre há joio
e palha misturados aos grãos de trigo, que estão sendo peneirados.
Então, Timóteo
deveria estar preparado e armado em seu pensamento, quanto às coisas que
deveria suportar com paciência e mansidão no
seu trabalho de evangelista.
Quando as pessoas
passam a ter as características apontadas por
Paulo no início deste 3º capítulo,
pode ser dito que se trata de uma época difícil,
porque exigirá Reforma na Igreja.
Sendo dias de
Reforma, serão dias trabalhosos que exigirão dos ministros muito poder em graça
e paciência, para a realização do trabalho deles.
Eles se espantarão
com a facilidade com que as pessoas serão visitadas pelo poder de Deus na
Igreja, para logo depois saírem dando um mau testemunho, porque suas vidas não
foram reformadas pela verdade.
Se eles se opõem à sã
doutrina, como poderão ser restaurados e renovados por Deus?
Como poderão ser
santificados pelo Espírito Santo, ainda que ouçam bons sermões que lhes ensine a verdade,
caso não se disponham a se
consagrarem ao Senhor?
De que adiantará
ouvirem sermões, se não estão dispostos a aplicar
a verdade em suas vidas e lares?
Logo, a consequência
inevitável será a descrita por Paulo no início
deste capítulo, onde se vê não
apenas a desordem pessoal, mas inclusive a dos lares.
É importante frisar
que a expressão "últimos dias" usada por Paulo, se refere à última
dispensação, que é a do evangelho. São, portanto,
os dias do evangelho, e evidentemente à medida que o tempo
passasse as condições difíceis se agravariam, porque Jesus
disse que a iniquidade se multiplicaria no tempo do
fim.
Paulo deixou Timóteo
bem inteirado, do fato de que até
mesmo os dias do evangelho
seriam dias trabalhosos e perigosos. Que não ficasse, portanto na expectativa
de que haveria uma época dourada na
terra, onde a verdade prevaleceria completamente pela pregação do evangelho,
porque isto não ocorrerá, a não
ser quando da volta do Senhor
com grande poder e glória.
Não será, portanto, a
Igreja com o trabalho de
evangelização, que trará
paz e segurança eterna ao mundo, mas o próprio
Senhor, pela força do Seu grande poder, quando da Sua
segunda vinda.
O propósito do
Espírito Santo ao nos ter revelado estas coisas, não é o de gerar pessimismo,
mas um posicionamento
firme para perseverar no trabalho, sabendo contra que tipo de inimigo teremos
que lutar.
Observe que Paulo não
diz que viriam tempos difíceis porque os ímpios do mundo tentariam acabar com a
Igreja de Cristo na terra, mas por
causa de pessoas com aparência de piedade, mas que negam a sua
eficácia, na prática das suas vidas ímpias.
Falsa religiosidade é
o que está sendo enfocado nesta passagem. Pessoas que gostam de ouvir sermões;
que oram, jejuam, frequentam os cultos de adoração pública regularmente, mas no
final de tudo vivem deliberadamente na prática do pecado.
Elas não colocam por prática
o que ouvem, e na verdade não podem entender o verdadeiro significado
espiritual das coisas que ouvem, porque não têm verdadeiro temor do Senhor e da
Sua Palavra. Elas não vivem para honrar a Deus, mas para buscar o que é do próprio interesse.
Paulo estava dizendo
a Timóteo e a todos os ministros fiéis
do evangelho, que sempre haverá
tais pessoas na Igreja, e que eles devem cuidar para que não
sejam enganados e influenciados por elas.
Elas devem ser
instruídas com a mansidão da pomba, mas deve-se ter a prudência da serpente no
relacionamento com elas, sabendo a quem elas estão servindo de fato: a si
mesmas, aos seus próprios interesses
egoístas, ao próprio orgulho e avareza, pelo que são;
presunçosas, caluniadoras,
ingratas, profanas, sem afeto natural, incontinentes, cruéis, traidoras,
obstinadas, sem amor aos que se santificam.
Elas são
irreconciliáveis, porque não podem ser apaziguadas com argumentos espirituais, pois
são carnais. Caso não experimentem um verdadeiro arrependimento produzido pelo
poder do Espírito em seus corações, não se pode ter comunhão com tais pessoas.
Quando os dias são
difíceis, os filhos são desobedientes aos pais,
porque não têm qualquer obediência
a Deus. Eles não honram a Deus, por conseguinte, não
sabem o que é o mandamento de honrar os
pais.
São traidores, porque
não conhecem e não se importam com a causa da justiça e da verdade.
São obstinados,
porque sempre estão procurando fazer a própria
vontade e não a vontade do Senhor.
Eles serão achados na
Igreja em muito ativismo, com aparência de piedade, mas não estão trabalhando
de fato, impulsionados pelo amor do Espírito Santo, porque não possuem tal amor
sobrenatural em seus corações, e assim, tudo o
que fazem sempre será na energia da carne, porque vivem
segundo a inclinação da carne, e não conhecem o que é seguir o pendor do
Espírito.
Por isso, o conselho
de Paulo a Timóteo é curto e direto:
"Destes afasta-te". Porque são
irreconciliáveis. Eles nunca poderão aprender acerca da verdade,
enquanto estiverem entregues à sua obstinação de viverem para fazer a própria
vontade.
São como Janes e Jambres, os magos egípcios
que resistiam a Moisés, que viram os sinais e maravilhas de Deus, e mesmo assim não
se arrependeram das suas mistificações e ilusionismos.
Dentre os que
aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade estão aqueles
que consagraram suas mentes, talentos e
tempo a Deus, mas não seus corações.
E, não permitem que Ele
seja o Senhor dos seus espíritos.
Estes que resistem à
verdade podem ouvir milhares de sermões, mas não colocarão uma única linha em
prática.
Não será por ouvirem
o evangelho que renunciarão ao ego, negando-se
a si mesmos, pela operação da cruz.
Eles poderão até
concordar que isto seja necessário para seguir a Cristo, mas não se disporão a colocá-lo
em prática, porque amam mais a si mesmos do
que amam a Deus. Eles estão apegados às suas vidas e pensam
que podem ter a vida de Cristo, apesar deste apego ao próprio modo de viver,
pelas paixões da alma, com seus sentimentos, vontades e emoções, que sempre lhes
arrastam a um viver que seja contrário a tudo que é
da vontade de Deus revelada na Bíblia.
Quanto dano estas
pessoas produzem à progressão do evangelho!
No entanto, a ordenança é
que sejam instruídas com mansidão.
Dois traidores numa
guarnição podem produzir mais feridos nela do
que mil sitiadores. Estes traidores não são propriamente apenas de pessoas, mas,
sobretudo da causa do evangelho.
Eles são usados pelo
Inimigo, para deter o avanço de uma obra do Espírito. Lembremos que a luta
espiritual não é contra a carne e o sangue. Não são propriamente, pessoas que
são os alvos destes traidores, mas a própria causa da verdade. É a causa do
Senhor que eles estão traindo. É a estratégia
de Satanás de plantar o joio na Igreja.
Eles permanecerão ali
sentados em seus bancos, prontos para produzir dúvidas nos cristãos imaturos, e
a tentar fazer com que os maduros percam a paciência.
Endurecidos em suas
convicções, incapazes de conhecerem a verdade, mas produzindo sérios danos por
serem instrumentos de Satanás.
Por isso os ministros
do evangelho não devem ficar abalados por estas coisas, mas prosseguir adiante
com o trabalho fiel de pregar e ensinar a verdade.
Eles devem se
empenhar em santificarem cada vez mais suas próprias
vidas, porque quando a corrupção do pecado torna-se geral, é muito mais difícil
manter a nossa integridade pessoal no meio desta corrupção geral.
Ao descrever todas
estas características que definiriam o caráter da maior parte das pessoas nos
últimos dias, o apóstolo tinha o propósito de advertir todos os crentes, quanto
à necessidade de uma vigilância e devoção a Deus muito maiores, porque seriam
dias difíceis para se vencer a tentação, o mal e a intensificação dos poderes
malignos que estariam operando em todo o mundo.
As condições
relativas à vida natural e secular melhorariam, a ponto de muitos terem a
oportunidade de dedicar tempo e dinheiro em prazeres. Não é incomum, portanto,
que se veja tantos crentes viajando para tantas partes do mundo à cata de
deleites, e não em projetos missionários.
O amor ao mundo, ao
deleite, se tornou muito maior do que o amor que tinham por Deus e aos
interesses de Sua Igreja.
Seus corações os
arrastam para onde se encontra agora, o seu novo tesouro relativo às coisas
terrenas e não às celestiais.
A conversação não
gira em torno das verdades da Palavra e dos serviços da Igreja. O que o mundo
busca e fala é o que a maioria dos crentes está buscando e falando. Eles
costumam ter um tipo de comportamento na igreja, outro no local de trabalho, e
ainda outro em suas casas.
O reino de Deus e a
sua justiça deixou de ser para eles há muito tempo, a principal prioridade.
Tudo isto é sintoma
de apostasia; e como é algo geral, somente nos resta aguardar a manifestação do
Anticristo, conforme está profetizado nas Escrituras.
Terrível
Coisa é Cair nas Mãos do Deus Vivo
Ao contrário do que se
costuma pensar, ao apostatarmos, não caímos nos braços do mundo para uma
pacífica e abençoadora acolhida – na verdade, o mundo não tem como nos dar
isto, mas caímos na verdade, debaixo dos terríveis juízos de Deus, que a
ninguém deixará de dar a devida paga por suas atitudes e ações, quer para
recompensa, quer para juízo.
Negar o Criador. Voltar as costas para
um Pai de amor.
Associar-se ao diabo e aos espíritos
das trevas. Rejeitar a Palavra da verdade e entregar-se a devaneios, mentiras e
enganos. Cuspir e pisar no precioso sangue de Jesus, que foi derramado para a
nossa redenção e salvação.
Tudo isso e muito mais é, porventura
coisa de somenos? Quanta ingratidão, rebelião, afronta, desobediência, está
envolvido em tudo isto!
Deixaria o Todo-Poderoso, Pai dos
espíritos, de visitar com juízos todas estas coisas?
É certo que estes juízos são
equilibrados e controlados pela Sabedoria Eterna, pois conhece perfeitamente as
condições de cada alma que é levada a se afastar dele – algumas
temporariamente; outras, definitivamente.
Aos que se deixaram conduzir por
tentações passageiras, ou por ignorância da posição que lhes convém por estarem
em Cristo, no tempo próprio, ele os restaurará à comunhão pela Sua graça, e
tonará a firmá-los na fé.
É
Preciso Esforço para Não Apostatar
Ao lidar com os casos
de apostasia, que estavam ocorrendo na Igreja já em seus dias, perto do fim do
seu ministério, e com o intuito de instruir aos seus cooperadores que dariam
continuidade ao trabalho de evangelização e confirmação dos crentes na fé, depois
de sua partida deste mundo, o apóstolo Paulo, não somente alertou Timóteo, Tito
e outros, como também lhes deu recomendações específicas para a forma de
proceder em dias de apostasia.
Nós vemos por exemplo
as palavras dirigidas a Timóteo em sua primeira epístola:
“1 Mas o Espírito expressamente diz que
em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos
enganadores, e a doutrinas de demônios,
2 pela hipocrisia de
homens que falam mentiras e têm a sua própria consciência cauterizada,
3 proibindo o
casamento, e ordenando a abstinência de alimentos que Deus criou para serem
recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e que conhecem bem a verdade;
4 pois todas as
coisas criadas por Deus são boas, e nada deve ser rejeitado se é recebido com
ações de graças;
5 porque pela palavra
de Deus e pela oração são santificadas.” (I Tim 4.1-5
A
apostasia a que Paulo se refere nesta seção, da primeira epístola a Timóteo
deve ser estudada em conexão com outras passagens das Escrituras, especialmente
com o sermão profético de Jesus em Mateus 24, com II Tessalonicenses 2, II
Timóteo 3 e 4, dentre outras.
Apesar de o mistério
da iniquidade já estar em operação no mundo, desde a entrada do pecado, sendo o
motivo da apostasia que havia atingido a alguns na Igreja de Éfeso, no entanto
esta iniquidade aumentará a ponto de esfriar o amor de muitos, quando estiver
próxima a segunda vinda de Cristo, que não ocorrerá antes da grande apostasia e
da manifestação do Anticristo.
Qual teria sido o
propósito do apóstolo com estas palavras de alerta proferidas a Timóteo?
Certamente, para
reforçar a necessidade de uma firme diligência da parte dos ministros fiéis
para sustentarem o testemunho da verdade do qual estão encarregados.
Se a tendência, no
curso da história da Igreja seria a de multiplicação de falsos pastores e
mestres, e de aumento da dificuldade para manter a verdade entre os cristãos,
nenhum ministro deveria se iludir em depor suas armas espirituais, pensando que
esta guerra poderá ser vencida com poucas batalhas, especialmente de oração
para prevalecer com Deus.
Na verdade é uma
guerra sem tréguas até que Cristo volte, e esta guerra se intensificará ainda
mais à medida que o tempo do fim se aproxima. Afinal, não é uma guerra contra
pessoas, mas contra os projetos de Satanás e dos demônios, forjados no inferno.
Para ilustrar algumas
das doutrinas de demônios e espíritos enganadores, que usariam como
instrumentos homens hipócritas e mentirosos (mentira no sentido de pregar e
ensinar falsas doutrinas) de consciência cauterizada, o apóstolo citou o
ascetismo religioso como forma de santificação, tanto na abstinência sexual,
pela proibição do casamento, quanto na abstinência de alimentos. Sabemos,
entretanto, que a santificação verdadeira nada tem a ver com práticas
ascéticas.
Jesus foi inteiramente sincero, direto e honesto ao nos
ensinar, inclusive por parábolas, que tomamos posse do Reino de Deus e nele
permanecemos mediante o nosso esforço.
Exige-se disciplina, paciência, sobriedade, devoção,
vigilância, diligência, fé, oração, renovação contínuas e um carregar diário da
cruz, para que possamos ser achados de pé na Sua presença.
Quando começamos a negligenciar esses deveres, colocamo-nos
na direção oposta àquela que nos conduz à bem-aventurança.
Ao falarmos em esforço, o que está em foco não é ativismo,
mas uma firme ligação ao Senhor, e à Sua Palavra, sobretudo nas horas de
aflição, e mormente naquelas em que somos atacados com angústias pelos poderes
das trevas.
Devemos estar conscientes em todo o tempo da nossa completa
fraqueza, insuficiência e incapacidade para podermos vencer todas as forças
espirituais que se levantam contra Cristo e contra nós. Como Moisés e o povo
que se encontrava com ele às margens do Mar Vermelho devemos estar quietos,
confiando somente no poder do Senhor, para recebermos o livramento desejado,
que certamente nos dará por lhe honrarmos por meio da nossa fé nele e no seu
grande poder.
A batalha pertence ao Senhor. Nesta guerra espiritual não
somos nós propriamente que lutamos, mas é o Senhor quem luta por nós e nos
conduz em triunfo, derrotando todos os poderes que oprimem nossa alma. Por
isso, se diz que bom é esperar pelo socorro que vem do Senhor, e isto em
silêncio.
Não importa as circunstâncias em que nos encontremos, Ele
sempre nos livrará pelo seu grande poder sobre todos os poderes das trevas, se
tão somente clamarmos pelo seu grande nome.
Nisto se cumpre a sua promessa que nos faz no Salmo 50:15:
“Clama a mim no dia da angustia; eu te livrarei e tu me glorificarás.”
Vale a Pena Confiar em Deus
Em momento algum devemos confiar em
carros, cavalos, homens, para sermos livrados dos poderes que agem contra a
nossa alma; e, muito menos em nós mesmos.
Devemos confiar nAquele cujo nome é sobre todo nome, a quem foi dado todo o
poder, quer nos céus, quer na terra, ficando-lhe sujeitos todos os principados,
inclusive os do inferno. É a Jesus que devermos recorrer na hora da indecisão e
aflição.
Quando laços de morte e correntes do inferno aprisionam a
nossa alma provindos dos principados do mal, pela permissão de Deus, para que
sejamos provados em nossa fé, não nos resta alternativa senão a de
reconhecermos que somos pó, que nada podemos fazer, e confiar somente em Jesus
que tem todo o poder e suficiência para nos livrar, trazendo de novo alívio à
nossa alma.
Enquanto Ele não o fizer, dar-nos-á a graça necessária para
que possamos suportar a terrível angústia e desconforto que tenha se apoderado
de nós, até o tempo determinado por Ele para proceder ao nosso livramento.
É possível que a violência destes ataques satânicos produzam
até mesmo efeitos fisiológicos, como descompensação emocional e outros, porém
uma vez sendo repreendidos pelo Senhor para que se retirem de nós, é possível
que permaneçam alguns reflexos em nossa mente produzindo inquietações e
tremores por um possível retorno dos sintomas, mas até isto é para ser vencido
pela firme confiança em Jesus, de que nos guardará e livrará de todo o mal,
fortificando o nosso coração para não ficar turbado por cousa alguma, ou por
qualquer intimidação do inferno.
A obra que Ele designou fazer por nosso intermédio será
cumprida até o tempo que tiver sido por Ele determinado, e não por qualquer
iniciativa isolada dos poderes do inferno.
Veja o caso de Jó, a quem Deus permitiu ser totalmente
despojado por Satanás, mas o Inimigo jamais imaginou que Deus era poderoso para
restaurar Jó com o dobro de tudo quanto possuía antes. Cremos que até no que
diz respeito à sua saúde física.
Deus nos tem dado autoridade sobre todos os demônios e ela
deve ser exercida em nome de Jesus.
É Possível Ser Apóstata Crendo em
Deus e Louvando a Jesus Cristo
Jesus tem definido o modo do Seu
conhecimento real e pessoal, segundo a prática e permanência nos seus
mandamentos, conforme estão registrados na Bíblia. Quando isto falta, nada há
que possa preencher esta lacuna de modo a nos tornar agradáveis e aceitáveis a
Deus.
Ainda que nos empenhemos em algumas coisas ordenadas
relativas ao Seu serviço, mas se nos falta a prática da verdadeira piedade em
vidas santificadas pela Palavra, Ele afirma categoricamente que não nos
conhece, por sermos praticantes da iniquidade.
Se Ele classifica até mesmo estes que pensam estar fazendo
Sua vontade, e reconhecem que Ele é Deus,
que deve ser temido juntamente com o Pai e o Espírito Santo, quanto mais
não há de considerar aqueles que não o honram em Sua divindade e distorcem ou
acrescentam outras doutrinas à Sua Palavra revelada nas Escrituras?
Veja por exemplo, o caso do Islamismo, criado no século VII
por Maomé, que tendo designado a si mesmo como profeta de Deus, acrescentou
outras revelações às escritas no Velho Testamento como se lhe tivessem sido
dadas por Deus, para esclarecer todos os fatos relativos à criação do mundo e à
chamada de Abraão para ser Seu representante na terra.
Sendo os árabes descendentes de Ismael, filho de Abraão com a
escrava egípcia Hagar, aos quais ele e Sara, sua esposa legítima, mandou
despedir de sua casa, para que não fosse herdeiro das promessas juntamente com
Isaque, isto suscitaria um grande ódio da parte dos descendentes de Ismael
(árabes) aos israelitas, que são descendentes de Isaque, até os nossos dias.
Com a fratura e enfraquecimento do Império Romano no século
VII, que não teria permitido qualquer expansão do Islã em seus dias de glória,
estando os árabes envolvidos em várias divisões e guerras tribais, Maomé forjou
um plano para sua unificação federativa por meio do uso da noção religiosa de
serem os muçulmanos os autênticos descendentes fiéis da missão que fora dada
por Deus a Abraão, e que dariam cumprimento à Sua promessa de reinar sobre
todas as nações da Terra através daquele que descenderia de Abraão (Jesus, e não os israelitas, nem os
muçulmanos).
Segundo Maomé, Deus viria a reger o mundo através de um povo
que lhe fosse fiel – o Islã, uma vez que os judeus haviam comprovado sua
infidelidade por terem rejeitado ao profeta que lhes fora enviado – Jesus
- e, por esta condição de infidelidade
haviam caído (segundo Maomé) sob um terrível desagrado de Deus; por isso haviam
sido espalhados pelo mundo, e caberia aos fiéis (muçulmanos) exercer o juízo
divino sobre eles, exterminando-os, o que, a propósito, intentam fazer até os
nossos dias.
Percebe-se nitidamente que a causa principal para a criação
do Islã foi o ódio declarado que os árabes têm pelos judeus.
Esta ideia de que Deus estaria interessado em exterminar a
nação de Israel é totalmente antibíblica, pois para eles permanecem de pé as
promessas de reinarem com Cristo, por ocasião da Sua segunda vinda.
O nono e décimo primeiro capítulo da epístola de Paulo aos
Romanos prova claramente, que Deus não rejeitou ao Seu povo de Israel, ao qual
conheceu de antemão, e que jamais o rejeitará. O endurecimento temporário que
lhe sobreveio em relação a Jesus foi justamente, para permitir a entrada dos
gentios no Reino dos céus, em face da rejeição deles.
Voltemos à parte introdutória do nosso livro e investiguemos
se há algum espaço ali para esta doutrina, que é afirmada pelo Islã?
Deus se declara como sendo o Deus de Abraão, de Isaque e de
Jacó, Não como o Deus de Ismael ou de Maomé.
Quando comparamos o plano geral da criação e redenção em
Jesus Cristo, tal e qual se encontra na Bíblia, com todos os sistemas
doutrinários e religiosos, podemos observar verdadeiramente quais deles e em
que se encontram apostatados da fé da verdade bíblica.
Não precisamos nos alongar aqui, para falar acerca das
religiões animistas que se baseiam nas forças da natureza e em teorias de
comunicação de energias naturais, pois sabemos que o fim do evangelho não consiste
nisto, senão na salvação da alma, concentrando-se no novo nascimento do
Espírito Santo, na justificação pela graça, mediante a fé; e também na
santificação do Espírito Santo operada pela aplicação da Palavra de Deus à
nossa vida.
Meditações chamadas transcendentais, purificações
cerimoniais, ou cânticos xamanistas; nada disso responde ao fim do Evangelho,
que é Cristo vivendo e sendo formado em nós.
Quanto a isto, nem mesmo as reuniões evangélicas que têm o
simples propósito de buscar a manifestação de sinais da presença de Deus entre
os crentes, cumpre o propósito divino, pois em ambas o homem é deus para si
mesmo. O hinduísmo e todas as crenças reencarnacionistas naturais nada possuem
em comum com o evangelho.
Assim, estão apostatados, afastados da verdadeira fé, não por
um desvio havido no tempo, mas pela própria essência das coisas que são
declaradas e praticadas.
O Mundo Jaz no Maligno
Sabendo que o mundo inteiro sempre jaz
no maligno, o que tem então, o crente a ver com o mundo?
Ele não deixou de pertencer ao mundo, por sua identificação
com Jesus Cristo, o qual também não pertence ao mundo?
Amor não interesseiro? Perdão? Misericórdia? Pureza?
Santidade? Paz? Justiça? Verdade? Honestidade? Toda sorte de virtudes cristãs?
Se a resposta é, e deve ser seguramente negativa, voltamos a
indagar: o que tem o crente a ver com o mundo?
O que tem Jerusalém a ver com Babilônia?
O que tem a ver o céu com o inferno?
Observe qual é o interesse daqueles que amam o mundo através das
suas conversações. Eles falam de coisas que edificam?
A sua avaliação da realidade e das circunstâncias que nos
cercam correspondem à verdade, conforme são avaliadas por Deus e pela Sua
Palavra?
Eles são dados à dissimulação e à ironia?
Há vaidade e uma estima de si mesmo que corresponde à verdade
daquilo que são de fato?
Eles exaltam as virtudes cristãs? Sua conversação não é torpe
e vazia?
Por que então, aqueles que professam o nome de Jesus
consentem em agir de igual forma?
Deus poderia se agradar disso, e derramar suas bênçãos sobre
nós como um sinal do seu agrado e aprovação?
Ao contrário, Ele nos ordena a sair de Babilônia (o modo de
vida mundano), para que não sejamos coparticipantes dos seus juízos.
Por amar o mundo e o seu modo de ser, Demas abandonou o
evangelho e o apóstolo Paulo, pois não tinha fé suficiente para suportar as
aflições que estavam vindo sobre todos os que carregavam o nome de Cristo, e
davam testemunho ousadamente da sua fé.
Procurando alívio e vida, Demas foi ao encontro da ruína e da
morte, pois Satanás é o príncipe do mundo que não pode oferecer vida, senão
apenas morte para aqueles que se voltam para o seu lado, ainda que não
voluntária e conscientemente. Ainda que os trate com prazeres e benesses, o que
está produzindo de fato em suas almas é morte, e não vida.
O evangelho aponta uma cruz, e exige a crucificação do nosso
velho homem por meio das aflições que temos que sofrer por amor a Cristo, mas o
fim disso é vida, e vida em abundância.
Satanás e o mundo, ao contrário, aponta para aquilo que é
doce e satisfaz o nosso ego carnal, mas o fim disso é morte e não vida, pois o
viver para fazer a própria vontade nos afasta da possibilidade de ter comunhão
com Deus.
Os remédios da cruz podem ser dolorosos e amargos, mas curam
o mal do pecado.
Os licores delicados do diabo e do mundo causam toda sorte de
enfermidades espirituais, e por fim, a morte espiritual e eterna.
Qual escolheremos:
· a morte ou a vida?
· a maldição ou a bênção?
A Palavra de Deus coloca ambas alternativas diante de nós
para que façamos nossa escolha.
A Passividade Conduz à
Apostasia
Ao falarmos de passividade não nos referimos à atitude de
esperar pacientemente em Deus, pela fé, senão àquela incorreta atitude de mente
e espírito de pensar que a nós, nada cabe fazer na vida cristã, senão somente
frequentarmos os cultos de adoração e reuniões de oração, ou então, basta
apenas confessar que cremos em Cristo como Senhor e Salvador.
Em muitas passagens bíblicas somos exortados à diligência, à
prática das boas obras, à vigilância espiritual e oração contínuas, bem como a
toda sorte de deveres que visam exercitar nossas graças.
Crentes que não estão empenhados em dar testemunho da sua fé,
com vistas à salvação e edificação de almas estão margeando a estrada perigosa
da apostasia, pois é comum que nos descuidemos da nossa boa condição
espiritual, quando não estamos despertados para a responsabilidade de conduzir
outros a Cristo.
Deixar de se consagrar nas reuniões de culto e oração, ou
fazê-lo sem fervor de espírito e um desejo sincero de estar na presença de
Deus, para amar e praticar as coisas ensinadas pelo Espírito Santo, é um outro
modo de caminhar rumo à apostasia.
Rejeitar Sofrimentos
por Cristo Significa Rejeitar uma Coroa
“11 Palavra fiel é esta: que, se
morrermos com ele, também com ele viveremos;
12 Se sofrermos,
também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará;” (II Timóteo
2.11,12)
O prêmio da perseverança é a salvação e a coração em glória.
Jesus diz que é em nossa paciência que ganhamos a nossa alma.
Esta palavra “paciência” é vertida do grego “hupomoné”, que é a mesma palavra
para “perseverança”. O ponto aqui, não se refere então à simples atitude de
permanecer calmo diante das adversidades, mas de continuar caminhando, fazendo
progresso na fé e no crescimento espiritual, a par de todas as oposições e
vicissitudes que possamos vir a sofrer. Esta perseverança será provada por Deus
em meio a variadas tribulações.
A noção incorreta em voga na Igreja, de que se deve crer em
Cristo para não sofrermos neste mundo, para não termos perseguições e
tribulações é a rejeição de tudo aquilo que o evangelho nos oferece para o
nosso triunfo espiritual – o triunfo da cruz sobre o ego, o diabo e o mundo.
Deus é glorificado quando suportamos com paciência, não
recuando na fé e em nosso amor a Ele, quando somos fustigados por Satanás ou
pelas circunstâncias adversas desta vida.
Quanto Satanás é envergonhado ao pensar que negaremos o nome
e a bondade do Senhor, quando sofremos, porém, mais nos apegamos a Ele, sem
sequer lhe pedir que remova os espinhos que o diabo colocou em nossa carne,
pois temos o suporte e o consolo real da Sua graça, que nos anima, sustenta nessas
horas, e nos levam para bem mais perto do seu coração amoroso de Pai.
Quanto nos gloriamos também, em saber que temos um Pai tão
poderoso, a ponto de nos manter sossegados e tranquilos mesmo nas horas
difíceis e de grande angústia. É a cruz fazendo seu trabalho de nos tornar
dóceis e mansos para Deus. Nisto se cumpre parte da esperada semelhança que
devemos ter com Jesus Cristo.
Nosso amor se comprova, não por interesse nas coisas
agradáveis que recebemos, mas por permanecermos unidos ao Senhor em toda e
qualquer circunstância, quer na morte, quer na vida, na saúde ou na doença, na
pobreza ou na fartura.
Além disso, aos que sofrem com este tipo de paciência e
fidelidade é prometida uma coroa imarcescível e eterna no céu.
Qual pois a vantagem de apostatar, quando as coisas se tornam
difíceis, ou a vida cristã parece contrariar os nossos interesses e vontade?
Trocar um reino de glória por um suposto alívio e prazer
temporário é um bom negócio?
No final do capítulo “O Mundo Jaz no Maligno” indagamos:
Qual escolheremos:
· a morte ou a vida?
· a maldição ou a bênção?
Escolher é um processo
que faz parte todo o tempo em nossa vida. A propósito, esta indagação foi feita
pelo próprio Deus aos israelitas, e se estende a nós.
Eles não poderiam apenas se gloriar na aliança que o Senhor
fizera de ser o seu Deus e eles o seu povo; de serem a nação que Deus escolheu
formar para se revelar ao mundo, e à qual havia feito boas promessas, mas
deveriam buscar viver ao nível da sua vocação.
Eles deveriam guardar os mandamentos pela circuncisão de seus
corações de pedra. Deveriam se apegar e adorar ao Senhor com todo o seu
coração, mente e alma.
Contudo, como já dissemos antes, isto deveria ser escolhido,
buscado com todo o empenho, pois o reino de Deus é sempre tomado pelo nosso
esforço, em cumprir tudo o que nos é ordenado – não podemos participar da
manifestação e operação das coisas espirituais, celestiais e divinas, a não ser
por meio do nosso esforço em buscá-las e praticá-las.
Ainda hoje, na Nova Aliança que vigora na Dispensação da
Graça, a regra quanto a isto permanece a mesma. Somos ordenados por Jesus a
bater, pedir, buscar, e sempre com o intuito de praticar tudo o que nos tem
ordenado.
Devemos pegar no arado e não olhar para trás. O alvo deve ser
fixado e não devemos perder o foco que nos está proposto, seguindo sempre
adiante, a par de todas as pedras que possamos encontrar em nossa caminhada.
Os reformadores, reféns de sua própria época, em que o
humanismo, representado especialmente em Erasmo de Roterdan, afirmava a
supremacia do homem em determinar o seu próprio destino. Para refutar esta
mentira, porque o homem é sabidamente dependente da graça de Deus, e deve viver
para Ele, alguns exageraram na doutrina relativa ao livre-arbítrio, afirmando
que o homem não possui sequer a capacidade de livre escolha, senão somente de
seguir o que Deus tem determinado para ele.
Ora, nós vemos o próprio Deus, em várias passagens das
Escrituras nos ordenando que façamos as escolhas acertadas, honrando a Sua
vontade, que façamos distinção entre o vil e o precioso, e não seria, por
conseguinte, correto afirmar que não nos dotou de livre-arbítrio para fazermos
decisões e escolhas.
Evidentemente, sobretudo nas questões espirituais relativas à
salvação, não poderíamos escolher de modo adequado sem a ajuda e a revelação de
Jesus Cristo a nós, pelo Pai, conhecendo e escolhendo fazer a Sua vontade
revelada na Bíblia.
Disso tudo concluímos, que a apostasia não é algo designado
por Deus, nem mesmo incentivada por Ele, mas é totalmente determinada pelas
escolhas erradas que fazemos e vão na contramão da Sua vontade divina.
Jonathan Edwards foi muito feliz ao dizer que na graça, Deus
faz tudo, e nós também fazemos. Evidentemente, ele não quis se referir àquelas
coisas que somente Deus pode fazer pelo seu próprio poder, mas que em todas as
coisas em que seja requerida a nossa participação ativa, é certo que Deus não
operará o querer e o efetuar, caso não nos disponhamos a isto, e tomemos as
medidas práticas que a situação requer.
Veja o caso daquele rapaz que começou a negligenciar a
frequência aos cultos da sua congregação, e a se dar às mesmas práticas dos
ímpios – seria de se esperar que a graça opere em seu favor lhe fortalecendo,
enquanto permanecer em tal atitude e comportamento?
Ao que tem a graça, e a busca, Deus dá mais graça. Mas, ao
que tem a graça e a desperdiça, até o pouco que tem lhe será tirado; será
achado vivendo na carne e não no Espírito, pois o princípio da graça chama por
mais graça. Ele é universal e infalível.
A Face Horrenda da
Apostasia
Se fosse possível pintar ou fotografar o rosto da apostasia,
ali acharíamos de forma muito nítida os
traços da impiedade, da ingratidão, da murmuração, da obstinação, da
incredulidade, do orgulho e de tantas outras falhas e defeitos de caráter,
sobretudo contra a pessoa de Deus.
Coisa horrenda é de fato esta, de não se aceitar a Deus como
nosso Criador, quando Ele o é realmente e para sempre.
Coisa horrenda é não aceitar que tem sido dele que recebemos
todos os dons, talentos e capacitações, sejam naturais ou espirituais, para
vivermos e serem usados neste mundo, para a Sua glória.
A água, o ar que respiramos, e o alimento, essenciais à vida
do corpo. A luz do sol e tudo mais que existe fora criado por ele para manter a
existência e a nossa subsistência.
Terrível ingratidão e insolência! A arrogância altiva de não
se dispor a cumprir seus mandamentos, sobretudo os relativo ao amor devido a
Ele e ao próximo.
A busca de prazeres pecaminosos e ociosos que impedem a
devoção de uma vida consagrada a Ele e ao seu serviço, na expressão da mais
elevada forma de egoísmo.
Não precisamos abrir espaço para citar em detalhes os crimes
de assassinatos, adultérios, traições, fornicações e tantos outros para poder
agravar a condição de apostasia que citamos anteriormente.
Mas o pior dos crimes, a mais horrenda apostasia é aquela que
nos leva a nos afastarmos de Deus e de toda a Sua vontade, apesar de sabermos
que Jesus se humilhou fazendo-se homem para sofrer e morrer em nosso lugar,
carregando o castigo da nossa culpa, pelos nossos pecados, para que, em vez de
viver afastados para sempre de Deus pudéssemos ser aproximados pelo sangue da
Sua redenção e paz.
Ninguém é capaz de explicar a razão para isso, mas é fato
patente que contingentes cada vez maiores da humanidade formam as filas da
apostasia de Deus e dos seus mandamentos.
Como se isso fosse pouco, coisa de somenos, agarram-se às
blasfêmias, às profanações, às heresias e aos ataques diretos a tudo o que é
santo e honorável.
Ser irreverente e rebelde é tido agora como sendo uma
virtude, para muitos no mundo. A violência e a arrogância são bem recebidas e
tidas como prova de ousadia e coragem.
O amor esfriou e a iniquidade se multiplicou em todas as suas
formas. O dinheiro se fez senhor e deus absoluto do mundo.
Não basta, portanto, somente orar para escaparmos destas
coisas. Não basta somente orar e vigiar. É preciso mais do que nunca criar
hábitos de disciplina na prática da Palavra de Deus, se pretendemos ser achados
de pé e não caídos em Sua santa presença.
O Horrível Juízo para
os que Escolheram Viverem Apostatados de Deus
Mais uma vez, voltei a ser internado num hospital público na
manhã de 17/02/2016, e fiquei na UTI de emergência e reanimação, numa maca
estreita e gelada até as 21:00 horas do dia seguinte, quando fui transferido
para outra UTI com menor movimentação.
Como a primeira é o ponto de entrada de todo o tipo de
emergência do hospital, pude presenciar bem de perto, não somente o entra e sai
de vária pessoas, e não poucas em estado terminal, como também ali já se
encontravam várias outras em estado inconsciente por estarem sedadas e
entubadas, respirando com a ajuda de aparelhos.
O hálito da morte estava bem presente e sua foice arqueada,
pronta para ceifar mais algumas vidas, mantendo a média diária de dois a três
óbitos naquela unidade.
Não pude deixar de simpatizar com todo aquele sofrimento a
ponto de ter esquecido do meu próprio, todavia fui levado a refletir em
espirito quão horrendo estado aguardava por todos aqueles, que deixando a
habitação terrena do seu corpo teriam que encarar os sofrimentos eternos do
inferno de fogo; não de forma inconsciente e sedada do seu padecimento
presente, mas estando conscientes para sempre dos sofrimentos intermináveis que
se seguiriam àqueles, quando o espírito deixasse o corpo.
A morte física é na verdade, um alívio para as mazelas do
corpo; mas a espiritual e eterna é algo para ser devidamente considerado e
temido.
Eu observava os médicos, os acadêmicos, a equipe de
enfermagem; jovens desfrutando de boa saúde física, e não vislumbrei em nenhum
deles um grão sequer de aprendizado quanto ao seu próprio estado futuro, que
também inapelavelmente os alcançará um dia.
Eles pareciam se gloriar no seu bom estado de saúde física
presente, e tripudiar sobre aqueles que mais pareciam carcaças, já em fase de
decomposição aguardando o último suspiro.
Caso não venham a ter um encontro pessoal e salvífico com
Cristo, antes dos referidos dias maus; quão terríveis serão estes dias, pois se
apresentarão como a antessala do sofrimento eterno.
Por isso somos alertados, a ponderar estas coisas ainda nos
dias da nossa mocidade, para que tendo o devido temor de Deus e seus juízos
venhamos a nos consagrar inteiramente a Ele, por meio da fé em Jesus Cristo,
para que sejamos livrados de tão grave e iminente perigo – digo iminente,
porque nossa jornada terrena é muito breve comparada com toda uma eternidade de
glória que podemos ter juntamente com Cristo, caso não sejamos achados
apostatados da Sua presença.
Contudo, ainda que breve, a vida terrena é longa para muitos
quanto ao tempo e oportunidade que lhes são concedidos por Deus, para que se
arrependam e se decidam por Cristo, a fim de viver em obediência aos Seus
preceitos.
É lamentável que tantos cheguem à idade avançada, sem sequer
cogitarem quanto ao que será o seu estado eterno. Esquecem-se de Cristo, da Sua
Palavra; não querem saber dele e de nada que lhe diga respeito.
Não admira que venham a ser achados também, em abandono por
Aquele ao qual abandonaram por todos os dias de suas vidas.
Caso tivessem se voltado para o Senhor, Ele não teria
rejeitado a qualquer deles, conforme tem prometido, e lhes livraria dos laços
do inferno para a plena liberdade dos filhos de Deus, bem como dos laços de
morte, para os laços de vida.
Crente que Apostata é
Alguém que Foi Libertado e Decide Voltar
à Prisão
Já em nosso comentário à epístola aos Gálatas, que publicamos
sob o título “Uma Liberdade Total e Eterna”, escrevemos:
O cristão é livre até mesmo da escravidão do seu próprio ego,
da sua própria vontade, porque é livre para poder escolher e viver segundo a
vontade de Deus, pelo poder do Espírito. E ainda:
Há poderes terríveis operando no mundo espiritual, e eles
disputam pelo governo total da nossa vontade e espirito. A carne sempre tentará
trazer o cristão de novo, à sujeição total que exercia sobre ele, quando andava
no mundo, sem Cristo. O mundo também faz o mesmo, tentando cativar totalmente a
vontade e afetos do cristão nos tesouros terrenos, sejam eles lícitos ou não.
Satanás, o diabo, dispensa comentários quanto a isto, quer
agindo diretamente, quer usando seus ministros que se transfiguram em ministros
de justiça, para enganar os cristãos.
Vemos assim, a quantos inimigos está sujeita a fé do cristão,
isto sem contar o pecado que o assedia tão de perto em sua própria natureza
terrena.
Ceder aos apelos da carne e às tentações do diabo conduz ao
risco de retornar à prisão da qual fomos libertos, pelo sangue e pela graça de
Cristo.
Foi para nos libertar da escravidão ao pecado, ao diabo e ao
fascínio do mundo que Cristo se manifestou, portanto seria considerar nula a
Sua morte e obra quando consentimos em viver de modo carnal e mundano.
É isto que deve ser considerado quando alguém apostata da fé,
da presença de Deus, e não simplesmente está passando por um breve momento de
confusão ou desejo de desfrutar um pouco mais das coisas que o mundo tem a
oferecer, o qual Deus poderá remover com toda a facilidade, independente da
nossa vontade. No entanto, não é assim que ocorre na prática, pois muitos se
desviaram para nunca mais retornarem à firmeza e condição inicial em que se
encontravam. Este não é um assunto com o qual devemos brincar, pois envolve
questões de morte ou de vida eterna.
Em dias em que tantos professam ser evangélicos, mas sequer
conhecem o significado do evangelho de Cristo, do qual a palavra “evangélico” é
oriunda, é preciso ter uma atenção e vigilância redobradas quanto à validade e
verdade das variadas doutrinas ditas “evangélicas” que nos cercam, pois que em
sua grande maioria rejeita o escândalo da cruz.
Para muitos, evangelho é o meio que abre portas para
conquista e prosperidade material, e estabelecem isto como pressuposto da
finalidade da fé, e não como afirma o apóstolo Pedro – a salvação da nossa
alma.
Então, o que se vê nas faces dos que adotam esta doutrina,
são os estertores da morte espiritual e eterna que se avizinha, assim como vi
ocorrer inapelavelmente com aqueles que se encontravam em estado terminal na
UTI do hospital, quanto à proximidade da morte física.
Cristo morreu por todos para que vivamos por Sua vida, unidos
a Ele, e em amor obediente filial para que a morte não tenha mais qualquer
poder sobre nós, até mesmo a física, pois temos nele a promessa segura da
ressurreição futura do nosso corpo.
A jornada cristã não é fácil, mas não é impossível; ao
contrário, é inteiramente possível para todo aquele que decide caminhar ao lado
de Cristo, sem jamais apostatar da fé, ainda que tenha muitas perdas neste
mundo, fazer muitas renúncias e contrariar sua própria vontade, para ser
encontrado fazendo a vontade de Deus.
Porque a Apostasia Deve
Anteceder a Manifestação do Anticristo?
Quando o poder e a
influência do bom testemunho da Igreja ficam enfraquecidos no mundo, a
consequência imediata é que os poderes das trevas ficam fortalecidos e com
maior liberdade de atuação.
Se os crentes são o sal da terra e a luz do mundo, é de se
esperar que quando o sal perde sua propriedade de salgar, que a putrefação
aumente, e que, quando a luz é escondida debaixo do alqueire, as trevas
prevaleçam.
Esta é a razão pela qual o Anticristo e todo o seu programa
de governo forjado no inferno, jamais poderiam ser bem recebidos por uma
sociedade com os valores conservadores do cristianismo.
Mas, quando até os próprios crentes se bandeiam para o lado
daqueles que sustentam as bandeiras da iniquidade, pelos mais diversos
interesses e motivos, o resultado é que as portas para a entrada do Anticristo
e o seu séquito maligno ficam completamente escancaradas.
O mistério da iniquidade opera na terra desde a mais remota
antiguidade, mas sempre encontrou segmentos da sociedade cristã que barravam
sua progressão, de modo vigoroso, fazendo prevalecer os valores fundamentais da
cultura judaico-cristã, notadamente quanto aos bons costumes e à defesa da
família.
Hoje, o que se vê, é a
derrubada deliberada destes valores tradicionalmente conservadores, por um
chamado liberalismo progressista, que nada mais é do que a abertura de todas as
comportas que continham a iniquidade, que se levanta contra os mandamentos de
Deus.
A própria autoridade civil e todas as formas de governo
institucional, se sentem muito à vontade para estabelecer leis que contrariam
os princípios revelados por Deus na Sua Palavra, porque a sociedade almeja por
isto, e já não há o perigo de se contrariar o povo, e se perder popularidade e
votos quando assim se procede presentemente.
Temos uma sociedade que é em grande parte permissiva,
lasciva, insaciável por prazeres, que não respeita os mores antigos e até mesmo
os ridiculariza, em prol de uma chamada liberdade, que nada mais é do que a
mais elevada expressão da escravidão do homem ao pecado.
Como o governo do Anticristo é o sumo representante de toda
forma de iniquidade, e de tudo o que se levanta contra Deus e a Sua vontade,
que é injustamente considerado como um grande limitante da liberdade humana;
não é de se estranhar que seja amplamente aclamado e recepcionado de braços
abertos, quando se apresentar como o grande libertador de todos os poderes
“opressores” – como eles consideram os mandamentos justos e santos de Deus – os
quais se baseiam na Bíblia, especialmente na Lei de Moisés, e até mesmo no
próprio evangelho de Jesus Cristo, que nos convoca a viver em santidade de
vida.
Se Jesus é o representante supremo da santidade, o Anticristo
é o do pecado, da iniquidade, e por isso é chamado por Paulo, como sendo o
homem do pecado.
O governante que dará boas-vindas à prática do pecado, ao
modo liberal de vida desenfreado que contraria os princípios de Deus, sob a
argumentação de uma falsa liberdade e paz entre os homens, será por isso
adorado pelos ímpios como sendo o novo deus deles. Aquele que libertou suas
consciências do terror de um juízo divino futuro, em decorrência do pecado.
Sabemos, pelas Escrituras, onde é que tudo isto dará, e
quando o Anticristo revelar toda a sua perversidade satânica, pois operará pela
influência e poder do diabo, perseguindo, sobretudo os judeus e os cristãos.
Segundo o mundo, presentemente, são eles que impedem uma
comunhão mundial de todos os povos, por causa de seus costumes diferentes, e a
alegação de que se prestar culto de adoração ao único Deus verdadeiro, o Deus
de Israel e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
Isto é uma falácia da parte deles, pois muçulmanos têm ao seu
chamado deus Alá como sendo o único que deve ser servido, e que todas as nações
devem se render a ele e ao seu culto sob a bandeira do Islã.
Por que então, o Anticristo não empreenderá uma perseguição
imediata a eles? Porque Satanás bem conhece o ódio histórico dos árabes pelos
judeus, e que também, o deus deles não é o Deus verdadeiro, de quem o diabo é o
arqui-inimigo, por tê-lo expulsado do céu.
Assim, para magoar o coração do Altíssimo, o Anticristo usará
a perseguição ao povo da aliança, pelo qual o evangelho e o Messias chegaram
até nós, bem como a todos aqueles que entre os gentios amam e servem a Jesus.
Assim, em nome da política e estabelecimento de uma falsa
unidade e paz mundial, o que teremos de fato é uma batalha espiritual, conforme
profetizada por Deus desde o início da criação, entre a descendência da
serpente e a da mulher.
O conflito final das eras terá sua consumação com a
destruição das fortalezas do inferno e o estabelecimento do reino de Cristo em
sua forma final gloriosa, para todo o sempre, com aqueles que lhe permanecerem
fiéis até o fim.
Então perguntamos:
Vale a pena apostatar?
O Paradoxo e a Insensatez
da Apostasia
Todo homem em são juízo anda à busca de paz e felicidade.
Todavia, isto não pode ser achado verdadeira e permanentemente aparte de Deus,
pois fomos criados para vivermos em perfeita unidade e comunhão com Ele.
Aqui reside, por conseguinte, o grande paradoxo da busca da
felicidade onde somente existe destruição e ruína, a saber nos valores do
inferno e nos deste mundo tenebroso.
Fugir e virar as costas para um Deus que é inteiramente
longânimo, compassivo, perdoador, amigo e amor? Qual é a lógica racional que
pode existir em tal comportamento?
O simples uso da razão, não pode conduzir o homem à escolha
acertada de se render à vontade de Deus, porque o princípio do pecado, que
opera em sua natureza terrena faz com que seja inimigo de Deus, e se oponha
tenazmente à sua vontade, como, por exemplo, estar grato, feliz e contente
quando debaixo de grandes sofrimentos.
Isto soa como algo irracional, porque o mundo não pode
conhecer o poder consolador e transformador da presença em nós, quando sofremos
com paciência as tribulações causadas por nosso amor ao evangelho.
Daí decorre, que mesmo que façam votos e projetos para se
reformarem e servirem a Deus, sempre encontrarão uma indisposição latente que
os impede de fazê-lo.
Consequentemente, todos necessitam ser antes libertados por
Cristo, da servidão ao pecado para que possam finalmente viver de acordo com a
vontade de Deus e achar prazer na mesma, pois é boa, santa, perfeita e
agradável.
Temos falado muito ao longo das páginas deste livro, que o
ato de não apostatar consiste em se guardar os mandamentos de Deus e fazer Sua
vontade. Porém, importa sermos inteiramente honestos e verdadeiros, segundo os
termos do próprio evangelho, porque esta é a dispensação da paciência e
longanimidade de Deus, quando tem perdoado livremente todos os nossos pecados,
lançando-os no mar do esquecimento, segundo a a promessa que fizera em relação
à Nova Aliança (Jeremias 31.31-35).
Desta forma, temos aqui mais um argumento reforçador para o
paradoxo e a insensatez que há em se apostatar da fé, uma vez que Deus não tem
nos recebido em Cristo por conta de nossas perfeições e capacitações presentes,
e muito menos pela nossa força ou habilidade para cumprir todos os seus
mandamentos perfeitamente enquanto estivermos neste mundo, mas Ele nos tem
recebido misericordiosamente com graça, sendo totalmente longânimo para com as
nossas faltas, desde que não neguemos o santo nome de Cristo e não desistamos
de fazer progresso na fé.
Por isso, o evangelho é uma boa-nova para os pecadores, e a
fé que temos é, portanto, segundo a misericórdia e perdão do evangelho, e não
segundo os rigores da Lei de Moisés.
Um Salvador terno, gentil, amoroso, todo desejável, sendo
rejeitado pelo pecador e ainda por cima, com desprezo e queixas contra ele, é
de fato uma grande maldade que não pode deixar de receber o devido castigo
naquele dia em que todos teremos que comparecer ao Tribunal de Cristo, para
prestar contas de todos os nossos atos.
Tão Perto e Tão
Distante
A roda dos escarnecedores está estabelecida, o caminho dos
pecadores é cada vez mais frequentado e o conselho dos ímpios que nunca deixa
de se reunir são em sua maioria, apóstatas por convicção que não meditam na Lei
de Deus de dia e de noite, e não cuidam em colocar um sentinela em suas bocas
para preveni-los de falarem coisas perversas e vãs.
Mas, passando de largo, distante do conciliábulo da
impiedade, vai um peregrino louvando a Deus e meditando nos seus preceitos para
guarda-los em sua jornada diária, e uma voz se ouve do céu em relação a ele:
“Bem-aventurado é este varão, porque lhe será dado o crescimento que procede de
Deus, para que no tempo próprio produza os Seus frutos de justiça”.
Temos então representado aqui, tanto o destino dos apóstatas,
quanto o daqueles que são fiéis a Deus.
Um fato interessante em tudo isto, é que a escolha deste
caminho de justiça que conduz à frutificação está aberto para todos os que
desejarem trilhar por ele, mas são tão poucos, relativamente falando, os que
topam com ele.
Não, porque Deus mesmo esteja lhes impedindo de fazê-lo, pois
o convite ao arrependimento e à salvação do evangelho é dirigido a todos, sem
qualquer exceção, e é ordenado pelo próprio Cristo que assim seja até o último
da Terra.
Estas resistências e apostasias são o resultado da
deliberação da escolha das próprias pessoas, pelos mais variados motivos, sendo
que o principal deles é o de que não desejam, de modo algum, se submeter às
ordenanças do Senhor contidas na Sua Palavra.
Não querem a religião de Deus nos termos estritos em que se
encontra revelada na Bíblia, mas preferem criar sua própria religião, com os
preceitos criados por sua imaginação, ou que foram então, recebidos por
tradição de seus pais.
Contudo, há um corpo de doutrina verdadeira revelada desde as
eras mais remotas, ao qual já aludimos na parte introdutória deste livro. Do
qual foi ordenado por Deus, que seja mantida a sua integridade, de modo que
nada lhe seja acrescentado ou retirado.
A este respeito, há um episódio da história mundial muito
interessante, que vale a pena ser citado, pois quando um rei grego que regia
sobre o Egito teve conhecimento da justiça e santidade inigualáveis que havia
na lei dos judeus, solicitou às autoridades de Israel que fosse providenciada a
feitura de uma tradução da mesma na língua grega, para ser ensinada aos seus
súditos.
Foi isto que deu origem à Septuaginta, cuja produção vale a
pena ser aqui citada, conforme o relato feito pelo historiador Flávio Josefo. Vejamos a seguir, no testemunho de Flávio Josefo,
historiador judeu, em seu livro História dos Hebreus, Parte I, Livro XII,
capítulo segundo, a reverência, o cuidado e deferência que os antigos tinham em
relação à Palavra de Deus, até mesmo os reis das nações, evitando com todo o
temor que qualquer palavra fosse a ela acrescentada ou dela retirada, porque
Deus vindicava pela exatidão da Sua Palavra revelada, e não deixaria de visitar
com juízos a qualquer que tentasse adulterá-la.
Daí o temor dos sacerdotes judeus em atenderem ao
pedido do rei Ptolomeu do Egito, pelo grande temor de incorrerem em tais juízos,
caso viessem a cometer algum erro na versão que foram encarregado de fazer para
a língua grega.
Neste capítulo somos informados das circunstâncias
que envolveram a produção da Septuaginta (versão grega do Velho
Testamento Hebraico).
CAPÍTULO
2
TOLOMEU
FILADELFO, REI DO EGITO, LIBERTA CENTO E VINTE MIL JUDEUS QUE ESTAVAM ESCRAVOS
NO SEU REINO. MANDA VIR SETENTA E DOIS HOMENS DA JUDEIS PARA TRADUZIR EM GREGO
AS LEIS DOS JUDEUS, ENVIA RIQUÍSSIMOS PRESENTES AO TEMPLO E TRATA OS DEPUTADOS
COM MAGNIFICÊNCIA REAL.
454. Tolomeu, cognominado
Filadelfo, sucedeu no reino do Egito a Tolomeu Sóter, seu pai, e reinou trinta
e nove anos. Mandou traduzir em grego as leis dos judeus e permitiu a cento e
vinte mil homens que estavam nessa nação voltar ao seu país, e disso devo dar a
razão.
Demétrio Falero, diretor da biblioteca do
príncipe, trabalhava com extremo cuidado para reunir, de todos os lugares do
mundo, os livros que julgava merecerem essa honra e tinha isso como coisa que
seria muito agradável ao soberano. Um dia, o rei perguntou-lhe quantos livros
possuía, e ele respondeu que eram mais ou menos duzentos mil, mas esperava
dentro de pouco tempo chegar a quinhentos mil, e que soubera haver entre os
judeus muitas obras referentes às suas leis e aos seus costumes, escritas em sua
língua e em seus caracteres e muito dignas de ocupar um lugar naquela soberba
biblioteca. Porém, dariam muito trabalho para serem traduzidas em grego, porque
a língua e os caracteres hebraicos tinham grande semelhança com os siríacos. No
entanto, isso poderia ser feito, pois sua majestade não se importava com as
despesas.
O rei aprovou essa proposta e escreveu ao
sumo sacerdote dos judeus, para que este lhe enviasse os livros. Aconteceu que
naquele mesmo tempo Aristeu, a quem o príncipe amava extremamente por causa de
sua moderação e sabedoria, tinha em mente pedir que pusessem em liberdade os
judeus que estavam em seu reino. E essa ocasião pareceu-lhe muito favorável ao
seu desígnio. No entanto, ele julgou dever comunicá-lo a Zozibe, a Tarentino e
a André, chefes de seus guardas, antes de fazer a proposta ao rei, a fim de que
eles apoiassem o que ia dizer. E todos foram da mesma opinião.
Então ele falou deste modo ao soberano:
"Tendo sabido que vossa majestade tem a intenção de ter não somente uma cópia das leis que
os judeus observam, mas fazê-las traduzir, eu não estaria falando com
sinceridade se fingisse não ver que isso não pode ser feito honestamente,
quando vossa majestade conserva escravos neste reino um grande número de
pessoas dessa nação. Mas seria, sem dúvida, digno de vossa bondade e
generosidade libertar todos eles dessa miséria, pois, segundo o que pude
concluir, após ter-me seguramente informado, o mesmo Deus que governa o vosso
império e que adoramos sob o nome de Júpiter, porque nos conserva a vida, foi o
autor da lei desse povo. Sendo, pois, que nenhuma outra nação lhe presta tão
grande honra e culto tão particular, a sua piedade parece me obrigar a
encaminhá-los ao seu país. Por isso, suplico humildemente que vossa majestade
creia que a liberdade que tomo de vos falar assim não provém de nenhuma ligação
ou aliança com esse povo, mas somente por eu saber que Deus é o Criador de
todos os homens, em geral, e que as boas ações lhe são agradáveis".
O rei escutou com atenção essas palavras
e, com rosto alegre, perguntou a Aristeu qual seria o número de judeus aos
quais ele propunha a liberdade. André, que estava presente, respondeu que
podiam ser uns cento e vinte mil. Disse então o rei a Aristeu: "Credes,
então, Aristeu, que o que me pedis é um pequeno presente?" Zozibe e
Tarentino tomaram, então, a palavra e disseram ao rei que nada poderia seria
mais digno de sua majestade que reconhecer com tão grandiosa ação o dever de
agradecer a Deus por tê-lo elevado ao trono. O soberano sentiu tanto prazer ao
constatar que todos pensavam do mesmo modo que prometeu — para satisfazer
plenamente a vontade de Deus, segundo o desejo de Aristeu — pagar aos soldados,
além do soldo, cento e vinte dracmas para cada judeu que tivessem como escravo.
Eles disseram-lhe que essa despesa subiria a mais de quatrocentos talentos, mas
ele respondeu que isso não o impediria de fazê-lo.
Inclino-me a relatar as próprias palavras
desse grande príncipe a esse respeito, a fim de que melhor se conheça a sua
generosidade: "Queremos que todos os judeus aos quais os soldados do
falecido rei, nosso pai, aprisionaram na Síria, na Fenícia e na judeia e
venderam no Egito, como também os que antes ou mesmo depois foram vendidos em
nosso reino, sejam libertados da servidão, e que se deem de nossa moeda a cada
um deles cento e vinte dracmas, que os nossos soldados receberão, além do
soldo, pelos que forem de sua propriedade, e que os nossos tesoureiros paguem o
resgate dos outros aos respectivos senhores. Porque tenho motivos para crer que
isso ocorreu contra a vontade do rei, nosso pai, e contra toda a equidade, e
que os soldados trouxeram ao Egito esse grande número de escravos pelo único
desejo de se aproveitarem deles. O amor à justiça e a compaixão que se deve ter
dos infelizes nos obriga a libertar todos esses escravos, depois de paga aos
seus senhores a quantia que estipulamos. E, como não duvidamos de que a bondade
da qual usamos nesta ocasião não nos será vantajosa, queremos que a presente
determinação seja cumprida em boa fé, e, depois que for publicada, os que
possuírem tais escravos nos deem disso uma relação, dentro de três dias. Será
permitido denunciar a quem não nos obedecer, e todos os seus bens serão
confiscados em nosso favor".
Esse documento foi apresentado ao rei, e
ele achou que não estava bem explícito, pois deveria incluir expressamente os
que haviam sido feito escravos antes e depois de tão grande número ser trazido
ao Egito, quando Tolomeu Sóter se tornou senhor de Jerusalém. Ele queria, por
uma bondade e magnificência reais, conceder a esses a mesma graça. Então ordenou que se tomasse
a quantia necessária dos cofres dos tributos, para que fosse entregue aos
tesoureiros e distribuída aos soldados como resgate desses judeus. A ordem foi
executada em sete dias, e veio a custar ao soberano quatrocentos e sessenta
talentos, porque os senhores dos escravos judeus cobraram também pelas crianças
as cento e vinte dracmas de que falava a ordem real.
Depois de uma libertação tão extraordinária,
o rei, que nada fazia sem madura reflexão, ordenou a Demétrio que fizesse
publicar a sua determinação a respeito da tradução dos livros hebraicos para a
língua grega. Registrou-se o pedido apresentado a sua majestade por Demétrio,
bem como as cartas escritas a esse respeito, o número e a riqueza dos presentes
que foram enviados a fim de se dar a conhecer a extraordinária magnificência do
soberano e o que os operários haviam feito como contribuição para a arte.
A proposta apresentada ao rei por Demétrio,
em forma de pedido, estava exarada nestes termos: "Demétrio, ao grande
rei. Como vossa majestade me ordenou, fiz uma indagação a mais exata possível
dos livros que ainda faltam para tornar perfeita a biblioteca real. Não houve
cuidado ou solicitude que eu não empregasse nisso, e tenho de comunicar à vossa
majestade que os livros que contêm as leis dos judeus estão no número dos que
faltam, tanto porque estão escritos em caracteres hebraicos, que não
conhecemos, quanto porque não nos incomodamos em procurá-los, porque vossa
majestade ainda não havia manifestado o desejo de possuí-los. No entanto, é
necessário possuí-los e que sejam fielmente traduzidos, porque contêm as mais
sábias e perfeitas leis do mundo, pois foi o próprio Deus quem as outorgou, o
que fez o historiador Hecateu Abderita dizer que não há poeta nem historiador que tenha falado assim, nem homem que
tenha cumprido o que elas determinam, porque, sendo todas santas, não devem
estar na boca dos profanos. É necessário, pois, se vossa majestade bem o
julgar, que se escreva ao sumo sacerdote dos judeus para que ele escolha, entre
os principais de cada tribo, os mais inteligentes e os que conhecem com mais
perfeição essas leis e vo-los envie, a fim de que se reúnam e façam uma
tradução exata e capaz de satisfazer plenamente os desejos de vossa
majestade".
Depois que o rei leu essa petição, ordenou
que se escrevesse conforme o que nela se dizia a Eleazar, sumo sacerdote dos
judeus, e determinou que se desse liberdade a todos os judeus que eram ainda
escravos no seu reino. Ordenou que se enviassem cinquenta talentos de ouro,
para a confecção de taças, vasos e outros objetos próprios para as oblações,
muitas pedras preciosas, que os guardas do tesouro haviam entregado aos
joalheiros para que escolhessem e trabalhassem as que podiam ser usadas em
adornos, e cem talentos de prata, para os sacrifícios e outros usos do Templo.
Falarei das obras e dos ornamentos em que
foram empregados, mas é preciso antes apresentar uma cópia da carta escrita ao
sumo sacerdote e dizer de que modo ele foi elevado a essa dignidade. Depois da
morte do sumo sacerdote Onias, Simão, seu filho, sucedeu-o e foi cognominado o
Justo, por sua piedade e extrema bondade para com a nação. Deixou apenas um
filho, de nome Onias, tão jovem que Eleazar, irmão de Simão, de quem se trata
agora, exerceu no lugar dele o sumo sacerdócio.
Foi a esse Eleazar que Tolomeu escreveu a
seguinte carta: "O rei Tolomeu a Eleazar, sumo sacerdote, saudação. O
falecido rei, nosso pai, tendo encontrado em seu reino vários judeus que os
persas para lá haviam levado como escravos, tratou-os tão favoravelmente que os
engajou em grande parte no seu exército, com bom soldo. Colocou vários deles
como guarnição em diversos lugares, confiando-lhes até mesmo a defesa. Isso os
tornou temíveis aos egípcios. E nós, depois de nossa ascensão ao trono, não
lhes testemunhamos menos bondade, particularmente aos de Jerusalém — pois
pusemos em liberdade mais de cem mil deles depois de pagar o resgate aos seus
senhores - tanto estamos persuadidos de nada mais poder fazer de agradável a
Deus para agradecer-lhe a dádiva de haver colocado o cetro em nossas mãos para
o governo de tão grande reino. Fizemos também alistar em nossas tropas aqueles
que pela idade são os mais aptos a pegar em armas e destacamos mesmo alguns
deles para servir junto de nós, como prova de nossa confiança na sua
fidelidade. Mas, para vos mostrar mais particularmente a nossa afeição pelos
judeus de todo o mundo, queremos que se traduzam as vossas leis do hebraico
para o grego, e colocaremos essa tradução em nossa biblioteca. Assim,
far-nos-eis coisa muito grata se escolherdes em todas as vossas tribos pessoas
que, pela idade e inteligência, tenham adquirido um grande conhecimento de
vossas leis e sejam capazes de as traduzir com exata fidelidade. Não duvidamos
de que essa obra, saindo como nós esperamos, nos trará grande glória. Para
tratar convosco desse assunto, enviamo-vos André, comandante de nossos guardas,
e Aristeu, que são dois dos nossos servidores de mais confiança. Eles vos estão
levando, de nossa parte, cem talentos de prata, para serem empregados nas
oblações dos sacrifícios e em outros usos do Templo. Esperamos a vossa
resposta, e ela nos causará grande alegria".
Eleazar, para responder a essa carta o mais
respeitosamente possível, assim escreveu ao rei: "O sumo sacerdote
Eleazar, ao rei Tolomeu, saudação.
Recebi com o sentimento que devo ter pela
vossa real benevolência a carta que vossa majestade se dignou escrever-me. Ela
foi lida na presença de todo o povo, e nela notamos, com grande satisfação,
sinais de vossa piedade para com Deus. Recebemos também e mostramos a todos os
vinte vasos de ouro e os trinta de prata, as cinco taças e a mesa que devem ser
consagradas e empregadas nos sacrifícios e no serviço do Templo, bem como os
cem talentos que nos foram trazidos, da parte de vossa majestade, por André e
Aristeu, cujos méritos os tornam tão dignos da afeição com que os honra vossa
majestade. Vossa majestade pode ficar certo de que tudo faremos para mostrar o
nosso reconhecimento pelos tantos favores com que vos dignais cumular-nos.
Oferecemos também sacrifícios a Deus por vossa majestade, pela princesa vossa
irmã, pelos príncipes, por vossos filhos e por todas as pessoas que vos são
caras. Todo o povo pediu a Deus em suas orações que escute os vossos desejos,
confirme o vosso reino em perfeita paz e faça com que essa tradução de nossas
leis vos dê toda a satisfação que possais desejar. Escolhemos, majestade, seis
homens de cada uma de nossas tribos para levar até vós as nossas santas leis e
esperamos de vossa bondade e justiça que, quando não tiverdes mais necessidade
deles, sejam mandados de volta em segurança com os que vos irão
apresentá-los".
Seria inútil, segundo a minha opinião,
citar aqui os nomes das setenta e duas pessoas que levaram as leis dos judeus
ao rei Tolomeu, embora todas sejam mencionadas na carta do sumo sacerdote. Não
creio, porém, dever passar em silêncio a magnificência e a beleza dos presentes
que o príncipe ofereceu a Deus, pois podem nos manifestar ainda mais a sua
piedade. Não se contentou ele em fazer grandes despesas para esse fim, mas
ofereceu presentes até aos operários, para incitá-los a trabalhar com maior
cuidado e diligência. Assim, embora a continuação da história não me obrigue a
falar disso, não deixarei de fazê-lo, pois tão extraordinária liberalidade
merece que dela fiquem indícios para a posteridade.
Começarei pela soberba mesa. Como o
príncipe desejava que ela sobrepujasse em muito a que estava no Templo em
Jerusalém, mandou tomar a medida desta, e era seu desejo que a sua fosse cinco
vezes maior. Contudo, como ele também tinha em mente a comodidade e a
magnificência, o temor de torná-la inútil ao uso a que era destinada obrigou-o
a contentar-se em fazê-la do mesmo tamanho que a outra. Todavia, para
embelezá-la e enriquecê-la, usou o mesmo que teria gasto para fazê-la maior,
pois era perito em todas as artes e tão hábil em inventar coisas novas e
admiráveis que ele mesmo fornecia os desenhos aos operários e os instruía sobre
a maneira de executá-los.
O comprimento da mesa era de dois côvados
e meio, a largura, de um côvado e a altura, de um côvado e meio. Era de ouro
maciço, muito puro. As bordas, cuja largura era de um palmo, tinham florões em
relevo, também em escultura, dispostos ao redor de alguns cordões muito bem
trabalhados. Os diversos lados desses florões, que eram de forma triangular,
eram tão iguais e tão justos que de qualquer lado mostravam sempre a mesma
figura. A parte inferior da mesa era muito bem trabalhada, mas a superior era
ainda mais, porque ficava mais exposta à vista, e, para qualquer lado que
estivesse voltada, era sempre perfeitamente bela. Pedras preciosas de grande
valor estavam presas com broches de ouro, a distância iguais, aos cordões de que
falamos.
Havia também ao redor de toda a mesa
grande quantidade de outras pedras preciosas, cortadas de forma oval e
entremeadas de adornos em relevo. E, ainda ao redor da mesa, estavam representadas, sob a forma de uma coroa,
diversas espécies de frutos, tais como cachos de uvas, espigas de trigo e
romãs. Todos esses frutos eram feitos de pedras preciosas coloridas e
encastoadas no ouro. Viam-se também, sob essa coroa, uma fila de pérolas em
forma de ovos e, abaixo das pérolas, uma fileira de pedras preciosas deforma
oval, misturadas com obras de relevo, como as outras.
A mesa era tão bela em si mesma e em todas
as suas partes, e tão ricamente trabalhada, que de qualquer lado que fosse
vista não se notava diferença alguma. Havia por baixo uma lâmina de ouro de
quatro dedos de largura, que a atravessava inteiramente e na qual os pés da
mesa estavam presos com grampos de ouro, a igual distância. Esses grampos
prendiam de tal modo a parte inferior da mesa que, estando colocada em qualquer
posição, apresentava sempre o mesmo aspecto.
Gravado sobre a mesa estava um meandro,*
assinalado por grande quantidade de pedras preciosas, como se fossem estrelas.
Era um prazer ver brilhar os rubis, as esmeraldas e tantas outras pedras de
valor, todas estimadas e procuradas pela sua excelência. Ao longo desse
meandro, havia nós de escultura cujo centro, em forma de losango, era
enriquecido com cristais e com âmbar, em intervalos iguais e tão bem dispostos
que nada podia ser mais belo ou perfeito. As cornijas dos pés eram em forma de
lírios, cujas folhas se dobravam por baixo da mesa, embora a haste fosse reta.
Sua base, da largura de um palmo, era enriquecida com rubis e tinha uma dobra
ao redor. Era de oito dedos o espaço entre os pés, e eles estavam apoiados
sobre essa base.
A figura dos pés era admirável. Viam-se
heras e ramos de videira com os cachos entrelaçados de maneira muito delicada,
tão agradável e semelhantes ao natural que, quando soprava o vento, os olhos se enganavam,
parecendo vê-los mover-se, como se não fossem obras de arte, mas da natureza.
As três peças de que toda a mesa era
composta estavam tão bem adaptadas que não era possível perceber as junturas. A
espessura da mesa era de meio côvado. Assim, a riqueza da matéria e a
excelência e variedade dos ornamentos de tão magnífico presente mostravam muito
bem que esse grande príncipe, não tendo podido, pelas razões que citamos, fazer
essa mesa maior que a que estava no Templo, nada economizou para que a
superasse em tudo o mais.
______________________
* Meandro é um rio da Frígia, que tem
várias voltas e contravoltas.
Havia também dois grandes vasos de ouro em
forma de taça e talhados em escamas. Neles estavam encaixadas, desde os pés até
em cima, diversas fileiras de pedras preciosas, que compunham um meandro de um
côvado de largura, e acima dele havia gravuras excelentes. Um tecido em forma
de rede, da largura de quatro dedos, que ia até o alto dos vasos e dos
compartimentos feitos em losangos, aumentava ainda a beleza daquela obra. As
bordas dos vasos eram enriquecidas com lírios e outras flores, e com ramos de
videira carregados de cachos de uvas entrelaçados. Cada um desses vasos
continha duas grandes medidas. Já as taças de prata eram mais brilhantes que
espelhos e reproduziam o rosto dos que as contemplavam.
O rei mandou também trinta vasos, nos
quais o que não estava coberto de pedras preciosas tinha folhas de hera e de
vinha muito bem gravadas. Não era possível contemplar essas obras sem
admiração, porque o zelo a elas dedicado e a sua magnificência contribuíam mais para
isso que o trabalho e a ciência daqueles excelentes artífices. O príncipe não
se contentou em não medir despesas, mas deixava até mesmo negócios importantes
para ir ver os operários trabalharem. E animava-os de tal modo com a sua
presença que eles, para contentá-lo, duplicavam os esforços. Depois que o sumo
sacerdote Eleazar recebeu esses ricos presentes, consagrou-os a Deus no Templo,
em nome do príncipe, e prestou muita honra aos que os haviam levado,
despedindo-os com muitos presentes.
O rei, ao regresso deles, interrogou André
e Aristeu sobre diversas coisas e mostrou tanta solicitude em conversar com os
deputados que tinham vindo com eles que despediu, contra o seu costume, os que
ali estavam para a audiência ordinária que ele dava a cada cinco dias aos seus
súditos (ele também concedia uma, todos os meses, aos embaixadores). Esses
sábios anciãos ofereceram-lhe os presentes do sumo sacerdote e apresentaram a
lei que lhes fora entregue. O soberano fez perguntas sobre o que ela continha
e, depois que a desdobraram, ficou admirado com a delicadeza do pergaminho
sobre o qual estava escrita, em letras de ouro, bem como com as folhas presas
tão juntamente que não era possível perceber as costuras. Depois de a observar
por muito tempo, disse que lhes agradecia por terem vindo, e mais ainda aos que
os tinham enviado, e que não podia agradecer suficientemente a Deus por haverem
trazido a ele as suas leis.
Os deputados, com demonstrações de afeto,
desejaram-lhe toda sorte de prosperidade. O rei ficou tão comovido que não pôde
reter as lágrimas, porque elas não são somente sinal de grande tristeza, mas
também de imensa alegria. Ele ordenou em seguida que entregassem os livros aos
que os deviam guardar, abraçou-os e disse-lhes que era justo, depois de haver
falado do objetivo de sua viagem, falar também do que lhes
competia fazer. Assim, para mostrar o quanto a vinda deles lhe era agradável,
queria que durante o resto de sua vida se renovasse a memória daquela data, que
coincidia também com o dia em que ele vencera uma batalha naval sobre Antígono.
Concedeu-lhes ainda a honra de estarem à sua mesa e ordenou que fossem muito
bem alojados, nos altos da fortaleza que fica próxima do promontório.
Nicanor, que era encarregado de receber os
estrangeiros, teve particular cuidado deles e ordenou o mesmo a Doroteu, pois o
rei havia ordenado que, para melhor se tratarem os estrangeiros, as cidades
fornecessem o que tinham do gosto deles e que tudo fosse preparado segundo o
costume do país de onde vinham. Porque ele sabia que, por mais apetitosas que
sejam as iguarias, não podem ser consideradas boas se não se adaptarem ao gosto
da pessoa ou não forem preparadas da maneira a que ela está habituada.
Como Doroteu estava encarregado disso,
Nicanor ordenou-lhe que fizesse duas fileiras de bancos, nos quais os deputados
deveriam sentar-se, nos banquetes do rei, metade deles à sua direita e metade à
esquerda. Tudo ele fez para honrá-los e ordenou a Doroteu que os servisse à
maneira do país deles. Os sacerdotes egípcios, que tinham o costume de orar
antes da refeição do rei, não o fizeram. Então o soberano disse a Eliseu, um
dos deputados, que era sacerdote, que fizesse a oração. Ele levantou-se e rogou
a Deus pela prosperidade do rei e de seus súditos. Todos os que estavam presentes
proferiram aclamações de alegria e depois puseram-se à mesa.
O rei, durante a refeição, fez perguntas
Fílosóficas aos deputados e ficou tão satisfeito com as respostas que continuou
por doze dias a tratá-los do mesmo modo. Se alguém quiser saber mais
particulares a esse respeito, terá apenas de ler o que Aristeu escreveu. Mas o rei não
foi o único que lhes admirou as respostas. O filósofo Menedemo confessou que
elas o confirmavam na opinião de que todas as coisas são governadas pela
Providência e lhe forneciam razões para sustentar o seu parecer. O rei chegou a
conceder-lhes a honra de dizer que obtivera tanto proveito de suas conservações
que aprendera até mesmo de que modo devia proceder para bem governar o seu
reino. Ordenou em seguida que fossem levados aos aposentos já para eles
preparados.
Três dias depois, Demétrio levou-os por
uma estrada longa sete estádios, pela ponte que une a ilha a terra firme, a uma
casa situada à beira-mar, do lado norte, afastada de qualquer barulho, para que
nada pudesse perturbá-los em seu trabalho, o qual exigia muita atenção e
cuidado, e rogou-lhes que, tendo naquele lugar tudo o que podiam desejar,
começassem sem mais tardar o grande empreendimento para o qual haviam sido
trazidos. Eles o fizeram com toda a dedicação e constância, trabalhando
assiduamente para que a tradução fosse exatíssima. Trabalhavam
ininterruptamente até as nove horas da manhã, quando lhes levavam o alimento.
(Nisso eles eram muito bem tratados, pois Doroteu seguia exatamente as ordens
recebidas, apresentando-lhes os mesmos alimentos que haviam sido preparados
para a mesa real.) Eles iam todas as manhãs ao palácio saudar o soberano e
depois punham-se a trabalhar, após lavar as mãos nas águas do mar. Empregaram
apenas setenta e dois dias para traduzir toda a Lei.
Terminada a obra, Demétrio reuniu todos os
judeus e leu-lhes a tradução na presença dos setenta e dois intérpretes. Eles a
aprovaram, elogiaram muito Demétrio por haver imaginado uma coisa tão
proveitosa para eles e rogaram-lhe que também mandasse fazer aquela leitura aos
chefes de sua nação. Eliseu, sacerdote, o mais
idoso dos intérpretes e os magistrados constituídos para governo do povo
pediram em seguida que nada mais se viesse a mudar naquela obra, que fora
concluída com tão raro êxito. Essa proposta foi aprovada, dando a esse ato
força de lei, porém com a condição de que antes seria permitido a cada um
examinar a tradução, para ver se nada havia a acrescentar ou a suprimir e a fim
de que, tendo sido o assunto muito bem ponderado, nunca mais se tivesse de
voltar a ele.
O rei viu com grande prazer que o seu
desígnio tivera muito bom êxito, e com proveito para o povo. E a sua alegria
aumentou em muito ainda quando ele ouviu a leitura das santas leis. Não se
cansava de admirar a prudência e a sabedoria do legislador que as elaborara. E,
um dia, quando conversava com Demétrio, perguntou-lhe como nenhum historiador
ou poeta havia falado daquelas leis, sendo elas tão excelentes. Ele
respondeu-lhe que, como eram divinas, ninguém se animara a fazê-lo, e os que o
haviam feito foram castigados por Deus. Teopompo, disse ele ainda, teve essa
intenção, isto é, inserir alguma coisa delas em sua história, e perdeu o juízo
durante trinta dias. Depois de reconhecer, em intervalos de lucidez e em um
sonho, que aquilo lhe acontecera por ele haver querido penetrar as coisas
divinas e dar notícia delas a homens profanos, a cólera de Deus foi aplacada
com preces, e ele voltou ao seu juízo normal. O profeta Teodecto, tendo
misturado em uma de suas tragédias algo que tirara dos livros divinos, perdeu a
visão e só a recobrou depois de reconhecer a sua falta e rogar a Deus que o
perdoasse.
Quando o rei recebeu os livros das mãos de
Demétrio, adorou-os e ordenou que fossem guardados com o máximo cuidado, a fim
de que em nada pudessem ser modificados. Disse depois aos sábios intérpretes que era justo
permitir-lhes o regresso ao seu país, e rogava que viessem muitas vezes
visitá-lo, pois os receberia com muito prazer e dar-lhes-ia tantos presentes
que não se arrependeriam da viagem. Depois de lhes falar de maneira tão gentil,
despediu-os com muitos e magníficos presentes. Deu a cada um diversas espécies
de vestes, dois talentos de ouro, uma taça do peso de um talento e assentos
para se deitarem e para as refeições.
Ao sumo sacerdote Eleazar, mandou dez
leitos cujos pés eram de prata, um vaso do peso de trinta talentos, dez túnicas
de púrpura, uma belíssima coroa de ouro, cem peças de fazenda de fino linho,
diversos vasos para beber e turíbulos e taças de ouro para serem consagrados a
Deus. Na carta que lhe escreveu, rogou-lhe que permitisse aos deputados vir
visitá-lo todas as vezes que quisessem, pois teria grande prazer em conversar
com eles, pela sua ciência e capacidade, e far-Ihes-ia ainda sentir os efeitos
de sua liberalidade. Pode-se avaliar, pelo que acabo de referir, com que
magnificência Tolomeu Filadelfo, rei do Egito, tratou os judeus.
Até
aqui as palavras de Flávio Josefo.
Vemos assim, como no dizer do apóstolo
Paulo, que a graça que nos está sendo dada em Cristo não está longe, nos céus,
nem nos abismos, para que não possa ser encontrada por nós, mas está perto dos
nossos lábios e dos nossos corações, pois a verdade foi revelada e registrada
por escrito nas páginas da Bíblia, de uma vez para sempre.
Basta que tenhamos um espírito humilde e
reverente, que nos leve a consultar tudo o que contêm as suas páginas, pois são
elas que dão testemunho acerca da salvação.
É para pasmar então, que algo que está tão
perto de todos, inclusive pelo testemunho de vidas transformadas seja tão
rejeitado e negligenciado por tantos que seguem em caminhos de apostasia, que
são caminhos de morte e não de vida.
Assim, conscientemente ou não, escolhem a
morte, e não a vida; a maldição e não a bênção.
E pensar que a justiça de Jesus, que
recebemos na conversão é suficiente para nos dar o céu, porque é perfeita em
todos os aspectos necessários para satisfazer às exigências da própria justiça
e santidade de Deus em relação a nós. Não somos aproximados de Deus numa base
legal, conforme um preso é aproximado de um juiz para condenação, mas como
filhos a um Pai amado, para absolvição.
De maneira que a justiça que nos é
imputada pelo Espírito Santo, através da prática das nossas boas obras, não nos
acrescenta nenhum mérito, de forma que possamos nos tornar mais merecedores do
amor de Deus.
Ele nos tem amado incondicionalmente, por
causa de Cristo. Ele nos tem recebido incondicionalmente, e sempre nos receberá
por causa dos méritos de Cristo, e nunca pelos nossos. Nós podemos agradá-lo ou
desagradá-lo, respectivamente, pela prática ou não das boas obras, mas não será
pela aprovação ou reprovação que acrescentaremos ou perderemos um só grão da
justiça perfeita que recebemos de Cristo em nossa justificação.
Nós o amamos, amamos a Sua Palavra, amamos
a santificação, e é isto que é tido em conta em nosso favor, superando nossas
limitações e fraquezas, porque o amor cobre multidão de pecados.
Não há, portanto, qualquer justificativa
para a apostasia, pois se somos rejeitados pelos homens, Deus nos recebe; se
somos consumidos por sofrimentos, ele nos cura e consola; se somos injustiçados
e perseguidos, ele é a nossa justiça e a nossa força; se somos solitários, ele
é a nossa companhia; se demônios incontáveis nos atacam, ele os repreende e nos
livra.
A apostasia é, portanto, um pecado para o
qual não há desculpa.
Em Cristo, o fraco pode dizer: “sou
forte”.
O pobre pode dizer: “sou rico”.
O desprezado: “sou abençoado”.
O enlutado: “sou alegre”.
O desterrado: “sou acolhido”.
O perdido: “sou salvo”.
Qual é pois o fundamento e a razão da
apostasia?
Cada um deve responder por si, mas nenhuma
resposta prevalecerá como aceitável e verdadeira perante o Deus que é todo
amor, graça, justiça, verdade e bondade.
Crentes Confirmados na Fé não Apostatam
Os anjos eleitos no
céu não podem apostatar da presença de Deus porque estão perfeitamente
confirmados no Seu amor e graça para sempre.
Eles aprenderam tudo o que convém sobre o
caráter justo, santo e amoroso do Senhor, e não se permitiriam se afastar
daquele do qual sabem que procede toda a existência, glória e poder deles.
Afastados de Deus, nada somos, menos até do
que o pó da terra, do qual fomos formados.
Mesmo estando no Senhor, continuamos sendo
pó, apenas com a diferença de sermos agora um pó separado e precioso para Ele,
por meio do qual está erigindo o edifício da Igreja.
Enquanto não ganhamos, pelo trabalho de Suas
mãos, a forma de tijolos sólidos e aptos para sermos assentados como colunas no
templo de Cristo, precisaremos do trabalho do amassamento do barro, da remoção
das impurezas, e do acabamento da fornalha para permanecermos firmes e para
sempre no lugar que nos tiver sido designado por Deus, para sermos pedras vivas
deste edifício espiritual vivo.
Assim, enquanto não for completado este
trabalho de confirmação, sempre haverá o risco da apostasia.
Desta forma, deve haver um grande empenho
por parte de todos na Igreja, para que nenhum crente seja faltoso nesta parte,
a saber, a de ser confirmado em toda boa palavra e obra, pela firme
fundamentação na prática das doutrinas do evangelho.
A vida cristã tem um objetivo a ser
atingido, e é estranho ao mesmo esta atitude de cair e levantar frequentemente
na fé, tão comum de ser vista em nossos dias.
Pastor, só queria dizer que o sr é uma bênção e que o seu trabalho tem sido muito importante para mim. Um grande abraço, que Deus continue abençoando o sr e por favor não pare com esse trabalho maravilhoso!
ResponderExcluir